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1 INTRODUÇÃO
A busca pelo conforto aliado a produtividade tem guiado estudos diversos sobre a
questão ergonômica no posto de trabalho. Nesse sentido, as empresas estão buscando
alternativas para adequar o funcionário de tal forma que consiga melhorar sua
produtividade e reduzir o número de lesões nos trabalhadores. Assim sendo, esses
estudos vêm ganhando espaço dentro das organizações, pois um trabalho preventivo é
menos oneroso financeiramente para as empresas do que um corretivo. A análise
ergonômica busca soluções identificando os problemas através de um detalhado exame.
Esse exame possibilita compreender a natureza e a dimensão dos problemas
identificados, bem como elaborar um plano de intervenção para corrigi-los. Assim, o
objetivo deste estudo é realizar uma Análise Ergonômica do Trabalho (AET) em um
posto de trabalho da Universidade Federal da Paraíba, localizada em João Pessoa,
Paraíba, utilizando o método Ovako Working Posture Analaysing System - OWAS.
__________________________
1
Graduanda em Engenharia Mecânica – UFPB – annebaraoemo@hotmail.com
2
Graduando em Engenharia Mecânica – UFPB – arthurandradert@gmail.com
3
Graduando em Engenharia Mecânica – UFPB – jeffersoncaminha@gmail.com
4
Graduando em Engenharia Mecânica – UFPB – joalissoncp@gmail.com
5
Graduando em Engenharia Mecânica – UFPB – renato.fonseca0.0@gmail.com
2
2 REVISÃO DA LITERATURA
O caminho a seguir com o desenvolvimento prático e aplicação de métodos
ergonômicos é através de uma melhor antecipação e apreciação de alterações ao
trabalho humano que serão efetuadas através da introdução de novas tecnologias para
o trabalho (Macleod ,2003). O desenvolvimento de métodos adequados de ergonomia e
suas aplicações, devem utilizar análises quantitativas e qualitativas, além de
orientações.
Para Iida (2000) o ergonomista na busca de realizar seus objetivos, deve estudar
diversos aspectos do comportamento humano no trabalho e outros fatores importantes,
que são: o homem, a máquina, o ambiente, a informação, a organização e as
consequências do trabalho. Como objetivos busca a segurança, satisfação e o bem-
estar dos trabalhadores no seu relacionamento com as empresas. St-Vincent; et.al.
(1998) afirmam que é possível uma abordagem colaborativa, onde grupos treinados
podem auxiliar na identificação e no combate de situações inadequadas. Estes grupos
com o acompanhamento especializado podem ser bastante úteis para a construção de
um ambiente ergonômico.
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3 METODOLOGIA
4.1 DA EMPRESA
A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) é uma instituição de ensino
superior pública federal brasileira, localizada no estado da Paraíba. Sua sede está
em João Pessoa, no bairro do Castelo Branco, possuindo também três campi no
interior: Areia, Bananeiras e Litoral Norte (Rio Tinto e Mamanguape), além das
unidades do bairro de Mangabeira e de Santa Rita, ambas na Grande João Pessoa.
A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em
pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da
América Latina. Ganhando prêmios como: "Top User Award 2013" e ficando em 3º
lugar no projeto desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e
Molecular do "Santander Universidades". A Universidade Federal da Paraíba, também
possui o 1º lugar nos cursos de Ciências Econômicas, Direito, Jornalismo, Secretariado
Executivo e Turismo, avaliados pelo CPC.
4.2 DO COLABORADOR
O voluntário é funcionário da Universidade Federal da Paraiba, tem 34 anos, 1,68m,
doutor em Engenharia Mecância, e responsável pela coordenação do curso. Dentre
suas funções estão a de : convocar reuniões periódicas com o colegiado para revisão
do projeto pedagógico, incluir docentes, alunos e ex-alunos nesse movimento;. Aprovar
os planos de curso (plano de aula) de cada disciplina; reunir-se com os professores e
alunos do curso para apresentar o curso, bem como informar e orientar os alunos
quanto aos regulamentos do curso; Estabelecer mecanismos adequados de orientação
acadêmica aos alunos do curso; Elaborar, acompanhar e verificar a execução do
calendário escolar, junto à secretaria acadêmica, em cada semestre letivo;Verificar o
cumprimento do plano de curso, conteúdo programático e da carga horária das
disciplinas do curso, através dos diários de classe e entrevistas com professores e
alunos; Enfim, orientar, supervisionar e coordenar o planejamento e a execução dos
trabalhos e atividades relativas ao curso de Engenharia Mecânica. Seu trabalho, na
maior parte do tempo, é executado em escritório, junto a um computador.
Figura 2
Fonte: http://cursosgratis.blog.br/curso-de-ergonomia/
A cadeira, de acordo com Paneiro, atende os requisitos ergonômicos de 90% da
população. Mas há ainda uma necessidade não atendida para alcançar a situação
ideal: o apoio para os pés. Já a mesa, além de não ter ajuste de altura, está com 75cm,
acima do tamanho máximo recomendado de 74cm para o maior indivíduo
(Paneiro,2002). Tais características dificultam o conforto de parte da população
tornando o posto de trabalho não recomendável, como ilustra a figura 3:
Figura 3: À esquerda, o maior homem. À direita, a menor mulher. (De acordo com Iida, 2005).
Fonte:Própria
Figura 4
Fonte: Própria
É nesta posição que o coordenador fica a maior parte de sua jornada. Os motivos para
essa má postura são vários, começando pela falta de apoio para os pés, passando pela
altura fixa da mesa, até negligência do próprio voluntário. A postura foi simulada no
software Ergolândia usando a ferramente OWAS e o resultado foi consultado de acordo
com a figura 5:
Figura 5
Fonte: Iida(2005)
Por meio da combinação de variáveis, é possível determinar o nível de risco, que indica
a avaliação da postura e a categoria de ação a ser tomada, utilizando uma escala de
quatro pontos que são os seguintes:
Categoria 1: postura normal, não é necessária a adoção de medidas corretivas;
Categoria 2: postura requer a adotadas medidas corretivas em futuro próximo;
Categoria 3: postura requer a adoção de medidas corretivas assim que possível;
Categoria 4: postura que deve merecer atenção imediata.
9
Figura 6
Fonte: Própria
4.3.1 DO AMBIENTE
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Luz
A sala tem uma porta e uma janela (2 metros de altura e 1,50 de largura), que
raramente é aberta. Devido ao fumê nos vidros, a luz natural não pode ser aproveitada
e toda iluminação é artificial. A intensidade da luz foi medida de acordo com a NBR
5413, tomando com referências as figuras 7, 8 e 9:
Figura 7
Fonte:NBR 5413
Figura 8
Figura 9
Fonte:NBR 5413
Figura 10
Fonte: Propria
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Ainda sobre a análise do conforto luminoso, foi feito o cálculo sobre o ângulo que cada
uma das três lâmpadas, buscando conhecer se há ofuscamento ou não. Para isso, usou-
se tg(y)=D/H, onde y é o ângulo entre a distância D e a altura H. Esse ângulo,
segundo Grandjean, 1998, deve ser maior que 30° para não provocar ofuscamento, de
acordo com a figura 11:
Figura 11.
Fonte:Grandjean, 1998.
Figura 12.
Fonte:Própria
A primeira lâmpada, logo acima do posto de trabalho, está há uma altura de 2 metros e
distante 1,5m. O ângulo tg( y) de incidência é y=36°. A segunda lâmpada, entre as
duas, conserva a altura de 2 metros, mas está há umas distancia de 2,5m. Assim, o
ângulo será de 56,30°. Por fim, a terceira lâmpada, também há 2 metros de altura do
posto de trabalho, está na mesma distância da anterior, ou seja, y=56,30°. Conclui-se
que não há ofuscamento.
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Conforto térmico
O conforto térmico é fornecido também artificialmente via ar condicionado. Nos dias
em que os dados foram coletados, a sala estava sem ar condicionado há uma semana,
sendo necessário abrir a janela na tentativa de amenizar a alta sensação térmica.
Mesmo assim, os visitantes e o próprio coordenador reclamaram da temperatura de
29°C (medido via GPS). Não se teve acesso aos dados térmicos com o ar condicionado
está ligado, mas o entrevistado garante que se sente bem, numa temperatura média de
26°C.
Ruído
Como a sala da coordenação fica próxima a uma via de trânsito intenso, houve
reclamação de ruído, que foi medido com o app Sound Meter no valor de 70 a 84 dB.
Essa intensidade está fora dos limites sustentados pela NBR10152, que estipula uma
variação de 30 a 60 dB. Segundo a OMS, sons de 55 dB já podem estressar e prejudicar
a saúde, conforme a figura 13:
Figura 13
Fonte:OMS
4 PROPOSTA DE MELHORIA
Diante do quadro exposto, existem alterações que poderiam melhorar
significativamente o bem-estar e consequentemente a produção do colaborador. Entre
elas, está o apoio para os pés, que visa firmar a superfícies dos mesmos, fornecendo
maior estabilidade para toda a coluna. É também importante que a mesa seja
substituída por outra que permita ajuste de altura, figurando entre 54cm, para o menor
indivíduo, e 74cm, para o maior (Paneiro, 2002). Em busca de uma iluminação natural,
a retirada do fumê das janelas é uma proposta válida. Segundo Iida, 2005, podemos
estimar a profundidade da luz em um ambiente através da formula P=1,5D. Onde P é a
profundidade e D é altura da janela. A altura da janela exposta na figura 11 é de 3
metros. Sendo assim, a profundidade alcançada é de 4,5 metros. Como o comprimento
da sala é de 6 metros, não seria suficiente para iluminar todo o ambiente, mas o posto
de trabalho do coordenador seria suficientemente bem servido. Devido ao ruído
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constante da rodovia, uma vedação acústica nas janelas e porta devem ser
incorporadas para que os operadores da coordenação não sejam incomodados.
5 CONCLUSÃO
O posto de trabalho do coordenador do curso de engenharia mecânica da Universidade
Federal da Paraíba carece de um melhor conforto para seu usuário. Porém, a situação
é boa quando comparada a outras situações ao redor do Brasil e dentro da própria
universidade, devido a cadeira (apesar da falta de apoio para os pés) com os
diferenciais de: descanso para os braços com regulagem de altura, encosto com
regulagem de altura e a cadeira em si, também com regulagem de altura. Do ponto de
vista da iluminação, não há a necessidade de mudanças, porém há a possibilidade de
diminuição da luz artificial pela complementação do natural. Recomenda-se também
uma vedação acústica nas janelas e porta a fim de reduzir o desconforto sonoro.
6 REFERÊNCIAS
GUÉRIN, F. et al. Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da
ergonomia. São Paulo: Edgar Blucher, 2001.
GRANDJEAN, Etienne. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 4. ed.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1998
MACLEOD, Iain S. Real-world effectiveness of Ergonomic methods. Applied
Ergonomics 34 (2003) 465–477.
IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blucher, 2000.
PANERO, J.; ZELNIK, M. Dimensionamento humano para espaços interiores.
Barcelona: Gustavo Gili, 2002. 320p.