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ANÁLISE E PROPOSTA ERGONÔMICA PARA O SETOR


ADMINISTRIATIVO DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
Anne Louise Barão 1
E-mail: annebaraoemo@hotmail.com
Arthur Ferreira 2
E-mail: arthurandradert@gmail.com
Jefferson Caminha 3
E-mail:jeffersoncaminha@gmail.com
Joalisson Cavalcanti 4
E-mail: joalissoncp@gmail.com
Renato Fonseca 5
E-mail: renato.fonseca0.0@gmail.com
Resumo: Diversos esforços têm sido feitos para melhorar a adequação do trabalho ao
homem. A análise do posto de trabalho e de como o homem interage nesse ambiente
são fatores que vem sendo discutidos por pesquisadores há muito tempo. Alguns
autores, como Guérin; et.al.(2001), trazem uma discussão diferente à medida que
introduzem o escopo de interação dos diferentes aspectos abordados pela ergonomia.
Este estudo busca realizar uma Análise Ergonômica do Trabalho (AET) em um posto
de trabalho da UFPB. Esta pesquisa pode ser caracterizada como descritiva e um
estudo de caso. Teve como métodos de coleta de dados, a pesquisa documental, a
entrevista e a observação. Os resultados demonstram que a abordagem proposta
pelos autores é válida, pois permitiu a identificação dos principais problemas
envolvidos com a atividade do posto de trabalho.

Palavras-chave: Ergonomia,conforto,análise ergonômica,ambiente de trabalho.

1 INTRODUÇÃO
A busca pelo conforto aliado a produtividade tem guiado estudos diversos sobre a
questão ergonômica no posto de trabalho. Nesse sentido, as empresas estão buscando
alternativas para adequar o funcionário de tal forma que consiga melhorar sua
produtividade e reduzir o número de lesões nos trabalhadores. Assim sendo, esses
estudos vêm ganhando espaço dentro das organizações, pois um trabalho preventivo é
menos oneroso financeiramente para as empresas do que um corretivo. A análise
ergonômica busca soluções identificando os problemas através de um detalhado exame.
Esse exame possibilita compreender a natureza e a dimensão dos problemas
identificados, bem como elaborar um plano de intervenção para corrigi-los. Assim, o
objetivo deste estudo é realizar uma Análise Ergonômica do Trabalho (AET) em um
posto de trabalho da Universidade Federal da Paraíba, localizada em João Pessoa,
Paraíba, utilizando o método Ovako Working Posture Analaysing System - OWAS.
__________________________

1
Graduanda em Engenharia Mecânica – UFPB – annebaraoemo@hotmail.com
2
Graduando em Engenharia Mecânica – UFPB – arthurandradert@gmail.com
3
Graduando em Engenharia Mecânica – UFPB – jeffersoncaminha@gmail.com
4
Graduando em Engenharia Mecânica – UFPB – joalissoncp@gmail.com
5
Graduando em Engenharia Mecânica – UFPB – renato.fonseca0.0@gmail.com
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2 REVISÃO DA LITERATURA
O caminho a seguir com o desenvolvimento prático e aplicação de métodos
ergonômicos é através de uma melhor antecipação e apreciação de alterações ao
trabalho humano que serão efetuadas através da introdução de novas tecnologias para
o trabalho (Macleod ,2003). O desenvolvimento de métodos adequados de ergonomia e
suas aplicações, devem utilizar análises quantitativas e qualitativas, além de
orientações.

2.1 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO (AET)


Para Guérin; et.al. (2001) a análise da atividade tem uma necessidade maior do que as
ferramentas de ergonomia podem atender. Estas não conseguem incorporar a
descrição das atividades e nem sua compreensão. Dessa forma não evidenciam as
interações entre os diferentes componentes, colocando em um mesmo plano, problemas
de dimensões físicas, de constrangimento de tempo, de iluminação, atividade cognitiva
entre outros. Para Iida (2000) a descrição da tarefa abrange aspectos envolvendo seu
objetivo, o operador, os aspectos técnicos, as aplicações, as condições operacionais e
ambientais. Guérin; et.al. (2001) enfatiza que a ação ergonômica advém de uma
demanda, oriunda de diferentes partes. Cabe ao analista examinar o funcionamento da
empresa, através de observações abertas, verificando a atividade desenvolvida pelos
operadores e as consequências desta atividade para a saúde e para a produção. A
partir disso poderá fazer um pré-diagnóstico e depois um plano de maior precisão,
procurando verificar suas hipóteses. A partir das observações e das entrevistas com os
operadores estará, então, em condições de formular um diagnóstico final de utilidade à
empresa. Este processo pode ser observada na figura 1.
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Para Iida (2000) o ergonomista na busca de realizar seus objetivos, deve estudar
diversos aspectos do comportamento humano no trabalho e outros fatores importantes,
que são: o homem, a máquina, o ambiente, a informação, a organização e as
consequências do trabalho. Como objetivos busca a segurança, satisfação e o bem-
estar dos trabalhadores no seu relacionamento com as empresas. St-Vincent; et.al.
(1998) afirmam que é possível uma abordagem colaborativa, onde grupos treinados
podem auxiliar na identificação e no combate de situações inadequadas. Estes grupos
com o acompanhamento especializado podem ser bastante úteis para a construção de
um ambiente ergonômico.

2.2 MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS


Segundo Iida (2000) a antropometria estática refere-se a medidas onde o operador fica
parado ou tem poucos movimentos, e o seu uso não é aconselhado para atividades ou
posto de trabalho que se movimentam. Nestes casos deve-se recorrer à antropometria
dinâmica, que mede os alcances dos movimentos. Mede-se os movimentos de cada parte
do corpo, enquanto que o restante permanece estático. Porém, na prática ao mover as
mãos, o tronco, costas, ombros também são, mesmo que minimamente, acionados. Na
visão de Grandjean (1998) o trabalho estático e o dinâmico estão muito próximos, pois
em diversos casos a atividade pode ser classificada de ambas as formas. Há trabalho
estático significativo na condição de trabalhos em que se exige uma movimentação do
tronco para frente ou para os lados. A tarefa prolongada e intensa de trabalho estático
conduz ao surgimento de lesões por desgaste. As consequências dessa prática ficam
proporcionalmente mais severas em relação ao tempo de exposição. No uso das
medidas é considerado o espaço de trabalho, que segundo Iida (2000) é um espaço
imaginário necessário para o organismo realizar os movimentos requeridos por um
trabalho. No dimensionamento de postos de trabalho utilizam-se de medidas
antropométricas mínimas e máximas. Grandjean (1998) considera que para ter as
condições corretas do tronco, braços e pernas, estas estejam em posturas naturais.
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Para ter-se um trabalho eficiente, é necessária a adaptação do local de trabalho às


medidas do corpo humano. Para isso utilizam-se as medidas antropométricas. Um
correto dimensionamento do espaço de trabalho deve englobar: a postura, o tipo de
atividade manual e o vestuário (IIDA, 2000). Ainda segundo Iida (2000), existem dois
enfoques para analisar o posto de trabalho: o tradicional e o ergonômico. No
tradicional estudam-se os movimentos corporais necessários para executar um trabalho
e a medida de tempo gasta em cada movimento, também é chamado de estudo de
tempos e movimentos. É baseado na economia de movimentos e busca o menor tempo
gasto para desempenhar a atividade. Já o enfoque ergonômico busca desenvolver
postos de trabalho que reduzam as exigências biomecânicas, colocando o operador em
uma postura adequada de trabalho, os objetos ao alcance dos movimentos corporais e
facilidade de percepção de informações. Diversos critérios podem ser utilizados para
avaliar a adequação dos postos de trabalho, mas do ponto de vista ergonômico, a
postura e o esforço físico exigido dos trabalhadores, através dos principais pontos de
concentração de tensões, que tendem a provocar dores nos músculos e tendões devem
ser utilizados (IIDA, 2000). Conforme Iida (2000) a postura com o dorso inclinado
para a frente, bastante comum na posição sentada, pode ocasionar dores no pescoço e
ombros devido à fadiga. De acordo com Jung; Hallbeck (2005) a aplicação das
orientações ergonômicas para o projeto de ferramentas poderia aumentar a eficiência
da ferramenta e sua usabilidade. Grandjean (1998) afirma que a cabeça e a nuca não
podem ficar durante muito tempo inclinados a mais de 15º para a frente; do contrário,
espera-se que surjam sinais de fadiga. Quanto ao espaço que as mãos e braços
necessitam para a preensão, espaços muito curtos para alcance ou muito distantes
requerem movimentos secundários do tronco, o que reduz a segurança da operação e
aumenta o risco de problemas nas costas e nos ombros. Grandjean (1998) afirma que
os trabalhos de precisão são atividades que requerem grandes exigências, como:
contração rápida e comedida dos músculos; coordenação de movimentos isolados de
músculos; precisão dos movimentos; concentração; e controle visual. Ainda de acordo
com Grandjean (1998), para trabalhos com carga física ou mental média, deve haver
um descanso de 10 a 15 minutos de manhã e a tarde. Para trabalhos com elevada
exigência mental (com ritmo ou pequenos tempos de espera) além das pausas grandes
pela manhã e a tarde, deve haver uma a duas pausas curtas por turno (de 3 a 5
minutos). Rivilisa; et.al. (2008) asseveram que todas as mudanças exigiram um estudo
para o projeto físico de equipamentos e locais de trabalho. Outros estudos relataram
mudanças como a criação de programas de exercício para melhorar o
condicionamento físico dos trabalhadores. Pehkonen; et.al. (2009) afirmam que o
processo de intervenção ergonômica participativa pode ser avaliado através de
questionários, entrevistas em grupo e foco diário de pesquisa. Este modelo mostrou-se
viável e motivou uma abordagem participativa dos trabalhadores, onde o conhecimento
e a sensibilização da ergonomia aumentaram. No entanto, as expectativas em relação a
estes efeitos antes da intervenção, foram maiores que as suas avaliações após a
intervenção. Além disso, apontaram um apoio maior por parte da gestão, do pessoal
técnico e ergonomistas.

2.2 SISTEMA OWAS


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O sistema OWAS é uma ferramenta ergonômica prática. Seus desenvolvedores foram


três pesquisadores finlandeses que trabalhavam em uma siderúrgica: Karku, Kansi e
Kuorinka, no ano de 1977. O começo se deu através de análise fotográfica das posturas
principais, as quais podiam ser observadas em indústrias pesadas, sendo encontradas
72. Esse número é resultante XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE
PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE,
Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. 4 de diferentes combinações de dorso, braços e
pernas. A consistência deste sistema apresentase razoável: foi realizado um teste do
método diante de inúmeras observações, em tarefas específicas de indústrias, por parte
de diferentes analistas treinados, para um mesmo trabalho; eles registraram, em média,
93% de concordância. Além disso, um mesmo trabalhador, analisado pela manhã e
pela tarde, mantinha 86% das posturas documentadas e diferentes trabalhadores, para
as mesmas tarefas, dotavam de 69% de semelhança nas posturas (IIDA, 2005).

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3 METODOLOGIA

O estudo foi desenvolvido a partir da utilização da Análise Ergonômica do Trabalho. O


posto de trabalho analisado foi da coordenação do curso de engenharia mecânica da
Universidade Federal da Paraíba. A partir de relatórios de problemas de saúde no
trabalho, com dados sobre as doenças e os afastamentos, foi definido o posto de
trabalho. A análise das atividades foi realizada através de observação direta no local
de trabalho escolhido, com o objetivo de identificar divergências entre o trabalho
prescrito e o realizado de fato no posto de trabalho, bem como identificar fatores de
risco ocupacionais. Também foram utilizadas entrevistas com os operadores com o
intuito de coletar informações sobre a situação percebida por estes no seu posto de
trabalho. Observações foram realizadas no sentido de verificar as condições do posto
de trabalho sob a ótica das medidas antropométricas, seguindo o que é indicado por
Guérin; et. al. (2001) e Grandjean (1998). Os resultados obtidos serviram de base para
a formulação do diagnóstico verificado na empresa e a partir deste, foram propostas
ações para melhoria do posto em análise. Para Pegatin; Xavier (2006), não basta
apenas o diagnóstico de uma situação de trabalho, deve haver o projeto de mudança,
que se torna o principal objeto de uma ação preventiva. Este estudo pode ser definido
como um estudo de caso, onde se buscou analisar a condição do posto de trabalho em
uma empresa de confecções. Também pode ser caracterizado como uma pesquisa
descritiva e quanto a abordagem do problema como qualitativa.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS


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4.1 DA EMPRESA
A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) é uma instituição de ensino
superior pública federal brasileira, localizada no estado da Paraíba. Sua sede está
em João Pessoa, no bairro do Castelo Branco, possuindo também três campi no
interior: Areia, Bananeiras e Litoral Norte (Rio Tinto e Mamanguape), além das
unidades do bairro de Mangabeira e de Santa Rita, ambas na Grande João Pessoa.
A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em
pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da
América Latina. Ganhando prêmios como: "Top User Award 2013" e ficando em 3º
lugar no projeto desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e
Molecular do "Santander Universidades". A Universidade Federal da Paraíba, também
possui o 1º lugar nos cursos de Ciências Econômicas, Direito, Jornalismo, Secretariado
Executivo e Turismo, avaliados pelo CPC.

4.2 DO COLABORADOR
O voluntário é funcionário da Universidade Federal da Paraiba, tem 34 anos, 1,68m,
doutor em Engenharia Mecância, e responsável pela coordenação do curso. Dentre
suas funções estão a de : convocar reuniões periódicas com o colegiado para revisão
do projeto pedagógico, incluir docentes, alunos e ex-alunos nesse movimento;. Aprovar
os planos de curso (plano de aula) de cada disciplina; reunir-se com os professores e
alunos do curso para apresentar o curso, bem como informar e orientar os alunos
quanto aos regulamentos do curso; Estabelecer mecanismos adequados de orientação
acadêmica aos alunos do curso; Elaborar, acompanhar e verificar a execução do
calendário escolar, junto à secretaria acadêmica, em cada semestre letivo;Verificar o
cumprimento do plano de curso, conteúdo programático e da carga horária das
disciplinas do curso, através dos diários de classe e entrevistas com professores e
alunos; Enfim, orientar, supervisionar e coordenar o planejamento e a execução dos
trabalhos e atividades relativas ao curso de Engenharia Mecânica. Seu trabalho, na
maior parte do tempo, é executado em escritório, junto a um computador.

4.3 DO POSTO DE TRABALHO


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Figura 2
Fonte: http://cursosgratis.blog.br/curso-de-ergonomia/
A cadeira, de acordo com Paneiro, atende os requisitos ergonômicos de 90% da
população. Mas há ainda uma necessidade não atendida para alcançar a situação
ideal: o apoio para os pés. Já a mesa, além de não ter ajuste de altura, está com 75cm,
acima do tamanho máximo recomendado de 74cm para o maior indivíduo
(Paneiro,2002). Tais características dificultam o conforto de parte da população
tornando o posto de trabalho não recomendável, como ilustra a figura 3:

Figura 3: À esquerda, o maior homem. À direita, a menor mulher. (De acordo com Iida, 2005).

Fonte:Própria

Na figura 4 percebe-se na prática um sinal de preocupação na análise da relação entre


posto de trabalho e colaborador.
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Figura 4

Fonte: Própria

É nesta posição que o coordenador fica a maior parte de sua jornada. Os motivos para
essa má postura são vários, começando pela falta de apoio para os pés, passando pela
altura fixa da mesa, até negligência do próprio voluntário. A postura foi simulada no
software Ergolândia usando a ferramente OWAS e o resultado foi consultado de acordo
com a figura 5:

Figura 5

Fonte: Iida(2005)

Por meio da combinação de variáveis, é possível determinar o nível de risco, que indica
a avaliação da postura e a categoria de ação a ser tomada, utilizando uma escala de
quatro pontos que são os seguintes:
 Categoria 1: postura normal, não é necessária a adoção de medidas corretivas;
 Categoria 2: postura requer a adotadas medidas corretivas em futuro próximo;
 Categoria 3: postura requer a adoção de medidas corretivas assim que possível;
 Categoria 4: postura que deve merecer atenção imediata.
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A simulação foi feita da seguinte forma:

Figura 6

Fonte: Própria

Como é possível observar, o resultado foi: 2. - São necessárias correções em um futuro


próximo. O que significa dizer que é uma postura inadequada, propícia a lesões em
caso de permanência.

4.3.1 DO AMBIENTE
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Luz
A sala tem uma porta e uma janela (2 metros de altura e 1,50 de largura), que
raramente é aberta. Devido ao fumê nos vidros, a luz natural não pode ser aproveitada
e toda iluminação é artificial. A intensidade da luz foi medida de acordo com a NBR
5413, tomando com referências as figuras 7, 8 e 9:

Figura 7

Fonte:NBR 5413

Na figura 6 podemos avaliar que a necessidade de iluminância do posto em estudo é a


da classe B, variando de 500 a 1000 lux. Como o intervalo é muito grande, usa-se a
tabela da figura 7 para reduzir sua amplitude, da seguinte forma:

Figura 8

Fonte: NBR 5413

O procedimento de ultilização da tabela é o seguinte


1) Analisar cada característa para determinar seu peso (-1, 0, 1);
2) Somar os três valores encontrados;
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3) Quando o valor encontrado for de -2 ou -3, utiliza-se a iluminância mais baixa


do grupo;
4) Quando o valor encontrado for de +2 ou +3, utiliza-se a iluminância mais alta
do grupo;
5) Quando o valor encontrado for de -1, 0 ou +1, utiliza-se o valor médio de
luminância.
Como complemento a figura 7, especificamente a coluna referente a refletância do
fundo de tarefa, temos a seguinte referência na figura 8:

Figura 9

Fonte:NBR 5413

Agora calculando de acordo com o exposto, chegamos a:


- Idade (31) = Peso -1
- Velocidade e precisão = Sem importância = -1
- Refletância do fundo de tarefa (branco) = De 30 a 70% = 0
O somatório total foi de -2, ou seja, assume-se o valor ideal como o intervalo de 500 a
750 lux.
Para o aferição dessa grandeza, utilizou-se o app Lux Meter, observando a NBR 5382,
que recomenda calcular a luminância média a partir da medição de pontos específicos
visando minimizar o erro. Porém, a NBR 5382 não engloba a disposição das lâmpadas
encontrada no posto de trabalho, por isso um método próprio foi utilizado. Foram
feitas medições em pontos estratégicos (como mostrado na figura 9) e alcançada a
média de 520 lux. O valor está dentro dos padrões aceitáveis.

Figura 10

Fonte: Propria
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Ainda sobre a análise do conforto luminoso, foi feito o cálculo sobre o ângulo que cada
uma das três lâmpadas, buscando conhecer se há ofuscamento ou não. Para isso, usou-
se tg(y)=D/H, onde y é o ângulo entre a distância D e a altura H. Esse ângulo,
segundo Grandjean, 1998, deve ser maior que 30° para não provocar ofuscamento, de
acordo com a figura 11:

Figura 11.

Fonte:Grandjean, 1998.

No ambiente existe 3 lâmpadas (figura 12), porém, a primeira, sobre o posto de


trabalho em estudo, está bem localizada, imediatamente acima do local da tarefa. As
outras duas estão há uma distância D e altura H de 2 metros e 1,5m, respectivamente.
Assim, o ângulo y será de 53,13°. Diante disso, pode-se afirmar que não há
ofuscamento.

Figura 12.

Fonte:Própria

A primeira lâmpada, logo acima do posto de trabalho, está há uma altura de 2 metros e
distante 1,5m. O ângulo tg( y) de incidência é y=36°. A segunda lâmpada, entre as
duas, conserva a altura de 2 metros, mas está há umas distancia de 2,5m. Assim, o
ângulo será de 56,30°. Por fim, a terceira lâmpada, também há 2 metros de altura do
posto de trabalho, está na mesma distância da anterior, ou seja, y=56,30°. Conclui-se
que não há ofuscamento.
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Conforto térmico
O conforto térmico é fornecido também artificialmente via ar condicionado. Nos dias
em que os dados foram coletados, a sala estava sem ar condicionado há uma semana,
sendo necessário abrir a janela na tentativa de amenizar a alta sensação térmica.
Mesmo assim, os visitantes e o próprio coordenador reclamaram da temperatura de
29°C (medido via GPS). Não se teve acesso aos dados térmicos com o ar condicionado
está ligado, mas o entrevistado garante que se sente bem, numa temperatura média de
26°C.

Ruído
Como a sala da coordenação fica próxima a uma via de trânsito intenso, houve
reclamação de ruído, que foi medido com o app Sound Meter no valor de 70 a 84 dB.
Essa intensidade está fora dos limites sustentados pela NBR10152, que estipula uma
variação de 30 a 60 dB. Segundo a OMS, sons de 55 dB já podem estressar e prejudicar
a saúde, conforme a figura 13:

Figura 13

Fonte:OMS

4 PROPOSTA DE MELHORIA
Diante do quadro exposto, existem alterações que poderiam melhorar
significativamente o bem-estar e consequentemente a produção do colaborador. Entre
elas, está o apoio para os pés, que visa firmar a superfícies dos mesmos, fornecendo
maior estabilidade para toda a coluna. É também importante que a mesa seja
substituída por outra que permita ajuste de altura, figurando entre 54cm, para o menor
indivíduo, e 74cm, para o maior (Paneiro, 2002). Em busca de uma iluminação natural,
a retirada do fumê das janelas é uma proposta válida. Segundo Iida, 2005, podemos
estimar a profundidade da luz em um ambiente através da formula P=1,5D. Onde P é a
profundidade e D é altura da janela. A altura da janela exposta na figura 11 é de 3
metros. Sendo assim, a profundidade alcançada é de 4,5 metros. Como o comprimento
da sala é de 6 metros, não seria suficiente para iluminar todo o ambiente, mas o posto
de trabalho do coordenador seria suficientemente bem servido. Devido ao ruído
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constante da rodovia, uma vedação acústica nas janelas e porta devem ser
incorporadas para que os operadores da coordenação não sejam incomodados.

5 CONCLUSÃO
O posto de trabalho do coordenador do curso de engenharia mecânica da Universidade
Federal da Paraíba carece de um melhor conforto para seu usuário. Porém, a situação
é boa quando comparada a outras situações ao redor do Brasil e dentro da própria
universidade, devido a cadeira (apesar da falta de apoio para os pés) com os
diferenciais de: descanso para os braços com regulagem de altura, encosto com
regulagem de altura e a cadeira em si, também com regulagem de altura. Do ponto de
vista da iluminação, não há a necessidade de mudanças, porém há a possibilidade de
diminuição da luz artificial pela complementação do natural. Recomenda-se também
uma vedação acústica nas janelas e porta a fim de reduzir o desconforto sonoro.
6 REFERÊNCIAS
GUÉRIN, F. et al. Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da
ergonomia. São Paulo: Edgar Blucher, 2001.
GRANDJEAN, Etienne. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 4. ed.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1998
MACLEOD, Iain S. Real-world effectiveness of Ergonomic methods. Applied
Ergonomics 34 (2003) 465–477.
IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blucher, 2000.
PANERO, J.; ZELNIK, M. Dimensionamento humano para espaços interiores.
Barcelona: Gustavo Gili, 2002. 320p.

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