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62-72, 1997
Introdução
Pensar sobre a Igreja não é tarefa das mais simples. As contradições que,
historicamente, foram acumuladas em meio a uma riqueza incomensurável de
vivência comunitária, solidária, libertadora e fraterna da fé formam um quadro que
no plano dos sentimentos e das intenções pessoais de milhões cria, até mesmo,
relações de amor e de ódio.
A Igreja é provisória, não obstante o seu forte conteúdo espiritual. Essas são
perspectivas sistematizadas por grandes e renomados teólogos deste século. Nestas
linhas, essas idéias estão presentes, ainda que modestamente, como referência
teológica fundamental.
As reflexões sobre a Igreja, assim como as demais áreas do pensamento
teológico, não podem se tomar idéias abstratas e marcadas por idealismos. Pensar
a Igreja é uma tarefa que requer forte grau de contextualização. Isso porque, de
um lado, são notórias as repercussões das transformações sociais no interior das
igrejas e, por outro, é fato reconhecido o caráter propositivo e articulador de
mudança social desenvolvido, nas últimas décadas, pelas igrejas na América Latina.
Nesse sentido, os esforços de reflexão sobre a natureza, o sentido e o
significado da Igreja precisam ser interpelados pelas novas conjunturas sociais e
eclesiais. Dessa aproximação, novas compreensões poderão ser forjadas ao se
traduzir os conteúdos bíblicos e teológicos consagrados para as demandas da
sociedade no final do segundo milênio. Esta é uma das marcas fundamentais da
tradição teológica protestante (evangélica): a Igreja está em permanente reforma.
Os principais elementos que a meu ver necessitam ser pressupostos (ou seja,
não estão escritos, mas devem ser lembrados) para um aprofundamento da visão
eclesiológica podem ser organizados sob três aspectos. O primeiro (o científico)
diz respeito à compreensão da realidade, em especial em relação às transformações
sócio-políticas e econômicas que fortaleceram o neoliberalismo, intensificaram a
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3. Respostas da Igreja
ao Contexto Neoliberal
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A Guisa de Confissão
Escrever estas palavras poderia ser tarefa simples se não fosse a conseqüente
necessidade de contribuir para tomá-las uma realidade cada vez mais presente.
Não se trata de negar todo o ambiente de gratuidade que envolveu estas páginas
nem de pensar que é possível chegar a Deus por esforços próprios. Mas significa
confessar a disposição de seguir a trilha do Espírito.
Todavia, é bom afirmar que a dedicação pastoral nem sempre possui a
intensidade que as demandas da ação missionária requerem; que o espírito fraterno
e de compreensão nem sempre é exercido; que nem sempre exercito a solidarie
dade e a partilha; que a diversidade não é devidamente valorizada em todas as
circunstâncias.
Estas noções acerca da vida das igrejas, com o reconhecimento à teologia
protestante contemporânea, cooperam para uma aproximação entre as discussões
teóricas/teológicas e as atuais demandas pastorais. É preciso que, na diversidade
de contextos nos quais encontram-se pastores, pastoras, lideranças leigas e outros
agentes educativos envolvidos na dinâmica eclesial — católicos ou protestantes —,
suijam formulações práticas destas idéias.
O campo percorrido envolve muitos aspectos da vida e da ação da Igreja.
Portanto, cada linha poderia se multiplicar em novas questões, debates, conversas
e outros textos. Para a prática pastoral latino-americana, tanto no ambiente católico
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Notas
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