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N o v e m b r o 2 019 | C o n j u n t u r a E c o n ô m i c a 4 7
Começando pela energia ou mo- usuário. Nesse instrumento, o ONS
lécula, já se revela uma primeira di- Conclui-se que a é interveniente, determinando as
ferença. A energia elétrica não tem condições técnicas e comerciais da
propriedade, sendo gerada conforme capacidade de conexão do usuário ao Sistema In-
o consumo. O ONS detém o poder terligado Nacional (SIN), provendo
de garantir o atendimento desta de- bases que garantem o atendimento
transmissão e seu
manda elétrica, uma vez que a capa- do mercado elétrico. Quanto à par-
cidade de geração disponível é bem cela de transmissão são aplicadas
maior que o consumo do sistema
controle no setor Tarifas de Uso do Sistema de Trans-
brasileiro. Assim, o ONS ordena a missão (TUST), calculadas consi-
geração dos elétrons necessários ao
elétrico são definidos e derando a configuração da rede,
abastecimento, despachando usinas linhas de transmissão, subestações,
conforme a demanda. Claro, existem operados exclusivamente geração, carga e a remuneração
os contratos comerciais firmados em que as transmissoras devem receber
leilões e entre partes, com vários pra- pelo ONS pela prestação do serviço, resulta-
zos de vigência. Porém, esses instru- do dos leilões de concessão. Esta
mentos garantem a disponibilidade tarifa, que busca promover a otimi-
de geração e o potencial balanço de zação dos recursos elétricos e ener-
atendimento do sistema, que somente substituição e consequente cobrança géticos é aplicada a todos os usu-
é efetivado quando o ONS comanda por esse fluxo alternativo. Nessa hi- ários. Conclui-se que a capacidade
a operação das usinas. E as entregas pótese, surge a necessidade de uma de transmissão e seu controle no
e retiradas são transformadas em va- liquidação dos contratos de gás, ou setor elétrico são definidos e opera-
lores que são liquidados – cobrados seja, uma compensação em moldes dos exclusivamente pelo ONS, que
e pagos – de acordo com a realização semelhantes aos da CCEE, porém garante ao contratante do serviço
dos compromissos contratuais dos com uma contabilização mais com- a capacidade de fluxo, sendo seus
agentes, registrados na Câmara de plexa, conforme as vazões efetiva- custos obrigatoriamente comparti-
Comercialização de Energia Elétrica mente transacionadas. lhados entre todos os usuários.
(CCEE), órgão de compensação des- A logística, em ambos os casos, Já o transporte de gás pressupõe a
te mercado no país. No caso do gás energia elétrica e gás, é um mono- celebração de contratos de capacida-
natural, as moléculas têm proprietá- pólio natural, atividade na qual a de entre o transportador e o carrega-
rios, um vendedor e um comprador, competição não gera ganhos eco- dor, ou proprietário do gás. Portan-
definidos em contrato de compra e nômicos. No caso da energia elé- to, um possível agente controlador
venda. Logo, o potencial gestor do trica, apesar das linhas de trans- do sistema de gás, não pode decidir
sistema de gás não pode redirecionar missão individualmente serem de direcionar qualquer molécula para
fluxos para garantir o atendimento, propriedade dos concessionários, um determinado ponto para garantir
uma vez que existem compromissos ao celebrarem o Contrato de Pres- seu atendimento, uma vez que não
legais que predeterminam as trocas tação do Serviço de Transmissão, participa deste instrumento e não
de propriedade. Como este opera- estes autorizam o ONS como seu controla a capacidade de transporte.
dor, em princípio, não possui con- representante perante os usuários Mesmo que lhe fossem outorgados
trole sobre ativos de produção, rece- nos Contratos de Uso do Sistema poderes de livre determinação de uti-
bimento ou estoque de gás, não pode de Transmissão. Dessa forma, a lização de capacidade e redireciona-
disponibilizar volumes para manter rede básica de transmissão se torna mento das vazões por contrato, resta
o balanço do mercado. E mesmo que um ativo de controle exclusivo do ainda a questão dos custos. No siste-
disponha dessas moléculas, precisa ONS, que garante a capacidade do ma elétrico, os custos da logística do
ter respaldo de algum tipo de instru- sistema pelos termos dos contratos sistema são otimizados pelo seu ope-
mento legal que o autorize a fazer a de conexão entre concessionário e rador e compartilhados entre usuá-
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CONJUNTURA ENERGIA
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