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Universidade de São Paulo

Faculdade de Educação

Sociologia da Educação II

Professora Doutora Fabiana Jardim

Trabalho Final

Alunas:

Renata Bertoni Bazan Nº USP: 8031819

Ana Carolina Ventura Nº USP 9876077

Mariana de Mattos Baratojo Nº USP 10376176

São Paulo

2017
O presente trabalho pretenderá analisar a questão da utopia e a distopia
(ou utopia negativa) a partir da obra 1984 de George Orwell, além de tentar
relacionar outras questões que se mostraram importantes dentro da obra, como
a iconografia, o controle social e a falta de liberdade.

A obra foi escrita pelo inglês Eric Arthur Blair (George Orwell era um
pseudônimo) em 1948 e publicada em 1949. Orwell nasceu e 1903 na Índia,
pois seu pai trabalhava como agente do Departamento Britânico de Ópio, mas
foi logo viver na Inglaterra, onde obteve sua educação. Lutou durante a Guerra
Civil espanhola em uma milícia do POUM (Partido Obrero de Unificación
Marxista) e testemunhou a perseguição realizada pelo PC Espanhol (seguindo
ordens soviéticas) aos anarquistas e trotskistas, que eram tidos como inimigos
da revolução. Foi autor de diversas obras, entre elas: Lutando na Espanha,
Revolução dos Bichos e 1984.

A obra que será analisada narra a história de Winston Smith, que vive
em um futuro no qual o mundo é dividido basicamente entre três potencias
mundiais: Oceania, Eurásia e Lestásia. Londres, local no qual a obra se passa,
faz parte do território da Oceania que é governada pelo Partido e pelo seu líder,
Grande Irmão. Winston começa a questionar as estruturas sociais e a falta de
liberdade existente nessa sociedade e, a partir disso, a obra se desenvolve. No
universo do livro existem variados elementos de controle social, como a
teletela (uma espécie de televisão que funciona também como câmera de
vigilância) e a criação de um novo idioma, chamado novafala, que pretende
tornar o crimepensamento (pensamento sobre questões ilegais, como ódio ao
Grande Irmão ou questionar a desigualdade) impraticável, através da
diminuição da quantidade de palavras no vocabulário e, por conseguinte, da
capacidade de formulação de ideias e conceitos pelos indivíduos. Uma nova
palavra que é muito importante, não só para a obra, é duplipensamento,
voltaremos à essa questão posteriormente.

Primeiramente, tratar-se-á da questão do sentimento das utopias no


século XX. Contudo, é necessário compreender o significado do termo aqui
destacado e seu surgimento. Utopia significa o não lugar e foi cunhada pelo
escritor e religioso Thomas Morus, através de seu livro homônimo, que faz uma
crítica à sociedade na qual o autor vivia. Segundo Russel Jacoby, Morus:
“sonhou com um lugar em que o homem pudesse ‘viver em jubilo e paz’”.
Essas visões utópicas de paraísos terrenos, que remetem à uma visão quase
religiosa, se estenderam até o início do século XX e começaram a decair no
pós-primeira guerra. Segundo Erich Fromm:

“Essa guerra, na qual milhões morreram pelas ambições territoriais das


potencias europeias, ainda que sobre a ilusão de estarem lutando pela paz e pela
democracia, foi o início do desenvolvimento que levou, num tempo relativamente curto,
à destruição da tradição ocidental de esperança e sua transformação num sentido de
desespero. ”

Esse sentimento, agravado pelo surgimento das ideologias nazifascistas, dos


estados totalitários em vários países europeus, pelos horrores testemunhados
na segunda guerra mundial e pela utilização da bomba atômica em Hiroshima e
Nagasaki, levou à um grande estado de desilusão e medo do caminho que a
humanidade estava seguindo. É nesse contexto que Orwell escreve sua obra,
1984.

Bibliografia sugerida:

FOUCAULT, Michel. História da Loucura. São Paulo: Perspectiva, 2012.


Disponível em:
<http://monoskop.org/images/1/15/Foucault_Michel_Historia_da_loucura_na_id
ade_classica.pdf>

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. São Paulo: Vozes, 2015.

GINSBURG, Carlo. Medo, Reverência e Terror. São Paulo: Companhia


das Letras, 2014.

HITCHENS, Christopher. A vitória de Orwell. São Paulo: Companhia das


Letras, 2009.

JACOBY, Russel. A imagem imperfeita. Rio de Janeiro: Civilização


Brasileira, 2007.

ORWELL, George. 1984. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.


VARELA, Julia.,ALVAREZ-URIA, Fernando. A maquinaria escolar.
Teoria & Educação. São Paulo, n.6, p. 68-96,1992.

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