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Praticas Clinicas No Território Palombini
Praticas Clinicas No Território Palombini
É próprio à clínica, portanto, que sua prática se dê no território, que ela busque
multiplicar possibilidades de vida, provocando o alargamento dos modos de habitar o
território para que a diferença possa nele ter lugar.
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Uma tal concepção de clínica – a que se chamou de “clínica ampliada” –, se, por um
lado, pode encontrar sustentação teórica em um autor seminal como Freud, que propõe
o psíquico como esse ponto de articulação entre o singular e o coletivo, por outro é
resultado do processo social e político implicado na consolidação do Sistema Único de
Saúde em nosso país, determinante de transformações no modo de exercício da clínica.
Ana Cristina Figueiredo (2009) aponta-nos três tempos dessa transformação:
- nos anos setenta, a passagem da clínica dos consultórios privados para os ambulatórios
públicos, desprivatizando a clínica;
A composição dessa rede é móbil, mutante. Ela acompanha os percursos próprios a cada
usuário e as amarras singulares que vão se produzindo entre ele e as pessoas, gestos,
objetos, lugares, serviços, organizações, que compõem o território onde vive. As
práticas clínicas no território adquirem, assim, a característica da itinerância, indo ao
encontro do usuário onde este estiver, acompanhando-o em seus percursos, buscando
formas e espaços de expressão e conexão com o mundo.
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encarnadas por cada um desses atores – ATs. RDs, ACS – não são sua prerrogativa
exclusiva. Acompanhamento Terapêutico, Redução de Danos e Atenção Comunitária
expressam, antes que especialismos, cargos ou profissões, um modo do cuidado, modo
de conceber a clínica que atravessa, ou pode atravessar, as práticas de qualquer um dos
trabalhadores envolvidos com o cuidado no território.
Aberta aos acontecimentos que advêm no espaço cotidiano das trocas sociais, a clínica
se apresenta como “senhora da passagem”, como a nomeia Eduardo Passos, clínica no
limiar entre “o público e o privado, entre a interioridade e a exterioridade do setting
terapêutico, entre nós e a cidade, entre a clínica e as redes sociais”. Isso, porém, exige o
diálogo permanente com outros setores, como educação, cultura, habitação... colocando
em causa a política como indissociavelmente ligada à clínica. A clínica feita no
território encontra, assim, na política, a sua zona fronteiriça, implicando a passagem das
práticas clínicas a um exercício inventivo de cidadania.
Referências bibliográficas
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CARVALHO, E.N. A reforma, as formas e outras formas: as construções sociais da
pessoa e perturbação em um serviço de saúde mental. Dissertação (Mestrado em
Psicologia) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001.
Disponível em <http://www.ims.uerj.br/psicorio/index.php?pag=101>.