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Prefácio

Em 1905, na sua encíclica Acerbo Nimis, o Papa São Pio X via na ignorância das verdades da Fé a principal
fonte dos males que afligiam o seu tempo. Quase um século passado, a ignorância religiosa estendeu ainda
mais as suas trevas, e os males que causa são, infelizmente, proporcionais a essa ignorância. Para tal remediar,
o Santo Papa ordenou certo número de medidas, para que o ensino do catecismo seja dado às crianças.
Que método utilizar? O que ensinar às crianças? São Pio X fez as seguintes recomendações: "Pertence,
pois, ao catequista escolher e tratar as verdades relativas à Fé ou aos costumes cristãos e pô-las em evidência
em todos os seus aspectos. Como, por outro lado, o fim do ensino deve ser a emenda da vida, o catequista
estabelecerá uma comparação entre os preceitos; depois, com a ajuda de exemplos apropriados e sabiamente
escolhidos nas Sagradas Escrituras, na História eclesiástica ou na vida dos santos, mostrará aos seus auditores
e far-lhe-á como que tocar com o dedo, a regra segundo a qual devem ordenar a sua conduta; terminará
exortando-os a detestar e fugir do vício, e a praticar a virtude". Este método parece pleno de sabedoria e, no
entanto, quantos conhecimentos não requer da parte do catequista? O padre, como os seus anos de estudo,
poderá sem dúvida consegui-lo, mas estará ao alcance da mãe? Tal exige o conhecimento do catecismo, da
Sagrada Escritura, da História da Igreja e da vida dos santos.
Com a ajuda do catecismo em imagens, publicado poucos anos após a encíclica de São Pio X, isso tornou-
se fácil. Tomemos, por exemplo, o Quadro nº 2, que ilustra o mistério da Santíssima Trindade. Ao centro, num
triângulo equilátero, símbolo da Trindade, estão representadas as Três Pessoas Divinas. Em volta, três cenas
tiradas da Sagrada Escritura lembram como este mistério nos foi revelado: por Nosso Senhor, ao ordenar, no
dia da Sua Ascensão, batizar "em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo"; pelo Batismo de Nosso Senhor,
onde se manifestaram as Três Pessoas Divinas; pelos três Anjos que visitaram Abrão e que prefiguram o
mistério. Uma quarta cena, tirada da vida de Santo Agostinho, lembra que este mistério ultrapassa a nossa
razão.
Cada um dos sessenta e oito quadros realiza, assim, a síntese das verdades da Fé, da Sagrada Escritura,
da vida dos Santos e da História da Igreja.
E apesar de tal riqueza doutrinal, este catecismo está ao alcance de todas as crianças. Ainda mais,
cativará as crianças. A dificuldade com que o catequista se vai confrontar não será interessar a criança, mas
travar a sua curiosidade, para lhe dar tempo de explicar cada ponto: "Quem é este homem? Por que faz
isto?..." Por vezes, estas perguntas farão aparecer os limites do seu saber!
Possa este Catecismo Ilustrado ajudar-nos a dar uma profunda instrução religiosa às crianças de nossa
responsabilidade, porque uma boa formação cristã é garantia de salvação.
Pedimos confiadamente ao Sagrado Coração de Jesus e ao Coração Imaculado de Maria que abençoem estas
páginas, para maior glória de Deus e o bem das almas.

O Editor
INTRODUÇÃO

O CATECISMO

1. O catecismo é uma instrução familiar, por meio de perguntas e repostas, sobre a doutrina cristã.
2. A doutrina cristã é a que nos foi ensinada por Nosso Senhor Jesus Cristo quando pregou o Evangelho pela
Judeia.

Explicação da gravura
3. Antes de ensinar a sua doutrina, Nosso Senhor quis mostrar às crianças, com o seu exemplo, como
deviam receber as instruções do catecismo. A fim de celebrar a festa da Páscoa, o Salvador compareceu em
Jerusalém aos doze anos de idade, acompanhado de Maria e José. Vêmo-lo nesta gravura, ao alto e à esquerda,
no templo, rodeado dos doutores da lei a quem escuta e interroga. Diz-nos o Evangelho que o Divino Mestre os
assombrou pela sabedoria das suas respostas.
4. Chegando à idade de trinta anos, Jesus começou a percorrer a Judeia para ensinar a sua doutrina. Pregava
ora nas sinagogas, onde os Judeus se reuniam para rezar, ora nas montanhas e nas praias. A gravura nº 10
representa-O, ao alto à direita, assentado numa barca no mar da Galileia. Em volta vêem-se os Apóstolos, e na
margem, escutando os seus ensinamentos, os Judeus de uma aldeia vizinha.
5. Depois de Jesus Cristo subir ao Céu, a sua doutrina, em cada época, era pregada pelos Apóstolos, bispos,
padres e diáconos. No meio da gravura, vemos o diácono Filipe, sentado num carro de quatro rodas junto de
um oficial de Candacia, da rainha da Etiópia, o qual lia as Sagradas Escrituras sem as compreender. Filipe
explicou-lhas, e o oficial pediu o Batismo dizendo: "Creio que Jesus Cristo é Filho de Deus".
6. O último plano da gravura representa, à esquerda, o Sumo Pontífice, ensinando a todas as classes sociais a
doutrina cristã; à direita, um Bispo pregando aos homens, ainda no paganismo, o santo Evangelho; e ao centro
um sacerdote ensinando o catecismo às crianças.

O fim do Homem
7. É necessário a todos os homens e sobretudo aos cristãos o conhecimento da doutrina cristã, por isso, sem o
seu conhecimento não se pode alcançar o fim para que Deus nos criou.
8. Deus criou-nos para O conhecermos, amarmos, servirmos e obtermos assim a vida eterna.
9. Servimos a Deus: 1º observando a sua lei; 2º cumprindo fielmente os deveres do nosso estado; 3º
glorificando-O por toda a espécie de boas obras.
10. É necessário servirmos a Deus: 1º porque só para esse fim fomos criados; 2º porque todo aquele que não
serve a Deus se expõe a ser eternamente condenado ao Inferno.
11. Há muitos homens que não servem a Deus e que se prendem aos bens da terra de preferência a Deus.
Prendem-se às honrarias pelo orgulho, às riquezas pela avareza, aos prazeres pela luxúria e pela gula.
12. Mas não conseguem encontrar a felicidade, porque o coração do homem foi feito para Deus e os bens da
terra não o podem satisfazer. Só Deus nos pode tornar felizes, porque Ele é supremo bem.
13. Mesmo nesta vida, Deus concede aos que O servem a paz duma boa consciência; protege-os nas suas obras;
consola-os nas suas tristezas, e cumula-os de toda a espécie de benefícios.
14. Gozaremos de uma felicidade perfeita, quando possuirmos a vida eterna, isto é, quando virmos a Deus no
Céu por toda a eternidade.

O nome e o sinal do cristão


15. Chama-se cristão aquele que foi batizado e professa a religião cristã.
16. É uma grande felicidade o ser-se cristão, porque o cristão é filho de Deus, irmão de Jesus Cristo e herdeiro
do paraíso.
17. O sinal pelo qual se reconhece o cristão é o sinal da Cruz: "Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.
Assim seja". Ou em latim: "In nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti, Amem".
18. O sinal da Cruz lembra-nos que há um só Deus em três pessoas, e que Jesus Cristo, Filho de Deus feito
homem, morreu por nós na Cruz.
19. Feito com Fé e piedade, o sinal da Cruz afasta os perigos e as tentações e atrai sobre nós bênçãos de Deus.
O SÍMBOLO DOS APÓSTOLOS

1º ARTIGO: CREIO EM DEUS PAI TODO PODEROSO

1. Deus pode falar aos homens, pois deu-lhes a faculdade de se entenderem.


2. Deus falou verdadeiramente aos homens; é o que se chama Revelação.
3. Sem a Revelação não nos poderíamos salvar, visto ser impossível saber, por nós próprios, o que é preciso crer
e fazer para obtermos a Salvação.
4. Distinguem-se três revelações: 1º a Revelação primitiva, feita por Deus a Adão e aos patriarcas; 2º a Revelação
Mosaica, feita por Deus a Moisés; 3º a Revelação cristã que nos foi feita por Nosso Senhor Jesus Cristo.

O Símbolo dos Apóstolos


5. O símbolo dos Apóstolos é uma profissão de Fé que os Apóstolos nos deixaram e que, em doze artigos,
encerra as verdades principais que devemos crer.
6. A primeira dessas verdades é que há um Deus, e um só, exclusivamente.
7. Cremos em Deus, porque Ele próprio nos revelou a sua existência.
8. Também a razão nos diz que há um Deus, porque, se não houvesse, o mundo não poderia existir. Com efeito,
o mundo não poderia criar-se a si mesmo, como nem sequer pode criar-se uma casa ou um relógio.
9. Deus é puro espírito, infinitamente perfeito, criador do Céu e da Terra, e soberano Senhor de todas as coisas.
10. Digo que Deus é um puro espírito, porque não tem corpo, e não pode ser visto pelos nossos olhos, nem
tocado pelas nossas mãos.
11. Digo que Deus é infinitamente perfeito, porque Ele possui todas as perfeições e as suas perfeições não têm
limites.
12. Deus tem existido sempre; nunca teve princípio, e nunca há-de ter fim.
13. Deus está no Céu, na terra, e em toda a parte.
14. Deus conhece todas as coisas, o passado, o presente, o futuro, e até os nossos pensamentos e desejos e vê-
nos sempre, mesmo quando nos ocultamos para o ofender.

O mistério da Santíssima Trindade


15. Um mistério é 1 verdade revelada por Deus que devemos acreditar, embora não possamos compreender.
16 . O mistério da Santíssima Trindade é o mistério de um só Deus em três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo.
17. O Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus, O Pai, o Filho e o Espírito Santo são um só e o mesmo
Deus; são iguais em todas as coisas, porque têm uma só e a mesma substância e, portanto, uma só e a mesma
divindade.

Explicação da gravura
18. A Santíssima Trindade está representada no centro por um grande triângulo, no qual se vê Deus Pai sobre
o globo do mundo, segurando os braços da Cruz à qual está pregado Jesus Cristo, seu Filho; o Espírito Santo,
sob a forma de uma pomba, derrama os seus raios de luz entre o Pai e o Filho, o que nos dá a entender que
procede do Pai e do Filho.
19. Ao alto da gravura vê-se, à esquerda, Jesus Cristo, conferindo aos Apóstolos, antes de subir ao Céu, a missão
de ensinar todas as nações e de as batizar em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.
20. Vê-se, à direita, Batismo de Jesus Cristo, no qual se manifestaram as três pessoas divinas (ver gravura 19).
21. Em baixo, à esquerda, vemos Abraão recebendo a visita de três Anjos; Abraão viu os três, e apenas saudou
a um, dizendo: "Senhor, se achei Graça diante dos teus olhos, não passarás sem visitar a casa do teu servo".
22. À direita, vemos Santo Agostinho e uma criança, - Um dia, o santo Bispo de Hipona passeava à beira-mar,
querendo aprofundar o mistério da Santíssima Trindade. De súbito, vê uma criança entretida a encher uma
pequena concha e a vasar a água numa cova que abrira na areia. "Meu filho, que pretendes tu fazer? - "Quero
meter neste buraco toda a água do mar" - "Mas tu bem vês que este buraco é muito pequeno para tanta água".
- "Mais fácil me será meter o mar neste buraco, do que tu compreenderes o mistério da Santíssima Trindade".
- E dizendo isto, a criança desapareceu. Era um anjo que tomara aquela forma para advertir o santo de que o
mistério da Santíssima Trindade era impenetrável a todos os espíritos criados.
1º ARTIGO (CONTINUAÇÃO): CRIADOR DO CÉU E DA TERRA

A criação
1. Estas palavras do Símbolo "Criador do Céu e da Terra" significam que Deus tirou do nada o Céu e a Terra com
tudo o que estes encerram.
2. Os homens não podem criar, porque para fazer alguma coisa do nada, é preciso ser-se omnipotente. Só Deus
pode criar, porque só Deus é omnipotente.
3. Deus não era obrigado a criar o mundo; criou-o porque assim o quis.
4. Deus criou o mundo pela sua palavra, isto é, por um só ato da sua vontade.
5. As mais perfeitas criaturas de Deus são os Anjos e os homens.

Os anjos
6. Os anjos são puros espíritos que Deus criou para O adorarem, e executarem Suas ordens.
7. Deus criou-os em estado de Graça e de santidade, mas nem todos perseveraram nesse estado; uma parte
deles revoltou-se contra Deus, perdendo a Graça por causa do seu orgulho.
8. Deus recompensou a fidelidade dos Anjos bons, confirmando-os em Graça e dando-lhes a posse da felicidade
do Céu.
9. As funções dos Anjos bons são louvar a Deus e executar as suas ordens.
10. Os anjos bons, em especial os Anjos da guarda, velam por nós e protegem-nos.
11. Devemos respeitar a presença do nosso Anjo da guarda, e invocá-lo nas tentações e nos perigos.
12. Deus castigou os anjos rebeldes, expulsando-os do Céu e condenando-os ao suplício do Inferno.
13. Os anjos maus procuram arrastar-nos ao mal, porque são inimigos de Deus e inimigos da felicidade eterna
que nos está prometida.

Explicação da gravura
15. Esta gravura representa a obra divina por meio de seis zonas circulares, cada uma das quais reproduz uma
dos seis dias da Criação e a atitude de Deus realizando a sua obra.
16. A primeira zona representa a obra do primeiro dia, isto é, Deus criando a luz.
17. A segunda, a obra do segundo dia, isto é, Deus criando o firmamento e separando-o da Terra e dos Céus.
18. A terceira representa a obra do terceiro dia, isto é, Deus separando a terra das águas e mandando à terra
que produzisse todas as espécies de plantas.
19. A quarta representa a obra do quarto dia, isto é, Deus criando o sol, a lua e as estrelas.
20. A quinta representa a obra do quinto dia, isto é, Deus criando as aves no espaço e os peixes na água.
21. A sexta, sexto dia, isto é, Deus criando animais terrestres e fazendo o homem à sua imagem e semelhança.
22. No alto da gravura, Deus descansa ao sétimo dia e consagra-o ao seu serviço. Este descanso é simbolizado
pelo sol velado e pelos astros que presidem à noite, a lua e as estrelas. O triângulo formado por uma nuvem e
no qual Deus descansa, significa que as três pessoas divinas cooperam, todas elas, na obra da criação. É o que
estas palavras nos revelam: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança".

O homem
23. O homem é uma criatura racional, composta de alma e corpo.
24. A alma é um espírito criado à imagem de Deus para ser unido a um corpo, e que jamais morrerá.
25. A nossa alma é criada à imagem de Deus no que esta é capaz de conhecer, amar e agir livremente.
26. É certo que a nossa alma é imortal, é por isso que, depois desta vida, Deus deve na sua Justiça recompensar
a virtude ou punir o vício.
27. Deus criou o primeiro homem, formando o seu corpo com terra e unindo a esse corpo uma alma que tirou
do nada.
28. Para criar a primeira mulher Deus mergulhou Adão num sono misterioso, e enquanto ele dormia tirou-lhe
uma costela da qual formou a primeira mulher, unindo uma alma a esse corpo.
29. O primeiro homem chamou-se Adão e a primeira mulher Eva, e deles somos todos descendentes; por isso,
os chamamos os nossos primeiros pais. Deus colocou Adão e Eva num lugar de delícias chamado o paraíso.
2º ARTIGO: E EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR

Promessa de um Redentor
1. Deus criou Adão e Eva, como os Anjos, num estado de inocência e de justiça em que não estavam sujeitos
nem às dores, nem à morte.
2. O demônio, serpente, levou os nossos primeiros pais a desobedecerem a Deus, comendo do fruto proibido.
3. Em castigo da sua desobediência foram expulsos do paraíso terrestre, e condenados a comer o pão com o
suor do seu rosto; ficaram sujeitos à ignorância, concupiscência, dor, morte, e excluídos da felicidade do Céu.
4. O pecado de Adão transmitiu-se a todos os seus descendentes, de forma que estes nascem culpados do
pecado dos seus primeiros pais e sujeitos às mesmas misérias.
5. O pecado de que todos os homens nascem réus chama-se pecado original, isto é, que vem da nossa origem
(ver gravura 58).
6. A Santíssima Virgem foi isenta, por um privilégio especial, do pecado original, porque devia ser a Mãe do
Filho de Deus (ver gravura 54).
7. Deus não abandonou o homem depois do seu pecado. Compadeceu-se dele, e prometeu-lhe um Salvador
que se chamou o Messias.
8. Deus renovou aos patriarcas Abraão e Jacob a promessa dum Salvador.
9. Deus fez anunciar pelos profetas com muita antecipação a vinda do Salvador.
10. Os profetas predisseram a época da vinda do Messias, o seu nascimento de uma virgem em Belém, os seus
milagres, paixão, morte, Ressurreição, e finalmente o estabelecimento da sua religião por toda a Terra.
11. O Salvador prometido ao mundo é Nosso Senhor Jesus Cristo.

O Verbo Eterno
12. São João, ao começar o seu Evangelho, descreve assim a geração eterna do Redentor: "No princípio era o
Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus, Este estava no princípio com Deus. Todas as coisas
foram feitas por Ele e sem Ele nada foi feito. N'Ele estava a vida, e a vida era a luz dos homens, E a Luz brilha
nas trevas, e as trevas não a receberam. Apareceu um homem enviado por Deus que se chamava João. Veio
como testemunha para dar testemunho da luz, a fim que todos cressem por meio dele. Não era a luz, mas veio
para dar testemunho da luz."
O Verbo Encarnado
13. "O Verbo era a luz verdadeira que vindo a este mundo, ilumina todo o homem. Estava no mundo e o mundo
foi feito por Ele, e o mundo não O conheceu. Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam. Mas a todos
os que O receberam, àqueles que creem no Seu nome, deu poder de se tornarem filhos de Deus; eles que não
nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo fez-se
carne, e habitou entre nós, e nós vimos a sua glória, glória como de Filho Unigénito do Pai, cheio de Graça e de
verdade." (Jo I, 1-14.)
Testemunho do Precursor
14. "João dá testemunho d'Ele e clama: Este era Aquele de Quem eu disse: O que há-de vir depois de mim, é
mais do que eu, porque era antes de mim. Todos nós participamos da Sua plenitude e recebemos Graça sobre
Graça; porque a lei foi dada por Moisés, mas a Graça e a verdade foram trazidas por Jesus Cristo. Ninguém viu
jamais a Deus; o Unigênito de Deus, que está no seio do Pai, Ele mesmo é que O deu a conhecer" (Jo I, 15-18)

Explicação da gravura
15. Esta gravura representa o milagre da Transfiguração, no qual Deus Pai proclama Jesus Cristo seu Filho.
16. "Jesus Cristo tomou consigo Pedro, Tiago e João e levou-os à parte ao monte Tabor, e transfigurou-se diante
deles. O seu rosto ficou como o sol e as suas vestes tornaram-se luminosas de brancas que estavam. Eis que
lhes apareceram Moisés e Elias falando com Ele. Pedro tomando a palavra, disse a Jesus: "Senhor que bom é
nós estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas, uma para Ti, uma para Moisés, e outra para Elias". Estando
ele ainda a falar eis que uma nuvem resplandecente os envolveu; e saiu da nuvem luminosa uma voz que dizia:
"Este é o meu Filho muito amado, em quem pus toda a Minha complacência; ouvi-O". Ouvindo isto, os Apóstolos
caíram de bruços, e tiveram grande medo"". (Mt XVII, 1-9)
3º ARTIGO: CONCEBIDO PELO PODER DO ESPÍRITO SANTO

O mistério da Encarnação
1. O mistério da Encarnação, contido no 2º e no 3º artigo do Símbolo, é o mistério do Filho de Deus feito homem.
2. O Filho de Deus fez-se homem tomando um corpo e uma alma semelhantes aos nossos no seio da bem-
aventurada Virgem Maria, sua Mãe, por obra e Graça do Espírito Santo.
3. O Filho de Deus feito homem chama-se Jesus Cristo.
4. O nome de Jesus significa Salvador. "E lhe chamarão por nome Jesus, disse o anjo a São José, porque Ele
salvará o seu povo dos seus pecados".
5. Chamamos ainda a Jesus Cristo Nosso Senhor, isto é, nosso Mestre, porque Ele nos criou e nos resgatou com
o Seu sangue.
6. Jesus Cristo é Deus e homem no todo, porque tem duas naturezas, a natureza divina e a natureza humana.
7. Só há em Jesus Cristo uma pessoa, que é a pessoa do Filho de Deus.

Explicação da gravura
8. Esta gravura representa o anjo Gabriel saudando a Santíssima Virgem, quando ela orava na sua casa de
Nazaré, e anunciando-lhe que Deus a escolhera para ser a mãe do Salvador. No mesmo instante, o Espírito
Santo operou em Maria, por um grande milagre, o mistério da Encarnação.
Damos a seguir a narração da Anunciação e da Visitação, segundo o Evangelho de São Lucas.

A Anunciação
9. "Estando Isabel no sexto mês, foi enviado por Deus o anjo Gabriel a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré,
a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de David; o nome da virgem era Maria. Entrando
o anjo onde ela estava, disse-lhe: "Salve, ó cheia de Graça; o Senhor é contigo".
Ela, ao ouvir estas palavras, perturbou-se e discorria pensativa que saudação seria esta. O anjo disse-lhe: "Não
temas, Maria, pois achaste Graça diante de Deus; eis que conceberás no teu ventre, e darás à luz um filho, a
Quem porás o nome de Jesus. Será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus Lhe dará o trono
de Seu pai David; reinará sobre a casa de Jacob eternamente e o Seu Reino não terá fim"".
10. Maria disse ao anjo: "Como se fará isso, pois eu não conheço homem?" O anjo respondeu-lhe: "O Espírito
Santo descerá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra; por isso mesmo, o Santo, que há-
de nascer de ti, será chamado Filho de Deus. Eis que também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua
velhice; e este é o sexto mês da que se dizia estéril; porque a Deus nada é impossível". Então Maria disse: "Eis
aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra". E o anjo retirou-se dela."" (Lucas I, 26)

Visitação
11. "Naqueles dias, levantando-se Maria, foi com pressa às montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa
de Zacarias e saudou Isabel. Aconteceu que, logo que Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe no
ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo; e exclamou em alta voz: "Bendita és tu entre as mulheres, e
bendito é o fruto do teu ventre. Donde a mim esta dita, que venha ter comigo a mãe do meu Senhor? Porque,
logo que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, o menino saltou de alegria no meu ventre. Bem-
aventurada a que acreditou, porque se hão-de cumprir as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor".

Cântico de Maria
"A minha alma glorifica o Senhor; e o meu espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador, porque olhou para
a humildade da Sua serva. Portanto, eis que, de hoje em diante, todas as gerações me chamarão ditosa, porque
o Todo-poderoso fez em mim grandes coisas. O Seu nome é Santo, e a Sua misericórdia se estende de geração
em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, dispersou os homens de coração
soberbo. Depôs do trono os poderosos, elevou os humildes. Encheu de bens os famintos, e aos ricos despediu
de mãos vazias. Tomou cuidado de Israel, Seu servo, lembrado da Sua misericórdia; conforme tinha prometido
a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre". (Lucas I, 39-56)
3º ARTIGO (CONTINUAÇÃO): NASCEU DA MARIA VIRGEM

Explicação da gravura
1. Ao centro, o Menino Jesus nasce no estábulo de Belém, cercado dos cuidados de Maria, sua Mãe, e de São
José, seu pai adotivo. Perto da manjedoura onde o Menino repousa, um boi e um jumento, animais que,
segundo a Tradição, lá se encontravam.
2. Os pastores vêm adorá-l'O e no Céu os anjos entoam o alegre cântico: "Glória a Deus nas alturas, e paz na
terra aos homens de boa vontade" .

Nascimento de Jesus Cristo


3. "Naqueles dias, saiu um édito de César Augusto, prescrevendo o recenseamento de toda a terra. Este
recenseamento foi feito por Quirino, governador da Síria. Iam todos recensear-se, cada um à sua cidade. José
foi também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, que se chamava Belém, porque era da
casa e família de David, para se recensear juntamente com Maria, sua esposa, que estava grávida. Ora, estando
ali, aconteceu completarem-se os dias em que ela devia dar à luz, e deu à luz o seu Filho primogênito, e O
enfaixou e O reclinou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria."(Lucas II, 1-7)

Vida oculta de Jesus


4. Guiados por uma estrela milagrosa, os Magos, em número de três, vieram adorar o Menino Jesus, e
ofereceram-lhe ouro como a um rei, incenso como a um Deus e mirra como a um homem mortal, visto que a
mirra era empregada para embalsamar os mortos.
5. Nosso Senhor foi apresentado no templo quarenta dias depois do seu nascimento, no segundo dia de
fevereiro. A Santíssima Virgem cumpriu nesse dia a cerimônia da purificação, prescrita pela lei de Moisés.
6. Depois da apresentação no templo, os pais de Jesus levaram-no para o Egito, a fim de escapar à perseguição
de Herodes, que o queria mandar matar.
7.Para conseguir o seu fim, Herodes mandou degolar todas as crianças até a idade de dois anos em Belém e
seus arredores. Estas crianças são os chamados Santos Inocentes.
8. Morto Herodes, o Menino Jesus voltou para Nazaré, na Galileia, onde permaneceu até à idade de trinta anos.
9. A vida de Jesus em Nazaré foi uma vida ignorada, pobre e de trabalho.
10. Ensina-nos o Evangelho que durante este tempo Jesus Cristo frequentava o templo nos dias de festa, era
obediente a seus pais, e à medida que ia crescendo em idade, mais dava provas de sabedoria e santidade.

Vida pública de Jesus


11. Com a idade de trinta anos, Jesus Cristo recebeu o Batismo das mãos de São João Baptista, nas águas do
Jordão. (Mat. IV, 13-17)
12. E retirou-se em seguida para o deserto onde jejuou durante quarenta dias (gravura 51) permitindo ao
demônio que O tentasse, para nos ensinar como devemos resistir às tentações. (Gravura 53). (Mat. IV, 1-11)
13. Saindo do deserto, Jesus Cristo escolheu os Seus doze Apóstolos, e começou a pregar o Evangelho na Judeia.
14. Nosso Senhor tomou para Seus Apóstolos uns pobres pescadores que não tinham nenhuma instrução e
viviam do seu trabalho.
15. São os seus nomes: Simão chamado Pedro, e André seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão;
Filipe e Bartolomeu, Tomé, Mateus o publicano, Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu, Simão Cananeu e Judas Iscariotes.
16. A palavra "Evangelho" quer dizer boa nova. A boa nova, que Jesus Cristo anunciava, era ser Ele Filho de
Deus, o Messias ou Salvador prometido desde o princípio do mundo.
17. Jesus Cristo reforçava a sua doutrina com a prática de numerosos milagres. Fez o primeiro a pedido da sua
Santíssima Mãe, mudando a água em vinho nas bodas de Caná, na Galileia. (Jo. II, 1-11)
18. Para testemunhar o seu amor às crianças, Jesus acariciava-as com as mãos, abraçava-as e abençoava-as
dizendo: "Deixai vir a mim as crianças, porque dos que são como elas é o Reino de Deus". (Marcos X, 13-17)
19. Falando aos infelizes, Jesus dizia: "Vinde a mim, todos os que estais fatigados, e eu vos aliviarei". (Mt XI, 28)
20. Jesus recebia os pecadores com bondade, e dizia: "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores à
penitência". (Lucas V, 31)
4º ARTIGO: PADECEU, FOI CRUCIFICADO, MORTO E SEPULTADO

O mistério da Redenção
1. O mistério da Redenção é o mistério do Filho de Deus morto na Cruz para resgatar todos os homens.
2. Estas palavras, "Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos", significam que durante o governo de Pôncio Pilatos
na Judeia foi que Jesus Cristo sofreu as maiores dores na sua alma e no seu corpo.
3. Na sua alma Jesus sofreu o desconforto, o pavor, uma tristeza mortal: "A minha alma, dizia, está triste até a
morte".
4. No seu corpo Jesus Cristo sofreu tais tormentos que o profeta Isaías o chamava "Homem de dores", "Homem
ferido por Deus", e "despedaçado por causa dos nossos pecados".
5. Não eram necessários tantos sofrimentos para a nossa redenção, pois que teria bastado a Jesus Cristo
derramar uma só gota de sangue, pelo seu merecimento infinito, para a obra da redenção.
6. Quis Nosso Senhor sofrer assim para nos mostrar bem o seu amor e para nos inspirar um maior horror pelo
pecado que foi a causa da nossa morte.
7. Jesus Cristo sofreu: 1º no jardim das Oliveiras; 2º em casa de Caifás; 3º em casa de Herodes; 4º em casa de
Pilatos; 5º no Calvário.
8. No jardim das Oliveiras Jesus Cristo sofreu as dores da agonia, tão grandes que o fizeram suar um suor de
sangue. Foi nesse jardim que Judas, um dos seus Apóstolos, o entregou aos seus inimigos, dando-lhe um beijo.
(Gravura 18.)
9. Em casa de Caifás, Jesus foi negado três vezes por São Pedro (gravura 29), esbofeteado, coberto de opróbrios,
declarado réu de morte por dizer-se Filho de Deus.
10. Em casa de Herodes, Tetrarca da Galileia, vindo a Jerusalém para celebrar a Páscoa, vestiram a Jesus uma
túnica branca, por escárnio, tratando-O como a um louco.
11. Em casa de Pilatos, açoitaram Jesus Cristo, coroaram-n'O de espinhos e condenaram-n'O a morrer na Cruz,
embora o juiz tivesse reconhecido a sua inocência.
12. No calvário, deram a beber a Jesus Cristo fel e vinagre e crucificaram-n'O entre dois ladrões. Pregado na
Cruz, pediu ao seu Pai que perdoasse aos algozes; prometeu o paraíso ao bom ladrão; recomendou a sua Mãe
a São João e deu São João por filho à sua Mãe, e depois de ter dito que tudo estava consumado, entregou o
espírito nas mãos do Seu Pai.
13. Estas palavras do Símbolo "foi morto" significam que a alma de Jesus Cristo se separou de seu corpo, mas a
divindade permaneceu unida à Sua alma e ao Seu corpo.
14. Jesus Cristo morreu na Sexta-Feira Santa, perto das três horas da tarde.
15. Quando Jesus Cristo morreu, o sol eclipsou-se, a terra tremeu, as rochas abriram-se, o véu do templo rasgou-
se de alto a baixo, e muitos mortos ressuscitaram, como se vê na gravura, no plano inferior à esquerda.
16. Após a morte de Jesus, um soldado rasgou-lhe o lado com uma lança, saindo da ferida sangue e água.
17. Nosso Senhor permitiu que lhe fizessem esta ferida para mostrar: 1º que nos tinha amado em extremo,
vertendo por nós até à última gota do Seu sangue; 2º que o Seu coração permaneceria sempre aberto para
derramar sobre nós a abundância de Suas graças.
18. As palavras do Símbolo "e sepultado" significam que depois de morto, o corpo de Jesus Cristo foi despregado
da Cruz e metido no túmulo.
19. Depois de sepultado Jesus, taparam a entrada do sepulcro com uma grande pedra, que Pilatos mandou
selar, encarregando soldados de guardarem o túmulo.
20. Os judeus tomaram estas precauções para impedir que fosse roubado o corpo de Jesus, e Deus permitiu-as
para tornar mais manifesta a sua Ressurreição.

Via sacra
21. A Igreja recomenda aos fiéis o piedoso exercício chamado "Via sacra", que lhes recorda em 14 estações a
Paixão do Salvador. Concede numerosas indulgências a quem rezar a Via sacra com sincera devoção e contrição.

Explicação da gravura
22. A gravura representa a condenação de Jesus por Pilatos, Jesus açoitado, Jesus pregado na Cruz e colocado
entre dois ladrões, e a sepultura de Jesus.
5º ARTIGO: E DESCEU AOS INFERNOS

1. As palavras "e desceu aos infernos" significam que, morto Jesus Cristo, a Sua alma desceu aos infernos,
onde se demorou todo o tempo que o Seu corpo permaneceu no sepulcro, e ainda que a mesma pessoa de
Jesus Cristo esteve ao mesmo tempo nos infernos e no sepulcro. Não deve isso parecer estranho, pois que,
embora a alma de Jesus Cristo se separasse do Seu corpo, todavia a divindade ficou sempre unida à Sua alma
e ao Seu corpo.
2. Deve entender-se pela palavra "Inferno" os lugares ocultos, os depósitos em que são retidas, como
prisioneiras, as almas que não podem gozar logo da beatitude eterna. Neste sentido a Sagrada Escritura
emprega esta palavra em muitas passagens. Foi ainda neste sentido que São Paulo disse que em nome de
Jesus Cristo todos os joelhos se dobram no Céu, na terra e nos infernos.
3. Não obstante designados todos pelo nome de infernos, estes lugares não são iguais. Um deles é como que
uma prisão escuríssima e horrível, onde as almas dos condenados estão continuamente atormentadas pelos
demônios com um fogo que se não pode extinguir. Denomina-se este lugar a Geena, o abismo, ou mais
comumente, o Inferno.
4. No segundo destes lugares encontra-se o fogo do Purgatório. As almas que morreram em estado de Graça
permanecem aí durante um certo tempo, até se purificarem de todo, e poderem entrar na pátria eterna, onde
não pode ter guarida nem haver sombra de pecado.
5. Ao terceiro destes lugares chama-se limbo, e neste eram recebidas, antes da vinda de Jesus Cristo, as almas
dos santos, que ficavam aí em descanso, sem nenhum sentimento de dor, na esperança da sua redenção. E
foram as almas destes santos que esperavam o seu Salvador no seio de Abraão, que Nosso Senhor libertou
quando desceu aos infernos.
6. É um erro supor que Jesus Cristo desceu a estes lugares apenas para fazer brilhar aí o seu poder. Devemos
acreditar firmemente que a sua alma desceu com efeito aos infernos e que aí se fez realmente presente,
como expressamente o indicam estas palavras de David: "Não deixareis a minha alma nos infernos".
7. Esta descida de Jesus Cristo aos infernos em nada diminuiu o seu poder e majestade, e as trevas destes
lugares não ofuscaram no mundo o brilho da sua glória. Pelo contrário, devemos ver neste fato, não só que
era rigorosamente verdadeiro tudo o que se dissera da santidade de Jesus Cristo, como também que Este era
Filho de Deus, como já o tinha provado pelos seus milagres.
8. Isto se compreenderá facilmente se compararmos as razões que levaram Jesus a descer aos infernos, com
as razões que obrigam os outros homens a encontrar-se ali. Os homens tinham descido ali como cativos, ao
passo que Jesus Cristo desceu como Aquele que, sendo o único livre entre os mortos e o único vitorioso, ia
afugentar os demônios que os retinham ali tão severamente encerrados por causa das suas culpas.
9. E desceu não apenas para arrebatar ao demônio os seus próprios despojos, libertando deste cativeiro as
almas dos santos Patriarcas e os outros Judeus ali detidos, como ainda para entrar triunfalmente no Céu em
sua companhia, o que fez de um modo admirável e glorioso, porque a sua presença derramou uma luz
brilhantíssima neste lugar onde estavam os felizes cativos, dilatando-lhes os corações com uma inconcebível
alegria e fazendo-os gozar da suprema beatitude, que consiste na união com Deus.

Explicação da gravura
10. Esta gravura representa a alma de Jesus Cristo aparecendo no limbo. Figuram, em primeiro plano, Adão e
Eva de joelhos; seguem-se à esquerda, Abraão brandindo o gládio contra Isaac; Jacob com seu cajado na mão;
David com a sua Lyra, etc., à direita, Moisés de cuja fronte irradiam raios de luz; Aarão com a sua vara; São José
segurando uma açucena. Nosso Senhor permaneceu na companhia deles até à sua Ressurreição.
11. No plano superior, vê-se o Inferno onde ardem os demônios e os condenados; Jesus Cristo não desceu a
este abismo de dores, nem ao Purgatório; fez, todavia, sentir aos condenados a sua ação, dando-lhes a conhecer
a sua divindade, e às almas do Purgatório dando-lhes a esperança da glória.
5º ARTIGO (CONTINUAÇÃO): AO TERCEIRO DIA RESSUSCITOU DOS MORTOS

1. Estas palavras "ao terceiro dia ressuscitou dos mortos" significam que Jesus Cristo, ao terceiro dia após a sua
morte, reuniu a sua alma ao seu corpo pela sua omnipotência e saiu do túmulo vivo e glorioso.
2. O corpo de Nosso Senhor esteve no túmulo durante três dias no todo ou em parte, a saber: uma parte da
Sexta-Feira, todo o Sábado, e uma parte do Domingo.
3. Torna-se preciso saber que Jesus Cristo não quis retardar a sua Ressurreição até ao fim do mundo, a fim de
dar uma prova da sua divindade; mas não quis também ressuscitar imediatamente depois de sua morte, mas
só três dias depois, para dar a conhecer que era verdadeiro Homem e que morrera com efeito. Aquele lapso de
tempo era suficiente para provar a verdade da sua morte.

Aparições
4. Sabemos que Jesus Cristo ressuscitou pelo testemunho dos Apóstolos e dos discípulos a quem Ele se mostrou
muitas vezes depois da Ressurreição.
5. No dia da Ressurreição, Jesus Cristo mostrou-se aos Apóstolos reunidos no cenáculo e deu-lhes o poder de
perdoar os pecados.
6. Algum tempo depois, Jesus Cristo mostrou-se a muito Apóstolos que estavam pescando no mar de Galileia.
Foi nesta aparição que o Redentor elevou São Pedro à dignidade de pastor supremo da Igreja.
7. Antes de subir ao Céu, Jesus Cristo mostrou-se ainda uma vez aos Apóstolos, ordenando-lhes que pregassem
o Evangelho a todas as nações.
8. Devemos acreditar no testemunho dos Apóstolos em favor da Ressurreição de Jesus, porque estes deram a
vida para atestar que tinham visto Jesus Cristo ressuscitado. Não podiam ser impostores os homens que se
deixam matar para confirmação do seu testemunho.

Qualidade dos corpos ressuscitados


9. O corpo de Jesus Cristo ressuscitado tinha todas as qualidades dos corpos gloriosos, a saber: impassibilidade,
esplendor, agilidade e sutileza.
10. Por "impassibilidade" entendo que o corpo de Jesus Cristo não podia sofrer nem morrer.
11. Por "esplendor" entendo que o corpo de Nosso Senhor era brilhante como o sol; Jesus porém não quis
aparecer assim antes da sua Ascensão.
12. Por "agilidade" entendo que o corpo de Jesus Cristo se podia transportar a grandes distâncias, até da Terra
ao Céu, com a rapidez do relâmpago.
13. Por "sutileza" entendo que o corpo de Jesus Cristo podia atravessar sem dificuldade os corpos mais rijos.
Foi assim que Ele saiu do túmulo sem remover a pedra que tapava a entrada.
14. Reunindo a sua alma ao seu corpo Jesus Cristo fez desaparecer a maior parte das chagas que recebera
durante a paixão. Apenas conservou as das mãos, dos pés e do lado.
15. E conservou-as: 1º para as mostrar aos Apóstolos em testemunho da sua Ressurreição; 2º para as apresentar
a seu Pai intercedendo por nós; 3º para confundir os pecadores no dia do Juízo, fazendo-lhes ver que tanto
sofreu por eles como pelos justos.
16. Foi necessário que Jesus ressuscitasse, a fim de fazer brilhar a justiça de Deus, pois era um ato
absolutamente digno da sua justiça elevar Aquele que, para Lhe obedecer, fora desprezado e coberto dos
maiores opróbrios. São Paulo refere esta razão na sua epístola aos Filipenses: "Humilhou-se a si mesmo, feito
obediente até à morte e morte na Cruz, pelo que Deus também o exaltou, e lhe deu um nome que está acima
de todos os nomes." (Fil. II, 7-9)

Explicação da gravura
17. A gravura representa a "Ressurreição do Salvador." As numerosas mulheres que vemos à esquerda vinham
com o fim de embalsamar o corpo de Jesus, quando de repente se sentiu um grande tremor de terra. Um anjo
veio arredar a pedra do sepulcro e sentou-se nele. Os guardas, tomados de assombro, ficaram como mortos.
Quando entraram no santo Sepulcro as santas mulheres ficaram cheias de temor ao verem o anjo. Mas ele lhe
disse: "Não temais; buscais Jesus de Nazaré que foi crucificado. Não está aqui; vede o lugar onde o tinham
posto."
6º ARTIGO: SUBIU AOS CÉUS

1. Estas palavras "Subiu aos Céus" significam que Jesus Cristo se elevou ao Céu pelo seu próprio poder e em
presença de um grande número de discípulos, no quadragésimo dia depois da sua Ressurreição.
2. Jesus Cristo subiu ao Céu no dia da Ascensão.
3. Antes da Ascensão, Jesus Cristo estava no Céu como Deus, não como homem. Depois da Ascensão está no
Céu como Deus e como homem.
4. Nosso Senhor subiu ao Céu: 1º para tomar posse da glória que lhe era devida; 2º para nos preparar aí um
lugar; 3º para interceder por nós junto do seu Pai; 4º para nos enviar o Espírito Santo.
5. A Ascensão de Nosso Senhor é contada assim: "No meu primeiro livro, ó Teófilo, falei de todas as coisas que
Jesus fez e ensinou, desde o princípio até ao dia em que, tendo dado as suas instruções por meio dos Espírito
Santo aos Apóstolos que tinha escolhido, subiu aos Céus. Aos quais também se manifestou vivo depois da Sua
Paixão, com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando-lhes do reino de Deus. Estando a
mesa com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai "que
ouviste - disse Ele - da Minha boca: porque João, na verdade, batizou em água, mas vós sereis batizados no
Espírito Santo daqui a poucos dias". Então, os que se tinham congregado, interrogavam-n'O: "Senhor,
porventura, chegou o tempo em que vais restaurar o reino de Israel? "Ele disse-lhes: "Não vos pertence a vós
saber os tempos nem os momentos que o Pai reservou ao seu poder; mas recebereis a virtude do Espírito Santo
que descerá sobre vós, e sereis Minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia na Samaria e até aos
confins do mundo". E tendo dito isto, elevou-se a vista deles e uma nuvem O ocultou aos seus olhos. Como
estivessem olhando para o Céu quando Ele ia subindo, eis que se apresentaram junto deles dois personagens
vestidos de branco, que disseram: "Homens da Galileia, porque estais aí parados olhando para o Céu? Esse Jesus
que, separando-Se de vós, subiu ao Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu"". (Atos I, 1-11)
6. Jesus Cristo subiu ao Céu por sua própria virtude, sem ser arrebatado por qualquer força estranha, como
aconteceu a Elias, por exemplo, que para lá, foi transportado num carro de fogo, ou como o profeta Habacuc,
ou ainda o diácono Filipe que, sustendados nos ares pela força divina, assim percorreram consideráveis
distâncias.
7. Jesus Cristo subiu ao Céu não somente por efeito desta virtude omnipotente que lhe dava a Sua divindade,
mas ainda pela que possuía como homem.
8. Semelhante prodígio ultrapassa as forças da natureza humana, mas esta virtude de que era dotada a alma
bem-aventurada do Salvador podia transportar o Seu corpo para onde Ele quisesse. Por outro lado, o corpo
assim em estado de glória, obedecia facilmente às ordens da alma quando esta lhe imprimia o movimento.
9. Os outros artigos do símbolo que se aplicam a Nosso Senhor mostram-nos a Sua humildade e as Suas
prodigiosas humilhações. Nada se pode imaginar, com efeito, de mais baixo e abjeto para o Filho de Deus que
haver tomado a nossa natureza com todas as suas fraquezas, e ter querido sofrer e morrer por nós. Mas ao
mesmo tempo, ao proclamar no artigo precedente que Ele ressuscitou dos mortos, e neste artigo que subiu ao
Céu e está sentado à direita de Deus Pai, nada mais admirável e magnífico podemos dizer para celebrar a Sua
glória e a Sua majestade divina.

Explicação da gravura
10. A gravura representa a Ascensão de Jesus Cristo sobre o monte das Oliveiras. Esta montanha tem três
cumes, e foi do cume central que Nosso Senhor subiu ao Céu na presença das santas mulheres e dos Seus
discípulos, e deixando, diz-se, o sinal do Seu pé esquerdo gravado na rocha.
11. Quando Jesus Cristo desaparecia na nuvem luminosa aos olhos dos seus discípulos, três anjos lhes surgiram,
dizendo: "Homens da Galileia, porque estais aí parados olhando para o Céu? Esse Jesus que, separando-Se de
vós, subiu ao Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu". (Atos I, 1-11)
6º ARTIGO (CONTINUAÇÃO): ESTÁ SENTADO À DIREITA DE DEUS PAI TODO PODEROSO

1. O símbolo diz-nos que Jesus Cristo "está sentado", para dar-nos a entender que Ele descansa e goza no Céu
duma felicidade que não terá fim.
2. Jesus está sentado no Céu como um rei no seu trono e como um juiz no seu tribunal. Nesta dupla qualidade
exerce o poder legislativo e judicial de que falava, quando se exprimia assim antes de deixar o mundo: "Todo o
poder me foi dado no Céu e sobre a terra."
3. Acrescenta o símbolo que Jesus Cristo está sentado à "direita de Deus Pai". Não quer isso dizer que Deus
tenha mão esquerda e mão direita. Como o lugar de honra é à direita, estas palavras significam que Jesus Cristo,
igual ao seu Pai como Deus, está acima de todas as criaturas como homem.
4. Embora devamos a nossa salvação e redenção à paixão de Jesus Cristo, cujos merecimentos abriram aos
justos as portas do Céu, contudo é preciso não ver na Ascensão apenas um modelo posto diante dos nossos
olhos para nos ensinar a elevar os pensamentos e a subir ao Céu em espírito. A Ascensão comunica-nos também
uma força divina para atingir este fim; sublima os merecimentos da nossa Fé, purifica a nossa esperança, e
aponta-nos o Céu ao amor do nosso coração.
5. A Ascensão sublima os merecimentos da nossa Fé, porque a Fé tem por objeto as coisas que se não vêem e
que estão acima da razão e da inteligência dos homens. Logo, se Nosso Senhor não nos tivesse deixado, a nossa
Fé perderia o seu merecimento, pois que o próprio Jesus Cristo proclamou felizes aqueles que creram sem ter
visto.
6. E é muito apropriado a fortificar a esperança nos nossos corações. Crendo que Jesus Cristo, como homem,
subiu ao Céu, e que tomou a natureza humana à direita do seu Pai, temos um motivo forte para esperar que
nós, que somos seus membros, também um dia subiremos ao Céu para nos reunirmos ao nosso Chefe,
sobretudo depois que o mesmo Senhor nos assegurou essa união nos seguintes termos: "Pai, quero que, onde
Eu estou, estejam também comigo aqueles que Me deste, para que contemplem a Minha glória." (Jo. XVII, 24)
7. Uma das maiores vantagens que esta nos concede ainda é apontar-nos o Céu ao amor do nosso coração, e
tê-lo inflamado com as chamas do Espírito divino. Tem-se dito com toda a verdade que onde está o nosso
tesouro aí está o nosso coração. Sem dúvida, pois que, se Jesus continuasse permanecendo conosco,
limitaríamos todos os nossos pensamentos a conhecê-lo de vista e a gozar do seu trato; só veríamos n'Ele o
homem que nos encheu de benefícios, sentindo por Ele apenas uma espécie de afeto muito natural.
8. Subindo ao Céu, Jesus Cristo espiritualizou o nosso amor, e como, por via da sua ausência, só pelo
pensamento o podemos atingir, achamo-nos por isso mesmo facilmente dispostos a adorá-lO e a amá-lO como
Deus. É o que por um lado nos ensina o exemplo dos Apóstolos. Enquanto o Salvador permaneceu com eles,
pareciam consagrar-lhe sentimentos apenas humanos. E por outro lado é o que nos confirma o próprio
testemunho de Nosso Senhor quando diz: "É bom para vós que Eu me vá". Com efeito, esse amor imperfeito
com que o amavam os Apóstolos enquanto o tinham junto de si, necessitava de ser aperfeiçoado pelo amor
divino, isto é, pela descida do Espírito Santo. E por isso acrescentou logo: "Se eu me não vou, o Paráclito não
descerá sobre vós".
9. A Ascensão foi o início duma nova expansão para a Igreja, esta verdadeira casa de Jesus Cristo, cuja direção
e governo iam ser confiados à virtude do Espírito Santo. Até então e para O representar junto dos homens,
Jesus colocara Pedro à frente da Igreja como seu primeiro pastor e supremo sacerdote. Daí em diante, e além
dos doze, Jesus não cessou de escolher outros a uns dos quais fez Apóstolos, outros profetas, outros
evangelistas, outros pastores e doutores, continuando, do lugar onde está sentado à direita de Deus Pai, a
distribuir a cada qual os dons que lhe convêm, porque o Apóstolo nos afirma que a Graça é dada a cada um de
nós segundo a medida do dom de Jesus Cristo.

Explicação da gravura
10. A gravura representa Jesus sentado à direita de Deus Pais. Cercam-nO os Anjos e os Santos.
7º ARTIGO: DONDE HÁ-DE VIR PARA JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS

1. Ensinam-nos estas palavras "donde há-de vir a julgar os vivos e os mortos" que Jesus Cristo virá no fim do
mundo com toda a majestade e de um modo visível, julgar todos os homens e dar a cada um segundo as suas
obras.
2. Pela expressão "vivos", entendo: 1º os bons ou os justos; 2º aqueles que estiverem ainda com vida quando
aparecer Jesus Cristo, mas que morrerão e ressuscitarão num instante.
3. Por "mortos" entendo: 1º os maus ou condenados; 2º os que tiverem morrido desde o princípio do mundo,
mas que ressuscitarão afim de serem julgados.
4. Seremos julgados pelo bem ou pelo mal que tivermos praticado por pensamentos, palavras, ações e
omissões. Este julgamento será tão rigoroso que Jesus Cristo declara no Evangelho que teremos de dar conta
de todas as palavras ociosas, isto é, de todas as palavras inúteis ou para nós ou para o nosso próximo.
5. Sabemos que o Juízo Final se realizará quando acabar o mundo, mas ignoramos quando o mundo deixará de
existir. Deus não no-lo quis revelar para estarmos sempre preparados.
6. Anunciarão a chegada próxima do Supremo Juíz muitos sinais de que nos fala o Evangelho: Escurecerá o sol,
a lua deixará de dar claridade, cairão as estrelas do Céu, haverá tremores de terra e as ondas do mar farão ouvir
um ruído horrível.
7. São Marcos narra-o nos seguintes termos: "Naqueles dias haverá tribulações como não houve desde o
princípio do mundo que Deus criou, até agora, nem haverá mais. E se o Senhor não abreviasse aqueles dias,
nenhuma pessoa se salvaria; mas Ele os abreviou em atenção aos eleitos que escolheu. Então se alguém vos
disser: Eis aqui está o Cristo, ou, ei-lO acolá, não lhe deis crédito; porque se levantarão falsos cristos e falsos
profetas, e farão prodígios e milagres para enganarem, se fosse possível, até os escolhidos. Estai, pois, de
sobreaviso; eis que Eu vos predisse tudo. Naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol escurecer-se-á e a lua
não dará a sua claridade, e as estrelas cairão do céu e as potestades que estão nos céus serão abaladas. Então
verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória. E enviará os Seus anjos e juntará os
Seus escolhidos dos quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do Céu. Ouvi uma
comparação tirada da figueira; quando os seus ramos estão já tenros e as folhas brotam, sabeis que está perto
o Verão; assim também quando virdes acontecer estas coisas, sabei que ele está perto, às portas. Na verdade
vos digo que não passará esta geração sem que se cumpram todas estas coisas. Passarão o céu e a terra, mas
as Minhas palavras não hão-de passar. A respeito porém desse dia ou dessa hora, ninguém sabe, nem os anjos
nos Céus, nem o Filho, mas só o Pai. Estai de sobreaviso, vigiai e orai, porque não sabeis quando será o
momento. Será como um homem que, empreendendo uma viagem, deixou a sua casa e delegou a autoridade
aos seus servos, indicando a cada um a sua tarefa, e ordenou ao porteiro que estivesse vigilante. Vigiai, pois,
visto que não sabeis quando virá o senhor da casa, se de tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela
manhã; para que, vindo de repente, não vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: "Vigiai!"
(Marcos XIII, 19-31)
8. Além do Juízo Final, há o Juízo particular, que acontece logo quando morremos. No Juízo particular a alma
comparece sozinha diante apenas de Deus; no Juízo Final a alma reunida ao corpo será julgada diante de todos
os homens.
9. O Juízo Final não modificará a sentença proferida no Juízo particular, mas servirá para fazer brilhar diante de
todos a justiça de Deus, a divindade de Jesus Cristo, a glória dos bons, a confusão dos maus.

Explicação da gravura
10. Representa a gravura o Juízo Final. Jesus está sentado sobre nuvens, cercado pelos anjos e santos, precedido
da Cruz. A Virgem está à sua direita, e Jesus diz aos eleitos: "Vinde, benditos de meu Pai, possuir o reino que
vos tinha preparado desde a criação do mundo." (Mat. XXV, 34)
11. O anjo vingador está à esquerda, arremessando os condenados para o Inferno, depois do Supremo Juiz lhes
ter feito ouvir a terrível sentença: "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o demônio
e os seus anjos." (Mat. XXV, 41)
8º ARTIGO: CREIO NO ESPÍRITO SANTO

1. O Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, que procede do Pai e do Filho.
2. O Espírito Santo é Deus; a Igreja definiu esta verdade, dizendo nos seus símbolos que o Espírito Santo deve
ser adorado conjuntamente com o Pai e o Filho.
3. A mesma verdade nos ensina também a Sagrada Escritura, que dá ao Espírito Santo o nome de Deus. Quando
São Pedro repreendeu Ananias e Safira por terem mentido ao Espírito Santo, exprimiu-se nestes termos: "Não
mentiste a homens, mas a Deus". (Atos V, 1-11)
4. As seguintes palavras de Nosso Senhor ensinam-nos que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho: "Quando
vier o Consolador, esse Espírito de verdade que procede do Pai, e que u vos enviarei da parte de meu Pai, Ele
dará testemunho de mim".
5. O Espírito Santo é pois igual em tudo ao Pai e ao Filho; é como eles todo poderoso, eterno, de uma perfeição,
grandeza e sabedoria infinitas.
6. Chama-se ordinariamente ao Espírito Santo: 1º Dom de Deus, porque é o dom mais precioso que Deus tem
concedido aos homens; 2º Consolador, porque nos consola em nossas aflições; 3º Espírito de oração, porque
nos ajuda a orar.
7. Chama-se "Santo", porque Ele é santo por sua natureza e porque é Ele que nos santifica.
8. A santidade do Espírito Santo difere da santidade dos santos que nós honramos com o nosso culto: 1º o
Espírito Santo é santo por si mesmo e por sua natureza, enquanto os santos por si mesmo e por sua natureza,
enquanto os santos se tornam tais pela Graça de Deus; 2º o Espírito Santo é infinitamente santo, enquanto os
santos apenas o são em certo grau.
9. O Espírito Santo desceu muitas vezes sobre a terra de um modo visível. Desceu em forma de pomba sobre
Nosso Senhor Jesus Cristo no dia de seu Batismo e sobre os Apóstolos e discípulos em forma de línguas de fogo
no dia de Pentecostes.
10. "No dia de Pentecostes, diz a Sagrada Escritura, de repente, veio do Céu um estrondo, como o de vento que
sopra impetuoso, que encheu toda a casa onde estavam os Apóstolos. E apareceram-lhes repartidas umas como
línguas de fogo, das quais pousou uma sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo, e
começaram a falar várias línguas". (Atos II, 1-4)
11. Depois de terem recebido o Espírito Santo, os Apóstolos foram pregar o Evangelho a todas as nações.
12. Antes da pregação dos Apóstolos, todos os povos da terra, à exceção dos Judeus, adoravam criaturas.
13. Da pregação dos Apóstolos resultou a conversão duma multidão imensa de Judeus e pagãos, que abraçaram
a religião cristã.
14. A religião cristã não se estabeleceu sem obstáculos; foi combatida durante trezentos anos, e milhões de
cristãos sofreram toda a espécie de torturas e a própria morte em nome de Jesus Cristo.
15. A destruição das falsas religiões, na maior parte do mundo conhecido, foi o maior milagre que o Espírito
Santo operou por meio dos Apóstolos, bastando por si só para provar a divindade do cristianismo.
16. O Espírito Santo também se nos manifesta de modo invisível pelas graças que derrama nas nossas almas a
fim de as santificar.
17. O Espírito Santo habita em nós, quando nos achamos em estado de Graça; por isso São Paulo diz que somos
templos do Espírito Santo.
18. O Espírito Santo governa a Igreja, dando-lhe força para resistir aos seus inimigos e preservando-a de
qualquer erro no seu ensino.
19. O Espírito Santo dá ainda à Igreja todas as graças e todos os dons necessários à sua conservação, como o
dom dos milagres e o dom de profecia.
20. Devemos orar muitas vezes ao Espírito Santo porque, sem o seu auxílio, nada podemos fazer de útil para a
nossa salvação.
21. Devemos evitar afastar o Espírito Santo da nossa alma pelo pecado mortal, e contristá-lo pelo pecado venial.

Explicação da gravura
22. Esta gravura representa o Cenáculo onde os Apóstolos e discípulos se reuniram depois da Ascensão do
Senhor, aguardando a descida do Espírito Santo e orando em companhia da Santíssima Virgem e de muitas
santas mulheres.
9º ARTIGO: CREIO NA SANTA IGREJA CATÓLICA - CONSTITUIÇÃO DA IGREJA

Constituição da Igreja
1. A Igreja é a sociedade dos fiéis que professam a religião de Nosso Senhor Jesus Cristo sob a direção do Papa
e dos Bispos.
2. Entende-se por fiéis, aqueles que, estando batizados, creem tudo o que a Igreja ensina, submetendo-se aos
pastores legítimos.
3. O Papa é o vigário de Jesus Cristo, o sucessor de São Pedro, o chefe visível e o doutor de toda a Igreja, e pai
comum dos pastores e dos fiéis.
4. O primeiro papa foi São Pedro, que Jesus Cristo nomeou chefe da Igreja universal.
5. O Papa é sucessor de São Pedro porque é Bispo de Roma, e foi em Roma que São Pedro estabeleceu a sua
residência e sofreu o martírio.
6. Os pastores legítimos da Igreja são, com o Papa, os bispos, que Jesus Cristo encarregou de instruir e governar
a sua Igreja.
7. Os bispos são sucessores dos Apóstolos, encarregados de governar as dioceses, sob a autoridade do Papa.
8. Os Párocos são padres que os Bispos escolhem para estarem à frente das paróquias.
9. Os membros da Igreja são os indivíduos batizados e que acreditam o que a Igreja ensina, estando sujeitos ao
nosso Santo Padre o Papa, e ao seu Bispo.
10. Não fazem parte da Igreja os infiéis, os hereges, os cismáticos, os apóstatas e os excomungados.
11. Um infiel é o indivíduo não batizado e que não crê em Jesus Cristo.
12. Um herege é o indivíduo batizado que recusa obstinadamente crer uma ou mais verdades reveladas por
Deus, e que a Igreja ensina como artigo de Fé.
13. Um cismático é o indivíduo batizado que se separa da Igreja negando-se a reconhecer os pastores legítimos,
e a obedecer-lhes.
14. Um apóstata é o indivíduo batizado que renega a Fé de Jesus Cristo depois de a ter professado.
15. Um excomungado é o indivíduo batizado que a Igreja eliminou do seu seio por causa dos seus crimes.
16. Os pecadores são membros da Igreja, mas são membros mortos.
17. É uma grande desgraça não pertencer à Igreja, porque não podem ser salvos aqueles que voluntariamente
e por sua culpa estão fora do grêmio da Igreja.

Caracteres da verdadeira Igreja


18. Há uma só Igreja verdadeira, porque uma só foi fundada por Jesus Cristo. São quatro os caracteres ou sinais
para a reconhecer: é una, santa, católica e apostólica.
19. A verdadeira Igreja romana, que tem por chefe o Papa, Bispo de Roma e sucessor de São Pedro.
20. A Igreja romana é una, porque todos os seus membros creem as mesmas verdades e obedecem ao mesmo
chefe visível, que é o Papa.
21. É santa, porque nos oferece todos os meios para nos santificarmos, e sempre tem formado santos.
22. É católica ou universal, porque está espalhada por toda a terra e sempre tem subsistido desde Jesus Cristo.
23. É apostólica, porque foi fundada pelos Apóstolos, é governada pelos seus sucessores, e crê e ensina a sua
doutrina.

Explicação da gravura
24. Ao alto, Jesus Cristo institui São Pedro chefe visível da Igreja. Entregando-lhe o báculo pastoral, dá-lhe a
missão de apascentar os seus cordeiros e as suas ovelhas, isto é, de governar os pastores e os fiéis de que se
compõe a Igreja e que constituem o rebanho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
25. Em baixo vê-se: 1º o Papa, vestido de hábitos brancos e tendo na cabeça uma tiara; 2º de ambos os lados
do Papa veem-se os cardeais; 3º em frente do papa um Arcebispo com o pálio; um Bispo com a mitra e o báculo,
e numerosos prelados, religiosos e religiosas; 4º mais acima e à direita, um padre ministrando a sagrada
comunhão, um outro pregando o Evangelho aos fiéis, e um missionário que de crucifixo na mão anuncia Jesus
Cristo aos infiéis.
26. A Igreja durará até ao fim do mundo, e triunfará de todas as perseguições, segundo a promessa de seu
divino fundador, Jesus Cristo.
9º ARTIGO (CONTINUAÇÃO): NA COMUNHÃO DOS SANTOS

1. Estas palavras, “Creio na Comunhão dos Santos”, significam que os bens espirituais da Igreja são comuns a
todos os seus membros de uma mesma família ou de um mesmo corpo.
2. A palavra “comunhão” quer dizer aqui comunidade. Assim, como há comunidade de bens entre todos os
membros de uma mesma família, assim também, há na Igreja comunidade de bens espirituais entre todos
aqueles que a compõem.
3. Dá-se o nome de “Santos”, não só aos bem-aventurados que estão no Céu e às almas do Purgatório, como
ainda aos fiéis da terra, porque foram santificados pelo Batismo e são chamados a viver uma vida santa.
4. Os bens espirituais da Igreja são: os merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Santíssima Virgem e dos
Santos, os Sacramentos, o Santo Sacrifício da Missa, as orações e as boas obras.
5. A Comunhão dos Santos não existe apenas entre os fiéis que vivem sobre a terra, mas ainda entre a Igreja
triunfante, a Igreja militante e a Igreja padecente.
6. A Igreja triunfante é a reunião dos santos que triunfam com Jesus Cristo no Céu.
7. A Igreja militante é a reunião dos fiéis que combatem na terra contra os inimigos da Salvação.
8. A Igreja padecente é a reunião das almas dos justos que acabam de expiar as suas culpas nas penas do
Purgatório.
9. O Purgatório é este lugar de sofrimentos onde as almas dos justos acabam de expiar as suas culpas antes de
entrar no Céu.
10. Estão no Purgatório aqueles que morreram em estado de Graça, não se achando todavia completamente
isentos de pecados veniais ou que não satisfizeram ainda à justiça de Deus.
11. A existência do Purgatório é certa. Com efeito Jesus Cristo diz no Evangelho que as blasfêmias contra o
Espírito Santo não serão perdoadas neste mundo nem no outro. Nosso Senhor dá-nos assim entender que
outros pecados serão perdoados depois desta vida. Ora não o podem ser no Céu, onde não entra o pecado,
nem no Inferno, onde não há perdão. Portanto sê-lo-ão no Purgatório.
12. Encontramo-nos em comunhão com os santos que estão no Céu enquanto oramos por eles, e eles
intercedem por nós.
13. Estamos em comunhão com as almas do Purgatório, enquanto as aliviamos com as nossas orações, as nossas
belas obras, pelas indulgências e sobretudo pelo Santo Sacrifício da Missa.
14. As orações que ordinariamente se rezam para as almas do Purgatório são: o ofício dos mortos, o salmo “De
profundis”, e a invocação: “ Que as almas dos fiéis defuntos descansem em paz pela misericórdia de Deus”.
15. Os fiéis da terra estão em comunhão entre si enquanto cada um deles aproveita das orações e boas obras
que se fazem em toda a Igreja.
16. Nem todos participamos destes bens no mesmo grau, que é maior ou menor segundo os nossos
merecimentos.
17. Os próprios pecadores têm alguma parte nesta comunhão de bens espirituais, de que lhes advêm graças,
que podem aproveitar para se converterem.
18. Não participam de modo algum, dos bens espirituais da Igreja aqueles que não são membros dela, como os
hereges, cismáticos e excomungados.
19. Por estas palavras “Fora da Igreja não há salvação” devemos entender que é absolutamente impossível a
salvação aqueles que voluntariamente de má fé se conservam fora da verdadeira Igreja

Explicação da gravura
20. Esta gravura representa a comunicação dos santos na multidão dos Santos e dos Anjos que estão no Céu,
nos fiéis da Terra e nas almas do Purgatório.
21. Na parte superior da gravura os Anjos e os Santos adoram as três pessoas da Santíssima Trindade, rogando-
lhes pelos fiéis que vivem sobre a terra.
22. Ao centro, estes fiéis assistem ao Santo Sacrifício da Missa, invocando os Santos do Céu, orando uns pelos
outros e pedindo a libertação das almas do Purgatório.
23. O plano inferior representa o Purgatório. As águas refrescantes que os dois anjos derramam sobre as almas
simbolizam o alívio que se lhes obtém pelo Santo Sacrifício da Missa.
10º ARTIGO: CREIO NA REMISSÃO DOS PECADOS

1. Cremos por este artigo: 1º que podemos alcançar de Deus a remissão dos nossos pecados; 2º que Jesus Cristo
deixou à sua Igreja o remédio para perdoar todo tipo de pecado.
2. Podemos alcançar o perdão de todos os pecados, por muito graves e enormes que sejam.
3. Deus perdoa os pecados por meio dos ministros da Igreja a quem Jesus Cristo conferiu esse poder. Esses
ministros são os bispos e os sacerdotes.
4. Recebemos o perdão dos pecados principalmente pelos sacramentos do Batismo e da Penitência. O pecado
original é-nos perdoado pelo Batismo e os pecados mortais pelo sacramento da Penitência e também pela
contrição perfeita acompanhada do voto de nos confessarmos.
5. Os pecados veniais podem ser perdoados sem ministério exterior da Igreja; além dos sacramentos, as
orações, as esmolas e outras boas obras podem obter a remissão deles.
6. Os pecados são perdoados pelos merecimentos de Jesus Cristo.
7. O Benefício da Remissão dos pecados é uma obra não inferior à criação do mundo, e ao ressuscitar dos
mortos.
8. Só Deus é que pode perdoar os pecados. Sendo Jesus Cristo Deus, tinha também aquele poder; tinha-o
também como homem, porque a natureza humana estava unida n’Ele à divindade, e vemos no Evangelho que
usou muitas vezes daquele poder. Como primeiro exemplo está a cura do paralítico. “Um dia entrou Jesus outra
vez em Cafarnaum, e soube-se que Ele estava em casa, juntou-se muita gente, de modo que não se cabia, nem
mesmo à porta. Nisto chegaram alguns conduzindo um paralítico que era transportado por quatro homens.
Como não pudessem levá-lo junto d’Ele por causa da multidão, descobriram o teto na parte debaixo do qual
estava Jesus e, tendo feito uma abertura, desceram o leito em que jazia o paralítico. Vendo a Fé daqueles
homens, disse ao paralítico: “São te perdoados os pecados”. Estavam sentados ali alguns escribas que diziam
nos seus corações: “como é que Ele fala assim? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão Deus?” Jesus
conhecendo logo no Seu espírito que eles pensavam desta maneira dentro de si disse-lhes: “Por que pensais
isto nos vossos corações? O que é mais fácil dizer ao paralítico: São-te perdoados os pecados ou dizer: Levanta-
te, toma o teu leito e anda? Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder de perdoar os
pecados, - disse ao paralítico -: “Eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para a tua casa”. Imediatamente
ele se levantou e, tomando o leito, retirou-se à vista de todos, de maneira que se admiraram e glorificaram a
Deus, dizendo: “Nunca vimos coisa semelhante”.” (Marcos II, 3-13)
9. Na sua infinita bondade, Nosso Senhor comunicou esse poder a São Pedro, e de seguida, no mesmo dia da
sua ressurreição, a todos os Apóstolos e por eles a todos os seus sucessores legítimos. “Tendo chegado à região
de Cesareia de Filipe, Jesus interrogou os seus discípulos, dizendo: “Quem dizem os homens que é o Filho do
Homem?” E eles responderam: “Uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou
algum dos profetas”. Jesus disse-lhes: “E vós quem dizeis que Eu sou?” Respondendo Simão Pedro, disse: “Tu
és o Cristo, Filho de Deus vivo”. Respondendo Jesus, disse-lhe: “Bem-aventurado és, Simão, filho de João,
porque não foi a carne e o sangue que te revelaram, mas meu Pai que está nos Céus. E Eu te digo que tu és
Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela, Eu te
darei as chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligardes sobre a terra será ligado também nos Céus e tudo o
que desatares sobre a terra, será desatado também nos Céus”.” (Mateus XVI, 13-19). “Chegada a tarde daquele
mesmo dia (da ressurreição) e estando fechadas as portas da casa onde os discípulos estavam juntos, por medo
dos Judeus, foi Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: “A paz esteja convosco!”. Dito isto, mostrou-lhes
as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se muito ao ver o Senhor. Ele disse-lhes novamente: “A paz esteja
convosco. Assim como o Pai me enviou, também vos envio a vós”. Tendo dito estas palavras soprou sobre eles,
e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados, àqueles
a quem os reterdes, ser-lhes-ão retidos”.” (João XX, 19-23).

Explicação da gravura

10. A gravura representa São Pedro recebendo de Nosso Senhor as chaves, com o poder de fechar e de abrir,
de ligar e de desligar, isto é, de perdoar ou não os pecados.
11º ARTIGO: CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE

1. Este artigo ensina-nos que, no Fim do Mundo, todos os homens hão-de ressucitar tomando cada um o mesmo
corpo que dantes tinha
2. Isso é possível pela omnipotência divina, à qual nada é impossível.
3. Dizemos “Ressurreição da carne” e não do homem todo, para denotar que a alma não morre, mas só o corpo,
e por isso deve ressurgir somente a carne.
4. Os corpos hão-de ressucitar para terem parte no prémio ou na pena, já que tiveram parte no bem e no mal
durante a vida.
5. Todos os homens ressuscitarão, tanto os bons como os maus, mas com esta diferença: que os escolhidos
terão os dotes dos corpos gloriosos, e não assim os condenados.
6. Os dotes dos corpos gloriosos são: a impassibilidade, que é a isenção de toda a dor e miséria; a claridade, que
é o resplendor da alma redundando o corpo; a agilidade, que é a isenção do peso que hoje subjuga o corpo; a
subtileza que designa a perfeita submissão do corpo ao comando da alma.
7. Os corpos dos condenados não terão esses dotes e serão susceptíveis de toda a espécie de sofrimentos.
8. A Ressurreição será no Fim do Mundo, antes do Juízo Final. Ouvida a sentença do Juízo Final, os ressuscitados
hão-de ficar no mesmo lugar onde Deus os puser, os bons na bem-aventurança eterna em companhia de Jesus
Cristo e dos Anjos: os condenados, no inferno para sempre em companhia dos demônios.
9. Milagre de Jesus ressuscitando Lázaro, no Evangelho de São João: "Tendo, pois, ouvido que Lázaro estava
doente, ficou ainda dois dias no lugar onde se encontrava. Depois disto, disse aos seus discípulos: "Voltemos
para a Judéia". Os discípulos disseram-Lhe: "Mestre, ainda há pouco os judeus Te quiseram apedrejar, e Tu vais
novamente para lá?" Jesus respondeu: "Não são doze as horas do dia? Aquele que caminhar de dia não tropeça,
porque vê a luz deste mundo; porém, o que andar de noite tropeça, porque lhe falta a luz." Assim falou, e depois
disse-lhes: "Nosso amigo, Lázaro, dorme; mas vou despertá-lo". Os seus discípulos disseram-Lhe: "Senhor, se
ele dorme, também se há de levantar." Mas Jesus falava da sua morte; e eles julgavam que falava do repouso
do sono. Jesus disse-lhes então claramente: "Lázaro morreu, e Eu, por vossa causa, estou contente por não ter
estado lá, para que acrediteis; mas vamos ter com ele." Tomé, chamado Dídimo, disse então aos outros
discípulos: "Vamos nós também, para morrer com ele". Chegou Jesus e encontrou-o já há quatro dias no
sepulcro. Betânia distava de Jerusalém cerca de quinze estádios (três quilômetros). Muitos judeus tinham ido
ter com Marta e Maria, para as consolarem pela morte de seu irmão. Marta, pois, logo que ouviu que vinha
Jesus, saiu-Lhe ao encontro; e Maria ficou sentada em casa. Marta disse a Jesus: "Senhor, se estivesses cá, meu
irmão não teria morrido. Mas também sei agora que tudo que pedires a Deus, Deus To concederá." Jesus disse-
lhe: "Teu irmão há de ressuscitar. Marta disse-Lhe: "Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia."
Jesus disse-lhe: "Eu sou a Ressurreição e a Vida; aquele que crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo
aquele que vive e crê em Mim, não morrerá eternamente. Crês nisto?" Ela respondeu: "Sim, Senhor, eu creio
que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que vieste a este mundo." Dito isto, retirou-se e foi chamar em segredo sua
irmã Maria, dizendo: "O Mestre está cá e chama-te". Ela, logo que ouviu isto, levantou-se rapidamente e foi ter
com Ele. Jesus ainda não tinha entrado na aldeia, mas estava ainda naquele lugar onde Marta tinha ido ao seu
encontro. Então, os judeus que estavam com ela em casa e a consolavam, vendo que Maria tinha se levantado
tão depressa e tinha saído, seguiram-na, julgando que ia chorar ao sepulcro. Maria, porém, tendo chegado onde
Jesus estava, logo que o viu, lançou- se aos seus pés e disse-Lhe: "Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão
não teria morrido." Jesus, vendo-a chorar, a ela e aos judeus que tinham ido com ela, comoveu-Se
profundamente e emocionou-Se; depois perguntou: "Onde o pusestes?" Eles responderam: "Senhor, vem ver."
Jesus chorou. Os judeus, por isso, disseram: "Vede como Ele o amava". Porém, alguns deles disseram: "Este,
que abriu os olhos ao que era cego de nascença, não podia fazer que este não morresse?" Jesus, pois,
novamente emocionado no seu interior, foi ao sepulcro. Era este uma gruta com uma pedra colocada à entrada.
Jesus disse: "Tirai a pedra". Marta, irmã do defunto, disse-Lhe: "Senhor, ele já cheira mal, porque está aí há
quatro dias." Jesus disse-lhe: "Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?" Tiraram, pois, a pedra. Jesus,
levantando os olhos ao Céu, disse: "Pai, dou-Te graças por me teres ouvido. Eu bem sabia que me ouves sempre,
mas falei assim por causa do povo que está em volta de Mim, para que acreditem que Tu me enviaste." Tendo
dito estas palavras, bradou em voz forte: "Lázaro, sai para fora!" E saiu o que estivera morto, ligado de pés e
mãos, com as ataduras, e o seu rosto envolto num sudário. Jesus disse-lhes: "Desligai-o e deixai-o ir". Muitos
dos judeus que tinham ido visitar Maria e Marta, vendo o que Jesus fizera, acreditaram n'Ele.” (Jo XI, 1-46)
12º ARTIGO: CREIO NA VIDA ETERNA

1. Devemos ver neste artigo que depois desta vida há-de haver outra vida que há-de durar para sempre, os bons
com a glória eterna no Céu, e os maus com as penas eternas no Inferno.
2. Sabemos que há-de haver outra vida depois desta, porque Deus no-lo revelou, e que uma outra vida é
necessária para o prêmio dos bons e o castigo dos maus.

O Céu
3. O Céu ou paraíso é um lugar de delícias, no qual os Anjos e os Santos gozam duma felicidade eterna e perfeita
pela vista e posse de Deus.
4. Os que vão para o Céu são aqueles que, tendo morrido em estado de Graça, satisfizeram inteiramente a
justiça de Deus.
5. Nem todos os bem-aventurados gozarão do mesmo prêmio; todos verão a Deus, mas a felicitado será em
proporção dos seus merecimentos.
6. Sabemos que os santos veem Deus no Céu, pelas palavras de Nosso Senhor dizendo: “Bem-aventurados os
de coração puro, porque verão a Deus.”
7. A felicidade dos Céus é tão grande, que não podemos compreendê-la na Terra, onde nada pode dar-nos uma
ideia do que é o Céu. São Paulo diz: “Os olhos do homem não viram, nem os ouvidos ouviram, nem jamais veio
ao coração do homem o que Deus tem preparado para aqueles que O amam.”
8. A felicidade eterna consiste, dizem os santos Padres, na ausência do todo o mal e na posse de todo o bem.
No que diz respeito ao mal, lemos no Apocalipse (XXI,4) de São João: “Os bem-aventurados não terão fome nem
sede jamais, nem cairá sobre eles o sol nem ardor algum. Deus enxugar-lhes-á todas as lágrimas dos seus olhos,
e não haverá mais morte, nem mais choro, nem mais gritos, nem mais dor, porque as primeiras coisas são
passadas.” No que diz respeito aos bens, a glória dos escolhidos será imensa, possuirão ao mesmo tempo todos
os gozos, todas as delícias, porque possuirão a Deus, fonte da infinita felicidade.
9. Atualmente, os santos estão no Céu só em alma; os seus corpos entrarão ali senão depois da Ressurreição e
do Juízo Final.
10. Os bem-aventurados hão-de contemplar Deus eternamente, e esse dom, o mais excelente e admirável de
todos, torná-los-á participantes da natureza mesmo de Deus e dar-lhes-á a posse completa e definitiva da
verdadeira felicidade.

Explicação da gravura
11. Esta gravura representa o Céu. Ao centro estão as três Pessoas divinas assentadas num triângulo sobre um
trono de glória, cercado pelos anjos. Muitos deles tocam instrumentos diversos, outros queimam incenso em
turíbulos. A Virgem Santíssima, sua Rainha, está à frente deles, à direita de Jesus Cristo seu filho e num trono
inferior ao trono de Deus mas superior a tudo o que não é Deus.
12. No segundo plano, figuram, à direita, São João Baptista, Moisés, David, Abraão e outros santos do Antigo
Testamento; à esquerda, São José, São Pedro e os outros Apóstolos, um Evangelista com um livro, e muitos
santos do Novo Testamento.
13. No terceiro plano veem-se outros santos, entre os quais alguns mártires, com Santo Estevão; santos
Pontífices, um santo Rei, virgens santas e mártires, como Santa Cecília e Santa Catarina e santas mulheres, como
Santa Maria Madalena.
14. Santo Estevão segura na mão uma pedra, porque sofreu o martírio do apedrejamento.
15. Santa Cecília tem uma harpa, porque cantava louvores a Deus ao som dos instrumentos musicais.
16. Santa Catarina tem aos pés uma roda quebrada, porque a condenaram à morte por meio de uma roda
armada de instrumentos cortantes, mas a roda quebrou-se, mal a puseram em movimento.
17. Santa Maria Madalena segura um vaso, porque derramou um dia sobre a cabeça de Nosso Senhor um vaso
cheio de precioso perfume.
12º ARTIGO (CONTINUAÇÃO): CREIO NA VIDA ETERNA

O Inferno
1. O Inferno é um lugar de tormentos, no qual estão os condenados, para sempre separados de Deus, e sofrendo
suplícios eternos com os demônios.
2. Os que vão para o Inferno são todos os que morrem em pecado mortal.
3. O tormento dos condenados no Inferno consiste em duas penas, a pena do dano e a dos sentidos.
4. A pena do dano consiste numa grande aflição de terem perdido por sua culpa a bem-aventurança, e de serem
privados para sempre da vista de Deus.
5. a pena dos sentidos consiste principalmente no fogo eterno, que Jesus Cristo mencionou nos seu Evangelho,
e noutras penas.
6. As penas do Inferno hão-de durar sempre. Jesus Cristo, com efeito, declara no Evangelho que no Juízo Final
os maus serão condenados ao fogo eterno, e numa outra passagem repete três vezes que o bicho que roi os
condenados nunca há-se morrer, e que o fogo que os devora nunca se há-de apagar.
7. Assim como no Céu os escolhidos serão premiados infinitamente, e por assim dizer, divinamente; do mesmo
modo no Inferno os condenados serão infinitamente e divinamente castigados.
8. Todos os condenados ficarão para sempre privados da vista e presença de Deus; mas a gravidade das outras
penas será proporcional ao número e qualidade dos pecados que cometeram.
9. A lembrança do Inferno é muito própria para reprimir as paixões e afastar os homens do pecado. Com efeito,
seria preciso ser arrastado ao mal com uma violência extrema, para não sermos reconduzidos à prática da
virtude por este salutar pensamento, de que um dia teremos de comparecer perante o supremo Juiz que é a
própria justiça, e dar-lhe conta não só de toda as nossas ações e palavras, mas também dos mais secretos
pensamentos, e sofrer o castigo merecido.

Explicação da gravura
10. A gravura dá-nos uma pequena ideia do Inferno. Na parte superior veem-se sete entradas marcadas com as
iniciais dos sete pecados capitais. A letra O designa o orgulho ou soberba, A avareza, L luxúria, I Inveja, G gula,
C cólera ou ira, P preguiça. Isto indica que os pecados capitais são os que principalmente levam o homem ao
Inferno. Sobre cada letra está um animal simbólico. O pavão representa o orgulho, o sapo a avareza, o bode a
luxúria, a serpente a inveja, o porco a gula, o leão a ira, a tartaruga a preguiça.
11. O fogo é a pena comum a todos os condenados, sofrendo cada um conforme os seus pecados.
12. Na letra O veem-se os orgulhosos arrastados aos pés de Lúcifer e obrigados a ajoelhar-se diante dele, porque
na vida não quiseram adorar a Deus.
13. Na letra A veem-se os avarentos com uma bolsa no pescoço, significando que eles preferiram os bens
terrenos aos do paraíso.
14. Na letra L veem-se os impuros feridos cruelmente pelos demônios.
15. Na letra I os invejosos são enlaçados por terríveis répteis.
16. Na letra G vemos os que pecam por gula, que são devorados por uma fome e sede cruéis.
17. Na letra C os coléricos e vingativos arrancam desesperados os cabelos.
18. Na letra P os preguiçosos são picados com pontas de fogo e encerrados nas chamas eternas.
19. Os transgressores dos dez mandamentos e os profanadores dos sete sacramentos são esmagados por um
animal de sete cabeças e dez pontas.
20. Na parte inferior esquerda, veem-se centauros esmagando os hereges, e os que combateram a religião com
maus livros e maus jornais.
Ao centro, vê-se um relógio que marca sempre a mesma hora, que é a eternidade. Quer-se significar com isto
que as penas dos condenados durarão para sempre e que uma vez entrados no Inferno, jamais dele hão-de sair.
OS SACRAMENTOS

A GRAÇA

1. Não podemos observar os mandamentos, praticar a virtude, evitar o pecado só com as nossas forças: É-nos
necessária a Graça de Deus.
2. A Graça é um dom sobrenatural, que Deus nos concede gratuitamente em virtude dos merecimentos de Jesus
Cristo para efetuar a obra da nossa salvação.
3. Há duas espécies de Graça, a Graça habitual, ou santificante, e a Graça atual e auxiliante.
4. A Graça habitual ou santificante é um dom sobrenatural, estável e permanente, que o Espírito Santo infunde
gratuitamente pelos merecimentos de Jesus Cristo na nossa alma, a fim de tornar aceite e agradável a Deus e
herdeira do paraíso. Esta Graça é muito apreciável: é a Graça por excelência, aquele dom perfeito, superior a
todos os dons e sem o qual todos os dons sobrenaturais se perdem, porque, sem a Graça santificante, não há
salvação para o homem.
5. Podemos perder esta Graça: basta um só pecado mortal para nos fazer perder a Graça habitual.
6. A Graça atual ou auxiliante, é todo o auxílio divino e de momento, que nos excita, nos move e ajuda a praticar
a virtude e fugir do mal.
7. A Graça atual é-nos tão necessária, que sem ela não podemos fazer coisa alguma útil para a salvação.
8. Deus concede-nos a Graça atual todos as vezes que é necessária, e que a pedimos devidamente.
9. Podemos infelizmente resistir à Graça, e resistimos-lhes demasiadas vezes.
10. A Graça atual é um socorro ou interior, ou exterior. A Graça auxiliante interior consiste na luz sobrenatural
que Deus dá o entendimento e nos bons movimentos que dá nos corações. A Graça atual exterior consiste nos
sermões, nos bons exemplos, nos bons conselhos, nos milagres, nos castigos dos pecadores, até nas doenças e
enfermidades, etc, enfim, todo o auxílio exterior que nos leva ao cumprimento dos nossos deveres.
11. Não podemos merecer os auxílios da Graça; Nosso Senhor os dá gratuitamente; mas podemos perdê-los.
12. Deus dá a Graça atual a todos os homens, porque quer que todos os homens se salvem, e porque Nosso
Senhor morreu na cruz por todos.
13. Podemos alcançar a Graça de Deus por dois meios: Pelo uso dos sacramentos recebemos a Graça
santificante; e pela oração a Graça auxiliante.
14. A Graça habitual, já o dissemos, perde-se pelo pecado mortal, e diminui pelo pecado venial.
15. Podemos recuperar a Graça perdida pelo sacramento da Penitência, ou por um ato de contrição perfeita,
acompanhado do desejo de nos confessarmos.
16. Geralmente falando, pode chamar-se Graça a todo o favor que Deus nos faz; e neste sentido, a multidão
inumerável de benefícios que temos recebido desde o primeiro instante do nosso ser, e que estamos recebendo
em todos os momentos da nossa vida são outras tantas graças que Deus nos dispensa e que estão pedindo o
nosso contínuo e eterno agradecimento.
17. A posse da Graça habitual chama-se estado de Graça. Neste feliz estado, amamos a Deus e Deus nos ama,
e todas as nossas ações, mesmo as mínimas, tornam-se sobrenaturais e merecedoras do paraíso.

Explicação da gravura
18. Na parte superior à direita, São Paulo está representado dando-nos o exemplo da fidelidade à Graça. Um
dia, quando se dirigia à cidade de Damasco com intenção de prender todos os cristãos que nela encontrasse,
ouviu uma voz que lhe disse: “Saulo, Saulo, porque me persegues?” Respondeu-lhe: “Quem sois, Senhor?” E a
voz respondeu: “Eu sou Jesus a Quem tu persegues.” E São Paulo disse: “Senhor, que quereis que eu te faça?”
(Atos IX, 3-19)
19. Na parte superior esquerda, vê-se Nosso Senhor falando com a mulher samaritana.
20. A alma em estado de Graça está representada por uma virgem com um lírio na mão. Está olhando para o
Céu e o Espírito Santo habita no seu coração. A alma em estado de pecado está representada por uma mulher,
presa com cadeias pelo demônio que tomou posse de seu coração.
OS SACRAMENTOS EM GERAL – O BATISMO

Os Sacramentos em geral
1. O sacramento é um sinal visível da Graça invisível, instituído para nossa santificação.
2. Chama-se ao sacramento sinal visível de Graça, porque não só confere a Graça, mas também a significa ou
representa por meio de coisas sensíveis.
3. Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu os sacramentos deixando neles a virtude dos seus merecimentos. E
instituiu-os a fim de nos comunicar as graças necessárias para a nossa santificação.
4. Os sacramentos são sete, a saber: Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Extrema-Unção, Ordem e
Matrimônio.
5. Sabemos que há sete sacramentos e que não são nem mais nem menos pela doutrina constante e pela
Tradição da Igreja.
6. Para um sacramento requerem-se três coisas: matéria, forma e intenção do ministro. A matéria é aquela
coisa que se emprega para fazer o sacramento, como a água no Batismo. A forma são as palavras que se
proferem quando se administra o sacramento. A intenção do ministro é a vontade de fazer o que faz a Igreja.
7. Há duas espécies de sacramentos, os sacramentos de vivos e os sacramentos de mortos.
8. Sacramentos de vivos são: Confirmação, Eucaristia, Extrema-Unção, Ordem e Matrimônio. Chama-se assim,
porque para os receber de modo digno e proveitoso, é necessário que a alma viva da vida da Graça.
9. São dois os sacramentos dos mortos: Batismo e Penitência. Chama-se assim, porque foram instituídos para
aqueles que estão mortos para a Graça de Deus.
10. Há três sacramentos que não se podem receber senão só uma vez, o Batismo, a Confirmação e a Ordem,
porque imprimem na nossa alma um caráter indelével, isto é, que nunca se apaga.
11. Os sacramentos de necessidade são os cinco primeiros, sendo os dois últimos de livre escolha.
12. Os efeitos dos sacramentos são dois: o primeiro e o principal é, pelos sacramentos de mortos, de conferir a
Graça santificante e, pelos sacramentos de vivos, de aumentar a Graça santificante; o segundo é o caráter que
imprimem alguns deles. Além da Graça santificante, os sacramentos conferem a Graça sacramental. A Graça
sacramental, tanto quanto não seja distinta da Graça santificante, acrescenta um certo auxílio divino para
conseguir o fim do sacramento.
13. Todos aqueles que recebem os sacramentos recebem o caráter; porém a Graça recebem-na só aqueles que
se acham dispostos.
14. O ministro ordinário dos sacramentos: Papa em todo orbe católico, Bispo na diocese, Pároco na paróquia.

O BATISMO

15. O Batismo é o primeiro e o mais necessário de todos os sacramentos, no qual, pela ablução exterior e a
invocação da Santíssima Trindade, o homem é purificado de todos os seus pecados.
16. O Batismo produz os seguintes efeitos: 1º às crianças lava-as da culpa original, e aos adultos perdoa-lhes
também os pecados atuais que tiverem cometido até então e a pena que lhes é devida; 2º faz-nos filhos de
Deus por adoção; 3º faz-nos membros da Igreja; 4º dá-nos direito à herança celestial.
17. A matéria deste sacramento é a água simples e natural. O sangue, o leite, a cerveja, o sumo são matérias
inválidas. O café, o chá são matérias duvidosas.
18. A forma são as palavras seguintes “Eu te batizo em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”, que devem
ser pronunciadas pela pessoa que batiza.
19. Para batizar, deve lançar-se a água sobre a cabeça da criança, dizendo ao mesmo tempo as palavras da
forma e tendo intenção de fazer o que faz a Igreja.
20. O ministro ordinário do Batismo é o Bispo, o pároco ou um sacerdote com delegação sua.
21. Em caso de necessidade todo o homem ou mulher pode batizar, mas sem as cerimônias da Igreja. A criança
assim batizada deve depois ser levada à Igreja para receber os santos óleos e as cerimônias, e para se lhe fazer
o assento no registro paroquial.

Explicação da gravura
22. A gravura representa na parte superior o Batismo de Jesus, e na parte inferior o Batismo duma criança.
A EUCARISTIA

1. A Eucaristia é o sacramento em que, depois da consagração do pão e do vinho, está presente real e
substancialmente, debaixo das espécies de um e do outro, o corpo, os sangue, a alma e a divindade de Nosso
Senhor Jesus Cristo.
2. A palavra “Eucaristia” quer dizer ação de graças, porque, com este sacramento, damos graças a Deus por
todos os benefícios que d’Ele temos recebido.
3. A Eucaristia foi instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo na última ceia que celebrou com os seus discípulos,
na véspera da sua paixão.
4. Para instituí-la, tomou nas suas mãos o pão, abençoou-o, partiu-o, e apresentou-o aos seus discípulos
dizendo: “Tomai e comei; isto é o Meu corpo.” Tomou depois o cálice de vinho, abençoou-o, e apresentou aos
seus discípulos dizendo: “Bebei, isto é o Meu sangue.”
5. Por essas palavras Jesus Cristo realizou aquilo que disse, converteu o pão no seu corpo, e o vinho no seu
sangue, conversão que se chama transubstanciação, quer dizer, conversão de uma substância em outra
substância.
6. Nosso Senhor acrescentou depois estas palavras: “Fazei isto em memória de mim” – para dar aos Apóstolos,
aos Bispos e sacerdotes o poder de converterem, como ele, o pão em Seu corpo, e o vinho em Seu sangue.
7. O pão converte-se no corpo e o vinho no sangue de Jesus Cristo, em virtude das palavras da consagração que
o sacerdote profere sobre a hóstia e o vinho do cálice, de modo que, feita a consagração, já não há pão nem
vinho, porque toda a substância do pão e do vinho se converteu no corpo e sangue de Jesus Cristo, sem que
fique do pão e do vinho mais do que os acidentes, que chamamos espécies sacramentais.
Esses acidentes ou espécies sacramentais são tudo aquilo que aparece aos nossos sentidos no pão e no vinho
consagrado, isto é a figura, a cor, o cheiro e o sabor dum e outro. Os acidentes existem milagrosamente.
8. Debaixo das espécies do pão não está só o corpo de Jesus Cristo; está também o sangue, a alma e divindade,
como debaixo das espécies do vinho está também o corpo, a alma e a divindade, por concomitância, isto é,
acompanhamento, porque as coisas inseparáveis vão sempre acompanhadas. Na Hóstia, o Senhor está oculto
debaixo das espécies do pão e no cálice debaixo das espécies do vinho. Quanto à Hóstia, as palavras falam só
no corpo, mas como está vivo, não pode estar o corpo sem o sangue, a alma e a divindade; quanto ao cálice, as
palavras só falam no sangue, mas como o Senhor está vivo, não pode estar o sangue sem o corpo, alma e
divindade, a qual é inseparável tanto da alma como do corpo.
9. Consagra-se o sangue separadamente do corpo para significar a separação do sangue do corpo de Jesus Cristo
na Cruz.
10. Jesus Cristo não deixa o Céu para fazer-se presente na Eucaristia, mas está presente ao mesmo tempo no
Céu à direita do Pai e no altar, milagre que se chama Presença real.
11. Jesus Cristo está presente em todas e em cada uma das hóstias consagradas. Não se divide o corpo do
Senhor quando se divide a hóstia, mas somente as espécies do pão, e Jesus Cristo fica inteiro em todas e cada
uma das partes da Hóstia.
12. Jesus Cristo ocultou-Se debaixo das espécies do pão e vinho para nos manifestar que Ele é o sustento e o
conforto espiritual da nossa alma.
13. Devemos adorar a Eucaristia com o mesmo culto da latria (adoração) que é devido ao verdadeiro Deus.
14. Recebemos o sacramento da Eucaristia na sagrada comunhão, que nos une intimamente a Jesus Cristo;
conserva e aumenta as forças da alma; preserva-nos das tentações e quedas espirituais; livra-nos das culpas
veniais e quotidianas; reprime a rebeldia da carne; ministra-nos uma grande virtude para adquirir a eterna
glória.
15. Sendo a Eucaristia um sacramento dos vivos, para recebê-la é necessário o estado de Graça. Receber a
Eucaristia em estado de pecado mortal é cometer um pecado horrível chamado sacrilégio. Foi o pecado de
Judas o traidor.

Explicação da gravura
16. A gravura representa a instituição da Eucaristia, e a comunhão dos fiéis cristãos.
A CONFIRMAÇÃO OU CRISMA

1. A Confirmação ou Crisma é um sacramento que confere aos batizados a plenitude do Espírito Santo, para os
fazer perfeitos cristãos, fortificando-os na Fé e aperfeiçoando as outras virtudes e dons que tinham recebido no
Batismo.
2. Este sacramento chama-se “Confirmação” porque reforça e confirma os cristãos na nova vida que receberam
no Batismo. A palavra “Crisma” significa unção, e este sacramento chama-se também Crisma porque se unge a
testa de quem o recebe.
3. As disposições necessárias para receber a Confirmação são: 1º que a pessoa que se há-de crismar seja
batizada; 2º que seja instruída nos mistérios da Fé e nas coisas que dizem respeito a este sacramento; 3º que
esteja em estado de Graça.
4. O ministro do sacramento da Confirmação é o Bispo, porque, com a Confirmação, dá-se o último
complemento ao ser cristão, e por isso o conferi-lo pertence ao Bispo, que tem a plenitude do sacerdócio.
5. Para administrar este sacramento, o Bispo: 1º estende as mãos sobre os que vão ser confirmados, invocando
sobre eles o Espírito Santo; 2º faz uma unção em forma de cruz com o santo óleo do Crisma na testa de cada
um deles.
6. Para dar a forma a esta matéria, o Bispo diz estas palavras: “Eu te marco com o sinal da Cruz, e te confirmo
em nome do Pai e do Filho, e do Espírito Santo”. Dá depois uma leve bofetada na face do crismado, dizendo: “A
paz esteja contigo”.
7. A imposição das mãos significa a proteção de Deus pela presença do Espírito Santo.
8. O Crisma é um composto de azeite de oliveira e de bálsamo que se consagra na quinta-feira santa com a
consagração feito pelo Bispo. O Crisma significa a mansidão e a força da Graça do Espírito Santo, e o bom cheiro
das virtudes cristãs que deve praticar o que é crismado.
9. Na unção faz o Bispo o sinal da Cruz para mostrar que toda a virtude e Graça deste sacramento vem da morte
de Jesus Cristo.
10. O Bispo faz a Cruz na testa do crismado para que o cristão se não envergonhe de confessar publicamente a
Fé de Cristo, e dá-lhe depois uma leve bofetada na face para o advertir que deve estar pronto a sofrer toda a
espécie de afronta por amor de Jesus Cristo.
11 Os dons do Espírito Santo que recebemos na Confirmação são sete, a saber: Sabedoria, Inteligência,
Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus.
A Sabedoria é um dom pelo qual só estimamos a Deus e as coisas do Céu, e desprezamos tudo o que não é de
Deus. Pelo dom de Inteligência compreendemos, quanto o permite o nosso limitado espírito, as verdades da
religião. Pelo dom de Conselho nos ensina o Espírito Santo a tomar, nas coisas duvidosas, o melhor caminho
para a glória de Deus. O dom de Fortaleza consiste no ânimo, valor e constância com que enfrentamos e
vencemos as dificuldades e obstáculos que se nos opõem a darmos glória a Deus e a fazermos a Sua vontade.
Pelo dom de Ciência o homem justo sabe evitar os perigos de sua salvação e caminhar segura para o Céu. O
dom de Piedade é uma propensão para a virtude e especial horror ao pecado. O dom de Temor de Deus consiste
na grande veneração que devemos ter a Deus e às suas ameaças e juízos, e o receio de O ofender com o pecado.
Há três espécies de temor, mundano, servil e filial; o temor mundano é aquele que nos faz fugir do pecado para
evitar um mal temporal; o temor servil faz fugir do pecado pelo receio da pena; o temor filial nos faz fugir do
pecado porque desagrada a Deus. Só este último temor é dom do Espírito Santo.
12. O sacramento da Confirmação não é necessário para a salvação; mas não o devemos desprezar, para não
nos tornarmos culpados de negligência em coisa tão santa e tão útil.

Explicação da gravura
13. A parte principal representa São Pedro e São João ministrando a Confirmação aos fiéis de Samaria. A parte
inferior representa um Bispo crismando as crianças numa igreja.
A PENITÊNCIA OU CONFISSÃO

1. Penitência é o sacramento instituído por Jesus Cristo para perdoar os pecados cometidos depois do Batismo.
2. Recebemos o sacramento da Penitência quando o sacerdote nos dá a absolvição. A absolvição é a sentença
que o confessor pronuncia em nome de Jesus para perdoar os pecados do penitente com as devidas disposições.
3. Para recebê-la válida e frutuosamente a absolvição são necessárias três coisas que se chamam as três partes
do sacramento da Penitência, e também os três atos do penitente, a saber: Contrição, confissão e satisfação.
Das três, a mais necessária e indispensável é a contrição, que em certos casos pode suprir as outras.

Contrição
4. A contrição é um verdadeiro desgosto da alma, a dor de coração e uma aversão ao pecado cometido, com
propósito firme de nunca mais pecar.
5. A contrição é perfeita, ou imperfeita, a qual se chama também atrição. A contrição perfeita é uma dor pelo
qual nos pesa termos ofendido a Deus, por Ele se infinitamente bom, infinitamente amável, e porque o pecado
Lhe desagrada. – A contrição imperfeita ou atrição é a dor de ter ofendido a Deus, causada ordinariamente pela
ignomínia do pecado, pelo temor do Inferno ou pela perda do Paraíso.
6. A melhor é, sem dúvida alguma, a contrição perfeita, que provem do amor de Deus e sendo por Ele
aperfeiçoada, perdoa todos os pecados, com a condição de ter intenção de confessá-los. O ato de contrição
perfeita equivale pois ao ato de caridade perfeita que perdoa todos os pecados.
7. A atrição não basta para alcançar o perdão dos pecados senão sendo por meio da absolvição no sacramento
da Penitência, porque a atrição dispõe somente para impetrar (pedir) o perdão dos pecados e a Graça de Deus.

A Confissão
8. A confissão sacramental é a acusação dos próprios pecados, feita a um sacerdote para isso aprovado, a fim
de receber a absolvição. Digo acusação, porque os pecados não se devem contar como uma história, mas com
ânimo de se acusar pecador a si mesmo, e de querer tomar sobre si severa penitência.
9. Foi Nosso Senhor quem instituiu a Confissão quando deu aos seus ministros o poder de perdoar ou não os
pecados, porque o sacerdote não pode julgar se deve ou não perdoá-los sem conhecê-los, e em consequência,
sem os ouvir em confissão.
10. Para a confissão ser válida, o pecador deve acusar todos os pecados mortais que cometeu, com o número e
as circunstâncias que mudam ou aumentam a gravidade do pecado. Para isso deve fazer-se o exame de
consciência que é uma busca diligente dos pecados cometidos.
11. Não é necessária para uma boa confissão, a acusação dos pecados veniais, mas é muito útil acusá-los.

A Satisfação
12. Chama-se Satisfação a Penitência sacramental que o confessor impõe e pela qual se repara a Deus pelos
pecados cometidos. Esta penitência impõe-se para castigo do pecado e para remédio das enfermidades do
penitente. Quem se confessar com intenção de não cumprir a Penitência não fica absolvido.
13. Devemos também reparar o próximo, se lhe tivermos causado algum dano, como está explicado nos
mandamentos da lei de Deus. Quem se confessar com intenção de não restituir ou não reparar os danos
causados ao próximo, não fica absolvido.

Explicação da gravura
14. A parte principal da gravura representa Nosso Senhor instituindo o sacramento da Penitência, quando deu
aos seus discípulos o poder de ligar e desligar, dizendo: “Os pecados serão perdoados àqueles a quem os
perdoardes, e não serão perdoados àqueles a quem não os perdoardes.”
15. No ângulo superior direito vê-se o paralítico a quem Jesus perdoou primeiro os pecados e depois disse:
“Levanta-te e anda”. No ângulo superior esquerdo, vê-se a pecadora Madalena ajoelhada e chorando aos pés
de Jesus, que lhe diz: “Vai em paz, são-te perdoados os teus pecados”.
16. Na parte inferior, à direita vê-se saindo do confessionário, perdoado, um pecador que fez uma boa confissão,
e do lado oposto, um pecador que não alcançou o perdão por ter feito uma confissão nula.
UNÇÃO DOS ENFERMOS OU EXTREMA-UNÇÃO

1. A Extrema-Unção é o sacramento instituído por Jesus Cristo para o alívio espiritual e corporal dos enfermos.
2. Chama-se “Unção” porque consiste em ungir o enfermo com azeite de oliveira benzido pelo Bispo.
3. Diz-se “Extrema” porque é a última entre as unções que se dão nos sacramentos da Igreja, e também porque
se dá no fim da vida.
4. Chama-se também “Santos Óleos”, porque, como já se disse, a sua matéria é o óleo ou azeite benzido pelo
Bispo na quinta-feira santa.
5. Este sacramento produz na alma os seguintes efeitos: apaga os vestígios dos pecados e as faltas veniais, dá
Graça e fortaleza à alma para combater com o demônio naquele último momento de agonia.
6. Quanto ao corpo, a Extrema-Unção ajuda também a receber a saúde do corpo, se esta for útil para a salvação
da alma.
7. O ministro deste sacramento é só o pároco, ou qualquer sacerdote por ele autorizado.
8. A Extrema-Unção deve administrar-se aos enfermos que estão em perigo de vida.
9. Não se deve esperar que estejam na iminência da morte; é muito proveitoso que estejam ainda em seu juízo
e tenham alguma esperança de vida.
10. Pode dar-se aos meninos, logo que cheguem ao uso da razão, mesmo que não tenham ainda comungado.
11. Pode dar-se em toda a doença perigosa, e até na mesma doença pode receber-se mais de uma vez, se o
enfermo, depois de o ter recebido, se restabelecer e depois tornar a cair em perigo de vida.
12. As disposições necessárias para receber este sacramento são: Estar na Graça de Deus, porque é um
sacramento dos vivos, e é necessário recebê-lo com sentimentos de Fé, Esperança e resignação. Por
consequência, se o enfermo estiver em estado de pecado mortal, deveria fazer antes uma boa confissão. Se
não pudesse confessar-se, deveria fazer um ato de contrição, com voto de se confessar.
13. As unções fazem-se nos sentidos do corpo do enfermo, nos olhos, nos ouvidos, no nariz, na boca, nas palmas
das mãos, nas plantas dos pés, se for possível.
14. Fazem-se as unções em todas as partes do corpo para que Nosso Senhor, por virtude deste sacramento,
perdoe o que o enfermo pecou através dos olhos, ouvidos, nariz, mãos e pés.
15. O enfermo, quando recebe este sacramento, deve acompanhar com o coração as orações que diz o
sacerdote, e pedir perdão a Deus dos pecados cometidos pelo mau uso dos sentidos.
16. O sacerdote diz certas orações quando administra a Extrema-Unção para alcançar de Deus, a favor do
enfermo, a Graça do sacramento.
17. Os que assistem devem orar a Deus de coração e encomendar à sua misericórdia a vida e a salvação do
enfermo.
18. Depois de recebida a Extrema-Unção, o doente deve: 1º dar graças a Deus pelo benefício que lhe concedeu
com este sacramento; 2º resignar-se inteiramente à Sua vontade; 3º não pensar noutra coisa senão Deus e na
eternidade.
19. O santo Concílio Tridentino diz: “Se alguém disser que a Extrema-Unção não é um verdadeiro sacramento
instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, seja anatematizado”.
20. Somos obrigados a advertir os doentes a receberem os últimos sacramentos e é o maior serviço que lhes
podemos fazer, pois muitas vezes disso depende a salvação eterna. Se não pudermos adverti-los direitamente,
ao menos devemos prevenir o pároco da sua freguesia.
21. Quando o doente estiver em agonia, devem os assistentes rezar as orações dos agonizantes e aspergi-lo
com água benta.

Explicação da gravura
22. A gravura representa um Apóstolo administrando os santos óleos a um enfermo. Vê-se um anjo com uma
inscrição: “Está entre vós algum enfermo? Que chame o sacerdote, e o que este o unja em nome do Senhor,
que o aliviará e perdoará os seus pecados”. (Tiago V, 14). Vê-se outro anjo que lhe aponta o Céu, mostrando-
lhe ao mesmo tempo uma coroa.
A ORDEM

1. A Ordem é o sacramento instituído por Jesus Cristo, pelo qual se confere o poder de consagrar, oferecer e
administrar a Eucaristia, e exercer as outras funções eclesiásticas.
2. Este sacramento dá virtude e Graça aos sacerdotes e outros ministros da Igreja para bem cumprir os seus
ofícios.
3. Os que abraçam o estado eclesiástico devem ter por fim a glória de Deus e a salvação eterna do próximo.
4. Somente aos bispos pertence administrar o sacramento da Ordem, porque têm a plenitude do sacerdócio.
5. As disposições necessárias para receber o sacramento da Ordem são principalmente três: 1º vocação, isto é,
ser chamado por Deus para o estado eclesiástico; 2º uma vida exemplar e devota; 3º suficiente doutrina.
6. Há sete graus no sacramento da Ordem, quatro menores e três maiores. Os quatro menores graus do
sacramento da Ordem são: ostiário, leitor, exorcista e acólito. As três Ordens maiores ou Ordens sacras são:
Subdiácono, Diácono e Presbítero, que é o mesmo que a de epístola, de Evangelho, e de presbítero ou de Missa.
7. Há uma diferença quase infinita entre os sacerdotes e os que o não são. Basta dizer que o Filho do Altíssimo
Ilhe obedece, vindo à terra realmente num instante toda vez que o sacerdote o diz na consagração.
8. Devemos pois ao sacerdote todo o respeito, pelos dois poderes que Deus lhe deu, um sobre o Filho de Deus
feito homem que obedece à sua voz, e outro o de perdoar os pecados que são ofensas feitas a Deus.
9. Se o sacerdote não tiver costumes adequados a esta grande dignidade, devemos respeitar o caráter do
sacramento, e ter compaixão e caridade da pessoa.
10. Para com aqueles que são promovidos às ordens, devemos: 1º orar a Deus para que se digne conceder à
sua Igreja bons pastores e zelosos ministros; 2º ter-lhes particular respeito e veneração.

Explicação da gravura
11. A parte principal da gravura representa São Pedro conferindo a Ordem aos sete primeiros diáconos. Como
o número de cristãos aumentasse de dia para dia, e como os Apóstolos não pudessem cumprir todas as funções
do seu ministério, mandaram eleger na assembleia dos fiéis sete diáconos que os substituíssem na distribuição
das esmolas às viúvas, órfãos e pobres. Rogando a Deus pelos escolhidos, os Apóstolos conferiram-lhes a Ordem
do Diaconato pela imposição das mãos.
12. Na parte superior, vê-se o Bispo conferindo as ordens menores. À esquerda, confere o Bispo a Ordem do
ostiário mandando tocar as chaves da igreja. A seguir, o Bispo confere a Ordem de leitor mandando tocar o
missal. No ângulo direito, na parte esquerda, o Bispo confere a Ordem de exorcista, cuja função é de expulsar
os demônios, mandando tocar o livro dos exorcismos. Por fim, na quarta parte, o Bispo confere a Ordem de
acólito mandando tocar um castiçal com vela e as galhetas.
13. Na parte inferior divide-se em três: na primeira, à esquerda, o Bispo ordena um subdiácono, cuja função é
de servir o diácono no altar, e de cantar a epístola na Missa Solene. Para ordená-lo o Bispo manda o ordinando
a tocar o cálice, a patena e o livro das epístolas. O subdiácono obriga-se à castidade perpétua e à recitação
quotidiana do ofício divino.
14. Na última parte, à direita, o Bispo confere a Ordem sacra do Diaconato. As funções do diácono são de ajudar
o sacerdote na Missa, cantar o Evangelho, pregar e batizar. Hoje em dia, o diácono não pode pregar nem batizar
sem especial licença do Bispo. Confere essa Ordem o Bispo com a imposição das mãos, dizendo: “Recebe o
Espírito Santo, para teres a força de resistir ao demônio e às suas tentações”.
15. Enfim na parte do meio, o Bispo confere a Ordem de Sacerdote, cujas funções são dizer Missa, pregar e
administrar os sacramentos. O Bispo confere esta Ordem com a imposição das mãos sobre os ordinandos, e
com ele todos os sacerdotes presentes; manda tocar o cálice com vinho e a patena com a hóstia, dizendo ao
mesmo tempo: “Recebe o poder de oferecer a Deus o Sacrifício e de celebrar a Missa pelos vivos e pelos
mortos”.
O MATRIMÔNIO

1. O Matrimônio pode considerar-se como o contrato e como sacramento. Como contrato, é a união conjugal
do homem e da mulher que os obriga a viver numa inseparável companhia.
2. Como sacramento, o Matrimônio é este mesmo contrato elevado por Jesus Cristo à dignidade de sacramento
que dignifica e confere uma Graça especial aos que o celebram.
3. O sacramento do Matrimônio dá aos que o recebem dignamente e que são legitimamente casados virtude e
Graça para viverem em paz e caridade, e para educar os filhos no santo temor de Deus.
4. Para que o Matrimônio seja perfeito e abençoado por Deus, os noivos devem: 1º estar em Graça de Deus; 2º
saber bem a doutrina cristã; 3º ter boa intenção.
5. Ambos os noivos devem estar em estado de Graça, porque o Matrimônio é um sacramento dos vivos, e não
pode ser recebido dignamente senão por quem estiver vivo na Graça de Deus.
6. Devem saber os noivos a doutrina cristã, porque os pais de família têm a obrigação de ensiná-la aos seus
filhos e subordinados, e não a podem ensinar sem a saberem bem.
7. As principais obrigações dos que se casam são duas: 1º viver em mútuo amor e união conjugal assim como
Jesus Cristo com a sua Igreja, 2º educar bem os seus filhos.
8. O Matrimônio nulo é aquele em que os casados verdadeiramente não estão casados, ainda que fizessem a
cerimônia da Igreja.
9. O Matrimônio é nulo por causa dos impedimentos; há 2 tipos de impedimentos no Matrimônio: uns tornam
nulo o Matrimônio. Os outros sem o tornar inválido proíbem sob pena do pecado. Os impedimentos mais
frequentes que invalidam o Matrimônio são o parentesco até o quarto grau de consanguinidade ou de
afinidade, parentesco espiritual que vem do Batismo entre padrinho ou madrinha e a sua afilhada ou o seu
afilhado.
10. A Igreja manda publicar antes da cerimônia os banhos, afim de descobrir os impedimentos.
11. A Igreja proíbe casar com os hereges e com os excomungados, durante a excomunhão.
12. Quem souber em segredo algum impedimento tem obrigação de o declarar ao pároco, debaixo de pecado
mortal e pena de excomunhão, não havendo razão grave que o dispense.
13. Há um estado que é mais perfeito e mais agradável a Deus do que o Matrimônio, que é a virgindade cristã.
14. Casar em estado de pecado mortal é um sacrilégio que atrai a maldição de Deus sobre as famílias.
15. O Matrimônio é indissolúvel; só se dissolve pela morte de um dos desposados. Nosso Senhor disse no
Evangelho que “o homem não pode separar o que Deus uniu”. (Mat. XIX,6)

Explicação da gravura
16. A parte principal da gravura representa o casamento de Nossa Senhora com São José, que tem na mão uma
açucena. Quando Maria chegou à idade de se casar, o sumo sacerdote reuniu todos os jovens da família de
David que desejavam desposá-l’A, e deu a cada um um ramo bento dizendo que escrevessem o seu nome.
Depois colocou os ramos no altar pedindo a Deus que manifestasse a sua vontade. Então se viu que só o ramo
de José estava coberto de folhagem e flores. À direita vê-se um jovem que, triste por não ter sido escolhido,
quebrou o ramo que lhe dera o sacerdote.
17. Na parte superior, à esquerda, veem-se Tobias e Sara preparando-se para o casamento com fervorosas
orações. O anjo Rafael expulsa o demônio que matara os sete maridos de Sara pelas suas más disposições para
o Matrimônio. À direita vê-se Adão e Eva a quem Deus abençoou e disse: crescei e multiplicai-vos.
18. Na parte inferior vê-se um casamento católico.
MANDAMENTOS

MANDAMENTOS DE DEUS EM GERAL

1. Para nos salvarmos, não basta crer tudo o que Deus revelou e que a Santa Igreja ensina; é preciso também
praticar os mandamentos de Deus e os mandamentos da Igreja.
2. Os mandamentos de Deus são dez, e por isso a lei de Deus chama-se Decálogo, isto é, as dez palavras ou
mandamentos.
3. Foi o próprio Deus que deu os mandamentos aos homens por meio de Moisés, no monte Sinai, cinquenta
dias depois dos israelitas terem saído do Egito; é o que se chama a lei antiga. Depois, Jesus Cristo confirmou-os
na nova lei.
4. Os dez mandamentos da lei de Deus são:
I. Adorar a um só Deus e amá-Lo sobre todas as coisas.
II. Não invocar o seu santo nome em vão.
III. Guardar domingos e festas.
IV. Honrar pai e mãe.
V. Não matar
VI. Guardar castidade
VII. Não furtar.
VIII. Não levantar falso testemunho.
IX. Não desejar a mulher do próximo.
X. Não cobiçar as coisas alheias.
5. Os mandamentos foram dados por Deus a Moisés em duas tábuas de pedra. Os mandamentos escritos na
primeira tábua são três, que se referem à honra de Deus. Os da segunda são sete que se referem ao bem do
próximo. Com efeito, os três primeiros ordenam: 1º adorar a Deus; 2º respeitar o Seu nome; 3º guardar os dias
que Lhe estão consagrados. Os sete últimos referem-se ao próximo. O quarto manda-nos honrar pai e mãe, e
os outros proíbem-nos prejudicar o próximo, na sua pessoa, seus bens, na sua honra.
6. Os dez mandamentos resumem-se em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
7. Todos os homens que chegam ao uso da razão estão obrigados a observar a lei de Deus.
8. O prêmio que prometeu Deus aos que fielmente observarem estes mandamentos é a vida eterna.
9. Lemos em São Lucas a seguinte parábola: “E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o e dizendo:
“Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” E ele lhe disse: “Que está escrito na lei? Como lês?” E,
respondendo ele, disse: “Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas
as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo.” E disse-lhe: “Respondeste
bem; faze isso e viverás.” Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: “E quem é o meu
próximo?” E, respondendo Jesus, disse: “Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos
salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente,
descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E, de igual modo, também um levita,
chegando àquele lugar e vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e,
vendo-o, moveu-se de íntima compaixão. E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho;
e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. E, partindo ao outro dia, tirou
dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei,
quando voltar. Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos
salteadores?” E ele disse: “O que usou de misericórdia para com ele.” Disse, pois, Jesus: “Vai e faze da mesma
maneira”. (Lc X,25)

Explicação da gravura
10. A gravura representa Deus entregando a Moisés as tábuas da lei no meio dos relâmpagos e trovões.
1º MANDAMENTO DE DEUS: ADORAR A UM SÓ DEUS E AMÁ-LO SOBRE TODAS AS COISAS

1. Desempenharemos nós o que neste preceito nos é mandado, praticando para com Deus quatro virtudes, a
saber: a Fé, a Esperança, a Caridade e a Religião. Para as três virtudes teologais, Fé, Esperança, Caridade, ver a
gravura.
2. A religião, considerada como virtude, é uma virtude que nos ensina a dar a Deus o culto que lhe é devido.
3. O culto que devemos a Deus chama-se culto de latria e é propriamente adoração.
4. Há duas espécies de culto, culto interno, e culto externo. O culto interno consiste em elevar a Deus o nosso
pensamento, louvá-Lo e adorá-lo mentalmente, oferecendo-Lhe no íntimo do coração os nossos afetos, sem
manifestar exteriormente os nossos sentimentos. O culto externo consiste em dirigir a Deus orações vocais, em
cantar os divinos louvores, em nos prostrarmos na Sua presença, e principalmente em assistir-mos ao Santo
Sacrifício da Missa e as cerimônias e funções públicas, com que a Igreja Católica celebra os Seus mistérios e
solenidades.
5. Adorar a Deus é reconhecê-Lo como nosso Criador, e soberano Senhor de todas as coisas. Devemos, pois,
humilhar-nos profundamente diante da sua Majestade.
6. Devemos a Deus um culto exterior: 1º porque o nosso corpo pertence-Lhe tanto como a nossa alma; 2º
porque o culto exterior nos leva ao culto interior.
7. O culto público consiste sobretudo em adorar a Deus nas igrejas e cerimônias públicas. Devemos prestar a
Deus culto público porque temos obrigação de edificar o nosso próximo, mostrando-lhe que somos verdadeiros
crentes.
8. A sociedade civil deve também adorar a Deus, porque Ele é Senhor das sociedades como dos indivíduos.
9. Adoramos a Jesus Cristo, porque ele é Deus com o Pai e o Espírito Santo.

O culto dos Santos


10. Pão é idolatria tributar culto aos Santos; antes esse culto é legítimo e devido, porque não é de latria ou
adoração, mas de veneração e respeito. Nós não adoramos Nossa Senhora nem os santos como adoramos a
Deus; veneramo-los e honramo-los como criaturas muito chegadas a Deus e muito favorecidas das suas graças.
Não se faz injúria ao soberano que corteja os cortesãos que servem em redor do trono.
11. O culto que damos a Nossa Senhora não é o mesmo que damos aos santos, porque Nossa Senhora ocupa
um lugar diferente acima das outras criaturas, sendo Ela Mãe de Jesus Cristo. O seu culto chama-se hiperdulia.
12. Veneramos os Santos pelas suas virtudes, pela intercessão que têm junto de Deus, e por serem seus amigos
e servos, e assim toda a honra que se lhes tributa redunda em honra de Deus.
13. O culto dos Santos consiste em lhes pedir, em lhes agradecer, e ainda tomá-los por modelo para imitar. Esse
culto chama-se dulia, o qual é infinitamente inferior ao de latria, que pertence a Deus.
14. Pedimos aos santos para alcançar por sua intercessão as graças de que necessitamos. Os santos são os
nossos advogados para com Jesus Cristo, como Jesus Cristo é o nosso advogado para com seu Pai. Há muita
diferença no modo de pedir a Deus ou de pedir aos santos; a Deus pedimos que nos dê, nos conceda; e aos
santos pedimos que nos alcancem de Deus pelos merecimentos de Jesus Cristo, que roguem por nós.
15. A veneração das relíquias e imagens não está proibida; antes Deus autoriza e aprova pelos grandes milagres
que a cada momento realiza por meio das relíquias e imagens dos santos.

Explicação da gravura
16. Nesta gravura veem-se pessoas de todas as idades e condições adorando a Deus, que lhes abre os braços e
os contempla com ternura, mostrando assim o agrado com que acolhe as nossas homenagens.
17. Na parte superior, à esquerda, vê-se a Virgem rodeada de Anjos e à direita, São José com vários santos.
1º MANDAMENTO (CONTINUAÇÃO): ADORAR A UM SÓ DEUS E AMÁ-LO SOBRE TODAS AS COISAS

1. Os principais pecados opostos à virtude da religião e ao culto devido a Deus são: A idolatria ou adoração aos
ídolos, e impiedade ou irreligião, a superstição, o sacrilégio e todas as falsas religiões.
2. A idolatria consiste em dar às criaturas o culto supremo que só a Deus é devido.
3. Comete-se o pecado de impiedade ou irreligião quando se trata com desprezo ou indiferença os deveres do
cristão, quando se profanam as coisas santas, e quando se mete a ridículo a religião e os seus ministros.
4. A superstição consiste em dar a Deus um culto que não Lhe é devido, ou vicioso por excesso. As principais
superstições são três: a 1º é dar culto a Deus por coisas ridículas, em que Deus não pode ter glória; a 2º é
considerar mau presságio por coisas que não têm conexão com o que tememos; a 3º querer adivinhar o Futuro
observando certos sinais que não podem ter conexão com ele.
5. O sacrilégio é a profanação das coisas santificadas. Entendemos por coisas santificadas as que são
especialmente consagradas a Deus; tais são: os templos, os vasos e ornamentos sagrados, os eclesiásticos, as
virgens dedicadas a Deus, as coisas prometidas com votos; e outras semelhantes.
6. Há três espécies de sacrilégio: pessoal, local e real. Quando se ofende a santidade dos ministros de Jesus
Cristo enquanto são consagrados a Deus, o sacrilégio é pessoal. O sacrilégio local é aquele com que se faz injúria
a qualquer lugar sagrado com criminoso derramamento de sangue, com incêndio, com furto e com qualquer
exercício profano. O sacrilégio real consiste na profanação ou violação de qualquer coisa sagrada.
7. As coisas sagradas profanam-se de três modos: 1º recebendo ou administrando os sacramentos em pecado
mortal ou fazendo deles mau uso; 2º tratando sem reverência os vasos sagrados ou empregando-os para uso
profano; 3º ultrajando as relíquias e imagens sagradas.
8. Na seguinte passagem do Evangelho vemos a Jesus expulsando os vendilhões do templo, porque cometiam
um sacrilégio. Diz São João: “Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou, no
templo, vendedores de bois, ovelhas e pombas, e os cambistas sentados às suas mesas. Tendo feito um chicote
de cordas, expulsou-os a todos do templo, e com eles as ovelhas e os bois, deitou por terra o dinheiro dos
cambistas e derrubou as suas mesas. Aos que vendiam pombas disse: “Tirai isto daqui, não façais da casa de
Meu Pai casa de comércio”. Então lembraram-se os Seus discípulos do que está escrito: “O zelo da Tua casa Me
consome”.” (João II, 12-17)

Explicação da gravura
9. Exemplo de idolatria: adoração do bezerro de ouro. Subiu Moisés ao monte aonde Deus o chamou para dar-
lhe a Lei. Aí ficou quarenta dias e quarenta noites; depois o Senhor deu-lhe as duas tábuas sobre as quais
estavam gravados os mandamentos. Enquanto Moisés estava no monte o povo disse a Aarão: “Não sabemos o
que é feito de Moisés; fazei-nos deuses como os dos Egípcios”. Para afastar o povo desta impiedade, Aarão
disse: “Trazei-me os brincos de vossas mulheres e filhas”. Contra a sua expectativa, trouxeram-lhe todas as
joias, e não ousando resistir, Aarão fundiu-as e formou um bezerro de ouro, ao qual os israelitas ofereceram
sacrifícios, tocando e dançando à moda dos pagãos. Vendo isso Moisés, ao descer do monte, irou-se
grandemente, e arremessou a terra as duas tábuas, as quebrou. Depois reduziu a pó o bezerro, e mandou os
levitas matar quantos encontrassem adorando os ídolos.
10. Exemplo de sacrilégio na parte inferior esquerda. Vê-se Heliodoro, general do rei da Síria, que, querendo
roubar o tesouro do templo de Jerusalém, foi atacado por um cavalheiro misterioso que o maltratou,
aparecendo-lhe ao mesmo tempo dois anjos que o açoitaram fortemente e o deixaram meio morto.
11. Cometeu Saul um pecado de superstição quando foi consultar a feiticeira de Endor. Deus permitiu que lhe
aparecesse Samuel, que lhe disse: “Amanhã morrerás na batalha”. Vê-se representado o fato na parte inferior
direita.
2º MANDAMENTO DE DEUS: NÃO INVOCAR O SANTO NOME DE DEUS EM VÃO

1. Deus, neste mandamento, manda-nos honrar o Seu santo nome e proíbe-nos que o profanemos.
2. Podemos honrar o santo Nome de Deus de três modos: pronunciando-O com veneração e respeito, louvando-
O, e invocando-O nas nossas aflições.
3. Profana-se o santo nome de Deus de cinco modos: 1º pela irreverência; 2º pelos maus juramentos; 3º pela
blasfêmia; 4º rogando pragas; 5º quebrando os votos.
4. O nome de Deus significa aqui a omnipotente e sempiterna majestade de Deus uno e trino, o próprio Deus.
5. Peca-se por irreverência ao santo nome de Deus quando se pronuncia sem respeito ou com desprezo.
6. Jurar é tomar Deus por testemunha do que se afirma ou promete.
7. Quando se jura pelas criaturas, também se toma a Deus por testemunha, porque, como as criaturas são obra
de Deus, de certo modo jura-se por Deus, quando se jura pelas suas criaturas.
8. Há duas espécies de juramento, o afirmativo e o promissório. Afirmativo é quando tomamos a Deus por
testemunha para confirmar um fato presente ou passado. Promissório, quando prometemos com juramento;
fazer ou não fazer uma coisa.
9. Este mandamento não proíbe toda a casta de juramento; somente proíbe o jurar em vão.
10. Juramos em vão quando faltamos aos juramentos ou à verdade, ou à justiça, ou ao juízo.
11. Faltamos à verdade nos nossos juramentos, quando sabemos que é falso, ou ao menos duvidamos se é falso
isso que juramos. Aqueles que juram sem intenção de cumprir o que prometem, também juram sem verdade,
porque mentem, fazendo crer que têm intenção de cumprir o que prometem, e não têm.
12. Juramos sem justiça quando se juram coisas injustas e más. Quando juramos fazer uma coisa má não
estamos obrigados a cumprir o juramento; antes, se o cumpríssemos, faríamos um novo pecado.
13. Falta aos nossos juramentos a seriedade, quando juramos sem que haja necessidade de jurar, ou por coisas
vãs e inúteis.
14. O crime de quem jura falso chama-se perjúrio, e o que jura falso chama-se perjuro.
15. As pragas são uma espécie de juramento, se invocamos o nome de Deus, ou clara, ou indiretamente; de
outro modo não o são; mas rogar pragas é sempre pecado, porque as pragas são imprecações sempre contrárias
à caridade.
16. O juramento falso é um grande pecado, porque jurando assim fazemos a Deus uma injúria gravíssima,
tomando-o por testemunha duma mentira.
17. Fazer juramentos é permitido nas circunstâncias graves, como quando formos chamados à Justiça. Então o
juramento deve fazer-se com profundo respeito, isto é, com intenção de honrar a Deus como sendo a mesma
verdade.
18. Quando prometemos alguma coisa com juramento, estamos duplamente obrigados por justiça, porque é
um dever de justiça cumprir o prometido; estamos obrigados por religião, porque é um dever de religião
cumprir o que foi prometido com juramento.

Explicação da gravura
19. A parte superior representa São Pedro no pátio de Caifás, negando a Jesus diante dos soldados e dos criados,
afirmando com juramento que não conhecia aquele homem.
20. A parte inferior direita representa Esaú jurando em vão sem necessidade, e cedendo assim o seu direito de
primogênito (o morgado) a Jacob por um prato de lentilhas que este tinha guisado.
21. Na parte inferior esquerda veem-se sete homens crucificados por causa dum juramento violado por Saul,
que matou os Gabaonitas contrariamente à promessa e ao juramento de Josué, quando tomara posse da terra
de Canaã.
2º MANDAMENTO DE DEUS (CONTINUAÇÃO): NÃO INVOCAR O SANTO NOME DE DEUS EM VÃO

1. Dissemos já que quem jurou fazer uma coisa má e cumpre o seu juramento, comete dois pecados: um por
ter jurado fazer uma coisa má, outro por cumprir o juramento.
2. Foi o pecado que cometeu Herodes mandando degolar São João Batista. São Marcos narra assim o fato: “Ora
o rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome se tinha tornado célebre. Uns diziam: “João Batista ressuscitou
de entre os mortos; é por isso que o poder de fazer milagres se manifesta n'Ele”. Outros, porém, diziam: “É
Elias”. E outros afirmavam: “É um profeta, como um dos antigos profetas”. Herodes, porém, ouvindo isto, dizia:
“É João, a quem eu degolei, que ressuscitou”. Porque Herodes tinha mandado prender João, e teve-o a ferros
numa prisão por causa de Herodíades, mulher de Filipe, seu irmão, com a qual tinha casado. Porque João dizia
a Herodes: “Não te é lícito ter a mulher de teu irmão”. Herodíades odiava-o e queria fazê-lo morrer; porém, não
podia, porque Herodes, sabendo que João era varão justo e santo, olhava-o com respeito, protegia-o e quando
o ouvia ficava muito perplexo, mas escutava-o com agrado. Chegou, porém, um dia oportuno, quando Herodes,
no seu aniversário natalício, deu um banquete aos grandes da corte, aos tribunos e aos principais da Galileia.
Tendo entrado na sala a filha da mesma Herodíades, dançou e agradou a Herodes e aos seus convidados. O rei
disse à jovem: “Pede-me o que quiseres e eu to darei”. E jurou-lhe: “Tudo o que me pedires te darei, ainda que
seja metade do meu reino”. Ela, tendo saído, perguntou à mãe: “Que hei-de pedir?” Ela respondeu-lhe: “A
cabeça de João Batista”. Tornando logo a entrar apressadamente junto do rei, fez este pedido: “Quero que me
dês imediatamente num prato a cabeça de João Batista”. O rei entristeceu-se, mas, por causa do juramento e
dos convidados, não quis desgostá-la. Imediatamente mandou um guarda com ordem de trazer a cabeça de
João. Ele foi degolá-lo no cárcere, levou a sua cabeça num prato, deu-a à jovem, e esta deu-a à mãe. Tendo
sabido isto os seus discípulos, foram, tomaram o corpo e o depuseram num sepulcro.” (Marcos VI, 14-22)
3. A blasfêmia é uma palavra injuriosa a Deus ou aos santos.
4. Há duas espécies de blasfêmia: blasfêmia herética e blasfêmia simples.
5. A blasfêmia é herética quando na injúria que se fez a Deus se encerram falsidades contrárias ou repugnantes
à Fé. Isto acontece quando se atribuem a Deus qualidades que Lhe não convêm, como a crueldade, a injustiça
etc; ou quando se Lhe negam as que lhe convêm, como a bondade, a misericórdia etc.
6. A blasfêmia simples é aquela que não contem nenhuma falsidade repugnante à Fé, mas PE simplesmente
injúria ou desprezo.
7. A blasfêmia é um pecado enormíssimo; é própria dos condenados, e os blasfemadores devem temer toda a
sorte de castigos nesta vida e ainda o de morrerem impenitentes.
8. Quando ouvirmos uma blasfêmia devemos nos dar honra a Deus em reparação da blasfêmia e louvá-Lo,
dizendo, por exemplo: louvado seja Jesus Cristo.
9. Rogar pragas aos animais é também pecado, porque são criadoras de Deus.
10. As pragas que os pais rogam a seus filhos são maior pecado, porque dão mau exemplo aos filhos e atraem
grandes desgraças sobre a sua família.
11. Para emendar-se de rogar pragas podem empregar-se os quatro meios seguintes: 1º considerar os males
que causam à sua alma; 2º pedir muito a Deus que lhes dê a Graça de emendar-se; 3º impor-se a si mesmo
alguma penitência por cada vez que rogar pragas; 4º pedir a alguém que o advirta quando rogar pragas.

Explicação da gravura
12. Na parte superior vê-se Herodes sentado à mesa e prometendo com juramento dar à filha de Herodíades o
que ela pedir.
13. Na parte inferior esquerda, vê-se um homem, que tinha blasfemado, lapidado pelo povo como mandava a
lei antiga.
14. Na parte esquerda vê-se o castigo dum homem que, tendo rogado pragas aos seus animais, vê um deles
levado pelo diabo.
2º MANDAMENTO DE DEUS (CONTINUAÇÃO): NÃO INVOCAR O SANTO NOME DE DEUS EM VÃO

1. O voto é a promessa feita a Deus com deliberação e intenção que obriga rigorosamente a fazer um bem
melhor.
2. Há-de ser promessa, porque uma simples resolução de fazer uma coisa não é promessa nem voto.
3. Há-de ser feita a Deus, porque somente a Deus é que se dirigem os votos. Todavia, os votos feitos aos Santos
são também votos e obrigam; porque essas promessas são feitas a Deus em honra daqueles Santos.
4. A promessa há-de ser com deliberação, porque promessas feitas sem consideração não obrigam; são palavras
loucas.
5. O voto há-se ser promessa de um bem melhor, porque a matéria do voto há-de ser de uma coisa que seja
mais agradável a Deus o fazê-la, do que deixar de a fazer.
6. Essas circunstâncias de o voto ser promessa, e ser deliberada, e ser de, melhor bem, são essenciais, de modo
que faltando alguma delas, já não é voto.
7. Os votos feitos com estas circunstâncias por pessoa idônea, obrigam em consciência e é pecado faltar a eles;
o pecado é leve ou grave segundo a matéria do voto.
8. Podemos pecar contra os votos de duas maneiras: 1º decidindo não os cumprir; 2º adiando por muito tempo
e sem causa o seu cumprimento.
9. Quando uma pessoa se acha na impossibilidade de cumprir os votos que fez, deve pedir que estes sejam
comutados ou dispensados. Esta impossibilidade pode ser total ou parcial. Sendo parcial, deve-se cumprir a
parte possível.
10. O voto é pessoal ou real: 1º é pessoal, quando obriga unicamente a pessoa que o fez, como por exemplo o
voto de rezar tal ou tal oração; 2º é real nos outros casos, por exemplo, o voto de fazer uma peregrinação, o
voto de dar dinheiro aos pobres, o voto de mandar dizer Missa etc.
11. O voto é perpétuo ou temporário: 1º é perpétuo quando obriga por toda a vida; 2º é temporário, se é só
por algum tempo.
12. O voto de fazer uma coisa já ordenada pela lei de Deus, ou da Igreja, ou pelos superiores é válido, porque
aumenta a fidelidade e a devoção no cumprimento do dever.
13. Quando se faz voto de fazer uma coisa boa em si, mas com um fim mau e perverso, o voto é nulo, porque a
matéria do voto tornou-se má, e não é lícito fazer votos de coisas más.
14. O voto que se faz para castigo de um pecado, por exemplo, o voto de dar uma esmola quando rogarmos
pragas, é válido e obrigatório.
15. O Espírito Santo diz: “Melhor é não fazer votos, do que fazê-los e não os cumprir”.
16. Por justos motivos, obtém-se da Igreja a dispensa ou a comutação dos votos. Pertence isso ao confessor,
exceto para certos votos especialmente reservados ao Papa.
17. Ninguém deve obrigar-se por voto sem: 1º ter examinado se poderá cumprir o prometido; 2º sem ter
consultado o confessor.
18. Os votos mais perfeitos são os de pobreza voluntária, de castidade e de obediência que fazem os religiosos
e as religiosas.
19. Estes votos são reservados ao Papa, assim como os votos das três grandes peregrinações de Santiago de
Compostela, de São Pedro de Roma, e de Jerusalém.

Explicação da gravura
20. Na parte inferior esquerda está representado Jefté que acaba de ganhar uma batalha. Fizera o voto
imprudente, se saísse vitorioso, de sacrificar a Deus a primeira pessoa que encontrasse, e foi a sua filha. Não a
imolou ao Senhor, mas foi votada a virgindade.
21. Na parte superior vemos Maria Santíssima indo ao templo de Jerusalém, acompanhada de seus pais, para
consagrar a Deus a sua virgindade. Recebem-na ao pé dos degraus o sumo sacerdote, e no alto o velho Simeão
e a profetisa Ana.
22. Na parte inferior direita veem-se marinheiros ajoelhados diante do altar da Virgem. Numa tempestade,
fizeram voto de visitar um templo consagrado a Maria, se escapassem à morte, e estão a cumprir o seu voto.
3º MANDAMENTO DE DEUS: SANTIFICAR OS DOMINGOS E FESTAS DE PRECEITO

1. Neste mandamento Deus ordena não fazer trabalhos servis ao domingo, e prestar nesse dia especial culto a
Deus.
2. Por trabalhos servis entendemos os trabalhos corporais próprios de servos, oficiais operários e trabalhadores
contratados.
3. Porém são permitidos ao domingo: 1º aqueles trabalhos que são necessários à vida humana; 2º os que são
consagradas ao serviço de Deus; 3º os que se fazem por necessidade grave, com licença dos superiores
eclesiásticos, podendo ser; 4º obras de misericórdia.
4. Para guardar os domingos não basta não trabalhar, porque Deus proíbe-nos trabalhar para podermos
consagrar-nos ao Seu serviço.
5. Devemos santificar os domingos e festas ouvindo Missa inteira, como manda a Santa Igreja. Ainda que a Igreja
não nos obrigue outras coisas, contudo ensina-nos e recomenda-nos que nos exercitemos em obras de religião
e de piedade.
6. Essas obras são visitar a igreja, ouvir os sermões, principalmente sendo o pároco, assistir às catequeses, e
praticar para com o próximo as obras de misericórdia.
7. A palavra “domingo” significa dia do Senhor ou consagrado ao Senhor, porque o devemos empregar em dar
honra a Deus e servi-Lo.
8. Na lei antiga, o dia consagrado ao Senhor era o sábado, palavra que significa dia de descanso, porque neste
dia Deus descansou, tendo nos outros seis criado as criaturas que compõem o universo.
9. Não guardamos nós o sábado, mas sim o domingo, pela autoridade dos Apóstolos que assim o mandaram, e
fizeram isso em memória da Ressurreição do Senhor que foi ao domingo, e da vinda do Espírito Santo que foi
também ao domingo. Neste dia de nos representa, pois, a Santíssima Trindade em três mistérios: o Pai, na
Criação; o Filho, na Redenção; o Espírito Santo, na santificação.
10. Além do domingo, estabeleceu a Igreja outros dias de preceito ou dias santificados: 1º para solenizar alguns
mistérios da nossa Religião que não estão ligados ao domingo, como o dia do Natal, a Ascensão do Senhor etc:
2º para louvarmos a bondade e poder de Deus, na vitória dos santos; 3º para lhes tributarmos as verdadeiras
honras e louvores; 4º para nos exercitarmos a imitar as suas virtudes.
11. Peca-se contra o terceiro mandamento: 1º trabalhando tempo considerável sem grande necessidade; 2º
faltando à Missa sem causa; 3º passando todo o dia em danças, jogos e divertimentos profanos, ou numa total
ociosidade.
12. Quem trabalha ao domingo por necessidade grave ou por fazer certas obras de caridade, não tem por isso
licença de faltar à Missa.
13. Não é proibido recrear-se ao domingo, com a condição que seja de um modo honesto e moderado; mas
devem evitar-se com muito cuidado aqueles divertimentos desonestos e perigosos que são, principalmente
para a juventude, origem de grandes males e pecados.
14. Os que obrigam a trabalhar aos domingos pecam como se eles mesmos trabalhassem, e além disso ficam
responsáveis pelo pecado que se comete.
15. Pecam mortalmente os pais ou patrões que proíbem aos filhos, criados ou operários a santificação do
domingo, ou põem obstáculos a essa santificação.

Explicação da gravura
16. Vê-se nesta gravura o contraste evidente entre os que santificam o domingo e aqueles que o profanam. Os
primeiros, deixando os seus trabalhos, dirigem-se ao templo para ouvir a santa Missa. Os segundos passam o
dia nas tabernas, escarnecendo dos que se dirigem à Igreja. Vê-se na parte inferior uma oficina onde os
operários trabalham, desprezando assim o preceito de Deus e dando escândalo ao próximo.
3º MANDAMENTO DE DEUS (CONTINUAÇÃO): SANTIFICAR OS DOMINGOS E AS FESTAS DE PRECEITO

1. As obras liberais, nas quais o espírito toma mais parte que o corpo, como escrever, ler, ensinar desenhar,
estudar, tocar instrumentos de música etc. são permitidas ao domingo.
2. São também permitidas as obras que se chamam comuns, como varrer, caçar, pescar etc.
3. A profanação do domingo é muito nociva à sociedade, e muitas vezes Deus a pune nesta vida com terríveis
castigos.
4. O descanso do domingo é muito útil ao nosso corpo, porque assim reparam-se as forças, conserva-se a saúde
e prolonga-se a vida.
5. Na lei antiga, a profanação do sábado era castigada com a morte. Por isso, os fariseus e os escribas, que
buscavam sempre a ocasião de por Jesus em contradição com a lei de Moisés, acusavam-No de violar a lei do
sábado, porque fazia milagres nesse dia curando os doentes. Eis aqui o que nos narram os evangelistas a esse
respeito: “Naquele tempo passou Jesus pelas searas, em um sábado; e os seus discípulos, tendo fome,
começaram a colher espigas, e a comer. E os fariseus, vendo isto, disseram-lhe: “Eis que os teus discípulos
fazem o que não é lícito fazer num sábado”. Ele, porém, lhes disse: “Não tendes lido o que fez Davi, quando
teve fome, ele e os que com ele estavam? Como entrou na casa de Deus, e comeu os pães da proposição, que
não lhe era lícito comer, nem aos que com ele estavam, mas só aos sacerdotes? Ou não tendes lido na lei que,
aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa? Pois eu vos digo que está aqui
quem é maior do que o templo.
Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os
inocentes. Porque o Filho do homem até do sábado é Senhor”. E, partindo dali, chegou à sinagoga deles. E,
estava ali um homem que tinha uma das mãos mirrada; e eles, para o acusarem, o interrogaram, dizendo: “É
lícito curar nos sábados?” E ele lhes disse: “Qual dentre vós será o homem que tendo uma ovelha, se num
sábado ela cair numa cova, não lançará mão dela, e a levantará? Pois, quanto mais vale um homem do que
uma ovelha? É, por conseqüência, lícito fazer bem nos sábados”. Então disse àquele homem: “Estende a tua
mão”. E ele a estendeu, e ficou sã como a outra. E os fariseus, tendo saído, formaram conselho contra ele,
para o matarem. Jesus, sabendo isso, retirou-se dali, e acompanharam-no grandes multidões, e ele curou-os a
todas.” (Mat XII, 1-14)
Lemos no Evangelho de São Lucas: “Jesus estava ensinando numa sinagoga, num dia de sábado. Havia aí uma
mulher que, fazia dezoito anos, estava com um espírito que a tornava doente. Era encurvada e totalmente
incapaz de olhar para cima. Vendo-a, Jesus a chamou e lhe disse: “Mulher, estás livre da tua doença”. Ele impôs
as mãos sobre ela, que imediatamente se endireitou e começou a louvar a Deus. O chefe da sinagoga, porém,
furioso porque Jesus tinha feito uma cura em dia de sábado e, tomando a palavra, começou a dizer à multidão:
“Existem seis dias para trabalhar. Vinde, então, nesses dias para serdes curados, mas não em dia de sábado.” O
Senhor lhe respondeu: “Hipócritas, cada um de vós não solta do curral o boi ou o jumento, para dar-lhe de
beber, mesmo que seja dia de sábado? Esta filha de Abraão não devia ser libertada dessa prisão, mesmo em dia
de sábado?” Esta resposta envergonhou todos os inimigos de Jesus. E a multidão inteira se alegrava com as
maravilhas que Ele fazia”. (Lucas XIII, 10-17)

Explicação da gravura
6. A lei antiga mandava lapidar os profanadores do sábado. Vê-se, na parte superior, o suplício de um homem
que tinha apanhado lenha ao sábado.
7. Na parte inferior esquerda, está representado o Senhor com os seus discípulos que, tendo fome, colhem
espigas e as comem
8. Na parte inferior direita vê-se a cura, feita num sábado, do homem que tinha a mão ressequida.
4º MANDAMENTO DE DEUS: HONRAR PAI E MÃE

1. A palavra “honrar” significa ter sentimentos de dedicação e de muito respeito para com alguém.
2. O pai e a mãe honram-se com amor, com o respeito, com a obediência e com a assistência.
3. Devemos amar pai e mãe, porque a eles, depois de Deus, devemos existência e a vida, e porque têm toda a
sorte de cuidados para conosco.
4. “Honrar pai e mãe com amor” quer dizer que os filhos, num ato interno de benevolência, devem amar seus
pais, os quais nada desejam tanto como serem amados por seus filhos.
5. “Honrar os pais com respeito” significa que os filhos devem mostrar, em toda a ocasião, muita gratidão e
reverência tanto em obras como em palavras para com seus pais. Respeitar os pais é respeitar a Deus que eles
representam.
6. “Honrar os pais com obediência” significa que os filhos devem obedecer sempre aos pais em tudo aquilo que
não é pecado. Se os pais mandarem alguma coisa contra a lei de Deus ou da Igreja, os filhos não devem
obedecer-lhes, porque devemos obedecer antes Deus do que aos homens.
São Paulo frequentemente recomenda aos filhos a obediência dizendo: “Filhos, obedecei aos vossos pais,
porque isso é justo”. – E ainda: “Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, porque isso é agradável a Deus”.
7. Honrar os pais com a assistência quer dizer que os filhos devem auxiliar os pais em suas necessidades e
doenças, dando-lhes o sustento e o vestuário segundo as suas posses.
8. Honramos também os nossos pais quando imitamos as suas virtudes; com efeito, a maior prova de estima
que se pode dar a alguém é querer parecer-se com ele no bem e na virtude.
9. Cumprir todos os nossos deveres para com os pais é uma obrigação de todos os dias, mas principalmente nas
doenças graves e perigosas. Então devemos fazer todas as diligências para que não lhes faltem socorros
materiais e espirituais, especialmente a visita do Pároco, para que eles possam receber os sacramentos da
Penitência, Eucaristia e Extrema-Unção, que todos os cristãos devem receber em perigo de vida.
10. Os deveres dos filhos para com os pais não cessam com a morte destes; devem ainda honrar a sua memória,
falando bem deles, pagando as suas dívidas se as deixaram, encomendando a sua alma a Deus e executando
fielmente a sua última vontade.
11. Aos filhos que honram os seus pais como Deus manda, está prometida uma vida longa e feliz neste mundo
e a vida eterna no Céu.
12. O quarto mandamento proíbe aos filhos serem ingratos e ímpios para com os seus pais e afligi-los de
qualquer modo.
A maldição de Deus nesta vida e a condenação eterna na outra, espera os filhos ingratos.
13. O mais perfeito modelo de obediência que os filhos devem imitar é o Menino Jesus, que foi submisso e
obediente a Maria e a José, quando com eles vivia em Nazaré.

Explicação da gravura
14. Divide-se a gravura em três partes. A de cima representa o Menino Jesus ajudando a sua Mãe Santíssima
nos trabalhos de casa e a São José no ofício de carpinteiro.
15. Na parte inferior esquerda, está representado o jovem Tobias em presença do Arcanjo Rafael curando
milagrosamente o seu pai cego, ungindo-lhe os olhos com o fel de peixe que tinha trazido da sua viagem.
16. Na parte inferior direita, vê-se Nosso Senhor Jesus Cristo assistindo São José nos últimos momentos de sua
vida e abraçando-o com respeito e amor.
4º MANDAMENTO DE DEUS (CONTINUAÇÃO): HONRAR PAI E MÃE

1. Com a designação de “pai e mãe” entende-se ainda: 1º todos os superiores eclesiásticos; 2º as autoridades
civis e magistrados; 3º os tutores, os patrões, os professores; 4º as pessoas idosas e as de conhecida virtude.
2. Este mandamento obriga-nos também a honrar todos os nossos parentes.
3. Para com os superiores eclesiásticos, estamos nós obrigados a amá-los, reverenciá-los, obedecer-lhes e ajudá-
los no exercício do seu santo ministério.
4. Eis aqui o que está escrito dos Bispos e dos Presbíteros: “Que os sacerdotes que governam bem sejam
duplamente honrados, principalmente os que trabalham pregando e instruindo”. Os Gálatas deram ao Apóstolo
São Paulo tantas provas de estima e respeito que São Paulo diz deles: “Sim, afirmo que estavam os Gálatas
prontos, se a coisa fosse possível, a tirar os olhos para nos dar”.
5. Devemos contribuir para o sustento do clero. São Paulo diz: “Qual é o soldado que faz a guerra à sua custa?”
E no livro do Eclesiástico lê-se: “Honrai os sacerdotes, purificai-vos com as oblações oferecidas pelas vossas
mãos, dai-lhes a parte de primícias e das vítimas expiatórias, como foi ordenado pela lei”.
6. O primeiro superior eclesiástico é o Papa, Vigário de Jesus Cristo na Terra. Os infiéis devem socorrê-Lo nas
suas necessidades, principalmente agora; porque lhe tiraram injustamente os Estados Pontifícios, e não tem
outros recursos senão as esmolas dos fiéis.
7. O dever principal para com os superiores eclesiásticos afim de os ajudar no seu santo ministério é a oração.
Devemos pois rogar a Deus por eles, para que lhes dê as graças necessárias para tão santo e tão difícil ministério
como é o de salvar as almas.
8. O quarto mandamento manda também honrar as autoridades civis, que são os reis, os presidentes e os seus
representantes.
O Apóstolo São Paulo, na sua epístola aos Romanos, trata largamente daquele dever e diz também que devemos
rezar por eles.
São Pedro diz: “Sede submissos, por amor de Deus, a todo o homem constituído em autoridade, seja o Rei,
como chefe da nação, seja aos governadores ou juízes como seus representantes. Quando os honramos, a Deus
honramos”.
9. Nunca é permitida a revolta contra a autoridade, porque: 1º Deus o proíbe; 2º a revolta é para a sociedade
uma fonte de calamidades.
10. Nas eleições, devemos, em consciência, dar o nosso voto aos mais dignos, aos que respeitam a Deus, a
religião, o direito e todas as liberdades razoáveis e cristãs.
11. Todo cristão deve amar a sua Pátria, trabalhar para o bem comum, e estar pronto a sacrificar a vida, se for
preciso, para a salvação da Pátria.
12. Devemos obediência aos superiores em tudo o que não seja contrário à lei de Deus.

Explicação da gravura
13. Na parte superior à esquerda, vemos o Papa, cercado de Bispos e Sacerdotes, recebendo as homenagens
dos reis, dos magistrados, dos soldados e do povo.
14. À direita, vê-se um rei, recebendo também estas homenagens dos seus súditos.
15. No meio da gravura, vê-se Rute trazendo à sua sogra pobre as espigas que recolheu para sustentá-la.
16. Na parte inferior esquerda, veem-se meninos e meninas na aula ouvindo com atenção e respeito as lições
dos seus professores.
17. À direita, vê-se o tremendo castigo de 42 meninos que injuriaram o profeta Eliseu e foram comidos pelos
ursos.
4º MANDAMENTO DE DEUS (CONTINUAÇÃO): HONRAR PAI E MÃE

1. Este mandamento obriga também os pais de alguma coisa para com os filhos. Devem os pais: 1º educar bem
os filhos cristãmente com palavras e bom exemplo; 2º procurar-lhes os alimentos e modo de vida; 3º castigá-
los em suas faltas sem aspereza nem demasiada severidade.
2. O primeiro dever dos pais é amar a todos os seus filhos igualmente com ternura cristã e sem fraqueza. Devem
considerar os filhos como um tesouro que Deus lhes confiou e do qual lhes há de pedir rigorosa conta.
3. Dizemos que os pais devem educar cristãmente os filhos, isto é, devem ensinar-lhes as orações e os principais
mistérios da religião; mandá-los à catequese e a uma escola cristã onde recebam uma instrução religiosa; levá-
los a amar a Deus e a evitar o pecado; fazer-lhes cumprir as suas obrigações religiosas.
4. Os pais devem procurar aos filhos um modo de vida conforme a sua condição econômica e posição social, e
não devem opor-se à vocação dos filhos. Não devem desejar para os filhos senão o que Deus quer, como no-lo
mostra a resposta de Jesus à mãe dos Apóstolos João e Tiago. “Então se aproximou dele a mãe dos filhos de
Zebedeu, com seus filhos, prostrando-se, para Lhe fazer um pedido. Ele disse-lhe: "Que queres?. Ela respondeu:
Ordena que estes meus dois filhos se sentem no Teu Reino, uma à Tua direita e outro à Tua esquerda". Jesus
disse: “Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu hei de beber? Eles responderam-Lhe: “Podemos”.
Disse-lhes: "Efetivamente haveis de beber o Meu cálice, mas, quanto a sentar-se à Minha direita ou à Minha
esquerda, não pertence a Mim concedê-lo; será para aqueles para quem está reservado por Meu Pai.
Os outros dez, ouvindo isto, indignaram-se contra os dois irmãos. Mas Jesus chamou-os e disse-lhes; "Vós sabeis
que os príncipes das nações as subjulgam e que os grandes as governam com autoridade. Não seja assim entre
vós, mas todo aquele que quiser ser entre vós o maior, seja vosso servo, e quem quiser se enre vós o primeiro,
seja vosso escravo. Assim como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida
para resgate de todos" (Mat XX, 20-28)
5. Quando dizemos que os pais devem castigar os filhos, entendemos que os pais devem vigiar o
comportamento dos filhos, repreendê-los e castigá-los quando fizerem o mal, sem aspereza e com a única
intenção de emendá-los.
6. Pela obrigação do bom exemplo entendemos que o pai e a mãe devem cumprir com os seus deveres
religiosos: a oração, a assistência à Missa, a frequência dos Sacramentos, e evitar tudo quanto poderia levar os
filhos ao pecado, como as blasfêmias, murmurações, palavras desonestas e de zombaria contra a religião.

Explicação da gravura
7. Divide-se a gravura em cinco partes. Vemos no meio Santa Ana ensinando a ler a Santíssima Virgem ainda
menina. Vê-se São Joaquim, pai da Virgem, contemplando-A com paternal ternura.
8. No ângulo superior à direita está representada Branca de Castela ensinado o seu filho São Luís de França (S.
Luís IX) a rezar e dizendo-lhe: “Meu filho, antes quero ver-te morto do que a cometer um pecado mortal”.
9. No ângulo esquerdo vê-se um senhor que obriga o filho a pedir perdão a um pobre, que não respeitara.
10. Na parte inferior vemos o sumo sacerdote Heli castigado por Deus, por ele não ter castigado os filhos cujo
mau comportamento afastava o povo do serviço do Senhor. Os filhos dele, Ophni e Phiné foram mortos numa
batalha contra os Filisteus. Recebendo o a fatal notícia, o pai caiu e quebrou a cabeça nos degraus do seu trono.
4º MANDAMENTO DE DEUS (CONTINUAÇÃO): HONRAR PAI E MÃE

Deveres dos superiores para com os inferiores


1. Os superiores devem: 1º Tratar os seus inferiores com caridade e bom modo; 2º velar pelo seu
comportamento; 3º protegê-los e advogar a sua causa, quando precisem e mereçam; 4º assisti-los em suas
necessidades; 5º não exigir deles coisa alguma contrária à lei de Deus e da Igreja; 6º finalmente, facilitar-lhes
todos os meios para desempenharem as suas obrigações religiosas.
2. Os professores devem em consciência ensinar aos seus alunos doutrinas sãs e ortodoxas.
3. Os patrões devem pagar pontualmente o salário aos seus empregados e servidores.
4. Estas obrigações dos superiores, professores e patrões têm com fundamento a palavra do próprio Deus, que
diz que os superiores, professores e patrões dar-Lhe-ão conta das almas dos que lhes foram confiados.

Explicação da gravura
5. A gravura apresenta-nos dois exemplos acerca do modo como os patrões hão de cumprir os seus deveres
para com os serviçais.
O primeiro é o do centurião do Evangelho, representado na parte superior da gravura ajoelhado diante de Jesus.
“Tendo entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto dele um centurião, rogando-lhe, e dizendo: “Senhor, o
meu criado jaz em casa, paralítico, e violentamente atormentado”. E Jesus lhe disse: “Eu irei, e lhe darei
saúde”. E o centurião, respondendo, disse: “Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas
dize somente uma palavra, e o meu criado há de sarar. Pois também eu sou homem sob autoridade, e tenho
soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu criado: Faze isto, e
ele o faz”. E maravilhou-se Jesus, ouvindo isto, e disse aos que o seguiam: “Em verdade vos digo que nem
mesmo em Israel encontrei tanta fé. Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-
ão à mesa com Abraão, e Isaac, e Jacó, no reino dos céus; E os filhos do reino serão lançados nas trevas
exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes”. Então disse Jesus ao centurião: “Vai, e como creste te seja
feito”. E naquela mesma hora o seu criado foi curado”. (Mat. VIII, 5)
6. O segundo exemplo é de Santo Elzear, conde de Sabrão na Provença, em França. Está representado na parte
inferior à esquerda. Tendo o santo conde feito um regulamento de vida para os serviçais, afixou-o na sala nobre
do deu palácio, na qual reunia os seus criados para lhes dar explicações acerca do regulamento e das verdades
religiosas. Eis aqui as principais disposições do regulamento: 1º orar de manhã e à noite; 2º assistir o Santo
Sacrifício da Missa; 3º receber os Sacramentos com frequência; 4º ter grande devoção à Santíssima Virgem e a
São José; 5º evitar a ociosidade; 6º evitar os maus companheiros; e fugir das disputas, conversas más etc.

Deveres dos subalternos para com os patrões


7. Os empregados estão obrigados: 1º a respeitar os patrões; 2º a servi-los com fidelidade e dedicação; 3º a
obedecer-lhes em tudo o que não for contrário à lei de Deus e da Igreja. Devem os subalternos ver nos patrões
o próprio Deus, e obedecer-lhes como se fosse a Deus.
8. Na parte inferior direita está representado Eliezer falando com Rebeca. “Estando já velho, Abraão quis
escolher para seu filho uma mulher temente a Deus. Disse, pois, a seu fiel servo Eliezer: “Vai procurar uma
esposa para meu filho na minha terra natal e entre as da nossa parentela”. Tomou Eliezer dez camelos
carregados de ricos presentes e partiu para Haram onde vivera Nachor, irmão de Abraão. Deus quis que
chegando à cidade encontrasse Rebeca, moça tão formosa quanto modesta, filha de Bathuel, sobrinho de
Abraão. Foi albergar-se Eliezer na casa de Bathuel e pediu a filha para esposa do filho de seu dono. Bathuel
respondeu: “Deus mesmo determinou tudo isso, toma Rebeca e leva-a contigo”. Eliezer agradeceu ao Senhor,
deu a Rebeca vasos de prata e ricos vestidos, fez também presentes à mãe dela e aos irmãos, e partiu com
Rebeca que veio ser esposa de Isaac”. (Gn. 24, 10)
5º MANDAMENTO DE DEUS: NÃO MATAR

1. Este mandamento proíbe matar injustamente o nosso semelhante, e também o matar-se alguém a si mesmo.
2. Dizemos injustamente, porque há casos em que pode ser lícito matar alguém, como seria em própria defesa,
numa guerra justa ou por sentença de magistrados.
3. Não é somente réu de homicídio aquele que mata com as próprias mãos; também o é quem para ele concorre
com ordens, conselhos, auxílio, ou de qualquer outro modo.
4. Nunca é permitido matar-se alguém a si mesmo, por mais infeliz que seja, porque a nossa vida pertence a
Deus e só Ele tem direito a lhe pôr termo.
5. Aquele que se mata a si expõe-se à maior das desgraças, porque ordinariamente não tem tempo para fazer
penitência do seu crime e cai sem recurso na condenação eterna.
6. O matar alguém, chama-se homicídio, o matar-se a si mesmo chama-se suicídio.
7. O suicídio é um crime tão grande, que a Igreja recusa a sepultara cristã àquele que se suicida, quando se sabe
ao certo que gozava das suas faculdades.
8. Desejar a morte a alguém é pecado, quando é por ódio, impaciência, ou outro afim interesseiro e mau.
9. Não é permitido abreviar a vida d’alguém com o fim de acabar com os seus sofrimentos.
10. Nunca é lícito, nem mesmo à autoridade pública, matar um inocente, ainda que o bem comum o exigisse e
que o inocente o consentisse, porque ninguém é senhor de sua vida.
11. Não nos é lícito desejar a morte a não ser para gozarmos a presença de Deus no Céu ou ainda para não o
tornar a ofender na Terra.
12. Os que se desafiam a duelo cometem dois crimes, porque se expõem a si próprios à morte, e procuram
matar os outros.
13. As testemunhas dos que se batem em duelo são tão culpadas como aqueles, porque autorizam o duelo com
a sua presença.
14. Diz Nosso Senhor no Evangelho: “Ouvistes que foi dito: amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu,
porém, digo-vos: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos
perseguem. Deste modo sereis filhos do vosso Pai que está nos Céus, o qual faz nascer o sol sobre os maus e
bons, e manda a chuva sobre os justos e injustos. Porque, se amais somente os que vos amam, que recompensa
haveis de ter? Não fazem os publicanos também o mesmo? E se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis
de especial? Não fazem também assim os próprios gentios? Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai celestial é
perfeito”. (Mat. V, 43-48)
15. Este mandamento proíbe também o ódio e a vingança.

Explicação da gravura
16. Na parte superior, está representado Caim que acaba de matar seu irmão Abel. Quando procura fugir,
chama-o Deus, censura-lhe o crime cometido, lança-lhe a maldição e expulsa-o da sua presença. Foi a inveja
que causou este primeiro homicídio.
17. Na parte inferior direita, vê-se Architophel que se enforcou na sua casa depois de ter levado Absalão a
revoltar-se contra o rei David, seu pai, com o fim de usurpar o trono.
18. Na parte inferior esquerda, estão representados dois homens que se desafiaram para um duelo. Chega um
bom cristão que, interpondo-se, os acalma e lhes mostra a Cruz da qual Nosso Senhor os vê e condena o seu
procedimento.
5º MANDAMENTO DE DEUS (CONTINUAÇÃO): NÃO MATAR

1. O quinto mandamento não proíbe somente dar a morte ao próximo, mas também espancá-lo, feri-lo, e de
uma maneira geral fazer-lhe mal de qualquer modo que seja, tanto ao corpo à alma.
2. Quando causamos dano ao próximo com a morte ou com pancadas, ficamos obrigados a pagar todos os danos
e prejuízos feitos a essa pessoa, ou aos seus filhos e pessoas prejudicadas.
3. Podemos também fazer mal ao próximo na alma, dando-lhe motivo de cometer algum pecado, pelo
escândalo ou mau exemplo, a que podemos chamar homicídio espiritual.
4. O escândalo é uma palavra, uma ação ou omissão, má em si ou na aparência, que pode dar ocasião de ruína
espiritual ao próximo.
5. O escândalo pode dar-se de duas maneiras: diretamente, quando alguém tem intenção de induzir outrem ao
pecado; indiretamente, quando, sem intenção de induzir outrem ao pecado, se fazem ou dizem coisas tais que
podem incitar ao mal.
6. Os escandalosos chamam-se inimigos de Deus e cooperadores do demônio.
7. O que deu escândalo está obrigado a reparar o dano causado pelo escândalo, ao menos dando bom exemplo.
Quando tivermos dado mau exemplo devemos, em consciência, persuadir o contrário, e dizer que fizemos
muito mal.
8. Eis aqui como Nosso Senhor condena o escândalo no Evangelho; João disse-lhe: “Mestre, vimos um que em
teu nome expulsava demônios, o qual não nos segue; e nós lhe proibimos, porque não nos segue. Jesus, porém,
disse: “Não lhe proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo falar mal de
mim. Porque quem não é contra nós, é por nós. Porquanto, qualquer que vos der a beber um copo de água em
meu nome, porque sois discípulos de Cristo, em verdade vos digo que não perderá o seu galardão. E qualquer
que escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma
mó de atafona, e que fosse lançado no mar. E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti entrares
na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga, onde o seu bicho
não morre, e o fogo nunca se apaga. E, se o teu pé te escandalizar, corta-o; melhor é para ti entrares coxo na
vida do que, tendo dois pés, seres lançados no inferno, no fogo que nunca se apaga, onde o seu bicho não
morre, e o fogo nunca se apaga. Se o teu olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é para ti entrares no reino
de Deus com um só olho do que, tendo dois olhos, seres lançados no fogo do inferno”. (Marcos IX, 37-46)
E noutra passagem: “E ajuntaram-se a ele os fariseus, e alguns dos escribas que tinham vindo de Jerusalém. E,
vendo que alguns dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar, os
repreendiam. Porque os fariseus, e todos os judeus, conservando a tradição dos antigos, não comem sem lavar
as mãos muitas vezes; e, quando voltam do mercado, se não se lavarem, não comem. E muitas outras coisas há
que receberam para observar, como lavar os copos, e os jarros, e os vasos de metal e as camas. Depois
perguntaram-lhe os fariseus e os escribas: “Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos
antigos, mas comem o pão com as mãos por lavar?” E ele, respondendo, disse-lhes: “Bem profetizou Isaías
acerca de vós, hipócritas, como está escrito: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe
de mim; em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas que são mandamentos de homens. Porque,
deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e dos copos; e fazeis
muitas outras coisas semelhantes a estas. E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes
a tradição dos homens”.” (Marcos VII, 1-9)

Explicação da gravura
9. Representa Jesus com os seus discípulos; mostra-lhes uma criança que chamar para junto de si, apontando-
lhe ao mesmo tempo um homem a quem lançam ao mar com uma mó de moinho amarrada ao pescoço.
5º MANDAMENTO DE DEUS (CONTINUAÇÃO): NÃO MATAR

1. O quinto mandamento ordena: 1º perdoar aos nossos inimigos; 2º fazer-lhes todo o bem que podemos; 3º
fazer bem aos necessitados.
2. A primeira obrigação para com os inimigos é a de perdoar-lhes as injúrias por amor de Deus. Devemos amar
os inimigos, porque são filhos de Jesus Cristo, que quer que os amemos por respeito d’Ele, e o sinal mais
luminoso deste amor é o perdoar-lhes voluntariamente.
3. Nosso Senhor inculca tanto o perdão das injúrias no Evangelho, porque o desejo da vingança está
demasiadamente arreigado no coração do homem.
4. O que torna fácil o perdão das injúrias é: 1º olhar não a quem ofende, mas a Deus que permite a ofensa para
nosso bem; 2º as vantagens que resultam de perdoar; 3º os incômodos que nascem da vingança.
5. As vantagens de perdoar são: 1º perdoar-nos Deus os nossos pecados; 2º adquirimos um grande
merecimento para com Deus. Os incômodos que nascem da vingança são contínuos remorsos, gravíssimas
agitações do espírito e grande número de pecados.
6. Os remédios contra a vingança e o ódio são: o exemplo de Jesus Cristo e a meditação da morte e do juízo, no
qual cada um será tratado, como ele tratou o seu semelhante.
7. Ouçamos Nosso Senhor no Evangelho: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que
matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão,
será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão de cretino, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser
louco, será réu do fogo do inferno.
Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra
ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta
a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não
aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em
verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último centavo”. (Mat V, 21)
E noutra passagem: “Então Pedro, aproximando-se dele, disse: “Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão
contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?” Jesus lhe disse: “Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes
sete. Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos; e,
começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos; e, não tendo ele com que
pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para
que a dívida se lhe pagasse. Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso
para comigo, e tudo te pagarei. Então o Senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e
perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem
dinheiros, e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves. Então o seu companheiro,
prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não
quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia,
contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara. Então o seu senhor, chamando-
o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste.
Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E,
indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que lhe devia. Assim vos fará,
também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas”. (Mat. XVIII,
21-35)

Explicação da gravura
1º Santo Estêvão perdoando aos seus verdugos, e 2º reconciliação de Jacob e Esaú; 3º são Cipriano manda dar
dinheiro aos que hão-de martirizar.
6º MANDAMENTO DE DEUS: GUARDAR CASTIDADE

1. O sexto mandamento proíbe todas as ações, vistas e palavras contrárias à castidade.


2. Castiga Deus os pecados contra a castidade de muitos modos, mas especialmente com a cegueira da alma,
pena gravíssima, a qual faz que um homem dominado pelo vício da desonestidade não olhe nem a Deus, nem
a própria honra, nem mesmo a própria vida.
3. Para evitar este vício vergonhoso, deve-se fugir: 1º da ociosidade; 2º da gula; 3º das vistas licenciosas; 4º da
vaidade e da imodéstia no vestir; 5º dos livros e espetáculos desonestos; 6º das cantigas lascivas; 7º das danças
e posturas indecentes etc.
4. Este mandamento ordena-nos a castidade da alma e do corpo. Para adquirir e conservar a castidade deve-
se: 1º pedi-la amiudadas vezes a Deus, de Quem é dom especial; 2º frequentar os sacramentos; 3º ser devoto
de Maria Santíssima; 4º afligir o corpo com jejuns e mortificações.
5. O pecado contra a castidade é gravíssimo: 1º porque mais do que qualquer outro pecado destrói em nós a
imagem e semelhança de Deus, tornando-nos semelhantes aos animais; 2º porque profana os nossos corpos
que são membros de Jesus Cristo e templos do Espírito Santo.
6. Nosso Senhor declara que o demônio da impureza não se expulsa senão pelo jejum, a mortificação e a oração.
Um homem dentre o povo disse a Jesus: “Mestre, trouxe-te o meu filho, que tem um espírito mudo; e este,
onde quer que o apanhe, despedaça-o, e ele espuma, e range os dentes, e vai definhando; e eu disse aos teus
discípulos que o expulsassem, e não puderam”. E ele, respondendo-lhes, disse: “Ó geração incrédula! Até
quando estarei convosco? até quando vos sofrerei ainda? Trazei-mo”. E trouxeram-lho; e quando ele o viu, logo
o espírito o agitou com violência, e, caindo o endemoninhado por terra, revolvia-se, escumando. E perguntou
ao pai dele: “Quanto tempo há que lhe sucede isto?” E ele disse-lhe: “Desde a infância. E muitas vezes o tem
lançado no fogo, e na água, para o destruir; mas, se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós, e
ajuda-nos”. E Jesus disse-lhe: “Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê”. E logo o pai do menino, clamando,
com lágrimas, disse: “Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade”. E Jesus, vendo que a multidão concorria,
repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: “Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele, e não entres mais
nele”. E ele, clamando, e agitando-o com violência, saiu; e ficou o menino como morto, de tal maneira que
muitos diziam que estava morto. Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou. E, quando entrou
em casa, os seus discípulos lhe perguntaram à parte: “Por que o não pudemos nós expulsar?” E disse-lhes: “Esta
casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum”.” (Marcos IX, 16-29)

Explicação da gravura
7. Na parte superior, está representado o dilúvio, no qual pereceram todos os homens, exceto Noé e a sua
família. Deus enviou esse terrível castigo para punir os homens que se entregavam a todos os crimes,
particularmente ao da impureza. Noé, que era virtuoso, salvou-se dentro da arca.
8. Vê-se inferiormente o incêndio de Sodoma e Gomorra, cidades que foram destruídas por Deus em castigo do
pecado de impureza.
9. Vê-se na parte inferior à direita Sansão que, cego pela paixão, revelou a Dalila o segredo da sua força. Esta
mulher infame mandou-lhe cortar os cabelos, entregando-o aos filisteus que lhe queimaram os olhos e o
condenaram a mover a mó dum moinho.
10. À esquerda veem-se dois filhos de Jacob matando o rei Sichen que desonrara uma sua irmã.
7º MANDAMENTO DE DEUS: NÃO FURTAR

1. Por este mandamento, Deus proíbe tomar ou reter injustamente as coisas alheias.
2. Há três espécies de pecados contra este mandamento: 1º tomar os bens alheios contra a vontade do seu
dono; 2º reter o alheio injustamente; 3º causar dano ao próximo com malícia e injustiça.
3. Os que tomam injustamente o bem alheio são: os ladrões, os trabalhadores infiéis, os comerciantes sem
escrúpulos, os usuários, os litigantes de má fé, e em geral todos os que fazem dano ao próximo.
4. Os filhos que roubam a seus pais pecam contra o 7º mandamento, porque se apoderam dum bem que ainda
não lhes pertence.
5. É sempre pecado o apoderar-se dos bens do próximo, mas o pecado é mais ou menos grave conforme o valor
do objeto.
6. Há circunstâncias que tornam pecado mortal um roubo pequeno em si, por exemplo, quando um pequeno
roubo causa grande prejuízo.
7. Pode-se reter injustamente o bem alheio de vários modos: não pagando as dívidas, não restituindo os
depósitos que nos foram confiados, e guardando alguma coisa achada sem se informar de quem seja o seu dono
para lhe restituir.
8. Pecam contra este mandamento os que culpavelmente fazem ou causam dano ao próximo.
9. Peca-se contra este mandamento, não só cometendo uma injustiça, mas também participando da injustiça
do próximo.
10. Eis aqui os conselhos que dava São João Batista aos que lhe confessavam as suas injustiças: “Por que o
machado já está posto à raiz das árvores. Toda a árvore que não dá bom fruto será cortada e lançada no fogo”.
As multidões interrogavam-no, dizendo: “Que devemos, pois, nós fazer?” Respondendo, dizia-lhes: “Quem tem
duas túnicas, dê uma ao que não tem; e quem tem que comer, faça o mesmo”. Foram também publicanos, para
serem batizados, e disseram-lhe: “Mestre, que devemos nós fazer?” Ele respondeu-lhes: “Não exijais nada além
do que vós está fixado”. Interrogavam-no também os soldados: “E nós, que faremos?” Respondeu-lhes: “Não
façais violência a ninguém, nem denuncieis falsamente, e contentai-vos com o vosso soldo”. Estando o povo na
expectativa e pensando todos nos seus corações que talvez João fosse o Cristo, João respondeu, dizendo a
todos: “Eu, na verdade, batizo-vos em água, mas virá um mais forte do que eu, a Quem não sou digno de desatar
as correias das sandálias; Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo; tomará na Sua mão a pá, limpará Sua eira
e recolherá o trigo no Seu celeiro, mas a palha queimá-la-á num fogo inextinguível”.” (Lucas III, 9-18)

Explicação da gravura
11. Vê-se na esquerda, na parte inferior, o velho Tobias pobre e cego, que possuíra grandes bens. Sua mulher
trabalhava para o sustentar. Um dia que lhe tinham dado um cabrito, Tobias, ouvindo os gritos do animal, disse:
“Tomai conta que não seja fruto de algum roubo.”
12. No alto da gravura vê-se o rei Acab ferido num combate. Este príncipe desejava obter uma vinha pertencente
a Naboth, que não a quis vender. Acab então, de acordo com a sua mulher, mais perversa do que ele, mandou
assassinar Naboth e apoderou-se da sua vinha. Elias profetizou-lhe da parte de Deus que o seu sangue seria
lambido pelos cães no mesmo lugar onde o fora o de Naboth. Acab, estando em guerra com o rei da Síria, foi
ferido por uma seta, e o seu sangue lambido pelos cães, como profetizara Elias.
13. Vê-se na parte inferior, à direita, um israelita de nome Achan que, contra a proibição do Senhor, se
apropriara, depois da tomada de Jericó, de grande quantidade de rebanhos, duzentos siclos de prata, uma régua
de ouro e um manto de púrpura. Achan foi severamente castigado por ordem de Josué; o povo apedrejou-o e
queimou-o juntamente com o que ele roubara.
7º MANDAMENTO DE DEUS (CONTINUAÇÃO): NÃO FURTAR

1. Este mandamento ordena também a restituição da coisa furtada ou retida injustamente.


2. Está obrigado à restituição: 1º quem furtou ou roubou; 2º o que manda ou persuade o furto; 3º o que
consente no furto; 4º o que participa dele; 5º o que devendo impedir o furto, não só o não impede, mas o
permite; 6º o que presta auxílio em defesa dos ladrões.
3. Este mandamento impõe também a obrigação de indenizar os danos feitos ou causados por culpa própria.
4. A coisa furtada ou achada de restituir-se ao seu dono, fazendo toda a diligência para descobri-lo. Se não se
descobrir, convém consultar um doutor confessor.
5. Se a coisa furtada ou achada já não existir, deve restituir-se o justo valor da mesma coisa. Se não se pode
restituir todo o valor, deve restituir-se aquela parte que se pode. No caso de não poder restituir nada, deve-se
ter ao menos o desejo de restituir logo que possa.
6. Não se perdoa o pecado sem se restituir o alheio mal adquirido, de modo que é impossível que se salvem
aqueles que, podendo, não querem restituir.
7. Os empregados não devem enganar os seus patrões, mesmo nas coisas pequenas. Diz com efeito Jesus:
“Portanto, Eu vos digo: Fazei amigos com as riquezas da iniquidade, para que, quando vierdes a precisar, vos
recebam nos tabernáculos eternos. Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco
é também injusto no muito. Se, pois, não fostes fiéis nas riquezas iníquas, quem vos confiara as verdadeiras? E
se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque,
ou odiará um e amará o outro, ou se afeiçoará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao
dinheiro”. (Lucas XVI, 10)
8. Exemplo de restituição. “Tendo entrado em Jericó, atravessava a cidade. Eis que um homem chamado
Zaqueu, que era chefe dos publicanos e rico, procurava ver quem era Jesus, mas não podia por causa da
multidão, porque era pequeno de estatura. Correndo adiante, subiu a um sicômoro para O ver, porque havia
de passar por ali. Quando chegou Jesus àquele lugar, levantou os olhos e disse-lhe: “Zaqueu, desce depressa,
porque convém que Eu fique hoje em tua casa”. Ele desceu a toda a pressa, e recebeu-O alegremente. Vendo
isto, todos murmuravam, dizendo: “Foi hospedar-Se em casa de um homem pecador. Entretanto, Zaqueu, de
pé diante do Senhor, disse-Lhe: “Eis, Senhor, que dou aos pobres metade dos meus bens e, naquilo em que
tiver defraudado alguém, restituir-lhe-ei o quádruplo”. Jesus disse-lhe: “Hoje entrou a salvação nesta casa,
porque este também é filho de Abraão”.” (Lucas, XIX, 1-10)
9. Os que herdam bens injustamente adquiridos têm também obrigação de os restituir, porque não é permitido
reter injustamente o bem alheio.
10. Os administradores e empregados que administram mal os bens do seu patrão, pecam contra o 7º
mandamento e têm obrigação de indenizar o prejuízo ou dano que causaram.
11. Evitaremos toda a injustiça respeitando as coisas alheias, como queremos que sejam respeitados os nossos
bens.

Explicação da gravura
12. Na parte superior, o Anjo Rafael reclama a Gabelo uma quantia que Tobias outrora lhe emprestara. Gabelo
apressou-se a pagar a dívida ao Anjo.
13. Na parte inferior, à direita, vemos um homem poderoso que, querendo expoliar um mais fraco, ameaçou-o
de suscitar-lhe demandas injustas e ruinosas, se não consentir nas suas exigências.
14. Na parte inferior esquerda, vê-se um gerente infiel que esbanjou os bens do seu dono.
8º MANDAMENTO DE DEUS: NÃO LEVANTAR FALSO TESTEMUNHO

1. Este mandamento proíbe-nos todos os pecados com que se pode prejudicar o próximo com a linguagem.
2. Os principais são: o falso testemunho, a mentira, a calúnia, a murmuração, os juízos temerários, a adulação.

O falso testemunho

3. O testemunho falso que se proíbe neste mandamento, é o que se dá quando uma pessoa que jurou dizer a
verdade, testemunha falso.
4. O testemunho falso é grande pecado, porque: 1º faz injúria a Deus, desprezando a sua presença e invocando-
o em testemunha da falsidade; 2º faz injúria ao juiz, porque o engana mentindo; 3º faz injúria ao inocente,
porque lhe causa dano ocultando a verdade.
5. Nunca é lícito ocultar a verdade; o dever da testemunha é dizer a verdade, toda a verdade, e só a verdade.
6. Uma testemunha falsa é reprovada por Deus, e será por Ele castigada.

Explicação da gravura
7. A de cima representa Nosso Senhor diante de Pilatos. Um dos assistentes levanta a mão e, mostrando Jesus,
afirma que O ouviu proibir de pagar tributo a César. Era isso um testemunho falso, pois Jesus dissera o contrário.
8. Narra São Marcos outro testemunho falso contra Nosso Senhor: “Os príncipes dos sacerdotes e todo o
conselho buscavam algum testemunho contra Jesus, para O fazerem morrer, e não o encontravam. Muitos
depunham falsamente contra Ele, mas não concordavam os seus depoimentos. Levantaram-se uns que
depunham falsamente contra Ele, dizendo: “Nós ouvimo-Lo dizer: Destruirei este templo, feito pela mão do
homem, e em três dias edificarei outro, que não será feito pela mão do homem”. Porém, nem estes
testemunhos eram concordes. Então, levantando-se do meio da assembleia o sumo sacerdote, interrogou Jesus
dizendo: “Não respondes nada ao que estes depõem contra Ti”? Ele, porém, estava em silêncio e nada
respondeu. Interrogou-O de novo o sumo sacerdote e disse-Lhe: “És Tu o Cristo, o Filho de Deus bendito”? Jesus
respondeu: “Eu sou, e vereis o Filho do Homem sentado à direita do poder de Deus, e vir sobre as nuvens do
céu”? (Marcos XIV, 55-63)
9. Na parte inferior esquerda vê-se a Jezabel, mulher de Acab rei de Israel, comida pelos cães. Esta mulher ímpia,
querendo ver-se livre de Naboth, que se recusava a vender a sua vinha, buscou falsas testemunhas que o
acusassem de blasfêmia. Naboth foi condenado à morte e lapidado. O sucessor de Acab mandou precipitar
Jezabel do alto do palácio e o corpo dela foi comido pelos cães. Assim Deus a castigou.
10. Outro exemplo de testemunho falso. Lemos nos Atos dos Apóstolos: “A palavra do Senhor crescia e
multiplicava-se muito o número dos discípulos em Jerusalém; e também uma grande multidão de sacerdotes
aderia à fé. Estêvão, cheio de graça e de fortaleza, fazia grandes prodígios e milagres entre o povo. Porém,
alguns da sinagoga chamada dos Libertos, dos Cirenenses, dos Alexandrinos e dos da Cilícia e da Ásia,
levantaram-se a disputar com Estêvão, mas não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito que inspirava as suas
palavras. Então subornaram alguns e disseram: “Ouvimo-lo dizer palavras de blasfêmia contra Moisés e contra
Deus”. Amotinaram assim o povo, os anciãos e os escribas; e, avançando contra ele, arrebataram-no e levaram-
no ao Sinédrio, e apresentaram falsas testemunhas que diziam: “Este homem não cessa de proferir palavras
contra o lugar santo e contra a Lei; ouvimos-lhe dizer que esse Jesus de Nazaré há-de destruir este lugar e há-
de mudar as tradições que Moisés nos deixou”.” (Atos VI, 7-14)
11. Na parte inferior direita, vê-se Daniel confundindo os dois anciãos que falsamente testemunharam contra
Susana. Os anciãos foram condenados à morte e lapidados.
8º MANDAMENTO DE DEUS (CONTINUAÇÃO): NÃO LEVANTAR FALSO TESTEMUNHO

A mentira

1. Mentir é falar contra o próprio pensamento com a intenção de enganar. O pai da mentira é o demônio.
2. A mentira é pecado mortal, se tem consequências graves; se as não tem, será pecado venial.
3. A mentira é: ou jocosa, aquela que se diz gracejando ou por passatempo; ou oficiosa, aquela que se diz para
nos desculparmos ou em abono do próximo; ou danosa, aquela que causa dano ao próximo.
4. A mentira faz injúria a Deus, porque é oposta à verdade, e Deus é a própria verdade. A mentira causa dano à
sociedade porque tira a fé e a verdade.
5. A simulação ou fingimento, e a hipocrisia são vícios que se referem à mentira; há simulação quando uma
pessoa exprime com atos externos o contrário do que se sente no coração. A hipocrisia é uma simulação com
que alguém procura parecer justo e virtuoso no exterior, não o sendo do interior.
6. A adulação refere-se também à mentira, porque é um vício em que, com louvores falsos ou exagerados, se
procura cativar a benevolência do próximo para qualquer fim interesseiro. Deve fugir-se dos aduladores como
inimigos, porque a sua adulação tende principalmente à ruína espiritual do próximo.

Explicação da gravura
7. Representa a gravura o terrível castigo da mentira. Lemos nos Atos dos Apóstolos: “Um homem, porém,
chamado Ananias, de combinação com sua mulher Safira, vendeu uma propriedade, e, com a cumplicidade da
sua mulher, reteve parte do preço e, levando a outra parte, a pôs aos pés dos Apóstolos. Pedro disse: “Ananias,
como é que Satanás se apossou de teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do
preço do campo? Não é verdade que, conservando-o sem vender, era teu, e mesmo, depois de vendido, não
estava em teu poder o seu valor? Por que motivo puseste em teu coração fazer tal coisa? Não mentiste aos
homens mas a Deus”. Ananias, ao ouvir estas palavras, caiu e expirou; e um grande temor se apoderou de todos
os que ouviram isto. Levantando-se alguns jovens, cobriram o seu corpo e levaram-no a enterrar. Passado um
intervalo de quase três horas, entrou também sua mulher, não sabendo o que tinha acontecido. Pedro disse-
lhe: “Diz-me: É verdade que vendeste por tanto o campo”? Ela disse: “Sim, por tanto”. Pedro então disse para
ela: “Porque vos combinastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis que estão à porta os pés daqueles que
sepultaram o teu marido e te levarão a ti”. Imediatamente, ela caiu a seus pés e expirou. Os jovens, entrando,
encontraram-na morta, levaram-na e enterraram-na junto do seu marido. Então difundiu-se um grande temor
por toda a Igreja e entre todos os que ouviram estas coisas”. (Atos V, 1-11)
8. Na parte inferior esquerda vê-se Eva, enganada pela serpente que lhe disse: “Se comerdes deste fruto, não
morrereis, mas tornar-vos-eis semelhantes a Deus, conhecendo o bem e o mal”. Esta mentira do demônio
perdeu todo o gênero humano.
9. Nosso Senhor chama ao demônio pai da mentira na seguinte passagem do Evangelho: “Jesus disse: “Por que
não conheceis vós a Minha linguagem? Por que não podeis ouvir a Minha palavra. Vós tendes por pai o demônio,
e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade,
porque a verdade não está nele. Quando ele diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai
da mentira. Mas, porque vos digo a verdade, porque não Me acreditais? Quem é de Deus, ouve as palavras de
Deus; por isso, vós não as ouvis, porque não sois de Deus”.” (João VIII, 43-48)
10. Na parte inferior direita, vê-se o profeta Eliseu e o seu servo Giesi. Esta mentira dizendo-se enviado pelo
profeta para pedir a Naaman um talento de prata e dois vestidos. Recebeu do general sírio dois talentos e dois
vestidos. Mentiu de novo dizendo a Eliseu que não tinha saído de casa. Em castigo desta dupla mentira foi
atacado de lepra, ele e todos os seus descendentes.
8º MANDAMENTO DE DEUS (CONTINUAÇÃO): NÃO LEVANTAR FALSO TESTEMUNHO

A calúnia
1. A calúnia consiste em levantar a alguém falso testemunho de um defeito que não tem ou de uma falta que
não cometeu.
2. A calúnia é um pecado horrendo, que não se perdoa sem que restituamos ao próximo o crédito que lhe
tiramos com esse falso testemunho.
3. Restitui-se o crédito desdizendo-se o caluniador diante de todas as pessoas que ouviram a calúnia.

Maledicência ou murmuração
4. A maledicência e a murmuração consistem em dizer mal de alguém em sua ausência, e descobrir, sem
necessidade, os defeitos, e faltas do próximo.
5. A murmuração é pecado mortal se descobrimos uma falta grave ou que diminui gravemente a reputação do
próximo.
6. Quem murmura tem obrigação de restituir a reputação que prejudicou a reparar todo o dano que tiver
causado.
7. Se ouvirmos com gosto a murmuração, ou concorrermos para ela com perguntas, é pecado, porque somos
cúmplices do mesmo.
8. São Paulo diz que o Céu está fechado para quem murmura.
9. Quando ouvimos caluniar ou murmurar devemos impedi-lo, se for possível, ou ao menos não tomar parte da
calúnia ou murmuração.

O juízo temerário
10. Julgar temerariamente é assentar que o próximo fez algum mal sem termos grave fundamento para assim
o julgarmos.
11. A suspeita, quando duvidamos se alguém fazia ou não fazia mal, não é juízo temerário, porque na suspeita
duvidamos, e no juízo temerário pensamos que o fez.
12. Se tivermos fundamento grave para julgar, nem o juízo é temerário, nem a suspeita é injuriosa para o
próximo. Só é pecado quando julgamos sem fundamento um mal grave.
13. Quando é preciso revelar os defeitos do próximo, não os devemos dar a conhecer senão a quem os possa
remediar, ou áqueles que fossem prejudicados se não os advertíssemos.
14. Ainda que uma coisa seja verdadeira, será pecado dizê-la, porque a caridade proíbe-nos de tirar ao próximo
a boa reputação de que ele goza.
15. Não é murmurar dizer ao próximo uma falta pública e conhecida: mas então é preciso evitar o que da nossa
parte poderia revelar malícia.
16. Há circunstâncias que aumentam a gravidade da calúnia e da murmuração, por exemplo, quando dizemos
mal dos nossos superiores, das pessoas consagradas a Deus, ou diante de muita gente.
17. Em geral é proibido contar a alguém o mal que se ouviu a seu respeito. A Sagrada Escritura diz que Deus
detesta aqueles que, pelas suas intrigas, semeiam discórdia entre os irmãos.

Explicação da gravura
18. A gravura está dividida em três partes. A parte superior representa José conduzido à prisão por ter sido
falsamente acusado pela mulher de Putifar.
19. Na parte inferior à esquerda, vê-se o sumo sacerdote Aarão e Maria sua irmã diante da Arca da Aliança. O
Senhor aparecendo-lhes censura-os por terem murmurado contra Moisés. Castiga Maria com lepra que durou
sete dias.
20. Na parte inferior direita, vê-se São Paulo na Ilha de Malta, onde tinha desembarcado por causa duma
tempestade. Os habitantes desta ilha receberam-no afavelmente; acenderam uma fogueira para se aquecerem.
Paulo deitou na fogueira alguma aparas que apanhara, saindo delas uma víbora que se lhe enruscou na mão.
Os bárbaros, admirados, exclamavam: “Este homem deve ser um assassino, pois a justiça divina o persegue”.
Mas Paulo sacudiu a víbora, ficando ileso. (Atos 28, 4-6)
9º MANDAMENTO DE DEUS: NÃO DESEJAR A MULHER DO PRÓXIMO

1. Deus neste mandamento proíbe todo o desejo que contamina a pureza da alma.
2. Comprazer-se num pensamento contra a pureza é também pecado, e chamado pecado de complacência.
3. Há obrigação de confessar-se dos pecados de pensamento com todos os casos e com todas as circunstâncias
que são necessárias.
4. Aquele que é atormentado por maus pensamentos deve rezar para pedir o divino auxílio e estar vigilante
para não cair em tentação.
5. Este mandamento prescreve que conservemos o coração puro de toda a mácula, e que nos exercitemos na
mortificação dos sentidos para reprimir a concupiscência.
6. A concupiscência é um certo impulso do ânimo pelo qual o homem é levado a desejar coisas deleitosas.
7. A concupiscência é pecado quando nos leva a desejar coisas proibidas pela lei de Deus, ou a deleitar-nos em
tais coisas, ou consentir nelas e não as rejeitar.
8. Há mau desejo quando queremos praticar o mal, se fosse possível. Há mau pensamento quando imaginamos
o mal sem intenção de o praticar.
O mau desejo é um pecado, ainda que se não execute, porque não temos o direito de desejar o que não é
permitido fazer. O mau pensamento é pecado, quando consentido, ainda que não haja o desejo de executá-lo.

Explicação da gravura
9. A gravura representa, ajoelhada diante de Nosso Senhor, uma mulher que, levada por um mau desejo,
cometera um adultério. O Evangelho narra assim o fato: “Jesus foi para o monte das Oliveiras. Ao romper da
manhã, voltou para o templo e todo o povo foi ter com Ele, e Ele, sentado, os ensinava. Então os escribas e os
fariseus trouxeram-Lhe uma mulher apanhada em adultério; puseram-na no meio, e disseram-Lhe: “Mestre,
esta mulher foi surpreendida em flagrante delito de adultério. Ora Moisés, na Lei, mandou-nos apedrejar tais
mulheres. E Tu que dizes?” Diziam isto para Lhe armarem uma cilada, a fim de O poderem acusar. Porém, Jesus,
inclinando-Se, pôs-Se a escrever com dedo na terra. Continuando, porém, eles a interrogá-Lo, levantou-Se e
disse-lhes: “Aquele de vós que estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra”. Depois, tornando
a inclinar-Se, escrevia na terra. Mas eles, ouvindo isto, foram se retirando, um após outro, começando pelos
mais velhos; e ficou só Jesus com a mulher diante Dele. Então, levantando-se, disse-lhe: “Mulher, onde estão
os que te acusavam? Ninguém te condenou?”. Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus disse: “Nem Eu
te condeno, vai e doravante não peques mais”.” (João VIII, 1-7)
10. Em baixo à esquerda, vê-se o rei David e o profeta Nathan que o censura pelo adultério cometido com
Betsabé. À esquerda está representado a parábola de que se serviu Nathan para fazer a David a enormidade do
seu crime: “Havia numa cidade (do teu reino) dois homens, um rico e outro pobre. O rico tinha nove ovelhas e
bois em grande número. O pobre, porém, não tinha coisa alguma, senão uma ovelhinha, que comprara e criara,
e que tinha crescido em sua casa juntamente com seus filhos. Tendo chegado um hóspede a casa do rico, não
querendo este tocar nas suas ovelhas para dar um banquete ao hóspede, que lhe tinha chegado, roubou a
ovelha do pobre. David, sumamente indignado contra tal homem, disse a Nathan: “Viva o Senhor, um homem
que tal fez é digno de morte”. Então Nathan disse a David: “Tu és esse homem. Eis o que diz o Senhor Deus de
Israel: “Eu te ungi rei sobre Israel, e te livrei da mão de Saul, dei-te a casa do teu senhor, com todos os seus
bens. Porque desprezaste, pois, a palavra do Senhor, até cometeres o mal diante de meus olhos? Fizeste perecer
à espada Úrias Heteu, e tomaste para tua mulher a que era sua mulher, e mataste-o com a espada dos filhos de
Amon. Por esta razão não se apartará jamais a espada da tua casa, porque me desprezaste, tomando a mulher
de Úrias Heteu, para ser tua mulher”. Em castigo do teu crime o Senhor se vingará na tua própria família. Eis
pois o que diz o Senhor: “Eu suscitarei da tua mesma casa o mal sobre ti... Tu procedeste ocultamente, mas eu
farei estas coisas à vista de toda Israel, à luz do sol”.” David disse a Nathan: “Pequei contra o Senhor”.” (II Samuel
XII, 1-4)
10º MANDAMENTO DE DEUS: NÃO COBIÇAR AS COISAS ALHEIAS

1. Neste mandamento Deus proíbe-nos desejar os bens do próximo com dano do mesmo.
2. A concupiscência da riqueza e dos bens da fortuna causa-nos dano, fazendo crer honesto e bom, ainda que
o não seja, tudo aquilo que desejamos.
3. Os que mais pecam contra este mandamento são: 1º os jogadores que esperam ganhar no jogo; 2º os
comerciantes que desejam a carestia para vende por mais alto preço; 3º os advogados que desejam muitas
causas para ganhar com elas.
4. Este mandamento ordena: 1º o desapego dos bens do mundo; 2º a lembrança dos necessitados; 3º a
paciência na pobreza; 4º a perfeita submissão à vontade de Deus.
5. Assim fala Nosso Senhor a esse respeito no Evangelho: “Havia um homem rico que se vestia de púrpura e de
linho fino e todos os dias se banqueteava esplendidamente. Havia também um mendigo, chamado Lázaro, que,
coberto de chagas, estava deitado à sua porta, desejando saciar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico,
e até os cães vinham lamber-lhe as chagas. Sucedeu morrer o mendigo, e foi levado pelos anjos ao seio de
Abraão. Morreu também o rico, e foi sepultado. Quando estava nos tormentos do inferno, levantando os olhos,
viu ai longe Abraão e Lázaro no seu seio. Então exclamou: Pai Abraão, compadece-te de mim, e manda Lázaro
que molhe em água a ponta do teu dedo para refrescar minha língua, pois sou atormentado nestas chamas.
Abraão disse-lhe: Filho, lembra-te que recebeste os teus bens em vida, e Lázaro, ao contrário, recebeu males;
agora é ele aqui consolado e tu és atormentado. Além, disso, há entre nós e vós um grande abismo; de maneira
que os que querem passar daqui para vós não podem, nem os daí podem passar para nós. O rico disse: Rogo-
te, pois, ó pai, que o mandes à minha casa paterna, pois tenho cinco irmãos, para que os advirta disto, e não
suceda virem também eles parar a este lugar de tormentos. Abraão disse-lhe: Tem Moisés e os profetas; ouçam-
nos. Ele, porém, disse; Não basta isso, pai Abraão, mas se alguém do reino dos mortos for ter com eles, farão
penitência. Ele disse-lhe: Se não ouvem Moisés e os profetas, também não acreditarão, ainda que ressuscite
alguém dentre os mortos”. (Lucas XVI, 19-31) Também disse Jesus aos Seus discípulos: “Portanto digo-vos: Não
vos preocupeis com o que é preciso para a vossa vida, com o que haveis de comer, nem com o que é preciso
vestir o vosso corpo. A vida vale mais que o alimento e o corpo mais que o vestido. Considerai os corvos, que
não semeiam, nem ceifam, nem tem despensa, nem celeiro, e Deus, contudo, sustenta-os. Quanto mais valeis
vós do que eles? Qual de vós, por muito que pense, pode acrescentar um cevado à duração da sua vida? Se vós,
pois, não podeis fazer o que é mínimo, porque estais em cuidado sobre o resto? Considerai como crescem os
lírios; não trabalham, nem fiam; contudo, digo-vos que nem Salomão, com toda a sua glória, se vestia como um
deles. Se, pois, a erva que hoje está no campo e amanhã se lança no forno, Deus assim a veste, quanto mais a
vós, homens de pouca fé? Vós, pois, não procureis o que haveis de comer ou beber; não andeis com o espírito
preocupado. Porque são os homens do mundo que buscam todas estas coisas. Mas o vosso Pai sabe que tendes
necessidade delas. Buscai, pois, em primeiro lugar, o Reino de Deus, e todas essas coisas vos serão dadas por
acréscimo. Não temias, ó pequenino rebanho, porque foi do agrado do vosso Pai dar-vos o Reino. Vendei o que
possuís e dai esmola; fazei para vós bolsas que não envelhecem, um tesouro inesgotável no Céu, onde não
chega o ladrão, nem a traça corrói. Porque onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”.
(Lucas XII, 22-31)

Explicação da gravura
1º Castigo de Heliodoro, que tentava roubar o tesouro do templo de Jerusalém. 2º O rei Acab querendo obrigar
Naboth a ceder-lhe a sua vinha. 3º Santo Eloi que, com o ouro que lhe dera o rei, fez dois tronos em vez de um.
1º MANDAMENTO DA IGREJA: OUVIR MISSA INTEIRA NOS DOMINGOS E DIAS DE GUARDA

1. Sendo a Igreja uma sociedade perfeita, recebeu do seu divino fundador Jesus Cristo, o poder de fazer leis.
2. Todos os cristãos estão obrigados a obedecer à Igreja, porque Jesus Cristo declarou que desobedecer à Igreja
é desobedecer a Ele mesmo.
3. A Igreja nos impõe mandamentos para nos dirigir na observância dos mandamentos de Deus, e tornar-nos
mais fácil a prática do Evangelho.
4. Os principais mandamentos da Igreja são: 1º ouvir Missa inteira nos domingos e dias santos; 2º confessar-se
ao menos uma vez a cada ano; 3º comungar pela Páscoa da Ressurreição; 4º obrigação de jejuar nos dias
prescritos (quarta-feira das cinzas e sexta-feira Santa). É aconselhado jejuar outros dias durante a Quaresma,
nas quatro Têmporas e nas vigílias de algumas festas; 5º fazer um sacrifício ou não comer carne nas sextas-
feiras e nos sábados.
5. Disse que eram cinco os mandamentos principais da Igreja, porque há outros que não são gerais para todos
os fiéis, ou que se acham suprimidos ou comutados, tal como o de pagar dízimos e primícias. Não se achando
hoje em vigor este preceito, devemos em consciência pagar o que a lei nos prescreve para a manutenção do
culto e sustentação dos ministros do altar.
6. Cumpre-se este mandamento (ouvir Missa) assistindo ao Santo Sacrifício da Missa com modéstia de corpo,
com atenção do espírito e com devoção do coração.
7. A Igreja deseja que os fiéis assistam à Missa paroquial ou conventual: 1º porque os membros da freguesia
unem-se todos para orarem juntos com o pároco; 2º porque participam mais abundantemente daquele
sacrifício que por eles principalmente se oferece; 3º porque ouvem as máximas do Evangelho, que os párocos
devem então explicar; 4º porque ficam sabendo as ordens particulares da Igreja que nessa Missa se publicam,
assim como as pastorais e circulares dos prelados diocesanos.
8. A Igreja manda ouvir Missa nos domingos e dias santos, porque, ao ouvir Missa, se exerce o ato mais excelso
da nossa Religião, sendo a Missa o Sacrifício do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo oferecido sobre os nossos
altares sob as espécies de pão e vinho, em memória do Sacrifício da cruz que nela se renova e continua. O
Sacrifício da Missa difere porém do Sacrifício da Cruz somente em que na Cruz o Sacrifício foi cruento isto é,
derramando sangue, e na Missa não, porque é incruento; na Cruz Jesus Cristo morreu realmente, e na Missa só
misticamente.
9. A vítima do Sacrifício da Missa é o mesmo Jesus Cristo que foi a vítima do Sacrifício da Cruz; o sacerdote
principal é Jesus Cristo, o mesmo que também foi o sacerdote no Sacrifício da Cruz. O sacerdote que celebra a
Missa é também em certo modo o sacerdote, mas é porque fala em nome de Jesus Cristo e fazendo a sua figura.
10. Jesus Cristo, na Missa, está realmente no altar, desde a consagração até à comunhão, como a vítima e como
sacerdote, oferecendo aquele Sacrifício pela sua Igreja, e pedindo pelos que ouvem aquela Missa, oferecendo
ao Pai toda a sua vida, morte e merecimentos.
11. Além dos domingos, os dias de festa de obrigação são atualmente, em todo o Portugal, os dias: 1º feriados:
do Natal, Circuncisão (1º de Janeiro), Corpo de Deus, Assunção (15 de Agosto), de Todos os Santos (1º de
Novembro), Imaculada Conceição de Nossa Senhora (8 de Dezembro). 2º transferidos: dos Reis, da Ascensão.
12. Há outras festas de santos que são padroeiros duma Diocese ou região como o dia de São Vicente no
Patriarcado e no Algarve, e o dia de Santo Antônio no Patriarcado, mas não são festas de preceito.
13. Antigas festas de guarda são: festas do Coração de Jesus, Purificação (2 de Fevereiro), Anunciação (25 de
Março), São João Batista (24 de Junho), São Pedro e São Paulo (29 de Junho).

Explicação da gravura
14. Representa a gravura o Sacrifício da Missa, as festas principais do ano, a devoção particular nos dias da
semana.
2º MANDAMENTO DA IGREJA: CONFESSAR-SE AO MENOS UMA VEZ CADA ANO
3º MANDAMENTO DA IGREJA: COMUNGAR PELA PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO

1. Estamos obrigados a este preceito logo que chegamos ao uso da razão e começamos a distinguir o bem e o
mal.
2. Não se satisfaz a este preceito por uma confissão voluntariamente nula, porque a Igreja manda fazer uma
confissão válida e frutuosa.
3. Além da confissão anual, devemos confessar-nos quando nos reconhecemos réus de pecado mortal e quando
nos encontramos em perigo de morte.
4. É grande pecado para uma pessoa não satisfazer ao preceito da comunhão, porque é desobedecer à Igreja
em matéria grave, desprezar o maior benefício de Deus, e dar escândalo ao próximo.
5. Quando a Igreja diz que nos devemos confessar ao menos uma vez no ano, e comungar ao menos na Páscoa
da Ressurreição; quer que entendamos que o seu desejo é que os fiéis se confessem e comunguem mais a
miúdo, porque é difícil viver cristãmente se nos confessarmos e comungarmos uma só vez no ano.

Explicação da gravura
6. Na parte superior da gravura, à direita, começa a representação das festas que a Igreja aconselha aos cristãos
santificar pela recepção dos sacramentos da Penitência e da Eucaristia.
7. À esquerda, vê-se a Porta da Quaresma que a Igreja abre aos bons cristãos para os preparar por meio da
oração e da penitência para a confissão e comunhão pascal. Nem todos os cristãos obedecem ao chamamento
da Igreja; muitos preferem os prazeres mundanos ao cumprimento dos deveres religiosos.
8. Acima da porta da Quaresma, vê-se um confessionário onde os fiéis recebem o perdão das suas faltas,
recuperam a paz da alma e a amizade de Deus. Da Cruz Nosso Senhor aplica-lhes os merecimentos de Seu
Sangue e Morte. À direita do confessionário, veem-se os fiéis cumprindo o preceito da comunhão pascal,
recebendo com a sagrada Eucaristia o penhor da vida eterna.
9. Na parte inferior da estampa, à direita, veem-se os israelitas reunidos à mesa para comer o cordeiro pascal.
Sobre eles, um anjo com uma espada prepara-se para matar os primogênitos dos egípcios. Assim como os
israelitas, que marcaram as suas portas com o sangue do cordeiro pascal e se alimentaram com a sua carne,
foram poupados pelo anjo exterminador, assim os cristãos que pelo sacramento da Penitência purificam as suas
almas no sangue de Jesus e na Eucaristia se alimentam da sua carne, evitarão a morte eterna.
10. Desde o tempo dos Apóstolos, os cristãos sempre se confessaram. No ângulo esquerdo inferior veem-se
cristãos confessando-se a São Paulo.
4º MANDAMENTO DA IGREJA: JEJUAR QUANDO MANDA A IGREJA
5º MANDAMENTO DA IGREJA: NÃO COMER CARNE NAS SEXTAS-FEIRAS E NOS SÁBADOS

1. A Igreja manda-nos jejuar na quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira Santa. Além disso é aconselhado jejuar
noutros dias da Quaresma (exceto os domingos), nas quatro Têmporas, e nas vigílias de algumas festas.
2. O jejuar consiste em comer uma só vez ao dia com abstinência de certas comidas, que são as carnes de
animais terrestres e aves.
3. Devemo-nos abster dessas comidas por mortificação, pois são nutritivas e mais gostosas.
4. Comer carne nos dias de jejum, sem causa, é pecado mortal.
5. Dizemos que para jejuar se há-de comer uma só vez ao dia, porque a consoada somente é permitida pelo
costume. Podemos comer na consoada coisas de pouca sustância e em pequena quantidade.
6. O preceito do jejum principia a obrigar aos vinte e um anos completos.
7. A Igreja, sendo mãe, não quer prejudicar a saúde dos seus filhos, e por isso dispensa da obrigação do jejum
os que não tem boa saúde ou que tem muito trabalho extraordinário.
8. A Quaresma são quarenta dias de jejum e penitência, instituídos pela Igreja: 1º para honrar e imitar o jejum
de Jesus Cristo no deserto: 2º para excitar-nos a fazer penitência; 3º para preparar-nos a celebrar os mistérios
da Paixão de Cristo; 4º para dispor-nos à Comunhão Pascal.
9. O jejum das quatro Têmporas foi instituído: 1º para consagrar pela penitência cada uma das estações do ano;
2º para pedir a Deus a conservação dos frutos da terra; 3º para dar-Lhe graças pelos frutos já recebidos; 4º para
suplicar-Lhe que dê bons ministros à sua Igreja; 5º para expansão do Reino de Jesus Cristo.
10. Foi instituído o jejum das vigílias para que os fiéis se preparassem para celebrar mais devotamente as festas.
11. Ordena-nos a Igreja a abstinência em cada semana, para nos estimular a viver na penitência e fazer-nos
exercitar na mesma. Escolheu a sexta-feira em honra da paixão de Jesus Cristo e o sábado em memória da sua
sepultura
12. O preceito de não comer carne obriga desde os sete anos completos.
13. Quem está dispensado da abstinência não está dispensado do jejum; são coisas diversas.
14. Nos dias de jejum não se pode comer carne e peixe na mesma comida.

Explicação da gravura
15. Na parte superior da gravura, vê-se Nosso Senhor Jesus Cristo, tentado pelo demônio no deserto.
16. À direita, um sacerdote impõe a cinza na cabeça dos fiéis no primeiro dia da Quaresma dizendo: “Lembra-
te, ó homem, que és pó e em pó te hás-de tornar”.
17. À esquerda, nas Têmporas do Verão, está representada a ordenação dos subdiáconos; mais abaixo, nas
Têmporas do Outono, está representada a ordenação dos diáconos; em baixo, nas Têmporas do Inverno, está
representada a imposição das mãos na ordenação dos padres; mais acima, à direita, nas Têmporas da
Primavera, está representada a consagração das mãos na ordenação dos sacerdotes.
18. Na parte superior da gravura à direita, vê-se o velho Eleazar a quem querem obrigar a comer carnes
proibidas pela lei.
19. Na parte superior, vê-se ainda representado um festim onde se serve carne em dia proibido. Ao centro vê-
se um baile em tempo de Quaresma, e mais abaixo o Inferno onde se precipitam.
20. No ângulo esquerdo inferior, vê-se o profeta Jonas profetizando a ruína de Nínive.
21. No ângulo direito, vê-se São João Batista pregando a penitência aos judeus.
ORAÇÃO

ORAÇÃO EM GERAL

1. A oração é uma elevação da nossa alma e do nosso coração a Deus para pedir-Lhe o que é mais conveniente
para a nossa salvação eterna.
2. Temos todos obrigação de orar, e por duas razões. A primeira é porque Nosso Senhor o mandou formalmente,
dizendo que convinha orar sempre a Deus, e a segunda, são as nossas necessidades contínuas.
3. Há duas espécies de oração: mental e vocal; ou, dito doutro modo, de coração e de boca.
4. A oração mental ou de coração é aquela em que se ora a Deus com a mente e com o coração, sem recorrer
a certas palavras de costume.
5. A oração de boca ou vocal é aquela que se faz com palavras.
6. Deus conhece as nossas necessidades, mas quer Ele que Lhe dirigiamos as nossas preces, porque, com
impetrar o que pedimos, quer que reconheçamos e exaltemos a sua benignidade para conosco.
7. Pode-se fazer oração em todo o lugar e em todo o tempo, mas devemos orar principalmente de manhã e à
noite, nas tentações e tribulações, e na igreja porque é o lugar consagrado a Deus e a casa propriamente da
oração; porque ali se celebram os sagrados mistérios; porque o concurso de muitos que oram juntos torna a
oração mais eficaz e poderosa.
8. A nossa esperança de que havemos de ser ouvidos na oração funda-se nas promessas de Deus omnipotente,
misericordioso e fidelíssimo, e nos merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, e nome do qual, como Ele
mesmo nos ensinou e como faz a Igreja, havemos de pedir as graças na oração.
9. Da oração provêm os seguintes frutos: 1º honra-se e louva-se a Deus; 2º aumenta-se a virtude; 3º
enfraquecem-se as paixões; 4º aplaca-se a justiça de Deus.
10. A oração não é ouvida por culpa de quem ora, quando quem ora não está na graça de Deus sem vontade de
converter-se.
11. A oração não é ouvida por causa do modo como é feita, quando lhe faltam as condições necessárias, cujas
principais são: a atenção, humildade, Fé e perseverança.
12. Orar com atenção, quer dizer, que nos devemos aplicar à oração sem nos distrairmos voluntariamente, e
orar de coração enquanto rezamos com a boca.
13. Orar com humildade, quer dizer, que nos devemos reputar indignos de alcançar o que pedimos e
acompanhar a oração com reverente atitude e posição do corpo.
14. Orar com Fé, quer dizer que Deus pode e quer ouvir-nos pelos merecimentos de Seu Divino Filho.
15. Orar com perseverança, quer dizer, não cessar de pedir a Graça de que havemos mister, acrescentando
sempre: “Se for da vossa vontade”.
16. As nossas orações não são ouvidas pelo motivo da coisa que pedimos, quando pedimos coisas que não
convêm à nossa eterna salvação.
17. O que devemos pedir é o que se encontra no Pai Nosso.
18. Podemos pedir a Deus a saúde e os bens temporais, contanto que isto se faça com submissão à Sua vontade.
19. Devemos orar por nós, pelos nossos pais, pelos nossos superiores espirituais e temporais, em geral por
todos os homens, não excetuando os nossos inimigos, pela nossa pátria, e pelas almas do Purgatório afim de
livrá-las das suas penas e introduzi-las no Céu.

Explicação da gravura
20. No meio, está Moisés orando numa colina enquanto os hebreus lutam na planície contra os inimigos.
21. Vê-se no ângulo superior esquerdo, uma família a rezar em comum. No ângulo superior direito, uma família
reza antes da comida. No ângulo inferior esquerdo, uma família rezando antes do trabalho.
22. No ângulo inferior direito, vê-se Santo Antão orando com atenção e fervor diante do Crucifixo, enquanto
os demônios procuram distraí-lo e tentá-lo de mil maneiras.
ORAÇÃO DOMINICAL: PAI-NOSSO

Explicação da gravura
1. A gravura trata da “oração dominical” ou “Pai nosso”; “oração dominical” quer dizer oração do Senhor,
porque Nosso Senhor Jesus Cristo foi quem a compôs para nos ensinar a orar.
2. Consta a oração dominical de uma invocação e sete petições.
3. As palavras de invocação são: “Pai nosso que estais no Céu”, que são como um pequeno prefácio, ou exórdio
para a oração dominical.
4. Chamamos a Deus nosso Pai, porque Jesus Cristo quer que oremos a Deus com amor e confiança filial.
5. Dizemos “Pai Nosso” e não “Pai meu”, porque devemos orar como irmãos uns dos outros, e como membros
da Igreja, pertencentes à mesma família do Pai celestial.
6. Acrescentamos “que estais no Céu”, para levantar os nossos corações a contemplar o infinito poder de Deus
que resplandece particularmente na obra dos Céus, e ainda para nos advertir que a nossa oração, para obter os
bens materiais, deve ser encaminhada a conseguir os bens celestiais.
7. 1º petição: “Santificado seja o vosso nome”. – Pedimos nesta primeira petição que Deus seja conhecido em
todo o mundo e que o seu Santo Nome seja honrado e glorificado com é justo. Devemos todos santificar o nome
de Deus, reconhecendo como dom seu todo o bem espiritual como temporal, mas santifica-se particularmente
aquele Santo Nome obedecendo ao que Ele nos manda. Está representada esta petição pela cura dum coxo,
operada por São Pedro quando disse: “Em nome de Jesus, levanta-te e anda”.
8. 2º petição: “Venha a nós o vosso reino”. – Pedimos com estas palavras que venha depressa o reino de Deus,
isto é, que Deus reine nas almas dos cristãos pela Graça, e que acabadas as batalhas que temos com o mundo,
o demônio e a carne, cheguemos à eterna bem-aventurança. Mas devemos fazer violência a nós mesmos para
arrebatar esta glória. Está representada esta petição por Tobias profetizando o advento do reino de Deus.
9. 3º petição: “Seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu”. – Pedimos a Graça para cumprir os
mandamentos e também que a vontade de Deus seja conhecida, venerada e obedecida em todo o mundo de
tão bom grado como os Anjos obedecem no Céu. Está representada no centro da gravura por Nosso Senhor
orando no jardim das Oliveiras.
10. 4º Petição: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”. – Pedimos assim o pão quotidiano tanto espiritual que
é a Graça de Deus, como o temporal, que é o sustento necessário para nos conservar ao serviço de Deus. Esta
petição está representada por um anjo que traz um pão ao Profeta Elias.
11. 5º Petição: “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. –
Pedimos a Deus que nos perdoe os nossos pecados, como nós perdoamos as ofensas que nos fazem. O perdão
das injúrias é uma condição sem a qual não podemos receber de Deus o perdão dos nossos pecados. A quinta
petição está representada por Jesus Cristo perdoando na Cruz aos seus verdugos, e por David poupando a Saul
que o perseguia para matá-lo.
12. 6º petição: “Não nos deixeis cair em tentação”. – Pedimos a Deus que nos livre das tentações, ou não
permitindo que sejamos tentados, ou dando-nos a Graça de não sermos vencidos. As tentações, se não
consentimos nelas, são úteis e meritórias, porque nos fazem ser humildes e recorrer a Deus; vêm a ser uma
ocasião de merecimento na Terra, e de glória no Céu quando saímos vencedores. Para não sermos tentados,
devemos fugir particularmente de três coisas: a ociosidade, o dormir muito e a intemperança. A gravura
representa a tentação de Nosso Senhor no deserto.
13. 7º petição: “Mas livrai-nos do mal”. – Pedimos a Deus que nos livre de todo o mal, tanto da alma como do
corpo, no tempo e para a eternidade. Nas adversidades devemos sofrer com paciência e submeter-nos à
vontade de Deus. A gravura representa Daniel miraculosamente preservado da fúria dos leões.
A SAUDAÇÃO ANGÉLICA: AVE MARIA

Explicação da gravura
1. A gravura trata da saudação angélica, chamada Ave Maria, porque principia por estas palavras. Chama-se
saudação angélica porque as primeiras palavras referem-se à saudação que o Arcanjo Gabriel dirigiu à Virgem
de Nazaré, quando foi mandado por Deus, anunciar-lhe o mistério da Encarnação.
2. Essas palavras são: "Ave Maria, cheia de Graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres."
3. As outras palavras são parte de Santa Isabel, parte da Igreja. - As de Santa Isabel são: "Bendito é o fruto do
vosso ventre", dirigidas a Nossa Senhora quando foi visitar Santa Isabel, sua prima. - As palavras da Igreja são:
"...Jesus, Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Assim seja".
4. A oração principia pela saudação Ave Maria, para testemunhar-lhe o nosso profundo respeito, chamando-
lhe Senhora e Rainha, que significam o nome de Maria. - Estas palavras estão representadas na gravura pela
Anunciação do Anjo.
5. Chamamos a Maria cheia de Graça, porque, havendo de ser Mãe de Deus, foi enriquecida de todas as graças
que convêm a uma pura criatura. - Palavras representadas na gravura pela Imaculada Conceição.
6. Dizemos "O Senhor é convosco", para significar que o Senhor esteve sempre com a Virgem desde o princípio
da sua conceição; e por isso foi isenta de toda a culpa tanto original como atual. - Palavras representadas pela
Virgem tendo ao colo Nosso Senhor.
7. "Bendita sois vós entre as mulheres" - quer dizer que a Virgem foi cumulada de maiores graças que qualquer
outra criatura. Foi, com efeito, preservada da culpa original; foi Mãe de Deus sempre Virgem; foi a criatura mais
santa e mais agradável a Deus por todas as suas virtudes. (Depois da alma de Jesus Cristo). - Palavras
representadas por Maria no meio de mulheres e mais elevada do que todas elas.
8. "Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus," quer dizer que assim como o seu divino Filho é bendito acima de
todas as coisas, assim também Maria, como Mãe sua, é bendita entre todas as criaturas tanto na terra, como
no Céu, - Palavras representadas na gravura pela Visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel, e pela Virgem com
o menino Jesus ao colo e, ao seus pés, São João Batista.
9. Dizemos "Santa Maria Mãe de Deus", afim de que Nossa Senhora se interesse naquilo que lhe pedimos,
lembra-nos a Igreja que Ela é Mãe de Deus, isto é, que nada pode ser superior à sua intercessão. - Palavras
representadas por Maria coroada no Céu Rainha dos Anjos e dos homens.
10. Acrescentamos: "Rogai por nós percadores", para movê-l'A à piedade para conosco, que somos miseráveis
pelo pecado. - Palavras representadas por Maria ajoelhada diante de Jesus Cristo e rogando por nós.
11. Dizemos: "Agora e na hora de nossa morte", porque sempre temos necessidade do seu auxílio,
especialmente na hora da nossa morte, em que o combate é perigosíssimo. - Palavras representadas pela
Virgem aparecendo a um moribundo.
12. Devemos tributar à Virgem Maria respeito profundo e terna confiança, porque é Mãe do Salvador e Mãe
nossa, Rainha dos Anjos e dos homens, e a mais santa das criaturas.
13. Devemos, pois, invocá-la muitas vezes, pedindo-lhe a sua proteção, celebrar as suas festas com piedade
filial, e fazer diligência por imitar as suas virtudes.
OS NOVÍSSIMOS DO HOMEM

A MORTE

1. Os últimos fins ou novíssimos do homem são: a Morte, o Juízo, o Inferno e o Paraíso.


2. É bom lembrarmo-nos frequentemente dos nossos últimos fins; esta lembrança afasta o pecado e excita ao
fervor e ao zelo no serviço de Deus. Diz a Sagrada Escritura: "Lembra-te dos teus últimos fins e nunca mais hás-
de pecar."
A Morte
3. A morte é o fim da vida, a separação da alma do corpo, a passagem da vida à eternidade.
4. Depois da morte o corpo corrompe-se e desfaz-se em pó; mas há-de ressuscitar no fim do mundo.
5. A alma vai comparecer na presença de Deus para ser julgada pelas suas obras.
6. Pelo pecado dos nossos primeiros pais entrou a morte no mundo. Proibiu-lhes Deus que comessem do fruto
da árvore situada no meio do Paraíso, ameaçando-os de morte se desobedecessem. Pelos pérfidos conselhos
do demônio transgrediram aquele mandamento e foram condenados à morte, eles e todos os seus
descendentes.
7. É, pois, certíssimo que todos os homens hão-de morrer. São Paulo diz: "Decretado foi: todos os homens hão
de morrer uma vez."
8. Mas quando morreremos? Quando Deus quiser! Incerta é a hora da morte. Por isso Nosso Senhor disse:
"Vigiai e orai, porque não sabeis nem o dia nem a hora". Quis Deus que a hora da morte fosse incerta e
desconhecida, para que estivéssemos sempre preparados para morrer, já que todos os dias podemos morrer.
9. A melhor preparação para a morte é uma vida cristã.
10. A preparação próxima para a morte é uma boa confissão e a recepção dos últimos sacramentos. É preciso
não esperar os últimos dias da enfermidade ou doença para preparar-se para a morte, porque é expor-se à
condenação eterna, morrendo impenitente, como o indica Nosso Senhor no Evangelho: "Então disse-Lhe
alguém da multidão: "Mestre, diz a meu irmão que me dê a minha parte da herança". Jesus respondeu-lhe:
"Meu amigo, quem Me constituiu Juiz ou árbitro entre vós?". Depois disse-lhes: "Guardai-vos cuidadosamente
de toda a avareza, porque a vida de cada um, ainda que esteja na abundância, não depende dos bens que
possui". Sobre isto propôs-lhes esta parábola: "Os campos de um homem rico tinham dado abundante frutos.
Ele andava a discorrer consigo: que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? Depois disse: Farei isto:
demolirei os meus celeiros, fá-los-ei maiores e neles recolherei o meu trigo e os meus bens, e direi à minha
alma: Ó alma, tu tens muitos bens em depósito para largos anos; descansa, come, bebe, regala-te. Mas Deus
disse-lhe: Néscio, esta noite virão demandar-te a tua alma; e as coisas que juntaste, para quem serão? Assim é
o que entesoura para si e não é rico perante Deus". (Lucas. XII, 13-22)

Explicação da gravura
11. A gravura representa São Francisco de Borja, fidalgo da corte do Imperador Carlos V. Tendo falecido a
esposa do imperador, foi Francisco encarregado de levar o cadáver da imperatriz a Granada. À chegada do
préstito à cidade, abriu-se o féretro ou caixão para que se certificasse que o corpo nele contido era o da
imperatriz. À vista do cadáver já podre e desfigurado, tão comovido ficou Francisco de Borja que resolveu
renunciar às vaidades e ao mundo. Entrou na Companhia de Jesus, onde se tornou um grande santo.
12. Nos ângulos superiores, vêem-se um homem e uma mulher mirando-se ao espelho, e vendo a sua caveira.
Na cabeça deles está a palavra Hoje, e no espelho a palavra: "Amanhã".
13. Na parte inferior, vê-se um cemitério com cruzes, monumentos funerários e inscrições, e campas abertas
deixando ver esqueletos.
A MORTE DO JUSTO E A DO PECADOR

1. Morte boa e feliz é a morte do cristão que está em estado de Graça


2. Morte desgraçada é a do pecador em estado de pecado mortal; é a suprema desgraça para o homem.
3. A Sagrada Escritura diz que a morte dos pecadores é péssima.
4. Péssima é: 1º porque o pecador sente muito deixar os bens temporais aos quais ele unicamente se afeiçoou,
e que lhe lembram seus pecados; 2º porque há de sofrer em breve no Inferno o terrível castigo duma vida
pecaminosa.
5. Morte péssima foi a de Herodes que nos é narrada nos Atos dos Apóstolos: “Ora, quando foi dia, houve não
pequena perturbação entre os soldados, sobre o que tinha sido feito de Pedro. Herodes, tendo-o mandado
buscar e não o encontrando, feito um inquérito aos guardas, mandou-os matar. Depois desceu da Judeia para
Cesareia, e aí se demorou. Ora Herodes estava em conflito com os habitantes de Tiro e Sidônia. Mas estes, de
comum acordo, foram ter com ele e, com o favor de Blasto, camareiro do rei, pediram a paz, porque o seu país
era abastecido pelo rei. No dia marcado, Herodes, vestido de traje real, sentou-se sobre o trono e arengava-
lhes; e o povo aplaudiu-o, dizendo: “É voz de um deus e não de um homem!”. Porém imediatamente o anjo do
Senhor o feriu, porque não tinha dado glória a Deus e, roído de vermes, expirou”. (Atos XII, 19-24)
6. Péssima também foi a morte de Judas o traidor, cuja narração lemos nos mesmos Atos: “Naqueles dias,
levantando-se Pedro no meio dos irmãos (o número das pessoas ali reunidas era cerca de cento e vinte), disse:
“Irmãos, é necessário que se cumpra o que o Espírito Santo predisse na Escritura pela boca de David, acerca de
Judas, que foi o guia daqueles que prenderam Jesus. Ele era um dos nossos, e tinha recebido a sua parte do
nosso ministério. Este homem, depois de adquirir um campo com o dinheiro da sua iniquidade, tendo caído de
cabeça, rebentou pelo meio e todas as suas entranhas se derramaram. Este fato tornou-se tão notório a todos
os habitantes de Jerusalém, que aquele campo se ficou a chamar, na língua deles, Haceldama, isto é, Campo de
Sangue”.” (Atos I, 15-20)
7. A Sagrada Escritura diz que a morte dos justos é preciosa aos olhos do Senhor.
8. A morte do justo é preciosa: 1º porque ela livra o justo de todos os males desta vida; 2º porque o justo ama
a Deus e tem a consciência em paz; 3º porque o justo está para receber no Céu o prêmio das boas obras que
praticou durante a vida.

Explicação da gravura
9. Representa a gravura a morte do justo, e a morte do pecador. O justo, resignado e sossegado, recebe as
últimas consolações da Religião, cercado de parentes e amigos que oram por ele, animado pelo Santo Anjo da
Guarda; Jesus Cristo e a Virgem Santíssima o contemplam do Céu, e o demônio, envergonhado e raivoso, foge
para o Inferno.
10. O pecador repele com desprezo o sacerdote; o seu anjo da guarda afasta-se chorando, e os demônios
cercam a cama, esperando o último suspiro do doente para se apoderarem da alma pecadora.
O JUÍZO - O JUÍZO PARTICULAR

1. O Juízo particular é o que se faz na hora da morte. Segundo a opinião comum, este Juízo faz-se no próprio
lugar onde morremos.
2. Depois da morte, a nossa alma estará na presença de Jesus Cristo para ser julgada pelas suas obras, e ouvir
pronunciar a sentença que há de fixar a sua sorte eterna.
3. O Evangelho ensina o quão necessário é pensar no Juízo particular.
4. Como se tivesse juntado à roda de Jesus muita gente, de forma que uns e outros se atropelavam, começou
Ele a dizer aos seus discípulos: “Guardai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Nada há oculto que
não venha a saber-se. Por isso as coisas que dissestes nas trevas serão ouvidas às claras, e o que falastes ao
ouvido no quarto será apregoado sobre os telhados. A vós, pois, meus amigos, digo-vos: Não tenhais medo
daqueles que matam o corpo e depois nada mais podem fazer. Eu vou mostrar-vos a quem haveis de temer:
Temei Aquele que, depois de matar, tem poder de lançar no inferno; sim, Eu vos digo, temei Este. Não se
vendem cinco passarinhos por dois asses? Contudo nem um só deles está em esquecimento diante de Deus.
Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temias pois; vós valeis mais que muitos passarinhos.
Digo-vos: Todo aquele que Me confessar diante dos homens, também o Filho de Homem o confessará diante
dos anjos de Deus. Mas quem Me negar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus. Todo aquele
que falar contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado; mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo, não
lhe será perdoado”. (Lucas XII, 1-10) “... Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas, fazei como
os homens que esperam o seu senhor quando volta das núpcias, para que, quando vier e bater à porta, logo lhe
abram. Bem-aventurados aqueles servos, a quem o senhor quando vier achar vigiando. Na verdade, vos digo
que se cingirá, os fará pôr à sua mesa e, passando por entre eles, os servirá. Se vier na segunda vigília, ou na
terceira, e assim os encontrar, bem-aventurados são aqueles servos. Sabei que, se o pai de família soubesse a
hora em que viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e não deixaria arrombar a sua casa. Vós, pois, estai preparados
porque, na hora que menos pensais, virá o Filho do Homem. Pedro disse-lhe: “Senhor, dizes esta parábola só
para nós ou para todos?” O Senhor respondeu: “Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor
estabelecerá sobre as pessoas as sua casas, para dar a cada um, a seu tempo, a ração alimentar? Bem-
aventurado aquele servo a que o senhor, quando vier, achar procedendo assim. Na verdade, vos digo que o
constituirá administrador de tudo quanto possui. Porém, se aquele servo disser no seu coração: “O meu senhor
tarda em vir, e começar a espancar os criados e as criadas, a comer, a beber e a embriagar-se, chegará o senhor
desse servo, no dia em que ele não o espera, e na hora em que ele não sabe; castigá-lo-á severamente e pô-lo-
á à parte com os infiéis”.” (Lucas XII, 35-47)

Explicação da gravura
5. A gravura representa o Juízo particular que terá lugar logo depois da morte.
6. À esquerda está o Juízo do justo, e à direita o Juízo do pecador. O tribunal de Cristo vê-se elevado na própria
casa onde acabam de expirar.
7. A alma do justo é apresentada a Jesus pelo Anjo da Guarda, precedido da Virgem e de São José. Um anjo
sustenta na mão esquerda a coroa para o premiar, e na direita a balança da justiça, onde se pesam os
merecimentos do defunto.
8. A alma do pecador comparece também diante do Juiz supremo, mas esconde a sua face. Está acompanhada
pelos demônios e ligada por uma cadeia de Lúcifer. Jesus Cristo repele-a e dá contra ela a sentença da eterna
condenação.
OS PECADOS

O PECADO EM GERAL - O PECADO ORIGINAL

1. O pecado é a livre transgressão da lei de Deus; é, pois, qualquer pensamento, palavra, ação ou omissão contra
a lei de Deus.
2. Por lei de Deus entende-se não só a lei que Ele mesmo deu, isto é, o Decálogo, mas também qualquer lei
humana, tanto eclesiástica como civil, porque Deus deu aos superiores a faculdade de fazerem leis.
3. O pecado é o maior de todos os males, porque ofende a Deus que é o supremo bem, e porque dele provêm
todos os males que sofremos nesta vida e na outra.
4. Há duas espécies de pecado, o pecado original e o pecado atual ou pessoal.
5. O pecado original é aquele com que nascemos e que temos como herança do nosso primeiro pai, Adão.
6. Adão e Eva, os nossos primeiros pais, foram colocados no paraíso terrestre, jardim delicioso, cheio de toda a
qualidade de árvores e de frutas, onde haviam de passar uma vida venturosa, trabalhando sem cansaço,
louvando e engrandecendo a Deus, e serem depois transportados ao Céu sem morrerem, para gozar da eterna
felicidade. Os seus descendentes haviam de participar dessa fortuna, mas Adão e Eva perderam este bem tão
grande pelo seu pecado e desobediência, comendo do fruto duma árvore, de que Deus lhes tinha proibido
comer.
7. Como se predispuseram eles a comer este pecado de soberba e desobediência? Deixou-se Eva enganar pelo
demônio, que lhe disse que seriam como deuses, e Adão seguiu o exemplo da mulher, comendo daquele fruto
como ela.
Para enganar Eva o demônio serviu-se duma serpente, e o espírito maligno atuou assim por inveja, querendo
que os homens fossem infelizes como ele.
8. Por essa desobediência Adão e Eva fizeram-se desgraçados a si e à sua posteridade, ficando submetidos, por
causa da sua culpa, a muitas infelicidades. Respectivamente ao corpo, foram reduzidos aos trabalhos penosos,
às infelicidades e à morte. Relativamente à alma contraíram a ignorância, a concupiscência, e o império do
demônio.
Relativamente a esta vida, foram excluídos do paraíso terrestre, e perderam o domínio que tinham sobre todos
os animais. Como se haviam rebelado contra Deus, tudo se rebelou contra eles. Adão e seus descendentes
foram condenados a comerem o pão com o suor do seu rosto. No que diz respeito a outra vida, foi-lhes vedada
a entrada no Céu e tornaram-se dignos do Inferno.
9. Adão e Eva foram a causa da desgraça dos seus descendentes, comunicando-lhes o seu pecado e as
consequências dele.
10. Esta transmissão da culpa original e das suas consequências a todos os homens é um mistério.
11. Encontramos, porém, na justiça humana exemplos de semelhante comunicação. Assim, quando um homem
é condenado a perder os seus bens, perde-os para si e para os filhos e descendentes.
12. Por um privilégio especial e para honra de Nosso Senhor que foi o seu Filho, Maria Santíssima foi preservada
do pecado original.
13. O sacramento do Batismo lava-nos do pecado original, mas não tira as consequências dele. Ficamos com a
ignorância, a fraqueza da vontade para o bem, a concupiscência ou inclinação ao pecado, as misérias da vida e
a necessidade de morrer.

Explicação da gravura
14. A gravura representa Adão e Eva desobedecendo a Deus e expulsos por um anjo do paraíso terrestre.
15. No ângulo superior esquerdo, vê-se a morte do Salvador que nos reuniu do pecado e do Inferno.
16. No ângulo superior direito, vê-se um padre batizando uma criança para nos lembrar que o Batismo tira a
culpa original.
OS PECADOS CAPITAIS - A SOBERBA

1. O pecado atual ou pessoal é aquele que cometemos com a nossa própria vontade, tendo chegado ao uso da
razão.
2. Pode-se pecar de quatro modos, a saber: Por pensamentos, palavras, obras e omissões.
3. Pecados de pensamento são os que se comentem pela mente e com o coração, tais como a inveja, o ódio, os
juízos temerários, os maus desejos, etc.
4. Pecados de palavras são os que se cometem falando, como as mentiras, as calúnias, as murmurações, as
blasfêmias, etc.
5. Pecados de obras são os que se cometem por meio dos sentidos do corpo, como o roubar, o espancar, o ferir
e matar etc. Os sentidos corporais são cinco: ver, ouvir, cheirar, gostar e apalpar.
6. Os pecados de omissão são aqueles que se cometem quando se deixa culpavelmente de cumprir aquilo que
estamos obrigados a fazer.
7. O pecado atual divide-se em mortal e venial.
8. O pecado mortal é aquele que se comete transgredindo gravemente a lei de Deus, com perfeita advertência
do entendimento e pleno consentimento da vontade.
9. Chama-se mortal porque tira à alma a Graça de Deus, que é a vida sobrenatural da alma, como a alma é a
vida do corpo.
10. O pecado mortal: 1º torna-nos inimigos de Deus; 2º faz-nos escravos do demônio; 3º priva-nos do mérito
das boas obras; 4º faz-nos réus do Inferno.
11. O pecado venial é a transgressão da lei de Deus em matéria leve, ou em matéria grave, quando nele haja
perfeita advertência ou pleno consentimento.
12. O pecado venial não destrói a caridade, mas diminui-lhe o fervor, e por isso desagrada a Deus. Deve evitar-
se o pecado venial, porque desagrada a Deus, dispõe para o pecado mortal, e porque Deus o pune nesta vida e
na outra.
13. O remédio do pecado mortal é uma confissão bem-feita, e enquanto esta não se faz, um ato de contrição
perfeita e propósito firme de emenda.
14. O pecado venial tem muitos remédios, mas o melhor é um ato de arrependimento verdadeiro e a emenda
da culpa.

Pecados Capitais
15. São sete: soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça. Chamam-se capitais, porque são origem e
cabeça de outros muitos pecados menores. Chamam-se vulgarmente mortais, mas nem sempre o são. São
mortais ou veniais segundo a matéria, a advertência do espírito e o consentimento da vontade.

A Soberba
16. A soberba é uma estima desordenada de si mesmo e desprezo dos outros. Os efeitos e sinais da soberba
são: 1º a grande estima e presunção de si; 2º a preferência aos outros; 3º o grande amor dos louvores e
vanglória; 4º a ambição; 5º a teima na sua opinião; 6º a impaciência no padecer. Deus castiga este pecado na
vida, permitindo que os soberbos façam coisas que sejam humilhados e confundidos. A virtude oposta à soberba
é a humildade, virtude pela qual o homem se submete de coração aos seus superiores, e sendo necessário, até
aos iguais e inferiores.

Explicação da gravura
17. A gravura representa o combate dos anjos bons com os maus que se rebelaram contra Deus por soberba.
18. No ângulo inferior esquerdo, vê-se a torre de Babel, que os descendentes de Noé queriam, por soberba,
levantar até ao Céu.
19. No ângulo inferior direito, vê-se i fariseu orgulhoso e o publicano humilde a orar no templo
A AVAREZA - A LUXÚRIA - A GULA

A Avareza
1. A avareza é um amor desordenado dos bens temporais, principalmente do dinheiro.
2. Os sinais da avareza são: 1º o desejo inquieto e desmedido de adquirir bens temporais; 2º buscá-los por
meios injustos; 3º ou não os gastar no que é preciso.
3. Os efeitos e principais pecados de que a avareza é causa são: 1º o esquecimento de Deus; 2º a dureza para
com os pobres; 3º a insensibilidade pela própria conservação; 4º a velhacaria e a injustiça.
4. A avareza é um grande pecado. São Paulo diz que os avarentos não hão de entrar no reino dos Céus.
5. Os pobres podem ser avarentos, porque este pecado consiste também no desejo desmedido dos bens
temporais.
6. A virtude oposta à avareza é a liberalidade, virtude pela qual se gasta moderadamente a própria riqueza.
7. Os remédios principais contra a avareza são: 1º lembrarmos que Nosso Senhor foi pobre; 2º a lembrança da
morte que há de despojar-nos de todos os nossos bens; 3º a esmola aos pobres, segundo as nossas posses.

A Luxúria
8. A luxúria é um apetite desordenado dos prazeres sensuais; é o vício vergonhoso da impureza condenado pelo
sexto mandamento.
9. Os efeitos e principais pecados de que a luxúria é causa são: 1º o ódio contra Deus; 2º o esquecimento dos
deveres de cristão; 3º a cegueira do entendimento; 4º a dureza do coração; 5º a impiedade.
10. A virtude oposta à luxúria é a castidade, virtude com que se refreia e doma a carne rebelde.
11. Os remédios são: a oração, a modéstia, a mortificação e a oração à Santíssima Virgem, Nossa Mãe.

A Gula
12. A gula é um gosto desordenado de comer e beber mais do que é necessário.
13. Os principais pecados de que a gula é causa são: a embriaguez, a sensualidade, os descomedimentos, as
blasfêmias e as rixas.
14. A embriaguez voluntária é um pecado mortal porque priva o homem do uso da razão, desfigura nele a
imagem de Deus, tornando-o semelhante aos brutos, e porque o expõe a toda a espécie de crimes e desordens.
15. As virtudes opostas à gula são a temperança e a abstinência. A abstinência é uma virtude pela qual se refreia
o apetite desordenado de comer e de beber em demasia.
16. Os remédios contra a gula são: 1º rezar antes e depois das comidas; 2º praticar algumas mortificações nas
mesmas comidas; 3º evitar as tabernas e as pessoas que a elas nos poderiam levar.
17. A gula, disse o Espírito Santo nas Escrituras Sagradas, matou e mata mais gente do que a espada.

Explicação da gravura
18. São três as gravuras. A primeira representa a Judas vendendo Jesus Cristo por trinta dinheiros.
19. A segunda mostra-nos o filho pródigo guardando os porcos.
20. A terceira representa Esaú que, chegando cansado da caça, vende a Jacob o seu direito de primogênito (o
morgado) por um guisado de lentilhas.
A INVEJA - A IRA - A PREGUIÇA

A Inveja
.

1. A inveja é um sentimento que temos do bem do próximo, uma alegria interna do mal que lhe acontece.
2. Este vício dá-se a conhecer quando estamos desfazendo nos merecimentos e nos louvores alheios, ou
falamos com gosto nos defeitos do próximo.
3. Os principais pecados de que a inveja é causa são o ódio ao próximo, a alegria dos seus males, o desejo de
lhos causar, as maledicências, as calúnias e toda a sorte de injustiças.
4. A virtude oposta à inveja é o amor fraternal, virtude pela qual desejamos ao próximo aquele bem que
queríamos para nós mesmos, e nos entristecemos dos seus males como se fossem nossos.
5. Os remédios contra a inveja são: 1º lembrar-mos que somos todos filhos do mesmo Deus e irmãos em Jesus
Cristo; 2º rezar por aqueles de quem nós temos inveja e fazer-lhes bem; 3º aplicar-se na prática da humildade.

A Ira
.

6. A ira é uma alteração desordenada da alma que nos faz repelir com violência o que nos desagrada, a qual
ainda acompanhada do desejo de vingança.
7. Os principais pecados de que a ira é causa são: as blasfêmias, as imprecações ou pragas, as injúrias, as rixas
e os homicídios.
8. As causas ordinárias da ira são a soberba e a teima na própria opinião.
9. A ira não é pecado quando tem por fim opor-se ao mal e se está regulada pela moderação.
10. Por falta de advertência e de consentimento, o primeiro movimento da ira não é pecado; mas devemos
reprimi-lo logo que demos por ele.
11. A virtude oposta a ira é a paciência, pela qual sofremos em paz as injúrias e as tribulações por amor de
Deus.
12. Os remédios contra a ira são: lembrar-nos frequentemente da mansidão e paciência de Nosso Senhor
Jesus Cristo na Sua vida, na Sua paixão e na Cruz; 2º acostumar-se a calar-se e a reprimir-se.

A Preguiça
.

13. A preguiça é um gosto desordenado de descanso e um frouxidão e desprazer em cumprir o próprio dever;
há também a preguiça espiritual, chamada tibieza que é uma desordenada tristeza e fastio das coisas de Deus.
14. Os principais pecados de que a preguiça é causa são a ociosidade, o desalento, a frouxidão, a negligência
dos deveres de cristão, e a desesperação.
15. A preguiça é mãe de todos os vícios; produz a inconstância e a inutilidade da vida.
16. A virtude oposta a preguiça é a diligência e o zelo ao serviço de Deus. A diligência é uma virtude pela qual
com facilidade e prontidão cumprimos os nossos deveres e exercitamos obras de zelo.
17. Para vencer a preguiça é preciso: 1º lembrar-se que o trabalho é uma lei imposta por Deus a todos os
homens; 2º fazer um regulamento de vida e cumpri-lo; 3º não dormir muito; 4º não perder inutilmente o
tempo.

Explicação da gravura
.

18. São três as gravuras. A primeira representa José que, por inveja, foi pelos seus irmãos vendido aos
mercadores ismaelitas que o levaram para o Egito.
19. A segunda representa Esaú voltando da caça furioso, ao saber que o irmão Jacob tinha recebido a benção
do pai.
20. A terceira representa o preguiçoso deitado na sua fazenda inculta.
AS VIRTUDES

VIRTUDES TEOLOGAIS

1. A virtude é uma disposição ou hábito da alma que nos leva a fazer o bem e evitar o mal.
2. A virtude é natural e sobrenatural
3. Virtude natural é aquela que nos leva a fazer o bem por motivos simplesmente naturais, como dar esmola a
um pobre porque a razão nos diz que devemos socorrer o nosso semelhante.
4. Virtude sobrenatural é aquela que nos leva a fazer o bem por motivos de Fé, como dar esmola a um pobre
porque a Fé nos mostra nele o próprio Jesus Cristo.
5. As virtudes sobrenaturais são de duas classes: as teologais e as morais.
6. São três as virtudes teologais: Fé, Esperança e Caridade.
7. Chamam-se teologais porque têm a Deus por objeto imediato. A Fé refere-se a Deus como primeira verdade;
a Esperança refere-se a Deus como nosso sumo bem; a Caridade refere-se a Deus como sumo bem em si mesmo.
8. Estas três virtudes propriamente não se adquirem; são dons gratuitos de Deus que as infunde em nós pelo
santo Batismo; mas desenvolvem-se com as práticas que a Religião nos ensina.

A Fé
9. A Fé é uma virtude sobrenatural pela qual cremos em Deus e em tudo aquilo que Ele revelou à Santa Igreja e
que Ela nos propõe para crer.
10. A Fé é de absoluta necessidade para a salvação.
11. Deve-se crer nas verdades reveladas, porque Deus é a própria verdade que não se pode enganar-Se nem
enganar-nos.
A Esperança
12. A Esperança é uma virtude sobrenatural pela qual desejamos e esperamos a vida eterna que Deus nos
prometeu, e os auxílios para alcançá-la.
13. Os motivos da nossa esperança são a omnipotência e a bondade de Deus, a fidelidade das suas promessas,
e os merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
14. Aplicaremos a nós mesmos os merecimentos de Jesus Cristo por meio das boas obras feitas com o auxílio
da sua Graça.
A Caridade
15. A Caridade é uma virtude sobrenatural pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como
a nós mesmos por amor de Deus.
16. Amar a Deus sobre todas as coisas é preferir Deus a toda e qualquer coisa, e estar pronto a perder tudo, até
a própria vida antes de separarmo-nos Dele.
17. Devemos amar a Deus porque é infinitamente perfeito, infinitamente bom, infinitamente amável e porque
é o nosso supremo bem e o nosso último fim.
18. Daremos a conhecer que amamos a Deus, pela fidelidade em observar os seus mandamentos.

Explicação da gravura
19. A Fé está simbolizada na parte superior da estampa por uma virgem sustendo a Cruz com a mão direita e
tendo na esquerda um archote aceso, para indicar que a Fé ilumina a nossa alma. O santo patriarca Abraão
praticou a Fé de um modo heroico, crendo que Deus, que lhe ordenara imolar o seu filho Isaac, cumpriria,
contudo, a promessa que lhe fizera de dar-lhe uma posteridade numerosa.
21. A Esperança está simbolizada à esquerda por uma virgem tendo na mão direita uma coroa e na esquerda
uma âncora. Vê-se, na parte inferior esquerda, o patriarca Job que no excesso do seu padecer sempre esperou
a Deus e não foi inútil a sua esperança.
22. A caridade está simbolizada, à direita, por uma virgem tendo, na mão direita, um cálice com a hóstia e
mostrando, com a esquerda, o seu coração em chamas. Vê-se no ângulo inferior direito Nosso Senhor sentado
à mesa de Simão o Fariseu, e Maria Madalena que, lançando-se aos pés de Jesus, os banham de lágrimas, os
enxuga com os seus cabelos, beija-os e os perfuma com bálsamo.
VIRTUDES CARDEAIS

1. As virtudes morais são aquelas que tendem diretamente a regular os nossos costumes.
2. Há muitas virtudes morais; as principais são: Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança.
3. Chamam-se virtudes cardeais porque são a fonte e a base de todas as outras virtudes morais.

A Prudência
4. A prudência é uma virtude que nos torna atentos e acautelados para, nas diferentes circunstâncias da vida,
sabermos discernir o que nos convém praticar ou omitir.

A Justiça
5. A justiça é uma virtude que nos leva a dar a cada um o que lhe pertence. Serve também para regular os nossos
pensamentos e sentimentos para com os outros, torna-nos humildes e desconfiados para conosco.

A Fortaleza
6. A fortaleza é a virtude que nos dá ânimo para cumprir os deveres de cristãos.

A Temperança
7. A temperança é uma virtude que põe freio aos desejos desordenados e nos leva a usar com moderação dos
bens temporais.

Explicação da gravura
8. A prudência está representada na parte superior da gravura, à esquerda, pelo Juízo de Salomão. “Um dia
apresentaram-se diante de Salomão duas mulheres pedindo-lhe que decidisse uma contenda. Disse uma: “Esta
mulher e eu moramos sós na mesma casa e cada uma de nós tinha um menino. Uma noite morreu o filho desta
mulher. Enquanto eu dormia, veio ela, torou o meu filho, e pôs no lugar dele o seu filho morto. Quando me
levantei, dei com o menino morto, mas reparando bem vi que não era o meu”. Interrompeu-a a outra mulher
dizendo: “Não é assim como tu dizes. O teu filho é que morreu, o meu está vivo”. E assim se disputavam perante
o Rei. Então disse Salomão: “Trazei uma espada, e parti o menino vivo ao meio, e dai metade a uma mulher,
metade a outra”. A verdadeira mãe do menino, ouvindo estas palavras, ficou trespassada de susto, e toda cheia
de angústia e amor maternal, disse a Salomão: “Ah! Senhor, por quem sois, dai-lho a ela vivo, e não o mateis”.
Ao contrário, dizia a outra: “Não seja nem para mim, nem para ti, parta-se ao meio”. Salomão pronunciou então
a sentença: “Não se parta o menino, mas dê-se inteiro e vivo àquela, porque essa é a sua mãe”. (3Rei III, 18-28)
9. A gravura, na parte superior, à direita, representa Nosso Senhor ensinando a justiça aos fariseus e aos
herodianos. Tendo-lhe estes perguntado se era lícito ou não dar tributo a César, disse-lhes Jesus: “Mostrai-me
a moeda do tributo. De quem é esta imagem e esta inscrição?” Disseram eles: “De César”. Então Jesus disse-
lhes: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.” (Lucas 20, 22)
10. Na parte inferior esquerda, a gravura, como exemplo de fortaleza, representa a história de Judite. Vendo
esta santa mulher que a cidade de Betúlia, onde vivia, estava para cair nas mãos do general assírio Holofernes,
resolveu salvar a pátria ou morrer. Ornada de suas mais custosas galas, foi ao arraial dos assírios. Holofernes
recebeu-a com todo o agrado, deu em honra dela um grande banquete, e tendo bebido em demasia adormeceu
profundamente. Então Judite, tomando a própria espada do general, cortou-lhe a cabeça. (Judite XIII, 1-10)
11. A gravura representa na parte inferior direita o Rei David, dando um grande exemplo de temperança. Um
dia que guerreava David contra os filisteus que ocupavam Belém, levado pela sede, exclamou: “Quem me dera
um pouco de água da cisterna que está ao pé da porta de Belém!” Imediatamente três valentes atravessaram
o acampamento dos filisteus e trouxeram a David água da cisterna. Mas este não quis bebê-la e ofereceu-a ao
Senhor, dizendo: “Deus me livre de beber o sangue daqueles valentes que assim expuseram a vida!”
VIRTUDES EVANGÉLICAS OU CONSELHOS

1. As virtudes evangélicas são as que se referem às virtudes cardeais e que são especialmente aconselhadas no
Evangelho, chamando-se por isso conselhos evangélicos.
2. São três: pobreza voluntária, castidade perpétua e obediência inteira, às quais se pode acrescentar a
humildade cristã.
3. Pratica-se a pobreza voluntária renunciando, por amor de Deus, à posse dos bens terrenos.
4. Pratica-se a castidade perpétua vivendo castamente, abstendo-se não só de toda a sorte de pecado carnal,
mas ainda do Matrimônio.
5. Pratica-se a obediência inteira, renunciando, por amor de Deus, à própria vontade, para se submeter à dos
superiores em tudo o que não seja pecado.
6. São três e não mais os conselhos evangélicos principais, porque são três os impedimentos da perfeição, os
quais são anulados pelos ditos conselhos. Esses impedimentos são: o amor dos bens da fortuna, o amor dos
prazeres carnais, o amor das honras mundanas.
7. Estes conselhos servem para observar mais facilmente os mandamentos de Deus e unir-nos mais
estreitamente com Ele, sacrificando-Lhe todos os nossos bens.
8. Estes conselhos, quando se convertem em lei por meio dos votos solenes, formam os estados perfeitos da
religião cristã, que se chamam ordens religiosas ou religiões, segundo a regra de cada um dos fundadores.
9. A humildade é uma virtude pela qual, reconhecendo os nossos defeitos e fraquezas, referimos a Deus o pouco
de bom que em nós encontramos. Leva-nos pois esta virtude a submeter-nos de coração não só aos superiores,
mas ainda aos inferiores iguais.
10. Eis aqui como Nosso Senhor, no Evangelho, chama um jovem ao caminho da perfeição: “Então certo homem
de posição fez-Lhe esta pergunta: “Bom Mestre, que devo fazer para obter a vida eterna?”. Jesus respondeu-
lhe: “Porque Me chamas bom? Ninguém é bom senão só Deus. Tu conheces os mandamentos: Não matarás,
não cometerás adultério, não furtarás, nãos dirás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe”. Ele disse: “Tenho
observado tudo isso desde a minha juventude”. Tendo Jesus ouvido isto disse-lhe: “Uma coisa te falta ainda:
vende tudo quanto tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois vem e segue-Me”. Mas ele, ouvindo
isto, entristeceu-se, porque era muito rico. Jesus, vendo esta tristeza, disse: “Como é difícil aqueles que tem
riquezas entrem no Reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um
rico no Reino de Deus”. Os que O ouviram disseram: “Quem pode então se salvar?” Jesus respondeu-lhes: “ O
que impossível aos homens é possível a Deus”.” (Lucas XVIII, 18-27)

Explicação da gravura
11. A gravura superior à esquerda representa um exemplo de humildade dado por São João Batista. “Um dia,
os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas a João para lhe perguntar: “Quem és tu?” E ele confessou
e não negou: “Eu não sou o Cristo, nem Elias, nem profeta”. E os enviados perguntaram-lhe: “Porque pois
batizas, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem profeta?” João respondeu-lhes: “Eu batizo com água; mas no meio
de vós está Aquele a quem não conheceis. Este é o que virá após mim, e já era antes de mim, do Qual eu não
sou digno de desatar a correia das sandálias”.” (Jo III, 26)
12. Os primeiros cristãos praticavam de um modo perfeito a pobreza voluntária. Os que tinham terras e bens,
vendiam-nos, e como se vê na gravura superior, à direita, traziam aos Apóstolos o valor deles, que depois era
distribuído aos pobres.
13. A gravura inferior, à esquerda, representa um exemplo de perfeita obediência da São Tiago e de São João,
filhos de Zebedeu. Um dia que estavam concertando as suas redes, Nosso Senhor chamou-os para serem seus
discípulos. E eles logo deixando o barco, as redes e os pais, O seguiram.
14. Na parte inferior da gravura, à direita, está representado Nosso Senhor Jesus Cristo, o amigo dos corações
puros, e ao pé Dele quatro santos que sobressaíram na castidade mais perfeita, que é a virginal. São, à direita
do Salvador, Maria Santíssima e São João Batista; à esquerda São José, esposo de Maria e pai adotivo de Jesus
e São João Evangelista, o Apóstolo predileto.
OBRAS DE MISERICÓRDIA

OBRAS CORPORAIS DE MISERICÓRDIA

Explicação da gravura
1. A misericórdia é uma virtude que nos leva a ter compaixão das misérias do próximo e a aliviá-las.
2. Há duas classes de obras de misericórdia, as corporais e as espirituais.
3. As corporais são as que se referem ao corpo do próximo.
4. São sete: 1º dar de comer a quem tem fome; 2º dar de beber a quem tem sede; 3º vestir os nus; 4º visitar
os enfermos e encarcerados; 5º dar hospedagem aos peregrinos; 6º remir os cativos; 7º enterrar os mortos.
5. A gravura representa as principais.

Dar esmola aos pobres


6. A primeira obra corporal de misericórdia é acudir aos pobres nas suas necessidades.
7. A gravura, na parte superior, representa o Profeta Elias multiplicando a farinha e o azeite da viúva da Sarepta.
“Falou-lhe então o Senhor assim: “Levanta-te, vai para Sarefta dos Sidonios, porque eu ordenei a uma mulher
viúva que te sustente”. Levantou-se e foi para Sarefta. Tendo ele chegado à porta da cidade, apareceu-lhe uma
mulher viúva, que apanhava lenha. Ele chamou-a e disse-lhe: “Dá-me num vaso um pouco de água para beber”.
Quando ela lha ia buscar, Elias chamou-a outra vez e disse: “Traz-me também, peço-te, um bocado de pão na
tua mão”. Ela respondeu-lhe: “Viva o senhor teu Deus, que eu não tenho pão, senão somente um pouco de
farinha na panela, e um pouco de azeite na almotolia. Ando a apanhar um pouco de lenha, a fim de a ir cozer
para mim e para meu filho, para comermos e depois (de gastos estes restos) morreremos (de fome)”. Elias
disse-lhe: “Não temas, mas vai e faz como disseste; porém faz primeiro para mim desse pouco de farinha um
pãozinho cozido, debaixo do rescaldo, e traz; para ti e para teu filho, farás depois”. Com efeito, o Senhor Deus
de Israel disse assim: “A farinha que está na panela não faltará, nem de diminuirá, na almotolia, o azeite, até o
dia em que o Senhor faça cair chuva sobre a terra”. Foi a mulher e fez como Elias lhe tinha dito. E desde aquele
dia não faltou a farinha na panela, nem se diminuiu o azeite da almotolia. Aconteceu depois adoecer o filho
desta mãe de família, e a doença era tão grave que já não respirava. Então Elias clamou ao Senhor, assim:
“Senhor meu Deus, até a uma viúva, que me sustenta como pode, afligiste, matando-lhe seu filho?” O Senhor
ouviu a voz de Elias; a alma do menino voltou a ele, e ele recuperou a vida”. (I Rei XVII, 9)
9. No ângulo superior da esquerda, vê-se uma mulher que dá esmola a um necessitado.

Visitar os enfermos e encarcerados


10. Esta obra acha-se representada pelo bom Samaritano do Evangelho, à esquerda da gravura.
11. “Um homem descia de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos ladrões, que o despojaram, o espancaram
e retiraram-se, deixando-o meio morto. Ora aconteceu que descia pelo mesmo caminho um sacerdote que,
quando o viu, passou de largo. Igualmente um levita, chegando perto daquele lugar e vendo-o, passou adiante.
Um samaritano, porém, que ia de viagem, chegou perto dele e, quando o viu, encheu-se de compaixão.
Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu jumento, levou-o a
uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao estalajadeiro e disse-lhe: “Cuida
dele; quando gastares a mais, eu te pagarei quando voltar”.” (Lucas X, 25)
12. No ângulo inferior da esquerda, vê-se uma Irmã da Caridade cuidando de um doente.

Dar pousada aos peregrinos


13. Esta obra de misericórdia está representada, na gravura, por Abraão oferecendo a hospedagem aos Anjos
que iam destruir as cidades de Sodoma e Gomorra.
14. No ângulo inferior da direita, vê-se um frade dando hospedagem a um peregrino.

Enterrar os mortos
15. Esta obra está representada pelo santo homem Tobias, sepultando um dos companheiros do seu cativeiro.
16. No ângulo superior da direita, vê-se um sacerdote aspergindo com água benta a campa de um defunto.
OBRAS ESPIRITUAIS DE MISERICÓRDIA

1. As obras espirituais de misericórdia são sete: 1º dar bom conselho; 2º ensinar os ignorantes; 3º corrigir os
que erram; 4º consolar os tristes; 5º perdoar as injúrias; 6º sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo;
7º rogar a Deus por vivos e defuntos.
2. Chamam-se espirituais porque se referem à alma do próximo.
3. No Juízo Final seremos julgados segundo as obras de misericórdia. Com efeito, assim fala Nosso Senhor no
Evangelho: “Quando, pois, vier o Filho do Homem na Sua majestade, e todos os anjos com Ele, então Se sentara
sobre o trono de Sua majestade. Todas as nações serão congregadas diante Dele. Separará uns dos outros,
como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e porá as ovelhas à sua direita, e os cabritos à esquerda. Dirá
então o Rei aos que estiverem à Sua direita: Vinde, benditos de Meu Pai, possuí o Reino que vos está preparado
desde a criação do mundo, porque tive fome, e Me destes de comer; tive sede, e Me destes de beber; era
peregrino, e Me recolhestes; nu, e Me vestistes; enfermo, e Me visitastes; estava na prisão, fostes ver-Me.
Então, os justos Lhe responderão: Senhor, quando é que nós Te vimos faminto, e Te demos de comer; com
sede, e Te demos de beber? Quando Te vimos peregrino, e Te recolhemos; nu, e Te vestimos? Ou quando Te
vimos enfermo, ou na prisão, e fomos visitar-Te? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos digo que todas
as vezes que vós fizestes isto a um destes Meus irmãos mais pequenos, a Mim o fizestes”. (Mat XXV, 31-46)

Explicação da gravura
5. A gravura representa as quatro principais obras espirituais de misericórdia.

Ensinar os ignorantes
6. Acima vê-se São João Batista ensinando o povo, e dando bons conselhos à multidão que o interroga.
7. No ângulo superior esquerdo, vê-se um Irmão das Escolas Cristãs ensinando e educando crianças.

Dar bons conselhos


8. Esta obra está representada na gravura, à esquerda, por São João Batista censurando Herodes,
repreendendo-lhe o seu mau comportamento e dizendo-lhe: “Não te é lícito viver com a mulher do teu irmão
ainda vivo”.
9. No ângulo inferior esquerdo, vê-se um homem que distribui bons livros e bons jornais para favorecer a boa
leitura e combater a má imprensa.

Consolar os tristes
10. Esta obra está representada à direita por Nosso Senhor consolando a viúva de Naim e ressuscitando-lhe o
filho. Lemos no Evangelho: “No dia seguinte foi para uma cidade, chamada Naim. Iam com Ele os Seus discípulos
e muito povo. Quando chegou perto da porta da cidade, eis que era levado a sepultar um defunto, filho único
de uma viúva; e ia com ela muita gente da cidade. Tendo-a visto, o Senhor, movido de compaixão para com ela,
disse-lhe: “Não chores”. Aproximou-Se, tocou o esquife, e os que o levavam pararam. Então disse: “Jovem, Eu
te ordeno, levanta-te”. E o que tinha estado morto sentou-se, e começou a falar. Depois, Jesus entregou-o à
sua mãe”. (Lucas VII, 11-17)
11. No ângulo superior direito, vê-se um rapaz que, separando-se dos pais, consola o irmão mais novo
mostrando-lhe o Céu, onde hão de encontrar-se um dia.

Rogar a Deus por vivos e defuntos


12. Esta obra está representada na parte inferior da gravura por Judas Macabeu rogando a Deus com o exército
pelos soldados mortos na batalha. Acabando de rezar, fez um peditório, mandando o produto a Jerusalém com
ordem de oferecer um sacrifício pelos pecados dos soldados defuntos.
13. Vê-se também no ângulo direito inferior uma mulher rezando na campa dos seus defuntos.
ÍNDICE DAS SESSENTA E OITO GRAVURAS

Sumário

1 – Introdução 33 – 3º Mandamento
2 – A Santíssima Trindade 34 – 4º Mandamento
3 – A Criação 35 – 4º Mandamento
4 – Encarnação. Transfiguração. 36 – 4º Mandamento
4 – Encarnação. Anunciação. 37 – 4º Mandamento
4 – A Natividade 38 – 5º Mandamento
5 – A Redenção 39 – 5º Mandamento
6 – A descida aos infernos 40 – 5º Mandamento
7 – A Ressurreição 41 – 6º Mandamento
8 – A Ascensão 42 – 7º Mandamento
9 – Jesus Cristo a direita do Pai 43 – 7º Mandamento
10 – Juízo Final 44 – 8º Mandamento
11 – Pentecostes 45 – 8º Mandamento
12 – A Igreja 46 – 8º Mandamento
13 – A comunhão dos santos 47 – 9º Mandamento
14 – A remissão dos pecados 48 – 10º Mandamento
15 – A ressurreição da carne 49. – Mandamentos da Igreja
16 – O paraíso 50 – Mandamentos da Igreja
17 – O inferno 51 – Mandamentos da Igreja
18 – A graça 52 – A Oração
19 – O Batismo 53 – O Pai Nosso
20 – A Eucaristia 54 – Ave Maria
21 – A Confirmação 55 – Os Novíssimos do Homem: A Morte
22 – A Penitência 56 – A Morte
23 – A Extrema-Unção 57 – O Juízo
24 – A Ordem 58 – O pecado original
25 – O Matrimônio 59 – Os pecados capitais
26 – Os Mandamentos da Lei de Deus 60 – Os pecados capitais
27 – 1º Mandamento 61 – Os pecados capitais
28 – 1º Mandamento 62 – As virtudes teologais
29 – 2º Mandamento 63 – As virtudes cardeais
30 – 2º Mandamento 64 – As virtudes evangélicas
31 – 3º Mandamento 65 – As obras de misericórdia corporais
32 – 3º Mandamento 66 – As obras de misericórdia espirituais

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