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Prescrição e decadência

Prof. Dr. Dalmir Lopes Jr.

Conteúdo:
Evolução conceitual da prescrição e da decadência no direito pátrio. Prescrição aquisitiva e
prescrição extintiva. Direitos subjetivos e direitos potestativos. Pretensão jurídica e sujeição.
Classificação das ações e a conexão com o exercícios de direitos e pretensões. Fundamentos da
prescrição e da decadência. Renúncia à prescrição e seus limites. Prescrição da pretensão civil
com ação penal em curso. Causas suspensivas e impeditivas. Causas subjetivas bilaterais e
unilaterais; causas objetivas. Causas interruptivas da prescrição. Prescrição intercorrente.
Decadência legal e convencional.
Bibliografia
 AMORIM FILHO, Agnelo. “Critério científico para distinguir a prescrição da decadência e para identificar as
ações imprescritíveis”. Revista de Direito Processual Civil. São Paulo: Saraiva, janeiro a junho de 1961, Ano II,
vol. 3, pp. 95-132
 AZEVEDO, Fábio de Oliveira. Direito Civil – introdução e teoria geral. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.
 FARIAS, C. CHAVES e ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil. Vol. 1. São Paulo: Atlas, 2015.
 FONTES, André. A pretensão como situação jurídica subjetiva. Belo Horizonte: Del Rey, 2002.
 IMHOF, Cristiano. Código civil interpretado. São Paulo: Atlas, 2014.
 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. Vol. I. Rio de Janeiro: Forense, 2000.
 PONTES DE MIRANDA, F. C. Tratado de direito privado. Vol. 6. Rio de Janeiro: Borsoi, 1973.
 SERPA LOPES, Miguel Maria de. Curso de direito civil: introdução, parte geral e teoria dos negócios jurídicos.
Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1989.
 TEPEDINO, Gustavo; BARBOZA, Heloisa Helena e MORAES, Maria Celina Bodin. Código civil interpretado –
conforme a Constituição da República. Vol. I. Rio de Janeiro: Renovar, 2007.
 VENOSA, S. SALVO. Código civil interpretado. São Paulo: Atlas, 2013.

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Estrutura da apresentação
1. Função da prescrição e decadência; 5. Classificação da prescrição: prescrição
2. Natureza jurídica; extintiva e aquisitiva;
6. Renúncia à prescrição e alegação de ofício;
3. Características distintivas da prescrição e da
decadência; 7. Prescrição: impedimento, suspensão e
4. Fundamento da prescrição e da decadência; interrupção;

4.1. Prescrição; 8. Prazos prescricionais.


9. Exercícios
4.2. Direito subjetivo e ação condenatória;
4.3 Decadência e ações constitutivas;

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Função da Prescrição e da decadência
“Serve à segurança e à paz públicas, para limite temporal à eficácia das pretensões
e das ações.” (PONTES DE MIRANDA, 1973, §662, 2).

“É, então, na paz social, na tranquilidade da ordem jurídica que se deve buscar seu
verdadeiro fundamento. [...]Há, pois, um interesse de ordem pública no
afastamento das incertezas em torno da existência e eficácia dos direitos, e este
interesse justifica o instituto da prescrição” (SILVA PEREIRA, 2000, p. 437).

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Natureza Jurídica da Prescrição e da
decadência
 1ª corrente – é fato jurídico stricto sensu ordinário. “O tempo é fato jurídico, acontecimento natural. A
prescrição e a decadência são fatos jurídicos em sentido estrito, porque criados pelo ordenamento”
(VENOSA, 2013, p. 296).
 Considera apenas o efeito do tempo como determinante para a produção de efeitos.

 2ª corrente – é ato-fato jurídico extintivo ou caducificante. “Incidindo no suporte fático a regra jurídica
sobre prescrição, o fato jurídico da prescrição se produz [...] havemos de considerar ato-fato jurídico, devido
ao ato humano negativo, talvez involuntário, que é mister ao suporte fático. O ato-fato jurídico da prescrição
somente produz, no mundo jurídico, o efeito de criar o ius exceptionis, isto é, o direito de exceção de
prescrição. Direito que se exerce, ou não” (PONTES DE MIRANDA, 1973, §665, 3).
 Considera não só o tempo, mas o efeito em face da omissão do agente que não alegou a pretensão em tempo hábil ou não tomou as
providências necessárias para interromper a prescrição.

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Características distintivas da prescrição e da
decadência
Prescrição Decadência
 interesse privado (embora o prazo seja legal);  Interesse público (prazo é legal) e interesse
privado (prazo contratual);
 O prazo pode ser interrompido, suspenso ou
impedido de correr;  Não admite interrupção do prazo (art. 207),
mas da mesma forma que a prescrição (art.
198,I) seu prazo não corre contra os incapazes
 Não admite alteração do prazo (Art. 192); (art. 208);
 Admite renúncia, desde que haja transcorrido  Não admite alteração do prazo (legal);
o prazo;  A decadência legal não admite renúncia (só a
 O juiz pode atuar por ofício e alegar a convencional) (arts. 209 e 211,
prescrição, mas deve consultar o interessado; respectivamente);
 O juiz deve alegar a decadência quando ela
restar consumada (art. 210);

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Fundamento da Prescrição e da decadência
Fundamento da Prescrição
 É a perda da pretensão pelo decurso do tempo; a prescrição é o decurso do
tempo que torna ineficaz o poder de exigir a prestação.

Existem outras concepções, mas não foram acolhidas pela CC/02:


1ª corrente (tradicional) – é a perda do direito de ação pelo decurso do tempo.
Sustentada por Clovis Beviláqua; Serpa Lopes; Silvio Venosa; Washington de Barros;
Maria Helena Diniz; Paulo Nader.
 Crítica: conceito que estava presente na redação no CC/16 por influência de Beviláqua; O direito
de ação é público, absoluto e incondicionado – não está sujeito à prescrição. Direito não
prescreve, ou se extinguem pela decadência ou são inefetivos por ausência de pretensão.

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2ª corrente – perda do direito subjetivo patrimonial (corrente italiana). Sustentada
por Caio Mário; San Tiago Dantas; Orlando Gomes. “Perda do direito, dissemos, e
assim nos alinhamos entre os que consideram que a prescrição implica algo mais
do que o perecimento da ação. [...] Pelo efeito do tempo, aliado à inércia do titular,
é o próprio direito que perece” (SILVA PEREIRA, 2000, p. 435).

Corrente que prevaleceu hoje é a de origem germânica:


Art. 189 do CC – “violado o direito nasce para o titular a pretensão, a qual se
extingue pela prescrição”.

Art. 194, 1 do BGB – “O direito de exigir de outrem uma ação ou uma omissão
(pretensão), está sujeito à prescrição”  Conceito de pretensão (Anspruch)
Art. 194, 2 do BGB – “Pretensões que têm origem em relações jurídicas de direito
de família não estão sujeitas à prescrição, nem os direitos que visem a constituição
de relações futuras ou que tratam de investigação genética de descendentes”.

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Quais “direitos” dão margem ao exercício de pretensões, isto é, que
atribuem o poder de exigir de outrem uma ação ou uma omissão?

Direito subjetivos patrimoniais (obrigacionais e reais)!

Compreendem aqueles direitos que têm por finalidade um bem a conseguir


mediante uma prestação positiva ou negativa de outrem, isto é, do sujeito passivo.
Nessas duas classes há sempre um sujeito passivo obrigado a uma prestação seja
positiva (dar ou fazer), como nos de propriedade. (Cf. AMORIM FILHO).

 Prestação é a conduta que se exige de um sujeito em face da existência de


um direito subjetivo. O poder de exigi-la se dá com o surgimento da
pretensão.

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Direito subjetivos e as ações de condenatórias
Conclusões:
Estado Juiz
• O que se demanda é uma
prestação, uma conduta do réu;

• “solicita-se ao Estado-Juiz que


exija do réu uma ação ou
omissão, se necessário com uso
da coação”

Autor Prestação e contraprestação Réu • A pretensão portanto está


Relação jurídica convertida em lide*, pois fundada num direito subjetivo;
o réu resiste ao cumprimento da
prestação • É possível existir direito
subjetivo sem pretensão (Art.
*Lide é o conflito qualificado por uma pretensão resistida 199, II); mas não há pretensão
sem direito subjetivo (art. 199,
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Direitos potestativos e ações constitutivas
Direitos potestativos
São poderes que a lei confere a determinadas pessoas de influírem com uma
declaração de vontade sobre situações jurídicas de outras sem o concurso da
vontade dessas, criando um estado de sujeição(*). Esses direitos são insuscetíveis
de violação e a eles não corresponde uma prestação.

O exercício de direitos potestativos não se baseia em pretensões, mas no poder de


influir sobre a esfera jurídica alheia. São exercitáveis por ações constitutivas ou
desconstitutivas.
(*) estado jurídico que dispensa o concurso da vontade do sujeito ou qualquer atitude dele

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Conclusões:

Estado Juiz • o réu tem direito à ampla


defesa e ao contraditório,
porém dele não é exigida uma
Verificada que as condições fáticas prestação;
para o exercício do direito
potestativo, o juiz atua sobre a • O exercício do direito de ação
relação jurídica (decretando sua não visa uma conduta do réu,
anulação ou determinando sua mas o desfazimento de uma
constituição). relação jurídica (ou sua
constituição);

Autor Réu • Ações constitutivas visam um


Prestação e contraprestação provimento sobre o liame jurídico
(prazo de decadência).
• Ações declaratórias não têm prazo
(imprescritíveis) – não dão margem
à prescrição ou à decadência;
• Ações condenatórias visam obter
uma prestação do réu (prescrição);
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Síntese:
 Ação constitutiva é o meio adequado para o exercício dos direitos
potestativos – direito insuscetíveis de sofrer violação – cujo prazo
exercício é chamado de DECADÊNCIA;
 Consumado o prazo decadencial, ocorre a perda do direito
potestativo.

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Prescrição
Regras de suspensão, impedimento e interrupção

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Classificação da prescrição
 Prescrição é apenas extintiva, mas parte da doutrina insiste na
chamada prescrição aquisitiva;
 A prescrição aquisitiva seria a/o usucapião;
 o fato de a usucapião valer-se de algumas regras da prescrição, não
fornece a ela a mesma natureza.
 Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das
causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais
também se aplicam à usucapião.

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Renúncia à prescrição (art. 191)
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só
valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição
se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do
interessado, incompatíveis com a prescrição.

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 Tácita – ocorre por exemplo em face de uma novação, de uma
transação ou de uma constituição de garantia.
Art. 360. Dá-se a novação:
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;

Exemplo 1: Novação. Hipótese em que o devedor contrai com o credor nova dívida substituindo
a anterior; a constituição do novo crédito constitui a renúncia à prescrição da pretensão
anteriormente constituída.

Exemplo 2: Pode ocorrer renúncia tácita, quando já transcorrido o prazo prescricional, o


devedor ofece um bem em garantia.

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 RENÚNCIA sem prejuízo de terceiro  não pode prejudicar um
terceiro, como poderia ocorrer em uma situação de fraude contra
credores.

Paulo, devedor insolvente, renúncia a prescrição de outra dívida em que


também é devedor (não utiliza a prescrição a seu favor)! Fraude contra
credores!

O credor prejudicado pode opor-se (à renúncia) e exigir a anulação do


pagamento efetuado  exigindo o depósito do crédito em sua conta
pessoal ou em conta do concurso de credores;

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 O direito à renúncia nasce após a consumação da
prescrição, mas não antes.

 Ineficaz a renúncia feita antes, pois não é possível opor a


prescrição, tampouco a ela renunciar;

 Prazo de prescrição é inalterável;

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Alegação ex officio da Prescrição
 se é possível renunciar (art. 191), então é direito disponível. O juiz deve questionar o réu antes de
decretar a prescrição

 Enunciado 295 CJF – “Art. 191. A revogação do art. 194 do Código Civil pela Lei n. 11.280/2006, que
determina ao juiz o reconhecimento de ofício da prescrição, não retira do devedor a possibilidade
de renúncia admitida no art. 191 do texto codificado.”
 ENUNCIADO 581 – Em complemento ao Enunciado 295, a decretação ex officio da prescrição
ou da decadência deve ser precedida de oitiva das partes.

 Uma vez suscitada a prescrição, havendo o autor réu renunciado à prescrição, faz coisa julgada e
não pode ser alegada em outra fase do processo ou em grau de recurso:

Art. 503 do CPC/15. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal
expressamente decidida.
§ 1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo,
se:
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;

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Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer
grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.

 Pode ser alegada em contestação, em apelação, contra-razões ou em


embargos, mas não caberia em recursos especiais (REsp.157.840)

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Distinção entre suspensão, impedimento e
Interrupção
 Suspensão  o prazo estava em curso, foi paralisado por uma causa
prevista na lei; finda a causa volta a correr o prazo que já estava em curso;

 Impedimento  existe uma causa que impede que o prazo se inicie, finda
a causa, começa a correr o prazo;

 Interrupção  o prazo estava em curso, mas é paralisado por uma causa


prevista no art. 202, uma vez interrompida, a contagem do prazo é
reiniciada (“do zero”).

 Causas suspensivas e impeditivas – artigos 197, 198 e 199


 Causa interruptivas – Art. 202.
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Classificação das causas impetivas/suspensivas:

Causas • fundadas numa relação jurídica específica (casamento;


suspensivas/impeditivas união estável; exercício do poder familiar; tutela ou
bilaterais curatela);

• tem como fundamento uma situação jurídica unilateral


Causa impeditivas
(incapacidade de fato; agente/servidor público em
unilaterais serviço pela União; militares em tempo de guerra);

Causas impeditivas • situações fáticas onde não há direito subjetivo ou não


objetivas há pretensão.

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Causas suspensivas/impeditivas bilaterais:
 Art. 197 – Não corre a prescrição:
 I – “entre os cônjuges na constância da sociedade conjugal”
Art. 1571, III do CC – “a sociedade conjugal termina com a separação judicial”.

O mesmo ocorre com os companheiros (mesmo na união homoafetiva – não há distinção). A


prescrição não corre enquanto perdurar a união.

Enunciado 197 do CJF – “não corre a prescrição entre os companheiros, na constância da união
estável”.

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Inciso II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder
familiar;

 Não há poder familiar entre ascendente e descendente, mas entre pais e


filhos. (avó é ascendente de neto, mas não há, necessariamente, poder
familiar).

 A prescrição começa a correr com a perda do poder familiar ou com a


maioridade do filho.

 Se a ação versar sobre prejuízo que os pais tiveram de ressarcir por danos causados
(a terceiros) pelos filhos  a pretensão não será legítima (Art. 934)

Inciso III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores,


durante a tutela ou curatela.

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Causas impeditivas unilaterais
 Art. 198. Também não corre a prescrição:
 I - contra o absolutamente incapaz;

 Não corre contra, mas corre a favor.

 II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou


dos Municípios;
 III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de
guerra.
 Lógico  a serviço do país, a legislação não permite que o direito prejudique quem
está servindo ao interesse público e que por isso não pode fazer valer sua pretensão.

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Causas objetivas
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:
I - pendendo condição suspensiva;  (não há direito subjetivo)
II - não estando vencido o prazo;  (não há pretensão, embora subsista direito subjetivo)
III - pendendo ação de evicção. (não há pretensão)

 Exemplo de evicção – uma pessoa que comprou um bem (evicto) de outra


(alienante), vem a perdê-lo para um terceiro (evictor), em razão de uma
decisão judicial. Veja, essa ação pode durar algum tempo... Imaginemos
que a decisão seja contra o evicto... Ainda assim poderá exercer a ação de
regresso contra o alienante.
 O alienante não pode alegar prescrição da pretensão, pois desde o
despacho da citação do processo de evicção, a prescrição está suspensa.

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Credores solidários (art. 201)
 Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores
solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.

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Interrupção da prescrição
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-
se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o
interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso
de credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do direito pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a
interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.
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I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a
citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei
processual

Art. 240, §1º, CPC/15 – “A interrupção da prescrição, operada pelo


despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo
incompetente, retroagirá à data de propositura da ação”.

 Evita-se com essa redação que ocorra a citação entre a propositura da ação e o
despacho de citação. A prescrição não pode ocorrer por demora na prestação
jurisdicional.

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II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;

 Ação de protesto foi revogada pelo NCPC; Mas com por analogia
aplica-se à notificação judicial e pela interpelação (art. 726 ao 729 do
CPC/15).

III - por protesto cambial;

 Protesto de título de crédito (nota promissória; cheque; cédula de


crédito bancária e etc.)

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IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou
em concurso de credores;
 Assim como o Inciso I, este artigo não admite a prescrição intercorrente, pois só
volta a correr o prazo com a sentença (final sobre o mérito ou de extinção sem
julgamento por abandono do autor) ou a sentença final no juízo de inventário;
 Parágrafo único (art. 202). A prescrição interrompida recomeça a correr da data
do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.

V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;


 Artigo que é praticamente inócuo, pois se não notificar deverá citar o
réu, o que atinge o mesmo efeito.

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Prazos
 Os prazos de decadência estão dispersos na codificação;
 Quando houver um direito potestativo anulatório, o prazo será de 2
anos (Art. 179).

 Os prazos de prescrição estão reunidos nos artigos 205 e 206 do CC.


 O Art. 205 estabelece que se houver pretensão que não tenha prazo
especificado para seu exercício, esta será de 10 (dez) anos.

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Prazos de Prescrição
 Receber valores de hospedagem;

Fonte: FARIAS, Cristiano Chaves et al. Código civil para concursos. Salvador: Juspodium, 2013.
 Receber indenizações de seguros (excetuados os seguros obrigatórios como o DPVAT);
1 ano  Recebimento percepção de emolumentos, custas e honorários;
 Perito para receber por avaliação de bem de SA;
 Credor não pago contra sócio ou acionistas de sociedade liquidada.
2 anos  Alimentos vencidos.
 Aluguéis;
 Rendas temporárias ou vitalícias;
 Juros e dividendos pagáveis em no máximo um ano;
 Enriquecimento sem causa;
3 anos  Reparação (responsabilidade) civil;
 Lucros e dividendos, recebidos de má-fé;
 Violação de lei ou estatuto de SA;
 Recebimento de título de crédito que não possuir prazo especial;
 DPVAT e demais seguros obrigatórios.
4 anos  Pretensões relativa à tutela.
 Dívidas em geral, constantes de escrito público ou particular;
5 anos  Valores devidos a profissionais liberais, professores etc.;
 Receber as custas processuais Prof.
do Dr.
vencido.
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Questões
(JUIZ/TJ/DF 2007) Analise as proposições e assinale a única alternativa correta.
I. As pretensões perpétuas, que se exercitam mediante ações declaratórias, são
imprescritíveis.
II. Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a ação de indenização
do segurado em grupo contra a seguradora prescreve em um ano, contado da
comunicação do sinistro à seguradora.
III. Negócio jurídico submetido à condição resolutiva só se tem por formado,
perfeito, quando verificada a condição.

(A) apenas uma das proposições é falsa.


(B) apenas uma das proposições é verdadeira.
(C) todas as proposições são verdadeiras.
(D) todas as proposições são falsas.

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(Procurador – Natal-RN – 2008 – CESPE) Com relação ao instituto da
prescrição no atual Código
Civil, assinale a opção correta.
(A) A prescrição suspensa em favor de um dos credores solidários
aproveitará aos outros, uma vez que a solidariedade impõe a todos a
totalidade da prestação. Art. 201
(B) Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal,
fica interrompida a prescrição até o recebimento da denúncia ou da queixa-
crime.
(C) A interrupção da prescrição por um dos credores não aproveitará aos
outros, ressalvando-se o caso de serem credores solidários. Art. 204, § 1º
(D) As partes poderão, desde que mediante mútuo acordo, diminuir os
prazos prescricionais previstos no código citado, já que as normas que
regulam a prescrição são consideradas dispositivas
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(Instituto AOCP - 2014 - UFPB - Advogado) De acordo com o disposto
sobre a Prescrição e decadência no Código Civil, assinale a alternativa
correta.
(a) A exceção não prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.
(b) Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só
aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.
(c) Os prazos de prescrição podem ser alterados por acordo das partes.
(d) A prescrição não pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição,
pela parte a quem aproveita.
(e) A prescrição iniciada contra uma pessoa não continua a correr
contra o seu sucessor.

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(Procurador – PGE-CE – 2008 – CESPE [adaptado]) Assinale Verdadeiro ou falso.
F ( ) Não corre o prazo de decadência contra os que, mesmo por causa transitória,
não puderem exprimir sua vontade.
F ( ) A prescrição e a decadência podem ser interrompidas mais de uma vez, desde
que por favor motivos diferentes, sendo que a prescrição intercorrente pode
ser interrompida ilimitadamente.
F ( ) A suspensão da prescrição em favor de um dos credores solidários sempre
aproveitará aos demais. No entanto, a interrupção operada contra o devedor
principal não atinge o fiador, a favor do qual continua a correr a prescrição.
F ( ) Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em
qualquer grau de jurisdição, inclusive em sede de recursos extraordinário ou
especial, podendo, ainda, o juiz suprir, de ofício, a alegação.
F ( ) O prazo da prescrição da pretensão indenizatória da vítima, decorrente de fato
a ser apurado no juízo criminal, flui independentemente da respectiva
sentença criminal definitiva.

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(CESPE - 2014 - TCE-PB - Procurador) Acerca das disposições legais atinentes
aos institutos da prescrição e da decadência na esfera cível, assinale a opção
correta.Parte superior do formulário
A. Não ocorre a prescrição entre ascendente e descendente enquanto este
último não alcançar a idade de vinte e um anos, ainda que tenha cessado
anteriormente o poder familiar.
B. Ressalvado o direito de terceiro, admite-se a alteração de prazo
prescricional por acordo entre as partes.
C. A renúncia da prescrição, por configurar modo unilateral de
despojamento de direitos, somente pode ocorrer de forma expressa.
D. A decadência, legal ou convencional, deve ser conhecida, de ofício, pelo
juiz.
E. Segundo dispõe o atual Código Civil, caso a ação, na esfera cível, tenha
origem em fato que demande apuração no juízo criminal, não correrá a
prescrição antes da respectiva sentença definitiva.

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(FCC - 2013 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Analista Judiciário - Execução de Mandados) Joaquim é
proprietário de um imóvel residencial urbano situado na cidade do Rio de Janeiro, no
bairro da Barra da Tijuca. Após mudar-se para a cidade de São Paulo a trabalho, Joaquim
mantém o imóvel no Rio de Janeiro e o alugou para Manoel, pelo prazo de trinta e seis
meses a partir de 1o de Janeiro de 2011. No dia 1o de Dezembro de 2011, Manoel, após
deixar de pagar quatro meses de aluguel (Agosto, Setembro, Outubro e Novembro),
resolveu abandonar o imóvel e entregou as chaves do mesmo na imobiliária. Manoel, no
dia 1o de Dezembro de 2012, encaminhou uma carta ao Joaquim desculpando-se pelos
transtornos e reconhecendo o débito locatício perante o ex-locador, carta esta recebida no
mesmo dia por Joaquim. Neste caso, a fim de evitar a consumação do prazo prescricional
para cobrança dos alugueis e encargos locatários, nos termos preconizados pelo Código
Civil Brasileiro, Joaquim deverá ajuizar a respectiva ação até o dia:

a) 1o de Dezembro de 2014.
b) 1o de Dezembro de 2015.
c) 1o de Dezembro de 2013.
d) 1o de Dezembro de 2016.
e) 1o de Dezembro de 2017.

Prof. Dr. Dalmir Lopes Jr. - UFF/VR


(TRF - 3ª REGIÃO - 2013 - TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Federal) A partir da compreensão
dos institutos da prescrição e decadência, marque a alternativa certa:
a) Os variados prazos ditados pelos artigos 205 e 206 da parte geral, do Código
Civil, por não se reportarem a direitos potestativos, são considerados, pois,
como prescricionais extintivos;
b) Os prazos considerados decadenciais do Código Civil são aplicáveis aos
denominados direitos potestativos, ou seja, são direitos subjetivos que exigem
do outro uma contraprestação ou dever específico;
c) Todo prazo considerado prescricional está ligado a uma pretensão, ou seja, ao
poder que alguém tem de opor-se a uma violação sofrida, prazos estes que se
encontram na parte especial do Código Civil;
d) Conforme nosso ordenamento, o magistrado não poderá, de ofício, reconhecer
a prescrição de direitos, salvo aqueles não-patrimoniais ou os concernentes
aos absolutamente incapazes;
e) O pagamento voluntário de uma dívida pelo devedor, após o esgotamento do
prazo para a respectiva cobrança não é considerado como renúncia à
prescrição, uma vez que já se esgotou o lapso prescricional.

Prof. Dr. Dalmir Lopes Jr. - UFF/VR

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