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PEN 07 - Concurso de Pessoas
PEN 07 - Concurso de Pessoas
07 Concurso de Pessoas
Concurso de Pessoas
Noções Gerais
Freqüentemente a infração penal é realizada por duas ou mais pessoas que concorrem para o evento.
Nesta hipótese, está-se diante de um caso de concurso de pessoas, fenômeno conhecido como
concurso de agentes, concurso de delinqüentes, co-autoria, co-delinqüência ou participação.
O concurso de pessoas pode ser definido como a ciente e voluntária participação de duas ou mais
pessoas na mesma infração penal.
Há convergência de vontades para um fim comum, que é a realização do tipo penal, sendo
dispensável a existência de um acordo prévio entre as várias pessoas; basta que um dos delinqüentes
esteja ciente de que participa da conduta de outra para que se esteja diante do concurso.
1) Eventual (facultativo): quando o delito pode também ser praticado por uma só pessoa (crimes
unissubjetivos);
2) Necessário (impróprio): quando por sua natureza intrínseca, só podem ser cometidos por duas ou
mais pessoas, como adultério, a bigamia, a rixa, o crime de quadrilha ou bando, etc. (crimes
plurisubjetivos).
Concurso Posterior:
Não existe concurso posterior: a co-participação tem que ser concorrente ou antecedente ao crime
(ex.: elemento esconde objeto furtado, ele não é co-autor, só favoreceu esse autor em momento
posterior ao crime).
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Concurso Intelectual e Material:
Concurso intelectual se dá quando o agente A influi para que B pratique crime. Já no material o
agente A e agente B, juntos, executam o crime.
Teorias
2) Teoria Pluralista:
À multiplicidade de agentes corresponde um real concurso de ações distintas e, em consequência,
uma pluralidade de delitos, praticando cada uma das pessoas um crime próprio, autônomo. A falha
apontada nessa teoria é a de que as participações de cada um dos agentes não são formas autônomas,
mas convergem para uma ação única, já que há um único resultado que deriva de todas as causas
diversas.
3) Teoria Dualista:
Há um crime para os autores e outro para os partícipes. Existe no crime uma ação principal, que é a
ação do autor do crime, o que executa a ação típica, e ações secundárias, acessórias, que são as
realizadas pelas pessoas que instigam ou auxiliam o autor a cometer o delito.
A lei penal brasileira adota a teoria monista quando determina que todos os que deram causa ao
resultado respondem por este, mas as ressalvas desse dispositivo e do § 2.° impõem a verificação
quanto a cada um dos concorrentes do elemento subjetivo do crime (dolo ou culpa) e da
censurabilidade da conduta. Nessas exceções, a lei aproxima-se da teoria dualista, distinguindo a co-
autoria da participação.
Art. 29. - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na
medida de sua culpabilidade.
§ 2° - Se algum dos concorrentes quis participar de crimes menos grave, ser-lhe-á aplicada a
pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado
mais grave.
Todos os autores, co-autores e partícipes incidem nas penas cominadas aos crimes praticados.
Entretanto, no processo de aplicação da pena deve o juiz distinguir a situação de cada um na medida
de sua culpabilidade, ou seja, segundo a reprovabilidade da conduta do co-autor ou partícipe. Assim,
segundo esse vertente, a circunstância de ter o partícipe desenvolvido uma atividade de menor
importância que o autor ou co-autores pode levar a uma causa geral de diminuição de pena.
!
Trata-se de uma redução facultativa, pois se o juiz achar que embora sua atuação fosse de pouca
importância, a intenção era semelhante aos demais, pode ser equiparado no plano da
culpabilidade.
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Já no § 2° têm-se a cooperação dolosamente distinta, onde o dispositivo consagra formalmente a
necessidade de se ajustar a pena de acordo com o elemento subjetivo do crime e a culpabilidade do
sujeito ativo (ex.: A fornece a B uma gazua para que este pratique furto em uma casa cujos
moradores saíram em viagem. B, ao penetrar na residência, depara com um imprevisto vigia e pratica
violência contra este para obter a subtração. Nos termos da lei, B é o responsável por roubo enquanto
a A será imputada apenas a prática de furto qualificado com emprego de chave falsa, já que queria
crime menos grave. Se a presença do vigia fosse previsível para A a ele ainda será imputada a prática
do furto, mas a pena deverá ser aumentada até a metade.).
Requisitos
Para que ocorra o concurso de agentes, são indispensáveis os seguintes requisitos:
a) pluralidade de condutas;
b) relevância causal de cada uma das ações;
c) liame subjetivo entre os agentes;
d) identidade de fato.
O liame psicológico entre os vários autores é a consciência de que cooperam numa ação comum. Não
basta atuar o agente com dolo ou culpa, sendo necessário uma relação subjetiva entre os
concorrentes. Inexistente esse liame psicológico, não há que se reconhecer o concurso de agentes.
Não haverá esse vínculo na omissão do empregado que se esquece fechar uma porta da casa do
empregador, circunstância que vai favorecer a entrada do autor de um furto. Existirá, porém, o liame
psicológico quando o empregado, propositadamente, deixa aberta a porta, ainda que o ladrão
desconheça a vontade daquele em auxiliá-lo na subtração.
!
Do exposto no exemplo acima depreende-se também que não há concurso culposo em crime
doloso (ex.: pai deixa uma arma em cima da mesa e os filhos pegam-na para assaltar uma pessoa;
o pai não responde).
Conivência:
A conivência pode ser considerada uma co-participação negativa (cumplicidade) pela inexistência de
qualquer conduta.
Limita-se o conivente a silenciar a respeito do crime de quem tem conhecimento, não denunciando à
autoridade os seus autores. A conivência, a menos que constitua um crime autônomo, por não
concorrer para o crime, não é punida pelo direito brasileiro.
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Autoria, Co-Autoria e Participação
1) Critério Formal-Objetivo:
Autor é aquele que pratica a conduta típica inscrita na lei, ou seja, aquele que realiza a ação
executiva, a ação principal. É o que mata, subtrai, falsifica etc. Esse conceito limitado exclui, porém,
aquele que comete o crime valendo-se de quem não age com culpabilidade (menor, insano mental),
confundindo autor mediato com partícipe.
Autoria Mediata:
Autoria mediata é quando o autor consegue a execução através de pessoa que atua sem culpabilidade
(ex.: enfermeira, por ordem do médico ministra veneno ao paciente supondo que se trata de um
medicamento).
Agente Provocador:
É aquele que influi terceiro a praticar um crime, não importando o efetivo do crime, mas sim que este
seja condenado.
2) Critério Material-Objetivo:
Autor é não só o que realiza a conduta típica, como também aquele que concorre com uma causa para
o resultado. Não se faz assim distinção entre autor e partícipe, já que todos os agentes concorreram
para o resultado ao contribuírem com uma causa para o evento. Tal orientação, porém, desconhece a
realidade de quem nem sempre é autor aquele que contribui com uma causa para o resultado e que a
própria lei prevê distinção no tratamento penal daquele que quis participar de crime menos grave, do
que teve uma participação menor no fato etc. Ademais, tal conceito viola o princípio da “nulla poena
sine lege” por considerar toda causação do resultado como autoria, em princípio punível para só
posteriormente estabelecer as limitações do citado princípio.
3) Critério Final-Objetivo:
Formulada principalmente pela doutrina alemã, conceitua como “autor” aquele que tem o domínio
final do fato. Autor será aquele que, na concreta realização do fato típico, consciente o domina
mediante o poder de determinar o seu modo e, inclusive, quando possível, de interrompê-lo. Autor é,
portanto, segundo essa posição, quem tem o poder principal.
O inconveniente dessa concepção, porém, é abranger, por exemplo, o chefe de uma quadrilha que,
sem realizar a ação típica de um crime, planeja e decide toda a atividade dos demais, tendo assim o
domínio final da ação. Nessa hipótese, segundo a teoria examinada, os executores da ação típica não
seriam autores, mas partícipes, o que, pelo senso comum, é, no mínimo, inadequado.
Adota-se a teoria formal-objetiva, que delimita, com nitidez, a ação do autor (autoria) e a do partícipe
(participação), complementada pela idéia da autoria mediata. Autor é quem realiza diretamente a
ação típica, no todo ou em parte, colaborando na execução (autoria direta), ou quem a realiza através
de outrem que não é imputável ou não age com culpabilidade (autoria mediata).
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Autor é portanto aquele que realiza a conduta típica, é o agente em seu derredor podem estar os co-
autores e os partícipes.
Co-Autoria:
Co-autor é quem executa, juntamente com outras pessoas, a ação ou omissão que configura o delito.
A co-autoria é, em última análise, a própria autoria. Funda-se ela sobre o princípio da divisão do
trabalho; cada autor colabora com sua parte no fato, a parte dos demais, na totalidade do delito e, por
isso, responde pelo todo.
Participação:
Participação é a atividade acessória daquele que colabora para a conduta do autor com a prática de
uma ação que, em si mesma, não é penalmente relevante. O partícipe não comete a conduta descrita
pelo preceito primário da norma, mas pratica uma atividade que contribui para a realização do delito.
São várias as formas de participação: ajuste, determinação, instigação, organização e chefia, auxílio
moral, adesão sem prévio acordo, etc. Entretanto a doutrina considera duas espécies básicas: a
instigação e a cumplicidade.
Instigação:
Instiga aquele que age sobre a vontade do autor, fazendo nascer neste a idéia da prática do crime ou
acoroçando a já existente, de modo determinante na resolução do autor.
Cumplicidade:
Cúmplice é aquele que contribui para o crime prestando auxílio ao autor ou partícipe, exteriorizando-
se a conduta por um comportamento ativo (o empréstimo de uma arma, a revelação do segredo de um
cofre).
Circunstâncias do Crime
Crimes Próprios:
Em se tratando de crimes próprios, o autor deve reunir os requisitos previstos no tipo para o sujeito
ativo (ser funcionário público, médico, etc.). Nada impede a co-autoria ou a participação em delitos
que tais, bastando que os colaboradores preencham os componentes subjetivos do tipo (o dolo e os
demais elementos subjetivos do tipo). Para responderem, porém, pelo delito especial, devem ter
consciência da qualidade do autor. Se não a tiverem e se tratar de crime funcional próprio
(prevaricação, corrupção passiva, etc.), não respondem por qualquer ilícito; se se tratar de crime
funcional impróprio (peculato, violência arbitrária, etc.), devem ser responsabilizados pelo crimes
menos grave diante do disposto no art. 29, § 2.°.
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Circunstâncias Incomunicáveis:
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.
As circunstâncias não elementares do crime não se transferem para terceiros (ex.: pai espanca o filho
com ajuda de um amigo, contra o pai concorre circunstância agravante de crime contra descendente o
terceiro responde sem agravante).
É possível a participação em crime omissivo puro, ocorrendo o concurso de agentes por instigação ou
determinação. Assim, se o agente instiga outrem a não efetuar o pagamento de sua prestação
alimentícia, responderá pela participação no crime de abandono material.
Não se pode falar, porém, em co-autoria em crime omissivo próprio. Caso duas pessoas deixem de
prestar socorro a uma pessoa ferida, podendo cada uma delas fazê-lo sem risco pessoal, ambas
cometerão o crime de omissão de socorro, isoladamente, não se concretizando hipótese de concurso
de agentes.
Também é possível a participação por omissão em crime comissivo. Se um empregado que deve
fechar a porta do estabelecimento comercial não o faz, para que terceiro possa mais tarde praticar
uma subtração, há participação criminosa no furto em decorrência do não cumprimento do dever
jurídico de impedir a subtração.
Culpas Concorrentes:
Deve se distinguir o concurso de agentes em crime culposo da concorrência de culpas em que duas
ou mais pessoas contribuam para um resultado sem que haja o conhecimento por qualquer delas de
que está colaborando na conduta de outrem. Assim, numa colisão de veículo em que os dois
motoristas atuaram com imprudência, vindo com isto a causar a morte de terceiro, não há concurso
de agentes, mas culpas concorrentes.
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O dispositivo é um corolário da regra geral de que não há fato punível onde não haja, pelo menos,
começo de execução.
1) Ajuste:
Trata-se do “pactum sceleris”, é o acordo que fazem previamente os agentes, visando a prática do
crime.
2) Determinação ou Instigação:
São formas de cooperação moral. A determinação, cria no espírito do executor propósito criminoso
inexistente. A instigação reforça propósito já existente.
3) Auxílio:
É a ajuda material, prestada na preparação ou execução do crime.
! Esse artigo é considerado por alguns como incompleto, pois falta a inclusão do oferecimento de
matar alguém ou cometer outro crime qualquer.
Autoria Incerta
De acordo com a teoria monista determina-se que todos respondem pelo resultado, ainda que não se
possa saber quem praticou a ação prevista no núcleo do tipo.
Nos casos de co-autoria colateral ou imprópria. Inexistente o vínculo psicológico entre os agentes
que praticam atos de execução de um crime sem que se saiba qual deles causou o resultado (não há
co-autoria ou participação), responderão apenas por tentativa e não por um delito consumado.
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Questões de Concursos
02 - (Ministério Público/SP 81) No concurso de pessoas, partícipe é aquele que concorre para a
produção do resultado através de:
( ) a) ajuste, determinação, instigação, auxílio;
( ) b) ajuste, execução, instigação, auxílio;
( ) c) ajuste, determinação, execução, auxílio;
( ) d) ajuste, determinação, instigação, auxílio;
( ) e) execução, determinação, instigação, auxílio.
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Gabarito
Bibliografia
• Direito Penal
Damásio E. de Jesus
São Paulo: Editora Saraiva, 9º ed., 1999.
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