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REVISTA~
1982- N9 132
AERONÃUTICA ------------------------
Redação e Administração: Rua Santa Luzia, 651 - 4° andar
ÓRGÃO OFICIAL DO CLUBE DE AERONÁUTICA Tels.: 220-3691-240-1222- Ramal185 - Rio,deJaneiro

EDITORIAL
REDAÇÃO BONDADE E JUSTIÇA - ALICERCES DA LIBERDADE

Diretor e Editor " O mal dos homens bons é que eles, muitas vez2s, não se aperce-
Gilberto Pacheco Filho bem de que a bonda de e a justiça prec;sam cam!l7har juntas Parece que
Redator-Chefe o fundo desse mal está em se perder de vista c princípio da verdade, em
Wilson Jorge de Pau la se passar por cima do senso crítico, e, afinal, em se proclamar o regime
da condescendência e da wleráncia para com todos os vícios e enganos
Diretor-Comercial
numa situacão cômoda de amigo de tudo e de todos, mas sem a afirma-
Hermano Paes Vianna
Célo de uma personalidade consciente do valor real das coisas.
Redatores : Graves seriam as co nseqüên cias se essa bondade vencesse . Todos
José dos Telles- Francisco de Paula Filho - os empreendimentos que exigiram coragem, oposição, tenacidade, não
Bengo Kazavubu - Hermano Júnior - Everal- poderiam ter sido levados a efeito, para não desagradar e para não criar
do Breves - Antonio Linhares - Durval de aborrecimenws.
Abrahão - Esperidião Benevides - Antonio Outro, porém, é o conceito da verdadeira bondade. Há limites
Celente Videira - Carlos Sérgio S. Cesar e impostos pela dignidade humana, pela honra dos mdivíduos e das na-
lale Renan. ções, pelos irnpera tivos da p rópria consciência, em que não é possível
conservar-se a cria tura impassível diante do erro, a pretexto de uma
Arte e Diagramação
falsa bondade que tudo encobre e tudo justifica
Joaquim Dias Corrêa, Eddie Moyna, Evilazio Muitas vezes a repreensão, D crítica since.-a, a oposição honesta e
P. Filho e Gilberto Pacheco Filho leal, o combate declarado e intrans;gente, a reprovação pública ou par-
Revisão licula r é que revelam a verdadeira nobreza e a verdadeira bondade.
Glassy Mattos de Carvalho Companheiros
Em 8 de maio de 1945 o mundo conquistou, pelas armas, a paz que
Colaboradores as palavras não souberam construir.
Sérgio Burguer - Anaclino Valéria Alves - Mas como a memória dos homens é fraca, esta paz foi-se diluindo,
Maria Lúcia Gonçalves Cruz Ribeiro e Noé da ao longo do tempo, nas mesas de conferên cias, nos discursos dos
Motta Liz es /adistas, na complacência dos ven cedores, na ;mprevidência dos
Circulação /;berais
Alfredo Rodrigues Braga Malmestrom e Anto-
O que hoje ass/s[lmos, em termos de insegurança mundial, nada
nio Celente Videira mais é que o reflexo inevitável de uma paz que não soubemos sustentar,
de uma ;(responsável e imatura benevolência nas negociações do após
Secret aria guerra.
Maria Auxiliadora dos Santos A ansiedade de nos senrirmos bons diante da história foi mais
Distribuição importame que a necessidade de sermos justos
Rogério Cordeiro Silva O anseio apressado em devolver ao mundo a liberdade é, hoje,
responsável pela dúvida, ainda maior, que nutnmos em relação aos des-
tinos da humanidade .
Que a bondade e a jusriça coexistam em todos os nossos atos,
• porque de nada vale consentir, agora, para lamentar depois, de nada
AS SINATURA ANUAL vale oferecer, hoje, o que não se é capaz de garantir amanhã".
No País- Cr$ 2.500,00 Ten Brig do Ar Délio Jardim de Mauos
No Exterior - US$ 30,00
Número avulso: Tomam os, mais uma vez, a liberdade de juntar, publicamente, as
Na Redação- Cr$ 350,00 nossas vozes à de Sua Excelência, o Minis tro da Aeronáutica, em face
da atualidade de sua m ensagem, embora proferida há um ano atrás. E
Via Postal -Cr$ 430,00
nesse sen[ldo cabe a jusriça, da qual procuramos ser portadores, ao
dedicar espaço, na presente edição, para a 7a ELO, uma desconhecida
Co mposto que lutou bravamente nos campos e céus da Itália, e que, só agora, a
bondade, o espírito de justiça e o amor à verdade de não tão poucos
permitiram divulgar para todos. Abrimos também nossas páginas a
alguns aspectos não explorados da A viação de Caça, bem como a
outras matérias que, julgamos, será do agrado do leitor.

A Redação.
É mais fácil viver com um banco assim:

- . - - ---- ---- ·
Que faci lita o financiamento da casa Que paga as contas, os impostos e
própria. tributos .

Que faz todos os tipos de seguros e os Que tem a melhor caderneta de poupança,
investimentos mais rentáveis. o cheque mais especial.

Experiência e confiança

que I tecnologia e incentivos ao Um banco assim se chama Comind.


homem do campo através de sua Carteira
Agrícola.

I
É mais fácil viver com ele.
REV1STA

SUMÁRIO
Editorial
- A Redação

Entrevista
- Revista Aeronáutica en t revista Joel Clapp . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

l Colunas
Cinema- J . Dos Telles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Pesquisa- United Technologies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Teatro - lale Renan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Transporte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Ecolog ia- Anton io Celente Vide ira- Cap Aer ............
5
5
7
8
1O
Plastimodelismo- Antonio Linhares . .... ... .. ... .. .. . .. . 11
Comportamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Av iação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Livros- Bengo Kazavubu ... . .. . ... . . ... ... . .. . ........ 14
RA ent revista Joe l Clapp . Pág. 17

Seções
Contando Estrelas - De Paula WJ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Fatos e Gente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Arquivo .. . . . . . . .. . . .. . .... ... . .... . . . ... . ... . .. ... . . . 64

Reportagens Especiai s
Afinal , a 1 ~ ELO- Redação ... .. . . .. . ........... . ... .. .. 36
- 1? GAE -15 Anos de CATRAPO .. . . . .. ... . .. . ... . .. . . . . . 42

Especial
NORTHROP- F5G Tigershark- Roy Braybroo k .. ..... ... 25 Afinal a, 1.• ELO . Pág . 36
Lição e Escola- Luiz Pedro Miranda da Costa . . . . . . . . . . . . . 27
Hartmann - Recordista da Caça- Hans Wing (Trad . e adap.
de João Vieira de Sousa- Cel Av RR) . ... . . . . .. . . . . . .. . .. 29
Resumo Histórico do Papel Moeda- Violo ldolo Lissa ... . . . 32
A Cidade de Natal , RN- Encruzilhada Estratégica da 11 Gran-
de Guerra- Brig RR Everaldo Breves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Pensando Alto- Carlos Cesar de Santana Cesar . . . . . . . . . . . 47
- r 6 de maio de 1982: 41 o Aniversário do 1? vôo do P-47 (Trad .e
adap . JUG LETTER) . . .. . ... . . . . .. . . . ... . . .... ... .. . . . . . 50
As Peripéc ias de Raimundo - Alberto Martins Torres - Ten
Av RR ...... .... .. . . ..... ... ........ .. . .... . . .. . .... .. 54
Desde o início , os Afonsos- A. Quadros . .. . . . . .. . . . . . . .. 57

Capa A s p eripécias de Raimundo . Pág . 54


- Aviões F-5 da FAB

DIRETORI A DO CLUBE DE AERONAUTlCA

Presidente Tenente-Brigadei ro-do-Ar Waldir de Vasconcelos - 1~ Vice-Presidente Tenente- Brigadeiro-do-Ar Al fredo Hen rique de Berenguer Cesar - 2? Vice-Presidente -
MaJor:Bngadeiro-do-A r Ismael Abati - Diretor da CHICAER Cel Av RR Francisco Gabriel Xavier de A lcân tara - Departamento Administrativo Bng RR Helio R.;ngel M endes
Car~elfo - Depart amento de Facilidades Brig RR Helio Rangei Mendes Ci!rneiro - Departamento de Relações Públicas Maj lnt Jai ro José Souza da Silva - Depart amento
Social Ten Cel lnt RR ~osé Pinto Cabra l - Departamento Técnico-Cult urai ·Cel Av Gi lberto Pachec o Filho - Departamento de Finanças Brigadeiro Tvd1o Ramos F!gu elfedo
- Departamento de Secretari a Cap Adm Guttem berg Rod rigues Pereira - Departamento Cooperativo Mai lnt Ferna ndo José Chagas Pena - Departamento Jund iCO Ten
Cel ln t Antonio Carlos Rod rigues Serra de Castro - Departamento Beneficente M ai lnt João Eva ngelista Fontes - Depart amento Patrimoni al Cel Av Advr da Silva -
Departamen to Desportivo Ten Cel Hygino Rol im Rosa Netto .
I

CRUZEIRO TÁXI-AÉREO
Sua frota atual de 22 helicópteros, sendo
2 Puma SA-330 J 4 Esquilo HB-350, 4 Bel! 206B Jet Ranger I//
e 12 Alouette I( trabalha exclusivamente na pesquisa de petróleo,
portanto, para o objetivo de maior prioridade do Brasil
PIONEIRISMO - SEGURANÇA - DESEMPENHO
caracterizam nosso apoio às empresas de sísmica
CATEGORIA A - SEGURANÇA - EFICIÊNCIA
distinguem nossas operações OFF-SHORE
AV. ALMIRANTE FRONTIN, 381
RIO DE JANEIRO-RJ
~--- CINEMA
MARÍLIA E O OSCAR
ÔMEGA, UM FAROL
A estatueta é de gosto discutível Marília já mostrou que é bem maior.
e.. ser lá. esteticamente, não É tão grande que chega a ser chata, ELETRÔNICO PARA
representa coisa alguma. Mas pos- na sua humildade. E é Marília quem
sui aquela coisa que os negros nor-
AVIÕES
confessa um episódio engraçado e
te-americanos fizeram que a gente murto característico dessa maravi-
descobrrsse: Soul. Isso mesmo, o lhosa diva: Estava ela nos Estados
Oscar tem alma, tem carisma, tem Unidos para receber o prêmio de
um não sei o quê dentro dele. Não é melhor atrrz pela Associacão de Crí-
aperlas o Status que confere, em - ticos de Cinema, da q'ual fazem
bora não se possa negar a impor- parte quarenta jornalistas de revis-
tàrlCia desse aspecto É que, no tas e jornais das maiores cidades
fur1do, no fundo, aquela estatueta norte-americanas. No dia aprazado,
guarda "sou I". As pretas velhas de Marília resolveu alugar uma limousi-
Salvador, baianas cansadas de ne e transar aquele traJe. Estava
guerras, que o drgam, na sua mais toda divina. Quando chegou ao
-·, que santa sabedoria. local da entrega, mil fotógrafos se
Em linhas ger·ars, os que concor- aglomeraram, aquela confusão
r-eram ao prêm ro máximo da Acade- total Marília sai da limousine; os
mra e, principalmente, aqueles que fotógrafos ficaram decepcionados
o levam para casa são, como o tro - porque não se tratava de uma cele-
féu, portadores de "soul" Por isso bridade hollywoodiana, uma Greta
mesmo é que a Marília Pêra merecia Garbo ou uma Jane Fonda da vida.
ganhar. Mas nem for cogitada por Um deles deixou escapar uma ex-
causa do período a que se refere o pressão algo parecida como" ... É,
título do filme. Vamos tentar expli- não é ninguém, não." E Marília
car! O frlme "Pixote, a Ler do Mais passou, como se nada tivesse acon- Nos primórdios da aviação, os
Fraco", de Hector Babenco (basea- tecido. Pior, Marília ainda teve co- pilotos voavam com boa dose de
do no livro de José Louzeiro "A ragem de contar para o Paulo Fran- confiança na própria intuição. Hoje,
I nfància dos Mortos" I, tem seu cis e para os cento e montões m i- sofisticados sistemas de navegação
regrstro por volta do finz inho do lhões de brasileiros. Essa humildade são usados para informar aos pilo-
mês de outubro de 1980, se não me da estrela, logo numa Super- Star, é tos onde estão, noite ou dia, sob
engano, e o Oscar 82 reporta -se aos que desanca a gente. tempo bom ou ruim.
lancamentos a partir de 01 Nov 80. Observem os lertores que ela Um desses referenciais é a rede
O que demorou foi sua distribuição desbancou atrizes do porte de uma mundia l Ômega - um cOnJunto de
para os Estados Unidos; de forma Faye Ounaway e de uma Oiane oito potentes transmissores espa-
que, quando Marílra estourou lá Keaton, cujo filme "Reds" partiu lhados pelo globo que emitem on-
pelas bandas do norte do Rio Gran - "pras cabeças", mais tarde, em das de rádio para o mais preciso
de, a coisa Já era. Mas, não faz mal; termos de Oscar. sistema de navegação de lonqo
eles não perdem por esperar. Uma É isso aí, Marílial Só você mes- alcance em operação atualmente
atriz do tamanho da Marília, na mol O receptor Ômega apresenta,
verdade, não precisa da estatueta: J. DosTe lles continuamente, a latitude e a longi-
tude de uma aeronave, com preci-
são de duas a quatro milhas náu-
ticas.
Um minicomputador do recep-
tor-padrão mf')de a distância em
relação a três dos transmissores e
automaticamente mostra a posição
do avião, segundo princípios ele-
mentares de geometria. Um "dis-
play'' digital indica a posição em
décimos de minuto.
A rede Ômega foi colocada em
operação plena pela Marinha Norte-
americana em 1976 e entregue à
responsabilidade da Guarda Costei -
ra. Os transmissores estão situados
nos Estados Unidos (dois), Argenti-
na, Libéria, Japão, La Reunion (ilha
do oceano Írldicol, Noruega e Aus -
trália.

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REVENDEDOR - ( EMBRAER

·Negócios e
oportunidades.
Com apenas 11 anos de existência a Embraer é, encontrar o mesmo cuidado ao indicar o avião mais
hoje, a sexta maior indústria aeronáutica do mundo adequado às suas necessidades, a mesma aeropeça
em aviões em produção. Isto foi conseguido com de qualidade internacional, a mesma precisão na
muita cabeça - o rigor tecnológico da Embraer - assistência técnica, a mesma atenção para com você.
e com o coração também. Quando chegar a hora de você pôr as asas de fora,
Esse rigor e esse carinho não terminam na procure aquele hangar com a marca "Revendedor
Embraer: continuam nos seus revendedores. Em Embraer". E você vai decolar para ótimos negócios
cada um deles, em cada ponto do Brasil, você vai e oportunidades.
Revendedores Embraer no Brasil: AEROMOT (RSI- Porto Alegre- tel. 41 -2867/A.SA (PR-SC) - Curitiba - tel. 252-1533 /~
J P. MARTINS (SP) - São Paulo - tel. 299-8555 /EMBRASA (SP) - São Paulo - tel. 298 -5279/MARTE (SPl - São Paulo -
tel. 299-2666/MOTORTEC (RJ-CE -ES-BA-SE-Al-PE-PB-RN-Pl-MA-FN) - Rio de Janeiro - tel. 262-7322/LIDER (MG -
GO-AM -RR -PA-AP-DF) Belo Horizonte- tel. 441-9088/TABC (MT -MG) - Uberlãndta- tel. 232 -4400 /TACAPE (MS-RO -
AC) - Campo Grande- tel. 382-1805/UTA (GO -DF)- Goiânia -.tel. 261 -2333.
EMBRAER
PESQUISA
Cada transm issor Ômega emite
sinais de freqüência bastante baixa, AMADEUS - SUCESSO EM LONDRES E
que podem ser captados por recep-
tores distantes - às vezes, do ou- N. IORQUE CHEGA AO RIO DE JANEIRO
tro lado do globo terrestre. A partir
dos sina is recebidos, os receptores
calculam sua distância a eles com
base em alguns tipos de informa -
ção
• A loca lização de cada transmis-
sor, que é previamente ajustada
no receptor.
• A posição exata da aeronave
antes da decolagem , coordena-
das que o na vegador alimenta no
computador através de um tecla -
do.
• A fase de cada sinal de rádio
mon itorado pelo receptor. A fase
indica um ponto na onda de rádio ·
Um dos espetácu los de maior
a cada instante e posição.
sucesso do teatro britânico e cartaz
• A freqüência e duracão de cada
também em Nova Iorque, onde
pulso de sinal, além do tempo
ganhou nada menos do que cinco
en tre os pulsos. Uma análise des-
ta informação permite identificar Ton ys, o oscardo teatro, Amadeus
está com estréia prevista para mea -
de qua l transmissor provém o
dos de abr il , no Ri o de Janeiro.
sina l.
Apesar de ser uma história sobre
O receptor ca lcula a distância a
músicos, Amadeus não é um musi -
um transmissor ajustando as mu -
cal. Conta -nos a história de Moza rt os papéis principais e não hesitei
danças de fase na onda de rádio em
segundo Peter Schaffer. em convidá-los
relação a uma onda de comprimen-
Em fase final de produção, a Para a maioria dos crít icos qu e
to e freqüência conhecidos. Para
peça foi traduzida e está sendo diri - viram a peça em Londres e Nova
ilustrar: imagine uma pessoa no
gida por Flávio Rangel. Edwin Luisi Iorque, dizem que o que mais cha -
mar onde uma onda de 10 m se
fará o pap el de Moza rt e Raul Cor- ma a atenção nesta fasci na nte peça
·aprox ima a cada dez segundos
(veloc idade: 1 m por segundo). Se tez será Sa lieri. Também no elenco so bre a vida do composi to r Mozart
a pessoa comeca a caminhar em estão nomes co mo Ma rieta Seve- é a intelig ênc ia do autor, o ing lês
ro, Jorge Cha ia, Labanca e Jorge
direção às ond~s e percebe que Peter Schaffe r El e usa todo s os
Cherques. rec ursos do teatro, desde os artifí-
passa a encontrar as ondas a cada
oito segundos, isto sign ifica que ela A equipe de produção do Ama - cios mais antigos, até os mai s avan -
deus brasileiro já se está reu nindo çados, para contar uma história qu e
cam inhou 2 m até encontrar a se-
gunda onda. há algum tempo e ficou definido as pessoas apenas supõem saber, já
que, assim como em Londres e em que existe muita lenda em torno da
De modo similar, o recepto r de
bordo pode determin ar a distância Nova Iorque, a reconst ituicã o de morte do compos itor.
que o av ião percorreu de encontro época será um dos pontos ~m que
às ondas de rádio rece bidas. Sa - se ba seará a montagem. Perucas, lale Renan
vestidos amplos e mais doze cená -
bendo de onde partiu e a loca li za-
, ção dos transm issores, o cá lcu lo da rios. Por isso, a produção resolveu
nova pos ição é relati vamente sim - chama r Ka lma Murtinho (Leia-se
ples. Bluê Jeans, Vi ll age, Pó de Guaraná,
Os Cigarras e Os Formigas, onde
. O receptor pode operar com
sma rs de apenas dois transmi ssores
para manter um regis tro preciso do
ganhou o Prêm io Mambembe de
melhor figurini sta em trabalho in -
fábrica
tempo. Cono opção, os receptores
da Norden podem ter relógios inter-
nos estáveis. Finalmente, conhe-
fantil) para desenhar os figurinos.
Foi Flávio Rang el quem, depois
de assistir à peça em Londres, teve
de móveis
cendo o tempo despendid o nas
I'!'Udanças de posição, o sistema
Omega permite a leitura da veloc i-
dade em relação à Terra através
dos painéis digitais '
a idéi a de montá -la aqui
- Antes de mim, John Herbert
já se havia interessado. Conversei
com ele e acabei co mprando os
direitos da peça . Tenho ce rteza de
SOBRADÃO COMPRE POR MENOS
MÓVEIS DE TODOS OS ESTILOS
que será um sucesso também no
RUA HONORIO, 868- Tel.: :zn-3094
Brasil. Soube da vo ntade de Raul
U nited Techno log ies Cortez e de Edwin Luisi de fazerem

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~--------- TRANSPORTE----------~
BOMBEIROS DO RIO NO SALVAMENTO MARÍTIMO NO AIRJ
Duas lanchas de ação rápida, Em seguida, os convidados TREINAMENTO
novas, e 18 bombeiros co m cartas embarcaram nas duas lanchas, que Os operadores do SAR- 27, além
de arrai s ini ciaram a operação do foram operadas pe la primeira vez do curso de arrais, receb eram trei-
SAR -27, posto de sa lvamento marí- pelos bombe iros, e nelas percorre- namento específico para ação em
timo localizado nas proximidades ram as águas de alguns trechos sob emerg ência s aeronáuticas, inclu si-
da cabecei ra 27 da pis ta de pouso e a responsabilidade do posto, na ve instrução do setor especializad o
deco lagem do Aeroporto Interna- baía de Guanabara. da Varig, com conhec imentos a res -
ciona l do Ri o de Janeiro. peito de todos os tipos de aerona -
EQUIPAMENTO
Ini cia va-se, assim , a prática do ves que operam nos aeroportos do
acordo assinado entre a ARSA - As lanchas, de ação rápida, são Rio. A ARSA também preparou
Aeroportos do Rio de Janeiro S.A fabricada s de resina reforçada de especif icamente para eles um pro-
- e o Estado do Rio de Janeiro, fibra de vidro, com motor Mercedes grama de instrução de marinharia
para o emprego do Corp o de Bom- Benz modelo ON -352-A, de 155 HP, adaptada às cond ições aeroportuá-
be iros em operações de busca, sa l- equipado com rabeta america na de rias.
11amento e alerta em áreas marí- uso exclusivo da Carbrasmar, for- A lguns são mergulhadores , ma s
timas, conforme o Pl ano de Emer- necedo ra do equ ipamento. todos os bombeiros estão tre inados
gência do AI RJ. As embarcações foram espec ial - pa ra utili za r os equipamentos do
mente adaptadas em funçã o das posto da ARSA.
CERIMÔNIAS
missões que devem desempenha r
À ce rimônia de entrega das ins- no Aeroporto e de aco rdo com as OBRAS
talações do posto, na ponta de exigências da ICAO - ln ternational O posto de salvamento marítimo
Tubiacanga, Ilha do Governador, Civil Aviation Organi zation. A velo- da ponta de Tubiacanga, construí-
comparece ra m o Presidente da cidade má xima é de 35 nós e a do pela ARSA, tem ganh o vá ria s
ARSA, Guilherme Rebello Si lva, média, para tripulação de três pes- obras de melhoramentos e amplia -
que esteve acompanhado por toda soas, de 25 nós. A capac idade é de ção, inclu sive com a dragagem de
a Diretor ia da emp resa, o Coman - 12 pessoas, o comprimento de 7,6 um cana l na baía e a construção de
dante-Gera l do Co rp o de Bomb ei- metros . Estão equipadas com todos uma plataforma flutuante.
ros, Coronel Renato Ribeiro da os acessórios necessários à sua Um novo acordo entre o Corpo
Si lva, o Che fe do seu Estado-Maior, missão, inclusive holo fotes, ex tin- de Bombeiros e a ARSA está sen do
Coronel José Halfeld Fil ho, além de tores de incêndio e bóias salva- estudado, desta vez para utili zação
oficiais, graduados e soldados do vidas. de uma área no Aeropo rt o de Jaca-
Corpo de Bombeiros e técnicos da Duas outras lanchas semelhan- repaguá , também so b administra -
ARSA . tes serão adqu iridas pela ARSA ção da empresa. Ali se cog ita de
Na apresentação das novas para substituir as que atualmente, co nstru ir um quartel modern o, com
equipes que passam a operar o com equi pes dos bombe iros, dão três equ ipes di stintas de atuação:
SAR -27, os bombeiros receberam proteção ao Aeroporto Santos- uma para atender as emergências
as cartas de arrais por terem con- Dumont, unidade da ARSA que aeronáuticas, outra para atender ao
cluído curso de prática de na vega- também está incluída no acordo autódromo de J acarepaguá e uma
ção . realizado com o Esta do do Ri o. terce ira de apoio à comunidad e.

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i?i~ l 1
AVIBRAS: 20 anos
de tecnologia
aeroespacial Brasileira
Criada em 1961, a AV/BRAS é uma empresa privada de
capital totalmente brasileiro, que proje ta, desenvolve e
produz sistemas com tecnologia 100 % nacional, nos
campos de:
• DEFESA • ESPAÇO • ELETRÔNICA E COMUNICA ÇÕES
Sendo uma empresa de engenharia avançada, a AVIBRAS
orgulha-se em fornecer equipamentos voltados às ,
necessidades específicas das Forças Armadas e Orgãos
Civis do Governo Brasileiro, e de um número crescente
de nações amigas em todo o m undo.

AVIBRAS INDÚSTRIA AEROESPACIAL S.A. ?;§)4


AVIBRAS )
A'!_tiga Es trada de Paraibuna, km 118 - C.E. P. 12.200 - São José dos Campos
- · AIAEBR TECNOLOGIA AEROESPACIAL BRA S/LEI/
-----------ffi~@lli@~ll &----------~
POLUIÇÃO SONORA -.-~· ......~ -
:::. ........ --
· .. Ao conversar com uma ·balco-
nista do Centro Auditivo Telex,
dizia-me a moça que não imaginava
que pudesse existir, atualmente,
tanta gente com problemas de audi-
ção .. O número de pessoas que
dependia de prótese, para amplia-
ção do s'om, era enorme, comple-
tava ela.
Logicam,ente, essa senhorita,
assim como a grande maioria das
pessoas ignora que estamos expos-
tos a um bombardeamento de baru -
lhos, de bai xa e alta inten sidade,
que, paulatinamente, nos vai dei-
xando surdos.
l,
Para se medir a intensidade do
som usa-se a unidade denominada
Decibel (db) É uma unidad e abstra-
ta, onde os fatores tempo e distân-
cia devem ser levados em conside-
ração, para que se possa avaliar o
efeito do ruído .
·Por outro lado, definir poluição
sono ra não é coisa fácil. Para um
jovem qu e gosta de música eletri-
za nte, um concerto de Rock -A nd-
Roll, aparentemente, não lhe causa
efeito negativo. Já uma serra elétri-
ca de uma co nstrução civil pode
provocar-lh e reação desagradável,
mesmo que os valores em decibéis
sejam iguais
A verdade é que o meio baru-
lhento em que vivemos tem feito
com que muita gente fique surda,
sem se dar conta disso. Para se ter É sabido qu e o ruído urbano não Por outro lad o, o Décimo Con -
uma idéia, acima de 85 db o som provoca lesão auditiva, porqu e ele gresso Internacional de Acústi ca,
pode provoca r problemas irreversí- não é constante. Todavia, sua con - reali zado em Sidnei, Austrália, indi-
veis, como neurose, surdez prema- seqüência também é desa st rosa, cou que o Rio de Janeiro é a Metró-
tura e disfunções orgânicas violen- pelo fato de deixar indivíduos neu- po le mais barulhenta do Mund o,
tas. róticos e com cansaço mental. vindo em segundo lugar São Paul o
Em se tratando de qualidád e de e em terceiro Nova Iorque . Essa
Já o ruído industrial, por se r
vida, os níveis de ruídos até 55 classificação qualifica essas Cida -
permanente, muitas vezes duran te
decibéis são co nsiderados confortá- des e outras que sofrem do mal da
oito horas, em algumas fábri cas,
veis. Assim, uma vez delimitada a poluição sonora como Laborat ório
pode destruir as cé lulas do ouvido
. . . situação ide.al, em termos de deci- de Traumas Físico-Menta l.
interno, e com isso começar um
beis, para a audição humana, fica Embora muitos achem que seja
processo de ensu rdecimento na -
fácil avaiiarmos o barulho ao nosso imr ossível a eliminação dos ruíd os,
qu eles que estão ex postos à sua
redor, que é o apresentado no qua~ pode-se alcançar esse êxito em
aç_ão.
dro a seguir: · quase sua plenitud e, se houver
Aviões a J ato 130 db Experiênéia feita numa Tribo de conscientização por parte daqueles
Martelos Pneumáticos 100db Africanos, chamada Maban, que que o provocam. Infelizmente o
Caminhões 85db vive numa Região tranqüila do Su - povo brasileiro gosta de fazer baru -
Descargas Abertéls deste do Sudã o, mostrou que mais lho, devido à sua má educação,
de · Motocicletas 105 db da metade dos seus Habitantes, concernente a esse tipo de polui -
Serra Circular 104 db co m idades que variam de setenta a ção.
Vibrador de Concreto 111 db setenta e cinco anos, pode ouvir Como primeira medida, é neces-
Despertador 80db sons que só dois por cento das sário que se imponha uma Lei sobre
Certas Sirenes 150 db pessoas, em nossa cu ltura, podem o Controle da Poluição Sonora, que
Conversação Normal 60db ouvir naquela idad e. seja mai s eficiente e que caiba a um

10
- - - - - ECOLOGIA----.....
Orgão Público específico a fiscal iza- cas podem ser equipados com pe-
cão do seu cumprimento, com a cas de n·áilon para atenua r as pan - HUDSON
áp li cação de multa sobre as Fontes éadas. A alegação dos co nstrutores
Produtoras de Ruídos. é que esses equ ipamentos com tai s
Histórico
No . trânsito, pode-se realizar dispositivos são caros, porém es-
"blitz", com o fim de apreender quecem que esses custos serão
O Lockheed Hud son foi o 1°
automóveis e ônibus com descar- compensados com maior rendimen -
avião america no usado operacional-
gas abertas, bem como efetuar to na produtividade dos operários
mente pela RAF durante a 2~ Guer-
auto de pr1são a Motoristas que, na por não fi carem submetidos a ruí-
ra Mundial Derivado do transporte
buzina, deixam extravasar momen- dos inconvenientes.
comercia l L-14 Super Electra, foi
tos de exacerbação. Um outro fator de suma imp or-
empregado como bombardeiro
Na construção civil, por exem - tância na construcão civil é que, se
leve.
plo, uma serra circular, se confina - as paredes dos éd ifícios tivessem
Em 1938, o Hudson foi se lecio-
da em um ambiente próprio, dimi- uma espessura no mínimo de 25
nado pela RAF, sendo adqui rid as,
nui o ruído. Marteletes e Bate- Esta- em, em tij olo maciço, e portas e
ini cialmente, 200 unidades. Poste-
jan elas com ce rto isolamento acús-
riormente, ce rca de 800 apare lh os
ti co, como madeira maciça, esqua-
foram encomen dad os e o número
drias mais pesadas e vidros mais
de aeronaves atingiu 2 000, em
espessos, os custos finais da obra
virtud e dos compromissos do Tra-
seriam acrescentados apenas de 5 a
tado de Empréstimos e Arrenda-
10 por cento, e o barulho seria
mentos ( Lend-Lease Act).
sobreman eira atenuado no ambien-
O Hudson Mk I tinha motores
te intern o dos apartamentos.
Wright Cyclone R-1820-G 102 A de
A Poluicão de Ruído dos Aviões
1 000 hp, asa afilada, dupla deriva e
pode ser éon trolada, através dos
não escamotealv'a a bequilha como
"MAPAS DE RU ÍDOS", que são
os ante riores modelos de transpor-
obtidos com a instalacão de micro-
te. Portava 4 metralhadoras .303,
fones em vários pontos das cidad es
sendo 2 fixas no nariz, ac ima da
e, a partir daí, orientar os pilotos a
janela do bombardeador e 2 na torre
seguir rotas, capazes de incomodar
Boulton Paul, construída na Ingla -
o menor número de pessoas.
terra. Alguns modelos posteriores
Merecem ser destacados os
foram eq uipados com um a metra-
estudos que a Fundação Estadua l
lh adora adicional e fog uetes. Ou-
de Engenharia do Meio Ambiente tros receberam radar ASV para
(FEEM A) vem realizando sobre o
patrulha marítima .
desenvolvimento de cultura de
Quando os Estados Unid os en -
determinados espéc imes vegeta is
traram na guerra, os Hud sons do
nos centros urbanos, a fim de ab-
Exé rcito receberam as designações
sorverem o som. Afo ra isso, sabe-
A -28A e A-29A, e os da Marinha,
se que a mata densa tem a peculia-
PB0-1. Os primeiros tinh am opcio -
ridade de amortecer os ruídos, o
nalmente bancos para transporte
que torna indispensável a sua pre-
de tropa e eram designados C-63
serva cão.
Durante os anos de 1941 e 1942,
Fi~alm ente , o que se observa é
o Exército e a Marinha operaram
que, se o progresso não for acom -
alguns Hudsons, responsabilizan -
panhado de medidas inibidoras à
do-os pelo afundamento de várius
Agressão da Tecnolog ia, um mons-
submarinos.
tro sono ro pode se r cri ado.:. Por
Os H udsons d.o Exército trans-
isso, países como França, União
portavam 1 600 lb de bombas e,
Soviética, Alemanha Ocidental,
hab itu almente, substituíam a torre
Dinamarca, Suécia e Noruega
inglesa, desnecessária, po r uma
adotam medidas efi cientes no con-
metralhadora manual 50, montada
trole do baru lho excessivo. Por
na carlinga.
conseguinte, cabe a nós brasileiros,
Estes aviões atuaram em diver-
que estamos tomando expressão
sas reg iões nos oceanos Atlântico,
no cenário mundial, direcionarmos
Pacífico e Índico.
o crescimento urbano-industrial ,
Cerca de 2 522 aeronaves foram
com o mínimo de ruído, a fim de
produzidas, inclusive 300 AT 18
resgu ardar a audição e a saúde
destinadas ao treinamento de t1ro
mental da nossa população urbana.
aéreo e mais tarde usadas para
rebocar alvos. A produção termi-
----·--.
Antonio Celente Videira nou em 1943, porém os aviões co n-
Cap lnt Aer tinuaram em serviço como trans-

11
Comprimento 44'4"
Altura 11' 10"
\-. Superfície alar 551 pés quadrados

Pesos
Vazio 13,195 1b
Carregado 18,500 lb
Máximo 22,360 lb
Combustível 6441b (1 028 ga l)

Performances

Vel. máxima 261 mph


Vel. cruz eiro 224 mph
Vel. pouso 72mph
Te to de serviç o 27 000'
Ascensão 2 160' /min.
Autonomia 2 160 milhas

Modelos

Em vista da importância que o


Hudson representou, é difícil de
Hudson: detalhe da torre de metralhadora do dorso. en tend er por que razã o somente
um "kit" desse avião foi lançado no
porte de tropas, salvamento marí- 7172, era, certamente, um dos 26 mercado. É possível que os fabri -
timo e marcador de alvos até o fim que operaram no Brasil. ca ntes de "kits" o tenham Julgado
da guerra . Outro Hudson destacou -se na pouco atraente para a venda em
campanha anti-submari,no, em con- larga esca la. Entretanto, considera-
seqüência do ataque efetuado em 5 mos inexistente esta remota possi -
Emprego no Brasil de abril do mesmo ano . O apare lho bilidade, se levarmos em cons idera-
fazia parte do efetivo da Base Aérea ção, além da opção oferecida pela
Através do Tratado de Emprés- de Salvador e era pilotado pelo 1o A irfi x, as conversões que podem
timos e Arrendamentos ( Lend- Ten Av Ivo Gastaldoni. se r feitas no "kit" básico.
Lease Program), foram fornecidos à A 31 de julh o do citado ano, o
FAB 28 Hudsons A-28A (de dezem- submarino U-199 foi avariado por O modelo da Airfix, esca la 1/72,
bro de 1942 a março de 1943). En- um Mariner americano ao su l do Rio embora seja detalhado, rião oferece
tretanto, um deles se ac identou na de Janeiro. O ataque foi secundado dificuldades na montagem. Repre-
Costa Rica, e o 28° foi usado em por um A-28A e um Catalina ("Ara - senta o Hudson I do Comando Cos-
San Antonio (USA) Ambos não rá"), ambos do Grupo de Patrulha teiro.
vieram para o Brasil. . sediado no Galeão.
A distribuição dos aviões obede- Os sobrev iventes da belonave, As várias versões do avião bási-
ceu à seguinte prioridade: Natal (1 ), em número de 12, foram recolhidos co diferem externamente só em
Salvador (1 ), Fortaleza (2), Galeão pelo USS Barnegat. detalhes. A conversão para qual-
(2), Fortaleza (1), Recife (1), Natal O Hudson era pilotado pelo Ten quer uma das variantes não cons-
(2), Salvador (2), Galeão (1 ), Salva- Av Sergio Când id o Schnoor. Uma titui um problema intransponível.
dor (2), Porto Alegre (3), Galeão foto da época mostra a tripulação
(2), Recife ( 1), Salvador (2), Santa em frente à aeronave 414 7173.
Cruz (3). O Hudson serviu à FAB até fins
Em abril de 1943 um Hudson da da década de 40. Após a guerra, 3
FAB foi posto à disposição da Fra- apa relh os foram convertidos em
ternidade do Fole (Brazilian Bellows transporte e voaram até 1955 com a
- veja "Em Escala", voi. 6, n° 1), designação C-28 .
tendo sido batizado no Aeroporto A- 28A (Hudson VI)
Santos-Dumont com o sugestivo
nome "Britânia N° 1".
Características e performances
A cerimônia contou com a pre-
sença do Embaixador Britânico, do Motor - Pratt & Whitney R-1830-
Ministro Sa lgado Filho, Mr. Tom 67, 1 200 hp.
Sloper, além de diversas auto ri -
.dades. Dimensões
O avião, número dP série 414 Envergadura 65'6"

12
--,
...

~- COMPORTAMENTO --~
L-14 PROCURA-SE UM AMIGO
Converter Não precisa ser homem , Deve gostar de cri anças e
basta ser humano, basta ter lastimar as que não puderam
Converter o "kit " do Hud so n no sentimento, basta ter coração . nascer. Procu ra-se um amigo
L- 14 co mercial con stitui tarefa sim - Precisa saber falar e calar, so- para gostar dos mesmos gos-
pl es até para principiantes . É neces- bretudo saber ouvir. Tem que tos , que se comova q uando cha-
sá ri o, apenas, cortar e pree ncher o gostar de poesia, da madruga- mado de amigo. Que ·saiba con-
recesso da torreta removid a e os da, de pássaros, de sol, da lua, versar de coisas s imples, de
tubos exaustores nas nace les . do canto dos ventos e das can- orvalhos, de grandes chuvas e
ções da brisa . Deve ter amor, das recordáções da infância.
Fuselagem um grande amor por alguém, ou Precisa-se de um amigo para
então sentir falta de não ter não enlouquecer, para contar o
Pree ncha t otalmente o nari z, as esse amor. Deve amar o próxi- que se viu de belo e t riste duran-
janelas, o abrigo das met ralh ado- mo e respeitar a dor que os pas- te o dia, dos anseios e das
ras, a cúpula de observação astro- santes levam consigo. Deve real izações, dos sonhos e da
nôm ica e o recesso da torreta. Po· guardar segredo sem se sacrifi- realidade . Deve gostar de ruas
r:J e-se usar plasti card (de prefe rên- car. Não é preciso que seja de desertas, de poças d'água e de
cia), massa Wanda ou ba lsa. primeira mão, nem é imprescin- cam inhos molhados , de beira
O nariz transparente e as janela s dível que seja de segunda mão . de estrada, de mato depois da
la tera is eram usados em algum as Pode já ter sido enganado, pois chuva, de se deitar no capim .
ve rsões civis. Se for pin ta do, to rn a- todos os amigos são engana-
dos. Não é preciso que seja Precisa-se de um amigo que
se imperce ptível.
puro , nem que seja de todo diga que vale a pena viver, não
Pree ncha co m massa Wanda as
impuro , mas não deve ser vul- porque a vida é bela, mas por-
lin has do porta-bombas.
gar. Deve ter um ideal e medo que já se tem um amigo.
Deve-se abr ir uma pequ ena
jane la em ambos os lados da fu se- de perdê-lo , e, no caso de assim Precisa-se de um amigo para
lagem , localizada atrás da porta . não ser, deve sentir o grande se parar de chorar. Para não se
Veda-se , depo is, com plást ico vácuo que isso deixa. Tem que viver debruçado no passado em
transpa rente. Se o mode lo não f or ter ressonâncias humanas; seu busca de memó rias perdidas .
mo ntado no pedestal, este pode se r principal objetivo deve ser o de Que bata nos ombros sorrindo e
usa do para confecção das janela s. amigo. Deve sen t ir pena das chorando, mas que nos chame
Antes, porém, de co lar as jane· pessoas tristes e compreender de amigo, para ter-se a consci-
las (de preferência com co la Polar) , o imenso vazio dos solitários. ênc ia de que ai · da se vive .
deve-se pintar o inter ior da fu se la -
gem.

Naceles dos motores

As na celes dos moto res do L-14


aprese nta m as admi ssões de ar e
refri gerador do óleo diferentes das
do Hudson .
A abertura de admi ss~o de ar
loca li zada em cima da nace ie (peça s
nos 73 e 74) é menor e deve se r
re du zida na metade do ta manh o e
co lada superficialmente na fenda,
na pa rt e posterior da nace le em
posição inclinada. '
Podem-se usa r as peq uenas
tomada s do Me- 109 G da A irfi x ou
do DC-3 (C-47) para os refrig era-
dores de óleo locali za dos na parte
1nfer1 or, ou reprodu zi-los em ac rí -
li co .
O tubo exaustor ex tern o deve
se r adaptado , arred ondado e re-
movida a sua parte pos teri o r.'
. Finalmente, faça um tub o pi tot
ex tra, e cole os dois na fu selage m .

' Antonio Linhares

13
/

~--AVIAÇÃO ILllWJE((J)G)
PANORAMA AERONAUTICO ABC do Vôo Seguro - Manoel
C. Cavalcanti de Albuquerque Filho
'
Na indústria e no transporte: - Edição Patrocinada - 179 pági-
mudanças de hábito? nas.
O autor é Oficial da Força Aé-
"A indústria de transporte aé- rea, com uma considerável baga-
reo atravessa, na hora atual, a mais gem na área de proteção ao vôo,
grave e profunda crise de sua histó- investigação e prevenção de aci-
ria. Afetada pelo preço do combus- dentes aeronáuticos. Com uma
tível, pela inflação e pela recessão segurança admirável e concisão
econômica, a aviação comercial adequada, muito inerentes a quem
mundial está - ao mesmo tempo vivencia os problemas, apaixona -se
- sob os efeitos da enfermidade e faz disso a sua "cachaça", o autor
originada das contradições acen- consegue, em poucas páginas, dis-
tuadas, oriundas das mudanças de secar os problemas da área, deixan-
hábitos e padrões, que foram váli- mente eficientes ... e ao alcance de do conselhos que devem ser obser-
dos durante todas as décadas ante- qualquer bolsa. vados por todos os aeronautas pos-
riores e que hoje não mais o são ." E sem "esnobação" .. . suidores de um mínimo de juízo e
(de um analista estrangeiro). seriedade. O livro não se dedica,
O Planejamento como se poderia supor, apenas aos
A HORA PRESENTE profissionais da aviação; dirige-se a
Os estudos de desempenho todos quantos têm interesse nesta
Com essas considerações, um operac ional/comercia l e de merca - atividade, notadamente os amado-
exame retrospectivo é quase inevi- do, fundamentados em dados re la- res.
tável. E um retorno, "no túnel do tiva e academicamente estáveis, A quarta capa encerra muito
tempo", dirá que: permitiram projeções também está- bem a filosofia contida na mensa -
veis. Na hora atua l, as Empresas - gem e nas pretensões do autor:
presas pelo comportamento contra- "Segurança de vôo não é um sim-
O Equipamento ditório dos usuários, pelos im pon - ples ato egoísta de não querer mor-
deráveis custos petrolíferOs e pelas rer, mas , sobretudo, um ato de soli-
Enquanto na década dos 60/70 variações dos custos indiretos de dariedade humana de não deixar
as grandes vedetes aéreas foram os operação - estão-se sentindo per- morrer".
jatos de todos os tamanhos (as didas e chegam, involuntariam ente,
aeronaves a hélice foram simples- a conclusões e decisões incorretas.
mente desprezadas), hoJe é possível Há que introdu zir dados e parâme-
antever a inquestionável condena- tros até então desconhecidos, para
ção ao desaparecimento das frotas enfrentar o ano 2 000.
de aeronaves a reação, pertencen-
tes à primeira e segunda gerações. A Infra-estrutura
E assistir ao retorno das hélices ...
agora extremamente sofist icadas. Certas fórmulas técnicas, aban-
donadas em favor da exuberância
das soluções (então) modernas,
A Operação ameaçam vo ltar. Os projetos aero-
portuários, antes um investimento
A viagem aérea, requinte de ele- cujo retorno era encarado somente
gância e "status" social nas déca- no campo operaciona l, hoje são
das de 60, dava-se à liberdade de ciclópicos programas, de caracte- Ases ou loucos? Geraldo Gui-
transformar · o deslocamento em rizacão fundamentalmente econô- marães Guerra - Li vraria José
rota em um desfile de luxo e mani- mico / financeira, · e que exigem Olympio Editora, 220 páginas. A
festações de "savoir vivre". Nos momentos de grande reflexão, gente não pode deixar de se deleitar
dias de hoje, com uma frota mun- antes da decisão. com o tratamento dispensado pelo
dial que chega a 10 000 aviões, Não será muito difícil admitir autor às memórias de Fernando A.
capaz de transportar 750 milhões de que, face à exaustão de recursos Coelho de Magalhães, Tenente-
passageiros/ ano e 12 milhões de públicos para os custeios de obras Coronel-Aviador da Reserva Remu-
toneladas/ ano, é necessário "in- do tipo Londres, Roissy (Paris), nerada. Antes de terminar as dez ou
dustrializar" essa atividade e buscar Galeão, São Paulo e Belo Horizon- quinze primeiras páginas, o leitor,
- em um domínio totalmente eco- te, a so luçã o sejam as hidropistas e certamente, id entificará o biografa-
nômico - o equi líbri o financeiro os hidroportos e os hidroaviões do. Acontece que Guimarães Guer-
para esse transporte "de massa" .. para 1 000 a 1 500 passageiros . .. ra é um amigo de importância do
Hoje, o uso dos meios aéreos para Onde isso couber .. . autor e emprestou seu nome para
transporte são uma exigência do Novos dados, novos tempos: que o livro pudesse ser escrito na
dia-a-dia. Devem ser rápidos, alta- novos hábitos. terceira pessoa do singular.

14
O G 222 é o único avião de transporte militar, Os instrumentos de vôo e os sistemas eletrônicos
de médio raio de ação, atualmente disponível mais refinados permitem-no operar em quaisquer
no mercado. Suas possibilidades operacionais condições atmosféricas, independentemente de
e sua grande confiabilidade, mesmo em condições ajudas terrestres.
críticas de vôo, são assegurados pelos modernos O G 222 está homologado para emprego operacional
turbo propulsores GE T 64 P 4 D. com uma tripulação de, apenas, duas pessoas.
O G 222 pode decolar e aterrar de rústicas pistas
Sua ampla capacidade volumétrica lhe permite semi-preparadas. Pode ser rapidamente adaptado
transportar uma extensa variedade de cargas para realizar missões de busca e salvamento,
(até 9 toneladas) ou 53 soldados completamente evacuação aeromédica, aerofotogrametria, combate
equipados. à incêndios e calibragem de auxílios de
Pode, ainda, lançar 42 paraquedistas ou cargas rádio-navegação. E tudo isto a um baixo custo
pesadas de até 5 toneladas. de operação .

.•. AERITALIA 80125 Napoli- Piazzale Tecchio 51


socielà P.B. 3065
aeros~aziale Tel.: (081) 619.522-619.721-619.845
Italiana Telex: 710370 AERIT
~-------- LIVROS--------~

Trata-se de ·uma obra destinada Cat álogo do Papel- Moeda do Bras il, Vio lo
a divertir os leitores e, ao mesmo Idolo Lissa
Edit ora Grá fi ca Brasilia na , 285 pá ginas
tempo, revelar dados perigosos
sobre a Aviação Romântica, a do Re prese nta a obra um dos ma1s bem
arco-e-fl ec ha, a pioneira . fe itos trabalh os da Nu mismática, no Bra-
Mesmo o leitor não muito lig ado sil trata -se da cata logação de todas as
nas atividades aviatórias certa men- emissões de papel -moeda , em nosso País,
te vai gostar de ler. É um livro de de or igem gove rna mental, bancária e
es tr itamente local, ta is como bilhetes,
grande agrado para os aviad ores da
notas, cédulas, bônus, apó l1 ces e outros,
velha guarda, embora vá me xe r que Circularam como moeda lega l, de
com alguma coisa da alma dos curso forç ad o ou mesmo ilegal, e que
jovens pil otos. Os primeiros o lerão con stit uíram o Meio Circulan te Naciona l,'
com saudad e, os segundos, talvez, desde fi ns do sécul o XV III.
co m uma ponta de in veja, ou coi sa O registro correto d e t odos os aconte-
Cimen tos de uma socieda de tem-se co ns-
parecida . Mirages e Tigers nã o pou- titu ído . para as gP.rações se guintes, na
sa m em pa stos de boi, para seus base indispensável para que os homens
pilotos pesca rem num riac ho pró- possam conhecer novos avanços e um
xim o; também nã o descem em enten dimen to em to dos os campos da
praias para esperar a melh ora nas at iv1dade humana. A história do papel-
co ndições do tempo; aviões a jato moeda é parte Integ ra nte da Numismá-
tica. A obra de Violo !dol o Lissa é um
não se arriscam a passar sob pon- marco indiscutível dessa at ivi dade , no
tes, embora, em passado recente, Brasil, sendo recomendada não apen as a
dois F5 tenham pousado numa co lecionado res, mas a todo homem sen -
estrada , em emergência, e se safa- sível e ávido por entende r o mund o que o
do, graç as à perícia dos pilotos que cerca .
foram resgatá -los.
Capa do livro Ases ou Loucos ?
Bengo Kaza vubu

16
.JOIL CLIPP
REVISTA
AERONÁUTICA
ENTREVISTA

Uma con versa in fo rmal co m Joel Clapp , piloto de guerra ,


gozado r, piloto comercial e desocupado permanente.

Muitos já se reportaram a res- lia , como integrante da 1.a Esqua- guerras: uma contra as forças do
peito da sua alegre, sempre ale- drilha de Ligação e Observação, Eixo e ou'tra contra as limitações
gre, figura , apontando-o como o sob o comando do saudoso Major do equipamento que ela própria
grande repositório das anedotas Beloc, até o fim de sua longa operava. Joel Clapp parece que
da A viação. Ele é o próprio anedo- carreira de piloto de linha aérea, conseguia manter-se numa outra
tário , uma espécie de antologia na empresa Cruzeiro do Sul, dão guerra, ponteada pelas batalhas
viva . O Alberto Martins Torres , para encher uma noitada. Como o contra o mau-humor. Numa an áli-
caçador do 1.0 Grupo do Brasil na Homero , além das artimanhas que se mais acurada , poderíamos dizer
Segunda Grande Guerra, o Tenen- engendrava , o Joel Clapp era um até que ele não estava em guerra,
te Torres da " Senta a Pua ", disse caricaturista dos fatos e situações apenas cumpria o seu indizível
que " todo aviador do meu tempo que relatava . " prazer de voar, com seu jeito de
conhece as figuras de Joel Clapp e irreverência e brasilidade, ou seja
O jovem Joel pulou de civil
Homero Bezerra . A par de sua brincalhão , mas responsável .
competência profissional e de sua para Terceiro-Sargento , já no
" front " . Depois de uma exposição
simpática personalidade, ofere- Não fora dessa forma , certa-
ciam , à- margem , uma verdadeira de motivos, feita pelo Beloc, ver-
balmente, ao Ministro Salgado mente, não haveria motivos para
ducha de bom humor, onde quer encher de papel higiênico um
que estivessem ". E continua con- Filho , Joel foi declarado Aspiran-
te, ainda no " front " . avião Piper CuJ2 e despejar sobre
tando o ex-guerreiro Torres : "As as tropas ãlemãs . Um bombardeio
estórias sobre o Joel, desde a sua É palavra corrente, hoje em desses abat e o moral de qualquer
participação na campanha da ltá- dia , que a 1.a ELO travou duas tropa adversária. E Joel Clapp é

Nunca vi tanto homem junto - 6 000 Quando tomos promovido s a Aspirante, Fi quei surpres o c om a última condecora-
ho mens dentro de um navio . .. ganhamos um belíss imo banho de lama ... ção que recebi: a Ordem do Mérito Aero -
náutico .

17
ENTREVISTA JOEL CLAPP

esse tipo de gente, com um cora- seja de todo conhecido das gera- até que se bandeou, de volta , para
ção do tamanho de um trem, cheio ções mais jovens: os pilotos da sua empresa de origem, a Cruzeiro
de saudades, cheio de brasilidade, ativa ostentavam insígnias em do Sul. E, lá , apenas a experiência
um amor qJle não tem mais fim preto e os da reserva, em branco. de pilotar aumentou. Para o ho-
pela A viação e um amontoado de mem, para o jovem de ' ontem e de
coisas engraçadas pra contar. Por isso Joel era águia branca, no sempre, o tempo nunca passa. Na
Ingressou "águia branca ", ou seja começo da carreira. Voltou da verdade, para os heróis, os imor-
piloto da reserva da FAB. Este é guerra, fez cursos, virou "águia tais, o tempo, simplesmente, não
um outro aspecto que talvez não negra" e ficou um tempo na ativa, importa.

RA - Quando começou , ou melhor, RA - E qual o avião que a esquadri - ali, no centro da cidade , onde agora é
qua nd o nasceu a sua vocação para o lha voou na Itál ia? um tribunal de júri, perto da Agência
vôo? JC - Um Teco -Teco Piper Cub Central do Banco do Bra sil, onde rece-
JC - Em 1940. Fui para o Yacht chamado L 4 H, de observação. bemos o material. Realmente, some n-
Clube do Rio de Janeiro e comecei a RA - Este avião não foi voado aqui te nos reag rupamos, quando fomos
voar naqueles Teco-Teco. Parece que no Brasil? para este batalhão. In te ressante é que
levava um certo jeito para aquilo por- as condições de alojamento eram mui -
que, em poucas horas, eu sole i e fu i to ruins e, o que é pior, ninguém sabia
convidado para tira r o "brevet "; tirei e quando íamos embarcar. Uma co isa
fiz treinamento para inst rutor. Nesse
período de 4 1 até 44, permaneci voan-
NUNCA VI TANTO me deixava admirado: a com ida era
maravilhosa! Aí, um sol dado nos disse
do lá no Yacht. Depois, veio a Guerra e HOMEM JUNTO ... que era a despedida, por isto é que a
eu fui voluntário para uma esquadrilha comida estava tão boa.
que se estava formando para ir à Itália: 6000HOMENS RA - O embarq ue foi em navio,
a Esquadrilha de Ligação e Observa- claro, não f oi?
ção. DENTRO DE UM JC - Nós pegamos um t rem todo
RA - Como foi que o senhor tomou
conhecimento de que estava aberto
NAVIO ... fechado, cheio de fuzileiros navais; era
proibido olhar para fora. E lá fomos
esse volunta riado. nós para o ca is do porto. Levamos
JC - Eu li no jornal. horas e horas para chegar e, mais
RA - Foi feito um chamado público? aind a, para emba rcar . Aí é que come-
JC - Foi. Aí, achei que estava em JC - Antes, não. Depois da gue rra , cou a ficar ruim . Nunca vi tanto ho-
cond iç ões de ir, apresentei-me, fui ao eles foram mandados para cá, mas nós ~em junto. Seis mil hom ens dentro de
MAer e preenchi toda a papelada. Fiz só os conhecemos lá. Eu voe i Piper, um navio !
exame médico, vacina; naquele tempo aqui no Brasil. Era exatamen te igual, RA - Seis mil?l
ainda eram feitos os exames, no Exér- só que tinha rádio e a parte de cima da JC - Isto mesmo, seis mil homens e
cito. Então, passei em tudo e fiquei asa e as laterais eram de plástico trans- nós, da Aeronáutica, metidos lá no
aguarda nd o o treinamento nos PT19, parente, para se poder ver pra fora. meio do Exé rcito. Tinha um pessoal
no Campo dos Afonsos. Há até um RA - Depois do Curso nos Afonsos, com tamborins, tambores e cuícas.
episódio engraçado. Nesta época, um o Grupo foi mandado para onde? Eles tocaram naquele negócio, desde
rapaz que era do contro le de vôo, ali JC - Bom.. aí nós fomos receber que saíra m do Bra si l, até a chegada na
do Santos-Dumont, se inscreveu e, na uniformes. Engraçado é que tudo era Itália, e por isto ninguém dormia. Na
hora, não teve coragem de ir.. e não maior; sapato era maior, ta lvez, por hora de escolher as macas, pois eram
foi. causa do inverno; tínha mos de usar de cinco em cinco, umas sobre as
RA .- Quantos foram selecionados? muitas camisas por baixo, vária s meias outras, eu, rapidam ente, esco lhi uma
JC - Havia alguns que já eram da no pé. de cima. Aí um indivídu o disse: ·"Por
Aeronáutica. o Cançado, Darcy, Klots, RA - Mas para onde foram? que de cima? Embai xo é melhor, por-
Vissoto, Taborda, Lei te e o Beloc. JC - Em princípio, ficamos em casa; que é mais fáci l para descer." Mas, na
RA - Estes já pertenciam aos qua- não tinha quartel para nós, não. Apre- hora em que a turma começou a en -
dros da Aeronáu tica? sentamo-nos no Ministério e depo is de jOa r, já vi u né, e eu lá em cima, numa
JC - Só o Leite e o Beloc é que eram receber todo o material, roupa , sacos boa; a turma de baixo, só levando
oficiais da ativa; os demais eram da de viagem, A e B, todos cheios, leva- enjôo . Levamos dezessete dias até
reserva, os asas brancas. mos tudo para casa e ficamos aguar- chegarmos a Nápoles. E o navio escre-
RA - CPOR? dando a chamada. Um belo dia, cha - vendo, para a direita e para a esquer-
UC - Sim, do CPOR. Civis foram o maram e nós fomos para um batalhão da, para escapar dos submarinos
França, José Luiz, Chafic, Bittar e eu de Artilharia , dentro da Quinta da Boa Havia ainda os treinamentos para o
RA - O treinamento foi feito só no Vista . Chegamos lá, todo mundo de caso de torpedeamento. Vieram, en-
Campo dos Afonsos? ver de e nós de cáqui. Éramos 53. tão, os nossos primeiros rece ios, por-
JC - Só na Escola de Aeronáu t ica. Aliás, nós nos tínhamos encontrado que, quando saímos, os aliados esta-

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ENTREVISTA JOEL CLAPP

va m ganhando tudo. Dentro do navio, JC - Os aviões chegaram dentro de no nosso avião. E toma de dar tiros
co meçou a fi ca r tudo diferente. Os umas caixas de madeira todas fecha- daqu ele 88 que, feli zme nte, nã o acer-
al iad os es tavam recuand o aqui, re- das, se m asa, se m nada . Levou muito taram, e nós voltamos. Aí foram -se
cuan do ali . Mas acabamos chegan do tempo para arrumar, mas, um dia , dese nvo lve nd o as missões. Na nossa

I
bem , sem nenhum problema. arrumaram e nós fomos começar o esquadri lha caDa pi loto fez uma s 75
RA - Depois do porto de destino, treinamento. Todo mundo muito voa- missões. Eu tenho isto nos meus as-
que foi Nápoles, foram mandados para do, mas o pessoal da FAB deu outra: sentamentos e, graças a Deu s, nós o
on de? todo mundo vai tornar a voar duplo. fizemos muito bem feito .
JC - Fomos para um lugar chama do Um belo dia, entramos num caminhão RA - A esquadrilha chegou à Itália
Pistóia. Aí é que foi o diabo . Entramos e fomos para um campo de pouso real. em que ano?
num dal de LCI, uma barcaça que Arrumaram uma barraca muito gran-
JC - Nós chegamos lá no final de
ca bia uns 190 homens. Foram dois na- de. Foi o maior susto da minha vida; o
v,os qu e saí ram do Brasil; eram doze campo era todo che io de umas fiti - ano de 1944, em agosto /setembro.
mi l homens pa ra emba rcar naqui lo. Ti - nhas. Os americanos e ingleses diziam RA E ficaram lá até quando?
nha barcaça que não acabava mais. que não podíam os sa ir da fita, pois que JC - Ju lho de 1945.
En tão eles divid iram, um pouquinho da o campo estava minado. Bras ileiro, RA - Neste perí odo , fi zeram as 7E
Aeronáut ica numa, um pouquinho sabe como é; acha que tudo é menti- missões?
noutra. Na minha barcaca foram cin - rinha. Tinha um camarada pastorean - JC - É.
co. Teve um fato engraÇado com um do uns carneiros, quando, de repente, RA - Quantos homens tinha a es-
quadrilha e quantos eram os aviões?

r
Capitão do Exército. Eu era o intérpre- um carnei ro sobe e o americano : "viu,
te; aliás, o pessoal todo da Aeronáuti - tem mina, nós não detectamos to- JC - Eram 53 homens, sendo onze
ca falava inglês O Capitão recebeu as das ." Num outro dia, íamos começar oficiais-aviadores, e 11 aviões .
caixas de rações C e mandou chamar o as missões; o Belloc - comandante RA - Então tinha um avião para
Comandante; disse que aqui lo era mui - da esquadrilha - exp li cou co mo eram cada piloto.
to pou co para 4 ou 5 dias de viagem. O as missões. O Bell oc era o coma ndan- JC - Cada um tin ha um avião, com
Comandante dél bélrCélÇél disso qu e não te e o subcomandante era o J oão o se u nome.
era pouco, nã o; o Cap itão insistiu. Aí, ' Torres Leite Soa res. Fi ca mos todos a RA - E quantos observado res aé-
o Comandante disse que não era pou - par das missões. Uma tarde, por volta reos haviam?
co , mas que ele ia co locar mais . De- das quatro horas, disseram qu e dois

I
JC - Onze .
pois falou: "Sabe quantas ca ixas des- aviões iriam fazer um vôo de observa- RA - Lembra-se quem eram os
sas vocês vão comer? Nenhuma". Só ção, de experiência. Iriam um piloto e observadores?
isso que ele disse . E lá fomos nós. Dali um ofi cial do Exército. JC - Lembro-me de alguns : o Co-
em diante, só não enjoou o Coman- mandante deles era o Gutierrez. Tinha
dante da barcaça e eu. o Villas Boas, Mario Dias, José Por-
tela, Helber, que hoje é General da
RA - Quantos dias levou a viagem?
NA NOSSA Rese rva. É difícil lembrar de todos .
JC - Três dias e três noi tes, dentro Houve uma co isa muito interessante.
daquele negócio que j ogava mais do ESQUADRILHA O Vi llas Boas era um atleta,·fa zia peso.
que o diabo. Uma barcaça de fund o Um dia, nós f omos fa zer obse rvação e
em pleno oceano. Houve um fato inte-
CADA PILOTO ele disse: "Vamos fazer o segu inte.
Vou amarrar um barbantinho no seu
ressante, um piloto nosso qu·e já mor- FEZ UMAS 75 ombro direito e outro no ombro es-
reu, o Vissoto, estava desmaiado e eu,
como não enjoei, fiquei gozando a MISSÕES querd o; quando quiser que você faça
turma; fui lá atrás e abri uma lata de uma cu rva para a direita, eu puxo o
sardinha e passei no nariz do Vissoto . barbante da direitB; quando eu quiser
Aí ele disse "Vou te prender seu mise- para a esquerda, eu puxo o da esquer-
rável". Então, chegamos a Pisa e fo- RA - Este campo ficava em que da". Aí eu disse: "Ô, Villas Boa s, não
mos para um lugm chélmado Sarrosori. localidade? é melhor coloca r isto na boca? Assim,
Lá fi camos uns dias. Levamos uma tre- JC - Ficava ... não me lembro; só você, quando quiser que eu frei e, puxa
menda gozação, do pessoa l do Exér- pegando a minha caderneta de vôo os dois. E isto lá em cima . Você tá
cito, porq ue todas as barra cas eram para ve r. Era perto de Pi sa. Aí, eu brin ca ndo. Você acha que pi loto da
e
verdes as da Aeronáutica, cáqui. Um tomei outro grande susto, porque fala-
ram que o perigo não era quando nós
FAB é coman dado a barbante?"
RA - Tem algum observador que
perfeito alvo! E o que é pio r é que nós
não entendíamos nada de barraca. fôssemos, mas sim na volta, pois a esteja na ativa ainda?
Acho que quem as mandou enten dia artilh aria gostava de atuar quando nós JC - Acred ito que não, pois já são
menos ainda, pois cada piloto levou voltávamos. Então, para fazer o pri- passados quase trinta e sete anos des-
uma barraca inteira e era pa ra leva r meiro vôo aqui na Itália, vai Fulano de de que voltamos, e como todo o mun-
me1a barraca cada um, pois a barraca Tal. E disseram o meu nome . Fomos do tinha direito de, com 25 anos, ir
era para dois. Mas o que o pessoal do eu e o Capitão Gutierrez, que hoje é para casa, acho que foi todo o mundo
Exército nos gozou foi uma loucura. General. Rodamos e rodamos, e fo- embora.
mos para três mil metros e passamos RA - Como era o relacionamento
RA - Depois de instalados, q uand o para lá. Aí vimos um bocado de ativ i- entre o pessoal da FAB e os obser-
fornm ap rese ntados aos aviões? dade e, naturalmente, mandaram fogo vadores?

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ENTREVISTA JOEL CLAPP

J C - Perfe ito, muito bom. Só um RA - Po r quê? mundo para Asp iran te. Ga nhamos um
Oficial do Exército é que teve um pro- J C - Não podia, pois se caísse uma belíssimo banho de lama. Juntaram os
blema com o nosso Comandante e bomba, acabava com a esq uadrilha. 4 Sa rgentos que éramos nós e mais o
com o dele. Não queri a ace itar co man- Era tudo separadinho Juntinho co- Cançado, Cornéli o Lopes Cançado,
do da FAB Ele era 1° Tenente da At i- nosco havia um batalhão de engenha - que era Sargento tam bém, mas da
va e, como não concordava, ped iu ria. Eles criavam um porco que era ativa. A í, botaram todos os cin co den -
para sai r da observação aérea . T am - uma ma ravilha; co mia os restos de tro da lama . Era uma confratern ização
bém não veio outro pa ra o lu gar dele. com ida, etc. Uma noite, nós fizemos a form idável. Outra coisa interessa nte é
Nós voávamos com neve e com a pista operação porco. Fomos lá e ro ubamos que, cada vez que se faz ia quinze
coberta de lama e gelo. Aquele avião o porco, matamos e convidamos os missões, o americano pagava uma
não parava, atravessava, derrapava, companhe iros do Exérc ito para comer medalha e fi cava anota da uma para o
desli zava e, o mais interessante, é que porco. Tudo o que acon tec ia de errado Brasi l; depois, quan do nós cheg amos
nunca quebramos. Só t ive mos um eles diziam que era culpa minha, mas aq ui , recebemos várias meda lhas.
ac idente, um colega que, deco lando, as idéias não eram só minhas não, RA - Não t ive ram nenhum pro blema
teve uma pane de motor e se esbaga- eram de to do o mundo. A nossa guer- de avião at ingido pela art ilharia?
çou em frente. ra , nós levamos na esportiva; sentía - JC - T ivemos. Nós perdemos um,
mos saudade, no início , mas deu pra mas no chão. Os aviões estacionados,
RA - Machucou-se? levar. A cama radagem era form idável. o alemão era mu ito bom com o mor-
JC - Não . O pessoal da FAB , da - Uma coisa engraçada: nós entramos te iro e eles ace rtaram em cima do
quela esquadri lha, estava com os ori- pra FAB como Terce iros-Sargentos; avião q ue estava des ignado pa ra se rvir
xás em dia. Ali todos t inham o corpo depois viemos para o Rio e fizemos o ao Marechal Mascarenhas de Mo raes .
fechado . Cu rso de Oficiais da Rese rva da FAB. E destruí ram o avião. Mas isto f oi
RA - Houve alguma oportu nidade RA - Na Itália, eram Tercei ros-Sar- antes de nós chegarmos lá, po is o
de uma confra ternização com o 1 a gentos? Exé rc ito c hegou nove meses antes.
Grupo de Caça, que também estava na Dos nossos, nós só q ueb ramos um ,
Itá li a? numa decolagem ; e os america nos
JC - Mu ita co r1fraternização. E eles rouba ram um av ião nosso.
eram uns t remendos gozadores. Esta - RA - Rouba ram um av ião? Como?
va voando um dia e um deles m irou o ATÉ DEZEMBRO JC - Roubaram . O Klots fo i a Pisa
avião no meio e lá veio fazendo uma conversa r com os pil otos do Grupo de
passagem . ÉRAMOS 3?S SGTS. Caça e, qua n,d o ia retorna r, o avião
RA - Ti veram alguma oportunidade não estava ma is no estac ionamen t o. O
de estarem destacados na mesma DEPOIS TODOS Beloc entã o me desig nou para ac har o
reg ião?
JC - Não. Nós éramos bem separa -
PASSARAM av ião. Saí co.m meu avião e pouse i em
todos os campos de teco-teco até
dos deles . Estavam em Pi sa, e nós A ASPIRANTE. achar o nosso, já natura lizado ame ri -
praticamen te na li nha de frente . Nós cano.
tínhamos muitas mudanças; chega- GANHAMOS UM RA - Como é que ele foi identifica-
vam os americanos e diziam: " Trocar
as esquadrilhas, às 11: 15 horas, pouso BELÍSSIMO do?
J C - É po rque ainda t inha a estre la
do pri mei ro av ião em tal lugar l " Lá a
pista estava pronta, os trato res arru -
BANHO DE LAMA ... branca brasi leira. Fui ao Co manda nte
deles, leve i o Log BoQk do avião; f oi
mavam, jogavam a br ita, colocavam umadiscussão que não acabava ma is.
umas grad es fura das; era um verdade i- Acabamos ganhando um novo avião.
ro f orm igueiro aque le negócio . Eles disseram que não, que aque le
JC - Até a ida de Salgado Fi lho. Ao avião não era nosso . Então nós aca -
RA - O tamanho da pista qual era?
chegar lá, ele nos passou para Asp i- bamos fazendo o mesmo, tornamo-
JC - T udo 400 metros. Aviador lá
ra ntes, po rque todos tínhamos curso nos os piratas de lá. Rou bávamos
t in ha que rezar para decolar. Uma
superior e todos éramos pi lotos de "Jeeps" , adoidado. Ame ri cano bo-
coisa interessante é que era pro ibido
companh ia aérea. Eu era pi loto da beava e nós os natura li závamos. Di -
faze r acrobacia. A grande maio ria
Cruzeiro; outros eram da Pana ir. O zem que chumbo troca do não dó i, né?
vinha alto, nariz lá em cima, pé no
Beloc conversou com ele e disse que Rouba mos até do MP americano . A í é
fundo, Sti ck na ba rriga, e Vap, vap,
tinha problemas nas reuniões por cau - que deu prob lema.
vap, vinha rodando, pe rdendo altu ra.
Quando pousava, estava preso . sa da diferença de .posto. Então ele se RA - Com a vinda para o Bras il ,
comprometeu a que, ao chegar ao fico u lotado onde 7
RA - E o relacionamen t o com a Bras il , todo mundo iria fazer o curso. JC - Fui primeiro para o Ga leão;
popu lação, como era? Foi interessante, pois f icamos pou - fi zemos um pedaço do curso. Depois,
JC - Ah l Tivemos um bom relacio - quíss imo tempo como Terceiros-Sar- fomos pa ra São Pa ul o e fizemos o
namen to, sem qua lquer problema. gentos. segundo estágio. Depois fomos para
Ficamos muito acantonados. Nós RA - Nós perguntamos: lá na Itália, Porto A legre e aí fomos decla rados
mo rávamos numa espécie de aparta- que posto tinham? ofi cia is, 2°s Tenentes.
mento, mas não podia morar todo JC - Até dezembro, éramos Terce i- RA - Fo ram fazer o que, em Po rt o
mundo no mesmo lugar, não. ros-Sargentos Depois passou todo Alegre?

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ENTREVISTA JOEL CLAPP

JC - O 1erceiro estágio, que era o RA - E quais são os remanesce ntes campo nenhum. Aí o Coronel Castelo
NA. Era ass im, Fairchild no Rio, aque- da esquadrilha? Branco disse: - Não tem problema,
le Vultec em São Paulo, NA em Porto JC - Os Oficiais Bittar, Klots, Darcy, não; tem uma rua muito boa lá . Fui
Alegre. Cançado e eu . Quem me esteve visi- com eles e o ou tro avião foi vazio, com
RA São Paulo, onde? Em Cumbi- tando ontem foi o Bittar que era o o Fleming . Pousamos lá é, depois de
comandante de DC -10 e é fazend ei ro uma hora, vem um monte de "jeeps"
ca?
em Aragarça s. Após ter um problema com o General Mascarenha s de Mo-
JC Em Cumbica. E eu ia-me pas- cardíaco, troux e uma série de papéis raes. O Corone l disse: - Olha, você
sando recibo, porque aquele avião não para ver se nós conseg uíamos passar vai levar o Comandante da Força Expe-
era fácil, aquele tal de BT -15. Nós para a reserva remun erada , conside- dicioná ria. Aí coloquei o pára-quedas
fomos fazer um treinamento de acro- rando que a mulher do Fleming arran- no General e expliquei como funciona-
bacia, o Cançado e eu fizemos um jou, depois dele morto, receber. O va. Decolamos, fomos para o norte da
parafuso que devia ser de três vo ltas. Danilo Moura também consegui u e Itália, Milão. Só nós dois, sem nenhu-
Saímos na décima segunda. Ali quase nós estávamos para ir à Associação ma cobertu ra. Eles haviam-nos dito
que o guerreiro erra. Puxa! Saímos dos Ex-Combatentes, fazer um reque- que, após o po uso , viriam uns ameri-
pouquinho para bater no chão. rimento para o Ministro, para ver se é ca nos para tentar tratar de determ ina-
possível. Pelo menos, se não for possí- dos ass untos. Mas não nos disseram
RA - Em Porto Alegre, qual era o
vel passar para a reserva remunerad a, que seria o fim da guerra. O Fleming e
avião mesmo?
nos dar o direito de usar o Hospital da eu ficamos com os aviões no campo e
JC - Tinha o T6. Foi uma maravilha; Aeronáutica. Porque hoje não está eles foram todos embora. Meia hora
foi o melhor avião que voei na FA B. fácil. depois, toca a aparecer gente à paisa-
Esse avião era um espetáculo I na, de metralhadora. O Fleming falava
RA - Quem eram os instrutores RA - Mas, vo ltando à guerra, em
pouco e grosso: "Eu não vou morrer
naquela época? questão de vôo, durante as missões
assim , não. Eu te nho uma 45 aqui, e
JC - Eram oficiais da reserva da não ocorreu nenhum fato interes-
vou escolhe r uns desses e vou tocar
FAB e alguns da ativa. Tinham duas sante? ficha". Eu disse "- Emelhor não tirar
JC - E claro, vários . De gozação,
bases lá: a de Tramandaí e a de Ca- a pistola". "E sim, disse ele - tire a
noas. Ficamos em Canoas. Tramanda í uma vez jogaram uma bomba dentro
sua também." Fizeram uma roda em
era a base de caça. de nossa esq uadrilh a Parecia um
torno do avião e fi cara m lá sem dizer
RA - Traman daí, na beira da Praia? petardo de canhão, mas não explodiu.
nada. Ficaram assi m até a chegada
JC - Chamava Tramandaí a base Aí tínhamos um alEmão (brasileiro) lá
dos americanos, quando então se
dos caças. Tenho quase certeza. De- conosco, o Klots, que escreveu: "Fa- mandaram.
po is do curso, em Porto Alegre, vie- vor enviar à fábrica e expl icar porque RA - Na volta, o General e o Coro-
mos para o Primeiro Grupo de Trans- não explodiu . Força Aérea Brasileira".
nel comentaram alguma coisa sobre o
porte. Fiquei um pouco e cheguei a Arranjamos um pára-quedas pequeno fim da Guerra?
voar com o hoje Brig Leig. Este Grupo e eu fui lá em cima dos alemães e soltei JC - Não disseram nada. Pousamos
de Transporte era no Santos-Dumont. a carga Não sei se eles receberam
em Alessandria quase à noite. E aí deu
Depois fui convidado para volta r para a com espo rti vidade. Fizemos , também,
aquela idéia de Jerico. Vamos voltar
companh ia, a Cruzeiro do Sul. Eles um bombardeio simbólico em cima
para a esquadrilha. T eco-T eco sem luz
deram a entender que ser ia bom eu deles com papel higiênico. Pegávamos de naveg ação, sem gônio, se m nada.
voltar. Aí eu pedi licenciamento. um monte de papel higiênico e tome
Quasé pousamos dentro de uma la-
de jogar papel em cima dos alemães. goa. Acabamos acertando com o cam-
RA - Isto em que ano? Nós tínham os um outro tipo de mis-
JC - Em 1946. E foi uma besteira. Eu po e ganhamos um elogio, entre as-
são: jogávamos armas para os "parti-
não deveria ter saído da FAB, pois o pas, pela besteira de voar à noite.
sanas" nas montanhas. RA - Quantas movimentações fo-
Cançado, a turma qu e ficou é todo RA - Quem forn ec ia estas armas?
mundo Coronel e eu estou aqui de 2° ram feitas nesses quase dez meses na
Tenente da reserva R 2. Nós nos reu- JC - Acho qu e os americanos. Vi- Itália?
nimos, todos os anos, na casa do Nero nham nuns sacos de lona com uma JC - Fizemos a viagem até Nápoles,
Moura, na Avenida Atlântica. Está bandeirola atrás e nós passávamos depois fomos para Pisa, após Sarro-
semp re todo o mundo do 1o Grupo de baixo, como quando se jogava mensa- sori, que era o campo de caça dos reis
Caça. Eles nos prezam muito, mas a gem. E lançamos muitos desses far- de Itália, depois nos deslocamos para
nossa Esquad rilha fi cou esquec ida até dos. Eram fuzis-metralhadoras, comi - Porreta Terni. Aí ficamos muito tem-
há pouco tempo. Fiqu ei até- surpreso da, etc. Um fato interessante, no meio po. Depois nos desl ocambs lá para o
com a última condecoraÇão que rece - de tantos nessa guerra: aquela Divisão norte da Itál ia, já para entregarmos os
bi: a Ordem do Mérito Aeronáutico, no 147 alemã, que se rendeu ao Exército aviões. E aconteceu que não era lá .
Grau de Cavalheiro, e o telegrama que Brasileiro, lembra? Quem levo u o Ge- Fomos para um lu gar chamado Bres-
recebi, que pensei até que fosse brin- neral Mascarenhas de Moraes e o Ge- cia, no fim da Itália, quase na Iugos-
cadeira. Teleg rama assinado pe lo Ga- neral Castelo Branco, que naquela lávia. E o negócio era ao contrário; nós
binete do Presidente da Repúb li ca. Foi época era Coronel, fomos o Fleming e tínhamos que deixar os aviões em Ná-
o Brig Délio, que é fora -de-série, e eu . O Bel oc me chamou e disse que poles. Aí vo ltamos tudo outra vez,
achou que a nossa esquadrilha mere- eu t inha de levar o Coronel a um lugar entregamos os aviões e ficamos em
cia se r lembrada, condecorada e está denominado Alessandria. Pedimos um uma espécie de campo de concentra -
aí a medalha. mapa e descobrimos que lá não tinha ção. Tomaram as armas, tomaram

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ENTREVISTA JOEL CLAPP

tudo e ficamos lá dez a quinze dias co isa seme lhante e aca bou com a
esperando embarq ue. Podíamos sa ir, esquad ril ha
mas tínhamos que vo ltar para o acam -
RA - Aca bou co m a esqu ad ril ha,
pament o para pernot tar Isto foi o f im
da gue rra pa ra nós. Ap ós o estág io O GRUPO DE CAÇA aqui no Bras il ?
que já con tei, pedi meu li cenc iamento,
ganhei um enorme elog io e fui para a ERA UMA COISA JC - Não, foi lá na Itá lia . Nós já che-
gamos aqui só oficiais da FAB, sem a
Cru zeiro do Sul. Desenvolvi a minha
aviação durante um bocado de tempo.
MUITO MAIOR . . esquadrilha .- A esquadrilha não devia
ter acabado, não. O que nós temos de
Fiz curso de Convair, nos Estados Uni- ELES ERAM OU ASA citações de todos os generais, não
dos, e tirei o primeiro lugar entre to-
dos, ta lvez porque eu soubesse inglês BRANCA OU DA está escrito. Eu fiz uma missão co111
e os demais tivessem dificu ldades. O ing leses; fui com o cha mado Capitão
resu ltado sa iu até no jorna l do Conso-
ATIVA E NÓS NÃO Pipe r. Eles tinham 60 Teco-teco e ti-
nham caído todos. Necessi tavam fazer
lidated Vultee Airc raft, em virtude da ÉRAMOS NADA uma observação , pois fazi am a prote-
nota que eu tire i: 97,30 . Voltei para o
Brasi l e, chegando aq ui, havia uma ção de todos os ca mpos . Converse i
greve. O neg ócio estava mui to confu- com este inglês q ue era obse rvado r
so e eu disse que não estava nessa . aé reo e ele disse que, depo is de El
Disse pa ra a Diretoria que voar eu A lamein, eles foram-se perdendo, per-
não ta, mas não aprovava a greve, e fu i fundo me deram de pagamento. Fiquei dendo e acabaram .
para casa porque não tinha outro jeito muito po uco, talvez uns três meses.
Fiz três vôos , três panes. Andando RA - Voltando um pouco atrás,
Aí deteriorou a minha estada na Avia-
com um motor só. Eu acho que eles pergunto: nas horas de lazer, que faz ia
çã o Comercial; tiraram-me do Convair,
eram favoráveis a um motor só, pois o pessoa l lá na Itál ia? Depois de certo
bota ram-me de novo no Douglas e 6!.J
era só deco lar e " pumba! " em ban - número de missões, não havia uma
acabei ped indo demissão. Encerrei a
deirava . E ass im eu desisti da NA B e li cença?
minha ca rr eira t rist em ente, po rque
esta co nfusi'io toda de greve fo ram os não fu i para ou t ra.
JC - Hav ia; depo is de 15 m issões
comunistas da Aviação Comercia l, que
RA - A esquad ri lha não tem o há bi - tinha di reito a uma semana. Mas nós,
havia bastante, que fizeram. Pedi meu
to, à maneira do Grupo de Caça, de se nas 75 missões, tivemos uma semana.
desligamento do Sind ica to dos Aero-
reunir periodicamente?
nautas, pois achav a que aeronauta RA Só?
não tem nada que se envolver em JC - O Grupo de Caca era uma coisa
política. Querer mudar o presidente da muito maior; eles tinham muitos pilo- JC Sól Lá se trabalhava (risos)!
companhia! Nós trocávamos a nossa tos. Eles eram ou asa branca ou da Tinha que estar semp re pronto para
técnica pe lo salário e era isto que eu ativa e nós não éramos nada. Quem decolar . Nós ganháva mos um cartão
achava que tinha de ser. Eu fu i embo ra podia fazer alguma coisa nunca qui s com os sete dias nu m la do, e você
e depois ainda houve várias greves. fazer. O pessoal todo muito re t ra ído . podia levar um aco mpan han te para
RA - Em q ue ano fo i ist o? Beloc morreu logo em seg uida, num Roma. E lá nós passá va mos es tes sete
JC - Naq uela época em que ti nha desastre da Real. O Leite foi ser prefei- di as, indo a tea tros e nos divert indo .
mu ita encrenca, muita greve. Tempo to em Sa ntos. E esses cin co que res- Uma vez, fui passar dois dia s em Ve ne-
fina l de Juscelino e início de Jango. tam têm-se encontrado na casa do za . Estávamos o Beloc e eu. Eu queri a
Foi nesta época triste para o Brasi l que Nero Moura. ver Veneza e lá fiquei a pé, pois tinha
abandonei a carreira. um Coronel do Exército que pediu para
RA - E deixou de voa r? RA - Dizem que estas reuniões na vo ltar de avião, e o Aspi rante natural-
JC - É, deixei . Nunca mais voei, a casa do Brig Nero Moura são muito mente ficou . O Aspirante voltou aquilo
não ser de passageiro A maioria dos agradáveis. t udo de "jeep". O que foi feito na ida,
em duas horas, na vo lta durou quase
comandantes que andam por aí foram
JC - É. Rea lmente, são. O pessoal vinte .
meus co-pi lotos da VA RI G, da Cruzei-
ro. Eu tenho uma vantag em. Passei o conta cas os. É muito interessa nte.
RA - Qu er dizer qu e não te m um RA - Depois da guerra , não houve
meu temp o to do na Avi acão e nun ca uma lice nça?
escrev i uma linha con tra ninguém. eve nto, uma data, um loca l onde os
Av iação é boa, se não es tiver mistu ra- remanescen tes se reúnam? JC Sim, tivemos t rês meses.
da com política. A liás, os po lít icos são
políticos, os técnicos são técnicos. JC - Não, não tem. Além do mais RA A li cença foi gozada no Brasi l?
Misturou os dois, não há vantagem se fosse feita uma reunião agora, ach~
JC Foi gozada no Brasil.
para ninguém. E prej ud icial para am- que já ia ju ntar muito pouca gente. Eu
bos . acredito que aqueles soldados, sargen - RA Diga mais uns fa tos interes-
RA - Não se dedicou a nenhuma tos, su bofi ciais já devem ter morrido. santes da rotina na Itál ia.
atividade aérea depois de sair da Cru- Nós éra mos mu ito mais moços q ue os
zei ro? outros . Uma coisa in teressa nte. Sa be JC - Na ltá,l.ia? Fizemos um banhei-
JC - Voe i um pouco nu ma cam pa - quem acabou co m a esqu adril ha? O ro a gasolina, em bai xo de uma lata ,
nhia chama da NAB. E até ch equ e se m Exé rcito . O Exé rcito fez um bolet im ou para term os banh o q uen te. O fri o lá

22
ENTREVISTA JOEL CLAPP

não era mole; 25° abaixo de zero! A funcionário do DAC qu e me di sse: "Se
hora do banho era quando um piloto tocar no Perigo, eu te mato! " (com
olhava para o pescoço do outro e aquele sotaque gaúcho) Aí eu disse:
contava: uma, duas, três, quatro ris- Eu nunca fi z nada . Ele: "Eu sei, você
quinhas de sujeira. Aí pegava o ca pa- tem essa mania". Mas ele bobeou e eu
cete, enchia de água quente Você EU ENTREI PARA acabei trocando o Peri go de lugar,
tomava banho e saía batendo o quei- tam bém. Amarrei, certa vez, uma
xo. UM ESTÁGIO QUE ga linha pelo pescoço e soltei pela Jane-
la Eu vinha voa nd o de Mato Grosso
RA - O banheiro era ao ar livre ? DURAVA SEIS para o Rio; nós trazíamos, no porão da
frente, ga lin ha, ovo, o diabo lá dentro .
JC - Não. Era dentro da barraca. Ao MESES E O FIZ EM Eu peguei uma galinha e amarrei com a
ar li vre , não dava, não. Uma vez, fu1
tomar um banh o num rio. Com, com , UMA SEMANA corda de segurar ca rga, e soltei pela
cor ri e fui para um rio gelad o à bessa; e janela. Foi · o maior bolo dentro da
cab ina. Quando todo mundo olhava
lá tinha um italiano e eu perguntei: Os
..Jiemães tomavam banho aqui? (Te- por um lado, eu soltava pelo outro, e
desco se banhava aq ui nel f1umel) viemos assim até São Paulo . E eu d1z1a
"Sim Tedesco tutto giorno". Puxa! para os passageiros: "Não é possível
Dei u~ mergulho e quase viro picolé. ter bicho nenhum! Como ele va1 voar
Quem tomava banho, não voltava. Eu entrei para um estágio que durava com a velocidade do avião?" Mas eles
Acho que ele se esqueceu desse deta- seis meses e o fiz em uma· semana. não ficaram muito convencidos. Uma
Criei logo o primeiro problema dentro vez eu dei uma gozada num político
lhe. Você perguntou so bre as horas de
lazer. De manhã, acordávamos, íamos da Cruzeiro, porque eles me designa - que até já morreu . O vôo atrasou em
para o ran cho e ganhávamos cigarros. vam mo to res. Eu chegava para o ale- São Paulo e ele veio nos chatear na ca-
Eu não fumava, po1s c1garros val 1a m mão instrutor da matéria e dizia: bina. Eu usava um fone pequeno, auri-
ouro. Ganhávamos creme de barbear, "Quando estiver pronto para fazer o cu lar, que tinha um reostato. Enfiei o
gilete, tal co , cada dia vinha uma coi sa. fio por dentro da manga. Aí o Deputa-
exame, você me examina?" e Ele:
Foi a melhor guerra do mundo. Eu do aborrecido começou a falar e eu
"Exam ino". "Então estou pronto". Ele
nun ca tinha comido tanta gal1nha, disse : - "Um momentinho, fale aqui
fe z então tudo o qu e é pergun ta. Pa s-
peru, ovo, queijos maravilhosos, uma porque não estou ouvi ndo bem. Aí ele
se i. Meteorologia, tudo, tudo igual. Aí
falou e eu mexi no potenciômetro e as-
comida excelente. mand aram chamar-me e disseram que
o estágio não era assim. Mas, já era sobiei fiu, fiu ... "acho que a pilha des-
RA - Quer dizer que o passadio era carregou". Aí um camarada disse: "-
excelente. Quem fazia o ran cho? tarde· eu havia feito tudo e fui para o
Piloto não pode ser surdo, Ble está te
vôo. Fiz uns poucos vôos de co-p ilo to
JC - Dos nossos 53 era um cabo gozando". Foi o Diabo . O cara queria-
e vieram os americanos, pois a Cruzei-
que era meio maluco, o Bicudo; el ~ me bater . Uma boa era trocar o ovo
ro tinha co mprado os DC-4. E fomos
coz inhava co m um fuzil nas costas . A1 das caixas de lanche de cozido para
nós que falá vamos inglês: Tupinambá,
um oficial perguntou a ele o que era cru. Você pode imaginar, quando oca-
Carlos Niemeyer, Edmundo, uns cmco
aquilo. E ele: "Pode haver um comba - ra quebra a cas ca ... E tem uma que é
ou seis. Aconteceu, então, uma coisa
te". Café era engraçado; enchia-se um meio mórbida. Durante uma viagem,
engraçada. Nós voávamos pelo sis-
latão com café em pó e então jogava - morreu uma passageira e, no destino,
tema americano e os alemães ens ina-
se água quase fri a e não coava. O cabo eu ia descendo, com o corpo nos bra-
vam pelo sistema alemão, que era
Bicudo era muito vivo. Após o café, ços, quando um repórter perguntou:
diferente. Eles achavam lá na Alema-
ele recolhia o resto do pó, secava, - De que foi que ela morreu? Olhe1
nha que a bolinha era centrada co m o
colocava um pouco de pó novo em para um lad o, para o outro , e disse:
pé e que o ponteiro era colocad,o co m
cima, empacotava e vendia para o "- Ainda não aumentaram o lanch e".
a asa. Aí nós fazíamos ao co ntrario do
italiano como novo. Du rante todo o Nesta, quase que fui para a rua. Esta
que os pilotos al emães da Cruzeiro
tempo da guerra, nunca fal to u nada. O f oi a minha maneira de levar a v1da,
fa ziam. Deu um bolo danado e os
americano só ficava espantado com a alegre e satisfeito , pois voava por pra-
americanos diziam que eles estavam
quantidad e de açúcar que nós comía- zer, não voava por voar. Faz1a porque
certos: a bolinha com a mão e o pon -
mos. Americano come muito pouqui - gostava. A co isa agora está fácil. E só
teiro com o pé. Aconteceu que os co-
nho açúcar. E o que a gente pedia de botão; não se faz nada. Naquele tem-
pil otos estavam prontos para serem
açúcar não estava "no gibi" . O unifor- po nosso, era ida e volta ao, Acre,
Comandantes de DC-4 sem serem de
me é que era uma pena; chegava na mão. E con tando os 1garapes. Se
DC-3 . Durante minha estada na Avia-
determinado dia, ia tudo fora. Rece- perdesse um, não se achava mais. O
cão Comercial, fiz muitas gozações.
bíamos tudo novo. Era um período de gônio só entrava dez minutos fora,
Uma vez, peguei os cac horros da cos-
três meses a duracão dos uniformes; quer dizer, você não podia estar mul-
ta e os troquei de cidade. Pousava, to fora da rota. E isto é que é a v1da da
após esse tempo; recebíamos tudo chamava o cachorro, botava dentro do
novo. gente. E hoje sou um desoc upado per-
porão, levava para outro aeroporto, e manente.
RA - Como foi a sua passagem na fui trocando tudo. Os cachorros fica -
Aviação Comercial?
ram como doidos; não sabiam onde
JC - Creio que fui o co- piloto de
formação mais rápida da Comercial.
estavam. Aí, quando passei a voar
para o Rio Grande, topei com um
• 23
H-.,... .,

/
--~~,~,--··· · - - - - · ·-· ···· • >··-······ '

.. -.,...__ .
..
De todos os projetos aeronáuticos
americanos atualmente em desenvol-
vimento, um dos mais importan tes e
nascido com características de êxito é
sem dúvida o "F 5G TIGERSHARK " .
O F 5G está sendo desenvolvido para
competir com o F16, da GENERAL " -
DYNAMICS, na substitu ição dos F
5A, E, vendidos fora dos Estad os Uni-
dos, e recebeu a designação de "IN-
TERMEDIATE EXPORT FIGHTER
A IRCRAFT", ou simp les mente FX.
Ao trocar os dois turbomotores
"' "General El ectric" J85 de 5 000 libras
de empuxo do F 5E por um turbofan
GE 404-100 de 17 000 libras de empuxo
(motor usado no F-18A Hornet da
McDonnell Douglas construído para a
Marinha dos USA), a NORTHROP
está desenvolvendo um avião de am-
plo aspecto de rendimento. Combi-
nando uma grande aceleração com
eno rme ca pacidade ascen sional , o
F 5G terá uma veloc idad e má xim a de
Mach 2. 0 em grande altitud e, manten -
do as características de segurança e
manobrabilidade dos primeiros mode-
los do F5. Somando as vantagens do
conjugado, radares de ataque mais
eficientes e modernos com mísseis de
novo desenho, o novo avião terá uma
in crível capac idade operacional para o
seu, atualmente (na prancheta), mo-
desto preço de 7 milhões de dólares.
O F 5G é produto do dese nvo lvi-
mento de uma grande família de aero-
naves de caça construídas pela
NORTHROP. Ela teve orige m no início
da década de 1950 com o projeto de
caça monoplace designado N 156, pro-
posto para uso pela Ma ri nha dos Esta-
dos Unidos a partir de porta-aviões de
}amanho reduzido. Mas es e tipo de
porta-aviões foi retirado de servico e
as atenções da NORTHROP em ' r~la­
ção ao N 156 direcionaram-se em trans-
formá -lo para operação a partir de
ba ses terrestres. O objetivo a atingir, r
pelo emp rego de novos conhecimen -
tos no campo da aerod inâmica, moto-
res mais leves e de tamanho reduzid o
mísseis precisos e autodirigidos (AIM ~
9-S ID EWINDERl , era atingir o mesm o
rendimento do FLOO SUPERSABRE
com um avião muito mais leve e mai~
barato .
l
. Por ironia, o resultado do trabalho
PIOneiro da NORTHROP, no campo
dos caças ligei ros, foi um pedido da
FORÇA AÉREA dos Estados Unidos, O F5E pode ser empregado nas Electric e um sistema inerêial Honey-
para uma versão de treinamento avan - missões de defesa aérea com bom well .
çado de dois lugares que substituísse o tempo e está sendo usado tanto pela Objetivando manter as caracterís-
LOCKHEED T-33. USAF quanto pela USN para treina- t icas de segurança e manobras das pri -
mento de combate aéreo. Mas o F 5E meiras séries dos F5, foi mantido o
O primeiro YT-38 TALON voou não pertence a mesma classe dos mesmo desenho da fuselagem poste- ·
em 10 de abril de 1959, e em janeiro de F-16A Fighting Falcon, e chegará o rior na fuselagem mais estreita do
1972 foi construída a última aeronave mome.nto em que os caças fabricados F 5G.
T38 de número 1.189. Este avião tem fora dos USA oferecerão melhores O F 5G mantém o controle mesmo
um peso bruto de 11 600 libras , e está rendimentos em combate. Tai -uan e em grandes ângulos de ataque de até
equipado com dois motores J85-G EJ Coréia do Sul, entre outros, estão 60 graus, e é à prova de parafuso.
de 3 850 libras de empuxo, e tem uma pressionando os Estados Unidos para Sendo pouca co isa mais pesado do
ve locidade . máxima em torno de um programa visando ao mais rápido que o F 5E, tem um peso de decola -
MACH 1.30. Possui um grande mérito: possível substituir os F 5E. gem normal de 17 110 libras para um
o do mais baixo índice de acidentes A administração CARTER ini cial- máximo de 26 140 libras. A distância
entre os aviões militares supersônicos mente proibiu o desenvolvimento ou de decolagem em configuração lisa fei · I

no mundo. modificacões de armas visando so- reduzida em 28 por cento (para 1 450)
O avião de caça, então, teve que mente à ~xportação. Mas essa política nas co ndi ções-padrão, e um aumento
esperar até maio de 1962 para o seu foi modificada pelo Departamento de de 48 por cento na razão de subida que
lançamento , quando o Departamento Estad o em janeiro de 1980. Ficou acor- se situa em torno de 50 300 pés/minu-
de Defesa anunciou que o M 156 F dado que, em certos casos, a expor- to. A aceleracão de Mach 0.90 a 1.2, a
havia sido escolhido para equipar as tacão de um caca intermediário (por 30 000 pés, ~elhorou em 48 por cento
forças aé reas das nações amigas, de exémplo um modelo entre o F5E e o e se faz no tempo de 30 segundos, e a
acordo com o "Military Assistance ~16A, no que se refere a custo bene- velocidade máxima em torno de
Program" (MAP). Com novo desenho fício) se ria de interesse nacional, mas Mach 2.0 aumentou em 22 por cent8.
e nova designação F 5A (F 58 para o que o Governo dos Estados Unidos O Tigershark combinará o seu
biplace de treinamento), o "Freedom não financiaria o desenvolvimento baixo custo com um bom rendimento
Flighter" entrou em produção não desse FX. em emprego nas missões de defesa
somente para atender os países do aérea, dando, deste modo, um bom
Esta proposta provocou o desen-
MAP, mas também para outros países índice custo-benefício. Para aqueles
volvimento de dois aviões: o Northrop
como Espanha , Canadá e Noruega. países que compraram o F 5E, nã o
F-5G (uma versão mais potente do
Mais de 1 100 F 5A e F 58 foram F 5E) e o F16/79 da General Dynamics haverá preocupações, visto que a pro-
construídos para mais de 20 países. O ducão inicial desta terceira fase de
(uma versão com potência reduzida do
monoplace tinha um peso básico de desenvolvimento do caça ligeiro da
F16A). O primeiro F16/79 voou em 29
13 170 libra s, e um máximo de 19 860 de outubro de 1980, mas, apesar dos Northrop está apenas começando . Um
libras. Era equipado com dois J 85-GE- esforcas desenvolvidos para vender o aumento de empuxo do motor F 404
13 de 4 080 libras de empuxo cada um avião' à Venezuela, produziu pouco para 18 000 libras já está garantido e já
e uma velocidade máxima de Mach interesse no mercado. Os clien tes se está pensando em aumentar para
140 em grande altitude. O biplace não potenciais para a categoria do FX pare- 19 000 libras de empu xo a atual potên-
possuía os canhões de 20mm, era um cem estar esperando ver o F JG, que cia do motor.
pouco mais leve e alcançava somente está previsto para voar em setembro Em decorrência deste aumento de
Mach 1.34. de 1982, com entrega .calculada para potência, o F 5G aceitará cargas mais
julho de 1983. pesadas e receberá um aumento da
Doze F 5A ligeiramente modifica- · Além do aumento de 60 por cento área alar, o qual melhorará sua capaci -
dos foram ava liados pela USAF no em empuxo, o F5G será diferente do dade de manobras em um combate
Vietnam, em 1965-66, de acordo com F5E por ter uma entrada de ar mais aéreo.
o programa "Skoshitiger", mas con- larga, com melhor rendimento, "slots" Por todas estas razões, a Northrop
clui-se que o FJA tinha pouco empuxo de bordo de ataque maiores, uma asa- espera alcançar o índice de vendas em
e pequena autonomia para missões de de construcão mais robusta (9G), uma torno de 1 000 aeronaves.
ataque ao solo. O resultado da avalia- fuselagem · ligeiramente mais larga,
cão foi o desenvolvimento do F 5E rodas e freios melhorados e uma nace-
Tiger 11, nos quais foram instalados le de novo desenho com melhor visi- (Traducão e Adaptação do artigo
motores J85-GE-21 de 5 000 libras de bilidade para trás. As opções para os de Roy Braybrook, publicado na Revis-
empuxo e uma fuselagem mais larga aviões incluem um novo radar General ta Aero , de novembro cie 1981 ).
para conter tanques maiores, aviões
modernizados, "flaps" de manobras e
"slots" de bordo de ataque maiores.

O F5E tem um · peso básico de


15 550 libras, um máximo de 24 680
libras e uma velocidade máxima de
Mach 1.64. O biplace F5F é ligeira-
mente mais pesado e está limitado a
Mach 1.53. O F5E voou pela primeira
vez em 11 de agosto de 1972, e o total
de pedidos já atinge atualmente a mar- . _/"'
ca de 1 300 aviões.

26 .
Lui z Pedro Miranda da Costa

"Out ra part ida, agora sem inJ eção na l compe tentíss imo e se desempe- ca pitão recém-declarad o primei ro pilo-
de combustível'" nham com a naturalidade de q uem to - cheio de conhecimentos teóricos
nasceu para aque le mister e pa rece dos regu lamentos do CAN, das nor-
Dua s vezes tentáramos e o motor que sempre foi daquele jeito e ja ma is mas de proce dimentos do avião e,
direito não da va sinal de qu erer pegar . envelh ecerá. também , dos regulamen tos discipli na-
Esperados os minutos previstos, insis- Muitos partiram em viagem sem res, que os ap licara, e bastante, em
tíramos, mas agora nos ca bia fa zer volta , direto ao cé u e à glór ia, deixa n- alguns an os de Afon sos; comp leta vam
uma tentativa no outro moto r; no en - do um lugar logo preench id o por um nossa equipagem o Radi ote legraf ista
tanto , o mecân ico atrás de nós, de pé substituto à altura nas esca las de vôo e - com sua presença discreta, mas
na cab ina, deu o "bizu" mág ic o qu e, na man utenção dos aviões, mas um ainda sem os traços dos tiques nervo-
' ce rtam ente, faria o motor f uncio nar. vazi o não preen chido na presença afá- sos dos mais antig os, com mui ta s ho-
- E deu cer to ! vel e na pal avra amiga para os seus ras ence rradas naqueles acanha dos
O out ro motor não dem orou a f un- íntimos. cubícul os do rádio, batu ca nd o seu Có-
cionar e agora o velho C47 se balan - Sobre uma dessa s fig ura s cou - digo Morse e nos forn ecendo o estad o
çava no terreno irreg ular de gram a, be-me uma passagem que de man da - do tempo ao longo da rota - e o
pedrisc os e buracos, em direcão à ria uma longa série de sessões de estu- M ecânico que me cha mou a atenção
cabeceira-da-pista. de Conceiç~o do do da persona li dade hu ma na ou de por seu aspecto pou co ma rc ial; sem a
A raguaia. normas de comportamento ou, ainda , cobertura na ca beça - o qu e o ex imiu
O citado mecâni co e o deno mi ll ado de proce dimen tos de lid erança s, caso de nos fa zer con tin ência - mangas ar-
"bizu" que fez o moto r funcionar fa- a enca rássem os como um caso à parte regaçadas, calça e camisa do uniforme
zem parte do f olclore do CAN e há e não co mo uma quase rotina, po is de vôo, em vez de calça de brim e
outras histórias qu e abordam diferen - mu itos são como ele ou têm procedi- cam isa de man ute nção que seriam de
t~s aspec tos, entre os qu ais o hu ma- mento idêntico em situações sem e- es perar de quem est ivera san ando uma
n1_st1co dos membros de equipagens de lha ntes. pane no mot or.
voo qu e mu itas vezes parecem verda - A tripu laçã o do nosso vôo ao Ac re Seu comentá rio deixou -me em
deiros "paisanos", porém têm alma de éram os o Major Comandante do avião- guard a: "Este motor dire1t o va i dar
genu ín o militar, coração de prof iss io- velha ág uia do CA N, eu - um JOvem t rabalho ... !"

27
O " velha ág uia" não se im press io- caísse um pouco mais de rotação do O almoço não foi mau e voltamos
nou : "Dá para sair do Galeão7 " que o usual nos cheques dos magne- céleres para apanhar a bagagem, isto
Ele: "Se o Sr. usá -lo com cui- tos, estava dentro dos limites. Esses é, para a nova decolagem.
do, dá" . limites eu os conhecia bem , pois aca- O cenário estava pronto: ele, desta
bara de montar uma prova para a vez, com o uniforme de manutenção
Cumpridos os rituais que precedem Seção de Instrução do COMTA e esta- um pouco sujo, mas não muito; a
todo vôo de linha, consegu imos deco- va com mu ita disposição de checar os mesma chave de parafusos na mão e
lar, e a primeira etapa com destino a con hec imen tos dos pil otos so bre os no olh ar, uma exp ressão de vitória:
São Pau lo surpreende ntemente se deu limites dos instrumentos e outros nu- Não havia ma is dúvidas; agora era
sem alteração, pois o costiJm eiro ne- merozinhos caba lísticos; havia dosado ce rto o diagnóstico . Va mos ouvi-lo:
voeiro de manhã de invern o estava bem o questionário com itens sobre "Major, achei a pane! Era no vibra-
ausente e pousamos sem atraso. esse tema. dor, etc. e tal. Consegui resolver com
Feito o plano de vôo, t omado o o material da caixa de suprimento do
cafezinho, "lavadas as mã os", demos Prosseguindo o vôo, a história se avião e acho que não vamos ter mais
ordem para emba rque e nos dirigimos repetiu no campo de Três Lagoas (ain- problema" .
para o avião . Encontramos o M ecân ico da não existia Urubupungá, meus jo- Será qu e ouvi bem?
debaix o da asa do avião com o unifor- vens!). Ao aprox1marmo-nos do avião E o pernoite?
me limpo, sem manchas de óleo, com para preparar a próx ima decolagem , E o gati lho preparado para dispa-
uma chave de fenda na mão, uma encontramos out ra vez aque la cara de rar, ou melhor, parar o av ião em Cam-
expressão de desc rença e o comentá - descrença, um repet ido prognóst ico po Grande?
ri o: "Esse mo to r não passa de Campo de que não passaríamos de Campo O "velha ág uia": / '
Grande." Grande e o meu "acumulador de ra- "Você já almoçou ou vai "traçar" o
zões" , obviamente, prevendo uma tro- lanche de bordo?"
Aí esta va a chave do mistério; o
ca de motor em Campo Grande, com o Ele:
nosso amigo estava preparand o o
respectivo atraso de dois ou três dias, "Estou bem alimentado, podemos
pano de fundo para uma gloriosa troca prosseguir ."
em uma viagem de cinco.
d~ motor em Campo Grande, o qu e,
Foi uma de minhas viagens mais
certamente, lhe renderia uns pares de
Pousamos em Campo Grande e próximas do gabarito no cumprimento
dias junt o a alguém de seu in te resse. de horários e rotinas .
Só podia se r isso, dadp aquele jeitã o e quase desci com bagagem e tudo.
Como era hora do almoço, reso lvi O mecân ico disp licente e interes-
suas sign if icativas inçficações de onde
agua rda r o desfec ho, enq uanto ap res- se iro, na aparênc ia, most rou-se, ao
iria ocorrer o agravam ento do defei to
sávamos o passo pa ra não atrasa r a longo de toda a viagem, um se r dota -
do motor .
próxima decolagem - que não have- do de grande cortesia e respeito no
Como o "velha águia" não se emo- trato com passageiros e tripulantes,
ria!
cionou, guardei meu comentário para encarregados dos Postos CAN e au -
uma posterior análise retrospectiva xiliares de pista .
Dirigimo-nos para o Ran cho e insi-
dos fatos; conclu iria pelo dolo do "ir- Após essa viagem, tornamo-nos
nuei a poss,ibilidade de um pernoite
responsável" que nos permitira deco- amigos e, em cada viagem onde apare-
para sondar o "velha águ ia" , mas ele
lar do Galeão com um motor em mau cia seu nome na esca la, já sabia que
estava conf ia nte na máqui na e
estado, porque queria passa r uns dias podia confiar em suas opini ões e su-
prognosticou uma viagem tranqüila
em Campo Grande. gestões.
(cheguei a pensar que ele estava man -
Úm fato algo estranho era que o com una do com ... não, não tinha o di- Fica a pergunta: on de aq uele ar
moto r não trep idava em vôo e, embo ra reito de pen sa r, e não pense i ... ). pres unçoso, aque le apa rente desinte-
resse e pouco caso com as triviais
exigências da formalidade militar ou da
rotina -padrão dos proced imentos de
operação do avião?
Para essa pergunta que o "velha
águia" deve ter visto estampada em
minha testa ele tinha a resposta, mas
talvez um dia, em tempos passad os,
também a tenha feito e agora qu e já
tinha a resp osta aguardara para que,
igualmente, a descobrisse e, mais
adi ante, desse chance a al gum "n ov i-
nho" de, da mesma forma, descobrir
por si próprio a importância do rela cio-
namento humano entre os membros
de uma equi pe e o valor dos indiví-
duos pelo que são e pelo que fazem, e
não pelo que suas aparências nos su -
gerem.

Lição : do dia-a -dia.

Uma pista pioneira na Amazônia. Escola: da vida

28
recordista da Caça
Tra duzido e adaptado por João
Viei ra de Sousa - Ce l Av RR - de
arti go de Ha ns Wing publicado em
His tó ri a Specia l420 Bis.

Hartmann conseguiu suas 352 vitó - próprio. Em suas dua s primeiras mi s-


rias às 8 50 hs, do di a 08 de maio de sões cont ra os russos, qu ebrou duas
1945, contra um Yak 2 soviético À vezes seu avião ao fazer aterragens
tarde, a Alemanha havendo capi tula- forçada s. Na segunda vez, ele baixou
do, o recordista de vi tó ri as aé rea s ao hospita l com co moção ce rebral.
apresentou-se , co m seu supe ri or dire- Desencorajado, Eri ch mergulha em
to da J G-52 (52 a Esquadra de Caça), o grande depressão nervosa, convenci -
Tenen te- Coro nel Graf, ao Comandan - do de qu e jamais será um bom piloto.
te de uma Uni dade de Carros de Com- Ele di rige uma carta ao Cel Hrabak
ba te americana, que por sua vez os "Nã o va i adiantar insistir em voa r e,
entregou aos russos a 16 de maio. assim send o, eu abdrHJono o vôo".
Erich Hartmann tinha então 23 Dietrich Hrabak, porém, não é desta
anos. El e f ica ria prisioneiro dos russos opinião. El e se dirige imed iatamente
no período de 10 anos, durante os ao hospital para levantar a moral de
qua is serecusou a colaborar com eles , Bubi e, dia após di a, o ajudará a recu -
que lhe haviam proposto sua li berdade perar a co nfiança em si.
em troca de ser um de seus agentes na Na primavera de 1943, o conva les-
A lemanha Ocidental cente Hartmann retorna à JG -52 e
Hartmann nasceu em 19 de ab ri l de rapidamente vai afirmar-se como um
1922, em Weissach, no Wurtemberg. dos melh ores pil otos da Esquadra.
En tro u em 1940 na Luftwatte como Sua pr imeira vitór ia ele obtém com
aluno oficial, após term inar seu 2° um Messerschim itt 109 contra um
cicl o. Seus amigos o chamavam de Yak, ao f ina l de um form idável comba -
Bubi, o que sign ifica " garotinh o" . te, a 8 000 m de alti tude , após quase
Seu íd olo, nessa ocasião, é Werner te r entrado por den t ro do seu ini mi go.
Molders, ás da Leg ião Condor durante Em segu ida, as vitó rias acumulam-se.
a guerra civil da Espanha, e que ve io a A 01 de agosto de 1943, Günth er
morrer a 23 de novembro de 1941, Ral l, Comandante do 3° grupo da
quando se deslocava para ass istir ao YG-52, dá-lh e o comando da 9a esqu a-
fun eral de Ernst Udet , pi lotando um drilha, cujo ch efe, o tenen te Korts,
Heinkel 111 qu e se chocou com uma acaba de ser morto em combate.
Major Erich Hartmann.
cham iné de uma fábrica , ao fa ze r um Nessa ocas ião , Eri ch já possui 46
cisca em um tempo péssimo. vitórias.
Com 20 anos, Bubi é tenente. O A 5 de agosto , se u esco re já é de 60
Estado- Maior desig na-o para a JG-52, vitórias! Dia 17 de agosto ele alcança a
comandad a pelo Co ronel Di ét ri ch Hra - soa, isto é, iguala o reco rd e estabeleci-
Hartmann:
bak e nessa ocasião baseada em Mai- do por Manfred Von Ri ch th ofen du-
kop, no Cáucaso. An tes de ap resen- rante a Pri meira Guerra Mundial !.
trezentas e cinqüenta e duas tar-se, Erich fo i ver aquela que ele A lguns dias após, Hartmann está à
vitórias homologadas em combate ama , Ursula Paetshc, qu e era tão mo- procura de sua 90a vítima, sob re o
rena como ele era louro, e que ele Cáucaso.
aéreo, recorde absoluto para os
chamava, te rnamente, de Usch. Nessa - lvans* bem à frente!. g ri ta um
pilotos de caça das duas guerras ocasião, ele lhe diz q ue vai casar-se de seus ala s no rádio.·
mundiais. 352 vitórias, ou seja 51 a com ela, quando a guerra acabar, e Na f ormação dos Yak, Erich Hart-
mais I que o seu rival mais próximo, pergunta- lh e se ela va i es perá -lo. Ela mann esco lhe seu adversário. Ele se
um nutro alemão, Gerd Barkhom. afirma -lh e que sim! ap rox ima dela cada vez mais. A distân-
Quand o escreve a Usch, algun s
dias após sua c hegada à sua Unidade, * Para os alemães, o adve rsá ri o ru sso
Eri ch não está muito orgulhoso de si era " Ivan".

29
cia qu e qualquer outro julga boa para perfei to con hec imento da s reações contra nós. Hartmann, o qu e você
atirar não serve para ele que co ntinu a a dos pilotos e das estru turas dos avi ões ac ha dos bombardeios an glo -a merica-
aprox imar-se, julgando-se ainda dema - inimigos co nst it uem sua técni ca . nos so bre a Alemanha?
siado longe. O Yak cresce muito no Um pi loto qua atira de long e: nada Parece- me que nós não aborda -
se u visor. Ele atira apenas um a rajada e a temer. Deve se r um piloto muito mos este pr ob lema co rre ta mente.
o aviã o sov iético exp lode . Hartmann jovem ou inábil. Ao contrá ri o, deve-se Por quê?
não tem tempo para sabo rea r sua vitó- descon fi ar daquele que se aprox ima O Marecha l de Campo Goering
ria . Dois outros Yak mergu lham sobre cada vez mai s, sem atirar. Est e, certa- ord enou que se decolasse lo go que os
ele. El e gira ráp id o para enfrentar o mente, é uma "raposa ve lha l. bom bard eiros fosse m detectado s, de
ma is próx im o, ati ra e o abate. O se- Quan to aos apa relhos russos, Ha rt- dia ou à noite, qua lqu er que fo sse o
gun do, porém, está em su a cauda e mann já co nh ece perfeitam ente seus temp o.
atira O Messe rschimi tt é atingid o. pontos fracos. - Isto é er rado?
Chamas jorram do seu motor. E·preci- Assim, o temível caça-bomba rdeiro - Sim, meu Fü hrer. Nós pe rde-
so saltar. IL-2 Stor movik é o mais difíci l de se r mos assim, in utilmente, um grand e
Falta de so rte de Hartmann. Um abat id o; na verdade, ele nã o é tão nú mero de pil otos, f orçando-os a de-
ven to violento leva-o em di reção às manobráve l nem ráp ido como o Yak, co lar e aterrar em co ndições meteo ro- ,
li nhas soviética s. Log o que toca o solo mas pode receber uma qu an t idade lóg icas em que os ac id en tes são in evi -
é cercado por so ld ados soviéticos que incrível de projetis sem que pen etrem táveis. Um an o, pel o me nos, se ria
gri tam: "R uki Ve rkh" (mãos ao alto) !. na blindagem formi dável da ca bi na. necessário para dar a t odos os pilotos
Um ofic ial aproxima-se e exa min a-o Mas o " Diab o Negro" descobr iu o a quali fi caçã o necessári a. O qu e deve-
cu id adosamente, à procura de armas e pon to fraco do Stormovik, o seu radia - ria ser feit o se ria faze r ataq ues maciços
documentos, mandando-o, em segu i- dor de óleo loca li zado sob a fu sela- qu ando as condi ções meteorológica s
da, sentar-se em um a via tura q ue parte gem . El e o ata ca aprese ntand o-se com f ossem boas
imedi atamente. um ângulo de 15 a 20 , por baixo, para - Você acha então q ue o trein a-
Um quilômetro ad iante, Hartmann evitar entrar na linha de t iro do metra- mento dos nossos pilotos é defi cien te?
em pu rra, com vio lên cia, seu ap risi ona- lhad or de cauda. Uma vez seu radiad o r - Comp letamente, meu Fü hrer.
dor, salta da viatura atirando-se no de óleo at ingid o, o IL-2 pega fogo. Os ofi ciais JOvens que chegam à m inha
so lo ped regoso e sa i co rrendo, para Outro ponto fraco desse aparelho é a esq uadrilha, na Rússi a, possu em um
um bosq ue próx im o. Tiros sã o ouv i- junção das asas co m a fuse lag em. máx imo de 60 hora s de vôo, das qu ais
dos, mas, por milagre ; ele não é atin - Esses são os pontos visados por Har·t- ape nas umas 20 no Messersc him itt
gido. Ei-lo correndo no bosq ue a per- ma nn, quando o IL-2 voa muito bai xo. 109 . Isto explica a ma ioria de nossa s
der o fôlego! As devastações cau sada s nos céus perdas no "fron t" leste. Eles são abati -
Onde ir? Como se orie ntar? do Cáucaso pelo "Demôn io Negro" dos quase que imed iatamente; não
De repente surge uma idéia. O ruí- co ntinu am no mesmo ritmo incrível. E estã o prontos para combater. E um
do da art ilh ar ia El e o pe rcebe , cada as con decorações co ntinu am pa ra crim e, meu Füh rer.
vez ma is claro. Ela se rá sua bússo la. Bub i f olhas de carva lho pela 200 8 Hitler parece cad a vez ma is can -
Após esconder-se no bosq ue até o vitória e as espadas pela 263 8 . sado.
pôr do so l, Hartmann inici a sua mar- Em 24 de agosto de 1944, alcanç a a - Hartma nn, tu do isto que você
cha logo que escurece. A t ravessa 300 8 vitória, im ed iatamen te seg uid a da me diz deve se r verdade, diz ele, mas
campos, vales e ri os . Ao long e, ele 30 1" ago ra é tarde dem ais.
ouve os tiros de canhões. Os co leg as d'e Hartmann faz em A entrev ista aca ba. Apesar de su as
-A lt o! uma festa pa ra ele e esc revem, com 30 1 vit óri as e dos di ama ntes, Erich
Um tiro de fuzil é dado. creme, so bre um imenso bolo , o nú - está triste. Ele não pode deixar de
- Não ati re, grita Erich, eu so u mero 300. No dia seguin te, o Coron el pensar na certeza, qu e ag ora tem, de
olc mão co mo você ! Hrabak c hama-o e anun cia-lh e: que a derrota é inevitável!
- Pare! - Bra vo, Bubi! O Führer aca ba de No dia seguinte , partind o para a
A sent in ela está a 20 metros dele. lhe conceder os diamantes. Você deve casa de seus pa is, em Stuttgart, ele
Ele se aprox ima e consta ta que o so l- ap resentar-se, depois de am anhã, ao decide que sua 302 8 vitória se ri a Usch.
dado está praticamente paralisado Quartel-Genera l em I nsterbu rg, par a Ele vai esposá -la .
pelo medo l Ele tem que o con vencer. recebê-los da s próprias mãos dele. De vo lta ao "front" oriental, os
Em seg uida, va i à presença de um Não se esqu eça que, an tes de você, co mbates prossegu em pa ra Harl-
oficial alemã o, artilheiro . T rinta e seis apenas seis pi lo tos recebe ram esta aIta mann . A JG -52 está empenha dc a
horas após ter sido obrigad o a aba ndo- dist inção. Dois dias depo is, Eri ch Hart- fundo cont ra a horda de avi ões sov ié-
nar se u avião, Bubi está de reg resso à ma nn é co ndecorado por Hi t ler, qu e o trcos; ela está ope rando ago ra na
JG -52, onde seus co mpanheiros o convida para almoçar co m ele. Tchec o-eslováq ui a .
re cebem festiv amen te . - Precisa ríam os de mui tos como Seu heró i con tin ua acu m uland o
Outubro de 1943 - Eri c h Hart- você e Rudel (pi loto de stukas e co- vit óri as, mas ele sabe que a A lemanha
mann co mpleta sua 150 8 vitór ia. Rece- mandante chefe da SG -2), mas militar- está perdida No di a 8 de maio de
be a cru z de cava leiro. mente, Hartmann, a guerra es tá perdi - 1945, ap ós ter abatido sua 352 8 vítima,
O louro apa ixo nado de Usc h, com da, lhe diz o Führer, co mpleta mente fi ca sabendo que a Weh rmacht ren -
a qual ficou noivo em 14 de junh o de exte nu ado . Você já deve saber di sto. deu-se e, com Graf , rende-se aos am e-
1943, tornou -se o pi loto mais temido Ex istem divergências en tre os ingl eses ri canos. Enquanto estes en treg am os
pelos soviét icos que o chamam de e os americano s, de um lado, e os dois pilot os aos ru ssos, Usch dá à luz
" Dem ônio Negro". A tática de Eri ch é russos do outro. Para nós, é importan - um gar ot o, Peter Eri ch: no dia 21 de
pe rf eita. Os combates acrobáticos, te agüentarmos mais algum tempo. Os ma io de 1945. Eri ch só va i ter notícia
como aque le oco rrid o em sua primeira russos ba ter-se-ão, em breve, contra do nascimento do fil ho em ma io de
vitória, são evitados. Serieda de e um os seus aliado s de hoje, com o o fa zem 1946 , através de uma carta de sua

30
esposa qu e os russ os finalmente o sioneiros, para finalmente ap risioná-lo trem. Voronej, Stalinogorsk, Moscou,
deixam receber. no de Diaterka, no Oural. Briansk, o trem segue direçã o oeste ...
Mas a criança não sobreviverá às Usc h escreve-lhe todos os dias, Pol ônia, Alemanha Oriental. .. e, en-
duras condições de ap ós guerra e mor- mas os soviéticos só entregam a Erich fim, o nom e de uma estacão: Herles-
rerá com dois anos e nove meses. Ele uma em dez cartas recebidas. Qua nto hausen. ·
só vai saber da morte do filh o, que a ele, só tem direito a esc reve r uma Ele está, finalmente , livre!
jamais ve rá, um ano depois. ca rta por mês, com o máx im o de 20 No dia seguinte, às 6 horas da
linhas. manh ã, Usc h está em seus braços.
Hartm ann recuso u co labo rar co m A partir de 1956 o tenen te Erich
os russos . Foi então condenado, duas Em 1955, por ocasião do seu déci-
Hartm ann retorna às Forcas Aéreas da
vezes, a 25 anos de trabalh os força- mo ano de prisão, prod uz-se um mila- Bundeswe hr, como pil oto. No dia 23
dos. Ele tem apenas 23 anos . Durante gre provocado pela visita a Moscou do
de fevereiro de 1957, em Tubingen,
seis anos, seus ca rcereiros vão amea- Chanceler Federal, o Dr . Konrad Ade- Ush tem uma menina lourinha, Ursula
cá- lo, tentar corrompê-lo, mas ele nau er: com os demais prisioneiros de Isabel, que se torna ·logo a "pequena
~esistirá e ainda ajuda rá muitos compa- guerra, ele é libertado em outub ro ! Usch ".
triotas a resistirem . Os ru ssos o trans- Erich e seus companheiros são Ela ajudará seus pai s a esquecerem
ferem, várias vezes, de campo de pri- levados até Rostov, onde pegam um o passado.

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31
32
VIOLO !DOLO LISSA

A circulação do p apel moeda no Brasil Estatutos, porém, a partir de emão, as emis- definitivo à dusordem financeira, fixando o
1eve início no Arraial do Tijuco, Capitania das sões tornaram-se av1/1antes e descontroladas, Padrão Monetário.
Minas Gerais, e foi emitido pela Casa da Ad- chegando o meio circulame, em 7827, a ma1s Assim, por determinacão do Decreto de
minislracão Geral dos Diamantes. Essa mis- de 8 000 CONTOS DE RÉIS em papé1s do 7 de junho de 7833, o Go.;erno manda estam-
são de Úlhetes foi auwnzada pelo Regimen10 banco (Am aro Cavalcanti, o Meio Circulante par na Inglaterra o papel moeda, com o obje-
de 2 de agosvo de 777 7. No enmnio, têm-se Nacional, 7893). Segundo Afonso Arinos rivo de uniformizar o meio de circulação em
no1ícias de q.ue a primeira manifeslação de !obra citada) os valores das notas do banco substituição aos b1/he1es do extinto Banco do
emissão de JPapel moeda no Brasil tenham chegaram até 7 (uml CONTO DE RÉIS, mas Brast! e as cédulas do recolh1memo da moeda
sido as "Ord!fnanças", bilhetes emir/dos pe- até hoje, não se conhece nenhum exemplar de cobre em todas as Provínctas. A partir de
los holandeses nos anos de 7640 a 7643, na com valor actma de quatrocentos MIL RÉIS. então, o Tesouro Nacional ob tém o monopó-
área de ocupação do Recife, Pernambuco, e As necessidades de numerários, após a lio emissor que em períodos estanques, maio-
1endo curso forçado como moeda. Independência, fizeram com que o Banco do res ou menores, fez-se ao meio circulante, a
Além dos bt!hetes da Real Extração que Bras ti continuasse a emitir até a sua ex rincão. saber: no Império, de 1835 a 7838 e de 7866 a
continuaram a circular como moeda, o Go- Finalmente, a Lei de 23 de setembro de Í829 7889; na República, de 7892 a 7923 e de 7926
verno Colonial, em 7803, pelo Alvará de 73 de decretou a extinção do Banco do Brast! (ato a 7965.
maio, de1erminou as Reais Casas da Fundição lamemável com conseqüências dolorosas Muito embora o Tesouro Nacional fosse o
do Ouro a emirir bilhetes para permuta do para o Império, naquela época) e autorizou a único estabelecimemo em1ssor durante os
ouro em pó, a fim de co1bir a sua circulação e emissão de papel moeda de novo padrão do períodos ciladas, não Imaginava que o meio
facilitar as lrafi/sacões comerciais. Eram estes banco, para substituir o do antigo padrão em circulame, naqueles períodos, se constitulsse
b1/he1es, mais ou. menos, uma reperição dos circulação, dando aquelas no1as curso força- someme de suas cédulas. Pelo comrário,
bilhetes da Real Extracão (não se conhece . do, inconversívets e sob responsabilidade do desde 1838, a maior parte desse meio circu-
nenhum exemplar). O Á /vará de 7803 não foi Governo lante constiruiu-se de btlheres dos bancos,
imegralmeme aplicado e isto cons1a do pre- Uma nova 1entativa de formação do novo chegando, em 7900, a ser de 213 do seu
âmbulo do Alvará de 7 de setembro de 7808 Banco do Brasil chegou a ser decre tada, volume.
que autoriza, làmbém, a emissão de b1/he1es porém, a imagem deixada no público do Somente em 7838, por iniciativa de capi-
para permuta do ouro em pó, mas de valores pnlneiro Banco levou ao fracasso tal imóa- talistas das Provínctas do Ceará e do Rio de
ínfimos e fixos. Ainda em 7818, tentou o liva. Janeiro, após a crise econômica de 1837,
Governo, pelo A v1so de 75 de junho, através·· Com a fundação do Império do Brasil e na fundaram os pnmeiros bancos particulares, o
do Banco do Brast!, com Caixas Filiats nas sua organização, foi criado o Tesouro Nacio- Banco · do Ceará e o Comercial do Rio de
Casas de Fundição, no va em1ssão de bilhetes nal, para gerir as finanças e as riquezas do Janeiro. A esra iniciativa, juntam-se, mats
para permuta do ouro em pó, mas sem resu/- Estado. Em 7827, dada a enorme quantidade tarde, os Bancos: Comercial da Bahta ( 7845),
rado prático (Afonso Arinos, Htstória do Ban- de moedas de cobre falsas em circulação na Comerc1al do Maranhão ( 7846) ; Comerc1a/ do
co do Brastl, 7° Volume, 7973), porquanto Província da Bahia, determina o Governo a Pará ( 7847) e o Banco de Pernambuco ( 7851).
não se conhece, até hoje, nenhum exemplar emtssão, pelo Tesouro Nacional, de cédulas Ainda nesse mesmo ano de 1857, por inicta-
destes bilhe1es com as assinaturas necessá- para o recolhimento de tats moedas, a ftm de tiva do enrão Visconde de Mauá, funda -se o
rias. evitar um verdadeiro descalabro financeiro. Banco do Brastl, de caráter particular e que,
O Prínctpe Regente O. João chegou ao Estas cédulas ficaram conhecidas como segundo alguns htstoriadores, é o segundo na
Bras1/ no dia 22 de janeiro de 1808 com a "Moerfa Provincial". sua história.
Corte, tendo aportado na Bahia, e, já no o'ia Tats medidas, inic1adas na Bahia, foram Todos es1es bancos emitiram btlhetes
28, expedia Carta Régia, abrindo os portos estendtdas às demats Províncias do Império, para circulação em âmbito regional, locais de
brasileiros ao comércio marírimo mundial de acordo com a Lei n.0 52, de 3 de outubro suas sedes, mas caractenzando esse período
entre as nações amigas. Ma1s tarde, prosse- de 1833, que determinou o recolhimento de o suprimento de meio circulame nacional
gue viagem para São Sebastião do Rio de wda moeda de cobre, pelas tesouranas pro- pelas cédulas do Tesouro Nacional.
Janeiro, onde instala a nova sede da Monar- vinciats. Em cumprimento a tal Lei, o Tesouro A Lei n.0 863, de julho de 7853, determt!?a
quia, trazendo consigo cerca de 15 000 pes- Nacional emitiu cédulas para o troco da moe- o esquema para unificação de todo o Sistema
soas e desencadeando ali 10da sorte de pro- da de cobre e estas, ao comrário das emitidas Bancário Nacional e dá condições para a
blemas decorremes. Viu-se, então, o Príncipe para a Província da Bahia em 1827, tiveram criação de um banco nacional, .o segundo
Regeme na contingência de adotar enérgicas curso forçado e legal como papel moeda .até Banco do Bras1! de caráter oftóa/, que, nos
medtdas f1scats destinadas a aumemar a ren- 1837 rermos do Decreto de 37 de agosto de 7853,
da da Coroa. Entre outras medtdas de impor- Na Províncta de São Pedro do Rio Grande aprova seus Estatutos e sua formação física
tância, expedia o Prínctpe Alvará, datado de do S ui não pôde o Governo fazer todo o reco- pela fusão dos Bancos: Comercta! do Rio de
' 12 de outubro de 7808, autorizando a criação lhimemo da moeda de cobre, em virtude da Janeiro e do Brasil de Mauá.
do primeiro banco nacional, o Banco do perrurbação da Guerra dos FRrrapos. Em O novo Banco do Brast!, com seus bi/he-
Brastl, com o prjvt!égio de emirir papel moe- 7838, por imóativa da então proclamada Re- les e sob sua responsabilidade, deu 1nício ao
da. O primeiro constderando deste Alvará diz pública Rio-Grandense, o Decreto de 8 de período da umdade emissora bancána, resga-
o que segue: "atendendo a não p ermitirem as julho ordenou o r.ecolhimemo, através de tando o papel moeda do Tesouro Nacional
circuns1âncias que o meu Real Erário possa cédulas denominadas "Conhecimentos"- em Circulação. Enquanto tsso, com base no
realtzar os fundos de que dependem a manu- Decreto de 20 de dezembro de 7854, era
tenção da Monarquia, e o bem comum dos Oemre os aros governamentaiS que visa- cnada a Caixa F1ltal do banco, na cidade de
meus vassalos, sem as delongas, que as dite- ram ao saneamemo da circulacão monetána, Ouro PrelO. Em 7855, com base em outros
remes partes, em que se acham, fazem ne- AfonsoArtl?os (obra citada) ciiou, em pnmet~ Decretos, foram transformados em suas Cai-
cessários para a sua efetiva emrada .. " ro lugar, o Decreto de 7 de junho de 7833 xas Filiais os Bancos: Comercial do Pará;
Acompanhando o mesmo Alvará seguiram os como criador do Padrão Monetário MIL RÉIS, ComerCial do Maranhão; Comercial da Bahia;
Estatutos do Banco do Brasil que teria os tal como vigorou até a Reforma Monetána de Banco de Pernambuco e as Fi/tais do Banco
fundos formados por capital fixado em 7 200 7942, em segundo lugar a Lei n° 52 de 3 de do Brasil de Mauá em São Paulo e no Rio
CONTOS DE RÉIS divididos em acões de outubro de 1883, que, a seu ver, concorria Grande do Sul.
7 (um) CONTODE RÉIS. .
para que o papel do Tesouro Nacional (cédu- A unidade emtssora a cargo do Banco do
las para o troco d3 moeda de cobre) ficasse Brasil durou apenas até 7857, quando adveio
O pnmeiro Banco do Brasil começou a definirivameme como moeda legal em todo o a grande cnse econômica norte-americana
emitir em 7870 e seus bilhetes resgatados Império, e, em terceiro lugar, a Lei de 8 de com repercussões no Brasil e reflexos na vida
gradativameme até 78 74 como p reviam os outubro de 1833, a que atnbui de pôr cobro econômica nacional. O Banco do Brastl,

33
RÉIS, tota!tzando 828 000 CONTOS DE RÉIS,
isto tudo sem contar as sociedades bancá nas
provinciais fora do Rio de Jane1ro.
Dos 57 bancos que iniciaram suas ativida-
des nesse curto p eríodo de tempo, apenas
alguns poucos conseguiram sobreviver.
Com o advenro da Republica, iniciou-se
nova fase da pluralidade emissora a cargo dos
bancos autonzados a emitir, entre eles: Ban ~
co Nacional do Brasil ( 1889) e Banco dos
Estados Unidos do Bras1! ( 1890), ambos no
Rio de Janeiro,- fundem-se para formar o Oi
Banco da República dos Estados Unidos do
Bras1f ( 7890) ; Banco de São Paulo, em São
Paulo '( 7889) ; Banco da Bahia, em Salvador
( 7858 ); Banco do Brasil ( 7853); Banco Mer-
cantil de Santos, em Santos ( 1889), cuja f
emissão não chegou a circular; Banco União
de São Paulo, em São Paulo ( 1890); e Banco
de Crédito Popular do Brasil, no Rio de
Janeiro ( 1889)
O Decreto n. 0 252-A, de 7 de março de
1890, divide o País em regiões de emissão e
para tal finalidade autoriza o funcionamento
de sociedades bancá rias, a saber: Banco
Emissor do Sul, em Porra Alegre ( 1890),
emiun do para os· Estados do Rio Grande do·
Sul e Mato Grosso; Banco Emissor da Bah1a,
em Salvador ( 7890) , emitindo para os Estados
da Bahia, Sergipe e Alagoas; Banco Emissor
de Pernambuco, no Recife ( 1890), emitindo
para os Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio
Grande do Norte e Ceará (este banco foi o
substituto do Banco Su!~A merican o de Per-
nambuco, cuja emissão não entrou em circu-
lação); e o Banco Emissor do Norte, em
Belém do Pará ( 7890), emittndo para os Esta ~
dos do Pará, Amazonas, Maranhão e P1auí. O
Banco dos Es tados Unidos do Bras1! e o
Banco Untão de .São Paulo divid1am a região
dos Estados de São Paulo, Paraná, Santa
Cararina e Goiás.

Os Bancos emissores citados tiveram vida


efêmera . Em 7893, simplifica-se o caminho da
po!ílica emissora com a fusão do Banco da
Repúbliéa dos Estados Unidos do Brastl com
o Banco do Bras1!, surgindo, em conseqüên~
Cta, o Banco da República do Bras1! que
passou a ser o único estabelecimento emis~
sor, voltando a unidade emissora bancária até
o ano de 1896, quando o Governo encampou
todas as emissões bancárias, passando o
Tesouro Nacional a ser o responsá vel pelo
meio circulanre e pela emissão do papel moe-
então, ro rnou~se incapaz de cumprir suas A polílica da pluralidade emissora instituí~ da. ·
obrigações com o meio circulante e, a1nda da em 1857 só foi Interrompida em 1866,
mais, ame à inic1ativa do Ministro da Fazen ~ quando o Governo modificou a política f1nan~ Tendo o Governo assumido a responsabi-
da, Sr. Souza Franco, de autorizar a institui~ ceira, assumindo a responsabilidade de suprir lidade de rodas as emissões bancárias em
ção de novos bancos emissores, sob a jus ri~ o meio circulante. Deu curso legal e forçado a circulação, marcou por várias vezes prazo
ficaliva da necessidade de melhorar o meio todas as notas emilidas pelos bancos em para sua substituição, inclusive do próprio
circulanre ao mercado. circulação, cujo resgate foi sendo gradativo papel moeda emitido pelo Tesouro Nacional,
ar é o ano de 1888, mas, com a nova Reforma atnda no Império .
Ante essa decisão do Governo, inic1a ~ se Bancána, no fim do Império, e do Decreto A cnse bancária de 1900 levou o Banco da
novo período da pluralidade emissora, surgin- qua aprova os Estatutos do Banco Nacional República do Brasil praticamente à falência,
do no cenário os seguinres Bancos: Banco do Brasil e o autoriza a emitir, eleva nova ~ obrigando o Governo a salvá-lo e reorganizá -
ComerCial e Agrícola, no Rio de Janeiro menre o meio circulanre em notas bancárias lo, e, em 7905, toma o nome de Banco do
( 7857), Banco do Rio Grande do Sul, em para perto de 32 000 CONTOS DE RÉIS, já no Bras1!, cuja organização conhecemos nos dias
Porto Alegre ( 7857); Banco Rural e Hipotecá- ano de 1889. de hoje.
rio, no Rio de Janeiro, fu ndado em 1853;
Novo Banco de Pernambuco, no Recife No Governo do Dr. Afonso Pena foi criada
( 7857); Banco do Maranhão, em São Luís F1m da Monarqwa e 1nício da República, a Caixa de Conversão, pela Lei n.0 1.575, de 6
( 7857); e Banco da Bah1a, em Salvador aglutinam-se grandes inreresses para forma ~ de dezembro de 1906, com a finalidade de
( 1858) . O Banco Comerc1al e Agrícola teve ção de novos bancos, crescendo os capitais, manter a estabilidade cambial, quando o mer-
v1da efêmera, fundindo~ se com o Banco do em 118,5 mtl CONTOS DE RÉIS em maio de cado de café estava em cnse. Esta Caixa foi
Bras1!, e o Banco Rural e Hipotecário trans- 7888 para 328,5 rTI!! CONTOS DE RÉIS em 75 autonzada a emitir b1fhetes !astreados em
feriu o privilégio emissor para o mesmo Ban- de novembro de 1889, e desta data até outu- moedas de ouro nacionais e estrangeiras,
co do Brasil, nn ano de 7862. bro de 7890 mais 385,5 mil CONTOS DE como a L1bra, o Dólar e outras, à taxa cambial

34
de 75 dinheiros e passando a 76, em 7970, emiliram papel moeda em forma de Bônus, de 2 de fevereiro de 7945, com o objelivo
com lastro de 700%. Seus papéis ficaram Apólices, Letras e Obrigações, para fazerem t!nediato de exercer o controle do mercado
conhecidos como papel ouro, sendo resgala- fa ce aos problemas advindos de tats situa- ftnanceiro e preparar o caminho do futuro
dos até 7937. Encerrou sua atividade emis- ções. Asstm, alg uns Es tados do Norte e Nor- Banco Central. Chegamos, então, em 7964,
sora em 7973, e, em 7920, a Lei n° 3.997, de 5 deste emiliram títulos da dívic'a dessa forma com a Reforma Bancána inslituída pela Lei
de janetro, descerrou suas portas, incorpo- nos anos de 7895 e 7897. O Estado do Rto n° 4.595, de 37 de dezembro, que cna o
rando-a à Caixa de Amortização, de confor- Grande do Sul emitiu Bônus nos anos de 1930 Conselho M one1ário Nacional e transforma a
midade com o A rt. n° 11. a 7934. O Estado de Minas Gerats, a Previ- SUMOC no Banco Central.
Mais uma vez, o Governo autoriza o Ban- dêncta de seus servidores e a Prefeitura de Sofrendo o País de uma galopante infla-
co do Brasil a emilir papel moeda lastreado Belo Horizonte emilira m Apólices em 7930. O ção nos primetros anos da década de 60,
em depósiro de ouro, tsro de 7923 a 1926, Es!ado de São Paulo, em 7932, lança o Bônus viu-se o Governo em 7965, após a Reforma
havendo nova emissão em 1930, depots da Pró- Constituição. A Prefeitura de Porro Ale- Bancána de 7964, na conttng êncta de fazer
tnslalacão do novo Governo Re volucionário. gre, em 7935, fez um inédito lançamento nova Reforma M one1árra. O Decreto n° 7, de
Vtsimdo à Reforma Monetána e objett~ em forma de Apólice, comemorando o Cen- 73 de novembro de 7965, cna o CRUZEIRO-
vando a cnação do Padrão Mon etário Cruzei- tenário da Revolução Farroupt!ha de 1835 a NOVO, va len do a unidade UM MIL CRU-
ro, o Governo, a1ravés do Decreto n.0 5. 708, 7845. Nova emtssão da Prefeitura de Porro ZEIROS, manda carimSar todas as notas que
de 78 de dezembro de 1926, criou a Caixa de Alegre ocorre no ano de 7954. Em 7959 volta se encontravam em estoque e as já encomen-
Esrabilizadio, com a frnaltdade de recolh er o Estado do Rio Grande do Sul a emilir e dadas no exterior, até que o novo tipo, de
ouro em barra ou amoedado e possibr!itar a desta vez na forma de Leuas, e a partir de fabrica ção e concepções inteiramente nacio-
con verstbr!ida de de rodo o papel moeda em 7967 passaram a ser conhecidas por "brizo- nats, vtesse a ctrcular com a denominação de
circulação. lnicralmenre, a Caixa aproveitou letas " . CRUZEIRO
cédulas do Tesouro Nacional, aplicando um A Reforma Monetária pretendida p elo Desde a fundação do pnmeiro Banco do
carimbo retangular, enquanto eram t!npres- Govern o do Sr. Washington Luiz somente se Brastl, foi o dinheiro bancário marco impor-
sos, no exterior, os br!hetes próprios p ara a concretizou em 7942 pelo Decreto n° 4. 797, lante e mesmo salvador nas horas mats críli-
operação plane;ada pelo Governo á razão de de 5 de outubro, criando o novo Padrão cas de nossa História. O primeiro Banco do
0,2 gramas p or UM MIL RÉIS. Não obtendo Monetário CRUZEIRO, valendo a unidade Brast! foi o suporte da Monarquia Portuguesa
êxira na execução dessa Reforma, decretou o UM MIL RÉIS. FaZia-se inadiável tal reforma, no Brastl, ftnanctou a Indep endência e os
Governo o encerramento das ativtdades da pois o número de tipos diferenres de papel problemas decorremes até o final do Governo
Catxa p elo Decreto n° 79423, de 71 de no- moeda em circulação ascendé a 56, originá- do Imperador O. PEDRO I. Asstm, também,
vembro de 7930, podendo seus bilhetes se- nas do Tesouro Nacional, Caixa de Estabt!iza - foi na consolidacão da República.
rem trocados com ágio nas agências do Ban- cão e Banco do Brast!. Todas estas notas p er- Dtame desta importante página da nossa
co do Bra sil de con formida de com o Decreto deram totalmente o valor em 7955 e foram Htstóna, o Brasil chegou finalmente ao obje-
n° 20.627, de 7 de novembro de 7937. subslituídas pelas de novo padrão tivo perseguido por muitos Go vernos, não
Com o advento da República em 78.99, as Após a Reforma Monetá ria de 7!142, fot sem enorme sacrifício, uma conqwsta de
Revolucões de 7930 e a Conslitucionaltsta de cnada a Superintendêncta da M oeda e do Soberama e de Segurança Nactonal. a fabri-
7932, vflrios foram os Governos regionats que Crédito fSUMOC) p elo Decre to-Lei no 7.293, cação de nossa própna moeda.

CURSOS EACON
TRÁFEGO AÉREO INTERNACIONAL PILOTAGEM CENTRO DE TREINAMEN TO
ESPEC IALIZADO
A EACON - Escola de Aviação Os cursos da EACON - Escola de
Congonhas - iniciará, • no mês de Aviação Congonhas - para Piloto Pri- A EACON Escola de Aviação
março, o curso de Tráfego Aéreo In- vado, Piloto Com ercial e IFR , terão iní- Congonhas - entidade de ens ino de
ternacional destinado a pilotos em cio nos meses de março e abril, para os av1ação, que, desde 1974, vem for-
geral. O curso tem a duração de um exames de julho, com turmas nos perí- mando pil otos e pessoal de terra, neste
mês, com uma carga de 100 horas/ odos da manhã, tarde e noite. ano de 1982 irá inaugurar o seu Centro
aula. de Treinamento Espec iali zado . Reu-
DOV - DESPACHANTE nindo instrutores do mais alt o gabarito
"GROUND SCHOOL" EMB-110 OPERACIONAL DE VÔO e atualização técnica, com um mate-
BANDEIRANTE rial didático moderno, apoiado por
A EACON - Escola de Aviação vídeo-tape, proJetores e retr o projeto -
Congonhas - apresentou no dia 11 de res , o Centro de Treinament o Especia-
Destinados a Pil otos Comerciais, março, para exames do DAÇ, a sua lizado deverá atender a um ensino
com multimotor e com o certificado de turma DOV / 81. Para o .ano de 1982, mai s técnico, de alto nível, podendo
vôo por instrumentos, terão início em deverá iniciar neste mês de março a prestar serviços a Empresas Aéreas e
março dois cursos do avião Bandeiran- turma DOV /82, com encerramento Pilotos em geral, promovendo cursos
te EMB 110 na EACON - Escola de previsto para novembro deste ano, de terra de eq uipam entos. desde os
Aviação Congonhas. O primeiro com totalizando uma carga de 720 horas/ pequenos bimotores até os mais sofis-
duração de 10 dias e o segundo com aula. ticados jatos em operação nas li nhas
duração de 20 dias, sendo que ambos O conhecimento dado aos alunos aé reas come rcia is.
terão uma carga horária mínima de 75 durante o curso possibilitar- lhes-ia EACON - Escola de Aviação Con-
horas/aula. Na programaçã·o da prestar exames até de Piloto de Linha gon has
EACON está previsto o início destes Aérea, se fosse o caso, além do que, Rua Padre Leonardo n° 257 -
cursos nos meses de março, abril e durante o curso, é dado o "Ground Fone 241-4 700
maio. Posteriormente passarão a ser School" para Despachante Operacio- Aeroporto de Congonhas São
programados pelo Centro de Treina- na l de Vôo dos equipamentos B-737, Pau lo- SP
mento Especializado da EACON. 8-727 e Airbus. CEP- 04625

35
(O Livro de Cançado e o fim da 111 Guerra)

Durante a Segunda Guerra Mun-


dial, duas unidades da FAB estiveram
presentes no Teatro de Operações.
Uma delas, o 1a Grupo de Aviação
de Caça, tornou-se o símbolo da bra-
vura, técnica , perícia e destemor, imor-
talizando o "22 de abril", quase como
a data máxima da Aviacão Brasileira.
Este é o lado da g lória, dos poderosos
P-47, o lado que a História faz questão
de registrar, para tantos quantos se
interessam pela arte da guerra, ou
mesmo, para o simples deleite de se
saber brasileiro, aque le sabo r muito
gostoso que nos enva idece por termos
nascido aqu i.
Outro lado da moeda, aque le que,
paradoxalmente, quase. não se ouve
falar dele, nem sequer se dedicam
algumas pequeninas e singelas men-
ções, por incrível que nos possa pare-
'cer, atuou tão bravamente quanto o
GAV Caça. Sem medo de errar, diría -
mos que a Primeira Esquadrilha de
Ligação e Observação. ou . simpl es- Porreta Terme jemto à Frente de Combate.
mente, 1a ELO, lu tou até mais brava-
mente, se cons iderarmos o tipo de Os pilotos da FAB, 'juntam ente a terra ae nir:1guém - o limite ent re os
m issão executada e o equipamento com os observadores da Força Expedi- território s ocupados pe los inimi gos e
uti lizado. c ion ária, sobrevoaram com freqüência pelos aliados - a f im de obtere m in -

36
A form ação de gelo no carburador segurança, um a aterragem forçada.
costuma va paralisar o motor. Então, o Nosso av ião é frági l e impraticável para
pil oto era obrigado a descer , em vôo atuar nas con dições atm osféricas
pl anado, até seiscentos, quinhentos, atua is. Já ten tamos todos os artifícios
quatrocentos, trezentos metro s, para para ev ita r essa pane, infelizmente
desconge lar e prosseg uir na missão. sem resu ltado sa tisfatório. O presente
O perig o era tama nho qu e o as- ofício tem corno finalidade alertar
pirante Fernando Soares Pereyro n Mo - V Exa. para os riscos que estamos
ce llin, pil oto de caça do 1 o Gav, autor corrend o. Apenas isso, poi s cont inu a-
do livro "A Missão 60", e parti cipante remos a postos, pi lotos e observado -
de cinqü enta e nove missões de guer- · res , para cumprir nosso dever , com o
ra em Avi açã o de Caça e um a de 'Liga- sacrifício de nossas vidas."
ção e Ob servação declarou "Não é Embora o General tivesse tom ado
so pa a gente voar solitário so bre o co nhecimento da precariedade da
inim igo, co rrendo o ri sco de se r atin -situaç ão , pouco ou nada pôde ser feito
gido por sua artilhari a. Fiz apenas uma no sen tido de melhorar as co ndic ões
missã o e olh e lál" . de operação da 1a ELO Os Pipers éo nti -
. nuaram a subir , resfo legar, apagar o
O peri go era grande, as limitações motor, planar, desce r até aos limites e
do equ1pamento, bem maiores . Essas prosseg uir com él perícia dos pilotos e
lim itações vão provoca r do Major Bel - a aJuda de Deu s. Continuariam esses
loc, primeiro co mandante da unidade, loucos a voar, talvez mai s loucos do
um ex pedi ente ao Genera l Cordeiro de que os caç adores , talvez não tão ases
Far ias, da Artilhari a Djvisi onária da para a Hi stór ia qu e se propalou, mas
Força Expedi cio nári a, nos seg uintes inegavelmente im porta ntes para o des-
termos :
"Comunico a V. Exa qu e nossos
av iões HL-Pipe r Cub sã o avi ões orig i-
JSSUE.O I N
na lmente de t urismo, adaptad os para a
form ações a respeito dos movimentos mi ssão qu e ora dese mpenham nesta
frente de co mbate. Justamente por
SE R1ES o ·F·
1~43 A
·J TALY
de tropas alem ãs e itali anas . Não raro ,
o pessoa l da FAB fun ciono u como pi- esse motivo é que, na presen te esta -
lo to e obse rva dor; outras vezes, che- ção, o inverno rigoroso que estam Ós
gou -se a utilizar nas mi ssões os civis, viven do, o equi pamen to específico
corresp ondentes de guerra, qu e, na para o aqu ec imen to do carburador não
verd ade, nenhum vínculo poss uía m é suf iciente para ev ita r a formação de
com a Força, alé m do fato de se rem gelo no cone do difu so r deste acessó-
brasi leiros . rio, ocasionan do a parada do motor,
O eq uipamento? Tão-somen te os muitas vezes sobre as linha s inimiga s
pequenos e fr áge is Pipers Cub H L, Ta l fato põe em perigo a vida do pilot o
( ' adaptados .para versão militar e.. de- e do observa dor , co nsideran do qu e
sarm ados. Pelas características inere n- so bre estes picos não existe um só
tes à missão, freqüent emente eram lu ga r em que pos samos real1zar, com Dinheiro de uso corrente no "fro nt".
obrigados a so brevoar o territ ório ini-
migo sob o fogo intenso da art ilharia.
Esta foi uma das guerra s que a 1a ELO
teve de enfrentar, no se u dia-a -di a. A
outra guerra foi travada j.lP.Ios pil otos
con tra as li mitações do eq uipamen to.
Os motores das ae ron aves , com ape-
na s 65 H P de potência, dese nvolvi am a
velocidade de ce nto e vi nte e um qui lô-
metros por hora! Qualquer fu squinha
fa z isso - se levarmo s em con sidera-
ção que esta veloc idad e não é contada
em relação ao so lo e sim em fun ção da
_velocidade do ve ntó, um vento forte
de proa que reduz ia em muito o de-
semp enho dos L-4H (d es ignação que
tom ou o Piper Cu b na ve rsão militar) .
Por out ro lado, os vôos a média s altitu-
des, muito comuns na s condicões do
Teat ro de Gu erra, por causa dá s mon-
tanhas européias mais eleva das do que
na A mérica do Sul, co nstituíram-se
num problema ad icion al. Briefing antes de nova missão.

37
Um Piper Cub HL de 65 HP do efetivo da 1." ELO na Itália.

fecho da gu er ra. Não fora assim, não Essa unidad e, que tantos serviços Mini ste rial n° 57, de 20de julho de
teriam feito 684 (seiscentos e oitenta e prestou no Teatro de Operações da 1944, do Dr. Joaquim Pedro Salgado
quatro I) missões de guerra, num total Itá lia, apesar da exigüidade de SUd Fi lho, . Ministro da Aeronática, tendo
superior a 1 282 (um mil, duzentos e ex istência, teve também uma série de operado durante a campanha no Hi-
oitenta e du as ) horas de vôo, dando, outras peculiaridades, desde a sua p ód~o mo de San Rossore (na cidade
em média, 62 (sessenta e duas) mis- cri açã o . de Pi sa ), San Giorgio (em Pistóia),
sões por piloto. Passo u a existir, através do Aviso Suviana, Porreta Terme (uma pista de
chapas de aço), Montecchio, Piacen-
za, Portalbera e Bergamo. Brasileira-
mente, chamavam as pistas de "ba-
se" . Na verdad e, algumas dessas ba-
ses possuíam um ca mpo de pouso e
decolagem improvisa do, do compri-
mento de dois ca mpos de futebol. E
só. Mas eram as ba ses de onde deco-
laram os Piper Cub, batizados com no-
mes que iam dos patrióticos Brasil,
Bandeirante, Ceará, Timbiras, passan-
do pelo religi oso e preca vido Santa
Th eresinha, até o apa ixonado July.

A 1a ELO era a principal encarrega-


da das correções e regulagens de Tiro
de A rtilharia, e muito do que se tem
falado da mira dos brasileiros se deve
ao traba lho inca nsáve l e desprendido
dos homens da esq uadrilha. Mais uma
vez, foram olvid ado s e os louros fica-
ram com a Artilh aria, aquela que res-
ponde com prec isão ao fogo da metra~
lha. Essa nossa unidade com destino
de "prim o pobre" executou sua pri-
meira missão de guerra como nos
Florença. in forma Rui Moreira Lima , em sua
Uma semana de folga ... substanciada ob ra "Senta a Pua",

38
... no dia 12 de novembro de 1944,
decolando de San Giorgio, Pistóia,
tendo como tripulação o 1o Tenente-
Aviador João Torres Leite Soares e o
observador, 1° Tenente do Exército
Oswaldo Mescolin. O avião, o L-4H
no 5. A última missão de guerra foi
voada no dia 29 de abril de 1945, no
L-44 no 6, pilotado pelo Aspirante-
Aviador Cornélio Lopes Cançado, ten-
do como observador o 2? Tenente
lôn io Ferreira Alves. Nessa data, já
estavam operando no ca mpo de Por-
talbera, o último campo em que a
Esquadrilha operou cumprindo mis-
sões de guerra".
A 1a ELO, certamente, por um
engano burocrático, desses que são
passíveis de acontecer numa guerra,
foi extinta por uma ordem verbal do
Comandante da Primeira Divisão de
Infantaria Expedicionária .
Em face dessa ordem, parte do
efetivo da unidade teve de se apresen-
tar ao 1? GAV CAÇA. Apenas não fo-
ram para Pisa os que pertenciam ao
Exército. Ao todo foram 28 militares da
Força, Aérea, a saber: 11 Oficiais-Avia-
dores, 1 Oficial- Intendente, 8 Sargen-
tos-Mecânicos de avião, 2 Sargentos
especiali zados em comun icações (rá-
dio) e 6 Soldados auxiliares de manu-
tenção.
Posteriormente, com o objetivo
de reparar o engano de uma extinção
insubsi stente, a 1a ELO foi desativada
através do Aviso Ministerial n? 75, de
11 de outubro de 1945, do Ministro da
Aeronáutica, o mesmo que a criara.
Recriada em 1955, se u novo co-
mandante, o Capitão-Aviador Osório "Uniforme" de combate de verão ... "guerreiro" Joel ... nosso entrevistado de hoje.
Medeiros Cavalvante, re so lveu procu -
rar informações a respeito do passado
de sua Unidade. Aí entra o Li vro do
Aspirante-a-Oficial Cornélio Lopes Isto nã o chegou a const ituir-se em de, deve- se observar que Cançado
Ca ncado, os manuscritos determina- problema, em face do alto espírito de entregou o li vro meio a contragosto,
dos 'pelo Major Belloc, o antigo co- grupo que reinava na esquadrilha . Na temeroso que desa parecesse . E não
mandante. verdade, Sargentos e Oficiais eram de deu outra coi sa. O livro sumiu como
Cançado, que começara a atuar na uma nobreza a toda prova. por encanto. A preciosidade perma-
S,egunda Guerra como Sargento-Avia- Como acentua Rui Moreira Lima, neceu nas esquinas do esquecimento
dor, juntamente com os Sargentos em obra já citada: " ... e eles voaram até que outro denodado Oficial, Major
Chafik Biltar, Francis Forsyth Fleming juntos nessa situação até o dia em que João Mari a Monteiro, fundador e dire-
(brasileiros, apesar dos nomes), Joel o Ministro Salgado Filho visitou a 1a tor do Museu Aeroespacial do Campo
Clapp e José Winter Santos, recebera ELO na frente de combate. Belloc e dos A fçm sos, o encontrou.
do Major · Belloc a incumbência de Gutierrez pediram ao Ministro que pre-
efetuar, ainda em 1944, todas as ano- miasse aqueles rapazes, promovendo- Vindo a público a verdadeira his-
tações possíveis a respeito da vida da os a Aspirantes-Aviadores." tória e o L1vro da Esquadrilha, nota-
Unidade, o que foi procedido com o No mesmo dia, o Ministro, em ceri- damente através da literatura e pesqui-
esmero peculiar a esse incansável mônia simples, perante a tropa, trocou sa do Rui Moreira Lima , a 1a ELO
Cançado. pessoa lmente as divisas dos Sargen- vence a sua terceira gul!)rra particular
Eram os cinco Sargentos pilotos da tos-Aviadores pelas estrelas de Aspi - - a Batalha do Ostracismo, e seus
1~ ELO, comandanao ae ronaves em rantes . homens, militares e civis (inclusive
que o outro tripulante, via de regra, se O novo comandante da recriada Rubem Braga o escritor, como corres-
tratava de um Oficial. No Exército, os 1a ELO , a de 1955, Capitão Osório, pondente de guerra), que arriscaram
observado res aé reos sempre foram conseguiu com o Cançado o precioso suas vida s pela liberd ade do mundo ,
Oficiais da Academia. Livro da Esquadrilha. A bem da verda- agora poderão ser cu ltuados com o

39
adjetivo qu e muito fizer am por mere- DADOS ESTATÍSTICOS DA 1~ ELO
cer: HERÓIS .
Seg ue um pequ eno mapa estatís- Horas voadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 .388h 1 5m in
tico da primei ra ELO no Teatro de Horas voadas em missões de guerra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.282h50min
Operações ! Número de missões de guerra . ... . .. .. .. .. .. ... . : . . . . . . . . . . 684
Número de vôos . . . . . . . . . .. . . . . . .. . .. . ... . . . . . . . . . . . . . 1.956
Número de aterr:ágens .. .. . . . .. .... ..... . . . . . . .. . . .. . . ... 2.399
Regulações de tiro (AO brasileira e outros) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 400
Número de dias operacionais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184

PILOTOS DA FORÇA AÉREA BRASILEIRA Missões

Aspirante Aviador Francis Forsyth Fleming . . .. 70


19 Tenente Aviador João Torres Leite Soares . . 70
29Tenente Aviador Carlos Alberto Klotz . . . . .. . 68
Aspirante Aviador Luiz José Winter Santos ..... . .. . .. . .. . ..... . 67
29 Tenente Aviador Darci Pinto da Rocha Campos . . .. ..... . .. .. . . 66
29 Tenente Aviador Arnaldo Vissotto ..... . ... .. .. .... . .... . . 64
Aspirante Aviador Cornélio Lopes Cançado . . ..... .. . . .... .... . 61
29 Tenente Aviador Roberto Paulo Paranhos Ta borda . .. .. . .. . ... . 60
Major Aviador Afonso Fabricio Belloc .. . ... . ...... . . .... . .. . . 55
Aspirante Aviador Chafik Bittar ... . .. . .. .. .. . ... . . .. .... . . 54
Aspirante Aviador Joel Clapp . . .. . ..... .. ..... .. . . .... . ... . 48
Aspirante Aviador Fernando Soares Pereyron Mocellin ".... . .. . ... . 1
29 Tenente Intendente José Ferreira da Cunha Filho '*. . . ... . .

OBSERVADORES DO EXÉRCITO

Capitão Adhemar Gutierrez Ferreira .. ...... . .. . .. .. ... .. .. . . 71


29 Tenente I ô nio Porte la F erre ira Alves . . . . . . . . . ... . . ... . . . . . . 67
19 Tenente Walter de OI iveira ... .. ... . . . .. .... . .... . .. . 66
29Tenente Caubi Eduardo Maia . . . . . . . .. ...... ... .... ... . 66
19Tenente Adalberto Vilas Boas .. . .. . 66
2'? Tenente Mário Dias . ..... .. . .. .. . . . .. .. . . ... . , . . . . . . . 64
1'? Tenente Jorge Augusto Vida I. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
19 Tenente Elber de Melo Henriques. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
1'? Tenente Pedro Augusto de Souza Gomes Galvão . . . . . . . . . . . . . . . 59
19Tenente Osvaldo Mescolin...... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
l'?Tenente Raul Ribeiro Guimarães . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
19Tenente Aviador João Torres Leite Soares (Piloto ELO) .. . .. .. . .
Genera l Mes colin, Obs Aéreo do Exérc ito ,
ladeado pelo s Ten Joel (à es q.) e Bittar . General-de-Brigada Oswaldo Cordeiro de Farias (Cmt . ADE) . .. . ... .

OBSERVADORES BRASILEIROS

Aspirante Aviador Francis Forsyth Fleming (Piloto ELO) . .. ..... .


Aspirante Aviador Cornélio Lopes Cançado (Piloto ELO) . . . . . . . .
Aspirante Aviador Chafik Bittar (Piloto E LO) . . . . . . . . . . . .... .
Rubem Braga (Correspondente de Guerra) . . . . . . . . . . . . .. . .. . . .
Aspirante Aviador Luiz José Wiríter Santos (Piloto ELO) .. ... . .
3S. O. AV. Roxael de Souza Pinto (Mecânico ELO). . . .. . .... .

OBSERVADORES ESTRANGEIROS

19 Tenente O'Connor, K (Exército Inglês) . . . . . . . . . . .. . . . 16


1'?Tenente Bell W. (Exército Inglês) .. .... .. . ..... . .. . . 4
1~ Tenente Williams, J. (Exército Inglês) . . . . . . . . . .. . . . . .
Capitão Cadduby, A. (Exército Inglês) .... : . ..... . ...... .

• Não pertencente ao efetivo da la ELO. Integrou o 1° Grupo de Caça, na Campanha da ~.


Itália.
• • Quadro de Oficiais Intendentes da FAB - la ELO .

Lo g otipo da 1." ELO.

40

POR ISSO SOMOS A EMPRESA
"

-------

Monte ..,,,,,rl,-,A'I.

e Porto Trombetas
e Monte

Santarém
Alegre
Manaus e
eAitamira
ecoar i eltaituba
ecarauari
Borba e
Nova Aripuanãe

eManicoré

eEirunepé euibrea

e Alta Floresta
eltaúba
~uara
esinop

ecuiabá

em
4 polltosda
Amazônia Legal.
1! GRUPO DI IVIIÇÃO
lSANOSDE
1? GRUPO DE AVIAÇÃO
EMBARCADA
Controle MINASMAR, é o CARDEAL PRATA, aqUI e a
CARDEAL PRATA, com qua- TORRE, livre para o CHARLIE;
tro, navio no visual 5 milhas , as aeronaves deverão chamar O "papo-rádio " diferen te, cheio de '
anjos dois, 23 000 libras . o OSP individualmente. palav ras não usuais nas aerovias, bem
PRATA, é o controle. Ciente: como o fato bem menos usual de te r
fazer cheque com TORRE e OSP, é o CARDEAL PRATA,
um a aeronave os se us motores redu zi-
OSP em VICTOR e UNIFORME, Bolinha, trem, passo e gancho.
dos por comando de outro piloto que
e desça para o DEL TA , anjos CIENTE. Está um pouco veloz, está fora dela, são "marca registrada"
uno . segura o nariz ... Continua des - da operação a bordo de porta-aviões,
TORRE, o PRATA no DELTA, cendo. Não acompanha o con- com aeronaves de asa fi xa .
anjos uno iniciando o BREAK vés , que está balançando. OK:
da esquadrilha. Mantém a atitude, "CUT-CUT". O 1° Grupo de Aviação Embarca-
da, Unidade da Forca Aérea sed iada
na Base Aérea de ·Sa nta Cruz, foi
criado por Decreto Pres iden cial em 06
Ao ouvi r o "CUT-CUT" e ve r as de fevere iro de 1957, destinado esse n-
luzes verdes de corte acenderem no cialmente à defesa anti-submarino
espe lh o de pouso, o pil oto reduz to ta l- operand o de Navi o de Superfície e
mente os motores e voa para o encon - tamb ém de Base Terrest re.
tro do convés e dos cabos do aparelho
de parada, q ue desace lera rão o seu O 1° GAE, ini cia lmente, foi equi-
avião de 90 nós a zero, em seg und os. pad o com aerona ves B-25, T -6 e heli -
É a chegada de mais um P- 16 da cópteros H-1 3J, operando de Base
FAB, a bordo do Porta-Aviões M IN AS Ter restre , recebendo posteriormente
GERAIS da MARINHA do BRASIL . helicópteros SIKORSKY H34J. Após o
recebimento de aeronaves P-16
Na catapulta ... de "zero a 90". (GRUMMAN TRACKER), o 1o GAE
passou a operar a bord o do porta-
aviões MINAS GERAIS, a partir de 13
de JUlh o de 1965, data do pou so pi o-
neiro.

O POUSO A BORDO

O pÇJuso a bordo ou "CATRAPO",


como é chamad o, não é uma f in ali da-
de e sim um meio pelo qual o 1° GAE
exec uta a Tarefa Operaciona l de
GUERRA A NTI-SU BMAR INO (GAS),
ba seado em navio-aeródromo. Esta
Tarefa é bastante com plexa e cump ri -
da de maneira coordenada por navios,
helicópteros e aviões, e não será co-
mentada neste artigo, no qual procura-
re mos, co mo uma primeira abord a-
gem, fazer considerações sobre a téc-
nica de CAT RAP O.
No "papo-rád io" inicial aparece-
ram os termos "TRAFEGO DELTA e
CHARLIE" qu e são, o primeiro, uma
órbita de espera sobre a ve rti ca l do
navio e o segundo, um tráfego com
pern a de vento, curva base e ap roxi-
mação final . A aproximação f ina l ter·

42
B BIBCIDI - WILMAR TERROSO FREITAS

CATRAPO
Sinali za dor de Pouso (O SP) O OS P é
um pil oto da Unidade es pec ialm ente
t rein ado , anos a fio, para sugerir ao
pil oto co rreções na ram pa de ap rox i-
mação, basea do apenas na observa-
ção visual da atitude da aero nave e nos
movimentos do navio. No entan to, sua
res ponsa bi lidade maior co nsiste em
ace itar ou não a aerona ve para o en-
ga nchamento, quand o comandará o
sina l de arremetida no ar ou a redu ção
dos mot ores .

A plena co nfiança nas o ri entações


do OSP bem como a sua já compro-
vada " in fa libili dade " formam um elo
pil oto-navio que transce nde à simples
técni ca, atingind o camp os do relacio-
namento human o. Há necessidade de
q ue ass im seja, pois nas co ndi ções de
vento e mar desfavoráve is, o OSP pre-
cisa saber qual será a reação do pil oto
a part ir do ponto em qu e não se rá mais
possíve l a arremetida no ar. Está o
Na final ... olho na "bolinha" e no alinhamento.
pil oto tend o um bom rendimento na
instru ção? El e costum a deixar ca ir o
nariz do av ião após o co rte ou gosta de
puxá -lo, provocan do o BO LTER? Será
que co rri g irá o alinhamento sem ba ixa r
a asa , se o nav io balança r? É uma pes-
soa ag itada ou fria e ca lculista? En fi m,
o OSP necessi ta co nhecer cada pil oto ,
ava lia r o se u vôo na fin al, somar os
mov imentos do na vio, checar o desim-
ped ime nto de convés, sugeri r co rre-
ções e dec idir pelo pou so o u arreme-
t ida. Tu do isso é feit o na chamada
PLATAFO RM A do OSP, q ue é um
loca l on de ele fi ca de pé, sob ventos de
até 35 nós, guarnece nd o o rád io e o
co mando d<Js lu zes do ESPE LH O DE
POU SO.

O ESPELHO DE POUSO

O ES PELHO DE POU SO é um
Pousar ou arremeter ... a decisão do OSP eq ui pa mento que oferece ao pil oto
uma refe rência visual para a man ute n-
minará no enganchamen t o, arremetida O OFICIAL SINALIZADO R DE ção da rampa cor reta de aprox imação.
no ar ou o fam oso BOL TER qu e é POUSO Send o co nvexo, reflete uma fon te
qu and o o avião t oca além da área dos lu mi nosa de co r âm ba r, na fo rm a de
ca bos e não engan cha, requerend o um círcul o (daí o term o Bo li nha), na
uma arremetida imediata co m o motor A figura principal nesta final, qu e é di reção da ap rox imação da ae ronave,
todo a pleno. de apenas 15 a 20 seg undos , é o Ofi cial em se nt ido co ntrári o.

43
,,.
Após o "CUT-CUT" ... de "90 a zero".

O Piloto, ao entrar na final, inicia O PRIMEIRO POUSO A INTEGRAÇÃO


sua descida observando a posição da As operações de pouso e decola -
bolinha no espelho. Se ela estiver cen- A sua prim eira missã o é constituída gem são feita s com precisão e abso-
trada é sinal de que a aeronave está na de dois TOQUES e A RREMET IDAS, lu to controle, permitindo altos índi ces
rampa ideal. Sua posição acima ou on de o gancho não é ~aixado; e então de operacionalidade, graças à perfeita
abai>;o do centro do espelho indi ca rá no terceiro passe, com a mesma emo- integração OSP -Torre de Controle-
que está acima ou abaixo da rampa, ção do primeiro solo, ele ouve o seu Convôo-Piloto, resul tado do trabal ho
respectivam ente. instrutor dizer pelo rádio: OSP é o de forc as irm ãs, CUJOS componentes,
O espelho possui ajustes, para CARDEAL 16, Bolinha, Trem, Passo tanto Óficiais como graduados, sabem
regulagem do ângulo da rampa de e.. Gancho". Desta vez é "prá va- dar aquele "algo mais", tão necessário
aproximação, e mecanismos que com- ler" ... ao cumprimento de missão tão com -
pensam as variações do navio, a fim de plexa.
não haver mudanças bruscas na ram- Após a red ução dos motores, o Aguia e Cisne, menos por serem
pa, quando o navio balança ou catur- avião "despenca" para o convôo, pioneiros e únicos, e sim por evol uírem
ra. onde o gancho deverá encontrar um em ala perfeita, têm, no presente, a
dos seis cabos de parada que o espe- certeza que o futuro conta rá o seu
O PILOTO ram . A vibração e a euforia qu e o passado com org ulho e ovação, resul -
piloto sente não pod em, nessa hora, tado do prazer maior: a certeza da
O piloto, embora contando com o se r extravasadas, pois a "faina" após o MISSÃO CUMPRIDA.
auxílio da bolinha e das orientações do pouso é intensa: olho no orientador do
OS P, necessita estar completamente co nvô o, recolh e o gancho, manobra o
adaptado à aeronave para voá- la com avião, recolh e o flap, dobra a asa,
eficiência e destreza no tráfego CHAR- ajusta os compensadores, táxi até a
LIE. O menor erro na utilização dos CATAPULTA.. em menos de dois
comandos ou do motor poderá fazê-lo minutos estamos novamente voando;
perder o passe e ganhar uma arreme- à frente, o mar sem fim; para trás, um
tida, ou um BOL TER. feito inesquecível.
Inicialmente são feitos treinamen-
tos simulados em terra, onde cada Mas sempre há a ce rteza da come-
passo é registrado e avaliado pelo moraçã o com os amigos, na praça de
OSP. Após atingido o nível de profici- armas, do "prejuízo" sem importância
ência, o piloto é. então, submetido ao com o "bar aberto" e do orgulho pela
Conse lho Operacional da Unidade, qualificação adquirida.
onde será declarado apto para o trei- Fim da primeira missão ...
namento a bordo do Porta-Aviões. • começo de uma carreira.

44
&CIDADB DI NATAL, RI'.
Encruzilhada Estratégica da 11 Grande Guerra

Ap reciações do Brig R/ R Everaldo Breves

ANTECEDENTES HISTÚRICOS circundada por extensa planície propí-


cia ao empreendimento almejado, a
A privilegiada situação geográfica qual foi por ele aceita e aprovada.
de Natal colocou-a em evidência pe- As terras foram doadas por seu
rante os países-líderes que disputavam proprietário, um português, Sr . Ma-
a exploração das linhas aéreas interna-
cionais a partir de 1922, em decorrên-
chado, e, após a legalização das escri- AS FUNDAÇÕES DA
turas, iniciou-se a lirApeza sumária do
cia do desenvolvimento aviatório al- ma to e nivelamen to da área. BASE AÉREA DE
cançado durante a Primeira Grande A 14 de outubro de 1927, um avião
Guerra Mundial (1914-1918). " Nungesser-Coli " , tripul ado por D. NATALEDE
Assim, de 1922 a 1926, considera- Costes e J.M. · Le Brix, inaugurava a
do o período dos grandes reides aé- nova pista de Parnamirim ,-co nsagran-
"PARNAMIRIM
reos, passou a acolher aviadores de di-
ferentes nacionalidades. A França, a
do-se uni versalme nte com o o lugar FIELD" .
ideal de apoio e pa ra encurtar di stân-
Alemanha e a Itália disputavam a cias nas travess ias do Atl ânti co-S ul.
primazia da travessia aérea do Atlânti- O campo de Parnamirim, a partir
co-Sul, com vistas às ligações com o daí, passou a receber diversos melho-
Brasil e diferentes países da América ramentos. Foram construidos hanga- A partir de 22 de agosto de 1942,
do Sul. Inicialmente os vôos foram res e vários prédios, pela Latecoére com a entrada do Brasil na guerra, o
realizados em hidroaviões , sendo pos- (G ..C.A.) e Alalitória (l.A.T.I.) . Parna- Alto-Comando da FAB deliberou equi-
teriormente substituídos por aviões mirim evoluiu consideravelmente, pas- par as Bases Aéreas situadas no litoral,
terrestres . sando a acolher aviadores de diferen- tendo em vista a necessidade de aten-
tes nacionalidades. Os franceses, nes- der co mpromissos de patrulhamento
sa- época, já haviam construído inúme- da orla marítima e cobertura dos com-
PAUL VACHET ros campos-de-pouso ao longo do li to" boios (grupamento de navios), os
ral, entr e Natal e Rio Grande do Sul, quais vinham sendo realizados pelas
DA LATECOÉRE estabelecendc; linhas regulares para o Forças Aéreas dos EE. U U.
transporte de passageiros e do Correio A 24 de julho de 1941 já havia sido
CHEGAANATAL Aéreo Internacional, entre França-Bra- criada a Base Aérea do Recife, seguin-
sil-Argentina e Chile. Infelizmente,
18JUL 27. com o advento da Segunda Grande
do-se a Base Aérea de Natal, criada a
02 de março de 1942,.e posteriormente
Guerra Mundial , essas atividades fo- a de Salvador , a 29 de outubro de
ram suspensas, favorecendo, porem, 1942 . Outras organizações foram es-
A 18 de julho de 1927, o Coman- o desenvolvimento e a nacionalização truturadas para completar o quadro
dante Paul Vachet da Latecoére-Cia da avi ação comercial brasileira, a qual, organizacional da FAB.
Francesa de Aviação - chega a Natal, gradativamente, passaria a realizá-las . E foi assim que, a partir de 1942, a
em busca de um local adequado para cidade de Natal e, principalmente, o
construir um campo-de-pouso . O Ma- antigo campo-de-pouso de Parnami-
jor do Exército Luiz Tavares Guerrei- rim entraram em uma nova fase de
ro, Cmt da Guarnição de Natal, exi- progresso e de transformações evolu-
mia caçador e conhecedor profundo tivas .
da região, acompanhou Paul Vachet, A Base Aérea de Natal (Brasileira)
mostrando-lhe a Lagoa de Parnamirim, ocupou as instalações da Latecoére e

45
A CIDADE DE NATAL, RN - ENCRUZILHADA DA 11 GRANDE GUERRA

da LATI, no lado Este. Os Americanos leiro, sua capacidade de assimilação, Mundial, que prestou relevante contri-
construíram "Parnamirim Field", no improvisação e resistência . Em poucos buição para a vitória dos aliados. O
lado Oeste . meses aprendeu e adivinhou o manejo, General Dwight Eisenhover, ex-Cmt-
Luiz da Câmara Cascudo, em seu conserto e direção de toda a maquina- em-Chefe dos Exércitos Aliados (1941-
livro "História do Rio Grande do Norte ria que trou xeram especialistas, torna- 1945), ao passar por Natal em
e da cidade de Natal", assim as des- dos indispensáveis . "Parnamirim 03/08/1946, assim se expressou:
creve: Field", índice do tempo, tinha todas as "Tive muita satisfação de pisar o
"Do lado Leste, situava-se a Base manifestações da vida norte-america- solo do lugar de que tanto cogitei
Aérea Brasileira. Era a colméia de abe- na ... Estrelas de todos os tamanhos durante a guerra. Natal como todos
lhas valentes, defendendo o mel bra- cantaram, dançaram e beberam, asso- sabem teve grande influência na guer-
sileiro, abrindo em leque as esquadri- biando para soldad6s, marinheiros e ra, possibilitando às Nações Aliadas as
lhas zumbidoras e alertas . Com seus aviadores. E as meninas glamorosas da maiores facilidades."
pilotos, navegadores e mecânicos ar- WAAC (Women American Auxiliary É digna de menção a seguinte de-
dentes, o Brigadeiro Eduardo Gomes, Corps) que aprenderam o samba em claração prestada pelo saudoso Presi-
Cmt da 2~ Zona Aérea no Recife, Parnamirim e o nado em Ponta Ne- dente Roosevelt, por ocasião de sua
manteve a dedicação em estado per- gra ... A estação rádio local, a WSMS, estada em Natal: "Natal é a encruzilha-
manente e o heroísmo em função nor- irradiava o nome familiar e simples da estratégica de suma importância
mal. Do lado Oeste, os Americanos, daquela casa de guerra, sonora e orde- para o êxito das campanhas do Norte
nossos aliados, construíram "Parnami- nada como uma máquina perfeita. da África e da Sicília."
rim Field", com duas pistas asfaltadas Mistério quanto ao número das armas Sem sombra de dúvidas, a Base
de 2 000 metros de comprimento, o sacudidas para todos os quadrantes . Aérea de Parnamirim mereceu o epíte-
que possibilitava a operação diária de Qu ando Von Paulus cercava Stalingra- to de Trampolim da Vitória, consagra-
250 aviões. 1 500 prédios abrigavam do, trezentos aviões subiam e des- do pelo valor que representou na vitó-
cerca de dez mil homens. Um "pipe-li- ciam, vindos do norte, e subiam, cada ria das Forças Aliadas, mais do que.
ne" com 20 quilômetros de extensão noite, durante a treva, voando alto, outro qualquer lugar.
mantinha um fluxo diário de 100 000 rumando para África, em r.otas desco- Por feliz coincidência a terra de
litros de gasolina recebida dos navios- nhecidas, levando auxílios para a resis- Augusto Severo, pioneiro da aviação,
tanques, no porto da cidade de Natal. tência que desmoralizou o ímpeto conhecida no mundo inteiro a pártir de
Uma estrada asfaltada, articulando agressivo alemão." 1922, início da exploração das linhas
Natal a Parnamirim, foi construída em aéreas internacionais, mais uma vez se
apenas seis semanas, custando a obra CONCLUSÃO projetou, em benefício do progresso, da
seis milhões de cruzeiros. "Parnamirim segurança e da paz da humanidade,
Field" é, sob a administração america- Natal, RN, foi uma encruzilhada ajudando a vencer a guerra contra o
na, teste aprovativo do caboclo brasi- estratégica da Segunda Grande Guerra nazi -fa scismo .

O Nungesser-et' Calrpouca antes de aterrar em Pernamirím


, .. ·

.r

..
.,
PBRSIRDO ALTO
Carlos Cesar de Sa nta na César

"A S MISSOES AÉREAS INDEPENDENTES TÊM POUCO EFEITO SOBRE O


RESULTADO DA BATALHA E NENHUM SOBRE O DA GUERRA"
Junta Baker

Esta afirmação foi feita, em 1934, m1li ta r se não o papel de " obse rvação das Forças Armadas Americanas regis-
pela famosa Junta Bak er c riada pelo para as forças de supe rfíc ie" e os trava•
Presidente Franklin D. Roosevelt, para "vi sionár ios" que para el a pre con iza- "A sob rev ivê ncia desta N aç~o
pronunciar-se sobre · as possibilidades vam um im po rtante pap el como arma
da av iação co mo arma indepe nd ente. independente . Entre estes alin havam- • Ún ico voto discordan te da Jun ta
Tal vered icto, que não resistiria a uma se Douhet, Mitchell e Jimmy Dooli- Baker e que VIria a coma ndar o
década , adviera da ce leuma ex istente tle·, enquanto aq ueles se mantinham famoso "raid " dos B-25 sobre Tó-
entre os retrógrados estra tegistas mili - fi éi s ao Gal Manson M . Patrick. q ui o, com decolagem de por ta-
ta res que não admitiam para a aviação Já em 1950, o Manu al de Dout rina av iões .

47
como entidade viável depende, prima- tanciadas a Francesa e Inglesa, o de- internacionais, seus conflitos latentes
riamente, da capacidade de sua Força senvolvimento do componente estra- suas potencialidades e limitações, um~
Aérea Estratégica dissuadir o inimigo tégico é nulo. .postura estratégica própria e coerente
de um ataque, face ao alto preço que E qual seria a razão? A descrença que lhes indicará como constituir o
deverá pagar por isto." no Poder Deterrente? Não acredita - segmento estratégico de seu Poder
O que acontecera em apenas duas mos. Julgamos avistar uma razão A_éreo ou seja sua Força Aérea Estra-
décadas para que, na Nação de tecno- quando afirmamos que a fixação no tégica.
logia mais avançada do mundo, hou- comportamento Russo/ Americano e Enquanto persistir aquela imagem
vesse uma mudança tão radical? na hipótese nuclear gerou· uma dis- castradora, nenhuma Força Aérea,
Apenas a~ marcante atuação da torção na visão dos estrategistas do principalmente de país em desenvol-
arma aérea na Segunda Guerra, cujo Poder Aéreo, altamente castradora. vimento, conseguirá equacionar seu
epílogo, triste mais epicamente ence- Revisemos o conceito. Se Missão segmento Estratégico, autolimitando-
nado em Hiroshima e Nagasaki, tivera Estratégica é aquela que busca elimi- se a um Poder Aerotático, comple-
como astro principal a aviação, empre- nar as Fontes de Poder do inimigo, não mentado, por vezes, por tímido vetor
gada como arma independente. O há por que identificá-la somente com de Defesa Aérea que não lhe creden-
artefato atômico lançado do Enola Gay artefatos nucleares e aeronaves ou cia Poder Deterrente significativo e'
viria a mudar os destinos do mundo, vetores de g~ande alcance. Por que mantém seu Poder Aéreo, se não alei -
que agora vive sob o condicionamento ICBM, MIRVS, ou ogivas múltiplas? A jado, pelo menos incompleto.
da "hecatombe nuclear". simples funda de Davi contra Golias Contudo, se libertos daquela ótica,
Se observarmos as três décadas teria aspecto estratégico, se esta fosse poderão com certeza, mercê de uma
que se seguiram, veremos que foram uma fonte emanadora de poder. análise criativa, contrapor necessida-
pródigas na evolução de armamentos Imaginemos o eixo Moscou -Wash- des e recursos e encontrar meios de
mortíferos e não menos em sistemas ington contido entre países limítrofes expressar seu Poder Aéreo Estratégi-
defensivos; no entanto, o equilíbrio de mesmo continente? Qual teria sido co, fazendo assim emergir seu valor
entre as Nações com conflitos latentes o desenvolvimento dos armamentos Deterrente e corrigindo sua anomalia.
esteiou-se, basicamente, na "deter- estratégicos do Poder Aéreo? Por cer- Os horizontes estão abertos. Da
rência", conseguida pelo Poder Aér·eo to, buscar-se-iam lançadores de alta catapulta ao Colúmbia, da pedra ao
Assim ocorre entre o mundo capitalis- precisão, curto ou médio alcance, átomo, os vetores e armas estão à
ta e o mundo comunista, bem como, transportando artefatos cujo efeito, no disposição dos pensadores militares
em menor esca la, entre árabes e ju- tangente à expansão, possuísse abso- para a concepção deste importante
deus. luto controle. Ou ClãO seria? Onde esta- componente do Poder Militar, o vetor
Ora, sendo de tal monta o vaiar da riam os foguetes intercontinentais e as aeroestratégico. Seu peso específico
A.rma Aérea como deterrente, é lícito ogivas múltiplas de incontroláveis no rol dos integrantes do Poder Nacio-
inferir-se que a Aviação Estratégica megatons? nal é bastante conhecido e, como tal,
seJa segmento de capital importância Isto posto, é que nos parece impor- estimulante ao desafio. Fugir a ele,
para o Poder Aéreo e, como tal, im- tance que os estrategistas do Poder omitir-se, poderá ser fatal e imperdoá-
prescindível a uma Força Aérea. Se no Aéreo se libertem do conceito Russo/ vel no futuro que a história já está
entanto analisarmos a evolução das Americano, e busquem, através da escrevendo.
Forças Aéreas após 1945, à exceção análise de seus Cenários", isto é, suas Antes de tudo, o antes é tudo,
da Americana e da Russa e mais dis- posições geográficas, suas relações única certeza do depois.
pconomlza ludo:
ISSO:

O contínuo aperfeiçoamento na·economia . I


de combustível da turbina RB 211 beneficia ' 1

também, os Lockheed Tristars e os novos Bo€'ing1


85.000 toneladas do precioso combustível 757: Comprovada ~ecnologia em serviço. ·
de aviação. Equivalente a até 25 milhões de Per~1stentes pesqu1sas e provas para atingir
dólares aos preços atuais. Esta é a economia que ma1ores avanços amanhã. E: assim que
a nova turbma Rolls-Royce RB 211 proporciona a Rolls-Royce se mantém à frente do mundo.
n~m novo ~oeing 747 ao longo de sua Dando propulsão a àviões l;te]l ...1
VI~~ operacional, em comparação ao combustível comerciais e militares no mundo
inteiro. Bombeando óleo e gás.

um
ut1l1zado pelos primeiros Boeing 747. .
Desde quando a RB 211 entrou em serviço Gerando eletricidade. Equipando
nos Boeing 747, esta turbina tem usado menos navios de vinte e cinco marinhas.
combustível que seus concorrentes.
Ea última versão da RB 211 proporciona ainda ROLLS-ROYCE LIMITED. I;J•t&§l
65 BUCKINGHAM GATE, LONDON- SW lE 6 AT- ENGLAND ~~!::!::!)
uma redução adicional de 5% no consumo. RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 45- S. 203- RIO DE JANEIRO - BRASIL

POLE-POSITION NA CORRIDA PARA O FUTURO


6 de maio de 1982:

41° Aniversário do 1? vôo do protótipo


do P-47

O projeto original do P-47 ~ Thun- robusto e confiável, parece ter sensi- O quadro nebuloso começou a
derbolt, identificado como XP -47 A, bilizado alguns Engenheiros, que se desanuviar-se a 6 de maio de 1941,
previa um motor em linha Allison excederam nos limites de segurança a quando Lowery L. Brabham, Diretor
V-1710. O "Mockup" já estava pronto. serem resguardados. de Operações e Piloto-Chefe de ensaio
Entretanto, elementos do Serviço de Fazer com que as asas alojassem e de vôo da Republic, iniciou a rolagem
Informações destacados na Eu ropa suportassem o recolhimento daquele do XP-478 para o seu primeiro vôo, na
recomendaram que o novo avião deve- enorme trem de pouso, agüentassem pista de grama da Companhia, em
ria utilizar um motor radial, possuir o peso de oito metralhadoreas ponto Farmingdale, Long lsland, N. Y. Na
mais armamento, apresentar melhor 50 carregados com 100 cartuchos cada platéia, o Presidente da Republic,
desempenho em altitude, e ser dotado uma, duas bombas de 1 000 libras, e Ralph S. Damon, e Kartveli: seus des-
de tanques autovedantes. ainda sustentassem em vôo um verda- tinos nas mi'íos de Brabham ..
deiro veículo blindado, era um desafio Como havia chovido muito na vés-
Em junho de 1940, atendendo a para Kartveli. Seu projeto anterior, o pera, o pouso em Farmingdale, com a
esses requisitos a Republic elaborou o P-43 LANCER, pesava apenas 7 300 grama encharcada, seria temerário.
projeto do XP -478, e já a 6 de setem- libras. Mas as respostas a tantas ex- Por isso, se o vôo terminasse bem, o
bro chegava a autorização para a cons- pectativas não tardariam a chegar. pouso seria feito em M itchel Field,
trução do primeiro protótipo, um misto
de "mockup" e plataforma de ensaio
de vôo. Mas, nos trabalhos, parece ter
faltado coordenação entre os setores
responsáveis pelos dados que resulta-
riam no cálculo de peso total. Só o
trem de pouso pesava 1 000 libras a
mais do que especificava o projeto. O
peso máximo de decolagem ficou per-
to das 14 000 libras, quando o previsto
seria da ordem de 11 600 libras. A
preocupação do projetista Alexander
Kartveli (*), na busca de um produto

(*) Nascido na Rússia e banido pela Lindbergh, para trabalhar na Amé- do a Seversky Aviation se trans-
Revolução Bolchevista, radicou-se rica, juntou-se a Seversky, na formou em Republic, passou a ser
na França. Convidado pelo propric Indústria Aeronáutica que osten- o Projetista da nova firma.

50
etário do "Spirit of S. Louis", de tava o seu nome. Em 1939, quan -

num a base do Army Air Corps, di s- para depoi s. A queles poucos minutos pés ! Nós çonsiderávamos 40 000 pés
- tan te um as poucas milha s. de vôo, ent reta nto , foram suficientes co mo um a altitude satisfatória para os
Nesse ponto, ningu ém melh or do para me ce rtifi ca r de qu e já tínham os testes, e apenas ocasionalm ente su-
que Brabham pa ra relatar , fi elm ente, o um aviã o superior, que tinha que ser bíamos um pou co mais! Aprendi nessa
que aco nteceu : vencedor ." hora a apreciar mais o real mérito de
" Na deco lagem , a nacele se en- Nos vôos subseqü entes, a fa se Charles Lindbergh."
cheu de fum aça . O av ião fora subm e- mais importante dos testes se ria a dos Nos demais vôos de en sa io, foram
tido a todos os testes no so lo, mas o vôos em grande altitude, já que o superadas as etapas, até c hegarem os
"turbo-s upercharger" não foi usa do, XP-478 era o prim eiro avião de comba - testes de parafuso e vôo pi ca do. Par-
como já era previsto . Durante a noite, te equipado co m motor turbo e com t ind o de 20 000 pés, os parafu sos eram
go tas de óleo haviam ping ado so bre os um teto de operação de 40 000 pés. segui dos de picadas, que atingiam 550
co letores de escapamento qu e leva- O prim eiro probl ema encontrado milh as indicadas. Daí o rompim ento da
vam os gases até o "Tu rbo -supe rc har- foi a falha da igni ção , causada pela entelagem do leme de direção, qu e
ge r", lá atrá s, pe rto da ca uda. Naque- perda de corrente elétri ca nas cabla - levou à adoção das ·superfícies de
la primei ra deco lagem o "Tu rbo-s uper- gens, acima de 30 000 pés , em conse- coma nd o metálicas.
charger' ', que ao se r usa do deixava os qüência da baixa pressão at mosférica. Lowery L. Brabham , falecid o aos
coletores em brasa , provocara aqu ela Outro problema que surgiu foi a ca vi- 75 anos, no ano passado, di zia que a
densa fuma ça de óleo qu eimado" . lação do óleo, cuj o ponto de ebuliçã o história do nascimento do P-4'7 seria
"Ao co ntrári o dos P-47 de série, o baixava muito àq uela altitude, fazend o inco mpleta se não fo sse esc rit o qu e a
protótipo não abria a ca pota em vôo. co m que fervesse, enq uanto a espuma amizade e o aconselhamento de Kart-
Apenas uma Janela late ral. Chegu ei a resultante imp edia uma suficiente ve li foram indispensáveis para o suces-
pensa r em sal tar. Mas, perde r aq uele lubrificação dos manca is de rolamen - so daqu eles vôos, pois trata-se do
av ião no se u primeiro vôo , se m ainda tos. maior projetista de aviões do mund o!
co nh ece r nada sobre ele, provoca ri a O problema da igni ção foi resolvido Rea lmente, o XP-478 aprovou.
um .atraso desastroso para o projeto " . pela press uri zação das cablagens Nada menos do que 15 686 P-47 Thun-
"O primeiro vôo durou poucos Quando o prob lema da cavitação do derbolt fo ram co nstruíd os. Não é à-toa
minutos e o pouso em Mitchel Fi eld foi óleo foi reso lvid o, a notícia chegou a que a Rep ublic , quarenta anos ap ós ,
norma l, sob as vis tas do meu patrão Charles Lindbergh. bati zo u seu último produto, o Republic
Ralph S. Dam on , aco mpanh ado de Nova mente, o relato de Brabham A -10, co mo o Thunderbolt li.
Ullla com itiva de VI P". ex pressa co m fid elidade o que acon -
"Após o pouso, pouca co isa de teceu: " Recebi um te lefonema do
errado fo i enco ntrada no av ião: algu- fam oso aviado r qu e estava testand o
mas te nd ências nas diferentes ve loc i- para a Ford Motor Compan y o mesm o
"T raduz ido e adaptado da "JUG
da des at ingidas e pequ enas va ri ações motor R-2800. Di sse-me ele que vinha
na se nsibilidade dos com and os. Al gu- encontrando o mes mo problema nos LETTER", editada por JOHN W
mas co rreções foram feitas , mesm o vôos de altitude qu e rea lizava. Pergun - KELL ER, da P-47 THUNDERBOLT
PILO TS ASSOCIATION".
em Mitche l Field. Outras, co m so lu - tei-lhe em qu e alti tude surgiu o proble-
ções já co nhe cida s, f oram deixadas ma . Ele di sse qu e co meçava a 42 500

I I

51
De Paula WJ
CONTANDO ESTRELAS

ENQUANTO A GENTE SE BRONZEIA


(ou Essa Anã é da Pesada)
A vidas é tão densa de aconteci-
mentos, os nossos sentidos e aten-
ções, a todo in sta nte, são requisitados
de forma tão in te nsa, qu e ma l nos
damos conta dos fenômen os que se
passam a nossa vo lta. Mesmo aqueles
fenômenos que se constituem na ra-
zão de ser de nossas atitudes, naquele
dado momentq, nos passam sem a
devida conside ração. Se não, veja-
mos: está chovendo; os pingos batem
na vidraça, fazendo o barulhinho gos-
toso que nos convida, compu lsoria-
mente, ao óc io ou ao lazer, ao prazer .
De pronto vêm à cabeça as minhoqui-
nhas e pensamos logo no uísq ue antes
e no cigarro depois . O barulhinh o da
ch uva, cantado em prosa e verso, o
irresistível gotejar. E nós não paramos
para pensar na série de fenômenos que
estã o ocorrendo nas camadas atmos-
féricas para gerar o nosso "progra-
mão " . A natureza dirige um compli-
cado espetác ul o, chamando ao traba-
lh o seus arqu itetos, químicos, cenó-
grafos, diretores de arte, pintores,
figurini stas, para o nosso deleite . E nós
não dedicamos ·nada do nosso tempo
sequer ao agradecimento. Ela cria o
cl ima, o amb iente " Tcha u" e nos en-
trega tudo de bandeja. Nós, tão-so-
mente, desfrutamos.
Sim, meus caros e pac ientes leito- tido moral, po is, sem ela, a própria
Quando a chuva passa - e di z o res, lá está uma estrela de "Seqüência vida não teria cond ições de existir, na
vulgo que, depois da tempestade vem Principal, anã de 5a grandeza, porta- face do planeta. A vitami na D, a sua
a bonança - apa rece o sol. Acorda - dora de magnitude abso luta 4, 73, absorção pelo nosso organismo, é
mos, felizes da vida com o que nos fo i magnitude visua l - (menos) 26,72, uma das benesses dessa estrela , a que
proporcionado na noite anterior, e tipo espectral G2, nascida há, pelo nos acostumamos chamar de Sol.
notamos que a nossa ousad a compa - menos, 5 000 000 000 (cin co bi lhões) Sem ela, o processamento da troca do
nheira prec isa se refazer. Ela está um de anos. gás ca rb ôn ico em ox igênio, através do
pouco esmaecida, com olh eiras de- fenômeno da fotossíntese, estaria
nunciadoras. Aquele tom pálido "ama- Além de ve lha e anã, essa estrela é comprometido, o que inviabilizaria
re lo-escritório" ou "branco-lencol fe- a maior tentacão do verão; sem ela, nossa respiração e a vida das plantas.
liz" prec isa ser desfeito através cie uma certamente, não haveria tanguinhas
revigorante ducha morna e um bom ou topless . A temperatura na superfíc ie do
banho de sol. Sol é na ordem de 5 500°C; no seu
Pegamos a nossa companheira Mas essa velha anã de 5~ grandeza núcleo, pode atin gir cerca de ..... .. .
pela mão e nos se ntam os na areia. Lá não vive apenas de concupiscência . 20 000 000°C, segundo decl ara Lin neu
no céu está uma anã, ilu minando e Ela também sabe ser b0a velhota (em- Hoffma nn, no seu espetacular" Ast ro-
aquecendo as pessoas e a li nda ma- bora para as longevas estre las, seJa nomia, nova carta celeste". Como
nhã . cons iderada nova), no verdadeiro sen- dissemos anteriormente, essa anã da

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"pesada" é uma velha para nós e uma constituída pelas três camadas mais ses originados da cromosfera com .
nova para a comunidade das estrelas, externas do Sol: a fot osfera, a cromos- du ração máxima de uma hora), proe-
pertencendo à "População 1", ou seja, fera e a coroa ." minências (jatos luminosos também
ela está atingindo aquela idade de pin- formados a partir da cromosfera, ge-
As três camadas possuem compo-
tar os lábios, usar rouge, sombra e já ralmente de co loração avermelhada),
sição quím ica análoga, com um eleva-
se importa com o pequeno volume dos espícu las (bolhas com diâmetro médio
díssimo teor de hidrogên io (cerca de
seios que começam a aparecer. Enfim, de 800 km e duração de 4 a 5 minutos),
75%) e hélio.
ela é uma adolescente. vento solar (emissão constante de pró-
Transcrevemos, aqut, algumas O Sol pode ser compreend id o tons e elétrons fluindo da coroa e des-
palavras do em inente astrônomo cita- como uma imensa usina nuclear que locando-se a velocidades supe riores a
do anteriormente: transforma, a cada segundo, aproxi- 1 500 000 km/h) .
"Na condição de um esteróide madamente, seiscentos e dezesseis O diâmetro desta anã, rainha do
gasoso, o Sol apresenta um núcleo toneladas de hidrogênio em · quase nosso sistema planetário, é aproxima -
sujeito a tremendas pressões e tempe- se iscentas e doze tone ladas de hélio,
raturas, onde sua energia é criada por damente 109 vezes maior que o da
liberando urna quantidade inimaginá- Terra, sendo sua superfície de mais de
reações termonucleares, transmitida à vel de energia para o espaço, sob a
ca mada seg uinte, chamada Zona Ra- três bi lhões e quinhentos mil hões de
forma de luz visível, ca lor, irradia ção quil ômetros quadrados.
dioativa, de átomo para átomo, pe lo eletromagnética, raios X, ultravioleta e
processo de radiação. Esta energi a, infravermelho. Apesar de ser considerada como
transportada para uma camada de uns um ponto fixo para o estud o astro-
80 000 km de espessura, denominada Pode-se imaginar que, numa forna - nômico do sistema, esta anã "da pesa -
Zona de Convecção, desce por res f ria - lha atômica como o Sol, ocorra um da" passeia pelo espaço , não dando
mento e, novamente aquecida, flui sem número de fenôm6nos em escala muita bola para o limite dos 80 km nas
para a fotosfera , que forma o brilhante microscópica. Dentre esses fenôme- rodovias brasileiras . Embala-se a uma
disco visível do Sol, visto da Terra. nos, os mais freqüentes e detectáveis velocidade próx1ma dos 1-9,5 km/h em
Este disco é cerca de 2/3 mais escuro dignos de nota são as manchas solares direção à constelação de Hércu les,
nas bordas do que no centro, isto (gases em turbulência que se erguem enquanto a gente se aquece e se bron-

.....______________________________________
devido à absorção da luz pelas cama- do interior do Sol, não se verificando zeia, ag uardando que o tempo mude e
das externas e mais frias da fotosfera. nas reg iões polares), protuberâncias as gotas da ch uva batam de novo à
A atmosfera so lar pode ser dita como eruptivas (brilh antes emissões de ga - jan ela.

53
Alb erto Martins Torres-Ten Av RR

54
--
Nosso amigo e companheiro de divulgados, dos quais foi protagonista caiu de pára-quedas no meio de uma
antigas guerras, Raimundo da Costa o nosso querido Canarinho. Ei-los: lavoura freqüentada por diversos sa-
canário, teve destacada atuação como O Aspirante Canário integrava uma dios e aborrecidos lavradores britâ-
integrante do 1° Grupo de Caça e, esquadri lha que atacava objetivos pró- nicos . Como o esporte da época na-
depois de ser desconvocado, projetou- ximos às linhas a'iadas, quando a fren- quelas paragens era malhar pilotos ale-
se na aviação comercial até os mais te ainda se mantinha nos Apeninos, mães indesejáveis e, como, por via das
altos escalões da profissão. Quem o teatro de muitos feitos va lorosos de dúvidas e, até mesmo, por desejo,
conhece o admira e respeita, pelo que nossa Força Expedicionária, a FEB da tudo que caía era alemão, a rapaziada
é como homem e como piloto: ele é Cobra Fumando. Certa altura, Canari- tocou o malho no Charles com todos
sólido. nho foi atingido pela antiaérea tedes- os implem entas disponíveis. Apanhou
Em sua bonita folha de serviços, ca e foi obrigado a abandonar o apa- que nem boi ladrão, antes de poder
passou por muitos apertos, safando-se relho, de pára-quedas. Conseguiu oferecer qualquer esclarecimento.
sempre com maestria, mercê de sua safar-se normalmente, o pára -quedas Antes que a coisa piorasse, o nosso
competência técnica, boa cabeça e funcionou direitinho e não houve Reade pôs a boca no mundo com todo
ânimo forte. Quem conhece hoje o maiores percalços na descida. Uma o repertório de palavrões que havia
Canarinho não precisa fazer grandes vez no chão, desfez-se do pára-que- amealhado nos educandários e quar-
esforços para retroceder até 1945 e ver das, quando percebeu a aproximação téis britânicos. Foi como o som da
o Aspirante Canário, com o mesmo de tropa que pôde divisar, ao longe, flauta mágica. Tão logo o vitupério
perfil moral, uns quilos a menos e uns por entre o bosque e a vegetação mais pornográf ico acariciasse os ouvidos
cabelos a mais. De resto, igual: não ra steira. Estava na vertente de uma enfurecidos, estes se enterneceram e
brinca em serviço, ouro-de-lei, amigo colina nevada e os vultos inimigos cessou a pancadaria. Novamente o
certo. vinham de cota inferior. Resolveu cor- valor da senha enfática para sa lvar a
Em certa missão, Raimundo inte- rer morro acima para escapar à cap- carcaça.
grava uma esquadrilha que descobrira tura. Era comum pilotos abatidos não Outro lance dramático do Canário.
um parque de viaturas alemão escon- serem aprisionados, conseguindo jun- Preliminarmente, esclareço QUe não
dido num grande pátio de uma fábrica tar-se aos Partigiani, guerrilheiros itali- testemunhei o final do episódio - jus-
inativa, sob uma rede de camuflagem. anos que apoiavam os aliados. tamente a parte mais importante -
Interessante frisar que rede de camu-
mas fui inteirado de todos os porme-
flagem, para quem voa alto, é muito Subiu o morro em carreira desaba- nores pelos cronistas e bardos de quar-
eficiente. Para quem voa baixinho, lada o nosso Canarinho, que, diga -se tel, certamente burilados e enr iqueci -
entretanto, à cata de objetivos escon- de passagem, sempre ostentou boa dos, como sói, aliás, acontecer até
didos, a rede de camuflagem tem efei- forma física. No topo da colina, exaus- mesmo nas atas de reuniões de id onei -
to contraproduc~nte. Reconhecida to, com a língua maior que a gravata, dade indiscutível. E como, afinal, inte-
pelo piloto, indica claramente que ali desanimou ao sentir-se inteiramente ressam menos as minúcias dos fatos
existe coisa importante. Como ela não cercado por soldados que surgiam de do qu e os grandes gestos e atitudes
esconde de todo, uma passagem baixa todo os quadrantes. - Estou perdido! que eles possam representar, aceite-
basta para identificar-se o que ela pre- Contou -nos que sua primeira provi- mos esta versão.
tende proteger. Daí o nosso hábito de dência foi largar a 45, pistola regula -
buscar os alvos de ocas iã o em vôo a mentar que portávamos, para evita r O Canarinho nesse dia era ala do
altitude muito reduzida, o que, além dé maiores encrencas. Mas, à medida que Tenente Othon Correia Netto, coman -
facilitar o descobrimento dos objetivos os infantes se aproximavam, reconhe- dante de uma das duas esquadrilhas
e de enervar o inimigo, protegia a ceu-lhes o uniforme - Halleluiah! que cumpririam missão no mesmo
esquadrilha do revide da antiaérea. Eram da FEB! Uma patrulha brasi - objetivo. A outra era liderada por mim.
Neste último aspecto o ideal é voar ou leira! Os pracinhas, entretanto, se Teto baixo, chuva, toda a área enco-
a grande altitude ou colado no chão. aproximavam com cautela por falta de berta. Vôo em formação cerrada, por
identificação daquele aviador todo instrumenos, conduzidos pelo Radar
Voltando à missão do parque de encapotado, na realidade irreconhecí- de terra até o objetivo . Foi nesta mis-
viaturas; o ataque constituiu -se em vel à primeira vista. Percebendo a dú- são que o Correia Netto, o nosso que-
diversas passagens, metralhando e vida, Canarinho usou a senha infalível, rido e respeitado Serião, foi abatido
incendiando, em cada passe, um certo aos berros: - Eu sou brasileiro - P... pela antia érea de Casarsa.
número de viatu ras. Com tiro certeiro Q .. P.... ! E esta senha, nestas circuns-
à curta distância, os pilotos se foram tâncias, é o mais efici ente pmcesso de O Serião era um outro jovem que,
entusiasmando progressivamente. identificação. Esta força de expressão como o Canarinho, já tinha a testa
Canário, numa passagem, concentra- tão lusa e brasileira desanuviou logo o prematuramente alta, exibindo os pri -
do no visar, passou tão próximo à ambiente e provocou, de imediato, um meiros albores de calvíc ie. Esta carac-
chaminé de tijolos vermelhos que sec- perfeito clima de cordialidade e confra- terística que lhes era comum, me
cionou, como que à gUÍih ot in a, mais ternizacão. parecia, de certa forma, um símbolo
de um metro de uma ponta de asa. Esté processo de identificação de ou marca daquela respeitabi lid ade,
O P-47 é um avião tão robusto e a nacionalidade não é, entretanto, ex- firmeza e nobreza de atitudes que eles
perícia de Raimundo foi tal que logrou clu sividade nossa. Contou-me o meu também partilhavam E se esta minha
regressar à base em Pisa. bom amigo irlandês-maranhense, con- intuição tiver qualquer fundamento
Pois bem, os fados não escolhem terrâneo dÇI Rui, o Charles Reade, tam- ci entífico, teria a corrobora r a tese o
cara e tramam seus ard il osos esque- bém pi loto de caça, da RAF, outro patrono deste grupo especial, na pes-
mas contra qualquer um, muitas vezes caso semelhante de emprego do pro- soa, também respeitabi líssima, do
com um sád ico prazer de esca lar os cesso. Abatido sobre a Inglaterra, então Major Pamplona, Operações do
melhores para gaiatos. É a impressão quando pilotava creio que um SPITFI- 1° Grupo de Caça, cuja fronte era a
que se tem nos dois episódios pouco RE, numa refrega com os alemães, maior de todas.

55
Mas, na verdade, esta condicão de Friso, novamente, que o Canarinho fones, etc ... , e em seguida um strip-
latitude da fronte nada tem a ver.com a já tinha então tamanho crédito como tease debaixo da asa para despojar
história, pois os pontos cruciais do pessoa e como piloto que ninguém casacos de couro, macacões e mais
episódio foram, primeiro, de ordem poderia pôr em dúvida a veracidade da umas tantas peças da complicada
fisiológica para, depois, se situarem no existência do mal, nem tampouco atri- indumentária de um piloto de com-
terreno dos sentimentos nobres de buir o surgimento do aludido mal a bate.
altruísmo e de solidariedade humana. causas menos honrosas. Foi justamen-
Como já disse, o tempo estava te este segundo aspecto que eu feri, A tudo isto o americano do P-47 do
péssimo. Na cabeceira da pista perma - cav ilosamente, no aparte que ofereci STAND- BY assistia com interesse visí-
neciam sempre dois P-47, de alerta, na ocasião. Fi-lo tranqüilamente, pois vel, porém controlado, de guerreiro
para decolarem, em· caso de ataque sabia o Canarinho imune a tais insi - sempre preparado para enfrentar situa-
aéreo de surpresa. Eram os STAND- nuações. ções pouco rotineiras. Logo que o
BY, sempre escalados dentre um dos Canarinho regressou. Correia Netto Canarinho terminou o seu strip-tease e
outros três grupos americanos, tam- prosseguiu com os outros dois de sua encetou, de cócoras, a solução para os
bém sediados em Pisa. Era uma tarefa esqu::Jdrilha. Nas minhas recordações seus males, o americano, já com visão ,
chatérrima. Os contemplados tinham daqueles tempos, vários pontos desta completa do problema, retomou sua
que envergar aquela tralha toda, rolar missão me marcaram a memória. Um leitu ra, acompanhando de rabo de
o avião até uma das cabeceiras e, na foi ver o Correia Netto sendo abatido e olho o prolongado período de concen-
escuta da torre, permanecer ali algu- flutuando de pára-quedas. Que alívio tração do desditoso colega de armas.
mas horas, até serem substituídos. Se, ver aquele cogumelo branco desabro -
pelo menos, aparecesse algum alemão char! Mas esta história já foi contada Vencida a primeira etapa do pro -
com vocação de suicida, a coisa pode- pelo Rui. Outra visão que trago nítida é blema, o Canarinho, já mais animado,
ria até ficar divertida. Mas, como não de quando voávamos, as duas esqua- buscava a solução para a segunda - a
aparecia, o negócio era levar bastan- drilhas, rumo ao objetivo, ainda por higiênica. O americano, percebendo o
te li teratura e gramar aquelas horinhas instrumentos, em rumos paralelos. Por dilema, gritou-lhe
de tédio da melhor forma possível. poucos minutos, talvez já na altitude - Hold it! (aguarde) ... e continuou
Não sei de quem brotou o brilhante de uns quatro ou cinco mil metros, lendo uma carta, dessas femininas, de
argumento, mas o fato é que os Bra - alcançávamos, no mesmo instante, papel rosa com monograma e perfu-
zilians não entravam nesta escala por uma brecha horizontal, entre as cama- minho. Ao fim, deu-lhe ainda uma
alegadas dificuldades de comunicação das, que se apresentava como um cheiradinha ou, quem sabe, um óscu-
em ing lês.. E vejam que o inglês era o enorme disco escuro. Pude então ver a lo, e gritou para o Canário: - Hei!
idioma usado por nós em todas as esquadrilha desfalcada do Correia E foi então que, num rasgo de soli-
comunicações durante a Campanha da Netto à nossa frente e à esquerda a dariedade e de altruísmo, sacrificou
Itália! Para todo o resto não surgiu esta umas duas milhas, com três pontos aquela delicada mensagem de amor,
dificu ldade! Enfim, quem dorme de pretos naquele imenso sanduíche de reduz indo-a a uma bolota e lançando-a
touca f ica de STAND-BY. Quvens. Um instantâneo inesquecível ao Canarinho, para que este pudesse
a destacar a nossa pequenez. concluir, honrosa e cabalmente, sua
Neste dia tam bém, como de costu- Nesse dia quase todo o território do missão ingrata.
me, o alemão corsário não veio, po- norte da Itália estava encoberto. De- Para encerrar, voltando ao tópico
rém, como verão adiante, veio o Cana- pois de termos cumprido a missão e de das senhas, vale relatar outra estória
rinho para quebrar a monotonia da- o Serião ter sido abatido, reuniram-se que me foi contada pelo General Mo-
quela enfadon ha tarefa. os outros dois que restavam de sua ziul Moreira Lima, também expedicio-
Decolou primeiro a esquadrilha do esquadrilha à minha e desbordamos nário da 11 Guerra Mundial. Conta que
Correia Neto e, em seguida, a minha. em direção ao Adriático, onde encon- um Comandante de Unidade da FEB,
Devíamos reunir rapidamente e cerrar tramos grandes aberturas na cobertura certa noite, foi intimado a fazer alto
as formações. Combináramos seguir de nuvens. Transmitimos essa infor- por uma sentinela.
rumos divergentes durante os primei· mação ao COOLER (Controle Radar de
ros dez minu tos para depois seguir- Terra) que desviou uma esquadrilha Parou e a sentinela Caxias!
mos, paralelamente, o VECTOR (proa) ing lesa para essas bandas, onde o Retrucou Osório!
ditado pelo controle-radar. Assim fize- regresso se fazia mais ameno. A Sentinela Canta um sam-
mos. Mal penetrávamos no negrume ba aí!
das nuvens carregadas, ouviu -se o Meanwhile, como não diria o Gui-
seguinte diálogo, pe lo rádio, naquela zan - pois é! Nesse ínterim, outra si- Cantou. Pôde então passar. Exclu-
modulação cristalina que tinham os tuacão dramática se desenrolava, des- ída a parte lírica do diálogo - a do
nossos equipamentos V. H. F.: de Óregresso do Canarinho por motivo samba - tudo se passara, enfim,
de forca maior intestinal. Contam os como se estivessem nos campos de
- Serião, é o Canário! Vou ter de imagin'osos que o Canarinho nunca manobra do Exército em Gericinó, per-
regressar já! Estou com uma dor de pousou tão bem, lisinho, sem o menor to do Rio. Acontece, entretanto, que
barriga insustentável: não dá p'ra pros- solavanco - e olhe que ele é mão-de- para todo o IV Corpo, que reunia diver-
seguir! seda I Pousou, rolou até o fim da pista sas unidades aliadas de diferentes
O t imbre e as inflexões da mensa- e, mal dobrou para a pista de rolagem, nacionalidades, eram adotadas senhas
gem corroboravam a gravidade do seu estacionou, bem junto a um dos dois em inglês, mudadas diariamente, tais
conteúdo. Achando que deveria ani - STAND-BY americanos de quem já como: MAY FLOW ER H IL LTOP
mar o aflito, contribuí com um aparte falamos. Capota aberta, freio de esta- - V ICTORY - etc ... Nada cOmo a
que omito, a bem do estilo. cionamento, desatrelar toda aquela inteligente improvisação do pracinha
Correia Netto: - Entendido garo- parafernália de cintos, pára-quedas, para con tornar as complicadas senh as
to: pode voltar - mete os peitos! máscara de oxigênio, capacete com em idiomas igualmente complicados.

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I I

A. QUADROS Vitória, o que lhe rende o suficiente e a preparar, às suas expensas, o


para viver. terreno cedido, nele construindo os
hangares, depósitos e os pavilhões de
No Rio, entrando em contato com aulas e administração.
Foi em meados de 1912 que surgiu compatriotas, faz camaradagem com
a idéia de organizar uma escola para Eduino Orione, Diretor Gerente, a
Vittorio Buccelli e, posteriormente, verdadeira alma da empreitada, deslo-
formação de pilotos, no Rio de Janei - com Eduino Orione e Arturo Jona. ca-se para Buenos Aires, com o fim de
ro. Todos se entusiasmam com a idéia da observar a escola do aviador francês
criação de uma escola de vôo. Castaiber. Os aviadores de lá cederam
Aviadores europeus faziam vôos
publicitários sobre a cidade, para algu- Discutidos os detalhes, procuram o ao empenho de Orione de contratar o
mas casas comerciais, partindo da de- Coronel Setembrino de Carvalho, do jovem piloto Ambrosio Garagiolo, ar-
serta praia de Copacabana ou do Der- Gabinete do Ministro da Guerra, Gene- gentino de origem italiana, para ser
by Clube (São Cristóvão), atraindo a ral Vespasiano de Albuquerque. Os instrutor aqui no Rio .
atenção da população. Estimulando a dois oficiais dão boa acolhida à idéia e, Gino Gian Felice, Diretor Técnico,
prática da pilotagem, repetia-se, pela após sucessivas reuniões, acertam os percorre a Europa à procura de aviões-
cidade, com o apoio do vespertino A termos de um contrato com a empresa escola (designação na época dos
NOITE, o "slogan" DÊEM ASAS AO "Gino, Buccelli & Cia.", para a forma- aviões de treinamento). Os aparelhos
BRASIL, lançado pelo jornalista Victo- ção de pilotos-aviadores, na ESCOLA adquiridos vão chegando ao Rio, en-
rino de Oliveira, um dos fundadores do BRASILEIRA DE AVIAÇÃO . caixotados, trazidos da Franca e da
ABro-Clube Brasileiro. Itália, via marítima, e até ja~eiro de
No dia 18 de janeiro de 1913, é 1914 já estavam montados e testados
Neste clima, quatro italianos asso- solenemente assinada a contratação três biplanos "Farman", seis "Bieriot"
ciam-se-e decidem fundar uma escola dos serviços da empresa, obrigando-se
de aviação. o Ministério da Guerra, além da matrí-
cula de 35 militares, pagando por cada
Gino Gian Felice, instrutor de vôo um deles a importância de 2 contos de
em seu país, saíra da Itália em compa- réis, a ceder terrenos de sua proprie-
nhia do seu amigo Bigliani, rumo a dade, à escolha da firma contratada,
Belém do Pará, trazendo um "Bieriot" para a instalação do campo de instru-
de 50 hp, monoplano de asa baixa. Na ção. Prontificava-se ainda, o Ministé-
primeira demonstração naquela cida- rio, a indenizar a escola, mensalmente,
de, ocorre um grave acidente que cus- do material danificado na instrução .
ta a vida do piloto do aparelho, o
desportista milionário Bigliani. Gino, As cláusulas contratuais estabele-
refeito do choque, recupera o avião e cem que "Gino, Buccelli & Cia" se
prossegue a viagem, fazendo demons- compromete a adquirir o material ne-
trações aéreas em Recite, Salvador e cessário ao seu próprio funcionamento FAR M A N .

57
ael"JU)J.J'JU ~V~ll!.!l.' fli'!L~t.~tru 1.1m *''!tl.'lf -~»
.!tl>b lt\!.llt!.IPf litR!.I.

monoplanos, e um monoplano "Aero~


torpedeiro", de instrução militar.
Vittorio Buccelli e Arturo Jona, en~
quanto isso, optam pelos terrenos da
Invernada dos A fonsos, servidos por
um ramal ferroviário, dentre os muitos
oferecidos, iniciando, em ritmo dinâ ~
mico, as obras de drenagem e nivela~
mento do solo . Paralelamente, contra~
tam a construção de oito hangares,
cobertos com telhas "eternit", novi~
dade naquela ocasião. Conseguem,
ainda, aumentar o número de alunos
com a matrícula de quatro Oficiais da
nossa Armada.
Acompanhando atentamente o de~
senvolvimento dos trabalhos, em ja~
Luiz Bergman em seu 8/eriot.
neiro de 1914 o Ministro da Guerra
determina que a escola comece a ope~ Em agosto de 1914, a Escola bre ~ retornam à Itália. O piloto Gino é con~
rar no mês seguinte, e nomeia como veta o seu primeiro aluno: o Tenente vocado e da Itália segue para os Esta-
Fiscal do Governo o piloto ~ aviador Co~ da Armada Raul Ferreira Viana Ban ~ dos Unidos como instrutor. Durante
mandante Jorge Moller, da Marinha deira, primeiro brasileiro a conquistar uma demonstração de acrobacias, pe~
brasileira, portador do brevê n° 486, e brevê de piloto no Brasil. rante grande multidão, não consegue
confirma a matrícula de 20 Oficiais e 15 A guerra na Europa reflete~se seria ~ recuperar o avião de um prolongado
Sargentos do Exército . mente sobre a Escola Brasileira de "pasafuso", e choca ~ se com o solo,
No dia 2 de fevereiro de 1914 é Aviação. Alguns aviões encomenda~ atrás de um bosque, sem que o pú~
festivamente inaugurada a ESCOLA dos, bem como peças sobressalentes, blico perceba. A delirante platéia con~
BRASILEIRA DE AVIACÃO, no Cam ~ ainda não embarcados, são requisita ~ tinua os "hurras" durante alguns mi~
po dos Afonsos. O trem' que conduzia dos pelos Governos dos países belige ~ nutos, até que chega a trágica notícia,
as autoridades e convidados é acom ~ rantes. e faz~se um profundo silêncio no cam~
panhado por vôos rasantes, pelos ins~ O nosso Governo atrasa~se nos po.
trutores da Escola e alguns pilotos do seus pagamentos, o que se reflete nos Ambrosio Garagiola, o entusias~
Aero~Ciube Brasileiro, então instalado Ministérios Militares, resultando no re~ mado instrutor da Escola, falece em
na outra extremidade do mesmo cam~ tardamento do pagamento das matrí~ 1915, no Derby Clube, exibindo o pri ~
po. cuias dos alunos e no reembolso da meiro avião projetado no Brasil, o
reposição de peças de aviões acidenta ~ "Aivear"
Em seguida aos cumprimentos,
dos em instrução. Pouco a pouco, as A mola propulsora da Escola Brasi~
apresentações e execução do Hino Na ~
atividades da Escola vão diminuindo. leira de Aviação, Eduino Orione, mu~
cional, Gino Gian Felice, "sobre um
Seus sócios lutam desesperadamente da ~ se do Rio para o interior do Estado
Bleriot" \como se dizia, então), e Ga ~
para mantê~la em funcionamento, mas de Ma to Grosso, onde seu espírito
ragiola, pilotando um "Farman", fa ~
o ritmo vai decrescendo, até a parali ~ empreendedor cria um núcleo, que se
zem exuberantes demonstracões de
sação total por falta de equipamento desenvolve constantemente, até trans~
vôo a baixa altura. Do palanq.ue onde
O estrito cumprimento de uma formar~se na cidade de Lageado.
estavam as autoridades, ouvem~se
cláusula contratual, estabelecendo o O preju ízo financeiro de cerca de
aplausos, e algumas senhoras escon~
prazo máximo de 40 dias consecutivos 500 contos de réis foi considerado
dem o rosto para não ver aqueles
de inatividade, faz todo o acervo da menor que a frustração sc;ntida pelos
aviadores quase batendo no teto dos
Escola passar para o Governo, liqui- quatro ideal istas, cuJo sonho era cola~
hangares. Vários espectadores acei~
dando, definitivamente, qualquer pre ~ borar na formação de pilotos~aviado ~
tam o amável convite da direcão da
tenção de posterior reergu imento do res para o Bra sil.
Escola para voar nos aparelhos de ins~
curso de pilotagem. Fechado o centro
trução, e, após os discursos de praxe,
de instrução, seus sócios dispersaram ~
e um lanche oferecido ao Ministro e
se. Vittorio Buccell i e A rturo Jona (As tolos que ilusrram este art igo são do acervo do
comitiva, encerram~se os festejos M Aeroespac ial).
Alvear
Começam as instruções de vôo. Os
primeiros passos são com aviões de
pequena potência, especialmente pre ~
parados para não sair do solo, prati~
cando os alunos apenas o treino de
"rolamento". Os instrutores, nesta fa~
se, corriam ao lado dos aviões gritando
para os alunos a orientação necessá ~
ria.
O aprendizado corria satisfatoria ~
mente e os incidentes maiores eram,
em geral, decorrentes do terreno aci~
dentado, ocastonando estragos f r e ~
qüentes nos aparelhos .

58
fan a ser total mente revisado no Oriente
Médio.


A Boe ing anunciou a comp ra do primeiro
Boeing 747 pela Malaysian Airline Sistem -
MAS - que passa ass im a ser o 67~ compa -
nhia a operar com o 747 .
O Vice -presidente e Gerente Geral da Divi -
são do 747 declarou, durante a cerimônia de
entrega,_em Everett, Estado de Washington,
que a Boeing acredita que o novo 747 se
tornará um "lucro ce rto" para a MAS , au -
mentando a eficiência da empresa .


Dentro das inovações que a Lufthansa
vem ultimamente realizando para aumentar o
confor.to de seus pa ssa gei ros, a partir de maio
deste ano seus Boeing 747 e DC-10 estarão
eq uipados com confortáveis berços para
bebês de até 2 anos. Essas pequenas camas,
seguras por ganchos embutidos, tê m 90 em
de comprimento e fi ca rã o colocadas mais ou
menos à altu ra das mesinhas, em frente a(l
assen to dos passageiros, o que faci lita muito
o atend imento às cri ancas. Com "kits" com -
pletos com mamadei ras esterilizadas, f ra ldas~
chu peta s, babadores e arti gos de toa lete para
bebês, a companhi a vai fa cilitar muito os
encargos das mamães durante os vôos de
Hotel Tambaú, em João Pessoa, Paraíba. grande du ra ção. Os demais passageiros mi-
rins poderão preen cher se u tempo com pe-
Com a inauguração do novo serviço, dia- o treinamento inicial do pessoal da Saudia na quenos brinquedos e livros infantis . Além
ri o, da Varig-Cruzeiro para João Pessoa (Rio- Inglaterra. Assim, a co mpanhia aérea iornar- disso, a Lufthansa dispensa cu ida dos especi -
Salvador-Recife-J oão Pessoa -Natal-Fortale- se-á au to-suficiente nesta fu ndamental área ais aos seus viaja ntes aco mpanhados de cri -
za, e volta), utili zando trijatos Boeing 727, téc nica, encarregando-se de dar prossegui - an ça s: reserva -lhes assentos mais bem locali-
tornou -se muito fácil o acesso ao Tropical mento ao programa de revisão. za dos e autoriza seu embarque an tes dos
Hotel Tambaú, famoso pela sua originalidade A tua/m ente, todas as principais peças de. demais pa ssageiros
e pelas opç ões de la zer que oferece aos seus moto res Rolls-Royce são reparadas na Ingla-
usuários, além ·de possuir todos os requisitos terra, pela British Airways. Com a entrada em •
necessários ao conforto e bem-estar. operação desta nova base da Saudia, seus
custos de revisão serão reduzidos em 40%, O motor RJ -500, projetad o para os futu -
• obtendo-se reparos mais rápidos das peças ros aviões da classe de 150 lugares, que estão
O 757 já comp letou os testes preliminares dos motores O RB211 será o primeiro grande se ndo estudados pelos fabricantes de aviões
requeridos peia FAA , tendo real izado onze
vôos com a duracão total de vinte horas.
O programa de ·testes do 757 terá' a dura-
ção de dez meses.


O Governo de Malta anunciou a sua apro-
vação para a compra de três Boeing 737 pela
AIRMALTA .
Equipamentos com motores Pratt & Whit-
ney JT8D-15A, os 737 da AI RMALTA ofere-
,ce m economia de combustível da ordem de
5% comparados co m os 737 eq uipados com
motores Priltt & Whitney mais antigos.
Com uma con figuração de 130 assentos,
os Boeing 737 serão recebidos em março de
1983, dois aparelhos, e um em abril do mes-
mo an o.


A Rolls-Royce assinou contrato, no valor
de 25 milhões de libras, para equipar uma
base de revi são dos motores RB211 para a
Saudi Arabian Airlines (Saudia) Esta empre-
sa é a maior operadora, no Oriente Médio, de
aviões "wide- bodies" B747 e Tristar da Lock -
heed, tod os impulsionados por motores
RB211.
A base, cujo projeto é da Saudia, deverá
ser equ ipada pela Rolls-Royce, que executará Boeing 757.

59
pela Varig /C ruzeiro, hospedagem nos hotéis
da Rede Tropi cal com refeições, passei os e
transpo rte terres tre, e foram criados para
incentivar o turi smo interno .


e companh ias aéreas da Europa e dos Estados A RIO -SUL, Serviços Aé reos Regionais,
Un idos , es tá funcionando perfeitamente. inaugurou, a prim eiro de abril , uma nova linha
A VARIG ina ugurou, a oi to de abril, um
Esse motor vem sendo desenvolvido em liga ndo São Paulo a Londrina e Maringá. O
novo serviço ligando Be lém diretamen te a
conjun to pela In glaterra e pelo Japão há dois novo vôo - número 770 - operado pelos
Lisboa e Paris, com uma freqüênc ia semanal,
anos, co mo resultado de uma sociedad e em aviões Bandei ra nte, tem uma f reqüê ncia diá-
às quintas-feiras , operado pelos confortávei s
bases de 50 / 50% entre a Rolls- Royce e a ria, exceto aos sába dos, partindo de São
DC-10/30. O vôo, número 716, tem início no
Japanese Aero Engi nes Limited. Pau lo às 15:30, chegando · a Londrina às
Ri o às 2 1:45 de quarta -fei ra, partind o de
O motor em experiência , RJ-500-01 , in- 17: 10, sa indo às 17: 20, chegando a Ma ringá
Belém às 02:05 de quin ta-fe ira , chegando a
corpora novas ca racterísticas de projeto, cria- às 17: 40. Na vo lta , com o número 771 , o vôo
Lisboa às 13:50 (l ocal) e a Pa ris às 17 50. Na
das segundo ava nçados programas tecno ló- sai de M aringá às 18:00, chega a Londrina às
vo lta, com o número 717, o vôo parte de Paris'
gicos. 18:20, sa i às 18:30, chegando a São Paulo às
às 22:45 (loca l) de quinta-feira, fazendo esca -
O primeiro mo tor fo 1con struíd o na fábrica 20 10
la em Lisboa, de onde sa i a 01 00 (lo ca l) de
da Roll s-Royce, em Brístol: com componen- sexta -feira direto para Belém, chegando às
tes proj etados e fabr icados na Ing late rra e no 04 35 e sa indo às 05:25 co m destmo a Ma-
Japão. Seus testes de funcionamento têm naus, de ond e parte às 07:25 direto para o
sido feitos num banco de provas na fábrica de Entre as metas da atual Diretoria do Rio, chegando às 12: 15.
De rby, já tendo at ua lmente cerca de 7 horas Clube de Aeronáutica estão : Com a uti li zacão do DC-10/ 30 neste novo
de fun cionamento. Construção de um novo Hotel de servico internaci~nal, o passageiro da VARIG
Um segu ndo moto r montado no Japão, Trânsito dotado de quarenta suítes, passá a ter mais uma opção de escolha, que
ta mbém projetado e fab ri cado por ingleses e lhe dá a vantagem de viajar em vôo direto
japoneses, en tro u em operação num banco
salão de festas e restaurante, depen-
dências para a administração do Clu- entre o Rio e Belém, e Manaus para o Ri o,
de provas da fábrica de lshikaw ajima - Hari - aproveitando a categoria e o confo rto dos
ma , em Mizuho, próximo a Tóq uio, no dia 4 be, além de melhoria das demais ins- grandes jatos, pagando as mesmas tarifas
de março. talações e facilidades da Sede Despor- vigen tes cobradas naqueles trechos domés -
tiva. ticos .
• Transferência da Administração da
atual Sede Social para a Sede Despor-
A experiênc ia da Rolls-Royce em instala-
cão de moto res foi aplicada ao 535E4, para
tiva, visando a uma maior captação de •
recursos com o aluguel das instalações
ássegu rar o melhor rendimento de combu stí -
vel em operação. O mes mo aconteceu co m o desocupadas. Fo1 rea lizado no dia 30 de abril, na Sede
Construção de uma Sede Campes- Esportiva do Clube Nava l - P iraqu ê - o
conhecimento de projetos da Ro lls-Royce,
tre em Jacarepaguá, dotada de pisci- coquete l de abert ura da exposiçã o individua l
ga rantind o que o motor retenha seu ba ixís-
de J ORG E LONGU INH O, Ten Cel Av, atual-
simo nível de co nsumo de combustível após na, quadras de esportes, facilidades men te Instruto r da ECEMAR .
anos em servico. Essas técnicas possibi lita m para a prática de náutica, vôo leve,
que o gasto ·de combustíve l dos motores piqueniques e outros entretenimen-
RB-211 em aviões "wide-bodies" deteriore A amostra consto u de cerca de 30 óleos,
em menos de 1%, após milhares de horas de
tos. na qu al predominam os casanos rústicos e
ope ração em serviço, enquanto motores Incremento da prática de "Cam- marinhas, caracter izando uma Escola Impres -
ameri ca nos co nso mem ate 5% mais. ping de Bãgatelle" na Sede Náutica de sion ista M oderna, na qual convivem o pinc el
Tal deterioração custa muito caro: cada Cabo Frio. e a espát ula.
1% de con sumo de combustível equivale
atual men te até USS 200 000 por an o, para um Apesa r das poucas oportun ida des do
Boeing 747. artiSta em poder ap rese ntar seus trabalhos,
O novo avião 757 da Boeing , impu lsio- As Agênc ias Trop ica is de Turi smo aca- ga lenas do Rio e de B rasí l1a Já tê m demonstra-
nado po r motores Rolls-Royce RB-21 1-535, bam de lançar no mercado o prog rama " Lu a do interesse em apresenta r ma is este arti sta
com empu xo de 37 400 lib ras, fez seu vôo de mel no Tambaú", que é mais uma opção dos usos e cost umes brasi leiros.
inaugura l antes do prog ramado. Este avião, oferecida pelos Planos T rop ica is de Tu rismo
projetado para percu rsos curtos e médios, - PTT . O novo progra-m a, que pode ser
com grande economia de com bu stível, é o
fina nciado pel o Credi Varig / Cruzeiro em até
primeiro da Boeing a ter motores Roll s-Royce 10 vezes, com 20% de entrada, inclui quatro •
desde o seu lanca mento. pernoites em apartam en tos de casal, com
Durante seu. primeiro vôo, de 2 horas e 31 ca fé da manhã, cesta de frutas tr opica is e A R1o -Sul - Se rviços Aéreos Region ais
minutos, rea lizado em Seattle no dia 19 de cha mpanha para duas pessoas no apartame n- aca ba de receber o seu pnme1ro avião
fevereiro, o 757 chegou à altitude de 17 500 to, um Jantar especia l à lu z de velas , três Fokker F-27 de urna enco menda de três. Os
pés e à velocidade de até 250 kt. Decolou de refe ições normais por pessoa (almoço ou outros do is deverão chegar à Base de Manu·
um pequ eno cam po de pouso em Renton, jantar), visita à cidade com um pa sse 1o turís- te ncão da Empresa, em Po rto Al egre, no
onde foi construíd o, e ate rrou no campo de
ti co pa ra conhecer a João Pessoa ant1ga, pa- dec.orrer do mês de abri l, e entrarã o em
Everett, ao norte de Seatle, onde fi ca rá ba- norâmica e trop ica l, e as belas pra1as do operação a partir de maio. Os Fokker F-27 da
seado para a etapa seg uinte de seu programa lito ral pa raibano, en tre elas Seixas, Cabo Ri o-Su l têm cabina pressurizada e capacidade
de testes de vôo. Bra nco/ Farol (extremo orienta l do Con ti nen- para transportar 40 passagei ros e até 2 000 kg
Segun do J ohn H. A rmstrong , pil oto de te A mericano). de ca rga. Suas co nfortáveis poltrona s pro-
provas do projeto 757 da Boeing , "Os moto- Além diss·o , o programa oferece as atra- porcionarão boa co modidade aos passagei -
res 535 são realmente bons e funciona ram cões do pró prio Ho tel Tambaú, co m sua ros, que serão atendidos por uma equipe de
mu ito bem"·. Acrescentou, ainda , que o ja to árqu itetura contemporânea, arrojada e exclu - efic ientes comissá nas de bordo.
fez um vôo inaugural perfeito e cumpriu siva, quase plailtado no mar. Com a chega da des tes três Fokker F-27, a
todos os objetivos propostos. Os Plan os Tropicai s de Turi smo - PTT, Ri o-Su l passará a ter uma frota de 11 avi ões,
do qua l faz parte o prog rama "Lua de mel no sendo oito Bandeiran te EMB-llOP, já em uso
Tambaú", oferecem um "pacote" co m mais em sua extensa rede, que cobre cinco Esta-
• 20 outras opções, in clui nd o passagem aérea dos do su l do País.

60
WAYS, dos Estados Unidos, completou a
mil ionésima hora voada por aviões desse t ipo
em todo o mundo, desde que o primeiro
BA NDEI RANTE de série entrou em operaçã o
regular, em 1972.


A DOLPHIN AIRWAYS possui uma frota
de seis BANDEIRANTE. Dick Derridinger,
presidente da companhia, ao comentar a
coincidência de ter sido um dos seus BAN-
DE IRANTE o avião que efetuou a mil ionésima
hora de vôo, lembrou que, em razão das
exce lentes qualidades e da ótima receptiv ida-
de que os BANDEIRAN T E vêm obtendo junto
aos seus passageiros, irá encomendar mais
sers deles, que deve rão estar em operação
nos Estados Unidos até o final do ano .


A WAPITI AVIATION, empresa aérea
canadense que tem sua base de operações
local izada em Grand Prairie, Alberta, a.caba
de incorpora r, à sua frota de 20 aeronaves,
um bimotor EMB -110P1 BANDEIRANTE,
projetado, desenvolvido e fabricado pela
EMBRAER.
Este é não só o primeiro avião turboélice a
receber as cores da WAPITI AVIATION, mas
também o primeiro BANDEIRANTE a operar
comerc ialmente no Canadá, país onde é fabri -
Da direita para a esquerda, /saldo Neves, Assistente da Presidência da VASP , Ten Brig
c:ilrlo o seu mais importante concorrente no
Waldir Vasconcelos, Diretor do DAC, cumprimentando Frederico Rossi, Gerente Geral da
mercado internacional.
Bas/Rio VASP.
A escolha do BANDEIRANTE pela empre-
sa canadense deu-se graças à excelente ver-
Frederico Ross i assumiu a Gerência da no programa espacral no rte-americano e satilidade do modelo "P1" fabricado pela
VASP RIO, em so lenidade rea lizada no Clube constrói o gravador dest inado a armazenar EMBRAER (as 18 poltronas podem ser rapi -
da Aeronáutica, na presença da imprensa, in formações de rada r a bordo do ônubus damente retiradas, liberando o interior do
autoridades, agentes de viagem, empresas 8Spacia l "Columbia". Esse aparelho registra aparelho pa ra o transporte de 1 400 kg de
aéreas, clientes e am igos. os dados geológicos e geográficos da Terra carga), velocidade e excelentes índices alcan-
Fred foi ind icado para gerenciar a segunda durante o vôo orbital da nave espacial. çados, quer em segurança, quer em disponi -
Base ma rs rmportante da empresa, após uma No Brasil, a Goodyear é o único fab ricante bilidade, face à pouca manutenção exigida.
experiência de 11 anos, onde começou como de pneus para a aviação comercia l, milita r e
produtor de vendas, em São Paulo, galgando Bxecutiva.
em seguida as funções de Produtor Regional,

Supervisor de Turismo e Eventos. • A companhia britânica Bristow Helicop-
Fred, como é conhecido na VAS P, é ters Ltd., especializada no transporte por heli-
natural de Salvador, onde nasceu em 1950, e Foram entregues em Paris os dois primei-
cóptero, recepcionou, em 11 de março de
vem desempenhando com ca rinho e entusias- ros aviões EMB -121 XINGU de uma enco- 1982, em Marignane, na Aerospatiale, o pri-
mo todas as funções para as quais tem srdo menda de 41 feita pelo Ministério da Defesa meiro he licóptero AS 322 L TIGER, fazendo
designado. da França à EMBRAER parte de uma encomenda de 35 aparelhos.
Está sendo t ransferrdo de Belém do Pa rá, Já ostentando as cores da Forca Aérea e Em fins de 1982, 12 aparelhos Bristow
onde conqu istou murtos am igos e fez exce - da Av iação Naval daquele país, os dois tur-
"TIGER" vão traba lhar no Mar Nórdico por
lente trabalho como Gerente Geral daque la boél ices brasileiros decolaram de São José conta de 5 companh ias de petróleo, e as
Base. dos Campos, tendo aos comandos os pilotos entregas serão repartidas no decorrer dos
Brasílico Freire Netto, Carlos Arlindo Ron-
anos 1983 e 1984.
• don, Paulo Cesar Schu ller Remião e Luiz O Bristow TIGER é uma versão persona-
Carlos Miguez Urbano, todos da EMBRAER. lizada do AS ~:72 L !Super Puma, versão alon-
Novos pneus de banda -larga destinados
Com escalas em Fernando de Noronha, gada), nascida de uma cooperação estreita
aos aviões D C-1 O e L-1011 são inspecionados
Ilha do Sal, Las Palmas e Sevilha, os dois entre o Grupo Bristow Helrcopters Ltd. e a
cuidadosamente na fábrica da Goodyear, nos
EMB -121 XINGU cruzaram o At lântico Sul, Aerospatia le , no rr1tu rto de responder, com a
Estados Unidos. Cada um desses aviões "wi -
cobrindo o percurso tota l em aproximada- máxima ef iciência, às demandas específicas
de-body" leva de oito a dez desses enormes
mente 27 horas de vôo, com três pernoites. de missões "off-shore".
pneus, dependendo do modelo de ae ronave.
Ambos são classificados pela EMBRAER A acomodacão interior do Bristow TIGER
Pneus para DC-10, Boeing 747, os "wide-
como "cabeças de série", o que significa oferece o máxiino conforto e um mínimo de
bod ies" operando no Brasil , são fabricados
dizer que de agora em diante serão entregues ruído interior. A mais, o TIG ER dispõe de um
também pela Goodyear do Brasil, a única dois aviões por mês, em cumprimento ao
fabricante de pneus para aviões na América compart imen to de bagagem de grande capa-
cronograma aprovado pelas autoridades fran-
Latina. cidade e de fácil acesso pela parte traseira do
cesas, quando da assina tura do con t rato para
aparelho.
a compra das 41 unidades.
• O níve l de performance é superior ao resto

Os primeiros f reios a disco operados hi-


• dos aparelhos da mesma categoria utilizados
em "off-shore", especialmente no que diz
draulicamente e destinados à aviacão fora m Recentemente, quando voava de Tampa respeito a veloc idade de cruzeiro e alcance
desenvolvidos pela Goodyear nos Estados para Paim Beach lnternational, na Florida, um em distância.
Unidos exatamente há 50 anos atrás, em avião EM B-1 101 BAN DEl RANTE, pertencen -
1932. A empresa hoje encontra-se engajada te à empresa aérea regional DOLPHIN AIR - •
61
No tra nscorrer de um vôo realizado de
Brasília ao Rio de Janeiro a bordo de um
avião bimotor turboélice EMB~121 XINGU, o
comandante Francisco Wellington· Ferreira
Machado atingiu a marca de 1 000 horas de
vôo neste tipo de equ ipamento, fabricado
pela EMBRAER - Empresa Brasileira de
Aeronáutica S. A.
Ao ser homenageado agora pela EMBRA ~
ER, que lhe ofereceu uma placa comemora ~
tiva ao fato e uma maquete do avião pintado
nas cores do DNOS, o Comandante contes ~
sou sua admiração pelo XINGU , explicand o
que "realmente para o tipo de serviç o que
este avião presta ao Ministério do Interior
e, em especial, ao DNOS, seu rendimento
téc nico e operacional tem sido excepcional" e
acrescentou "veja que, pelas missões que é
obrigado a cumprir, voa constante mente pelo
Brasil, de Norte a Sul, sob quaisquer condi ~
ções de tempo, operando quase sempre em
pi stas desprepa radas, sem o mínimo je apoio
de solo. É o avião mais versá Li! que já voei",
co nclui u o Comandante Welling to n.
Cmt Francisco W.F . Machado- 1 000 horas de vôo em Bandeirante .

• viços de manutenção ge ral de aviões conven~ O motor R B211 ~ 535C é uma versão menor
ciona is, de jatos execu tivo s e helicópteros. dos motores RB211, com grande eficiência de
A Fokker terá participação substancial na Futu ramen te, esta rede de assistência técn ica combustível , que impu lsiona mais de 300
criação e fabricação do L ~SAT, programa de será estend ida a outras cidades, cobrindo, Tristars da Lockheed e Boeing 747 que estão
te lecomuni caçõe s por satéli te aprovado ofici~ assim, grande parte do Território Nacional. operando ou encomendados. O motor 535C
almente, há pouco tempo, pel a European está em plena produção para o Boeing 757 e
S pace Agen cy. • recebeu homologação da British Civil
O satélite, pesando mais de 2 400 qui los, A Li DER TAX I AÉR EO S/ A acaba de se Aviation Authority e da Federal Aviation
con sistirá numa plataforma padronizada, tornar representante exclusiva da AIRCRAFT Administration, em setembro de 1981 . Assim,
servindo a diversos objetivos; será capaz de TANK SERVICE, IN C. IATSl - uma subsi ~ o 757 iniciará seu programa de testes de vôo
ca rregar grande variedade de "payloads", diária da TIGERAIR . com um motor plenamente homologado para
co m aplicações que podem incluir transmi s ~ A ATS desenhou e desenvolve u um s is~ serviço de passageiros.
sões pela televisão, vídeo, conferências e tema de reabastecimento de combustível, Em julho de 1979, a Rolls~Royce começou
transmissões de dados. conhecido por SINGLE POINT PRESSURE o projeto da turbina 535E4, para o Boeing
A Holanda participa de 11,8 % do progra ~ FUELING SYSTEM !Sistema de Reabasteci ~ 757. Ela incorpora inúmeras características de
ma L~SAT, integrado, ainda, por outros paí ~ mento de Pressão de Ponto Unico) , para alta tecno logia, criadas pelos avançados pro~
ses como Inglaterra, Itália, Bélgica, Austria, diversos ti pos de aeronaves a jato. Agora, gramas de engenharia da Rolls~ Royce , e será
Dinamarca, Espanha e Canadá. esse sistema já está também homol ogado responsável por mais 10% de redução no
O consórcio industrial que executa o pro ~ pela FAA para os Learjets. consumo de combustíve l e pelo aumento do
grama é liderando pela British Aerospace
Dynamic Group.
• empuxo de decolagem para mais de 40,000
libras .
A Fokker, maior participante holandês do Os testes dos motores 535 com caracte~
Um novo sistema de escape, que mistura
L ~ SAT, é subempreiteira da British Aerosp·a ~ rísticas do 535E4 comecaram em setembro de
os jatos de gás quente e ar frio, para o motor
ce no tocante à estrutura da plataforma do 1981. O 535E4 está pro.gramado para receber
RB211 ~ 535E4, está em fase final de testes e já
satélite. Pe squ isa de mercado revelou que, no sua homologação oficia l em dezembro de
completou 80 horas de funcionamento.
ano 2 000, haverá uma demanda de cerca de 1983 e as entregas dos motores deverão ter
Os resultados dos testes feitos a nível do
150 satélites de telecom unicações, dos gran~ início no começo de 1984.
mar e em altitude, com o novo sistema de
des.
escape, indicaram uma grande economia de
combustível que será de 10% em relação ao
• motor origina l do Boeing 757 .
O dispositivo de saída de ar e o jato do

C'llor saem do 535E4 por um único bocal de
·Foi realizada nas oficinas da LiDER TAXI escape. Na versão anterior, há duas saídas
AÉREO S.A ., em Belo Horizonte, a primeira sepa rando os fluxos de ar quente e frio. Além Aproximadamente dez mil pessoas teste ~
revisão HSI IHot Section lnspectionl feita em munharam a ce rimônia de lançamento do
de econom izar combustível, o novo sistema
turbina GARRET TFE 731, na América do de escape aumenta a força de reversão em mais novo jato co mercial, o Boeing 757 .
Sul. A cerimônia, real izada em Renton, Estado
cerca de 40%.
A revisão foi reali zada no avião PT~DTY, O motor RB211 ~ 535E4 deverá receber sua de Washington, estiveram presentes, dentre
modelo HS 125, de propriedade do Banco do homologação no final de 1983, e entrará em outras personalidades brasileiras, O . S·r. José
Brasil. S.A. Maria Siqueira de Barros, Sec r etá~rio de
serviço na segunda metade de 1984, cerca de
Esta é uma importante etapa vencida pela Transportes do Estado de São Paulo, e o Sr.
um ano e meio após o primeiro motor 535C
Li DER, que, através de suas oficinas homolo ~ Omar Fontana, Presidente da Transbiàsil
ter entrado em serviço nos aviões das compa ~
gadas pelo Departamento de Aviação Civil e O Boeing 757 é um birreator para peque-
nhia5 aéreas British Airways e Eastern Ai r
Federal Aviation Administrat ion, está apta a nas e médias distâncias . Sua asa é o resul-
Lines . Cinco empresas aéreas já fizeram pedi-
real izar reparos e serviços de manutenção em dos e opções para 101 aviões Boeing 757 tado da mais avançada tecnologia, bem como
geral, bem como colocar à disposiçi'ío dos impulsionados com motores Rolls ~ Royce seus motores e a cabina de pilotos.
clien tes serviços de radiocomunicação, ma ~ Os quatro Boeing 767 que se encontram
RB211~535C.
nutenção de pista, serviços de comissa ria, em fase de testes de vôo, visando à obten-
salas de embarque, etc. ção do certi fi cado do FAA, já realizaram 111
Atualmente, a Líder possui bases nas vôos. totalizando 190 horas .
cidades de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de • Os testes têm incluído "sta lls", sistema de
Janeiro, Brasília e Belém, onde executa ser~ combustível, motores, sistema de freio s. etc .

62
CELMA
A COMPANHIA ELETROMECÂNICA CELMA é
uma sociedade anônima de economia mista, sediada
na cidade de Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro,
vinculada ao Ministério da Aeronáutica. A CELMA emprega cerca de
1.000 funcionários, treinados em sua própria escola e nas dos fabri-
cantes de Motores e Acessórios. Os serviços de revisão e reparos de alta
tecnologia prestados pela CELMA têm a tradição de qualidade confir-
mados pela confiança neles depositados por seus diversos usuários há
mais de 15 anos e garantidos pela homologação do CENTRO Tf:CNICO
AEROESPACIAL(C.T.A.) N!> 7504-05/DAC e pela FEDERAL AVIA-
TION ADMINISTRATION (F.A.A.) N? 5480-F.
Vista aérea da Cia. Eletromecân ica CELMA.

PRINCIPAIS CLIENTES
A CELMA EXECUTA REVISÁO E REPARO DE:

BRASIL
- Motores de fabricação Pratt & Whitney FORÇA AÉREA BRASILEIRA, VARIG,
JT3- Usado no avião Boeing 707 VASP, CRUZEIRO DO SUL, TRANS-
JT8- Usado nos aviões Boeing 727 e 737 BRASIL, RIO-SUL, TABA, \TAM, VO-
PT6 - Usado nos aviões Bandeirante, Xingue King Air TEC, NORDESTE, ÚRGÂOS GOVER-
NAMENTAIS E EMPRESAS PRIVA-
Motores de fabricação General Electric Co. DAS.
J85- Usado no avião F-5 EXTERIOR
CT64 - Usado no avião Buffalo
CJ610 - Usado no avião Lear Jet URUGUAI, PERU, ARGENTINA,
CHILE e FRANÇA

COMPANHIA ELETROMECÃNICA CELMA


Rua Alice Hervê, 356- Caixa Postal 90.341
25600- Petrópolis- Rio de Janeiro- Brasil
Tel.: (0242) 43-4962 PABX
TELEX: 2121271 CECE BR
SPAO EBERMONT 54- 1926 E Av M'ii'--~- ~--------~------~
ARQUIVO

AMIOT 122. Bp3

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64 l
Unica maneira de você viajar num Boeing 727 Super 200 dentro do Brasil.

Única maneira de você ter a maior frota de Boeing 737 reunida num mesmo nome.

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TELEVASP
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Unica maneira de você telefonar durante um vôo.

Única maneira de você voar a crédito por telefone.


Contin uando: Vasp a única maneira de você exclusivas a você? Porque só a Vasp pensa em Governo
voar para todos os estados do Brasil; única você de um a maneira especial, pesquisando e PauloMaluf

1~1
maneira de você receber seu bilhete em alguns traze'ndo sempre o que existe de mais avançado
segundos pela emissão auto mática; única para o seu conforto.
maneira de você fazer sua reserva pelo sistema
"toll free", durante 24 horas por dia . Por que só
a Vasp consegue oferecer tantas coisas
Trabalho e
JEITO BRASILEIRO, PADRÃO INTERNACIONAL. Integração Social

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