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A Mensagem de
1 Coríntios
A vida na igreja local
David Prior
A MENSAGEM DE 1 CORÍNTIOS
A vida na igreja local
A Mensagem de 1 CORÍNTIOS
Traduzido do original em Inglês
TH E M ESSA G E O F 1 CO RIN TH IA N S
Inter-V arsity Press, Leicester, Inglaterra
C opyright © D avid Prior, 1985
I a Edição - 1993
A Bíblia Fala Hoje constitui uma série de exposições, tanto do Antigo
como do Novo Testamento, que se caracterizam por um triplo
objetivo: expor acuradamente o texto bíblico, relacioná-lo com a
vida contemporânea e proporcionar uma leitura agradável.
Esses livros não são, pois, "comentários", já que um comentário
busca mais elucidar o texto do que aplicá-lo, tende a ser uma obra
mais de referência do que literária. Por outro lado, esta série
também não apresenta aquele tipo de "sermões" que, pretendendo
ser contemporâneos e de leitura acessível, deixam de abordar a
Escritura com suficiente seriedade.
As pessoas que contribuíram nesta série unem-se na convicção
de que Deus ainda fala através do que já falou, e que nada é mais
necessário para a vida, o crescimento e a saúde das igrejas e dos
cristãos do que ouvir e atentar ao que o Espírito lhes diz através da
sua Palavra, tão antiga e, mesmo assim, sempre atual.
J. A. Motyer
J. R. W. Stott
Editores da Série
Para Rosemary,
que compartilha a minha vida na igreja local,
que sabe a fundo o quanto isso custa,
e sem a qual eu não poderia suportar adequadamente
as suas tristezas nem apreciar as suas alegrias.
índice
Prefácio Geral 5
Prefácio do Autor 8
Principais Abreviaturas 10
Introdução 11
1. A Igreja Perfeita (1:1-9) 20
2. Partidos em Corinto (1:10-17) 29
3. A Verdadeira Sabedoria e a Falsa (1:18 - 2:16) 41
4. Loucos por Amor a Cristo (3:1-4:21) 58
5. Fugi da Fornicação (5:1-13; 6:9-20) 74
6. Soluções Fora dos Tribunais (6:1-8) 112
7. Casamento e Celibato: Dons de Deus (7:1-40) 121
8. Liberdade e Sensibilidade Diante dos Outros (8:1-13) 149
9. Liberdade para Limitar a Própria Liberdade (9:1-27) 160
10. A Liberdade e Seus Perigos (10:1 —11:1) 177
11. A Comunidade Cristã no Culto (11:2-34) 191
12. Os Dons Espirituais (12:1-31) 205
13. Se Eu Não Tiver Amor... (13:1-13) 241
14. Profecia e Línguas (14:1-40) 252
15. Ressurreição: Passado, Presente e Futuro (15:1-58) 274
16. Uma Igreja Internacional (16:1-24) 298
A carta de Paulo à igreja de Corinto tornou-se real para mim pela
primeira vez na Cidade do Cabo —uma cidade, tal como Corinto,
dominada por uma montanha; um porto cosmopolita e heterogêneo;
e um ponto de encontro de muitas e diferentes culturas, credos e
cultos. Tal como Corinto nos anos cinqüenta do primeiro século, a
Cidade do Cabo presenciava um notável derramamento do Espírito
de Deus em sua igreja, nos anos setenta deste século.
Nos primeiros meses do ano de 1974, o povo de Deus na igreja de
Wynberg, um subúrbio da Cidade do Cabo, estudou o texto de 1
Coríntios em uma escola bíblica semanal. A medida que o poder
renovador do Espírito de Deus se infiltrava na igreja, todos nós
lutávamos com as tensões e as alegrias inerentes a qualquer situação
desse tipo. E surgiram muitas oportunidades para partilharmos os
estudos e a vida em outros contextos: com colegas em um retiro da
diocese; com um grupo de cristãos, heterogêneo em todos os sentidos,
na cidade universitária de Grahamstown; com uma outra congregação
em Durban. Então, em 1976, veio-me a oportunidade de conhecer uma
igreja renovada num ambiente totalmente diferente da Inglaterra ou
da África do Sul: passei um mês experimentando uma vida diferente
na igreja do Chile e entre o povo de Deus em Buenos Aires.
Houve também outros contextos (Inglaterra, Estados Unidos,
Canadá, Brasil, Jamaica, Zimbábue, Uganda e África do Sul), onde os
temas de 1 Coríntios têm sido discutidos, geralmente durante
conferências ou campanhas evangelísticas —com destaque especial
para o período entre outubro de 1979 e março de 1980, quando estive
na igreja de St. Aldate, em Oxford.
Em outras palavras, este livro é o resultado de uma vida e um
ministério dentro do que foi (de forma conveniente, mas enganosa)
chamado de Renovação com "R" maiúsculo, numa grande diversidade
de ambientes culturais.
Dessa experiência tão rica, desenvolvida nos últimos 17 ou 18 anos,
surgiu a convicção sempre crescente de que não somente a "Bíblia fala
hoje", mas que 1 Coríntios é, de maneira singular, um tratado para
todos os tempos. Talvez devêssemos dizer 1 e 2 Coríntios, pois a
correspondência coríntia, como um todo, sustenta, de modo muito
bem equilibrado, a dupla vocação do povo de Deus: a glória e o
sofrimento.
C. K. Barret, cujos dois esplêndidos comentários na série de A. &
C. Black iluminaram com muita propriedade o texto de Coríntios, o
expôs de maneira notável:
Tenho uma dívida imensa para com Anne Johnson e Betty Ho Sang,
que foram incansáveis na datilografia deste manuscrito. Sou muito
grato a John Stott, pelo seu incentivo e pelos seus comentários
incisivos, e também a Frank Entwistle e aos membros do Conselho
Editorial da IVP, pelo julgamento inteligente do estilo e do conteúdo.
É inevitável que qualquer exposição de 1 Coríntios não satisfaça ou
até desagrade alguns leitores. Minha oração é que este livro capacite
muitas igrejas, direta e indiretamente, a reconhecer e a enfrentar os
problemas inerentes ao povo de Deus no mundo de hoje.. E bom
lembrar que "Deus é fiel", especialmente em todas as nossas provações
e tribulações. "A graça do Senhor Jesus esteja com todos vocês."
David Prior
Principais Abreviaturas
Paulo em Corinto
Ele nunca mais ganharia outro coríntio para Cristo, não veria o
brilho da vida nova nos olhos de um homem. E ele temia a agonia
física de outro apedrejamento ou espancamento com varas; o
desconsolo de ser expulso novamente, com o inverno avançando
sobre eles, o mar turbulento, e nenhum lugar por onde levar as
suas juntas duras e envelhecidas, a não ser as trilhas montanhosas
do Peloponeso. Ele queria desistir, deixar de pregar, retirar-se
para viver com sossego e paz, voltando para o Taurus, para a
Arábia, para qualquer lugar.17
A correspondência coríntia
Por causa desse profundo apego aos cristãos de Corinto, Paulo sentiu-
se na obrigação de fazer uso da pena e do papel, quando doutrinas
estranhas começaram a dividir a igreja. Como C. K. Barrett o expressa:
Notas:
1. Ilíada, 2.570.
2. T u cíd id es8.7.
3. J. C. Pollock, The Apostle (H odder & Stoughton, 1969), pág. 120.
4. Cf. 1 Rs 11:1-9,33; 2 Rs 23:13.
5. Cf. 1 Rs 17ss.
6. Cf. Rm l:26ss.
7. F. F. Bruce, The Spreading Flam e (Paternoster, 1958), pág. 13.
8. C itado por Barclay, pág. 4.
9. Ibid.
10. J. C. Pollock, The Apostle, pág. 121.
11. 1 Co 2:3.
12. Cf. A t 19:9, juntamente com a descrição do seu estilo de vida cotidiano, contido
em seu discurso de despedida aos anciãos da igreja em Éfeso, em A tos 20:18
35, especialm ente o versículo 34. Veja tam bém 1 Ts 2:9.
13. A t 18:8.
14. A t 18:17.
15. 1 Co 1:1.
16. A t 18:8.
17. J. C. Pollock, T heA postle, pág. 124. '
18. A t 18:11.
19. Cf. 2 Co 12:7-10.
20. A t 18:10.
21. 1 Co 9:2.
22. 1 Co 15:58.
23. Barrett, págs. 36ss.
24. Barclay, págs. 6-9.
25. 1 Co 5:9.
26. 2 Co 12:14 e 13:1-2.
1 Coríntios 1:1-9
1. A Igreja Perfeita
Paulo, chamado pela vontade de Deus, para ser apóstolo de Jesus Cristo, e o"
irmão Sóstenes, 2à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em
Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar
invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: 3Graça
a vós outros e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.
Sempre dou graças a meu Deus a vosso respeito, a propósito da sua graça, que
vos foi dada em Cristo Jesus; 5porque em tudo fostes enriquecidos nele, em toda
palavra e em todo o conhecimento; 6assim como o testemunho de Cristo tem
sido confirmado em vós; 7de maneira que não vos falte nenhum dom,
aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo; so qual também vos
confirmará àté ao fim, para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus
Cristo. 9Fiel ê Deus, pelo qualfostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus
Cristo nosso Senhor.
O fato que a maioria das pessoas tem na ponta da língua em relação
à igreja coríntia é que ela era uma grande confusão: cheia de
problemas, pecados, divisões, heresias. Nesse sentido, ela não diferia
de nenhuma igreja da atualidade. A igreja é uma congregação de
pecadores antes de ser uma congregação de santos. Mesmo quando
têm uma reputação brilhante, os seus própios membros e pastores
reconhecem que são repletas de fraquezas e pecados. O triste é que os
membros insatisfeitos muitas vezes têm o pensamento ingênuo de que
uma outra igreja na região seria uma opção um pouco melhor. Dessa
inquietação surge o hábito comum do "troca-troca" de igrejas. Talvez
um dos melhores antídotos para esta espécie de enfermidade seja
examinar novamente o que Paulo diz em 1:4-9, sobre a igreja de
Corinto, notoriamente imperfeita.
Convém observarmos esta verdade importante: antes de considerar
qualquer outro aspecto da igreja coríntia, Paulo a vê como estando em
Cristo. Tal declaração rigorosa de fé é raramente feita nas igrejas locais.
Os defeitos são examinados e lamentados, mas na maioria das vezes
não há uma visão daquilo que Deus já operou por meio de Cristo. Se
os nove primeiros versículos desta carta fossem extraídos do texto,
seria impossível que qualquer leitor tivesse uma visão da igreja em
Corinto que não fosse completamente pessimista. As declaraçãoes de
fé, esperança e amor, que aparecem no texto a intervalos freqüentes,
não teriam nenhum contexto; degenerariam em sonhos piedosos.
Atualmente, o povo de Deus está perecendo em muitos lugares pela
falta dessa visão apresentada nos versículos 4-9: ou fingem ser uma
igreja sem expectativas reais de verdadeiro crescimento em direção
à maturidade; ou insistem desesperadamente uns com os outros para
que se esforcem mais, orem mais e tenham mais fé e mais atividades
- porque acreditam serem essas as coisas certas.
Se a única coisa que falta a uma igreja pequena reunida numa casa
ou numa determinada área é um número maior de membros, então
o que Paulo diz a respeito da igreja de Corinto em Cristo é uma
descrição exata dessa e também de cada igreja de Deus. A confiança
que Paulo tinha na igreja em Corinto baseia-se na generosidade e
fidelidade de Deus.
"...sua graça, que vos foi dada... em tudo fostes enriquecidos nele... não
vos falte nenhum dom" — são três declarações que falam da
generosidade abundante de Deus para com aqueles pecadores
remidos em Corinto. É importante destacar de imediato que essas
declarações se referem à igreja de Deus em Corinto, não a indivíduos
que crêem. Se quisermos conhecer a plenitude da bênção divina e
experimentar todos os dons de sua graça que são nossos em Cristo,
precisamos estar em comunhão uns com os outros. Não há cristão que
possa, individualmente, proclamar que "nenhum dom espiritual" lhe
falta - como os capítulos 12 e 14 de 1 Coríntios expõem claramente.
A igreja local tem potencialmente todos os dons espirituais em sua
vida corporativa e deve esperar em oração que Deus os conduza a
uma expressão madura. Quando Deus nos deu o seu Filho Jesus, ele
nos ofereceu tudo o que possuía; ele não pode nos dar mais; temos
todas as coisas nele.Para tornarmos esses dons gradativamente reais
em nossa vida comunitária, precisamos penetrar mais profundamente
nas riquezas da sua graça; e também ficarmos alertas à sua revelação
(v. 7), sua manifestação. Essa esperança tem dentro de si o seu próprio
incentivo para nos levar adiante como aqueles que foram destinados
a ser a esposa de Cristo, porque somente a partir daí alcançaremos a
plena realidade de tudo o que é nosso em Cristo.
Ao falar dos dons da graça de Deus,8 Paulo destaca especificamente
que a igreja foi enriquecida em toda palavra e em todo o conhecimento. Os
vocábulos empregados aqui são logos e gnosis, verdadeiras cargas de
dinamite na igreja primitiva. É muito provável que Paulo se
concentrasse nesses dois grupos de dons porque os coríntios se
especializaram neles.9 Também há, sem dúvida, uma referência
precoce aos ensinamentos penetrantes do gnosticismo: a confusão
herética do segundo século (já perceptível pelos meados do primeiro
século), acerca da qual ainda é difícil ser preciso, mas que criou uma
elite espiritual que alegava ser a única possuidora do verdadeiro
conhecimento, a única capaz de colocá-lo em palavras e a única com
a devida autoridade para dirigir e controlar a vida da igreja.10
Paulo mostra-se inflexível ao dizer que Deus capacitou plenamente
toda a congregação com esses dons do conhecimento e da palavra e,
sem dúvida, está pensando em amigos específicos de Corinto
agraciados com diferentes dons. No que se refere à palavra, estariam
inclusos dons como profecia, ensino, pregação, evangelização, falar
em línguas e interpretação de línguas, e qualquer uso do dom da
palavra que contribua para a edificação da igreja. No que se refere ao
conhecimento, a igreja como corpo tem acesso a toda a sabedoria,
percepção, discernimento e verdade de que necessita;11 não precisa de
gurus especiais para recebê-lo.12
Dois pontos importantes acerca das pregações são colocados (de
forma um tanto criptográfica), na frase bastante obscura do versículo
6: assim como o testemunho de Cristo tem sido confirmado em vós. O
significado provável é o seguinte: à medida que o próprio Paulo
proclamava "as insondáveis riquezas de Cristo"13 à igreja de Deus em
Corinto, durante aqueles dezoito meses muito atarefados, eles
começaram a apreciar e a experimentar gradualmente as riquezas de
sua herança como filhos de Deus. Em outras palavras, eles foram
enriquecidos na proporção da qualidade e clareza da pregação de
Paulo. Os dois pontos aqui sobre a pregação são, portanto, estes.
Primeiro, o privilégio e a responsabilidade do pregador é desvendar
e explicar tudo o que é nosso em Cristo; segundo, uma simples
pregação não é suficiente: ela precisa ser confirmada (mais
literalmente, "assegurada") nas vidas dos ouvintes, e isso exige a obra
do Espírito de Deus,14 que traz convicção, iluminação e fé.
A igreja fica assim plenamente habilitada com todos os dons da
graça de Deus. E preciso descobri-los, explicá-los e apropriar-se deles.
Para que isso aconteça, a pregação deve dar testemunho das
insondáveis riquezas de Cristo. Tal pregação exige o poder do Espírito
para garantir aquelas riquezas na vida da comunidade cristã.
Notas:
1. D eclaração conjunta do Concílio Evangélico da Igreja A nglicana e da
"Fountain Trust", publicada como suplem ento n° 1, do Theological Renewal,
a b ril/m a io de 1977. •
2. Cf. A t2 6 :1 5 s s e G l l:15ss.
3. Cf. 1 Co 15:8-9.
4. Cf. 1 Co 4:18-19 e os dados em 2 Co 10—13.
5. Rm 16:5.
6. Veja outras implicações desta perspectiva no livro do autor, The Church in the
H om e (M arshalls, 1983).
7. Veja A t 18:8 e 17.
8. N. B.: charis (graça) e charism a (dom) vêm da m esm a raiz.
9. Cf. capítulos 12—14.
10. Convém consultar C. K. Barrett sobre 2 Coríntios, págs. 36-42, onde há um
bom resum o sobre o tipo de gnosticismo existente em Corinto, até onde
podem os acompanhar o seu desenvolvimento nessas cartas. Em The M essage
o f Colossians and Philemon: Fullness and Freedom (IVP, 1980), D ick Lucas
identifica sete aspectos do que tem sido cham ado de "heresia colossense",
m uitos dos quais provavelm ente estavam em brionariam ente presentes em
Corinto (págs. 22-24).
« 1 1 . Cf. Cl 2:3.
12. Cf. I jo 2 :2 0 e 2 7 .
13. Cf. E f3:8.
14. 1 Ts 1:5.
15. 1 Co 3:5.
16. Cf. Rm 8:28-30.
17. Ap 12:10.
18. Cf. Rm 8:33.
19. Cf. 1 Co 6:2-3.
20. Cf. 1 J o 2:28 ss .
1 Coríntios 1:10-17
2. Partidos em Corinto
Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos
a mesma coisa, e que não haja entre vós divisões; antes sejais inteiramente
unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer. nPois a vosso
respeito, meus irmãos, fu i informado, pelos da casa de Cloe, de que há
contendas entre vós. nRefiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de
Paulo, e eu de Apoio, e eu de Cefas, e eu de Cristo. 13Acaso Cristo está
dividido? fo i Paulo crucificado em favor de vós, ou fostes porventura,
batizados em nome de Paulo? u Dou graças (a Deus) porque a nenhum de vós
batizei, exceto Crispo e G aio;15para que ninguém diga que fostes batizados
em meu nome. 16Batizei também a casa de Estéfanas; além destes não me
lembro se batizei algum outro. 17Porque não me enviou Cristo para batizar,
mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de palavra, para que se não
anule a cruz de Cristo.
1. Os quatro grupos
a) O partido de Paulo
b) O partido de Apoio
c) O partido de Pedro
d) O partido de Cristo
a) A integridade de Cristo
Acaso Cristo está dividido? ou, literalmente, "Cristo foi repartido?" (v.
13). Paulo está perguntando aos coríntios, com todas as suas divisões:
"Vocês acham que existem pedaços de Cristo e que eles podem ser
distribuídos entre os grupos? Se vocês têm Cristo, vocês o têm por
inteiro. Jesus não pode ser dividido." Não podemos ter a metade de
uma pessoa, como se disséssemos: "Por favor, entre, mas deixe suas
pemas lá fora". A propósito, o conceito da integridade de Cristo lança
luz sobre frases comuns do tipo: "Quero mais de Cristo". Isso não pode
acontecer; pelo contrário, precisamos permitir que Cristo tenha mais
de nós. Nós é que somos desintegrados, e Cristo está nos refazendo
gradualmente, para que nos tornemos mais semelhantes a ele -
integrados e inteiros. O mesmo argumento aplica-se quando alguém
deseja ter mais do Espírito Santo. Se o Espírito é pessoal, uma Pessoa,
há duas opções: ou ele vive dentro de nós ou simplesmente não vive;
neste caso, também, o nosso desejo e a nossa oração devem ser no
sentido de que o Espírito Santo tenha mais de nós.
b) A cruz de Cristo
c) O Senhorio de Cristo
Notas:
1. C. K. B arrett escreve seguindo essas linhas em sua introdução a 2 Coríntios
(veja especialm ente págs. 41-42) e em seu com entário sobre 2 C oríntios 5:16
e 11:23.
2. N .B.: a palavra usada para "divisões" contém uma referência a conflito de
personalidades.
3. Francis Sch aeffer escreve de m aneira acertada a respeito da questão da
verdad e cristã e da necessidade de um contexto adequado de am or cristão,
em O Sinal do C ristão (A B U B /A P L IC , 1970).
4. A declaração Cospel and Spirit, publicada em 1977, foi o fruto de quatro
encontros de um dia, ao longo de dezoito meses. A declaração começa assim:
"Estam os satisfeitos em fazê-lo (isto é, reunirm o-nos desta m aneira), e em
reconhecer que o nosso fracasso em fazê-lo antes pode ter prolongado
desentendim entos e polarizações desnecessárias." (Veja acima, pág. 22, n° 1).
5. A t 18:26.
6. A t 18:27.
7. A lexand ria era o centro de exegese e exposição do A ntigo Testam ento, e foi
testem unha do surgim ento da Septuaginta, a versão grega do A ntigo
Testam ento.
8. Cf. 2 Co 10:10 e l Co 2:3-4.
9. O prim eiro cristianismo de Alexandria do qual temos notícia caracterizava
se pelas tendências gnósticas. H ow ard M arshall escreveu: "Não seria
surpreendente se A poio tivesse recebido um conceito defeituoso da fé (em
Alexandria)... Podemos supor que ele foi instruído (por Áqüila e Priscila) nas
doutrinas distintivam ente paulinas" (Aios, Série Cultura Bíblica, M undo
C ristão, V ida Nova, 1982, pág. 286).
10. Barrett, pág. 44.
11. G 12:7.
12. Por exem plo, o reavivam ento no leste africano (cham ado de m ovim ento
"Balokole") tem agora um m ovim ento dentro do m ovim ento para os "re-
reavivados", mas suas diferenças se encontram num comportamento especial.
13. Tem -se sugerido que a frase: "Eu pertenço a Cristo", teria sido a resposta
exasperada de Paulo às outras três posições.
14. A m bas as palavras indicam uma luta (para chegar à verdade e não um a
unidade sem conteúdo). A palavra em pregada aqui no final do versículo 10
(unidos) é usada para se referir ao ato de recolocar um osso deslocado ou
rem endar redes (cf. Mc 1:19), isto é, trazer de volta à condição anterior. A
m esm a palavra foi usada por Paulo em Ef 4:12 em relação ao im pacto do
m inistério quádruplo/quíntuplo (apóstolos, profetas, evangelistas, pastores
e m estres) sobre a igreja com o um todo, "equipando-a" para "o trabalho do
m inistério". Isso poderia sugerir duas coisas: prim eira, que a unidade de
mente e de opinião faz parte da unidade em Cristo que nos foi dada e que nós
devem os manter (cf. E f 4:3); segunda, que precisam os do m inistério
m encionado em Ef 4:11 para voltarmos a essa unidade. Esta última dedução
confirma a verdade do comentário de Barrett: "Paulo não sugere neste ponto,
nem m ais tarde, que a igreja possa ser rem endada pela política eclesiástica"
(pág. 42).
15. Cf. Cl 1:19-22.
16. Cf. Jo 3:30.
17. Outros exemplos de tais batismos, incluindo toda uma casa, encontram-se em
A t 16:15,32-33.
1 Coríntios 1:18-2:16
3. A Verdadeira Sabedoria e a Falsa
Certamente a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós,
que somos salvos, poder de Deus. 19Pois está escrito: Destruirei a sabedoria
dos sábios, e aniquilarei a inteligência dos entendidos. 2uOnde está o
sábio? onde o escriba? onde o inquiridor deste século? Porventura não tornou
Deus louca a sabedoria do mundo? 21Visto como, na sabedoria de Deus, o
mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar aos
que crêem, pela loucura da pregação. 22Porque tanto os judeus pedem sinais,
como os gregos buscam sabedoria; 23mas nós pregamos a Cristo crucificado,
escândalo para os judeus, loucura para os gentios; umas para os que foram
chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e
sabedoria de Deus. 25Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens;
e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.
É importante notar a ênfase que Paulo coloca sobre "a palavra" (v. 18)
e a pregação (vs. 21 e 23). Contudo, por mais que denuncie a
prolixidade da sabedoria humana, renunciando a ela, ele crê
apaixonadamente na natureza racional da sabedoria de Deus
revelada. Não somente o próprio Jesus é a sabedoria e a palavra de
Deus, mas Paulo também escreve explicitamente (2:13) sobre
comunicar a sabedoria de Deus "em palavras... ensinadas pelo
Espírito". Não podemos pregar nem receber a mensagem usando os
recursos meramente humanos, mas nunca devemos deixar que esse
fato acabe com a nossa responsabilidade de pregar o evangelho em
palavras relevantes, "ensinadas pelo Espírito".
A sabedoria - e a loucura - de Deus se materializa na palavra da cruz
(18).12 A frase paralela em 1:23, pregamos a Cristo crucificado, enfatiza
o conteúdo dessa palavra. Muitas vezes o termo "cruz" é usado de
maneira excessivamente vaga, sem destacar o fato de que uma Pessoa
em particular foi pendurada naquele instrumento de execução
romano. A sabedoria de Deus é vista no Messias pendurado no
madeiro. Para os judeus isso representava uma pedra de tropeço, um
escândalo completo (skandalon, em grego), porque "o que for
pendurado no madeiro é maldito".13 Como o Messias cheio de
autoridade e poder, aquele que havia de vir, poderia acabar os seus
dias pendurado em um madeiro? Isso basta para provar que Jesus não
pode ser o Messias. Não há sabedoria nessa mensagem; é tudo
bobagem! Mas Paulo insiste: "Pregamos a Cristo, o ungido, o Messias,
o que foi crucificado". Pode parecer um absurdo total, uma loucura,
uma estupidez para os judeus e gregos incrédulos, mas isso serve para
provar que eles de fato estão entre aqueles que se perdem (v. 18).
Os judeus pedem sinais, os gregos buscam sabedoria (v. 22); mas, até
que desistam de depender de sua própria visão e entendimento,
nunca serão capazes de receber a sabedoria de Deus em Jesus Cristo.
Pois todos os fatos acerca de Jesus —o Filho de Deus nascer em forma
humana, crescer até a idade adulta virtualmente sem ser reconhecido,
fazer o bem e curar todos os tipos de enfermidades, entregar a sua vida
nas mãos de homens inescrupulosos e morrer crucificado como um
criminoso - desafiam a sabedoria e o entendimento humano.
Enquanto os gregos continuarem buscando tenazmente a
sabedoria, seguindo o seu próprio entendimento, vão continuar
andando em círculos, numa espiral que leva finalmente à destruição.
A palavra perder (v. 18) envolve uma "destruição definitiva", não
simplesmente no sentido de extinção da existência física, mas de um
mergulho eterno no Hades, e de um destino mortal sem esperanças,
em cuja descrição são usados termos como 'ira e fúria, tribulação e
desespero'.”14
A pergunta chave é: será que o judeu ou o grego prefere ser salvo,
a perecer? O primeiro insistiria em exigir sinais convincentes, em vez
de pedir para ser salvo? Será que o outro iria perecer buscando
sabedoria, em vez de admitir a necessidade de alguém para salvá-lo
de tal destruição? É exatamente para esse senso de "eternidade na
alma do homem" que Deus dirige a palavra da cruz.
C. S. Lewis escreveu:
Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos
sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre
nascimento; 27pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para
envergonhar os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar
as fortes; 28e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas,
e aquelas que m o são, para reduzir a nada as que são; 29afim de que ninguém
se vanglorie na presença de Deus. 30Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual
se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,
Mpara que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.
"Aprouve a Deus salvar aos que crêem" (v. 21). Assim Deus resolveu
salvar da destruição aqueles que são suficientemente humildes para
descansar suas vidas (passada, presente e futura) em "Jesus Cristo,
crucificado": a esses crentes, ele chamou a fim de partilhar de sua
própria vida.16
Vemos a sabedoria de Deus mais precisamente na maneira como
ele opera: o Senhor salva aqueles que crêem, não os sábios ou os
inteligentes, expressando assim sua própria determinação de acabar
com todo o orgulho humano. "Deus resiste aos soberbos"17 e o seu
propósito é que ninguém se vanglorie na presença dele (v. 29).18Aqueles
que preferem confiar em sua própria sabedoria e discernimento
podem continuar a fazê-lo, mas não na presença de Deus; pois com
essa atitude, excomungam-se a si mesmos. Na verdade, Deus está tão
interessado em acabar com todo o orgulho hum ano que
deliberadamente age de modo a revelar a vacuidade disso.
Foi o que fez em Corinto: Deus escolheu as coisas loucas do mundo para
envergonhar os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar
as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e
aquelas que não são, para reduzir a nada as que são (vs. 27-28). Nova vida
e amor, nova pureza e paz, nova esperança e felicidade se
manifestaram de maneira evidente na comunidade cristã de Corinto,
e em nenhum outro lugar daquela cidade decadente. Ainda, não foram
chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos
de nobre nascimento (v. 26). Todos os nobres, os filósofos, os negociantes
e os proprietários de terras, toda a gente que andava pelos corredores
do poder', todos eles se destacavam pela virtual ausência na igreja de
Corinto. Havia uma ou duas exceções, mas não muitas.
Corinto não era uma cidade fora do comum, pois o cristianismo
espalhou-se mais rápido entre as classes inferiores da sociedade
mediterrânea, e, em parte, este simples fato (nas sociedades grega e
romana, onde havia muita consciência de classe) é a causa de o
cristianismo ser tão ofensivo. O povo simples estava se convertendo,
sendo salvo, transformado. Deus pegou a escória da terra e
transformou-a em reis e sacerdotes no seu reino.19Foi exatamente isso
que o próprio Jesus disse quando anunciou o seu ministério: "O
Espírito do Senhor... me ungiu para evangelizar aos pobres."20É este
o caminho de Deus, sua sabedoria, o poder do evangelho.
Através desses métodos, Deus está derrotando um dos falsos
padrões do mundo, isto é, a noção de que ele se importa com os sábios,
os de boa família, os eloqüentes, os talentosos, os ricos, que detêm o
poder e a influência. Esses falsos padrões estão muito encravados até
mesmo na igreja cristã e exerciam uma força poderosa em Corinto.
Hoje, ainda encobrem a glória de Deus. Tiago dirigiu palavras severas
para os cristãos que adotavam esse padrão,21 dando tratamento
48
especial às pessoas influentes nas reuniões da igreja.
O método divino consiste em conceder posição e honra especiais
apenas ao seu Filho, Jesus. Deus fez com que Jesus Cristo fosse tudo
para nós: nossa sabedoria, nossa justiça, nossa santificação e nossa
redenção.22 Se uma pessoa está à procura dessas coisas, só as
encontrará em Jesus: profundidade, posição, pureza, liberdade —estão
em Jesus, e só em Jesus, mediante a sua morte na cruz. Se o método
divino exalta e glorifica Jesus, o homem sábio seguirá o caminho
divino, humilhando-se diante do Salvador crucificado, renunciando
qualquer dependência das vantagens do mundo e gloriando-se apenas
no Senhor: eis a verdadeira sabedoria. A gramática do grego no
versículo 30 indica que Paulo está dizendo que "a sabedoria é igual à
justiça, à santidade e à redenção"; conhecer essas três coisas é ser um
sábio de verdade.
Ao observar a sabedoria de Deus na maneira como ele opera,
também vale a pena notar que é em amor que ele resiste aos soberbos.
Ele só salva aqueles que se humilham ao ponto de se voltarem para
Jesus Cristo suplicando por ajuda, e ele deseja que todos os homems
sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.23 Deus sempre
está colocando deliberadamente as pessoas soberbas de joelhos, para
que possam penetrar na sua presença em arrependimento e fé. As
pessoas que se gloriam na sua própria inteligência e discernimento
serão envergonhadas por aquelas que, pelos padrões do mundo, são
ignorantes, mas conhecem a Deus por meio de Jesus Cristo. Os
grandes e poderosos são desmascarados em toda a sua
vulnerabilidade pela impressionante força interior de indivíduos
muito fracos que amam a Deus. Muitas vezes, cidadãos insignificantes
e muito comuns incomodam os bem sucedidos e os influentes que,
normalmente, os ignorariam e desprezariam. Dessa e de outras
formas, a soberba do homem é puncionada pelo sábio amor de Deus.
Somos instados, como cristãos, a nos humilharmos sob a poderosa
mão de Deus;24mas, se não formos suficientemente sábios para fazer
isso, Deus tratará de nos humilhar, muitas vezes através das pessoas
mais improváveis. Esses são os métodos amorosos de nosso sábio
Deus. Assim se tomam verdadeiras as palavras:
Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos
caminhos os meus caminhos, diz o Senhor, porque, assim como os céus são
mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os
vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos
pensamentos.25
O contexto dessas palavras de Isaías torna-se ainda mais apropriado
a este trecho de 1 Coríntios, porque os dois versículos anteriores
descrevem o perdão livre e abundante de Deus, que se estende a todos
os que procuram o Senhor "enquanto se pode achar", que o invocam
"enquanto está perto". Esta aceitação completa e eterna do pecador
arrependido que clama a Deus para ser salvo é totalmente estranha
à sabedoria do mundo e aos métodos e idéias dos seres humanos. Sem
exceção, os métodos humanos exigem esforço, boas obras e palavras
sábias para o caminho da salvação. Os métodos de Deus, porém,
dizem: "buscai ao Senhor... invocai o Senhor... voltai para o Senhor,
para o nosso Deus, pois ele perdoa abundantemente."
Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor (v. 31). Esta citação refere-se
a uma passagem particularmente relevante de Jeremias: "Assim diz
o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua
força, nem o rico nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se
nisto: em me conhecer e saber que eu sou o Senhor, e faço misericórdia,
juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor."26
Notas:
1. Conzelm ann, pág. 37.
2. Barrett, págs. 67-68.
3. M orris, pág. 36.
4. B arclay, págs. 20-21.
5. Conzelm ann, pág. 15.
6. Barclay, pág. 22.
7. Barrett, pág. 59.
8. Cf. M t 7:21; Lc 6:46.
9. A t 18:4.
10. Cf. 1 Tm 1:3-7; 4:6-7; 2 Tm 2 :14ss;T t 3:8-11.
11. T. S. Eliot, linhas 11-14 de "Choruses from 'The Rock"' (1934). Veja The complete
Poems and Plays o fT . S. Eliot. C. Faber and Faber, 1978, pág. 147.
12. Esta frase (logos tou staurou) parece um trocadilho deliberado com a palavra
logos, que tam bém é usada no versículo 17 (sophia logon, "sabedoria de
palavra").
13. D t 21:23; cf. G 13:13-14.
14. A. O epke em Kittel. TW N T, vol. I, pág. 396.
15. C. S. Lew is, O Problema do Sofrimento Humano, (M undo Cristão, 1986), pág.
44s.
16. Cf. 2 Pe 1:3-4.
17. 1 Pe 5:5.
18. Cf. Is 2:11-17.
19. Cf. A p 5:9-10.
20. Cf. L c4:16ss.
21. T g 2:1-9.
22. Consulte Barrett, págs. 60-61, para um a exposição soberba do versículo 30.
23. 1 Tm 2:4.
24. Cf. l P e 5 :6 .
25. Is 55:8-9.
26. Jr 9:23-24.
27. Cf. Jo 16:11; Ef 6:12.
28. E ste contraste entre uma sabedoria influenciada pelas forças m alignas e a
sabedoria de D eus é claram ente delineado em Tg. 3:13ss.
29. Bruce, pág. 38.
30. Barrett, pág. 69.
31. D ods, pág. 66.
32. D iversos com entaristas (como, por exem plo, Dods e Bruce) acreditam que
Paulo explica esta sabedoria mais claramente em Efésios, especialm ente em
3:1-13.
33. Cf. Ef 4:13; Cl 1:18.
34. Poderíam os dizer que a interpretação gnóstica de 1 Co 2:9 é refutada
explicitam ente em 1 Jo 1:1.
35. 1 Co 8:3.
36. Bruce, pág. 40.
1 Coríntios 3:1 4:21
4. Loucos por Amor a Cristo
Eu., porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais; e, sim, como a
camais, como a crianças em Cristo. 2Leite vos dei a beber, não vos dei alimento
sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque
ainda sois carnais.3Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contentas, não é
assim que sois camais e andais segundo o homem? 4Quando, pois, alguém diz:
Eu sou de Paulo; e outro: Eu, de Apoio; não é evidente que andais segundo
os homens ?
Já vimos que Paulo lamentava (v. 1) porque a igreja de Corinto não era,
de modo algum, espiritual. "Em um só Espírito, todos nós fomos
batizados em um corpo" - sim; "e a todos nós foi dado beber de um
só Espírito" (12:13) - sim. Mas será que os coríntios estavam seguindo
a orientação do Espírito, andando no poder do Espírifo,
demonstrando a unidade do Espírito? —certamente não. Eles próprios
se julgavam espirituais, cristãos sábios e maduros, especialmente em
virtude da multiplicidade de dons espirituais visíveis em sua vida
comunitária. Paulo, no entanto, mostra-se firme: Eu, porém, irmãos, não
vos pude falar como a espirituais. Ele não hesita em chamá-los de irmãos,
mas, ao mesmo tempo, tem de chamá-los de carnais (v. 1), homens
comuns (ERAB: que andam segundo o homem - vs. 3,4). Na verdade, ele
os chama de crianças; crianças em Cristo, sim, mas crianças que ainda
usam fraldas e que dificilmente seriam capazes de falar alguma coisa,
quanto mais a verdadeira sabedoria vinda do alto.
Aparentemente, este fôra o problema dos coríntios desde o começo:
Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis
suportá-lo. Nem ainda agora podeis (v. 2). É interessante notar que Paulo
considerava apropriado que os crentes recém-nascidos recebessem
"carne" além de "leite", mas isso não se aplicava aos coríntios. Eles não
estavam preparados para o alimento sólido, mesmo anos depois de
se converterem a Cristo. "O simples passar do tempo não amadurece
o cristão" (Barrett).
Com que fundamento Paulo identifica esses cristãos com homens
comuns sem Cristo? Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não
é assim que sois carnais e andais segundo o homem? (v. 3). Os ciúmes eram
freqüentes na igreja de Corinto. Eles se observavam desconfiados,
invejando os dons alheios. Havia pouco amor em Corinto e muita
competitividade. Não havia reconhecimento pelas diferentes
contribuições dadas por Deus, através de pessoas como ele mesmo ou
Apoio; só criavam "partidos" e se recusavam a se misturar com certas
pessoas de opiniões diferentes.
Esse comportamento é infantil, diz Paulo. Quase podemos ouvi-lo
esbravejando mentalmente: "Cresçam! Parem de se comportar como
bebês!" É assim que as criancinhas se comportam quando esperneiam:
"Quero aquele brinquedo, aquele presente", ou quando batem os pés
no chão, dizendo: "Não brinco mais com você; você não é mais meu
amigo". Também é assim que se comportam os homens comuns, os
homens sem Cristo, sem o Santo Espírito. Como diz Tiago: "Se, pelo
contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento
faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade."1
2. Plantando e regando (3:5-8)
Quem ê Apoio? e quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e isto
conforme o Senhor concedeu a cada um. 6Eu plantei, Apoio regou ; mas o
crescimento veio de Deus. 7De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem
o que rega, mas Deus que dá o crescimento. sOra, o que planta e o que rega
são um: e cada um receberá o seu mlardão. sevundo o seu nrnnrin trabalha.
Ninguém se engane a si mesmo: se alguém dentre vós se tem por sábio neste
século, faça-se estulto para se tornar sábio. wPorque a sabedoria deste mundo
é loucura diante de Deus; porquanto está escrito: Ele apanha os sábios na
própria astúcia deles. 20E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos
sábios, que são pensamentos vãos. 2íPortanto, ninguém se glorie nos homens;
porque tudo é vosso; 22seja Paulo, seja Apoio, seja Cefas, seja o mundo, seja
a vida, seja a morte, sejam as coisas presentes, sejam as futuras, tudo é vosso,
23e vós de Cristo, e Cristo de Deus.
Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo,
e despenseiros dos mistérios de Deus. 2Ora, além disso o que se requer dos
despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel. 3Todavia, a mim mui
pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por tribunal humano; nem eu tão
pouco julgo a mim mesmo. 4Porque de nada me argúi a consciência; contudo,
nem por isso me dou por justificado, pois quem me julga é o Senhor. 5Portanto,
nada julgueis antes de tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará
à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios
dos corações; e então cada um receberá o seu louvor da parte de Deus.
Já estaisfartos, já estais ricos: chegastes a reinar sem nós; sim, oxalá reinásseis
para que também nós viéssemos a reinar convosco.9Porque a mim me parece
que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos
condenados à morte; porque nos tomamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos,
como a homens. wNós somos loucos por causa de Cristo, e vós sábios em
Cristo; nós fracos, e vós fortes; vós nobres, e nós desprezíveis.11Até à presente
hora sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada
certa, ne nos afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos. Quando
somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos;13quando
caluniados, procuramos conciliação: até agora temos chegado a ser
considerados lixo do mundo, escória de todos.
Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar; pelo contrário, para vos
admoestar como a filhos meus amados. 15Porque ainda que tivésseis milhares
de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu pelo
evangelho vos gerei em Cristo Jesus. uAdmoesto-vos, portanto, a que sejais
meus imitadores. 17Por esta causa vos mandei Timóteo, que é meu filho amado
efiel no Senhor, 0 qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo Jesus, como
por toda parte ensino em cada igreja.38Alguns se ensoberbeceram, como se
eu não tivesse de ir ter convosco; 19mas em breve irei visitar-vos, se o Senhor
quiser, e então conhecerei não a palavra, mas o poder dos ensoberbecidos.
20Porque o reino de Deus consiste, não em palavra, mas em poder. n Que
preferis ? Irei a vós outros com vara, ou com amor e espírito de mansidão?
Notas:
1. Tg. 3:14.
2. Lc 22:24-27.
3. Tem os uma indicação da mesma possibilidade na descrição que Paulo faz de
seu confronto com Pedro, Tiago e João em G 12, onde ele menciona esses três
apóstolos com o "colunas" (2:9).
4. Cf. M l 3 :ls s; 2 Ts 1:6-12.
5. Jo 5:24.
6. Cf. T g 4:5.
7. Cf. 1 Co 15:28.
8. Cf. H b 13:17; T g 3:1.
9. A t 24:16.
10. H b 9:14; l j o 3:20.
11. R m 4:5.
12. A expressão "os m istérios de Deus" refere-se, por analogia com as religiões
de mistério gregas, a tudo o que Deus tem para compartilhar com o seu povo,
isto é, todas as riquezas do céu. A expressão jam ais pode ser aplicada apenas
ao que acontece no centro da eucaristia, ainda que seja verdad e que a m orte
de C risto é o evento que colocou essas riquezas à nossa disposição.
13. A prendem os a mesma lição de liberdade do próprio Jesus: "Q uem é, pois, o
servo fiel e prudente a quem o senhor confiou os seus conservos para dar-lhes
o sustento a seu tempo? Bem -aventurado aquele servo a quem seu senhor,
quando vier, achar fazendo assim" (M t 24:45-51). A passagem paralela em
Lucas (12:41-48) term in a co m o d e s a fio clássico a to d o s o s envolvidos n o
m inistério cristão: "àquele a quem m uito se confia, m uito m ais lhe pedirão".
14. B arret, pág. 106.
15. 2 Co 4:7-11; 6:3-10; 11:23-33.
16. Cf. Jo 13:16; 15:20.
17. Cf. l P e l :1 2 .
18. Cf. E f 3:8-11.
19. Cf. 2 Co 4:12.
20. Fp 1:29.
21. Cf. 1 Co 5:2; 6:5; 11:22; 15:34.
22. M t 23:9-11.
23. O termo grego equivalente a preceptores, no versículo 15, é "pedagogo", palavra
que Paulo usa em G1 3:24, falando da função da lei em preparar as pessoas
para a vinda de Jesus Cristo como Salvador.
24. G 14:19.
25. Cf. com entários sobre 6:9-10, m ais adiante.
1 Coríntios 5:1-13; 6:9-20
5. Fugi da Fornicação
Geralmente se ouve que há entre vós imoralidade, e imoralidade tal, como nem
mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de
seu próprio pai. 2E, contudo, andais vós ensoberbecidos, e não chegastes a
lamentar... ?
Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a
massa toda? 7Lançaifora o velho fermento, para que sejais nova massa, como
sois de fato sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi
imolado. gPor isso celebramos a festa, não com o velho fermento, nem com
o fermento da maldade e da malícia; e, sim, com os asmos da sinceridade e
da verdade.
Paulo retoma à arrogância dos coríntios. Não é boa a vossa jactância (v.
6) é uma declaração atenuada, magistral. Ele, que estivera
preocupado com a salvação e com a integridade do cristão, como
indivídio em Corinto, preocupa-se agora com a integridade, a
salvação da igreja. Parece muito provável que Paulo estivesse
escrevendo estas palavras na época dos preparativos para a
celebração anual da festa da Páscoa, pois os detalhes desta estão
vivos em sua mente, à medida que vai apresentando a importância
crucial de uma disciplina adequada na comunidade cristã.
Todos os anos, por ocasião da Páscoa, os judeus recordavam a
maneira como Deus os havia libertado da escravidão do Egito.19 "Um
dos aspectos da guarda da Páscoa era a solene busca e destruição de
todo o fermento,20 antes de a festa começar (durante sete dias só se
podia comer pão sem fermento). Fazia-se a remoção de todo o
fermento antes que a vítima da Páscoa fosse oferecida no templo."21
A celebração da Páscoa era, por excelência, a celebração da
comunidade de fiéis; de modo que Paulo está chamando a atenção
para a devastadora contradição evidenciada pela tolerância dos
coríntios em relação ao fermento na massa: o Cordeiro pascal (isto
é, Jesus) já fora sacrificado; as celebrações da festa (que normalmente
duravam uma semana para os judeus) já haviam começado e
deveriam ser a característica permanente da comunidade remida.
Mas ainda havia fermento na comunidade, e em grandes proporções.
A própria natureza da comunidade cristã se baseava no sacrifício do
novo Cordeiro pascal e por isso exigia pureza absoluta.22
Um pecador persistente, pego em flagrante, que continua sendo
aceito sem disciplina dentro da comunidade cristã, mancha todo o
corpo. Tal como os judeus celebravam a libertação da escravidão
rejeitando o fermento, os cristãos devem celebrar continuamente a
libertação do pecado sem nenhum compromisso com as mesmas
coisas das quais foram libertados. Caso contrário, todo o culto e toda
a vida da comunidade cristã se transformam em uma farsa, cheia de
insinceridade e hipocrisia.23 Notemos que Paulo se refere a práticas
pecaminosas deliberadamente repetidas dentro da comunidade.
Godet denomina tal atitude de "conivência ativa"24 e Hodge a descreve
como fazer o mal "com deleite e persistência".25 Todos nós cometemos
pecados, todos nós precisamos de purificação; mas todos nós temos
a obrigaçãode ser implacáveis com qualquer coisa que traia a nossa
vocação e contamine a nossa comunhão em Cristo. Paulo não está
esperando santidade perfeita ou pureza absoluta; ele apela para que
haja sinceridade e verdade (v. 8).
A primeira dessas duas palavras significa permitir que a luz do sol
brilhe sobre nós, a fim de pôr à prova as nossas motivações, bem como
o nosso comportamento. Isso implica em acabar com tudo o que é
furtivo, falso ou fingido. Significa não nos fecharmos aos outros como
pessoas. Significa liberdade. A ênfase desse termo, eilikrineia, não está
na perfeição e na ausência de pecado, mas na franqueza e na
honestidade, que nos levem a andar na luz da presença divina e a
desejar que Deus, através de sua luz, ilumine as áreas em trevas,26para
que possamos nos aproximar mais uns dos outros como também
dele.27
É nesta atmosfera de franqueza, sinceridade, veracidade e
integridade que nossos pecados e falhas podem ser devidamente
tratados no corpo de Cristo; não em um espírito de crítica, mas de
maneira franca, corajosa e coerente. É essa transparência que distingue
a comunidade cristã. Paulo é realista demais para pensar que alguma
congregação local seja moralmente pura de ponta a ponta. Mas ele
procura esse tipo de integridade e sinceridade.
Um incentivo poderoso para que vivessem este tipo de vida
corporativa é encontrado na frase sois de fato sem fermento (v. 7). Que
Paulo qualificasse qualquer congregação por ele conhecida como sem
fermento constitui um fato notável; e que ele assim considerasse a igreja
de Corinto é espantoso; todavia o fato de ele se dirigir àquela igreja,
em meio àquela obscenidade específica, dizendo que ela era de fato sem
fermento é tão impressionante que exige uma investigação mais
detalhada. Através de tal declaração o apóstolo resume claramente a
sua convicção essencial sobre todos os cristãos: "Vocês são sem
fermento, purificados do mal que lhes pertence por natureza; portanto
tornem-se o que são." Este, de fato, é o ponto central da teologia de
Paulo e a essência do seu incentivo para uma vida santa: "Vejam o que
Deus em Cristo fez por vocês... Agora continuem se tomando aquilo
que ele fez possível."
Eis a razão para a sua insistência na celebração: Por isso celebremos
a festa (v. 8). É possível que Paulo esteja pensando explicitamente na
alegria especial da celebração da Páscoa. Se é que ele escrevia esta carta
por ocasião da Páscoa, estava muito preocupado com que a igreja em
Corinto não ficasse privada da alegria total da sua celebração. Esta
seria, então, a referência mais antiga da comemoração da Páscoa como
um dia especial da igreja cristã. Provavelmente, Paulo está lembrando
aos coríntios o seguinte, conforme vi num poster recentemente:
"Somos o povo da Páscoa, e 'Aleluia!' é o nosso hino"; isto é, vivemos
no outro lado da cruz e da ressurreição e, portanto, certos hábitos estão
simplesmente fora de questão; se nos apegamos a eles, não podemos
celebrar verdadeiramente, nem no culto público, nem no decorrer de
nossa vida diária.
A celebração é um sinal característico da comunidade cristã; daí a
tradução de Lightfoot: "Vamos celebrar perpetuamente".28 Uma das
maneiras mais simples de celebrar a Páscoa com maior regularidade
é usar os conhecidos hinos pascais durante o ano inteiro, participar
explicitamente da Ceia do Senhor como uma reafirmação das
promessas feitas por ocasião do batismo (morte e ressurreição com
Cristo); e enfatizar constantemente o padrão de comportamento
completamente novo que se espera e está à disposição daqueles que
foram levantados para partilhar do poder da ressurreição de Jesus.
Dessa forma estaremos fazendo jus à declaração de Godet: "A festa
pascal do cristão não dura uma semana, mas toda a vida."29
Crisóstomo o expôs da seguinte maneira: "Para o verdadeiro cristão,
é sempre Páscoa, sempre Pentecoste, sempre Natal."
O mundo anseia por ver uma igreja assim, uma igreja que leva o
pecado a sério, que desfruta plenamente o perdão, e que, em seus
momentos de reunião, mistura uma celebração cheia de alegria com
um respeitoso senso da presença e da autoridade de Deus. "Quando
vivemos em vitória sobre as forças que destroem os outros, então as
pessoas começam a ver que há significado e propósito e motivação na
salvação que professamos ter" (Stedman). Mas isso jamais acontecerá,
se nos recusarmos a manter um contato dispendioso e compassivo
com os homens e as mulheres do mundo. Daí a importante
advertência de Paulo nos versículos 9-13, onde ele esclarece algumas
das falsas deduções dos coríntios, em resposta a uma carta anterior
escrita por ele mesmo (v. 9).
Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas
fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo c no Espírito do nosso
Deus.
Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são
lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. 13Os alimentos
são para o estômago, e o estômago para os alimentos; mas Deus destruirá tanto
estes como aquele. Porém o corpo não é para a impureza, rnas para o Senhor,
e o Senhor para o corpo. uDeus ressuscitou ao Senhor e também nos
ressuscitará a nós pelo seu poder. 15Não sabeis que os vossos corpos são
membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e osfaria
membros de meretriz? Absolutamente, não. 16Ou não sabeis que o homem que
se une à prostituta, forma um só corpo com ela? porque, como se diz, serão
os dois uma só carne. uMas aquele que se une ao Senhor é um espírito com
ele. 18Fugi da impureza! Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer, é
fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio
corpo. 19Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo que
está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?
20Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso
corpo.
O tema continua sendo a ética sexual, mas Paulo passa dos aspectos
da disciplina da igreja e da imoralidade de certos comportamentos
para uma apresentação magistral da beleza da santidade sexual. As
injunções negativas sobre certas práticas sexuais têm o seu lugar, e as
advertências sobre as conseqüências da desobediência são necessárias.
Mas o aspecto mais atraente de um comportamento sexual
verdadeiramente bíblico está na sus capacidade de fornecer o que Os
Guinness66 chamou de "a base e o equilíbrio para o amor humano -
sua altura, sua profundidade, seu realismo e seu romantismo."
Num mundo imensamente obcecado pelo sexo como panacéia
universal para o vazio de seus habitantes, a advertência de Paulo
chega a nós com uma pungência atual. Uma das muitas pichações nos
muros da cidade de Berkeley, na Califórnia, no fim dos anos 60, dizia:
"O sexo liberta". Muitos cristãos coríntios estavam olhando para essa
mesma direção, talvez sob pressões diferentes e por motivos
diferentes, mas Paulo sentiu-se compelido a apanhá-los em suas
próprias pressuposições. A maior premissa deles era: "Todas as coisas
me são lícitas" (v. 12). Até é concebível que eles estivessem imitando o
próprio Paulo, pois, certamente, essa pode ter sido uma das suas frases
de efeito.67 Mas de qualquer forma, fosse um ditado coríntio ou um
lema de Paulo, precisava ser reinterpretado, assim como a frase de
Agostinho citada freqüentemente: "Ame a Deus e faça o que quiser."
O dilema de Paulo foi acentuado pela presença dos antinomianos
e dos legalistas na igreja de Corinto. Ele estava fadado a lutar contra
os dois lados: se fizesse concessões demasiadas numa direção, daria
muita liberdade ao extremo oposto. Andar no Espírito sempre é
equilibrar-se na corda bamba, entre a licenciosidade e o excesso de
regras e regulamentos.
Outro sentimento que influenciava o mundo de cultura grega no
tempo de Paulo era a atitude estóica para com o corpo, como se ele
fosse a camisa-de-força da alma. Um provérbio grego da época dizia:
"O corpo é uma sepultura." O filósofo Epicteto dizia: "Eu sou uma
pobre alma algemada a um cadáver." Se o corpo humano é assim
denegrido e trivializado, logicamente é possível adotar uma das duas
atitudes mutuamente contraditórias: ou submetemos à sujeição total
e controlamos impiedosamente todos os nossos apetites físicos,68 ou
deixamos que o corpo tenha plena liberdade de ação e satisfaça cada
capricho e fantasia, porque este afinal não tem significado moral
algum e certamente não afeta a alma e o espírito.
Antes de Paulo apresentar uma perspectiva totalmente cristã do
corpo, ele comenta o princípio geral contido no lema: "Todas as coisas
me são lícitas." Paulo vê a necessidade de restringir aquilo que poderia
parecer uma carta branca para o cristão fazer o que quer. Na verdade,
isoladamente, isso se parece muito com uma forte tendência ocidental
que tem se infiltrado na igreja desde o começo dos anos 70: "Faça o que
você tiver vontade de fazer, e se você não tiver vontade, não faça." Tal
atitude, obviamente, precisa de uma base teológica mais sólida.
Se colocarmos lado a lado os versículos 6:12 e 10:23, teremos três
restrições cruciais a esta aparente carta branca. Vale a pena examiná-
las uma a uma, porque Paulo está enunciando princípios para todo o
nosso comportamento diário no mundo, antes de aplicá-los
especificamente à área da sexualidade.
Primeiro, ele declara: nem todas (as coisas) convêm. Certamente é
verdade que o evangelho cristão traz uma mensagem de liberdade,69
mas isso não significa que toda e qualquer coisa seja conveniente ou
aconselhável. Como diz Morris: "Há algumas coisas que não são
expressamente proibidas, mas cujos resultados são tais que elas são
rejeitadas pelo crente."70 Paulo não está satisfeito com um
"denominador comum inferior" para o seu comportamento diário; ele
quer garantir que o que faz é genuinamente conveniente para o seu
testemunho diário diante dos incrédulos, para o seu trabalho na igreja
e para a sua vida diária com Cristo. Assim, Paulo deseja que tudo o
que façamos tenha um resultado positivo em nossas próprias vidas
e nas vidas com que nós cruzamos no dia-a-dia. Tal princípio poderia
ser aplicado com mais proveito em todas as áreas dos relacionamentos
interpessoais, especialmente nas relações com o sexo oposto.
A segunda restrição de Paulo ao lema "todas as coisas me são lícitas"
contém um interessante jogo de palavras, que se capta melhor na
paráfrase de Barclay: "Todas as coisas me são permitidas, mas não vou
permitir que coisa alguma me domine."
Nos capítulos 8—10 veremos Paulo argumentando de modo
apaixonado e persuasivo que a essência da liberdade cristã é a
liberdade, e m o o ser livre; ou seja, trata-se de uma escolha deliberada
de restringir a liberdade pessoal por amor ao evangelho. Na verdade,
o homem que precisa expressar a sua liberdade está escravizado à
necessidade de provar que é um homem livre. O hom em
genuinamente livre não tem nada a provar. De fato, é bem possível
que o jogo de palavras que Paulo emprega aqui aponte uma
importante área de debate entre o apóstolo e os coríntios. Entre 6:12
e 11:10 há dezesseis usos do radical grego em forma verbal (exestin e
exousiazein) ou nominal (exousia).n Ao que parece, Paulo está tendo um
confronto direto com os coríntios sobre a etema questão dos "direitos"
de uma pessoa. Os cristãos de Corinto tinham muita consciência dos
seus direitos e insistiam muito neles, e não gostavam quando Paulo
reagia à altura, ainda que fosse um apóstolo em todos os sentidos. Na
verdade, como vamos descobrir, a realidade da liberdade interior de
Paulo em Cristo proporcionava-lhe a capacidade de renunciar a
quaisquer direitos que ele reivindicasse.72
Na questão específica em jogo, em 6:12, Paulo parece estar dizendo
que nenhum tipo de direito tem valor determinante em sua vida
diária. Essa é uma declaração extremamente revolucionária e indica
um grau de liberdade pouco familiar à maioria dos cristãos, muito
menos ao mundo incrédulo em geral. A tensão constante, em
quaisquer disputas, está nos "direitos" dos envolvidos, quer sejam os
direitos dos trabalhadores, quer dos patrões, dos pais ou da família,
dos negros ou dos brancos, das mulheres ou dos homens, dos pobres
ou dos ricos. Costuma-se afirmar muitas vezes sem que haja
murmúrios de discórdia, que todos nós temos direito a comida, roupa,
casa, educação, assistência médica, férias e, particularmente, um
padrão de vida em constante elevação ou, pelo menos, a salários que
acompanhem o aumento do custo de vida. O cristão geralmente
reivindica esses direitos pessoais sem discutir. Mas será que Paulo não
estaria se recusando a permitir que até mesmo esses direitos,
chamados legítimos, infringissem a sua verdadeira liberdade em
Cristo? Se eu estou constantemente preocupado com os meus direitos,
tal qual os cristãos em Corinto, como posso ser genuinamente livre
para atender ao que o meu Senhor quer que eu faça?73
Os "direitos" de Paulo englobam toda a vida,74 mas ele não vai
permitir que esses "direitos" universais o dominem. Apenas Jesus
Cristo pode fazê-lo, e ele tem pleno direito sobre cada parte da vida
de Paulo.
Quando somos libertados da necessidade de receber ou pelo menos
de reivindicar os nossos direitos, podemos enxergar claramente os
hábitos e as coisas que tendem a nos escravizar. Se descubro algo a que
não posso renunciar, isso se transforma numa violação da minha
liberdade em Cristo: "Pois cada um é escravo daquilo que o domina."75
Muitas dessas coisas não têm significado moral algum; são, quando
muito, moralmente neutras. Algumas delas são simples ocupações,
passatempos, atividades esportivas, lazer, etc. Quando as mantemos
em seus devidos lugares, na devida proporção, elas contribuem para
o nosso bem-estar como indivíduos em Cristo e, conseqüentemente,
para a maneira como refletimos a imagem de Deus. Mas Paulo é firme
em declarar que não renderá o controle de sua vida a qualquer coisa
ou pessoa, a não ser ao "Senhor Jesus Cristo" e ao" Espírito de Deus".
Ele se considera um escravo de Jesus Cristo e por isso não permitirá,
de modo algum, que a sua pessoa ou o seu comportamento sejam
controlados por qualquer outra força. Na verdade, a última frase do
versículo 12 poderia ser traduzida assim: "Eu não serei escravizado
por ninguém."
A terceira restrição de Paulo para as "coisas que me são lícitas"
aparece em 10:23: "mas nem todas convêm". O contexto específico
dessa declaração será examinado mais detalhadamente no devido
momento, mas uma rápida leitura de 1 Coríntios já evidencia que a
preocupação principal de Paulo é que o corpo de Cristo em Corinto
seja edificado, não apenas sobre o fundamento adequado, mas através
do uso sábio de materiais saudáveis.76 A pergunta chave que Paulo
deseja que cada cristão faça a si mesmo constantemente é a seguinte:
"Será que esta ou aquela conduta proposta revela-se construtiva?"
Toda esta seção (6:12-20) é uma das contribuições mais significativas
para a ética sexual cristã, tanto no Novo Testamento como fora dele.
Antes de apresentar sua rica exposição da atitude cristocêntrica em
relação ao corpo (soma), Paulo repudia uma tática diversiva em relação
ao estômago (koilia) - apresentadas, provavelmente, na forma de outra
expressão usada por aqueles que tentavam justificar todas as
indulgências físicas.77Ele ataca abruptamente o lema deles, deixando
claro que não está pensando em estômagos e intestinos de forma
alguma. Há uma diferença enorme entre o alimento, que é digerido
pelo estômago e lançado fora pelo intestino, e o relacionamento
sexual, que afeta a pessoa toda e não pode ser desprezado
levianamente como um fenômeno puramente fisiológico. O apóstolo
conclui esse argumento negativo ou citando um ditado coríntio ou
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-- J-
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---T'.-..- L ...L 1-
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Notas:
1. Lv 18:8; D t 22:30; 27:30.
2. Bruce, pág. 53.
3. M orris, pág. 69.
4. Segundo M orris, mas não de acordo com Barrett (pág. 121).
5. Cf. Cícero, Pro Cluentio 5.14, "um crim e incrível; um crim e, além do mais,
com pletam ente desconhecido com exceção deste caso particular".
6. H odge, pág. 81.
7. G odet, I, pág. 242.
8. H odge, pág. 83.
9. M t 18:18. '
10. A t 5 :l - l l .
11. 1 Tm 1:20.
12. Cf. Jó 2:5.
13. 2 Co 12:7.
14. Bruce considera que "talvez essa palavra forte 'destruição' indique mais que
um a sim ples aflição ou enferm idade" (pág. 55). M orris crê que Paulo tinha
em m ente um processo de ficar tão totalmente abandonado à "carne" (usada
no seu sentido paulino, isto é, a natureza inferior do hom em ) que resultaria
em com pleta repulsa e conseqüente rejeição de tal concupiscência da carne.
15. Tanto M orris como Bruce consideram difícil im aginar que tais resultados
realm ente sigam -se a um a excomunhão.
16. Cf. 1 Co 3:11-15.
17. Cf. Hb 6:4-6.
18. 1 Tm 1:20.
. 19. Cf. Ê x 12. .
20. Na Bíblia, o fermento é normalmente usado em referência a alguma coisa ruim
que afeta tudo o que toca (por exemplo, GI 5:9). A exceção se encontra em duas
parábolas de Jesus, quando ele descreve o bom efeito do reino dos céus (M t
13:33; Lc 13:20-21).
21. Bruce, pág. 90.
22. H odge escreve (pág. 87): "Assim como o sangue do cordeiro aspergido sobre
os umbrais das portas garantia isenção do golpe do anjo destruidor, o sangue
de Cristo garante isenção do golpe da justiça divina. Cristo foi morto 'por nós',
no m esm o sentido que o cordeiro pascal era morto pelos hebreus. Foi uma
m orte vicária. Uma vez que Cristo m orreu para nos rem ir de toda a
iniqüidade, se continuam os vivendo no pecado, não só vam os contra o
objetivo de sua morte, como também damos uma prova de que não estamos
interessados em seus benefícios."
23. O provérbio "Um pouco de fermento leveda toda a massa" simboliza a noção
de que a perm anência de um transgressor dentro da com unidade torna
culpada da transgressão a própria com unidade". (G. A ngel, D icionário
Internacional de Teologia do Novo Testamento, vol. 3, Vida Nova, 1983, pág. 73).
24. G odet, I, pág. 266.
25. H odge, pág. 88.
26. Cf. Jo 3:19-21.
27. A palavra eilikrineia é usada cinco vezes no Novo Testamento; quatro das quais
são diretamente aplicáveis aqui. Primeiro, todas as nossas palavras devem ser
honestas e francas (2 Co 2:17). Segundo, na área do pensamento, devemos estar
abertos a novas idéias, estando preparados para penetrar com a nossa mente
em assuntos que talvez pareçam perigosos (2 Pe 3:1). Terceiro, todo o nosso
com portam ento, tanto na igreja como no mundo deve ser cheio da graça de
Deus (2 Co 1:12). Quarto, isso servirá para moldar o nosso caráter com vistas
ao D ia de Cristo (Fp 1:10).
28. O verbo grego está no presente contínuo.
29. G odet, I, pág. 266.
30. Barrett, pág. 132.
31. Citado por M arlin Jeschke em Discipling the Brother (Herald Press, 1972), pág.
76.
32. R. Padilla, The Neiv Face o f Evangelicalism (Hodder & Stoughton, 1976), págs.
212-213.
33. Jo 17:15.
34. Barrett, pág. 131.
35. M orris, pág. 73.
36. M t5:22.
37. Cf. 2 Pe 2:9-22.
38. M t 5:13-14.
39. Lc 7:34.
40. Cf. 1 Co 9:19-23; 10:27.
41. M t 7 :l.
42. C f.R m 2:1-11.
43. Barrett, pág. 133.
44. H á quem pense que a pessoa descrita neste capítulo foi levada finalm ente ao
arrependimento, à restauração, tendo sido readmitida à plena com unhão por
m eio da firm e disciplina que Paulo advoga nesta passagem (cf. 2 Co 2:5ss.).
A lguns detectam uma referência semelhante a este caso em 2 Co 7:6-13. M as
é discutível se qualquer uma dessas duas passagens se refere a esta crise em
Corinto.
45. 1 P e 2:9-10.
46. O parágrafo que trata da lei (6:1-8) será examinado separadamente no capítulo
6 deste livro.
47. Por exem plo, M orris (pág. 68) e Barrett (pág. 140).
48. Isto é, Rm 14:17; 1 Co 4:20; 6:9; 15:24,50; G 15:21; E f 5:5.
49. A t 28:30-31.
50. Cf. Lc 4:43.
51. M orris, pág. 77.
52. Cf. Jo 3:1-6.
53. I P e 1:3-4.
54. A p 22:15.
55. Cf. G1 6:7ss, E f 5:6; Cl 3:5-6.
56. M orris, pág. 77.
57. Barclay, pág. 59.
58. B arrett, pág. 140.
59. Cf. Jo 5:22-27.
60. Cf. H b 7:25.
61. John Pollock, A m azing Grace (H odder & Stoughton, 1981).
62. Barclay, pág. 60.
63. Cf. capítulo 10.
64. Godet, I, pág. 297.
65. Cf. Tt 3:3-7.
66. Em um serm ão na Igreja de St. A ldate, em O xford, dezem bro de 1979.
67. Ele virtualm ente adm ite isso aqui e em 10:23.
68. Cf. a concessão do próprio Paulo em 9:27.
69. Cf. G 15:lss.
70. M orris, pág. 79. .
71. A s traduções portuguesas refletem a variedade do grego: líc ita s /p o d e r/
dom ínio/liberdade/direito/autoridade. As referências são 6:12; 7:4; 7:37; 8:9;
9:4-6; 9:18; 10:23; 11:10.
72. Cf. especialm ente 9:12.
73. Um exemplo perfeito dessa necessidade de preservar a própria liberdade para
se colocar sob o Senhorio de Jesus em cada situação encontra-se em 7:3-5, onde
os direitos conjugais do marido sobre o corpo de sua esposa (e vice-versa) são
especificam ente subjugados a um chamado ocasional de D eus para oração
especial.
74. Cf. 3:21-22: "Porque tudo é vosso... seja a vida, seja a m orte, sejam as coisas
presentes, sejam as futuras".
75. 2 Pe 2:19, BLH.
76. Cf. 3:11-15.
77. Bruce (pág. 63): "Isto talvez também fizesse parte do argumento libertino: se
o alim ento e o estôm ago vão igualm ente desaparecer um dia, por que lhes
atribuir um a im portância religiosa — ou, no caso, às relações sexuais? Paulo
concorda que o alimento e a bebida e coisas parecidas 'com o uso, se destroem'
(Cl 2:22); com respeito a elas a consciência do cristão não fica sujeita ao
julgamento humano (Rm 14:3; Cl 2:16). Mas as relações sexuais são totalmente
diferentes: elas afetam a personalidade das partes envolvidas, enquanto o
alimento não afeta. Jesus contrastou o alimento que 'de fora entra no hom em '
e 'não pode contaminar, porque não lhe entra no coração, mas no ventre', com
aquelas coisas m alignas que 'vêm de dentro e contam inam o hom em ' (M c
7:18-23)."
78. Rm 14:17.
79. Ao m esm o tem po precisam os nos lem brar da tristeza de Paulo ao escrever
aos filipenses (3:18-21) sobre m uitos cristãos que estavam vivendo com o
"inimigos da cruz de Cristo", exatamente porque "o deus deles é o ventre" (gr.
koilia, com o em 1 Co 6:13). Tais cristãos talvez fossem sem elhantes aos que
despertaram a apaixonada explosão de Paulo nesta carta. Em sua resposta
aos hereges filipenses, Paulo efetivamente apresenta a mesma distinção entre
o ventre e o corpo de Cristo. Tam bém é m uito possível que, pela glutonaria
ou b ebedice, a pessoa adore o alim ento e a bebida; m as o resultado m ais
im portante dessa desobediência é o excesso de indulgência que ignora
totalm ente nossa vocação mais importante, a qual Paulo assim descreve: "O
Senhor Jesu s Cristo... transform ará o nosso corpo de hum ilhação, para ser
igual ao corpo da sua glória."
80. Cf. A t 2:22-32; 13:27-37.
81. G odet, I, pág. 307.
82. Cf. Rm 8:11; 2 Co 4:14.
83. A lio, pág. 145.
84. Cf. A t 2:24,32; 3:15,26; 4:10; 5:30, etc.
85. Cf. 1 Co 15:20ss.
86. A palavra com posta proskollaom ai é usada na Septuaginta em G n 2:24 para
descrever o hom em "apegando-se" à sua mulher.
87. Cf. Jo 17:20ss.
88. E f 5:21ss.
89. Cf. 2 C o 6:14ss.
90. G n 2:24.
91. C. F. D. M oule (An Idioni Book o fN ew Testament Greek, pág. 196) sugere que a
frase "qualquer outro pecado que um a pessoa com eter, é fora do corpo" (v.
18) era outro ditado dos coríntios, dando a entender que a concupiscência física
não pode afetar a personalidade real dos "iniciados". Pelo contrário, diz Paulo,
se um cristão com ete fornicação, é exatam ente a sua personalid ad e que é
prejudicada. Godet diz que "o homem imoral peca contra o seu corpo que terá
na eternidade". Presum im os que ele quer dizer que, de algum m odo
indescritível, o cristão que fornica põe em perigo ou prejudica a pessoa que
está destinada a ser depois da ressurreição. Com o A lio (pág. 149) explica:
"Nosso corpo foi chamado para a glória eterna como m em bro de Cristo; não
há nada que prejudique tão diretam ente a dignidade pessoal, a honra, a
nobreza de nosso corpo do que torná-lo m em bro de um a prostituta,
reduzindo-o à escravidão, a um a condição onde é entregue a prazeres que
são transitórios e vulgares."
92. 1 Co 3:16-17.
93. Cf. E f 2:3; R m 6:20; Jo 8:34.
94. Já se sugeriu (H éring, seguido por Ruef, pág. 51) que Paulo tinha em m ente
o preço pago à prostituta, em troca dos seus favores. O preço seria, então, a
adoração da divindade do templo (A frodite), e os resultados d evastadores
de tal com portam ento com prostitutas cultuais seria idolatria além de
im oralidade. R u ef argum enta que Paulo está advertindo os coríntios da
seguinte maneira: "Vocês foram comprados (por Deus), portanto o seu corpo
p ertence a ele e o serviço que ele exige é a sua glorificação." Com o o próprio
Ruef admite: "Esta não é uma maneira muito delicada de expor o assunto, mas
os coríntios provavelm ente não eram pessoas m uito d elicad as."
95. Cf. Rm 8:23.
96. 1 Co 15:50.
97. Cf. G n 39:6ss.
98. G odet, I, pág. 314.
99. SI 139:13-16.
1 Coríntios 6:1-8
6. Soluções Fora dos Tribunais
Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de dias se
assentou; sua veste era branca como a neve, e os cabelos da cabeça como a pura
lã; o seu trono era chamas de fogo, cujas rodas eram fogo ardente. Um rio de
fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e miríade
de miríade estavam diante dele; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros...
e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do homem, e dirigiu-
se ao Ancião de dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio e glória,
e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem;
o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será
destruído... Mas os santos do Altíssimo receberão o reino, e o possuirão para
todo o sempre, de eternidade em eternidade... depois se assentará o tribunal...
O reino e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu, serão dados
ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os
domínios o servirão e lhe obecederão.12
Mas, por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa e cada uma
o seu próprio marido. 30 marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também
semelhantemente a esposa ao seu m arido.4A mulher não tem poder sobre o
seu próprio corpo, e, sim, o marido; e também, semelhantemente, o marido não
tem poder sobre o seu próprio corpo, e, sim, a mulher. sNão vos priveis um
ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos
dedicardes à oração e novamente vos ajuntardes, para que Satanás não vos
tente por causa da incontinência.
A maneira de Paulo tratar todas as situações mencionadas na carta que
recebeu de Corinto acaba com algumas opiniões populares de que ele
fosse misógino, e até um partidário fiel dos intransigentes daquele
tempo. Os coríntios rigoristas reagiram com tanta força contra a
licenciosidade sexual da cidade, que caíram totalmente no outro
extremo, proibindo o que Deus criou para que desfrutássemos
ricamente. O casamento, diz Paulo, é dom e plano de Deus. O sexo é
dom e plano de Deus. Rejeitá-los como se fossem coisas más é fugir
da vontade de Deus, tanto quanto entregar-se a um relacionamento
sexual fora do casamento.
Nos versículos 2-5, Paulo faz quatro declarações sobre o casamento,
desafiando fundamentalmente a opinião que prevalecia em Corinto
naquele tempo.
E isto vos digo como concessão e não por mandamento.' Quero que todos os
homens sejam tais como também eu sou; no entanto cada um tem de Deus o
seu próprio dom; um, na verdade, de um modo, outro de outro. SE aos solteiros
e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem no estado em que também
eu vivo. 9Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor casar
do que viver abrasado.
Ora, aos casados, ordeno, não eu mas o Senhor, que a mulher não se separe
do marido n(se, porém, ela vier a separar-se, que não se case, ou que se
reconcilie com seu marido); e que o marido não se aparte de sua mulher. nAos
mais digo en, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher incrédula, e esta
consente em morar com ele, não a abandone; ue a mulher que tem marido
incrédulo, e este consente em viver com ela, não deixe o marido. uPorque o
marido incrédulo é santificado no convívio da esposa e a esposa incrédula é
santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte os vossos filhos seriam
impuros; porém, agora, são santos. í5Mas, se o descrente qidser apartar-se,
que se aparte; em tais casos não fica sujeito à servidão, nem o irmão, nem a
irmã; Deus vos tem chamado à paz. wPois, como sabes, ó mulher, se salvarás
a teu marido? ou como sabes, 6 marido, se salvarás a tua mulher?
Na mente de Paulo surge uma outra pergunta vital, embora ela não
esteja no texto: como devem agir aqueles que, sendo casados "na
felicidade ou na desventura", sentem agora que não precisam do
casamento ou que cometeram um erro ao casar-se, ou que seriam bem
mais eficientes no serviço do Senhor sem as responsabilidades do
casamento? Há muitos casos desse tipo na igreja hoje. A questão exige,
portanto, uma resposta clara, sobretudo porque, numa era de divórcio
fácil, é muito tentador adotar uma atitude laissez-faire diante de um
relacionamento conjugal difícil, em vez de empenhar-se no poder que
Deus fornece, na convicção de que ele é capaz de fazer brotar algo
valioso e bom de uma concha vazia.
Paulo faz um desafio inequívoco aos casais que vêem poucas
esperanças no seu casamento: Ora, aos casados, ordeno, não eu mas o
Senhor, que a mulher não se separe do marido (se, porém, ela vier a separar-
se, que não se case, ou que se reconcilie com o seu marido); e que o marido não
se aparte de sua mulher (vs. 10-11).
A frase de Paulo, não eu mas o Senhor, é evidentemente decisiva.
Estaria ele dizendo que recebeu comunicação direta do Senhor nesse
ponto? Nesse caso, como aconteceu isso? através de uma visão? de
uma mensagem? de um sonho? ou que outro meio? Estaria ele
traçando algum contraste menos radical entre suas próprias decisões
(tomadas, sem dúvida, sob muita oração) e a inequívoca autoridade
divina? A mudança dessa ênfase no versículo 12 aumenta ainda mais
a polêmica, quando ele diz: digo eu, não o Senhor. Existem outras frases,
dentro do capítulo 7, que poderiam ser (e foram) interpretadas como
indicadores de certa ambivalência na própria mente de Paulo quanto
à autoridade ou procedência do seu ensino em diferentes estágios: por
exemplo, em 7:6, "isto vos digo como concessão e não por
mandamento"; em 7:25, "com respeito às virgens, não tenho
mandamento do Senhor; porém dou minha opinião como tendo
recebido do Senhor a misericórdia de ser fiel"; em 7:40, "será mais feliz
se permanecer viúva, segundo a minha opinião; e penso que também
eu tenho o Espírito de Deus".
Obviamente, aqui há espaço para diversas opiniões acerca dessas
frases. Em sua totalidade, os comentários de Barret27parecem sensatos
e coerentes: onde Paulo tinha de transmitir palavras realmente ditas
por Jesus, ele as citou explicitamente. Barret observa que 1 Coríntios
foi escrita antes dos evangelhos; e Paulo não teria conhecido,
necessariamente, mais do que algumas poucas palavras proferidas por
Jesus. Sem dúvida, ele parece citar bem poucas, e se o apóstolo sabia
mais do que aquilo que citou, talvez ele só tenha mencionado aquelas
em que os ensinamentos de Jesus discordavam consideravelmente
dos ensinamentos judeus prevalecentes; e, na questão particular do
divórcio, sabemos que os ensinamentos de Jesus eram totalmente
diferentes das escolas rabínicas de Hillel e Shammai (as duas mais
influentes) e do próprio ensino contido no Antigo Testamento.
Certamente hão há nenhuma necessidade, ou justificativa para se
traçar uma divisão entre os conselhos de Paulo e os verdadeiros
ensinamentos de Jesus, como costumam fazer alguns autores. A
expressão no versículo 12: não o Senhor, não tem a intenção de indicar
que Paulo está dizendo alguma coisa diferente, muito menos
contrária, daquilo que o próprio Senhor teria dito. Certamente ele não
considerava que suas próprias palavras não tinham autoridade,
qualquer que seja o sentido da declaração do versículo 40 ("e penso
que também eu tenho o Espírito de Deus"); Paulo realmente espera ser
recebido com mais do que mero respeito. Ele era um apóstolo,
independentemente do que os coríntios pudessem pensar a respeito
de suas credenciais apostólicas.29
Retomando diretamente à questão do casal cujo casamento está em
crise, Paulo repete categoricamente as palavras de Jesus: "Quem
repudiar sua mulher e casar com outra, comete adultério contra
aquela. E se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete
adultério." O compromisso matrimonial entre um homem e uma
mulher é para toda a vida, é confirmado pelo próprio Deus e não pode
ser desfeito, muito menos destruído, por simples seres humanos.
"Portanto, o que Deus juntou não o separe o homem."30
No Evangelho de Mateus31 há uma só justificativa (e apenas uma)
para o divórcio de cônjuges cristãos: adultério, fornicação, porneia. Por
que Paulo não menciona isso aqui? Não sabemos. A causa pode ser
simples: uma vez que geralmente se aceita que Marcos foi o primeiro
evangelho a ser redigido, talvez Paulo só conhecesse a versão
marcana dos ensinos de Jesus. Por outro lado, a porneia que assolava
Corinto poderia fornecer essa justificativa a tantos casamentos dentro
da igreja, devido à conduta passada de inúmeros casais cristãos, que
mencioná-la sem ter oportunidade de um aconselhamento pastoral
face a face com cada casal poderia colocar em perigo muitos
casamentos bons. Os cristãos de Corinto não estavam tão firmemente
enraizados na realidade da regeneração e da renovação no Espírito
Santo, a ponto de terem a estabilidade necessária para lidar com um
parceiro que revolvesse um passado cheio de lama, durante uma
briga doméstica amarga, numa noite difícil, após uma semana ruim
no serviço.
A forma básica de Paulo tratar a questão dos cristãos que buscam
o divórcio é, portanto, muito simples: "Não o façam. O Senhor o
proibiu expressamente; portanto nem se permitam ao luxo de
acalentar essa possibilidade." Se esta é a ordem expressa do Senhor,
não há nenhum benefício em flertar mentalmente com uma coisa que
extrapola os limites de modo tão claro. Se, como acontece muitas
vezes, um casal cristão pensa que cometeu um erro ao se casar, então
é importante que aceitem a autoridade do ensinamento do Senhor e
se dediquem ao seu relacionamento na convicção de que, se o fizerem,
Deus pode transformá-lo em algo novo e vital.
Convém também apreciar devidamente o parêntese que Paulo abre
no versículo 11: se, porém, ela vier a separar-se, que não se case, ou que se
reconcilie com seu marido. Em outras palavras, Paulo reconhece que um
casamento entre dois cristãos sinceros pode chegar a um impasse.
Quando ele está arruinado, devem-se considerar dois cursos de ação:
a primeira opção é separar e permanecer solteiro. O conselho de Paulo
em 7:40, ali aplicado a uma situação um tanto diferente, indica que esta
pode ser a melhor opção a seguir. A outra opção, depois de ficarem
separados por algum tempo - provavelmente para permitir que
respirem um pouco mais livremente e reorganizem a dinâmica de seu
relacionamento - é fazer a devida reconciliação, para reconstruírem
um casamento melhor e mais forte. As duas opções — a primeira,
sendo um reconhecimento realista do inevitável, e a segunda, um
compromisso genuíno em busca de um verdadeiro progresso —têm
a bênção de Paulo. Contudo, de maneira alguma o apóstolo apóia a
hipótese do divórcio.32
A seguir, Paulo ataca um problema que devia ser muito comum em
Corinto: um cristão recém-convertido casado com uma incrédula ou
vice-versa. Isso sempre acontece onde o evangelho é proclamado com
poder. Quando um dos cônjuges se converte, surge uma imensa, e às
vezes intolerável, tensão entre os dois. O parceiro cristão dpscobre um
modo de vida totalmente novo e se compromete com novos padrões,
com uma nova fidelidade, com novas prioridades, com novos desejos:
ele (ou ela) é "uma nova criatura".33 Os ajustes necessários são
enormes. Haverá muitas frustrações, muita incoerência e grandes mal
entendidos. As vezes o novo cristão se sentirá dividido.
Da mesma forma, o incrédulo dificilmente entende o que
aconteceu; e ao que parece (pelo menos estatisticamente), o marido é
quem descobre que está vivendo com um outro tipo de mulher santa.
O impacto devastador desse acontecimento, mesmo naquilo que
poderíamos chamar genuinamente de um ótimo casamento, não pode
ser subestimado. Um cirugião neurologista da Cidade do Cabo
explicou-o de maneira muito comovente. Quando lhe perguntaram
o que julgava mais difícil de aceitar em sua esposa recém-convertida
a Cristo, ele destacou duas coisas: primeiro, ela já não era a pessoa pela
qual ele havia se apaixonado e com quem decidira casar-se; segundo,
havia um outro Homem em casa, a quem ela consultava o tempo todo,
em cada decisão que precisava tomar, e cujos conselhos e instruções
ela resolvera seguir. Ele já não era o chefe de sua própria casa: Jesus
dava as ordens e dominava a situação.
Paulo estava bastante consciente da existência dessas tensões em
muitos lares de Corinto. Ele também reconhecia que diversos fatores
externos, e ainda mais a sua declarada preferência pela vida de
solteiro, exerciam uma pressão muito forte sobre o cônjuge crente no
sentido de que ele desistisse e começasse uma nova vida, sem todos
os atritos e o pesado fardo de um jugo desigual.34 E bem provável que
o cônjuge cristão se inclinasse a desprezar, ou até mesmo rejeitar, o
cônjuge não-convertido. Pedro julgou necessário dedicar palavras
especiais para as esposas cristãs que tinham maridos não-convertidos:
"Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vossos próprios
maridos, para que, se alguns ainda não obedecem à palavra, sejam
ganhos sem palavra alguma, por meio do procedimento de suas
esposas, ao observarem o vosso honesto comportamento cheio de
temor."35 A ênfase de Pedro no comportamento, mais do que nas
palavras, é fundamental neste contexto.
Tendo reconhecido a realidade da situação em Corinto, Paulo
enfatiza a necessidade de dar uma atenção especial ao casamento, da
mesma forma que os casais cristãos que enfrentam problemas
precisam se empenhar para melhorar o casamento. Ele apresenta,
então, quatro razões para o seu conselho: a realidade da santificação,
a situação dos filhos, a possibilidade de conversão e a santidade do
casamento.
Ande cada um segundo o Senhor lhe tem distribuído, cada um conforme Deus
o tem chamado. E assim que ordeno em todas as igrejas. lsFoi alguém
chamado, estando circuncíso? não desfaça a circuncisão. Foi alguém chamado
estando incircunciso? não se faça circuncidar. 19A circuncisão em si não é
nada; a incircuncisão também nada é, mas o que vale é guardar as ordenanças
de Deus. 20Cada um permaneça na vocação em que fo i chamado. 21Foste
chamado sendo escravo? não te preocupes com isso; mas, se ainda podes
tornar-te livre, aproveita a oportunidade. 22Porque o que fo i chamado no
Senhor, sendo escravo, é liberto do Senhor; semelhantemente o que foi
chamado, sendo livre, é escravo de Cristo. 23Por preço fostes comprados; não
vos torneis escravos de homens. 24Irmãos, cada um permaneça diante de Deus
naquilo em que foi chamado.
5. As virgens (7:25-35)
Com respeito às uirgens, não tenho mandamento do Senhor; porém dou minha
opinião como tendo recebido do Senhor a misericórdia de ser fiel. 26Consideror
por causa da angustiosa situação presente, ser bom para o homem permanecer
assim como está. 27Estás casado? não procures separar-te; estás livre de
mulher? não procures casamento. 2SMas, se te casares, com isto não pecas;
e também se a virgem se casar, por isso não peca. Ainda assim, tais pessoas
sofrerão angústia na carne, e eu quisera poupar-vos. 29Isto, porém, vos digo,
irmãos: o tempo se abrevia; o que resta é que não só os casados sejam como
se o não fossem ;30mas também os que choram, como se não chorassem; e os
que se alegram, como se não se alegrassem; e os que compram, como se nada
possuíssem; 31e os que se utilizam do mundo, como se dele não usassem;
porque a aparência deste mundo passa.
320 que realmente eu quero é que estejais livres de preocupações. Quem não
é casado cinda das coisas do Senhor, de como agradar ao Senhor; 33mas o que
se casou cuida das coisas do mundo, de como agradar à esposa, 34e assim está
dividido. Também a mulher, tanto a viúva como a virgem, cuida das coisas
do Senhor, para ser santa, assim no corpo como no espírito; a que se casou,
porém, se preocupa com as coisas do mundo, de como agradar ao marido.
35Digo isto em favor dos vossos próprios interesses; não que eu pretenda
enredar-vos, mas somente para o que é decoroso e vos facilite o consagrar-vos,
desimpedidamente, ao Senhor.
6. Os noivos (7:36-38)
Entretanto, se alguém julga que trata sem decoro a sua filha, estando já a
passar-lhe a flor da idade, e as circunstâncias o exigem, faça o que quiser. Não
peca; que se casem. 37Todavia, o que está firme em seu coração, não tendo
necessidade, mas domínio sobre o seu próprio arbítrio, e isto bem firmado no
seu ânimo, para conservar virgem a sua filha, bem fará. 38E assim quem casa
a sua filha virgem faz bem; quem não a casa faz melhor.
Tudo indica que havia em Corinto aqueles que exigiam que os noivos
se abstivessem do casamento pelo maior tempo possível —ou até mais.
As pessoas que advogavam tal atitude eram, provavelmente, como
muitos dos que hoje defendem os noivados longos, bem instalados nas
alegrias (e na rotina) da vida a dois. A insistência no auto-controle era
uma questão simples para essa gente. Paulo, entretanto, não permite
que esse tipo de espírito sacrificial seja exaltado, transformando-se na
virtude suprema; nem se prontifica a apoiar a maneira leviana e
despreocupada de lidar com as relações sexuais, defendidas por
alguns noivos mais liberais. Se um casal sente que o seu desejo sexual
é tão forte59 que não conseguem esperar mais tempo, então devem se
casar e que Deus os abençoe; eles "fazem bem” (v. 38); m o pecam (v. 36).
É, praticamente, igual ao conselho dado em 7:9. Se puderem esperar,
também "fazem bem" (v. 37). Ele insiste em que os noivos sejam
sinceros um com o outro; pois deve ser uma decisão firme, muito bem
pensada, baseada na certeza de que os desejos sexuais estão,
controlados de tal maneira que eles podem passar, genuinamente, sem
satisfazê-los. O ponto principal é que tanto os que aguardam algum
tempo antes de se casarem como os que concluem ser "melhor casar
do que viver abrasado" (7:9) não correm o risco de perderem a bênção
de Deus para o seu casamento.
7. As viúvas (7:39-40)
Notas:
1. Bruce, pág. 66.
2. Barrett, pág. 154.
3. G n 2:18.
4. Paulo não está dizendo que o casam ento não tem nenhum outro propósito
além de agir com o profilaxia contra a fornicação, m as que serve para esse
propósito. H om ens e m ulheres têm necessidades sexuais, e se estes forem
expressos dentro da instituição que Deus m esmo designou, haverá m enos
possibilidade de serem expressos por meios que Deus proibiu. O casamento,
além disso, deve ser real, não "espiritual" (Barrett, pág. 156).
5. G odet, I, pág. 322.
6. Ibid., pág. 317.
7. Bruce, pág. 67.
8. Godet, I, pág. 324.
9. M orris, pág. 85.
10. Ibid., pág. 85.
11. N.B.: essa "sinfonia" deveria ser a característica perpétua do casamento cristão.
12. "O casam ento deve ser real, e qualquer tentativa de espiritualizá-lo da parte
de um dos parceiros significa que o outro está sendo defraudado" (Barrett,
pág. 156).
13. M t 18:19.
14. I P e 3:1-7.
15. E fascinante descobrir que no judaísm o os hom ens recém -casados eram
dispensados da obrigação de recitar o "Shema", "pela razão evidente de que
sua m ente estaria ocupada de tal m aneira que não poderiam dispensar a
devida atenção à oração" (Barrett, pág. 156).
16. M orris, pág. 85.
17. A lio (pág. 158): "O apóstolo, com o seu bom senso, sua m oderação e com a
exatidão de sua percepção psicológica, teme aqui que o zelo irrestrito de um
dos cônjuges possa im por ao outro, menos altruísta ou meiros disciplinado,
um a pressão m oral que ele não teria capacidade de suportar, expondo-se à
infidelidade ou a outras tentações."
18. 1 Co 6:9-20.
19. A palavra tem a conotação de uma avaliação solidária da situação deles.
20. Cf. o ensinam ento de Jesus em M t 19:10ss., onde ele responde ao crescente
senso de alienação dos discípulos em relação a um casam ento que honrasse
a D eus e estivesse verdadeiram ente centralizado nele. Ele diz: "Q uem
repudiar sua m ulher, não sendo por causa de adultério, e casar com outra,
comete adultério" (v 9). "Nem todos são aptos para receber este conceito, mas
apenas aqueles a quem é dado. Porque há eunucos de nascença; há outros a
quem os homens fizeram tais; e há outros que a si mesmos se fizeram eunucos,
por causa do reino de Deus. Quem é apto para o adm itir, adm ita." Paulo foi
um dos que foram capazes de aceitá-lo.
21. "A graça necessária para se viver um casamento de maneira cristã não é menor
do que a necessária para se viver de maneira cristã o celibato" (Godet, I, pág.
328).
22. Ibid., pág. 328.
23. Em A t 26:10, em sua defesa diante de Agripa em Jerusalém , Paulo se refere
ao exercício de seu direito de votar nos processos do Sinédrio. Como membro
desse grupo, ele deveria ser casado.
24. Q uanto à sua referência às "viúvas", veja os com entários sobre 7:39-40.
25. Tam bém Barrett, pág. 161.
26. Para uma interpretação totalm ente diferente desta frase (que iguala
basicam ente o "abrasar-se" com os tormentos do Geena), veja Bruce, pág. 68.
27. Especialm ente págs. 162-163.
28. Cf. D t 24:1-4.
29. Diversos mestres, inclusive Bruce (pág. 69) e Moffatt (citado por M orris, pág.
146
87), enfatizam que os escrúpulos de Paulo em citar os termos exatos de Jesus
destacam a exatidão histórica dessas palavras conform e o registro que
possuímos e a integridade da igreja primitiva em não "inventar” tais palavras
para resolver as disputas existentes na com unidade cristã.
30. Mc 10:9,11. cf. Ml 2:13ss., culminando com "O Senhor Deus de Israel diz que
odeia o repúdio".
31. M t 5:32; 19:9.
32. N .B.: a ordem dada à esposa para não se "separar" (choristhenai), m as ao
m arido para não se "divorciar" (aphienai), "talvez reflita o fato de que, no
judaísmo, apenas o marido tinha o direito de divorciar-se" (Barrett, pág. 161).
Na verdade, o comentário de Godet sobre esta passagem tem o mérito de um
bom senso prosaico: "O motivo (da diferença de palavras) talvez seja porque
o homem esteja em sua própria casa, e permanece lá, enquanto a mulher deixa
o seu dom icílio" (I, pág. 334).
33. 2 Co 5:17.
34. Cf. 2 Co 6:14.
35. I P e 3:1-2.
36. A preposição grega é en. Im aginam os que Paulo esteja argum entando,
baseando-se na realidade de "uma só carne" em 6:16ss., dizend o que D eus
considera os dois indivíduos que se uniram pelo casam ento com o um só, e
que essa unidade é a verdade fundam ental que produz a consagração do
cônjuge incrédulo no (literal e fisicam ente) crente.
37. Citado em Barrett, pág. 165.
38. M orris, pág. 88.
39. E preciso dizer que alguns comentaristas têm um ponto de vista exatam ente
oposto acerca das perguntas de Paulo no versículo 16, isto é: "Pois, como sabes,
ó mulher, se salvarás a teu marido?" Cf. M orris (pág. 89): "Para outros, o que
Paulo quer dizer é que o casamento não deve ser considerado sim plesm ente
com o um instrum ento da evangelização. A garrar-se a um casam ento que o
pagão está determ inado a term inar não levaria a nada, senão a frustração e
tensão. O esforço certo não é justificado pelo resultado incerto."
40. 1 Co 9:22.
41. Em um sermão pregado na Igreja de St. Aldate, Oxford, em dezembro de 1979.
42. Barrett, pág. 166. .
43. 1 Co 1:9.
44. Barrett, pág. 170.
45. Peripatein é um a palavra predileta de Paulo para descrever o com portam ento
diário do cristão; cf. Ef 2:2,10; 4:1,17; 5:2,8,15.
46. Cf. l T s 4:9-12; 2 Ts 3:6-13.
47. No livro The Source de James Michener, conta-se a história de um jovem judeu
que desejava tornar-se igual aos gregos: então ele passou por um a dolorosa
operação cirúrgica a fim de remover as marcas da circuncisão. Isso era comum
nos jo go s olím picos, em que os atletas com petiam nus.
48. Tem os um trio fascinante de versículos paralelos sobre a questão da
circuncisão em 1 Co 7:19, G1 5:6 e G1 6:15. O problem a que Paulo enfrentou
com o partido da circuncisão nas igrejas da Galácia, e também em toda a saga
de sua confrontação com Pedro sobre este assunto, indica que em C orinto a
controvérsia não foi tão pronunciada. Nas igrejas da G alácia, o debate se
d ifund iu tanto e se tornou tão determ inante que o próprio fundam ento do
evangelho foi perigosamente posto em jogo. Nos dois casos m encionados em
Gálatas há uma referência explícita a certos indivíduos que estavam tentando
levar os cristãos a um a escravidão pessoal.
49. Para obter detalhes, cf. Bruce, págs. 73-74.
50. Bruce, pág. 74.
51. Lc 21:23.
52. A presença de A qüila e Priscila em Corinto com o principais com panheiros
de Paulo devia-se a um decreto im perial que expulsou todos os ju d eus de
Rom a; cf. A t 18:1-2.
53. Cf. A t 19.
54. C itado em Bruce, pág. 74.
55. M orris, pág. 93.
56. Cf. E f 5:16, onde as oportunidades apresentadas por esse kairos devem ser
agarradas com urgência.
57. Uma citação do sermão pregado na Igreja de St. Aldate, Oxford, em dezembro
de 1979.
58. l j o 2:15-17.
59. "Se suas paixões são fortes" é uma paráfrase da palavra grega hyperakmos, que
pode se referir ao hom em hipersexuado, ou à muiher que chegou ao apogeu
em term os de fertilidade.
60. Esta frase pode significar, de um modo mais geral, "apenas dentro da vontade
do Senhor". N esse caso, devemos prestar atenção a outras questões, além do
fato de o cônjuge proposto ser cristão.
61. A t6 :ls s .
62. Tg 1:27.
63. Cf. 1 Tm 5:
64. 1 Tm 5:11.
65. 1 Tm 5:3.
66. 1 Tm 5:9.
1 Coríntios 8:1-13
8. Liberdade e Sensibilidade Diante dos
Outros
Notas:
1. Barclay, págs. 79ss.
2. A t 15:29.
3. Cf. 1 Co 1:12.
4. Bruce, pág. 79.
5. G odet, I, pág. 408.
6. Cf. 1 C o 4:6,18; 5:2.
7. Cf. 1 Co 13:4.
8. Cf. G 14:8-9.
9. Cf. I jo 4 :1 0 .
10. 1 Co 13:8.
11. Q uanto aos gnósticos, devem os nos lem brar de que, com o um a heresia
totalmente formada, o gnosticismo foi um fenômeno do segundo século. Paulo
se referiu apenas a um gnosticism o incipiente.
12. Cf. SI 96:5, versão do Livro de Orações.
13. Cf. ]o 14:6; Rm 11:26; Cl l:15ss.; 1 Tm 2:5-6.
14. Is44:9ss.
15. Dt 32:15-17.
16. N ão é isto o que se acha por trás da condenação intransigente de certos
elem entos nas igrejas de Pérgam o e Tiatira (Ap 2:14 e 20)?
17. Cf. 1 Co 10:19-22.
18. R m 14:23.
19. Cf. M t25:41ss.
20. Cf. M c 9:42.
21. Bruce, pág. 81.
22. R m 15:1-2.
1 Coríntios 9:1-27
9. Liberdade para Limitar
a Própria Liberdade
Não sou eu, porventura livre? não sou apóstolo? não vi a Jesus, nosso Senhor?
acaso não sois fruto do meu trabalho no Senhor? 2Se não sou apóstolo para
outrem, certamente o sou para vós outros; porque vós sois o selo do meu
apostolado no Senhor.3A minha defesa perante os que me interpelam é esta:
4Não temos nós o direito de comer e beber? 5e também o de fazer-nos
acompanhar de uma mulher irmã, como fazem os demais apóstolos, e os irmãos
do Senhor, e Cefas? 6Ou somente eu e Bamabé não ternos direito de deixar de
trabalhar?
Quem jamais vai à guerra à sua própria custa? Quem planta a vinha e não
come do seu fruto? Ou quem apascenta um rebanho e m o se alimenta do leite
do rebanho?
8Porventura falo isto como homem, ou não o diz também a lei? 9Porque na
lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que debulha. Acaso é de
bois que Deus se preocupa? MOu é seguramente por nós que ele o diz? Certo
que é por nós que está escrito; pois o que lavra, cumpre fazê-lo com esperança;
o que debulha, faça-o m esperança de receber a parte que lhe é devida. nSe nós
vos semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens
materiais? uSe outros participam desse direito sobre vós, não o temos nós em
maior medida?
Entretanto não usamos desse direito; antes suportamos tudo, para não
criarmos qualquer obstáculo ao evangelho de Cristo. í3Não sabeis vós que os
que prestam serviços sagrados, do próprio templo se alimentam; e quem serve
ao altar, do altar tira o seu sustento? uAssim ordenou também o Senhor aos
que pregam o evangelho, que vivam do evangelho; lbeu, porém, não me tenho
servido de nenhuma destas coisas, e não escrevo isto para que assim se faça
comigo; porque melhor me fora morrer antes que alguém me anule esta glória.
,6Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa
essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho! 17Se o faço de livre
vontade, tenho galardão; mas, se constrangido, é, então, a responsabilidade
de despenseiro que me está confiada. í8Nesse caso, qual é o meu galardão? É
que, evangelizando, proponha de graça o evangelho, para não me valer do
direito que ele me dá.
Esta não é uma simples questão de bom senso rural; o Senhor da seara
prescreveu as regras pessoalmente. Paulo pode tê-las exposto de uma
forma indireta, mas a mensagem é clara: Não atarás a boca ao boi que
debulhaP- Por que não? Porque aqueles que trabalham pesado
merecem a recompensa pelo seu labor. Deus não adicionou esta
cláusula à lei deuteronômica apenas para garantir que os bois fossem
devidamente alimentados. Ele introduziu ali um princípio: Certo que
é por nós que está escrito (v. 10). Tanto o segador como o debulhador
podiam esperar receber uma parcela dos lucros, sem dúvida em
espécie. Deus disse isso na sua lei; de modo que não se trata de meros
sentimentos naturais de bondade humana, mas, sim, o método divino
de partilha. Afinal, é "Deus que dá o crescimento".13
f) Um desafio eterno
Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, afim de ganhar o maior
número possível. 2uProcedi, para com os judeus, como judeu, afim de ganhar
os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim
vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo
da lei.11Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, m o estando sem lei para com
Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime
da lei. 2ZFiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-
me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns.
23Tudofaço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com
ele.
Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas
um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. 2STodo atleta em
tudo se domina; aqueles para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a
incorruptível.26Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como
desferindo golpes ao ar. 27Mas esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão,
para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.
Notas:
1. Se isto parece uma caricatura, basta ler 2 Co 10:7—11:15.
2. Cf. 1 Co 15:8-9.
3. Cf. 2 Co 12:12: "As credenciais do apostolado foram apresentadas no m eio de
vós, com toda a persistência, por sinais, prodígios e poderes m iraculosos" —
provavelm ente um a descrição do próprio Paulo m ais detalhada do que a
m encionada em 1 Co 1:6, "o testem unho de Cristo tem sido confirm ado em
vós".
4. Lc 8:2-3.
5. A t 19:9.
6. A t 20:33-34.
7. 1 Ts 2:9; 2 Ts 3:7-9.
8. Cf. 2 Tm 4:11; Cl 4:10. '
9. A t 15:39.
10. A t 4:36-37.
11. Cf. 2 T m 2:1-7.
12. Dt 25:4.
13. 1 Co 3:7.
14. 1 Co 1:4.
15. Lc 10:7.
16. N m 18:8ss.
17. N m 18:21.
18. M t 10:8-10.
19. 1 Tm 5:17-18.
20. Cl 1:18.
21. B arrett, pág. 207.
22. M orris, pág. 109.
23. 1 Co 13:7.
24. Cf. 2 Co 1 0 -1 2 .
25. Barrett, pág. 209.
26. Cf. 1 Co 1:31.
27. Cf. 1 C o 4:1.
28. Lc 17:7-10.
29. Barrett, pág. 216.
30. Cf. A t 20:35.
31. Cf. M c 10:43-44.
32. Barrett, pág. 211.
33. A t 16:3.
34. A t21:23ss.
35. G 12:3.
36. Bruce, págs. 86s.
37. A t 18:18.
38. Barrett, págs. 211-215.
39. Bruce, págs. 87s.
40. Cf. Rm 7:7-13.
41. Cf. seus m ais im pressionantes serm ões em Listra (At 14:15ss.) e em A tenas
(A t 17:22ss.).
42. Cf. Rm 7:7-8.
43. G 15:23.
44. 2 T m 4:8.
45. Fp 3:14.
46. Barrett, pág. 218.
47. 1 Co 1 :1 7 -2 :5 .
48. M orris, pág. 113.
49. Cf. o ensino em 1 Co 6:9-20.
50. R m 6:13.
51. "Todavia, com o que através do fogo" (1 Co 3:15).
52. Rm 6:19.
1 Coríntios 10:1-11:1
10. A Liberdade e Seus Perigos
Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a
nuvem, e todos passaram pelo mar, Hendo sido todos batizados, assim na
nuvem, como no mar, com respeito a Moisés. 3Todos eles comeram de um só
manjar espiritual, 4e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de
uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo. 5Entretanto, Deus
não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto.
6Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, afim de que não cobicemos
as coisas más, como eles cobiçaram. 7Não vos façais, pois, idólatras, como
alguns deles; porquanto está escrito: O povo assentou-se para comer e beber,
e levantou-se para divertir-se. *E não pratiquemos imoralidade, como alguns
deles o fizeram, e caíram num só dia vinte e três mil. 9Não ponhamos o Senhor
à prova, como alguns deles já fizeram, e pereceram pelas mordeduras das
serpentes. wNem murmureis como alguns deles murmuraram, e foram
destruídos pelo exterminador. uEstas coisas lhes sobrevieram como exemplos,
e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos
séculos têm chegado.12Aquele, pois, que pensa estar em pé, veja que imo caia.
13Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus éfiel, e não
permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário,
juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais
suportar.
a) As bênçãos (1-4)
b) Os pecados (5-10)
c) O castigo (5-10)
d) A advertência (11-13)
Portanto, meus amados, fugi da idolatria. l5Falo como a criteriosos, julgai vós
mesmos o que digo. uPorventura o cálice da bênção que abençoamos, não é
a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos, não é a comunhão do
corpo de Cristo? ,7Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão,
um só corpo; porque todos participamos do único pão. ^Considerai o Israel
segundo a carne; não é certo que aqueles que se alimentam dos sacrifícios são
participantes do altar? wQue digo, pois? que o sacrificado ao ídolo é alguma
coisa? ou que o próprio ídolo tem algum valor? 20Antes digo que as coisas que
eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam, e não a Deus; e eu não quero
que vos torneis associados aos demônios. nNão podeis beber o cálice do Senhor
e o cálice dos demônios: não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da
mesa dos demônios. nOu provocaremos zelos no Senhor? somos acaso mais
fortes do que ele?
Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem
todas edificam. 24Ninguém busque o seu próprio interesse; e, sim, o de outrem.
2SComei de tudo o que se vende no mercado, sem nada perguntardes por
motivo de consciência; 26porque do Senhor é a terra e a sua plenitude. 27Se
algum dentre os incrédulos vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que
for posto diante de vós, sem nada perguntardes por motivo de consciência.
28Porém, se alguém vos disser: Isto é coisa sacrificada a ídolo, não comais, por
causa daquele que vos advertiu, e por causa da consciência;29consciência, digo,
não a tua propriamente, mas a do outro. Pois por que há de ser jidgada a minha
liberdade pela consciência alheia? 30Se eu participo com ações de graça, por
que hei de ser vituperado por causa daquilo de que dou graças?
4. Conclusão (10:31-11:1)
Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo
para a glória de Deus. 32Não vos torneis causa de tropeço nem para judeus,
nem para gentios, nem tão pouco para a igreja de Deus, 33assim como também
eu procuro em tudo ser agradável a todos, não buscando o meu próprio
interesse, mas o de muitos, para que sejam salvos. n iSede meus imitadores,
como também eu sou de Cristo.
a) "Façam tudo para a glória de Deus" (v. 31) - não para determinar
a minha liberdade.
b) "Procurem em tudo ser agradáveis a todos" (v. 33) - sem
reclamar os meus direitos.
c) "Busquem o interesse de muitos" (v. 33) - não o meu bem-estar
ou a minha satisfação pessoal.
d) "Busquem a salvação de muitos" (v. 33) - sem ficar preocupado
com a minha salvação pessoal.
e) "Sejam imitadores de Cristo" (11:1) - sem promover a minha
reputação.
Notas:
1. Cf. Êx 13ss.
2. Êx 17:6.
3. Cf. N m 20:1-13.
4. Cf. 1 Co 6:11.
5. C onsiderad o m ais tarde em 10:14-22 e 11:17-34.
6. U m a citação de N m 14:16.
7. N m 14:30,38.
8. Êx 32.
9. Ê x 17 e em diversas outras ocasiões.
10. N m 25e21.
11. Cf. N m 16:41-49.
12. B ruce, pág. 93.
13. Cf. 1 Pe l:1 0 ss.; tam bém Lc 24:25-27; A t 2:16; 1 Pe 1:20.
14. Cf. l P e l :5 s s .
15. Is 33:5-6.
16. Cf. 1 Co 7:26.
17. Lc 9:31.
18. Ele, na verdade, não usa a palavra que se refere a em oções, sophoi, m as
phronim oi, "que tem bom senso".
19. 2 Co 13:14.
20. Cf. a oração no final do culto da Sagrada Comunhão do Livro de Orações de
1 6 6 2 ,"... que nós e toda a tua igreja possam os receber a rem issão de nossos
pecados, e todos os dem ais benefícios de sua paixão."
21. B arrett, pág. 232.
22. Cf. Lv 10:12-15, quanto ao cardápio dos sacerdotes, e 1 Sm 9:10-24, quanto
às refeições dos judeus comuns.
23. M orris, pág. 118.
24. Cf. 1 Co 8:4.
25. G 14:8.
26. Bruce (págs. 96s.): "Paulo está se referindo a festas explicitamente patrocinadas
por um a divindade pagã, envolvendo algum grau de reconhecim ento e até
m esm o adoração dessa divindade. A queles que participavam dessa festa...
eram considerados como tendo "perfeita comunhão sacrificial" com ela... Na
m anhã seguinte, um convidado cristão poderia perceber que participou de
palavras ou atitudes totalm ente incom patíveis com a sua confissão cristã...
foi vítim a de um a força dem oníaca associada à adoração do 'ídolo'."
27. Cf. Cl 2:15.
28. Cf. Dt 32:21; Is 42:8; Tg 4:4-5.
29. Cf. SI 24:1; 1 Tm 4:1-5; 6:17.
30. Barrett.
1 Coríntios 11:2-34
11. A Comunidade Cristã no Culto
1. Introdução (11:2)
Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem
o cabeça da mulher, e Deus o cabeça de Cristo. uTodo homem que ora, ou
profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça. 5Toda mulher,
porém, que ora, ou profetiza, com a cabeça sem véu, desonra a sua própria
cabeça, porque é como se a tivesse rapada. 6Portanto, se a mulher não usa véu,
nesse caso que rape o cabelo. Mas, se lhe é vergonhoso o tosquiar-se, ou rapar-
se, cumpre-lhe usar véu. 7Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a
cabeça por ser ele imagem e glória de Deus, mas a mulher é glória do homem.
8Porque o homem não foi feito da mulher; e, sim, a mulher do homem. 9Porque
também o homem não foi criado por causa da mulher; e, sim, a mulher, por
causa do homem. wPortanto, deve a mulher, por causa dos anjos, trazer véu
na cabeça, como sinal de autoridade. nNo Senhor, todavia, nem a mulher é
independente do homem, nem o homem, independente da mulher. ÍZPorque,
como provém a mulher do homem, assim também o homem é nascido da
mulher; tudo vem de Deus. Ujulgai entre vós mesmos: é próprio que a mulher
ore a Deus sem trazer o véu? HOu não vos ensina a própria natureza ser
desonroso para o homem usar cabelo comprido? 15E que, tratando-se da
mulher, é para ela uma glória? pois o cabelo lhe foi dado em lugar de mantilha.
16Contudo, se alguém quer ser contencioso, saiba que nós não temos tal
costume, nem as igrejas de Deus.
a) Submissão (3-6)
Paulo destaca em primeiro lugar o padrão de relacionamento que
Deus estabeleceu na comunidade cristã: Quero, entretanto, que saibais
ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem o cabeça da mulher, e Deus o
cabeça de Cristo (v. 3). Em outras palavras, a hierarquia divina é: Deus...
Cristo... marido... mulher. A superioridade do marido em relação à
esposa não é maior do que a de Deus em relação a Cristo. Mas assim
como Cristo submeteu-se ao Pai, a mulher deve submeter-se ao
marido. O termo grego traduzido por "cabeça" é kephale, que em raras
ocasiões significa "governante de uma comunidade", transmitindo
normalmente o sentido de fonte ou origem, sendo usado em relação
à nascente de um rio. Deus é, portanto, a fonte de Cristo, Cristo (como
criador) é a fonte do homem, e o homem (cedendo "uma das suas
costelas", Gn 2:21ss.) é a fonte da mulher (também v. 8). Um terceiro
sentido de kephale (à parte do sentido literal) traz uma idéia de
determinação e direção, que é muito mais próximo daquilo que hoje
designamos por chefia ou liderança.
Essa hierarquia fundamental de relacionamentos, escreve Paulo,
deve refletir-se claramente no culto cristão. Aquilo que as pessoas
demonstram no culto público é importante. Não deve haver
distrações. No culto cristão estamos demonstrando abertamente a
essência do que Deus fez em Cristo: ele nos libertou para que o
sirvamos e o adoremos. Essa liberdade deve ser demonstrada de
forma visível; cf. 2 Coríntios 3:14-18, onde lemos que Moisés (em
contraste) teve de cobrir sua cabeça na presença de Deus. Os homens
cristãos não precisam cobrir suas cabeças; eles foram libertos, e a glória
de Cristo deve se tomar visível por meio do ministério da oração e da
profecia liderada por homens de cabeças descobertas: "E todos nós
com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória
do Senhor, somos transformados de glória em glória, na sua própria
imagem, como pelo Senhor, o Espírito."5
As mulheres cristãs de Corinto (que também exerciam um
ministério de oração e profecia) deviam manter suas cabeças cobertas,
pois, caso contrário, não haveria liberdade para adorar, mas, sim, uma
grande dose de distração. Era, portanto, um sinal de submissão a
mulher cobrir a cabeça. A submissão do homem era apenas a Cristo;
o "véu" da mulher indicava a sua submissão aos outros homens que
estavam presentes. Se isso acontecia na comunidade secular dentro
da cidade, não havia motivos, afirma Paulo, para se abandonar essa
convenção dentro da igreja. Se o fizessem, estariam se portando como
escravas ou adúlteras (v. 5).
Bruce tem uma boa observação sobre a questão da convenção: "Não
há nada de frívolo no fato de se apelar para as convenções públicas
194
de decoro. Ser discípulo do Jesus crucificado era, por si só, uma
característica suficientemente anticonvencional, mas as transgressões
desnecessárias das convenções vigentes deviam ser desencorajadas."6
Se uma mulher cristã perdesse a inibição no culto público, a ponto
de dispensar o símbolo externo de sua submissão, então (segundo a
lógica da insubmissão) convinha cortar todo o cabelo, removendo
assim, de um só golpe, o impacto perturbador de sua "coroa de glória".
Obviamente esse não era o modelo cristão de comportamento (que
teria, sem dúvida, insultado as normas da sociedade coríntia).
Convinha, então, que as mulheres aceitassem a disciplina de manter
o véu sobre a cabeça, especialmente quando, movidas pelo Espírito
na oração ou na profecia, se sentissem tentadas a abandonar quaisquer
inibições. A força do argumento paulino, extraído da criação, no
versículo 3, reside no fato de Deus não haver estabelecido um
princípio de ação em determinado ponto do tempo só para derrubá-
lo mais tarde. Ele é um Deus de ordem, coerência, nele não há
contradição: ele não pode negar-se a si mesmo.7
b) Glória (7-10)
c) Interdependência (11-12)
O parêntese que se abre aqui é um corretivo necessário ao
ensinamento vigoroso de Paulo sobre as diferenças entre o homem e
a mulher, quando criados à imagem de Deus. No Senhor, isto é, em
Cristo, o homem e a mulher (marido e esposa) são completamente
interdependentes. O apóstolo esteve pregando incisivamente que a
esposa devia ser submissa ao marido e que essa atitude fosse
demonstrada publicamente quando o povo de Deus se reunisse para
adorar. Agora, ele explica com igual força que os dois são um em
Cristo, totalmente ligados entre si, inseparáveis e interdependentes.
Esta é uma verdade no aspecto físico (v. 12), mas uma verdade ainda
maior no Senhor. Tanto o homem como a mulher devem a sua
existência a Deus: tudo vem de Deus. A adoração cristã é mais bem
expressa quando, juntos, os casais dão ao Senhor, de modo visível, a
glória de suas próprias vidas interdependentes.
d) Natureza (13-15)
e) Conclusão (16)
Para que serve todo esse discurso? Paulo deseja que as mulheres se
vistam de modo normal e natural no culto cristão. Ele deseja que esse
culto dê glória a Deus e evidencie que os cristãos foram libertados para
adorar e glorificar a Deus. Por isso, Paulo insiste com os coríntios:
"Não ignorem os sinais óbvios da criação ou da natureza. Deus nos fez
assim. Não façam pouco caso de todas as regras do bom senso e da
decência em seus cultos. Que ele seja centralizado em Cristo e
glorifique a Deus." Sempre existirão cristãos que gostam de discutir,
e parece que havia muitos deles em Corinto (v. 16). Paulo conclui o
pensamento dizendo que todas as outras congregações cristãs
aceitavam essa orientação; por que os coríntios seriam diferentes?
Nisto, porém, que vos prescrevo, não vos louvo, porquanto vos ajuntais, não
para melhor; e, sim, para pior. lsPorque, antes de tudo, estou informado haver
divisões entre vós quando vos reunis na igreja; e eu em parte o creio. l9Porque
até mesmo importa que haja partidos entre vós, para que também os aprovados
se tornem conhecidos em vosso meio. 20Quando, pois, vos reunis no mesmo
lugar, não é a ceia do Senhor que comeis. 21Porque, ao comerdes, cada um toma
antecipadamente a sua própria ceia; e há quem tenha fome, ao passo que há
também quem se embriague. 2ZNão tendes, porventura, casas onde comer e
beber? Ou menosprezais a igreja de Deus, e envergonhais os que nada têm?
Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto certamente não vos louvo.
23Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus,
na noite em que foi traído, tomou o pão; 24e, tendo dado graças, o partiu e disse:
Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Z5Por
semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este
cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes,
em memória de mim. 26Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes
o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha. 27Por isso, aquele que
comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e
do sangue do Senhor. 2SExamine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma
do pão e beba do cálice; 29pois quem come e bebe, sem discernir o corpo, come
e bebe juízo para si. 30Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes,
e não poucos que dormem. 31Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não
seríamos jidgados. 32Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor,
para não sermos condemdos com o mundo.
33Assim, pois, irmãos meus, quando vos reunis para comer, esperai uns pelos
outros. 34Se alguém tem fome, coma em casa, afim de não vos reunirdes para
juízo. Quanto às demais coisas, eu as ordenarei quando fo r ter convosco.
d) Conclusão (33-34)
Paulo conclui assim seu sincero apelo aos coríntios acerca de dois
aspectos da vida deles como adoradores do Senhor. Ele estava tão
preocupado com a maneira como eles estavam se expondo ao
julgamento de Deus ao participarem da Ceia do Senhor, que descreve
a natureza desse ato como uma festa de amor: esperai uns pelos outros
... Se alguém tem fome, coma em casa (vs. 33-34). De acordo com Schlatter,
isso pode ter marcado o começo de uma distinção entre a festa do
amor e a eucaristia. Ainda que seja uma suposição, é oportuno
observar que o culto cristão em Corinto era. mais informal em sua
natureza, acontecendo (com toda probabilidade) em casas
particulares, incorporando elementos tanto litúrgicos como
espontâneos, e não se limitando a um período devocional de uma
hora, em um prédio especialmente construído, que praticamente não
é usado no restante da semana. Alguns outros aspectos deste tipo de
culto são tratados por Paulo nos capítulos 12—14.
Notas:
1. Cf. 1 Tm 4:6; 2 Tm 1:13-14; 2:2; 3:14; 4:3-4; Tt 1:9; 2:1.
2. Cf. 1 Co 14:33.
3. Cf. M ichael Green, Evangelism — Nmv and Then (IVP, 1979), págs. 88s.
4. Bruce, pág. 105.
5. 2 C o 3:18.
6. Bruce, pág. 107.
7. Cf. 2 T m 2:13.
8. G n 1:26-27.
9. Bruce, pág. 106.
10. Barrett, pág. 255.
11. M orris, pág. 124.
12. Cf. 1 Co 14:40.
13. Veja com entário sobre l:10ss.
14. Por exem plo, 1 Tm 1:3-4; 6:3-5,20-21; 2 Tm 2 :14-18,23-26; T t 1:1-14; 3:9-11.
15. Contraste com A peles (Rm 16:10).
16. Cf. 1 Co 3:11-15; 9:27.
17. G 11:12.
18. Bruce escreve: "No sentido bíblico, 'memória' é m ais do que um exercício
mental; envolve uma compreensão do que está sendo lembrado. Na festa da
Páscoa os participantes se unem aos seus antepassados no Êxodo; na
Eucaristia, os cristãos experim entam a presença real do seu Senhor. A ssim
com o a refeição da Páscoa era 'um mem orial da saída do Egito', o partir do
pão devia ser um memorial de Jesus após 'sua partida (exodos) que aconteceria
em Jeru salém "1(pág. 111).
19. Por exem plo, Jr31:31ss.
20. Cf. os ensinam entos do Senhor em Lc 22:16,18.
21. Bruce, pág. 115.
22. Cf. 1 Co 3:13; 9:27; 11:19; Rm 16:10.
23. Cf. 1 Co 10:17.
24. Cf. Jo 5:24.
25. Cf. H b 12:5-11.
1 Coríntios 12:1-31
12. Os Dons Espirituais
A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.
2Sabeis que, outrora, quando éreis gentios, deixáveis conduzir-vos aos ídolos
mudos, segundo éreis guiados. 3Por isso vos faço compreender que ninguém
quefala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema Jesus! por outro lado, ninguém
pode dizer: Senhor Jesus! senão pelo Espírito Santo.
c) Fé (9)
Provavelmente é melhor dizer o que este dom específico não é, antes
de descrever o que ele é. Evidentemente não se trata da "fé salvadora"
pela qual cada cristão é capacitado a receber a salvação de Deus,36 nem
da fidelidade que vem como fruto da obra do Espírito Santo no caráter
do cristão.37 Igualmente, não é a tendência otimista de ser positivo em
tudo, resumida nas palavras de J. B. Cabell: "O otimista proclama que
vivemos no melhor de todos os mundos; e o pessimista teme que seja
verdade." Nesse sentido, a fé como dom do Espírito também não deve
ser equiparada à afirmativa dogmática, quase desafiante, de que "a dor
vai passar" ou que "ela não vai morrer", qué pode se degenerar na
afirmação de que a dor já passou, quando há muitos sinais claros e
dolorosos de que ela não passou.
Fé também não é crueldade, nem ingenuidade, nem otimismo, nem
"crendice"; a fé olha para o caráter de Deus e permanece firme nas suas
promessas. Como toda fé verdadeira de qualquer tipo, este dom da
fé que existe em certos membros do corpo vê além da situação
imediata "como quem vê o que é invisível"38 e produz a confiança de
que Deus vai agir em situações aparentemente impossíveis. Na
prática, este dom geralmente parece vir ligado aos milagres e ao dom
de cura. Vemos isso na vida de Jesus em diversas ocasiões, mas
notavelmente na morte de Lázaro.39
A galeria dos heróis da fé em Hebreus 11 certamente empresta
realidade a este dom, visto de forma paupável na vida de homens e
mulheres de Deus que, pela fé, receberam a certeza de coisas que eles
não poderiam ver nem provar e, conseqüentemente, continuaram
avançando com Deus através das mais difíceis circunstâncias. Sempre
houve exemplos desse tipo, como George Muller, Hudson Taylor,
William Wilberforce, os mártires da Reforma, como também muitas
pessoas nos dias de hoje que não têm nomes tão famosos, mas que
manifestam igual fé e são um constante encorajamento. Em face disso,
uma dieta regular de biografias cristãs favorece grandemente o nosso
crescimento pessoal no Senhor.
Todos esses indivíduos demonstraram o dom da fé. Mas seria uma
pena se permitíssemos que tais monumentos de fé em ação
colocassem este dom fora da experiência de alguma igreja local ou
algum cristão. O palco pode ser São Paulo, e não a China; o drama
pode envolver o orçamento da igreja, e não a abolição da escravatura;
a trama pode se desenvolver a partir do desânimo na união de jovens,
em vez do estabelecimento de uma rede de orfanatos em Bristol. Mas
cada roteiro em cada igreja local exige o dom da fé, distribuído pelo
Espírito, segundo lhe apraz, para dar novo impulso ao seu povo de
moral abatido. A firme perseverança da igreja local na busca da
vocação superior de Deus, na vida em geral ou em alguma questão
particular, verdadeiramente subscreve a nossa obediência a Jesus
como o Senhor. O mais insignificante dos m embros pode
perfeitamente ser usado para transmitir essa fé a todo o corpo, no
momento crucial de tomar decisões. Há um ditado oriental que diz:
"A fé é uma ave que sente o amanhecer e canta enquanto ainda é
escuro."
Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros,
sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo.
uPois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer
judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós fo i dado beber
de um só Espírito.
Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. l5Se disser o pé:
Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo.
16Se o ouvido disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixa
de o ser. 17Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse
ouvido, onde o olfato? 18Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um
deles no corpo, como lhe aprouve. 19Se todos, porém, fossem um só membro,
onde estaria o corpo? 20O certo é que há muitos membros, mas um só corpo.
21Não podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça,
aos pés; Não preciso de vós. 22Pelo contrário, os membros do corpo que
parecem ser mais fracos, são necessários; 23e os que nos parecem menos dignos
no corpo, a estes damos muito maior honra; também os que em nós não são
decorosos, revestimos de especial honra. 2iMas os nossos membros nobres não
têm necessidade disso. Contudo Deus coordenou o corpo, concedendo muito
mais honra àquilo que menos tinha, 25para que não haja divisão no corpo; pelo
contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros.
26De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles
é honrado, com ele todos se regozijam. 17Ora, vós sois corpo de Cristo; e,
individualmente, membros desse corpo.
a) Apóstolos
b) Mestres
c) Socorros
d) Governos
Notas:
1. 1 Co 8:4-5.
2. A palavra "mudo" ou "sem fala" (aphona) não significa que tais práticas pagãs
fossem realizadas em silêncio; acontecia exatam ente o oposto. Com o
Conzelmarm destaca, o termo "aponta apenas para o fato de o culto pagão ser
vazio... colocando os seus devotos sob o poder dos demônios" (pág. 206). Cf.
SI 115:4-8; H c 2:18. Temos um exem plo de Luciano (Dialogi M ortuorum 19:1):
"U m a espécie de deus (daenion) leva-nos para onde deseja, e é im possível
resistir a ele."
3. Para outra interpretação possível veja Bittlenger, Gífts and Graces, págs.
16-18.
4. Cf. Jo 16:14.
5. Cf. Cl 2:15.
6. Raphael Gasson, The Challenging Counterfeit.
7. 1 P e4:10.
8. 2 T m 1:6.
9. 1 Pe 4:10.
10. Cf. 1 Co 4:1.
11. Cf. F p 2:4ss.
12. Bittlenger, pág. 21.
13. Sam uel C hadw ick, The Way to Pentecost, (H odder, 1966), pág. 32.
14. T. A. Sm ail, Reflected Glory (Hodder, 1975), pág. 29.
15. Cf. G 15:22-23. '
16. Veja observação adicional sobre os dons espirituais nc> final do capítulo 14.
17. E dd ie G ibbs, Body-Building Exercises (Falcon, 1979), pâg- 60.
\ 18. M ichael G reen, I Believe in the Holy Spirit (H odder, 1975), págs. 161ss.
m Cf. Pv 3:5-6.
20. I R s 3:16-28.
21. Cf. Lc 2:40-52; 13:17; 14:6; 20:19-26.
22. Cl 2:3.
23. 1 Co 1:30.
24. Cf. 1 Co 12:28; E f 4:7-11.
25. Jo 16:14.
26. Cf. T g 4:5.
27. E f 1:22.
28. Cf. E f 4:21.
29. Jo 4:18.
30. Me 2:8-12.
31. Jo 5:6.
32. A t 5:1-11.
33. Esta é a interpretação, por exem plo, de E. H. Plum ptre (Acts, Cassell, 1893,
pág. 81), E. H aencheii (The Acts o f the Apostles, Blackw ell, 1971, pág. 241) e I.
H. M arshall (Atos, Série Cultura Bíblica, M undo C ristão /V id a N ova, 1980,
págs. 108-112).
34. A t 5 :lls s .,4 2 .
35. Cl 2:3, "em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecim ento estão
ocultos".
36. Por exem plo, R m 10:8-10.
37. G 15:22.
38. Hb 11:27.
39. Veja especialm ente Jo 11:41-42, em sua oração de fé, e cf. Tg 5:13-15, com o
m inistério dos anciãos junto a qualquer pessoa enferrfia.
40. H ans Bürki, falando na A ssem bléia da Liderança Cristã Pan-A fricana,
N airobi, em 1976.
41. Êx 15:26.
42. T g 5:14.
43. G odet, 2, pág. 197.
44. Cf. A t 19:11.
45. 2 Co 12:12.
46. G 13:5.
47. Por exem plo, H odge.
48. V eja, por exem plo, Conzelm aim , pág. 209, nota de rodapé.
49. 1 Co 10:20; 12:2.
50. Os três outros dons nesta passagem (profecia, falar em línguas e interpretação
de línguas) serão exam inados detalhadam ente no estudo do capítulo 14.
Qualquer exame superficial neste ponto seria inútil e levaria a mal-entendidos.
51. Cf. M t 7:15-20; 1 Ts 5:20-21; 1 Jo 4 :lss.
52. A t 16:16-18.
53. Bittlenger, pág. 55.
54. Veja John Stott, Batism o e Plenitude do Espírito Santo (Vida N ova, 1986) págs.
28-31.
55. /Wd.,pág. 31.
56. T. A. Sm ail, Reflected Glory, pág. 33.
57. Ibid., pág. 142.
58. Veja: O Evangelho e a Cultura, Série Lausanne, vol. 3 (A BU , 1983), pág. 21:
"A lgum as culturas terceiro-m undistas têm uma afinidade natural com a
cultura bíblica."
59. R k\12-.5.
60. M orris, pág. 142.
61. Cf. 1 Co 1:10; 11:18.
62. Cf. Rm 12:15.
63. Dr. Sam uel Kam aleson, falando à A ssem bléia da Liderança C ristã Pan-
A fricana em N airóbi, em dezem bro de 1976.
64. M c 10:45, AV.
65. Jo 20:21.
66. M orris fala de "primeiro... segundo... terceiro", dizendo que eles "classificam
estes vários dons para a igreja em ordem de honra" (pág. 143). Contudo, a lista
de Efésios é diferente e qualquer idéia de dons superiores não se encaixa muito
facilm ente no contexto de Paulo nestes capítulos.
67. Cf. E f 2:19-20.
68. Veja Jo h n Stott, A M ensagem de Efésios (A BU , 1986), pág. 115.
69. Cf. A tl:1 5 s s .
70. A inclusão de Barnabé baseia-se nas referências de A t 14:4 e 14 que
denom inam Paulo e Barnabé de "apóstolos". Não temos realm ente nenhum a
evidência explícita de que Barnabé tenha recebido uma visão da ressurreição
ou que ele estivesse em igualdade com Paulo, quando foi incluído no grupo
original. Talvez, em Atos 13 e 14, Paulo e Barnabé sejam considerados como
apóstolos da igreja em Antioquia (em paralelo com os "apóstolos das igrejas"
em 2 Co 8:23 e Fp 2:25), enquanto som ente Paulo é considerado apóstolo de
Cristo.
71. M c 3:14.
72. B ittlenger, pág. 67.
73. V eja 2 Co 11 e 12. •
74. Cf. E f 4:11.
75. Por exem plo, em D erbe, Listra e Icônio, A t 14:20-23.
76. E f 4:7-14.
77. De fato, há menção de tais "apóstolos das igrejas" em 2 Co 8:23, Rm 16:7 e
tam bém Fp 2:25.
78. Cf. M ichael H arper, Let M y People Groio (H odder, 1977), págs. 49ss., 61ss.,
186ss.
79. Cf. Hb 3:1.
80. Cf. A t 1 3 -1 5 .
81. A palavra "m issionário" em português tem exatam ente a m esm a raiz
etim ológica (através do latim) que "apóstolo".
82. A t 13:1.
83. I. H. M arshall, Atos (M undo C ristão /V id a N ova, 1(^80), pág. 205.
84. A t 11:26: "E por todo um ano se reuniram naqiiela igreja, e ensinaram
num erosa m ultidão."
85. A t ll:2 7 s .
86. Tg 3:1.
87. A t 18:24ss.
'8 8 . 1 Co 3:6.
89. Cf. A t 6:4; Rm 12:7.
90. A t 19:9.
91. At 20:35.
92. Bittlenger, pág. 70.
93. Ef 6:7.
94. Cf. 1 Co 3:3.
95. Cf. Bittlenger, págs. 73-75.
1 Coríntios 13:1-13
13. Se Eu Não Tiver Amor..
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei
como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.1Ainda que eu tenha o
dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu
tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada
serei. 3E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres, e ainda
que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada
disso me aproveitará.
Paulo faz três declarações duras acerca do cristão que não tem amor.
O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não
se ensoberbece, snão se conduz inconvenientemente, não procura os seus
interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; 6não se alegra com a
injustiça, mas regozija-se com a verdade; 7tudo sofre, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta.
A palavra tudo, repetida quatro vezes neste versículo, toma claro que
o amor não é uma qualidade humana, mas um dom do próprio Deus.
Nas diversas circunstâncias e nos diversos relacionamentos de nosso
dia-a-dia, é apenas o amor divino em Jesus que nos capacita a sofrer,
crer, esperar e suportar.
Freqüentemente Deus pede aos cristãos que assumam fardos
(muitas vezes os fardos de outros, mas, sempre, fardos que ele mesmo
já assumiu) que nos desgastam, fazendo-nos indagar: "Por que,
Senhor?" "O amor sacrifica o direito de se rebelar contra Deus”,17 por
mais que derramemos o nosso coração diante dele. Especialmente
quando quase nada nos encoraja à fé, o amor nos fortalece, fazendo-
nos confiar mesmo no escuro, andar até chegar ao outro lado, apesar
da montanha de dúvidas, sabendo que nosso Deus Pai está no
controle e finalmente demonstrará a sua vitória. Mais do que isso, o
amor nos capacita a exercer uma forte confiança de que, por mais
escuras que sejam as trevas, Deus não se perdeu pelo caminho e
reserva para nós "pensamentos de paz, e não de mal".18
Aconteça o que acontecer, suportamos firmes porque em tudo há
um propósito. Deus está esculpindo em nós a imagem do seu Filho,
Jesus. Oswald Chambers escreveu: "Deus sempre nos golpeia com
coisas comuns, usando pessoas comuns."19Somente o nosso amor por
Deus, despertado pelo seu amor por nós, pode manter essa fé e
esperança vivas, no controle de nossas vidas no dia-a-dia. Quando
percebemos, mais uma vez, que Jesus nos ama dessa maneira -
suportando tudo o que lançamos contra ele, acreditando e confiando
em nós calmamente, tendo suportado até mesmo a cruz em nosso
lugar - então nos reanimamos, cientes de que só o seu amor pode nos
suster e nos transformar nas pessoas e nas igrejas locais que ele quer
que nos tomemos.
Notas:
1. Alguns comentaristas pensam que este capítulo foi escrito em alguma ocasião
anterior, tendo sido incorporado ao texto de 1 Coríntios nesse ponto.
2. Thom as M erton;T h e Seven Storey M ountaín (Sheldon Press, 1978), págs. 73
74.
3. Bruce, pág. 124.
4. M orris, pág. 145.
5. Cf. Jo 13:35.
6. E um ponto controvertido se o dom de línguas poderia realm ente ser, sob
algum aspecto, " a língua do céu ". Em Ap 14:2ss., João descreve "u m a voz...
como de harpistas quando tangem as suas harpas" como um dos aspectos do
culto do "M onte Sião". Parece forçado dizer que essa passagem (de tal livro)
explica a referência de Paulo às "líng u as dos an jo s" em 13:1.
7. Cf. 1 Co 2:7-11; Ap 2:24.
8. Cf. M t 17:20.
9. M orris, pág. 147.
10. "P a ra ser queim ad o" é a tradução m ais provável. Uma alternativa seria a
seguinte: "S e eu entregasse o meu corpo para que pudesse me vangloriar (isto
é, sobre isso )..." M as, como Barrett destaca, tal ação seria obviam ente
desprovida de amor, se fosse feita para promoção de sua própria glória, e isto
torna tautológica a frase-chave: " s e não tiver am or". Paulo certam ente não
foi tautológico, especialm ente nesse capítulo.
11. Sobre o todo desta seção, veja Bittlenger, págs. 82-89.
12. Por exem plo, Bittlenger, págs. 82ss.; G oldingay, págs. 13ss.
13. Cf. K. Barth, Church Dogmatics IV, 2, pág. 825.
14. Cf. lP e 2 :2 3 .
15. Jo 13:1.
16. 1 Pe 4:8.
17. Bittlenger, pág. 88.
18. Jr 29:11.
19. O sw ald C ham bers, Tlido Para Ele (Editora Betânia), pág. 278.
20. 1 Jo 3 :lss..
21. Veja a atitude do próprio Paulo ao descrever esta verdade em G 14:9.
1 Coríntios 14:1-40
14. Profecia e Línguas
1 . 0 que são?
Segiii o amor, e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente que
profetizeis. 2Pois quem fala em outra língua, não fala a homens, senão a Deus,
visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios. 3Mas o que profetiza,
fala aos homens, edificando, exortando e consolando. 40 que fala em outra
língua a si mesmo se edifica, mas o que profetiza edifica a igreja. 5Eu quisera
que vós todos falásseis em outras línguas; muito mais, porém, que
profetizásseis; pois quem profetiza é superior ao que fala em outras línguas,
salvo se as interpretar para que a igreja receba edificação.
Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro doutrina,
este traz revelação, aquele outra língua, e ainda outro interpretação. Seja tudo
feito para edificação. 27No caso de alguém falar em outra língua, que não sejam
mais do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem
interprete. 2SMas, não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando
consigo mesmo e com Deus. 29Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou
três, e os outros julguem. 30Se, porém, vier revelação a outrem que esteja
assentado, cale-se o primeiro. 31Porque todos podereis profetizar, um após
outro, para todos aprenderem e serem consolados. 32Os espíritos dos profetas
estão sujeitos aos próprios profetas; 33porque Deus não é de confusão; e, sim,
de paz. Como em todas as igrejas dos santos,34conservem-se as mulheres
caladas na$ igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas
como tambéma lei o determina. 35Se, porém, querem aprender alguma coisa,
interroguem, em casa, a seus próprios maridos; porque para a mulher é
vergonhoso falar na igreja. 36Porventura a palavra de Deus se originou no
meio de vós, ou veio ela exclusivamente para vós outros ?
Conclusão (14:37-40)
Notas:
1. Cf. E f 2:20; 3:5.
2. R. Stedm an.
3. M ichael G reen, T oC orinth with Love (H odder, 1982), pág. 74.
4. Cf. D t 18:15.
5. Cf. M t 16:14; Mc 6:4; Lc 7:16; 9:7-8; 13:33; 24:19; Jo 4:19.
6. A p 19:10.
7. Cf. E f 2:20.
8. N m 11:25-29.
9. A t 2:16-18; cf/Jl 2:28-29.
10. Por exem plo, H odge, págs. 248-250.
11. M orris escreve: "Alguns com entadores acham que é este dom de falar em
outras línguas que se fala aqui. Esta é uma solução atraente, m as ninguém ,
ao ler 1 Coríntios, pensaria que é isso que Paulo tinha em m ente" (pág. 138).
12. A t 2:6.
13. Por exem plo, John Sherrill, They Speak with Other Tongues (H odder, 1967),
especialm ente págs. 108-111.
14. D entre os benefícios edificantes de se falar em línguas desse m odo íntim o,
encontram-se um senso especial da presença de Deus, relaxamento da tensão,
força para enfrentar a dor, poder na oração para resistir aos assaltos
dem oníacos, liberdade de intercessão quando a oração verbal é inadequada
ou im possível, e liberdade para adorar a Deus quando "perplexo de
adm iração, am or e louvor".
15. Lc 24:27.
16. No Dictionary ofN eio Testament Theology, Vol III (Zondervan, 1982), pág. 1080.
Cf. D. B. Burke na International Standard Bible Encyclopaedia. Vol II (Eerdmans,
1982): "Este tipo de interpretação naturalm ente não deve ser entend ido no
sentido de uma "tradução"... O dom da interpretação torna inteligível o êxtase
espiritual de quem fala em línguas."
17. Este relacionam ento duplo entre o Pai e os seus filhos na oração, através da
inspiração do Espírito Santo, é descrito evocativam ente em R m 8:26-27.
18. Cf. 1 Co 3:10-16.
19. 1 Co 8:1.
20. Jo 14:16, etc.
21. Veja M ichael Green, To Corinth with Love, pág. 76.
22. Bittlenger, pág. 106.
23. Morris destaca que o versículo 13 indica que "não havia nada de estático acerca
da posse dos dons. Era preciso que o hom em que tivesse o dom de 'línguas'
não tomasse isso como sua condição final. Podia receber ainda outros dons...
D evia orar com este fim em vista" (pág. 156).
24. B ittlenger, pág. 99.
25. M orton T. Kelsey, Speaking with Tongues (H odder, 1965), pág. 222.
26. O uso da expressão "meu espírito", no versículo 14, indica que Paulo não está
contrastando o uso da mente com a inspiração do Espírito Santo nos versículos
14-16. A palavra "espírito" deve ter a inicial minúscula em todas as ocorrências.
27. Cf. 1 Co 3:1-4.
28. M orris, pág. 157.
29. Ibid., págs 157s.
30. Cf. Jo 16:7-11.
31. H b 4:12-13.
32. Cf. Zc 8:23.
33. 1 Co 16:19.
34. 1 Ts 5:21.
35. l J o 4 : l s s .
36. Para uma ampliação desse critério, veja Michael Green, To Corinth with Love,
págs. 77-78.
37. Barrett, pág. 329.
38. 1 Co 4:7ss.; 5:2ss.; 8:1; 13:<n>5.
39. Barrett, pág. 332.
40. H b 1:3.
1 Coríntios 15:1-58
15. Ressurreição: Passado, Presente e Futuro
Se não existe algo que possa ser chamado de ressurreição, então Jesus
não triunfou sobre a morte. Se os mortos não ressuscitam, então Jesus
continua morto. Presume-se que os hereges de Corinto nunca
pretenderam sugerir que Jesus ainda estivesse morto; Paulo, no
entanto, enfatiza a falta de lógica da posição deles, a fim de revelar seu
perigo. "A verdade que está em Jesus" é coerente; está solidamente
estruturada; sejam quais forem os paradoxos inerentes à veredade, ela
não se contradiz. Negar um ponto desta verdade é desmoronar toda
a estrutura. Naturalmente, a verdade em si não está em perigo, porque
ela perm anece para sempre, eternam ente, inabalável e
incontrovertível. Mas se os homens, como os de Corinto, decidirem
escolher quais aspectos da verdade vão aceitar, acabarão ficando sem
nenhuma verdade, ou seja, com a falsidade. Tal realidade torna-se
muito mais óbvia na questão da ressurreição. Essa atitude revela, de
um modo geral, o perigo de se aproximar da pessoa e da obra de Jesus
com alguma idéia preconcebida sobre o que pode e o que não pode
ser verdade, ou o que pode e o que não pode acontecer: ”os mortos não
ressuscitam", "milagres não acontecem", "não há vida depois da
morte", "não se pode mudar a natureza humana".
Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos
que dormem. 21Visto que a morte veio por um homem, também por um homem
veio a ressurreição dos mortos. 22Porque assim como em Adão todos morrem,
assim também todos serão vivificados em Cristo. 23Cada um, porém, por sua
própria ordem: Cristo, as primícias; depois os que são de Cristo, na sua vinda.
24E então virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver
destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. 25Porque convém
que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. 260
último inimigo a ser destruído é a morte. 27Porque todas as coisas sujeitou
debaixo dosjseus pés. E quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas,
certamente exclui aquele que tudo lhe subordinou. 2SQuando, porém, todas
as coisas lhe estiverem sujeitas, então o próprio Filho também se sujeitará
àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.
29Doutra maneira, que farão os que se batizam por causa dos mortos? Se
absolutamente os mortos não ressuscitam, por que se batizam por causa deles?
30E por que também nós nos expomos a perigos a toda hora? 3lDia após dia
morro! Eu o protesto, irmãos, pela glória que tenho em vós outros, em Cristo
Jesus nosso Senhor. 32Se, como homem, lutei em Éfeso coníferas, que me
aproveita isso? Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, que
amanhã morreremos. 33Não vos enganeis: as más conversações corrompem
os bons costumes. 34Tornai-vos à sobriedade, como é justo, e não pequeis;
porque alguns ainda não têm conhecimento de Deus; isto digo para vergonha
vossa. '
Eis que vos digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas transformados
seremos todos, 52num momento, num abrir e fechar dolhos, ao ressoar da
última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis,
e nós seremos transformados. S3Porque é necessário que este corpo corruptível
se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da
imortalidade. 54E quando este corpo corruptível se revestir de
incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então se
cumprirá a palavra que está escrita:
Tragada fo i a morte pela vitória.
55Onde está, ó morte, a tua vitória?
Onde está, ó morte, o teu aguilhão?
560 aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.57Graças a Deus
que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.
Neste ponto Paulo explica que está revelando um mistério (v. 51).
Anteriormente58 ele já usou essa palavra para descrever o segredo do
evangelho, revelado pelo Espírito aos apóstolos e aos profetas. Aqui
ele mostra de maneira incisiva que está falando de algo revelado a ele
de modo especial. Será que o conteúdo desse mistério faz parte do que
ele mencionou indiretamente em 2 Coríntios 12:1-4? Por mais que os
seus lábios escondessem o conteúdo total dessa revelação, o apóstolo
sentia-se agora constrangido a divulgar um pouco do que irá acontecer
no último dia.59
Ele usa novamente a figura do sono para descrever a condição
daqueles que morrem como cristãos (v. 51). A palavra sono parece ser
a descrição mais natural de um estado de inconsciência: ou seja,
quando os cristãos morrem, eles adormecem em Cristo e a sua
próxima experiência consciente se dará ao serem acordados para ver
Jesus "na ressurreição geral, no último dia". O momento da morte
marca a transição da pessoa do presente para a eternidade. "O último
dia" marca a consumação final das "coisas temporais" e a revelação
total das "coisas eternas". Paulo, então, imagina aqueles que morreram
antes da Parousia sendo despertados pela última trombeta e unidos aos
cristãos ainda vivos nessa ocasião, toda a igreja reunida, sendo
transformada num momento, num abrir e fechar dolhos (v. 52), quando
cada cristão receberá o seu corpo da ressurreição, imperecível e
imortal (v. 53). De acordo com as evidências desta passagem, não é
possível afirmar se Paulo esperava, ou não, estar vivo na volta de
Cristo. Quer mortos ou vivos na vinda de Cristo, transformados seremos
todos (vs. 51-52).
As três frases expressivas do versículo 52, usadas para descrever
este clímax histórico, possuem, cada uma, uma nuance particular: num
momento significa o menor lapso de tempo (no grego, atomos, de onde
vem a palavra "átomo"); num abrir e fechar dolhos refere-se ao tempo que
levamos para piscar; ao ressoar da última trombeta remete para certas
ocasiões no Antigo Testamento, nos ensinamentos de Jesus e no
judaísmo daquela época, em que o som da trombeta indicava
celebração e triunfo. Essa será a vitória plena e final sobre a morte, o
"último inimigo", que estará, então, consumada. Então, e só então, as
profecias de Isaías e Oséias serão totalmente cumpridas: "Tragará a
morte para sempre, e assim enxugará o Senhor teu Deus as lágrimas
de todos os rostos."60 "Onde estão ó morte, as tuas pragas? Onde está,
ó inferno, a tua destruição?"61
Apesar da confiante expectativa de Paulo em relação à vitória e
vindicação final de Cristo, não há nenhum triunfalismo superficial em
sua atitude para com a morte. Ele não somente se recusa a considerar
esse inimigo como realmente vencido antes da volta de Cristo, mas
também reconhece a dureza de seu aguilhão ("a palavra refere-se
principalmente ao ferrão das abelhas, à picada das serpentes, e a coisas
semelhantes").62 A morte não é um simples fenômeno natural e
desagradável, mas um castigo de Deus; sendo, portanto, um mal que
existe apenas por causa da rebelião do homem contra Deus. Nesse
sentido, ela é completamente alheia, e podemos perceber a
importância crucial de fundamentar o significado da morte de Cristo
na necessidade de resolver o problema do pecado de modo
adequado.63
Paulo acrescenta ainda a declaração: a força do pecado é a lei (v. 56).
O melhor comentário sobre esta frase está na exegese que o próprio
Paulo faz da lei em Romanos 7, onde ele explica que, apesar de ser
294
"santa, justa e boa", ela condena todos os homens por causa de suas
exigências estritas. Ela até coloca a realidade e a seriedade do pecado
em grande destaque, ao defini-lo com exatidão como transgressão dos
mandamentos de Deus. De fato, a propensão interna do homem para
a rebelião e a desobediência leva-o a desejar o oposto do que a lei de
Deus requer: basta vermos o sinal "proibido", para termos o desejo de
desobedecer. É dessa forma que o pecado exerce o seu inexorável
controle sobre nós, e a lei serve apenas para revelar a seriedade e a
força desse controle.
A morte... o pecado... a lei: tudo foi despedaçado com a morte e
ressurreição de Jesus. Mesmo agora podemos experimentar a vitória
sobre esse trio, mas os frutos plenos da vitória de Deus mediante nosso
Senhor Jesus Cristo só serão colhidos no último dia. Como tudo o mais
que Deus fez por nós em Cristo, essa vitória é um dom da sua graça:
graças a Deus que nos dá a vitória, agora e sempre.
6. Conclusão (15:58)
Notas:
1.Cf. A t 17:18.
2.A t 26:8.
3. A t 23:26; 24:21.
4. Cf. A t 23:8; tam bém M t 27:62-66.
5. A t 17:30-31.
6. 2 T m 2:18.
7. 1 Co ll:2 3 s s .
8. Cf. G 11:18-19.
9. Cf. G1 l : l l s s . ; E f3 :ls s .
10. M orris, pág. 164.
11. Por exem plo, F. F. Bruce, pág. 139.
12. Barrett, págs. 339-340.
13. Por exem plo, Rm 4:25; G 11:1-4.
14. Lc 24:26-27.
15. Especialm ente Is 52:14-53:12.
16. Por exem plo, SI 16; 49; 73; 88,
17. M c 12:18-27.
18. G. E. Ladd, I Belieue in lhe Resurrection o f Jesus (Hodder, 1975), págs. 105-106.
19. Cf. 1 Co 9:1: "não vi a Jesus, nosso Senhor?" N .B.: Ter sido um a testem unha
ocular da ressurreição era um requisito necessário para ser apóstolo (cf. A t
1 : 22 ).
20. M orris, pág. 166.
21. Cf. R m 12 :lss.; Cl 1:27-29.
22. Cf. 1 Co 4:11-13; 2 Co 6:4-10.
23. Cf. G 11:11-13; tam bém Rm 1:16-17; 1 Co 1:18; 2:1,5; 4:1; 9:1-2.
24. R m 6:23.
25. Cf. Jo 14:lss.
26. M orris, pág. 170.
27. Por exem plo, R m 3:21; 1 Co 6:11; Ef 2:4.
28. Cl 1:18.
29. Cf. E f 2:4-7; Cl 2:12-13; 3:1-4.
30. Rm 6:3,5,11-13; 8:10-11.
31. Cf. Rm 5:12-21.
32. Cf. 1 Co 1:18; 3:17; 5:13; 6:9ss.; 9:27; 15:18.
33. Rm 8:29.
34. Cf. 2 Co 5:17.
35. Barrett, pág. 357.
36. SI 8:5.
37. Barrett, pág. 362.
38. M orris, pág. 176.
39. Barrett, pág. 364.
40. Veja International Standard Bible Encyclopaedia, Vol. I (Eerdm ans, 1979), pág.
426.
41. 2 Co 11:26-27.
42. Cf. 2 Co 4:8-12.
43. Cf. Fp 3:10.
44. A t 19.
45. T am bém m encionado em Is 22:13.
46. Cf. 1 Co 8:1.
47. Jo 12:24.
48. Rm 8:21.
49. Jo 11.
50. Cf. H b 7:16.
51. 2 Tm 1:10.
52. A palavra traduzida por corrupção faz eco à linguagem de Paulo em Rm 8:21
e significa literalm ente "em decadência".
53. Cf. 2 Co 3:18 - 4:18; Fp 3:20-21.
54. G n 2 :7 .
55. Cf. 1 Co 2:14, onde o psychikos está em contraste com o pneum atikos, ou seja,
o hom em que tem o Espírito de D eus, que nasceu de novo pelo Espírito.
56. Cf. 1 Co 6:19.
57. G. E. Ladd, I Believe in the Resurrection o f Jesus, págs. 115,117.
58. 1 Co 4:1; cf. Cl 1:26-27.
59. O que Paulo descreve nesta passagem precisa ser lido junto com 1 T s 4:13ss.,
onde se apresenta um panoram a sem elhante.
60. Is 25:8.
61. O s 13:14.
62. M orris, pág. 188.
63. Cf. 1 Co 15:3.
64. Cf. Cl 1:27.
65. M c4:13ss.
66. M orris, pág. 189.
1 Coríntios 16:1-24
16. Uma Igreja Internacional
Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da
Galácia. 2No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte, em casa,
conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas
quando eu for. 3E, quando tiver chegado, enviarei, com cartas, para levarem
a vossas dádivas a Jerusalém, aqueles que aprovardes. 4Se convier que eu
também vá, eles irão comigo.
sIrei ter convosco por ocasião da minha passagem pela Macedônia, porque
devo percorrer a Macedônia. 6E bem pode ser que convosco me demore, ou
mesmo passe o inverno, para que me encaminheis nas viagens que eu tenha
de fazer. 7Porque não quero agora ver-vos apenas de passagem, pois espero
permanecer convosco algum tempo, se o Senhor o permitir. 8Ficarei, porém,
em Éfeso até ao Pentecoste; 9porque uma porta grande e oportuna para o
trabalho se me abriu; e há muitos adversários.
WE, se Timóteo for, vede que esteja sem receio entre v6s, porque trabalha na
obra do Senhor, como também eu; ninguém, pois, o despreze. Mas encaminhai-
o em paz, para que venha ter comigo, visto que o espero com os irmãos.
12Acerca do irmão Apoio, muito lhe tenho recomendado que fosse ter convosco
em companhia dos irmãos, mas de modo algum era a vontade dele ir agora;
irá, porém, quando se lhe deparar boa oportunidade.
:3Sede vigilantes, permanecei firmes na fé, portai-vos varonilmente, fortalecei-
vos. uTodos os vossos atos sejam feitos com amor.
ÍSE agora, irmãos, eu vos peço o seguinte (sabeis que a casa de Estéfanas é as
primícias da Acaia, e que se consagraram ao serviço dos santos): 16Que
também vos sujeitais a esses tais, como também a todo aquele que é cooperador
e obreiro. 17Alegro-me com a vinda de Estéfanas, e de Vortunato e de Acaico;
porque estes supriram o que da vossa parte faltava. wPorque trouxeram
refrigério ao meu espírito e ao vosso. Reconhecei, pois, a homens como estes.
19As igrejas da Ásia vos saúdam. No Senhor minto vos saúdam Áqiiila e
Priscila e, bem assim, a igreja que está na casa deles. 20Todos os irmãos vos
saúdam. Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo.
21A saudação, escrevo-a eu, Paido, de próprio punho. 22Se alguém não ama ao
Senhor, seja anátema. M aranata!23A graça do Senhor Jesus seja convosco.
240 meu amor seja com todos vós em Cristo Jesus.
4. Epílogo (16:21-24)
Notas:
1. Cf. A t 11:27-30.
2. Cf. A t 24:17; Rm 15:26; 2 Co 8-9.
3. Cf. A t 18:24ss.
4. iVTanufatura de tendas, cf. A t 18:3.
5. A t 19:10.
6. A t 19:20.
7. A t 20:17ss.
8. A t 20:18-19.
9. 1 Co 15:32.
10. Cf. Tg 2:6-7.
11. Barrett, pág. 394.
12. M t 20:26.
13. Cf. 1 Co 12:5.
14. Barrett, pág. 394.
15. M orris, pág. 198.
16. M orris, pág. 198.
17. M orris, pág. 199.
18. 1 Co 1:2.