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de artista
pessoais
questões sobre
o processo de criação
JOSÉ CIRILLO
Vitória, ES
2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-65276-53-5
A reprodução de imagens nesta obra tem caráter pedagógico e científico, amparada pelos limites do direito de
autor, de acordo com a lei nº 9.610/1998, art. 46, inciso III.
Aos meus amados Juliano e à Maria Raquel
A Cecília Salles, pela oportunidade de discutir
suas teoricamente o processo de criação.
AGRADECIMENTOS
93 Referências
SUMÁRIO
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APRESENTAÇÃO
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pelo professor Cirillo, mostram a importância e necessidade daqueles
que são responsáveis pela formação do profissional arquivista alargar
o olhar sobre os arquivos pessoais, uma vez que esse ainda é um tema
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2005). Segundo este autor, seguindo interesses da cultura da con-
temporaneidade, a procura das fontes documentais
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ra estejam numa mesma página, ou em uma sequência de páginas
formalmente delimitadas e ordenadas. De modo geral, não há uma
organização aparente; se há, pode-se considerá-la caótica, ou pelo
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insights inapreensíveis e indiscerníveis, como romanticamente alguns
gostam de pensar. Há, sim, esses momentos sensíveis da criação, aos
quais não temos acesso; momentos que são fonte de ideias novas, ou
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Essa potencialidade gerativa e interpretativa ilimitada é uma das
maiores dificuldades para se desvelar os procedimentos da mente
criadora, e característica fundamental para entendermos esses do-
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(SANTAELLA, 1998, p.45).
É nesse campo movediço da incompletude do signo, bem como
na busca para fugir da poeira do esquecimento nos arquivos, que se
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obra. Essa intencionalidade e tendência do projeto do artista podem
ser evidenciadas por meio de estudos analítico-críticos, à medida que
eles revelam as nuances do projeto poético de diferentes artistas.
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Por uma taxonomia dos documentos de
processo
“O tempo é a extensão da criação e a extensão da mente.”
(Santo Agostinho)
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à uma primeira articulação desse plano geral de classificação dos
documentos de processo nas artes visuais: a compreensão e demar-
cação dos tipos e funções dos documentos e arquivos investigados.
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é uma escolha pessoal, a partir das tecnologias que estão disponíveis
e a fisicalidade da notação pretendida e, claro, do projeto poético em
si. Assim, cadernos, cadernetas e folhas avulsas são geralmente em
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salientar que alguns documentos têm maior predominância de um
ou de outro tipo de experimentação — a separação aqui é resultante
de uma possibilidade de classificação dessas predominâncias para
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Figura 1 Shirley Paes Leme, Projeto para instalação (1989-1990), documento avulso;
técnica mista sobre fotografia. Fonte: anotações da artista (Banco de Dados do LEE-
NA/UFES).
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propriamente ditos — questão que irá variar muito de artista para
artista, dependendo de sua relação com o procedimento escolhido
para anotar a ideia.
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ser apresentada.
Figura 2a Bauhaus, estudos preliminares para tapeçaria, 1923 Fonte: WELTGE, Sigrif
W. Bauhaus textiles. London : Thames and Hudson, 1993
Figura 2b Kim Adams, Estudo da instalação Auto Office haus, Canadá, 1996. Fonte:
LANDESMUSEUM. Contemporary Sculpture: projects in Münster, 1997
A Figura 2b, também em papel avulso, é um estudo preliminar do
artista canadense Kim Adams para a instalação Auto Office Haus, rea-
lizada em 1996 em um posto de gasolina no Canadá (MATZNER, 1997).
Kim faz um estudo geral da forma com desenho em caneta de ponta
porosa, esboçando possíveis intervenções no prédio. A observação
da obra, à direita, permite perceber que o esboço se preocupa princi-
palmente com as formas, com a volumetria geral da instalação, não
evidenciando outro detalhe mais expressivo em outras dimensões, ou
no máximo com algumas reflexões visuais do campo topológico da obra.
Outro instrumento ou meio de experimentação formal é a maque-
te — uma espécie de miniatura da obra que permite investigar sua
constituição geral. A Figura 2c mostra um estudo de Duchamp para
a obra Etant Donnés — um conjunto multimídia composto por uma
porta antiga, tijolos, veludo madeira, uma pintura em couro esticado
numa moldura de metal, galhos, alumínio, ferro, vidro, plexiglas,
linóleo, algodão, luz elétrica, etc.; é a última obra realizada por ele
e em total segredo (Fig. 2d). A maquete é um modelo dobrável em
cartão, apresentando-se posteriormente como parte das instruções
do artista para a instalação (MINK, 1994).
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ARQUIVOS
1946-1966 Fonte: MINK, Janis. Marcel Duchamp: a arte como contra-arte. Köln:Taschen, 1994
Figura 2d (direita) Marcel Duchamp, Vista parcial da montagem original de Ettant
Donné, 1946-1966 Fonte: MINK, Janis. Marcel Duchamp: a arte como contra-arte. Köln:-
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Taschen, 1994
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de artista
parent plastic roof cover Easy to open and close by hand roof — all natural light”.
Figura 3b Artur Barrio, Página de um dos seus cadernos de anotações. Fonte: MAC-Ni-
terói. Catálogo da exposição Ocupações
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e o peso dos copos é fundamental e o mesmo se dá no conjunto de
observações sobre os balões coloridos (azul e vermelhos), ou o plástico
frio, o tecido frio. A correlação entre as diferentes materialidades é
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Figura 3c Wolf Vostell, Estudo para a instalação realizada durante a ECCO 92, Rio de
Janeiro, 1992 Fonte: MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES. Reperti. Nuremberg: DA-
Varlag das Andere,1992. Transcrição: << el sueño de la razón produce Monstros>> Caja
de cristalç Cadillac; Termitas
EXPERIMENTAÇÃO CROMÁTICA
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luminosidade e espacialidade entre a cor do suporte e a cor da ma-
téria pictórica impregnada nesse suporte, bem como a capacidade
de esses materiais refletirem a luz ou absorvê-la. No caso de uma
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performáticas e as instalações.
Assim, a cromaticidade e a luminosidade da matéria construtiva
e da obra são partes integrantes da experimentação cromática. Esse
momento é praticamente simultâneo com as decisões materiais, pois
a escolha de determinadas matérias já define padrões e variações 37
38 cromáticas, já que isso é também uma característica física da maté-
ria escolhida. Não se pode descartar, porém, que muitas vezes essa
experimentação antecede o manuseio do material. As Figuras 4a e
José Cirillo
Figura 4a e 4b Benita Otte, Páginas de estudo de cores para tapeçaria, 1924 Fonte:
WELTGE, Sigrif W. Bauhaus textiles. London: Thames and Hudson, 1993
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Figura 4c Gunta Stölzi, Estudo para tapeçaria, Aquarela sobre papel, 1926 Fonte: WELT-
de artista
GE, Sigrif W. Bauhaus textiles. London: Thames and Hudson; aquarela sobre papel, 1993
Figura 4d Tobias Reuberg, Projeto digital para a instalação Móbile Bar, 1997. Fonte:
LANDESMUSEUM. Contemporary Sculpture: projects in Münster, 1997
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Figura 5 Tadashi Kawamata. Projeto para a instalação Boat Travelling, 1997. Fonte:
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EXPERIMENTAÇÃO CONCEITUAL
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de artista
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Figura 6a Shirley Paes Leme, Página de anotações em seus cadernos Fonte: anotações
da artista em cadernos (Banco de Dados do LEENA/UFES). Transcrição: Velas em Paris
Notre Dame/ lamparina que vela = alma que sonha /o tempo é lento / tempo se aprofunda
— as imagens e as lembranças se reúnem /fusão da imaginação com a memória / UNIÃO
DO QUE VÊ AO QUE VIU / fantasia. 43
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José Cirillo
Figura 6b Wikstrõm e Brag. Estudo conceitual para a obra Returnity, 1997. Fonte:
LANDESMUSEUM. Contemporary Sculpture: projects in Münster, 1997. Transcrição:
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um campo conceitual que se configura de modo mais evidente em
alguns artistas e documentos, e de modo mais velado em outros.
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de artista
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A subjetividade dos diálogos e mediações
O processo de criação do artista é uma atividade lúdica e só nela o
homem é verdadeiramente livre, pois ele próprio determina suas regras.
(Friedrich Schiller)
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meio das marcas deixadas pelo artista desde o pensamento gerador
da obra colocada ao público. Cabe estabelecer alguns procedimentos
que podem evidenciar como se dá esse ato de mediação comunicativa
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(re)significação, e consequente diversificação do conteúdo do objeto
dinâmico — dos objetos que se põem à percepção, é fundamental o
papel dos documentos no processo de criação, pois eles podem po-
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mediações é biopsicológico e vai se desenvolvendo, enquanto corpo
e mente criam representações dessa interação, as quais vão cons-
truindo modalidades de auto-regulamentação e diferentes modos
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Vale ainda dizer que não se descarta aqui que essa relação dialógica
do eu consigo-mesmo é possuidora de matrizes semióticas determinadas
e/ou herdadas da relação social, pois isso seria o mesmo que negar
o papel do vivido e da memória, bem como o caráter social inerente
ao homem como espécie, mas esse tema será mais bem trabalhado
na análise dos diálogos culturais. Para o campo dos procedimentos
que envolvem o diálogo no processo de criação, parece interessar,
neste momento, o grau de atividade e liberdade de planejamento
assegurado no uso de um conjunto de códigos elaborados, os quais
dão ao ser biopsicológico (o artista em ato) a possibilidade de lidar
com especificações e generalidades que lhe são bastante particulares.
Isso dificulta, muitas vezes, o seu enquadramento numa sequência
integrada de signos que permitam a construção de uma linguagem
para além do artista com ele mesmo. Desse modo, esse primeiro nível
de mediações, que se estabelece nos estudos do processo de criação,
é predominantemente da ordem biopsicológica: corpo e mente numa
interação sensível do artista consigo mesmo.
Os documentos do processo da artista mineira Shirley Paes Leme
revelam fragmentos dessa relação que a artista estabelece consigo
mesma. À medida que ela constrói seu mundo imagético, vai também
recortando, no campo impreciso de suas memórias, a memória dos
fenômenos sensíveis (demarcados tanto no mundo circundante,
quanto nos seus sonhos) e constituindo metáforas a partir de lem-
branças. Esse é um estágio na formação desse diálogo íntimo que ela
estabelece consigo mesma. É por meio do diálogo intrapessoal que
envolve o ato criador que seu projeto poético se põe em movimento
em busca de uma recompensa material, a obra.
Assim, entendido como uma etapa interna do sujeito criador, esse
diálogo é uma ação auto reflexiva que revela o pensamento criador
em construção, em movimento, revelando, em Paes Leme, elabora-
ções de matrizes da sua obra e norteando o seu processo criador. A
análise dessa interação da mente criadora consigo mesma busca,
pois, evidenciar, por meio de fragmentos, aspectos do modo como
se operam suas dúvidas, angústias, escolhas e decisões, frustrações
e gratificações que envolvem a criação. Na Figura 7a, um estudo pre-
liminar para a instalação Pela Fresta, de 1998, há a predominância de
signos visuais, o que parece dar uma pista de que, no caso de Paes
Leme, o uso de códigos visuais permite uma maior proximidade do
pensamento criador com a relação de imagem mental/objeto. Nesse
sentido, a página parece limitar-se a manter as relações da mente e
sua relação com a imagem. Nela estão presentes três sistemas semió-
ticos: um numérico — que parece indicar um número de telefone; um
verbal — presente tanto no espaço da esquerda superior da página
(junto ao número), quanto no espaço do quadrante direito inferior,
fazendo indicações sobre as formas em estado de gestação; e um
visual que ocupa a maioria da página.
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de artista
Figura 7a (esquerda) Shirley Paes Leme, Página com estudos para a instalação Pela
Fresta, 1998. Fonte: cadernos da artista (C5:40). Banco de Dados do LEENA/UFES
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Figura 7b (direita) Shirley Paes Leme, Estudos preliminares da instalação Inside Out,
1986. Detalhe ampliado na direita, transcrição: “wire — not necessary / stickes do the work
/ process work / let the material dictate the limitation. Fonte: cadernos da artista (C2:93),
Banco de Dados do LEENA/UFES.
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detalhe à direita da figura anterior, a junção de grafismos e palavras
parece desvelar o pensamento gerador que irá definir a obra exibi-
da: as expressões “wire is not necessary”, “stickes do the work”, “process
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DIMENSÕES INTERPESSOAIS:
O DIÁLOGO COM O OUTRO
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Em busca da construção de uma linguagem, durante seu dou-
toramento nos Estados Unidos da América, ela vai dialogar com
lembranças de sua origem. Nesta página, vê-se a mente criadora
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(outro memorial, o outro projetivo ou mediadores diretos como
curador, crítico, pesquisador). A amplitude das mediações se revela
por meio de como o artista vai construindo o pertencimento do seu
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O DIÁLOGO DO POSSÍVEL:
O NÍVEL CULTURAL DA COMUNICAÇÃO
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constante movimento, um mosaico de peças flutuantes interligadas
pela malha da identidade social, com a qual estabelecemos relações
de afetividade e pertencimento. Nesse mosaico cultural, a obra
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verbal) dominado pelos sujeitos mediadores, não há interlocução.
Assim, considerada a premissa da linguagem, perece ser possível
afirmar que existem outras faces de um diálogo cultural mediado
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aqui está a mediação intercultural/transcultural, a qual é evidência de
que o processo de criação da artista necessita, naquele momento,
estabelecer uma interação com os dois diferentes sistemas culturais.
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José Cirillo
Figura 10a Shirley Paes Leme, Detalhe de anotações da artista, 1983. Transcrição: “Jan
29 / Birth / Media service film for next work / Futebal /carnaval / cadomble / calender GT
Books / our close motern — ARD CRODOVISK where the means come from / Farm”. Fonte:
anotações da artista (C1:11) Banco de Dados do LEENA/UFES.
Figura 10b Shirley Paes Leme, Detalhe de anotações; fogueira de São João. Transcrição:
fogueira de São João / make a big amount of gravetos / and built a fogueira than / burn
them / 1o.) process. Fonte: cadernos da artista (C1:25) Banco de Dados do LEENA/UFES
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Figura11 Shirley Paes Leme, Colagem e desenho para instalação. Fonte: anotações da
artista (C3:36). Banco de Dados do LEENA/UFES.
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Geografia Íntima: uma primeira
análise geral dos arquivos pessoais
de Shirley Paes Leme
Defino a poesia das palavras como criação rítmica da beleza.
(Edgar Allan Poe)
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que se materializa em obra.
Esta parte deste livro tem por objetivo situar, sitiar e apresentar
uma análise geral de documentos do processo a partir dos concei-
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põem este estudo, é formado por dez cadernos de formatos (entre
20 x 26cm e 22 x 32cm) e encadernações variadas, alguns com capa
dura e outros com encadernação do tipo brochura comprados prontos
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seguem uma classificação feita por Paes Leme, a qual foi respeitada
durante o processo da pesquisa. Entretanto, vale destacar que essa
ordenação não corresponde às informações dadas por algumas datas
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natural. Agregando-se áreas psíquicas de reminiscências de inten-
ções, forma-se uma nova geografia ambiental, geografia unicamente
humana” (OSTROWER, 1997, p. 18).
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Figura 11 Shirley Paes Leme, Detalhe da página dos cadernos da artista. Trnascrição:
Paredes brancas / serão brancas / (ficarão) / tela de galinheiro. Fonte: anotações e cadernos
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Figura 13 Shirley Paes Leme, Uso contrastivo do texto verbal. Fonte: anotações da
artista (C3:11). Banco de Dados do LEENA/UFES.
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vem o trabalho de Paes Leme dá-se tanto de modo mais complexo e
poético, como no caso do Cubo, ou de modo mais simplificado, e não
menos reflexivo como nas imagens a seguir. Na Figura 14, a artista
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Figura 14 (esquerda) Shirley Paes Leme, Reflexões conceituais sobre o redondo Fonte:
anotações da artista (C3:09).
Figura 15 (direita) Shirley Paes Leme, Detalhes de reflexões conceituais: a chama e o
fogo Fonte: anotações da artista (C3:10).
Quanto às imagens, aos textos visuais, podemos pensar que nos ar-
quivos da criação, estas, como as palavras, estão em estado provisório
na maioria das anotações. Pode-se dizer que são imagens geradoras
que “[...] funcionam, na verdade, como sensações alimentadoras da
trajetória, pois são responsáveis pela manutenção do andamento do
processo e, consequentemente, pelo crescimento da obra” (SALLES,
1998, p.57). São como anotações da sua experiência vivida; imagens
que se constituem como instrumentos de rememoração e/ou (re)
operação do vivido. Essas imagens geradoras nos cadernos de Paes
Leme, em sua maioria, podem ser definidas como imagens-lembrança,
as quais têm por função estabelecerem-se como insights do processo
de criação de Paes Leme.
Nas imagens, em planos mais gerais, pode-se observar que a
espiral é uma forma recorrente nas anotações dessa artista, assim
como nas estruturas formal e espacial de diversos de seus trabalhos.
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Figura 16 Shirley Paes Leme, Imagem geradora: espiral. Fonte: anotações da artista
(C6:13). Banco de Dados do LEENA/UFES.
Figura 17 Shirley Paes Leme, Esboço para a instalação: a espiral como imagem geradora
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ancestral que compartilha o corpo social, na origem da arte e do mito
(FISCHER, 1983). Essa tendência pode ser percebida tanto nas suas
anotações, como em observações de percebedores que interagiram
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com sua obra: essa mensagem está impressa no trabalho e nas ma-
térias utilizadas.
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88 encontrando um sentimento de equilíbrio e harmonia relacionado com
a essência do homem.3
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The space is stimulating. It gives emotions, brings back the past, mumi-
fed bodies
Bones and dry skins: human essence
[...] structures of line,
resembles
Figura 18 Shirley Paes Leme, Diálogo com o passado do homem: recorte de página.
Fonte: cadernos da artista (C3:42). Banco de Dados do LEENA/UFES.
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No conjunto dessas anotações, pode-se perceber que se revelam
as interações entre as tendências e a intencionalidade no projeto
poético de Paes Leme. Ela tem consciência das suas tendências e as
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o que foi vivido se refará com uma nova germinação, levando a um novo
ciclo da vida.... Assim, descreve o tempo como algo que não pode ser
retido, porém, também como algo impresso no espaço da memória e,
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Figura 19 Shirley Paes Leme, Reflexão sobre a escolha e a memória dos materiais. Fonte:
cadernos da artista (C3:42).
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Figura 20 Shirley Paes Leme, Anotação sobre os vínculos de sua obra com sua memória.
Fonte: cadernos da artista (C3:42). Banco de Dados do LEENA/UFES.
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HAY, Louis. A montante da escrita. Tradução de José Renato Câma-
ra. Papéis Avulsos, Rio de Janeiro: Fundação Casa Rui Barbosa,
n. 33, p. 5 -19, 1999
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94 MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE NITERÓI. Catálogo da
exposição Ocupações, de Artur Barrio e Antônio Manuel. Ni-
terói:MAC, [199?].
José Cirillo
RENATO RUSSO
Minhas criações:
(comece aqui sua própria criação)
Esse livro foi composto com as tipografias Source
Serif e Sans no miolo, sobretudo em corpo 10/12, e
a tipografia Salvatore para títulos e intertítulos.