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Colégio Militar de Curitiba

Ana Luiza dos Reis Costa


Helena Dalcanale Figueiredo
Isabella Bastos Cardoso da Cunha e Silva
Maria Antônia Carvalho Dezidério
Sabrina Kurscheidt Silva
Sofia Amaral Carneiro Teixeira

O Terceiro Comitê da Assembleia Geral das Nações Unidas para Assuntos Sociais,
Culturais e Humanitários (SoCHum)
A liberdade cultural e seu conflito frente aos direitos humanos
Casos África e Ásia

Curitiba
2020
1. Introdução

África, berço da humanidade e das civilizações. Segundo pesquisas, há cerca de


200 mil anos nossos primeiros ancestrais começaram a aparecer na região norte de
Botsuana e teriam permanecido lá por mais 70 mil anos. Ao longo dos milhares de anos,
ocorreram migrações tanto para o norte quanto para o sul, e esses grupos deram origem
às atuais populações que conhecemos hoje.

Os grupos que permaneceram na África se organizaram em civilizações tribais, a


partir das quais se desenvolveram diversas contribuições para a evolução do ser humano
e de sua vivência em sociedade, como: avanços na agricultura e agropecuária,
progressões em sistemas hidráulicos e metalurgia de ferro e bronze, além do
desenvolvimento de tecnologias marítimas e navais. Todas estas tribos possuíam cultura
e práticas variadas, e muitas delas nunca se institucionalizaram em torno de um estado
centralizado. Ainda assim, formaram-se muitos reinos de grande notoriedade no
continente africano, como os grandes impérios de Gana, Mali, Congo, Songhai,
Haussas, Kamem-Barnu, Tekrur, Mossis, Youruba, Benin, Ashatni, Peules, Abomei
(Dahomé), Ndongo, Oio e muitos outros, sendo os mais conhecidos Egito, Etiópia,
Kush e Berbere.

Apesar da grande diversidade cultural e étnica presente no continente africano,


costuma-se dividi-lo em dois grandes conjuntos culturais separados pelo deserto do
Saara: a África do Norte e a África Subsaariana. Além das diferenças naturais, estas
duas regiões possuem também trajetórias históricas únicas e específicas.

1.1 África do Norte

A região denominada África do Norte permaneceu integrada à Europa


mediterrânea e ao Oriente Médio durante grande parte de sua história, recebendo,
portanto, as mais diversas influências culturais. Durante a Antiguidade, esteve sob o
domínio do Império Romano e, mais tarde, entre os séculos VII e VIII, foi conquistada
pelos árabes. Atualmente, nessa região, a população é predominantemente árabe e
islâmica, e há uma grande riqueza de petróleo e gás natural.

1.2 África Subsaariana

A chamada África Subsaariana, como o próprio nome diz, localiza-se ao sul do


Saara. As enormes semelhanças de estrutura e vocabulário tornam evidente que os
povos desta região compartilham uma origem étnica comum.

O Nilo desempenhava um importante papel na circulação entre a costa


mediterrânea e o sul do Saara, e foi a partir da navegação que os povos não árabes
tiveram contato com o islamismo, que se difundiu na borda meridional do Saara, onde
atualmente a população muçulmana predomina.

No século XV, quando os europeus desembarcaram no continente africano, os


povos do sul do Saara não conheciam a roda nem o arado: a enxada e o machado eram
seus principais instrumentos de trabalho. A irrigação também não era muito praticada.
Em grande parte da África Subsaariana, não havia reinos e impérios organizados ou
grandes cidades. A escrita existia apenas em algumas regiões da costa do Oceano
índico, e havia sido introduzida pelos povos islâmicos. Por esse motivo, as tradições
orais que eram transmitidas pelos griôs (contadores de histórias) desempenharam grande
importância no que diz respeito à preservação dos conhecimentos acumulados pelas
sociedades da África Subsaariana.

O Reino de Gana teve grande importância no desenvolvimento da história da


África Subsaariana. Localizado entre o deserto do Saara e os rios Níger e Senegal,
muitos quilômetros ao norte do atual país chamado Gana e conhecido por sua economia
fundada no extrativismo e comércio de ouro, durou de aproximadamente 700 a 1200 da
Era Cristã e baseava sua religião no politeísmo, com deuses ligados à natureza e seus
fenômenos. Com a expansão islâmica, ocorrida durante os séculos VII e VIII, o Reino
de Gana resistiu às tentativas de conversão ao islamismo e, com este motivo somado ao
início de escassez do ouro, o Reino foi conquistado pelo Império de Mali, que havia se
convertido e agora se fortificava com o apoio de outras nações muçulmanas.

O Império de Mali tornou-se, então, no século XIV sob o governo de Mansa


Mussa, além de um grande centro comercial, também um grande centro de estudos
religiosos, com a construção de mesquitas, escolas islâmicas e ainda da Universidade de
Sancoré, em Tomboktu. O comércio era baseado em produtos como o sal, o peixe, o
cobre e ainda na captura de escravos que eram sequestrados em guerras. O grande
progresso deste reino africano chamou a atenção de nações recém-formadas como
Portugal, que procuravam por escravos. O Império ruiu em 1670, e sua decadência foi
motivada principalmente por revoltas organizadas pelas cidades contra o governo
central.

Outro reino que deve ser destacado para  o melhor entendimento da atualidade
no continente africano é o Reino do Congo, que se localizava ao sudoeste da África no
território que hoje corresponde ao noroeste de Angola incluindo Cabinda, à República
do Congo, à parte ocidental da República Democrática do Congo e à parte centro-sul do
Gabão, dos séculos XIV ao XVII. Os congoleses, assim como no Reino de Gana,
fundamentavam sua religião no politeísmo, mas seu contato com os portugueses durante
o século XV logo levou à expansão do cristianismo neste território, o que se mostra até
os dias de hoje visto que a população da República Democrática do Congo é de metade
cristã. Seu contato com os portugueses também levou o reino a desenvolver atividades
que consistiam na captura de pessoas a serem escravizadas e levadas às lavouras
açucareiras em colônias portuguesas, como o Brasil.

A menção destes reinos e impérios é válida para relembrar que os povos


africanos já estavam organizados antes da colonização ocidental. E, como em qualquer
outra parte do mundo, esses impérios e reinos conheceram momentos de auge, como
também os de queda. Tiveram suas conquistas e fracassos; desenvolveram sua política
econômica e social e possuíam sua filosofia de vida. Relacionavam-se com outros
impérios e reinos. A partir dessas relações houve um enriquecimento mútuo, como troca
de tecnologia e conhecimento. (CAPOSSA, 2005)

No entanto, com as mudanças ocorridas na Europa a partir do século  XV, com o


início das expedições marítimas conhecidas como Grandes Navegações e a busca por
novos horizontes e riquezas, o continente africano ganhou um papel diferente perante o
mundo. Os europeus, que na época importavam especiarias da Ásia, passaram a se
relacionar com a África a partir da exploração do ouro abundante no território. Não
tardou para que os estrangeiros se tornassem senhores, donos das riquezas em terras
estrangeiras. Além da exploração de ouro, também havia por parte dos europeus a busca
por escravos no continente. Reinos como o do Congo, por exemplo, passaram a
desenvolver atividades que consistiam na captura de pessoas a serem escravizadas e
levadas às lavouras açucareiras em colônias portuguesas, como o Brasil. Esse tipo de
exploração perdurou por mais de três séculos.

Mais tarde, no século XIX, com a chegada da segunda fase da Revolução


Industrial na Europa e a gradativa substituição do ferro pelo aço, as nações europeias
enxergaram no continente africano um grande mercado consumidor e polo para
exploração de matérias primas. Ademais, a África também se mostrava como uma
alternativa frente ao crescimento exagerado da população na Europa, que durante o
século mencionado, já abrigava mais de 400 milhões de habitantes. A essas práticas de
dominação deu-se o nome de neocolonialismo.

1.3 O neocolonialismo na África

A disputa por territórios no continente africano visando o monopólio comercial


das potências europeias impulsionou um forte acirramento político e diversas tensões no
continente europeu, motivados principalmente por três países. Inicialmente, houve
interesse dos belgas, sob o governo do rei Leopoldo I, na região do Congo (atual
República Democrática do Congo). A prática neocolonialista nesta região teve
continuidade com o seu filho Leopoldo II, que manteve seu domínio de maneira
extremamente cruel e sanguinária e foi responsável pela morte de milhões de habitantes
do Congo.

O segundo estímulo foi dado por Portugal ao anexar regiões do interior de


Moçambique. A posteriori, Portugal defendeu a ideia do “mapa cor-de-rosa”, que
estipulava a unificação territorial entre dois domínios portugueses (Moçambique e
Angola). Finalmente, a política expansionista francesa também contribuiu para que
ocorresse uma corrida de ocupação do continente africano.

Para dominar as regiões de seus interesses, os países europeus costumavam


oferecer acordos monopolistas com chefes tribais ou reis locais, que, se negassem os
acordos, eram atacados. Assim, apenas dois países africanos não estavam nas mãos
imperialistas: a Abssínia (atual Etiópia) e a Libéria.

A falta de regulamentação desta ocupação levou a Europa a diversos atritos


políticos e diplomáticos. Dessa forma, foi sugerida por Portugal uma conferência
internacional que foi realizada sob a liderança do chanceler alemão Otto Von Bismarck
em Berlim, entre novembro de 1884 e fevereiro de 1885. Conhecida como Conferência
de Berlim, esta reunião contou com 15 países, sendo eles: Itália, França, Grã-Bretanha,
Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Alemanha, Império Otomano (atual Turquia),
Portugal, Bélgica, Holanda, Suécia, Rússia e Império Austro- Húngaro (atuais Áustria e
Hungria); e institucionalizou a partilha da África, que, a partir de então, seria dividida
por fronteiras geodésicas, traçadas seguindo paralelos e meridianos.

A divisão, então, se deu da seguinte maneira:


Fonte:  https://geographosemtransformacao.wordpress.com/2012/06/18/conflitos-na-
africa/

Os novos limites geográficos dividiram impérios, povos, clãs, tribos e famílias.


Estavam feitas as 53 fatias africanas. A estratégia antiga, mas sempre nova, “dividir
para reinar”, produziu os frutos desejados.

A colonização africana era estimulada e justificada por diversas teorias surgidas


no século XIX, como o darwinismo social, que nunca foi defendido pelo próprio
Charles Darwin. Segundo esta teoria, os povos e sociedades estão sujeitos às mesmas
leis de evolução propostas por Darwin, que foram observadas e aplicadas considerando
animais e plantas na natureza. Os seguidores desta teoria utilizaram-na, portanto, para
dar respaldo às suas ações sobre o continente africano: iam justificar a conquista do que
eles chamavam de “raças sujeitas”, ou “raças não evoluídas”, pela “raça superior”,
invocando o processo inelutável da “seleção natural”, em que o forte domina o fraco na
luta pela existência. Pregando que “a força prima sobre o direito”, eles achavam que a
partilha da África colocava em evidência esse processo natural e inevitável.

Sustentava-se, também, que a partilha da África se devia, em parte não


desprezível, a um impulso “missionário”, em sentido extenso, e humanitário, com o
objetivo de “regenerar” os povos africanos. 

As conseqüências da partilha da África, institucionalizada pelos países


participantes da Conferência de Berlim, foram grotescas e refletem ainda na atualidade.

A existência de guerras ou conflitos étnicos e tribais entre grupos que nunca se


entenderam mesmo antes da colonização, e por causa desta foram postos “juntos” em
um mesmo território, sem compartilhar da mesma unidade cultural, nos faz entender a
ocorrência de conflitos até hoje em determinadas regiões da África. Atualmente, essas
lutas são muitas vezes alimentadas por aqueles que têm interesses econômicos nesses
países. Estes, então, financiam o armamento em troca das riquezas que os grupos
beligerantes têm, em nome de ajuda para a “paz e democracia”.

Também não deixa de ser verdade que a violência com que se deu a colonização
provocou grandes distorções nas estruturas econômicas, sociais e culturais dos
territórios dominados. A economia tradicional comunitária ou de subsistência foi
totalmente desorganizada pela introdução de cultivos destinados a atender
exclusivamente as necessidades das metrópoles. (CAPOSSA, 2005)

A história nos mostra, portanto, que as práticas imperialistas justificadas por


teorias racistas sobre africanos por europeus, dessa forma, negaram a importância do
povo africano na sociedade humana e anularam sua participação na História da
humanidade, fato que hoje se torna claro quando o estudo sobre as civilizações africanas
é extremamente pouco explorado e difundido em instituições de ensino, mesmo que
estas possuam uma cultura tão vasta e abrangente.

1.4 Descolonização Africana

A Primeira e a Segunda Guerras Mundiais foram fatores cruciais para os


movimentos de descolonização, uma vez que ajudaram a demonstrar a vulnerabilidade
das nações europeias. Desde o primeiro grande conflito, a ideologia da superioridade
étnica branca era questionada, e a nova guerra contribuiu para ampliar este
questionamento.

No decorrer dos conflitos, por muitas vezes os exércitos coloniais foram


essenciais para o sucesso das batalhas travadas pelos exércitos metropolitanos, enquanto
os colonos também podiam ser utilizados para vigiar e punir prisioneiros de guerras.

Durante a Segunda Guerra, o recrutamento de europeus que trabalhavam nas


colônias para lutar no conflito obrigou as metrópoles a ampliarem o uso de africanos em
seus quadros administrativos, o que consequentemente afrouxou a rigidez do controle
metropolitano.

Dessa forma, as guerras trouxeram a esperança de que, ao seu fim, os povos


coloniais pudessem ser recompensados. Mas isso não aconteceu, nem simbólica nem
financeiramente. Isso fez com que aumentassem os questionamentos dos colonos em
relação ao domínio da metrópole, ao passo que também aumentava o sentimento
nacionalista colonial, afinal, as colônias haviam lutado pela manutenção da liberdade de
suas metrópoles em duas guerras e agora achavam justo lutar pela sua própria
libertação.

Após o fim da Segunda Guerra, a criação da Organização das Nações Unidas


também se mostrou fundamental para a descolonização. A Carta de São Francisco,
documento que rege os princípios da Organização, afirmava o princípio da
Autodeterminação dos Povos, que defende o direito que cada povo tem à independência,
liberdade e autogoverno.

Outro ponto de crucial importância foi a Conferência de Bandung, que ocorreu


na Indonésia entre 18 e 24 de abril de 1955. Nesta reunião, qual participaram 29 nações
africanas e asiáticas (Costa do Ouro (atual Gana), Etiópia, Egito, Líbia, Libéria e Sudão;
Afeganistão, Birmânia, Camboja, Ceilão, República Popular da China, Filipinas, Índia,
Indonésia, Japão, Laos, Nepal, Paquistão, República Democrática do Vietnã, Vietnã do
Sul, Tailândia Arábia Saudita, Iêmen, Irã, Iraque, Jordânia, Líbano, Síria, e Turquia),
tais países declararam seu apoio às lutas anticoloniais e combate ao racismo, além de
proporem um desalinhamento em relação à bipolaridade predominante no globo durante
o período da Guerra Fria, no qual a hegemonia mundial era disputada entre Estados
Unidos e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
 Além disso, a Conferência de Bandung também proclamou princípios como:

 Respeito aos direitos fundamentais, acordados pela Carta da ONU;


 Respeito à soberania e integridade territorial de todas as nações;
 Reconhecimento da igualdade de todas as raças e nações grandes e
pequenas;
 A não intervenção nos assuntos internos de outra nação
(autodeterminação dos povos);
 Respeito pelo direito de cada nação defender-se, individual ou
coletivamente, fundamentado na Carta da ONU;
 Recusa na participação de operações que visam servir os interesses
particulares das superpotências;
 A abstenção de qualquer ato ou ameaça de agressão contra a integridade
territorial ou política de outro país.

A busca pela descolonização tomou caminhos pacíficos, a partir de negociações


e concessões pelas metrópoles; e violentos, por meio de luta armada.

As primeiras independências aconteceram na chamada África Mediterrânea,


quando antecipadamente, no ano de 1922, o Egito conquista sua independência da
Inglaterra. A Etiópia, já independente no século XIX, volta a ser colonizada pela Itália,
e liberta-se novamente em 1941. A Líbia conquista sua emancipação em 1952, enquanto
Madagascar, em disputa contra a França, termina seu período de dominação colonial em
1947.

Em 1956, Tunísia e Marrocos libertam-se dos franceses, e a Argélia forma a


Frente de Libertação Nacional, movimento que investia em guerrilhas contra o
colonialismo francês desde 1954, e ganha sua declaração de independência em 1962.

A luta pela independência na Costa do Ouro ganhou destaque pelos protestos


pacíficos que levaram o país à sua emancipação da Inglaterra em 1957, ano em que a
nação passou a ser chamada Gana.

Outros países tiveram sua libertação marcada pela oposição pacífica às


metrópoles, como foi o caso de Camarões, Costa do Marfim, Benin, Burkina Faso,
Níger, Mali, Somália, Nigéria, Mauritânia e Gabão. No ano de 1960, todos estes
conquistaram sua autonomia, o que levou tal ano a ser conhecido como Ano Africano.

Entretanto, ainda são notórias as nações que defenderam sua independência por
meio de lutas violentas contra suas metrópoles. A Nigéria se declarou independente
somente após diversos casos de assassinatos e guerras, motivados por conflitos internos
e movimentos separatistas. O Congo também teve um processo de independência
bastante conturbado, com a conquista de sua emancipação em 1960 e um posterior
golpe de estado apoiado por nações como Bélgica, Portugal, Reino Unido e Estados
Unidos.

Nas colônias portuguesas, como Angola, Moçambique, Guiné e Cabo Verde.


Muitos soldados morreram e a descolonização africana ganhou pauta inclusive na
Revolução dos Cravos, em 1974.

1.5 A África hoje


A África é, atualmente, o continente com os piores indicadores sociais do
mundo. Dados do Relatório de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações
Unidas de 2018, divulgado em fevereiro de 2019, demonstram que a África Subsaariana
apresentou o mais baixo IDH de todas as regiões do mundo, com um índice de 0,541. A
expectativa de vida também se mostrou a mais baixa dentre as regiões do globo,
alcançando aproximadamente os 50 anos de idade. Além disso, uma análise realizada
pela Unicef estimou que mais de 50 milhões de jovens entre 0 e 19 anos serão
infectados pelo vírus do HIV na África Subsaariana entre os anos de 2017 e 2050. Cerca
de dois terços deles serão meninas ou mulheres jovens, de acordo com o estudo. De
acordo com Aleya Khalifa, da Unicef, a redução da carga de HIV entre os jovens na
África subsaariana exigirá melhor acesso à prevenção,  à saúde sexual e reprodutiva e a
serviços de testes direcionados.

A situação presente na África Subsaariana torna-se ainda mais degradante em


decorrência dos conflitos que ocorrem no continente. Países como Sudão, Sudão do Sul,
Nigéria, Mali, Congo, Burundi e Angola enfrentam atualmente conflitos de origem
étnica, religiosa, além de disputas por recursos naturais e a constante luta contra grupos
terroristas como o Boko Haram.

Nesse contexto, milhares de mulheres e meninas africanas têm seus direitos


violados ao serem feitas escravas de guerra, sofrerem estupros coletivos, mutilação
genital ou ainda serem vendidas ao casamento infantil. Práticas como essa são ainda,
por diversas vezes, corroboradas e incentivadas pela cultura existente nas sociedades
africanas. Afinal, a liberdade cultural também não é um direito humano?

1.6       A Ásia antes da Colonização

        O continente asiático pode ser estudado a partir da história coletiva de três regiões
litorâneas distintas: o leste asiático, a Ásia meridional e o Oriente Médio. Cada uma
dessas desenvolveu civilizações às margens de rios férteis, e algumas destas civilizações
se destacam por serem umas das mais antigas do mundo.

        Assim como o continente africano, a Ásia também contava com diversos grandes
reinos e impérios durante o período pré-colonial. Entre eles, por exemplo, estão o
Império Chola, que se localizava no atual território indiano nos séculos X e XII, e o
Império Mongol, que existiu de 1206 a 1368 e é considerado o maior império em
extensão já existente.

        Entre tantos reinos, impérios e civilizações, também diferentes culturas existiram


no continente asiático. É possível perceber a fundação do Cristianismo e do Judaísmo na
região da Palestina, o estabelecimento do hinduísmo e do budismo na índia, além de
várias práticas que são percebidas até os tempos atuais na região.

          1.7        A Colonização Asiática 

            A partir do período conhecido como As Grandes Navegações, entre os séculos


XV e XVI, a trajetória do continente sofre mudanças bruscas. Neste momento da
história, os países da Europa (em especial, Portugal e Espanha) nutriam profundo
interesse pela Ásia por conta dos lucros que o comércio de especiarias oferecia.
Portugal, então, chegaram à Ásia através do Mediterrâneo e lá estabeleceram colônias
nas regiões de Goa, Macau e Nagazaki. Não demorou muito para que os espanhóis
fizessem o mesmo e ocupassem a região das Filipinas (Guam e Marianas incluídas).

      Quase três séculos depois, com a ascensão de outros países europeus e Estados
Unidos da América como potências, o cenário já era bastante modificado. Portugal
havia perdido quase todos os seus territórios, com algumas pequenas exceções na Índia,
Macau e Timor; a Espanha também já não possuía mais as Filipinas, que haviam sido
concedidas aos EUA durante a guerra hispano-americana; e agora a Grã Bretanha e a
França eram as principais “senhoras” do imperialismo asiático, tendo que lidar também
com diversas investidas por parte dos Estados Unidos, da Alemanha e ainda da
Holanda. O próprio Japão, após a Revolução Meiji, e a Rússia Czarista desempenharam
papéis relevantes no que tange à colonização.

      Estas tensões geradas pela enorme disputa por territórios contribuiu também para o
início da Primeira Guerra Mundial, em 1914.

          1.8  A descolonização da Ásia

         A descolonização da Ásia aconteceu no contexto pós Segunda Guerra Mundial e


foi influenciada pelo enfraquecimento das potências europeias que muito já haviam
investido no conflito, e pelo início da Guerra Fria. Os Estados Unidos da América e a
União Soviética tinham interesses em expandir suas áreas de influência na Ásia, e,
assim, apoiaram a independência das colônias no continente asiático.

       Porém, além disso, as nações asiáticas conquistaram sua independência por meio de
diversos movimentos de luta. O mais famoso entre eles é o movimento de resistência
pacífica, que teve lugar na Índia e foi liderado por Mahatma Gandhi. Tal movimento
incentivava atos de desobediência civil contra o governo inglês, como boicotar o
comércio de ingleses ou ainda marchar até o oceano para extrair o próprio sal, a fim de
se posicionar contra os impostos abusivos cobrados pelos ingleses sobre o mineral.

      O domínio inglês sobre o subcontinente indiano, dessa forma, teve fim em 1947,
mas a partir de então conflitos que já ocorriam entre hindus e muçulmanos ganharam
força. O país foi, então, dividido conforme critérios religiosos. A parte hindu, maioria,
tornou-se a Índia e a parte muçulmana transformou-se em Paquistão. A mudança
aumentou o clima de tensão, gerou migrações e novos conflitos. Sem opções, o líder
Mahatma Gandhi aceitou a medida que dividiu o país e após esse ato foi odiado pelos
nacionalistas.

  O Camboja tornou-se independente da França em 1953. A Malásia e Cingapura


conseguiram se libertar da colonização inglesa entre os anos de 1957 e 1965.

    As colônias onde hoje se encontra o Oriente Médio se submeteram aos domínios
europeus por muito tempo. Países como Líbano e Síria tiveram suas independências
oficializadas em 1943 e 1946, respectivamente.

     Como consequência desse passado de exploração, muitos desses países ainda sofrem
hoje com diversos problemas de caráter político e socioeconômico.
    

          1.9  A Ásia hoje

O continente asiático vem crescendo exponencialmente desde as últimas


décadas, não só no âmbito econômico, mas também no que tange a avanços no
desenvolvimento humano asiático, com melhores níveis de alfabetização da população e
uma maior expectativa de vida. Contudo, a disparidade social e econômica entre os
países - o que torna a Ásia conhecida como um continente de contrastes- e seus
cidadãos é um dos maiores problemas que o continente enfrenta atualmente. Nota-se,
por exemplo, que enquanto o Japão e a Coreia do Sul têm baixíssimas taxas de
mortalidade infantil e ótimos índices de expectativa de vida e renda per capita, países
como o Afeganistão e Bangladesh estão entre os mais pobres do mundo. 

Além disso, o ritmo crescente do aumento populacional no continente


caracteriza uma das principais dificuldades de caráter global a serem enfrentadas
atualmente. A Ásia já abriga a maior parte da população do planeta, com muitas de suas
regiões alcançando as mais elevadas densidades demográficas já registradas. Se o
continente asiático corresponde a um terço das terras emersas do planeta, seus
habitantes correspondem a 61% da população mundial, com cerca de 4,299 bilhões de
pessoas.

       A Ásia, mesmo com seus diversos avanços nos últimos anos, é ainda um ambiente
hostil para alguns grupos minoritários, como mulheres e pequenas comunidades
religiosas. Em países como Índia e Sri Lanka, por exemplo, grupos minoritários de
muçulmanos e cristãos, respectivamente, sofrem segregação e linchamentos apoiados
em crescentes discursos baseados em identidades sectárias e étnicas. Em Bangladesh,
diversas meninas são traficadas e estupradas em campos de refugiados, práticas
apoiadas pelos movimentos de perseguição ao povo Rohingya que se dá pelos conflitos
em Myanmar. 
         
     É importante relembrar que práticas como essas por muitas vezes são aceitas e
corroboradas pela cultura de uma nação. E como é possível enfrentá-las, se a liberdade
cultural também é um direito humano?

1.10 O estabelecimento dos Direitos Humanos

No século XIV, com a ascensão dos movimentos renascentista e humanista, a


concepção do ser humano também mudava. Agora visto como centro do universo, o ser
também detinha direitos individuais. A ideia do que hoje conhecemos como Direitos
Humanos, portanto, já era surgida há tempos. Mas estes direitos só se tornaram de fato
institucionalizados e universais no século XX, com a criação da Organização das
Nações Unidas e da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 

A Declaração Universal dos Direitos Humanos entrou em vigor no dia 10 de


dezembro de 1948, após dois anos de elaboração por uma comissão especial da ONU, a
partir da resolução 217, votada pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Durante a
votação, das 58 delegações que participaram, 48 votaram a favor, 8 abstiveram-se de
votar e 2 delegações não votaram.
O corpo principal da comissão responsável por tratar dos direitos humanos era
liderado por Eleanor Roosevelt, e formado por influentes diplomatas e juristas, entre
eles: Peng Chun Chang (Taiwan), Charles Dukes (Reino Unido), Alexander Bogomolov
(União Soviética), John Peters (Canadá), Hernán Santa Cruz (Chile), René Cassin
(França), William Hodgson (Austrália) e Charles Malik (Líbano).

O documento foi redigido em um contexto relacionado a eventos que ocorreram


durante a Segunda Guerra Mundial, e durante o período em que os soldados nazistas
tinham suas ações julgadas no Tribunal de Nuremberg. Com o Tribunal, o mundo estava
tomando conhecimento dos horrores do Holocausto, que matou mais de 6 milhões de
judeus durante a guerra.

A partir disso, viu-se a necessidade de regular os direitos básicos e essenciais de


cada ser humano, levando em conta o desejo de que os acontecimentos da Segunda
Guerra Mundial não ocorressem novamente. A Declaração Universal dos Direitos
Humanos, portanto, tornou os direitos humanos universais e acessíveis a todos -
teoricamente.

2. Conceitos Técnicos 

2.1 Mutilação Genital Feminina

A mutilação genital feminina, ou MGF, é a remoção, ou corte, completa ou


parcial da genitália feminina. Tal prática é realizada em milhares de meninas no mundo
todo, entre 4 e 14 anos de idade normalmente, feita por meio de tesouras, pedaços de
vidro e lâminas de barbear, sem atuação da vigilância sanitária e nenhuma anestesia
(UNICEF, 2005). Existem 4 tipos de mutilação genital feminina, o primeiro,
Clitoridectomia, consiste na remoção do clitóris e da pele no entorno; o segundo,
Excisão, é a remoção do clitóris e dos pequenos lábios; o terceiro, Infibulação, é o corte
e reposicionamento dos lábios e o quarto tipo abrange toda forma de mutilação, corte,
perfuração, raspagem, cauterização e incisão.
Essa forma de violência se concentra em países da África, aproximadamente 30
países, em Mali, Mauritânia, Egito, Sudão, Etiópia e Somália são os lugares onde mais
da metade das mulheres sofreram mutilação genital. A mutilação também ocorre em
países do Oriente Médio, como Oman, Irã, Arábia Saudita e Iêmen, e em países da Ásia.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o procedimento fere os
órgãos genitais femininos sem justificativa médica e defende o fim da MGF, devido aos
graves problemas de saúde físicos e mentais das vítimas, podendo chegar à morte as
mulheres submetidas a tal prática. Algumas consequências da mutilação genital
feminina estão entre problemas de bexiga, ciclo menstrual irregular, infecções e
realização de cesárea no parto.
A razão da ocorrência da mutilação genital feminina tem base na visão desse
procedimento como identidade de uma cultura, como um rito de passagem para a vida
adulta e possibilidade de casamento. A MGF passa por aceitação social, religião,
desinformação sobre higiene, um modo de preservar a virgindade, tornando a mulher
"casável" e ampliando o prazer masculino (BBC News, 2019). Como o procedimento é
geralmente feito contra a vontade da mulher, muitas vítimas se abstém de falar sobre a
mutilação genital por medo da repercussão na comunidade e possível não aceitação por
membros da família.
A mutilação genital feminina viola da Declaração dos Direitos Humanos, por
privar suas vítimas de saúde e bem estar, e submetê-las à tratamento degradante (ONU,
2009).
A defesa da MGF tem base na validação do procedimento como tradição
milenar, nos países onde é mais recorrente, sob a justificativa da purificação do corpo
feminino, ocasionando a discriminação das mulheres que não se submetem à prática.
Mesmo em sua maioria ser praticada em países africanos, a mutilação
genital possui altas ocorrências na Indonésia, em comunidades imigrantes na Europa,
América e Austrália, Índia, no Paquistão ( muçulmanos Bohra e a comunidade dos Sidis
estão entre as vítimas). Na Austrália, mesmo a MGF ser reconhecida como abuso físico
pela lei do país, não impede a prática de ser exercida. A UNICEF documentou a
concentração dos casos na Indonésia, Egito e Etiópia, sendo no primeiro país uma
prática cerimonialista realizada tanto em meninas como em meninos.

2.2 Identidade étnica, linguística e religiosa.

A identidade étnica se baseia no reconhecimento étnico, relacionado à etnia,


como grupo culturalmente homogêneo, que partilham da mesma origem e cultura. A
identidade étnica é parte da construção social do ser, apoiada na história, valores e
característica que um grupo compartilha. A liberdade cultural garante o direito de
manutenção da identidade étnica. A identificação e apoio em relação à uma cultura
justifica as práticas defendidas por estas, geralmente tradicionais dentro da cultura.
A identidade linguística, assim como a étnica, faz parte da identidade cultural,
como um dos elementos de identificação do indivíduo, relacionado com a região a que
se encontra. A identidade linguística tem como apoio os costumes e tradições da língua
reconhecida.
A identidade religiosa é o reconhecimento em relação a uma religião, suas
práticas, sua doutrina e seus escritos. A declaração da ONU elimina a discriminação
com base na crença, abrangendo a liberdade de escolha religiosa. A religião é parte da
cultura de muitos povos, e é embasamento de múltiplos procedimentos defendidos por
tais grupos. O grande debate se dá em relação a práticas apoiadas por etnias, culturas e
religiões por meio da liberdade cultural, que pode se tornar um impasse à manutenção
dos direitos humanos.

2.3 Casamento infantil

O casamento infantil é uma união, tanto formal como informal, antes dos 18
anos, visto que crianças nessa faixa etária são inaptas para transições sexuais,
reprodutivas e conjugais. Aproximadamente 12 milhões de crianças se casam todos os
anos, mesmo considerada uma prática que viola os direitos humanos, sua erradicação
faz parte da agenda de 2030 da Organização das Nações Unidas, como um dos objetivos
de Desenvolvimento Sustentável, e é considerado como uma forma de violência,
afetando meninas principalmente. O casamento infantil está atrelado à gravidez precoce,
que de acordo com estudos feitos pelo Banco Mundial, possuem efeitos negativos,
desde riscos à saúde e renda baixa na maioridade até riscos de violência doméstica.
Na África e Ásia uma em cada três meninas se casaram antes dos 18 anos,
aproximadamente, e uma em cada cinco, pertencentes a esse grupo, teve um filho antes
dos 18, como no Níger, país com a prevalência de casamento infantil mais alta no
mundo.
As principais causas da ocorrência de casamentos infantis estão relacionadas a
uma gravidez indesejada como forma de proteção à reputação da menina; meio de
controle da sexualidade da menina; desejo de segurança financeira; desejos por parte
dos maridos em casamentos com meninas mais jovens; uma forma de liberdade dos
pais, o que pode causar a diminuição de oportunidades educacionais e maior risco de
abuso.
A legalização do casamento infantil está presente em inúmeros países,
principalmente baseado em processos culturais, como o direito islâmico ao casamento
com meninas mais jovens ou a prática normalizada do casamento com menores na
Índia, onde as meninas são vistas como fardos econômicos e o casamento dá ao marido
a responsabilidade sobre as crianças. A África tem as maiores taxas de casamento
infantil, de acordo com a UNICEF, em países como Níger, Mali e Guiné.
O casamento das meninas com menos de 18 anos as forçam a enfrentar violência
doméstica por parte de seus maridos mais velhos, sofrendo abuso físico e sexual, assim
como maior incidência de gravidez precoce, aumentando a possibilidade de
complicações na gravidez e no parto, colocando a saúde das meninas em risco.
Países como Chade e Zimbábue eliminaram exceções na lei que antes permitiam
o casamento abaixo dos 18 anos. Porém, além das brechas legais, em diversos países,
muitas meninas se casam informalmente antes de atingir a idade mínima em seu país
(ONU, 2019).
Em países como a Índia, 47% das mulheres entre 20 e 24 anos se casaram antes
dos 18 e 56% em áreas rurais. Outros países da Ásia carregam índices altos de
casamentos infantis, em Bangladesh de 3 casamentos 2 são com meninas menores, no
Paquistão a porcentagem de ocorrência chega a 50%, os relatos também estão presentes
na Indonésia, com 22% das meninas que se casam com menos de 18 anos.

2.4 Violência Cultural

A violência cultural possui como aspectos o sexismo, machismo, adultismo,


etnocentrismo, nacionalismo, classismo, elitismo, racismo e etarismo, não sendo
obrigatoriamente uma das formas diretas ou indiretas da violência, e sim uma forma de
legitimação da violência. Por ‘violência cultural’ queremos dizer aqueles aspectos da
cultura, a esfera simbólica da nossa existência – exemplificada pela religião e a
ideologia, a linguagem e a arte, a ciência empírica e formal (lógica, matemática) – que
pode ser utilizada para justificar ou legitimar a violência direta ou estrutural (Galtung,
1990, p.291).
A violência cultural, em suma, seria uma forma de justificar outros tipos de
violência, como a estrutural ou a direta, tornando-as corretas. Normalmente pontos
específicos de culturas são considerados como violentos, visto que as culturas englobam
aspectos amplos e raramente são consideradas violentas por inteiro.
É considerada uma violência duradoura, sutil e indireta; que tem sua origem nos
costumes e crenças dos indivíduos. Essa violência não está presente nas crenças e
costumes e sim nos meios pelas quais eles são usados para legitimar a violência. A
violência racial e o preconceito, que justificam diferenças salariais e criminalização pela
diferença nas cores de pele, podem ser consideradas violência cultural, assim como a
mutilação genital feminina, concentrada em países da África, Ásia e Oriente Médio.
Alguns aspectos culturais ainda afetam ações individuais em diversas regiões,
em países como Nigéria e Chade, onde práticas de estupro, tráfico de pessoas e outras
formas de abuso sexual ocorrem em maior frequência, tornando, por meio dessas
práticas, um meio de acesso a alimentos e direitos nesses países.

2.5 Genocídio Cultural.

O genocídio cultural, conhecido como etnocídio, consiste no fim da cultura de


um povo, sem ocasionar a destruição do povo em si. O objetivo do genocídio cultural é
acabar com os traços de uma cultura, como uma língua (linguicídio), ou uma crença
religiosa. O etnocídio pode ser caracterizado também como atos cometidos contra
grupos nacionais, étnicos, raciais ou religiosos, definido pela Convenção para a
Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio das Nações Unidas em 1951.
Grupos como os Uigures, muçulmanos que habitam regiões da China, sofrem a
separação das crianças de seus familiares e transferidas para internatos e inúmeros
uigures detidos por expressarem sua fé; assim como o processo de colonização europeu
no continente americano e neocolonização da África e Ásia, onde línguas, costumes e
crenças sofreram o processo de genocídio cultural.

2.6 Estupro coletivo.

A violência contra mulheres e meninas é a violação de direitos humanos mais


comum no mundo (ONU, 2019). O estupro coletivo é a violência sexual que envolve
dois ou mais agressores, essa forma de violência possui números altos em causa de
morte, incapacidade de geração nas mulheres em idade reprodutiva, gravidez,
propagação de doenças sexuais e danos na saúde física, mental e sexual das vítimas.
A violência sexual contra mulheres e meninas, e violação de seus direitos, está
enraizada na história, com a dominação masculina e o sexismo, principalmente durante
conflitos étnicos e armados, como a Guerra do Congo, com vítimas de estupros
coletivos a cada semana, no Sudão, com vítimas de estupros coletivos por soldados do
governo, milicianos e das Forças de Apoio Rápido, regiões de crise da África, tomadas
por grupos terroristas, onde a violação dos direitos das mulheres é constante e aumento
do risco de abuso sexual, principalmente estupro, é uma realidade para as mulheres.
O maior número de vítimas se encontra na África Subsaariana e sul da Ásia,
onde a causa dessa prática é justificada por traços culturais tradicionais, como na
realização de rituais. Em Papua-Nova Guiné o estupro é um rito de passagem do homem
para a vida adulta, e também pode ser dirigido como punição contra as mulheres, como
ocorre em tribos indígenas no vale do Amazonas.
As consequências do estupro em massa são de longa duração, onde muitas
mulheres acabam adquirindo doenças sexuais, por não possuírem acesso à saúde, e o
risco de danos psicológicos é maior, tornando-se um impasse para a reinserção na
sociedade.

2.7 Estupro como arma de guerra

Para a garantia do controle sobre regiões, milícias utilizam do estupro como


arma. Esse tipo de violação dos direitos humanos está presente durante conflitos e
guerras, em que soldados e civis cometem abusos contra mulheres, sendo classificado
como uma prática da guerra psicológica, considerada violações de guerra.
A proliferação da violência sexual se deu com os conflitos, notoriamente no
território congolês, durante a Guerra do Congo, onde milhares de mulheres se tornaram
vítimas do estupro, escravidão sexual e tortura pela milícia, a fim de garantir o domínio
sobre o território.
A existência dos estupros como arma de guerra possui uma justificativa cultural,
como o ocorrido no Congo, onde esse ato é tratado como ''comum'', porém essa prática
não possui agentes que a reprimam (cultura de impunidade), por essa causa se torna
fácil de ser cometida.
Margot Wallstrom, representante especial da ONU para casos de violência
sexual em situações de conflito, afirma que esse pensamento é a visão do estupro como
tradição cultural e não como um método de escolha própria.
Grupos armados emergentes utilizam do estupro para ganhar terreno e dar
continuidade a essa ação, com campos de estupro, lugares onde mulheres são violadas
até engravidarem, ocorrido no Congo e Angola.
O estupro é usado para domínio de territórios com recursos naturais que são
utilizados por grupos para financiar o próprio conflito (ONU, 2014). Essa prática
ocasiona as fugas coletivas, colocando as mulheres, principalmente as mais jovens, em
risco a abusos, ou pais que as remetem a casamentos forçados, aumentando as ameaças
de escravidão sexual.
O estupro em situação de conflito está presente em diversos países, Costa do
Marfim, República Centro-Africana, Mali, Síria, Sudão do Sul, República Democrática
do Congo são alguns dos 21 territórios da lista do Conselho de Segurança que utilizam
dessa prática em meios de guerra.

3. Importância do debate

A violência sexual é uma característica muito complexa em seus fatores no


continente africano  e asiático. Suas razões proveem de várias vertentes que, muitas das
vezes são conflituosas para se haver uma intervenção internacional efetiva, e por isso
necessitam de debates sobre a melhor forma de agir. Na Nigéria, durante a qual centenas
de mulheres e meninas foram estupradas por combatentes pertencente a Jama'atul ahl al-
sunnah li da'awati wal jihad (JAS), conhecido globalmente como Boko Haram. Muitas
das mulheres e meninas foram sequestradas, casadas à força aos seus captores e
engravidam como resultado de estupro. Na Zambia, Uganda, e Congo, são adotadas
questões culturais e rituais que configuram mutilação genital feminina, o que, é um
grande problema em questões tanto de saúde feminina, quanto humanitárias. 
Existem iniciativas internacionais que tentam de maneira efetiva reduzir danos e
empoderar mulheres e meninas dessas regiões para mudarem essa realidade. Um
exemplo disso é o Girl Up, iniciativa da Fundação das Nações Unidas, que visa
empoderar meninas em suas comunidades para que elas atuem como agentes de
mudança. Suas ações são através da educação e do diálogo com outras meninas e
mulheres que vivem diariamente as dificuldades de se existir e configurar como
mulher. 
       Para falar mais sobre a importância de se debater tal assunto, mesmo que com uma
visão ocidental e um tanto quanto superficial, conversamos com Musonda, uma
zambiense que é líder regional da região africana do Girl Up, na qual ela conta e
responde perguntas mostrando seu ponto de vista tão valioso e verdadeiro sobre o que é
ser mulher, africana e ativista dos direitos das mulheres trabalhando para a Fundação
das Nações Unidas. 
First, can you say a little bit about your story? How old are you, who are you, what
do you do for a living, why and when did you decide to be part of Girl Up?
My name is Musonda Chikwanda born and raised in Lusaka, Zambia. I am 27 years old
working as a Girl Up Regional Representative in Africa an Initiative by the United
Nations Foundation. I have a Bachelors in Environmental Education and currently
about to compete my Masters in Public Health. I come from a family of three girls, and
I also have step brothers and sister. I was glued and got interested in Girl Up in 2017
when I served as counsellor at the Women in Science Camp (WiSci) In Malawi which
brought together 100 girls from Africa and USA. I had always been interested and
previously worked with high school girls and boys. The Girl Up club model particular
struck knowing that girls were taking the led to advocate for issues affecting them in
their various communities. So I said, “why not be part of this movement”!!  I now serve
as the Regional Representative for Africa and it has been amazing to see girls taking it
upon themselves to bring positive change in their communities.
Can you define how is it like to be a female in Zambia? 
It mean constantly being assertive and reminding your family, friends, workmates and
community that your place in not just in the Kitchen. Letting people know that marriage
is not the ultimate goal in life. It also mean fighting the prejudice that certain career
fields like engineering are not only for men. Female literacy rate in Zambia MICS) for
15-24 year-olds, 67% female 82 male, 27% of females in rural areas have no education
compared to 18% of males. Pregnancy, early marriage and poverty are intrinsically
linked and are the main challenges Zambian girls face in staying in school, particularly
in rural schools.
This UN Simulation Committee is to talk about Sexual Terrorism in Africa. In
your personal experience, what is the biggest problem faced in Zambia in this
aspect?
Rape (gang rape, rape in marriage) and sexual harassment in work places. There has
been controversy and a huge debate, most women being blamed for the way they dress
and being raped. Victims are also not been believed when they report cases of rape.
Furthermore, it is believed that in marriage you can’t be raped because your body
belongs to your husband and he can do as he pleases. This makes it hard for married
women to report rape. Additionally, young people face sexual harassment at work
which is reluctantly dealt with. 
Female Genital Mutilation is a problem recognized by the World Health
Organization. Perhaps, is also recognized as a cultural practice. Can you explain to
us how it is like to run a program like Girl Up with that kind of practice
happening?
FGM is more culturally motivated. If one comes from a traditional and conservative
community there is higher chance of them experiencing it. Having worked and spoken
to girls that have experienced or been victims of FGM. There seems to be lack of
knowledge on the practice and effects.  Running a program such as Girl Up in
communities that practice FGM is a challenge because you risk parents actually
stopping their children to taking part in activities because they believe the girls are
throwing away their culture. However there have has been efforts by Government to
work with Traditional Leaders to put an end to this as they have more influence on the
practice. Ethiopia, Liberia and Ghana are good example were the practice is been put
to an end. I Zambia Female Genital Elongation is what is practiced, recently number of
girls taking in the practice has rescued because of awareness on the practice `
What is your personal opinion about Boko Haram in Nigeria, and its actions?
(This question may seem silly but we are all Brazilian teenagers hoping to get as
much information from a person that is more close to that reality than us! I know
Nigeria is a completely different country with a different religion, but your point of
view is precious!) 
It’s a very unfortunate action that in 2014 Boko Haram Kidnapped over 200 school
girls. Even though the girls were later released the girls were deprived of an education
and are also sexually abused. I would love to see the international community get
involved and protect these young girls so they can get the education and life they
deserve as part of their human rights.  The girls are held out of their will in military
barracks, separated from their parents, without medical follow-up, without
psychological support, without education, under conditions and for durations that are
unknown". Furthermore, a report done In February 2016, revealed that girls and
women released from Boko Haram captivity often face rejection upon returning to their
communities and families, in part due to a culture of stigma around sexual violence. 
In your personal opinion, what is the importance of the discussion about Sexual
Terrorism?
Discussion around sexual terrorism are important, there is need to raise awareness on
the realities. It will also allow victims of the practice to get the justice and put the
people involved behind in jail allowing them to get to get closure knowing none of the
people around them will experience their inhumane act. It’s an opportunity to unmask
this harmful practice. Because the majority of people affected in sexual terrorism are
women and girls who experience rape, gang rape, forced impregnation, sexual
mutilation, and other acts of sexual violation.
Do you think that is a way of ending this violence? If so, who could help? How?
Definitely there is need for victim to come out in the open and report their experiences
so that the perpetrators are brought to book. However before this is done
countries/communities need to create safe spaces for women and men who have been
victims. We need to believe and accept that this is happening in our society.
Furthermore once proven and convicted sexual terrorists convicted should be given a
life sentence.Musonda Chikwanda, Girl Up Representative in Africa 

TRADUÇÃO:

Primeiro, você pode falar um pouco sobre sua história?


Quantos anos você tem, quem é você, o que você faz para
viver, por que e quando você decidiu fazer parte do Girl
Up?
Meu nome é Musonda Chikwanda, nascida e criada em
Lusaka, Zâmbia. Tenho 27 anos trabalhando como
Representante Regional de Garotas na África, uma iniciativa
da Fundação das Nações Unidas. Tenho um Bacharelado em
Educação Ambiental e atualmente estou prestes a concorrer ao meu Mestrado em Saúde
Pública. Eu venho de uma família de três meninas e também tenho meio-irmãos e irmãs.
Me interessei pelo Girl Up em 2017, quando fui conselheira do Women in Science
Camp (WiSci) no Malawi, que reuniu 100 meninas da África e dos EUA. Eu sempre me
interessei e trabalhei anteriormente com meninas e meninos do ensino médio. O modelo
do clube Girl Up impressionou ao saber que as meninas estavam sendo levadas a
advogar por questões que as afetavam em suas várias comunidades. Então eu disse: "por
que não fazer parte desse movimento" !! Eu agora sirvo como Representante Regional
para a África e foi incrível ver as meninas assumindo a responsabilidade de trazer
mudanças positivas em suas comunidades.
Você pode definir como é ser mulher na Zâmbia?
Significa ser constantemente assertiva e lembrar sua família, amigos, colegas de
trabalho e comunidade de que seu lugar não é apenas na cozinha. Informar as pessoas
que o casamento não é o objetivo final da vida. Também significa combater o
preconceito de que certos campos da carreira, como a engenharia, não são apenas para
homens. Taxa de alfabetização feminina na Zâmbia MICS) para jovens de 15 a 24 anos,
67% mulheres 82 homens, 27% das mulheres nas áreas rurais não têm educação em
comparação com 18% dos homens. Gravidez, casamento precoce e pobreza estão
intrinsecamente ligados e são os principais desafios que as meninas zambianas
enfrentam para permanecer na escola, principalmente nas escolas rurais.
Este Comitê de Simulação da ONU deve falar sobre terrorismo sexual na África.
Na sua experiência pessoal, qual é o maior problema enfrentado na Zâmbia nesse
aspecto?
Estupro (estupro coletivo, estupro no casamento) e assédio sexual nos locais de
trabalho. Houve controvérsia e um enorme debate, a maioria das mulheres sendo
culpada pela maneira como se vestem e sendo estupradas. Também não se acredita nas
vítimas quando denunciam casos de estupro. Além disso, acredita-se que no casamento
você não pode ser estuprada porque seu corpo pertence ao seu marido e ele pode fazer o
que bem entender. Isso dificulta que as mulheres casadas denunciem estupro. Além
disso, os jovens enfrentam assédio sexual no trabalho, que é tratado com relutância.
A mutilação genital feminina é um problema reconhecido pela Organização
Mundial da Saúde. Talvez, também seja reconhecido como uma prática cultural.
Você pode nos explicar como é executar um programa como o Girl Up com esse
tipo de prática acontecendo?
A MGF é mais motivada culturalmente. Se alguém vem de uma comunidade tradicional
e conservadora, há uma chance maior de que a vivenciem. Tendo trabalhado e falado
com meninas que sofreram ou foram vítimas de MGF. Parece haver falta de
conhecimento sobre a prática e os efeitos. A execução de um programa como o Girl Up
em comunidades que praticam a MGF é um desafio, porque você corre o risco de os
pais realmente impedirem seus filhos de participarem de atividades porque acreditam
que as meninas estão jogando fora sua cultura. No entanto, houve esforços do governo
para trabalhar com os líderes tradicionais para acabar com isso, pois eles têm mais
influência na prática. Etiópia, Libéria e Gana são um bom exemplo, quando a prática foi
encerrada. I O alongamento genital feminino da Zâmbia é o que é praticado;
recentemente, o número de meninas que adotaram a prática foi diminuido por causa da
conscientização sobre a prática.
Qual é a sua opinião pessoal sobre o Boko Haram na Nigéria e suas ações? (Essa
pergunta pode parecer boba, mas somos todos adolescentes brasileiros esperando
obter o máximo de informações de uma pessoa mais próxima dessa realidade do
que nós! Sei que a Nigéria é um país completamente diferente, com uma religião
diferente, mas seu ponto de vista é precioso!)
É uma ação muito infeliz que em 2014 o Boko Haram sequestrou mais de 200 meninas
da escola. Embora as meninas tenham sido libertadas mais tarde, elas foram privadas de
educação e também foram abusadas sexualmente. Eu adoraria ver a comunidade
internacional se envolver e proteger essas meninas para que pudessem ter a educação e a
vida que merecem como parte de seus direitos humanos. As meninas são mantidas fora
de sua vontade em quartéis militares, separados de seus pais, sem acompanhamento
médico, sem apoio psicológico, sem educação, em condições e por durações
desconhecidas ". Além disso, um relatório feito em fevereiro de 2016 revelaram que
meninas e mulheres libertadas do cativeiro do Boko Haram frequentemente enfrentam
rejeição ao voltar para suas comunidades e famílias, em parte devido a uma cultura de
estigma em torno da violência sexual.
Na sua opinião pessoal, qual é a importância da discussão sobre terrorismo sexual?
Discussões sobre terrorismo sexual são importantes, é preciso aumentar a
conscientização sobre as realidades. Também permitirá que as vítimas recebam a justiça
e prendam as pessoas envolvidas na prisão, permitindo que elas sejam encerradas,
sabendo que nenhuma das pessoas ao seu redor sofrerá seu ato desumano. É uma
oportunidade de desmascarar essa prática prejudicial. Porque a maioria das pessoas
afetadas pelo terrorismo sexual são mulheres e meninas que sofrem estupro, estupro
coletivo, impregnação forçada, mutilação sexual e outros atos de violação sexual.
Você acha que essa é uma maneira de acabar com essa violência? Se sim, quem
poderia ajudar? Quão?
Definitivamente, é necessário que a vítima se manifeste abertamente e relate suas
experiências, para que os autores sejam levados para julgamento. Contudo, antes que
isso seja feito, os países / comunidades precisam criar espaços seguros para mulheres e
homens que foram vítimas. Precisamos acreditar e aceitar que isso está acontecendo em
nossa sociedade. Além disso, terroristas sexuais uma vez comprovados e condenados
devem ser condenados à prisão perpétua.

4. Papel dos Direitos Humanos 

De acordo com as Nações Unidas, os Direitos Humanos são direitos inerentes a


todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma,
religião ou qualquer outra condição. Descrito na Declaração Universal dos Direitos
Humanos, datada de 1948, o documento possui sua origem histórica registrada nas
marcas da criação da Organização das Nações Unidas, em 1945, em razão dos horrores
da 2ª Guerra Mundial. 

Os Direitos Humanos são fortalecidos pela legislação dos direitos humanos,


tópico do direito internacional, que define as responsabilidades legais do Estado em sua
conduta com os demais, a fim de salvaguardar e fortalecer a discussão no cenário
internacional. Entretanto, não existe obrigação legal sobre os Estados, sendo a DUDH a
representação do consenso da comunidade global acerca da necessidade de garantir a
dignidade à qualquer ser humano, respeitar o indivíduo e suas liberdades, bem como
evitar novas catástrofes e manter as boas relações entre as nações. Desse modo, os
Direitos Humanos são pilares estabelecidos como orientação política, mas não
jurídica.   

Durante a jornada de consolidação e ampliação desses direitos em escala


mundial, muitos desafios foram postos à prova. À exemplo, cita-se o choque com
culturas tradicionais que possuem rituais considerados violadores dos direitos humanos,
uma vez que ferem a liberdade individual ou desrespeitam artigos da declaração. Essa
fronteira ainda é um problema a ser enfrentado para a consolidação dos direitos
humanos como um ideal a ser atingido por todos os povos, objetivado no  pré-âmbulo
do documento:

“Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da


ONU, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser
humano e na igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que decidiram promover
o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, … a
Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Diretos Humanos
como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações…” 

Para além da DUDH,Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos


simboliza a ampliação do tema no contexto mundial e um rico instrumento para a
proteção de tais direitos. A importância desse tratado dá-se por tornar vinculante os
direitos descritos na DUDH naqueles Estados que ratificaram o documento e cria
mecanismo de monitoramento internacional a fim de detalhar e controlar a execução dos
direitos fundamentais na sociedade. Em suma, os direitos humanos possuem
características em comum que os tornam tão imprescindíveis à sociedade, tais quais:

 Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade e o valor de


cada pessoa;
 Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados de forma
igual e sem discriminação a todas as pessoas;
 Os direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser privado de seus
direitos humanos; eles podem ser limitados em situações específicas. Por
exemplo, o direito à liberdade pode ser restringido se uma pessoa é considerada
culpada de um crime diante de um tribunal e com o devido processo legal;
 Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes, já
que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos e outros não. Na prática, a
violação de um direito vai afetar o respeito por muitos outros;
 Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos como de igual
importância, sendo igualmente essencial respeitar a dignidade e o valor de cada
pessoa. 

Diante o exposto, é possível inferir a fronteira marcada pelas práticas culturais


no continente africano, como a mutilação genital, o casamento infantil, a violência
cultural e o estupro, e a violação dos direitos humanos nesses atos. Assim, o intenso
debate acerca do tema exige análises conceituais, históricas, teóricas e práticas, que
devem ser realizadas para a boa argumentação dos Estados representados. Além disso, a
reflexão filosófica trazida com os estudos de John Stuart Mill elucida a perspectiva
frente ao conflito em questão, sendo o conceito do princípio do dano enunciado:

“É o princípio de que o único fim para o qual as pessoas têm justificação,


individual ou coletivamente, para interferir na liberdade de ação de outro, é a
autoproteção. É o princípio de que o único fim em função do qual o poder pode ser
corretamente exercido sobre qualquer membro de uma comunidade civilizada, contra a
sua vontade, é o de prevenir dano a outros.”

Frente a uma perspectiva geral, a análise dos limites entre as liberdades culturais
e o cumprimento dos Direitos Humanos abrange não só o continente asiático e africano,
ainda que sejam os mais turbulentos atualmente, mas, inclusive, ao restante da
comunidade global. À luz do exposto, países como o Brasil, mesmo que possua
garantias constitucionais de cumprimento dos Direitos Humanos, ainda enfrentam
problemas com a violação dos mesmos, visto que o contexto histórico revela
consequências sociais presentes até os dias atuais. Além disso, é importante ressaltar a
preocupação de alguns governos com a interferência dos organismos internacionais na
soberania nacional, o que dificulta a negociação quando casos de violações são
denunciados.  

No presente comitê, o papel dos Direitos Humanos não se restringe apenas à sua
função no cenário internacional e na manutenção da paz mundial, mas estende-se à
seguinte discussão: qual o limite entre a liberdade cultural e os direitos humanos?
Rituais que expressam e representam a cultura de um povo devem ser proibidos por
violarem os direitos fundamentais garantidos pela Organização das Nações Unidas?
Qual é a fronteira que delimita esse espaço e qual o papel da comunidade internacional
frente à problemática? Os Direitos Humanos devem ter caráter legal nos Estados a fim
de cumprir com seu devido objetivo? 

5. Medidas em Vigor 

Inúmeras normas culturais apoiam diferentes formas de violência, por


conseguinte crenças tradicionais em que homens têm o direito de controlar ou
disciplinar mulheres por meios físicos, o que as tornam vulneráveis à prática de abuso
por parceiros íntimos ou pela própria família, como o estupro ‘corretivo’, a mutilação
genital feminina ou qualquer expressão agressiva quando a figura feminina não atinge
projeções sociais impostas a ela.

Igualmente, a aceitação cultural da violência, incluindo a de cunho sexual como


assunto privado impede uma intervenção governamental ou por parte de órgãos
internacionais eficaz e evita que os afetados se manifestem e obtenham apoio. Em
muitas sociedades, as vítimas também se sentem estigmatizadas, o que inibe a denúncia
e as colocam como responsáveis pelo controle dos impulsos de seus agressores.

Não obstante, em núcleos sociais, como comunidades rurais ou tribais, noções


de suporte à violência são ainda mais recorrentes e incisivas, desde maltrato infantil até
a contribuição para o tráfico sexual de mulheres e meninas por parte de grupos
fundamentalistas religiosos. Desse modo, com o intuito de garantir os direitos humanos
da população africana, variados esforços tanto em cunho regional quanto da
Organização das Nações Unidas e da União Africana, têm sido realizados a fim de
erradicar essas violações, tais como:

5.1 Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (Carta de Banjul)

As últimas duas décadas acolheram uma mudança de atitude em relação aos


direitos humanos, especialmente no território africano, amplamente reconhecido como
um "violador flagrante dos direitos humanos", onde o dualismo prospera. Como
resultado da crescente pressão internacional em conjunto com regimes despóticos
generalizados em todo o continente, a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos
Povos foi finalmente adotada em junho de 1981 e entrou em vigor em outubro de 1986.
Esse instrumento único, porém inegavelmente defeituoso, visa promover e proteger os
direitos e liberdades humanos e dos povos, levando em consideração as culturas
políticas e legais dos estados africanos, bem como a preservação da tradição e
identidade africanas.

Apesar da existência de múltiplos mecanismos internacionais de direitos


humanos, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Pacto Internacional
sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais; a Carta Africana consolida a noção de que os direitos são
interdependentes e indivisíveis, apresentando-os em uma mesma resolução. Isso não
apenas garante a promoção e proteção de todos os direitos estabelecidos na Carta, como
apela ao continente africano. A Carta introduz direitos de terceira geração, como o
direito à paz, à segurança nacional e internacional, a um ambiente satisfatório e  ao
desenvolvimento econômico, social e cultural, garantindo, portanto, a esses novos
direitos a devida atenção nos países em desenvolvimento.

A Carta também é singular, uma vez que desenvolveu uma abordagem


contextual aos direitos humanos. Reconhece que as normas desses artigos não são
universalmente aplicáveis, no entanto variam com o tempo e de acordo com as
diversidades culturais regionais. Embora serem rotulados como ideais elevados
impraticáveis, abordar grupos e comunidades é essencial para a África, visto que grande
parte dela é dividida em linhagens tribais. Por fim, a Carta Africana foi projetada para
responder à realidade histórica da África, reintroduzindo os valores como:
compromisso, solidariedade, respeito e responsabilidade.

  5.2. Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (CADHP)

A partir de uma cúpula formada pela Organização da Unidade Africana (OUA),


foi adotada uma resolução em conjunto com o respectivo Secretário-Geral que indicava
a formação de um comitê de especialistas para redigir uma Carta Africana dos Direitos
Humanos e dos Povos, fornecendo mecanismos para promover e proteger os direitos
consagrados na proposta.

O grupo de especialistas começou a trabalhar no projeto em 1979, no entanto o


documento final foi aprovado em unanimidade em uma reunião de 1981 dos Chefes de
Estado e Governo da OUA, no Quênia. Desde então, a Carta prevê uma Comissão de
Direitos Humanos para garantir a implementação dos artigos estabelecidos.
Essa aceitação de um limite à autoridade nacional soberana, no que tange
questões relacionadas a direitos humanos, embora mínima, foi saudada como um passo
significativo pelos Estados africanos. A mudança foi vista como a inauguração de uma
nova era de reconhecimento da autonomia e bem-estar dos indivíduos, já enunciados na
Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em 21 de outubro de 1986, a Carta entrou
em vigor, sendo essa data comemorada como o Dia Africano dos Direitos Humanos.

A Comissão é composta por onze membros que atuam em âmbito pessoal e


independente, não como representantes de seus países. O Artigo 31 da Carta estabelece
que os comissários serão “escolhidos dentre personalidades africanas da mais alta
reputação, conhecidas por sua alta moralidade, imparcialidade de integridade e
competência em questões de direitos humanos e dos povos.”. No início de seus
mandatos, declaram-se aptos a cumprir seus deveres com imparcialidade e fidelidade.

A principal função da CADHP é explicada no artigo 45 da Carta, sendo essa


sensibilizar a população africana e disseminar informações sobre os direitos humanos.
Com o intuito de alcançar o exposto, a Comissão em colaboração com ONGs e
organizações intergovernamentais é encarregada pela coleta de documentos, realização
de estudos e pesquisas sobre adversidades sociais no continente, organização de
seminários, simpósios e conferências, e, caso necessário, a mesma possui autonomia
para apresentar suas opiniões ou recomendações aos governos participantes.

O Artigo 45 da Carta também exige que a Comissão formule e estabeleça


princípios e regras para solucionar problemas legais relacionados aos direitos humanos
e liberdades fundamentais dos povos da África, nos quais os Estados podem basear sua
legislação. Ainda, a  cooperação com outras instituições regionais e internacionais é
emergente, a exemplo disso têm-se a Corte Europeia de Direitos Humanos, a Comissão
Interamericana e os órgãos da Corte de Direitos Humanos.

Outra função atribuída à Comissão pela Carta Africana é a garantia e proteção


dos direitos humanos e dos povos em condições estabelecidas na resolução, em que a
CADHP deve tomar medidas para que os cidadãos desfrutem de seus direitos. Isso
implica cobrar que os Estados não cometam violações e, se o fizerem, que as vítimas
sejam reparadas.

Diante disso, a Carta prevê o 'procedimento de comunicação', um sistema de


reclamações através do qual um indivíduo pode reclamar diretamente a Comissão se
sentir descumprimento com seus direitos. A contestação também pode ser proferida por
um Estado Parte da Carta, que acredita razoavelmente que outro transgrediu qualquer
uma das disposições da Carta.

Em situações de emergência, que a vida da vítima está em perigo iminente, a


Comissão pode invocar medidas provisórias nos termos do seu regulamento, solicitando
ao Estado que adie qualquer ação que esteja pendente de sua decisão final sobre o
assunto. 

5.3 Corte Africana de Direitos Humanos e dos Povos

O Protocolo que institui a Corte Africana de Direitos Humanos e dos Povos foi
adotado em Burkina Faso no dia 9 de junho de 1998, entretanto entrou em vigor apenas
em 25 de janeiro de 2004 após a ratificação do documento por parte de mais de 15
países. A organização possui sua sede permanente em Arusha, na República Unida da
Tanzânia.

A Corte Africana de Direitos Humanos e dos Povos é um tribunal continental,


estabelecido em consequência do Artigo 1 do Protocolo da Carta Africana pelos Estados
Membros da União Africana seu propósito é garantir a proteção dos direitos humanos e
dos povos na África e complementar e reforçar as funções da Comissão de Banjul.

Os valores fundamentais da Corte são baseados na Carta Africana e em outros


princípios de direitos humanos internacionalmente reconhecidos, abrangendo a
promoção do Estado de Direito. Dentre esses princípios se encontram:

a) Independência judicial de qualquer partidarismo, preconceito, influência,


seja de Estados, ONGs, agências de financiamento ou indivíduos;

b) Aplicação e interpretação justa e imparcial dos preceitos da Carta


Africana, do Protocolo, do Regulamento e de outros instrumentos
internacionais relevantes de direitos humanos;

c) Responsabilidade ética e de transparência nas operações da Corte;

d) A manutenção dos direitos básicos: civis, políticos, econômicos, sociais


e culturais;

e) Colaboração com as partes relevantes interessadas no alcance do objetivo


da Corte em proteger os direitos humanos e dos povos;

f) Igualdade e não discriminação no desempenho das atividades da Corte;

g) Integridade dos juízes e funcionários que trabalham na Corte;

h) Garantia de acesso igual a todos os usuários em potencial da Corte;

i)  Atenção e sensibilidade às necessidades daqueles que se aproximam da


Corte;

No que se refere à jurisdição do órgão, conforme o artigo 3 do protocolo, a Corte


é competente para tratar de todos os casos e disputas que lhe são submetidos com
relação à interpretação e aplicação da Carta, do Protocolo e de qualquer outro
instrumento de direitos humanos ratificado pelos Estados em questão.

Ademais, nos termos do Artigo 4 do Protocolo, a Corte pode, a pedido de um


Estado Membro da União Africana, qualquer órgão da UA ou  organização do
continente reconhecida pela UA, emitir um parecer sobre alguma questão jurídica
relacionada à Carta ou a outros instrumentos relevantes de direitos humanos, desde que
o objeto da análise não esteja relacionado a um assunto que esteja sendo examinado pela
Comissão.

Nesse contexto, em fevereiro de 2009, a Assembleia de Chefes de Estado e


Governo da União Africana solicitou à Comissão da UA, em consulta com a CADHP e
a Corte Africana de Direitos Humanos e dos Povos, que avaliasse as implicações da
extensão a jurisdição da Corte para julgar crimes internacionais, como genocídio,
crimes contra a humanidade e de guerra, e à vista disso submeter um relatório à
Assembleia em 2010.

Com a finalidade de  implementar esta decisão, a Comissão da UA contratou um


consultor para realizar um estudo sobre as implicações de estender a jurisdição da Corte
Africana, incluindo a ponderação de que mudanças inconstitucionais ou prolongamento
de governo poderiam ser considerados novos crimes. O Projeto de Protocolo sobre a
extensão de encargo da Corte está atualmente sendo analisado pelos Órgãos de Política
da UA.

5.4 Protocolo à Carta Africana dos Direitos Humanos dos Povos sobre os
Direitos das Mulheres na África

         O Protocolo da Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos sobre os
Direitos das Mulheres na África (Protocolo de Maputo) é um dos instrumentos legais
mais progressistas que fornecem um conjunto abrangente de direitos humanos para as
mulheres africanas. Em exceção a qualquer outro mecanismo, esse detalha necessidades
substanciais para as mulheres em questão e contempla todo o espectro de direitos civis,
políticos, econômicos, sociais e culturais.

         A datar sua adoção em 2003, o Protocolo de Maputo contribuiu para a trajetória
de promoção e proteção dos direitos humanos das mulheres na África. Em um primeiro
momento, desafiou os velhos estereótipos sobre o papel da mulher na sociedade e
colocou-as como parceiras plenas, em igualdade aos homens no desenvolvimento de
suas comunidades. Despontou uma obrigação moral dos Estados Membros da União
Africana para promover as mesmas oportunidades para ambos gêneros desempenharem
papéis significativos na sociedade. O Protocolo é uma demonstração da boa vontade e
do compromisso dos Estados Parte da UA de investir no desenvolvimento e no
‘empoderamento’ das mulheres, que representam a população majoritária na maioria
dos países africanos.

         Através desse recurso, a África testemunhou a adoção de leis, políticas e outros
mecanismos institucionais inovadores, em nível regional, para promover os direitos
humanos das mulheres. Por exemplo, de acordo com a avaliação do Relator Especial da
União Africana sobre os Direitos das Mulheres na África, Benin adotou um código
familiar sobre igualdade de gênero que proíbe a poligamia e proporciona às crianças o
igual acesso a direitos em variados âmbitos, independentemente de seu status; a Lei de
Casamento e Divórcio Consuetudinário de Serra Leoa protege as mulheres que são
submetidas a casamentos forçados; a África do Sul desenvolveu a Promoção da
Igualdade e Prevenção da Lei de Discriminação Desleal, que é considerada a lei mais
importante com exceção de sua constituição;   os arranjos de políticas em vigor incluem
a introdução do bônus escolar solidário da Argélia para estudantes de comunidades
desfavorecidas e a distribuição de livros e uniformes gratuitos para viabilizar a educação
de meninas e a alfabetização de mulheres; e a instauração de um Programa de Extensão
da Saúde na Etiópia, que envia profissionais da área para comunidades a fim de reduzir
a mortalidade materna e infantil.

Embora, celebrando as grandes conquistas que o Protocolo trouxe para a agenda


africana de direitos humanos, também é reconhecida a necessidade em que o mesmo
deve continuar a ser traduzido em leis e programas internos para garantir às mulheres e
meninas o pleno exercício de seus direitos humanos. Dessa maneira, diversos
empecilhos persistem impedindo-as de preservar suas concessões previstas no
documento. Esses incluem, entre outros, práticas culturais e religiosas, sistemas
econômicos de exclusão, baixa ou falta de apoio a mulheres candidatas na política e na
vida pública, bem como a incapacidade das mulheres de possuir ou herdar terras.

Ademais, a declaração de 2016 como o Ano dos Direitos Humanos da África,


com enfoque particular nos direitos das mulheres, representa um apelo a uma
intervenção acelerada dos Estados Membros da União Africana com o intuito de superar
as barreiras que impedem o usufruto dos direitos humanos das mulheres e sustentar
ambientes propícios para que possam atingir seu potencial máximo, em prol da Agenda
2063 da África.

5.5  Carta Africana dos Direitos e Bem-Estar da Criança

A Carta Africana sobre os Direitos e o Bem-Estar da Criança é um instrumento


regional de direitos humanos adotado pela antiga Organização da Unidade Africana,
agora a União Africana, em 11 de julho de 1990, entrando em vigor somente no dia 29
de novembro de 1999 e foi preferida dentro de um ano da admissão da Convenção das
Nações Unidas sobre os Direitos da Criança. Uma das razões para uma carta infantil
africana separada foi que, durante seu processo de elaboração, a África estava sub-
representada. Além disso, considerou-se necessário abordar questões peculiares ao
continente que não foram incluídas na convenção, como práticas e atitudes que afetam
negativamente a vida da menina, indivíduos deslocados decorrentes de conflitos
internos, a concepção africana das responsabilidades e deveres na comunidade e a
problemática das condições socioeconômicas.

De acordo com a Carta, qualquer indivíduo com menos de 18 anos é considerado


criança. A Convenção consagra os direitos humanos tradicionais:  civis, políticos,
econômicos, sociais e culturais; como o direito a não discriminação, à vida, à liberdade
de expressão, à religião, à privacidade, à educação, de toda criança com deficiência
mental ou física em receber medidas especiais de amparo, à saúde e ao livramento de
tortura. Ainda, a Carta aborda questões de interesse específico para a   criança; como o
bem-estar deve ser a principal consideração em todas as ações relativas à ela; o ponto de
vista do jovem precisa ser ouvido e levado em apreço em todos os procedimentos
judiciais e administrativos que o afetam; direito ao nome, nacionalidade e registro no
nascimento; exploração econômica e sexual em relação à administração da justiça
juvenil tem de ser concedida proteção especial; direito ao cuidado e custódia dos pais,
quando necessário, necessita ser prestada assistência material aos responsáveis legais no
que tange à nutrição, saúde, educação, vestuário e moradia da criança; eliminação de
práticas sociais e culturais prejudiciais que afetam a comodidade, dignidade,
crescimento e desenvolvimento normal, como pessoas deslocadas e refugiadas,
promovendo a prevenção de sequestro, venda ou tráfico humano. Toda criança, além
dos direitos e da liberdade que a Carta lhes confere, também possui responsabilidades
específicas que incluem, entre outros, o respeito aos pais e aos idosos, servir o país,
preservar e fortalecer os valores africanos.

5.6 Comissão Intergovernamental Sobre os Direitos do Homem


Em 2009 a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), isto é, uma
organização intergovernamental regional que compreende dez países do sudeste asiático
para a promoção da cooperação intergovernamental e para facilitar a integração
econômica, política, militar, educacional e sociocultural entre seus membros e outros
países da Ásia, criou a Comissão Intergovernamental Sobre os Direitos do Homem
(AICHR). Tal comissão tem por objetivo divulgar e sensibilizar a mídia internacional
das violações aos direitos humanos ocorridas em territórios asiáticos. A AICHR,
contudo, recebeu diversas críticas desde sua criação. Seus críticos afirmam que a
organização não tem poderes reais para intervir ou diminuir casos de violação ao
direitos humanos básicos, pois não pode interferir diretamente na autonomia de nenhum
país, mesmo sendo membro da ASEAN ou não. O primeiro ministro tailandês, na
concepção da Comissão, declarou “A questão dos direitos humanos não está somente na
condenação, mas na consciência, na realização e no aperfeiçoamento. Não é somente
mostrar ao mundo que os direitos humanos são uma prioridade, mas também mostrar o
modo realista e construtivo de abordá-los."

6. Questões a ponderar

I. Como conciliar, quando são conflitantes, o direito à liberdade de expressão e


cultural e o direito à vida e à integridade física e moral, ambos estabelecidos na
Declaração Universal dos Direitos Humanos? E qual o papel das Naçõe Unidas
para fazer tal mediação?
II. Por qual razão o continente africano ainda apresenta altos índices de violação
aos direitos humanos, quando esse dispõe de diversos protocolos e organizações
que promovem o pleno exercício desses direitos?
III. Protocolos que interfiram na prática cultural em certas regiões podem violar a
soberania desse território? 
IV. Seriam ocidentais os padrões para definir quais práticas culturais não são
válidas? 
V. Como analisar a situação enfrentada nesse comitê sem uma visão etnocêntrica? 

7. Representações

1. África do Sul

Com um total de 11 idiomas falados no território sul-africano, a África do Sul,


signatária da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é um dos países mais
pluriculturais do continente. Contudo, a colonização inglesa, holandesa e portuguesa
causou diversos conflitos étnicos no território, como entre os grupos  Zulu, Xhosa e
Afrikâner, que com a chegada do europeu foram forçados a aumentar a disputa que já
havia por território. A descolonização ocorreu em 1931, e é uma das poucas no
continente que não foi seguida de um golpe ou guerra civil. Todavia, o Apartheid em
1939, um regime racista de segregação causou marcas na população que ainda estão
sendo superadas por meio de leis afirmativas, como o Empoderamento Econômico
Negro e O Empoderamento Econômico Negro de Base Ampla. 
Em relação à violência relacionada ao gênero, a África do Sul é a capital do
estupro (ÓPERA MUNDI, 2012), entretanto sua nova política de governo busca
endurecer leis que violem a segurança feminina. É um estado laico e defende “o direito
à liberdade de consciência, religião, pensamento, crença e opinião”, ao mesmo tempo
que, paradoxalmente, permite ao Direito Legislado reconhecer os efeitos jurídicos de
matrimônios celebrados sob o pálio de normas religiosas ou de tradições. Na reunião
deste presente comitê, o país está disposto a buscar soluções e novas diretrizes que
solucionem o problema vivido por milhares de mulheres, que sob o viés de liberdade
religiosa e cultural, tem sua segurança afetada ao nascer. 

2. Bangladesh 

A maior parte de sua população segue o Islã, cerca de 90%, sendo essa a religião oficial
do estado. Mesmo assim, a Constituição garante a liberdade religiosa a todos. A lei
islâmica só está presente em questões civis daqueles que seguem seus preceitos, ou seja,
as leis não são aplicadas àqueles não muçulmanos. Apesar de sua Constituição, ainda há
uma série de relatos de perseguições de praticantes de outras religiões, como católicos e
hindus.

O casamento no país é legal a partir dos dezoito anos para as meninas e vinte e um anos
para os meninos. Mesmo assim, o casamento pode ser realizado em idades menores,
sem restrições na lei, em condições especiais. Um fator singular que deve ser ressaltado
é o fato do casamento infantil estar atrelado ao tráfico humano. Muitas garotas são
vendidas por seus maridos, ou fogem para não se submeter aos abusos vindos com o
matrimônio. Dessa forma, há um aumento nos índices de exploração sexual, pedofilia,
estupros.  

3. Argélia

A Argélia é um Estado Confessional ao Islamismo e defende, em teoria a


separação da religião de assuntos políticos. Entretanto, na prática, o parlamento é
assumidamente muçulmano e há pouca liberdade religiosa e cultural, sendo essa
discriminação permitida pela Carta Magna argeliana - é considerado crime, por
exemplo, converter um muçulmano para outra religião - o que vai contra ao Pacto
Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (PIDCP) definido pela Declaração
Universal de Direitos Humanos (1948). Todavia, embora com pouca abertura e
liberdade de pensamento, historicamente, o país é um dos mais miscigenados do
continente africano, abrigando em seu passado grandes civilizações, como os fenícios,
romanos e bizantinos.
As questões relacionadas com o direito familiar são regulamentadas pela lei da
sharia. Em lentos passos, devido à constituição muçulmana quase que integral do
parlamento, o país tenta tornar-se mais flexível. Contudo, na reunião desta casa, Argélia
posiciona-se a favor da liberdade religiosa para o culto de tradições sem a interferência
do Estado em qualquer aspecto, a não ser para dar o devido respaldo jurídico à religião.

4. China
A República Popular da China vem à reunião desta casa muito otimista para
definir diretrizes que estabeleçam limites entre a liberdade de expressão/cultural e o
direito inalienável à vida e sua integridade, garantidos ambos pela DUDH. O país possui
muita experiência para acrescentar para o comitê na questão prática, visto que na China
havia a tradição brutal de se realizar os “Pés de Lótus”, prática que consistia em quebrar
várias vezes os pés de garotas e enfaixá-los posteriormente, para se obter pés menores,
pois eram considerados mais atraentes para os homens. Tal prática milenar foi banida do
território no século XX, e atualmente o governo chinês afirma ter acabado totalmente
com os casos. 
Contudo, o país se preocupa muito em até que ponto organismos internacionais,
como a própria Organização das Nações Unidas tem o direito de interferir na cultura de
um país, pois teme que futuramente tais diretrizes estabelecidas na presente reunião
possam ser usadas para interferir na soberania chinesa. Outro ponto a se considerar, é
que atualmente existem diversos relatos e pedidos de socorros internacionais de
membros de grupos religiosos minoritários de sofrerem perseguição do governo chinês
por manifestarem sua fé. Tais fatos não são confirmados pelo Estado. 

5. Costa do Marfim

Ex-colônia francesa, o país é considerado o 8° mais perigoso para ser mulher


(EXAME, 2016). Não existem esforços atuais suficientes do governo para alterar a
situação e embora o país seja uma economia expoente, há muita desigualdade na
distribuição da renda, principalmente em áreas periféricas, o que acarreta em mais
casamentos infantis. Isto é, para casarem-se meninas são trocadas por alimento para
suas famílias - dote - e a prática da mutilação genital feminina ocorre, visto que de
acordo com a cultura local, é uma forma de se assegurar a virgindade da pretendente e o
controle sexual. De acordo com relatórios da ONU, o país rompeu com o que está
tratado na Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos.
 Contudo, uma onda progressista avança sobre uma parcela da população que
demanda esforços governamentais mais eficazes para atenuar a situação alarmante de
violência baseado no gênero. 

6. Egito

Um país de cultura milenar no nordeste africano, abriga uma população de


maioria étnica homogênea, resultante da miscigenação do povo indígena africano com a
ascendência árabe. A Constituição proclama a República Árabe do Egito como um
estado democrático com o Islã como religião oficial. Seu sistema jurídico baseia-se na
junção da lei islâmica (Sharia) e do código napoleônico.

A liberdade religiosa é considerada absoluta pela constituição egípcia, porém ela


é efetivamente limitada pela intervenção do estado. Cerca de 90% da população egípcia
é islâmica e os outros 10% são, na maioria, católicos. Existe um certo grau de
intolerância religiosa no país, principalmente relacionada à prática cristã. Da
discriminação à violência, há diversos relatos nos quais cristãos são reprovados em
exames ou não conseguem um emprego, chegando a perseguições e ataques a cultos. A
cultura egípcia presume que cristãos são infiéis.

De acordo com a Lei Egípcia da Criança (2008), há uma idade mínima para o
casamento de dezoito anos. Dessa forma, o governo tenta impor uma série de sanções
visando o combate ao casamento infantil, como privação de tutela parental ou a prisão
de responsáveis. Cabe ressaltar também que a MGF foi proibida no país em 2008 com
uma emenda sob a Lei da Criança, mas o Estado não realiza investigações nem processa
adequadamente as pessoas que realizam o procedimento. 

7. Etiópia

Segundo os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) a Etiópia é o


segundo país da África com a maior taxa de Mutilação Genital Feminina ao mesmo
passo que a ativista declaradamente feminista Meaza Ashenafi foi nomeada como a
primeira mulher presidente da Suprema Corte Federal da Etiópia. O país, de maioria
cristã, caminha ideologicamente em uma via de mão dupla, dentro do contexto africano 
é um dos pioneiros na busca pela liberdade religiosa mas já se mostrou segregacionista e
discriminatório com algumas religiões, como o Islã. A Etiópia defende a ideia da vida
como direito inalienável mas carece de medidas efetivas para diminuir os dados
alarmantes de violência contra mulheres e crianças em seu território. 

8. Austrália 

Em 2015, o governo australiano declarou que a violência de gênero havia se


tornado uma crise nacional. Apesar dos avanços sociais e econômicos no status das
mulheres desde a década de 1970, incluindo a crescente conscientização e ação em
torno da problemática, sua prevalência permaneceu alarmante. Dados do Australian
Bureau of Statistics mostraram que um terço de todas as mulheres na Austrália já foram
agredidas fisicamente e um quinto sexualmente. 
Nesse contexto, violência de fronteira rotineiramente levou à exploração sexual
e econômica de mulheres indígenas, que se tornaram particularmente vulneráveis à
violência de gênero quando isoladas de redes de parentesco. Ainda, as atitudes culturais
em relação à sexualidade também influenciaram os padrões de violência de gênero.
Embora o termo "homofobia" tenha surgido na década de 1970, rotineiramente
mulheres negras, parte da comunidade LGBTIQ ou imigrantes são caracterizadas como
culpadas pelo ato violento. 
Segundo o Departamento de Serviços Sociais da Austrália, o abuso de dote é
considerado qualquer ato de repressão, violência ou assédio associado à entrega ou
recebimento de posses a qualquer momento antes, durante ou após o casamento. As
violações relacionadas ao ato geralmente envolvem alegações de que o mesmo não foi
pago e demandas coercitivas por mais dinheiro ou propriedades da mulher ou de sua
família. 
O Comitê de Referências para Assuntos Jurídicos e Constitucionais do país
apresentou um relatório a partir do inquérito sobre A Prática do Dote e a Incidência de
Abuso de Dote na Austrália. Embora não tenha sido proposto um motivador específico
que desencadeou o processo, relatos diversos de que mulheres em todo território
estavam sofrendo abusos relacionados ao dote, combinadas com forte defesa na Câmara
dos Deputados, deram o impulso para o estabelecimento de uma resolução no Senado
em 2018. 
Esse se propôs a explorar, entre outras coisas: a extensão e a natureza da prática
do dote, a adequação do sistema de direito da família, casamento forçado, tráfico
humano e escravidão. 
Ademais, a Austrália evidencia violação de direitos de grupos nativos, no caso
dos Aborígines, discriminação em relação aos imigrantes ilegais e tentativa de trocá-los
por refugiados. A ONU relatou a contribuição do país na degradação dos direitos
humanos dos imigrantes não documentados e contrariamento das leis internacionais. A
política de imigração da Austrália conta com o uso da Marinha na tentativa de afastar os
barcos que transportam os imigrantes e na criação de centros de detenção para os que
chegam ao país à procura de asilo. O relator especial da ONU François Crépeau
classificou essas leis como regressistas.
A violação dos direitos humanos está presente também em práticas como a
mutilação genital feminina, em grupos imigrantes, ligada a tradições étnicas das
comunidades presente na Austrália.
Outro problema se evidencia em relação aos casamentos infantis, a Youth Law
Australia (YLA), um centro para a proteção dos direitos de crianças e jovens, afirma
que o casamento forçado de crianças é um crime presente em todo o país. Além das
crianças que sofrem com o casamento infantil dentro do território, um grande número
desses jovens são levados ao exterior, em sua maioria meninas, e forçadas a casar.
O país possui uma lei que considera o casamento forçado com com menor de 18
anos uma ofensa punível, podendo chegar a sete anos de prisão, embora as meninas
sujeitadas a essa ação tem receio de procurar ajuda, entrar em contato com as
autoridades e medo que seus pais sejam presos. Por essa causa o verdadeiro número de
meninas forçadas a casar e vítimas do tráfico infantil devido a casamentos arranjados
podem ser muito maiores.

9. México

A América Latina e o Caribe é a única região do mundo onde a prevalência do


casamento infantil e da união precoce não diminuiu na última década (UNICEF) Sem
progresso acelerado, quase 20 milhões de meninas na América Latina e Caribe se
casarão na infância até 2030. O país mexicano vê na reunião deste presente comitê a
oportunidade de reunir e ajudar a compor diretrizes que sejam eficazes na diminuição
dos casos de violações ao direito inalienável da vida, e acredita que certas tradições,
como a MGF, o casamento infantil, e entre outras, são brutais e arcaicas. Há forte
pressão popular ocidental, incluindo no México, de que sejam banidas tais práticas.
Contudo, muitos membros de organizações religiosas orientais, até mesmo
aqueles que concordam que o direito à vida vem antes da liberdade cultural, acusam o
México e outros países ocidentais de terem uma visão muito simplista e etnocêntrica do
assunto.  

10. Índia

O casamento infantil é, tecnicamente, ilegal no país. Há uma lei proibindo essa


prática desde 1929, que foi ratificada em 2006. Mesmo assim, a Índia permanece sendo
um dos países com as maiores taxas de casamento de crianças no mundo. Mais de um
quarto de meninas se casam antes dos dezoitos anos, de acordo com a organização Girls
Not Brides.
A liberdade religiosa é reconhecida pela Constituição indiana desde 1949, apesar
disso a discriminação apontada para as minorias religiosas vem crescendo. Abusos,
violência, extremismo hindu ascendente são exemplos da situação calamitosa que vem
se transformando no país. Além disso, vale lembrar também que essa discriminação
religiosa é amparada por leis, já que há a existência de leis como a da anti-conversão ou
do anti-abate de vagas, leis utilizadas como pretexto para violentar ou converter não
hindus ao hinduísmo.

11. Brasil

No atual papel de maior país da América do Sul, o Brasil consolidou-se a partir


da colonização portuguesa, durante o período das Grandes Navegações. O histórico da
antiga colônia de exploração também trouxe diversos problemas de violação do que
hoje é entendido como Direitos Humanos. Ainda que a Constituição Federal de 1988
garanta a igualdade entre todas as pessoas, o país possui índices elevados de violência
contra a mulher - 4 mulheres mortas a cada 100 mil, o que representa 74% a mais do
que a média global (G1) -, casos de racismo e intolerância religiosa.  
Atualmente, além dos problemas de origem histórica supracitados, segundo uma
pesquisa do Instituto Ipsos, realizada no começo de abril de 2018, 66% dos brasileiros
acreditam que os direitos humanos protegem mais os bandidos do que as vítimas e,
especialistas afirmam que essa narrativa para distorcer os Direitos Humanos surgiu após
o fim da ditadura militar, em 1985. Assim, o país ainda enfrenta dificuldades de difundir
o papel fundamental desses direitos, em consonância com algumas políticas adotadas
pelo governo vigente. 

12. Nigéria

Constituída por cerca de 250 grupos étnicos, a Nigéria é uma república


federativa com um poder executivo investido em um presidente. A Constituição
nigeriana proíbe o estado de adotar qualquer tipo de religião oficial, garantindo a
liberdade religiosa. Apesar disso, ela prevê que, em adição ao código jurídico baseado
nas leis britânicas, as leis da Sharia e a lei consuetudinária (admitida por tribunais
nativos). Dessa forma, pode haver diferenças sentenças e legislações no país, conforme
o código utilizado.

Desavenças étnicas e religiosas sempre foram presentes. O povo nigeriano


sempre se queixou de discriminação étnica e religiosa, clamando pelo cumprimento de
seus direitos legais dentro de seus estados. As elites políticas buscam vantagens nessas
diversidades multiculturais, inclusive, há o uso da religião e etnia nos discursos do
Estado ou nas ações políticas. As principais formas de conflitos inter-religiosos são
aqueles entre cristãos e muçulmanos.  

O casamento infantil é predominante no norte do país; as meninas são casadas


por motivos religiosos, culturais ou por conta da pobreza. O casamento é visto como
uma forma de livrar as famílias da miséria e precariedade. O norte nigeriano é em sua
maioria muçulmano, onde há grupos islâmicos conservadores que resistem aos esforços
para criminalizar o casamento infantil em seus estados. 
13. Quênia

O Quênia, assim como vários outros países africanos, não pode ser analisado de maneira
simplória como unidade coletiva de país, pois abriga mais de 40 comunidades étnicas e
cada uma com tradições e modo de praticá-las diferente. Casos de violência doméstica,
mutilação genital feminina, casamento infantil e estupros ocorrem em muitas dessas
comunidades locais, como nas tribos Massai, Kalenjins, Merus, Samburus e Kissis, ao
mesmo tempo que outras já erradicaram de seus costumes tais práticas. Pensando-se
estatisticamente no todo, ações governamentais conseguiram nos últimos anos diminuir
os casos de violação dos direitos humanos, mas ainda há um longo caminho pela frente,
e, na reunião deste comitê, a representação queniana buscará métodos que busquem o
diálogo com as diferentes etnias de seu território junto com o auxílios de organismos
internacionais

14. Espanha

Um país majoritariamente católico, garante a liberdade religiosa e de práticas a todos


seus cidadãos.  No ano de 2016, o Estado modificou duas de suas leis relacionadas aos
direitos das crianças. Dessa forma, a idade legal para consentimento de relações sexuais
mudou de treze anos para dezesseis e a idade legal para o casamento foi dos catorze
anos para os dezesseis. Um fator que desencadeou essas mudanças nas leis foram as
críticas realizadas pela ONU e instituições de caridade infantil, elas argumentavam que
essas leis deixavam as crianças vulneráveis a abusos.

 
15. Indonésia 

Após conquistar sua independência com o fim da 2° Guerra Mundial, a


Indonésia sofreu com as precárias condições de manutenção dos direitos humanos, na
abordagem com outros grupos religiosos menores, direitos das crianças, mulheres,
LGBTQ+, deficientes, direitos reprodutivos e sexuais e de liberdade de expressão.
A mutilação genital feminina prevalece no território, com uma taxa de 97,5% de
ocorrência em mulheres muçulmanas de até 18 anos, existindo comunidades na
Indonésia onde a mutilação representa uma cerimônia realizada por organizações
islâmicas, devido a comemoração do aniversário de Maomé. A MGF no país tem como
maioria as dos tipos 1 e 4, realizadas com materiais impróprios, como tesouras e
canetas, sendo considerada uma atividade universal no território, existindo casos em que
a taxa de mutilação se aproxima de 100% em algumas regiões, como em Aceh. Em
2006 o governo proibiu a mutilação genital, mas sob pressão de fundações islâmicas,
em 2010 a prática deixou de ser proibida, e passou a ser regulamentada em casos de
realização por médicos, enfermeiras e parteiras. Em 2014 essa decisão foi revogada,
mas as penalidades para aqueles que realizaram o ato não foram especificadas,
acarretando na permanência dessa prática. O governo da capital reforça a mutilação
genital feminina como uma violação dos direitos das mulheres, mas em um país de
maioria muçulmana, a resistência religiosa defende essa atividade como um ritual
obrigatório, principalmente na cidade de Gorontalo, com 80% das meninas menores de
11 anos vítimas das MGF.
Ademais, a organização Girls Not Brides classificou a Indonésia entre os 10
países do mundo onde o casamento infantil mais ocorre. A estimativa da UNICEF é que
uma em cada quatro meninas casa antes dos 18 anos, o que aumentou as causas de
morte de crianças e o trabalho infantil. Em dados 22% das meninas casam enquanto
crianças (12% com menos de 15 anos). Essas meninas são vítimas principalmente de
clérigos muçulmanos, submetidas ao casamento pelo medo de serem consideradas
solteiras pelo resto da vida. O governo, como forma de acabar com a prática, aumentou
para 19 anos a idade mínima de casamento para mulheres, e tentou impor penas de
prisão para clérigos que realizavam casamentos com as menores, porém as sentenças
emitidas foram mais brandas, devido à forte pressão por parte das autoridades
muçulmanas.

16. Ruanda

Desde os anos cinquenta havia tensões entre os grupos étnicos no país,


principalmente entre os hutus e os tutsis. Essas desavenças, unidas a conflitos com
outros países e uma guerra civil no ano de noventa, desencadearam, em 1994, o
genocídio tutsi. Em 2003, foi promulgada uma nova Constituição visando combater a
ideologia do genocídio, suas manifestações e erradicar as divisões étnicas.

A Constituição e outras leis do país proíbem a discriminação religiosa e preveem


liberdade de crença e práticas. Porém, após fecharem cerca de 700 igrejas e mesquitas
no ano de 2018, o governo aderiu leis exigindo das organizações religiosas um registro
legal para operarem num país majoritariamente cristão. Ainda assim, há a influência de
crenças tradicionais.

Cerca de metade da população é composta por menores de dezoito anos. Muitas dessas
crianças não têm registro oficial no país, prejudicando o controle, por exemplo, de
casamentos infantis ou gravidez na adolescência. A idade legal para o casamento é de
vinte e um anos, mas há persistentes casos de matrimônio em idades inferiores. 

17. Suíça

A Suíça, embora sede das Organizações das Nações Unidas, possui uma relação
diferenciada com a entidade mundial: um dos últimos países a entrar na ONU (2002).
Contudo, mesmo com o atraso de um posicionamento internacional oficial, o país
sempre buscou seguir os Direitos Humanos e possui leis severas contra violações aos
direitos das crianças e mulheres, não só no território suíço como também por todo o
globo. É um dos poucos países que desde 2012 pode julgar casos como os de mutilação
genital, ou casamentos infantis e forçados que ocorreram em outros países. 
Ainda existem casos de violações, como as supracitadas, na região, entretanto
organismos nacionais suíços sugerem que tais eventos ocorrem com imigrantes e/ou
descendentes dos mesmos. Em 2018 o país passou por uma “crise” cultural e criminal,
quando o Conselho Islâmico Suíço afirmou que a Mutilação Genital Feminina, ou
Circuncisão Feminina, como chamou o Conselho, é uma prática correta e que é um
direito de cada família escolher se a fará ou não, contudo o ato é crime passível de mais
de 10 anos de prisão na Suíça. 

18. Bélgica
Atualmente o país belga possui índices excelentes no âmbito de casos de
violações dos Direitos Humanos. A Bélgica também promove em discussões com
organismos internacionais que sejam criadas novas campanhas mais efetivas de
proteção aos direitos das crianças e mulheres, por todo o globo, especialmente no
continente asiático e africano. Contudo, embora tenha uma atual participação ativa e
exemplar na busca  pelo cumprimento dos itens acordados na Declaração Universal dos
Direitos Humanos (DUDH), no passado, o país foi responsável por grandes massacres
no continente africano, especificamente no território do Congo, sendo possível observar
até os dias atuais reflexos negativos de tais ações. Na presente reunião desta casa, o país
condenará qualquer tipo de violação física ocorrida a outro ser humano, independente
desta violação ser cabível de ser defendida com outros artigos da DUDH; buscará criar
diretrizes que protejam as vítimas de violência, como a MGF; e que solucionem o
paradoxo entre liberdade de expressão/cultural e integridade física e moral. 

19. Somália

Com um longo passado de grandes civilizações, a Somália tem um histórico


grandioso de abrigar sociedades em que as mulheres eram grandes protagonistas, e
diferentemente de outros países africanos, a região nunca foi oficialmente colonizada. É
membro da União Africana e, pela maioria da população ser muçulmana de origem
árabe, também da Liga Árabe. Apesar de um passado glorioso, nos dias atuais a Somália
possui índices alarmantes sobre violência contra a dignidade da mulher e das crianças, e
mesmo o país tendo proibido atos como a Mutilação Genital Feminina, muitos membros
da sociedade creem que a prática tem fundamento religioso. A Somália também
enfrenta problemas de intolerância religiosa com a pequena parcela da população que
não é muçulmana. Na reunião deste comitê, a Somália buscará dialogar para achar
métodos que criem diretrizes e que estabeleçam limites para futuros casos de violações
de direitos humanos que conflitem entre intolerância religiosa e violação à vida e
integridade pessoal.  

20. Rússia

O país russo apresenta-se na reunião de forma ambígua, pois é totalmente


contrário a qualquer tipo de violação, seja física ou emocional causada por tradições
religiosas ao mesmo passo que mostra-se não aceitar a diversidade religiosa em seu
país. Diversos ativistas religiosos procuraram nos últimos anos a Corte Internacional de
Direitos Humanos para relatar perseguições e violações oriundas do Kremlin, e a
Organização qualifica a Rússia como segundo país do mundo a mais violar os direitos
humanos. O país argumenta que tais medidas são para proteger a população de possíveis
atentados terroristas feitos por grupos religiosos fundamentalistas. Outro ponto a se
considerar a respeito da Rússia, é o fato de haver pouquíssimo ou quase nenhum
resguardo ao direito da mulher e da criança, afinal em 2017 foi sancionada a lei que
deixou de punir a violência doméstica como crime, a não ser caso haja hospitalização da
vítima. O governo declarou que ser incoerente um pai não poder educar sua família, e
que por isso deveria haver menos interferência legislativa. 
21. Paquistão

Cerca de 96% da população paquistanesa é muçulmana, determinada a religião oficial


do país. Apesar disso, sua Constituição garante a liberdade religiosa a todos seus
cidadãos. O sistema jurídico segue os conformes do Alcorão, inclusive alguns direitos
políticos estão limitados somente aos muçulmanos. Por exemplo, somente islâmicos
podem se tornar presidente e primeiro-ministro.

Não há uma lei a nível nacional proibindo o casamento antes dos dezoito anos, apenas
em algumas províncias. Dessa forma, cerca de 21% das meninas se casam quando são
adolescentes. Isso ocorre por diversos fatores, por exemplo por normas patriarcais, para
resolver disputas e brigas, por motivo tradicional. No país não leis ou restrições quanto
a MGF, apesar de pouco divulgado, acredita-se na existência dessa prática em alguns
locais do país, como na comunidade de Bohra.

22. Iraque

A Constituição iraquiana estabelece o islamismo como religião oficial do estado,


sendo que nenhuma lei pode ser aprovada se não estiver de acordo com as provisões
islâmicas. A Constituição garante liberdade religiosa e prática para muçulmanos,
cristãos e iazidis, mas não para outras religiões ou para aqueles que são ateus. Apesar do
Estado prever a liberdade de escolha entre religiões, há a possibilidade de interferência
de leis islâmicas em relação a justiça do país. Por exemplo, mulheres não cobrindo seus
cabelos, questões de divórcio, herança, casamento. Inclusive, essas leis amparam a
violência doméstica e a falta de independência feminina, por exemplo, quando obrigada
a viajar com a companhia de um tutor.

23. Anistia Internacional

A Anistia Internacional atua em projetos de mudanças social ao redor de todo o


globo, e no continente africano participa ativamente. A organização acredita que
violações corporais e psicológicas, independente das razões, não devem ser toleradas.
Dessa forma, a instituição condena fortemente práticas como a Mutilação Genital
Feminina, o casamento infantil, o casamento como forma de legalizar casos de estupro,
entre outros casos. Assim sendo, o grupo usará a reunião desta presente casa, como
membro convidado, para ilustrar para os países os perigos e consequências de tais ações
e cobrará da comunidade internacional medidas efetivas que inibam a violência que se
esconde como expressão cultural ou religiosa. 

24. Onu Mulheres

A Onu Mulheres é uma entidade da própria Nações Unidas porém com certa
independência e jurisprudência própria. Tem como meta o empoderamento feminino e
crê que a educação é fator de mudança social para as garotas do mundo todo e
especialmente no continente africano, onde atua ativamente. Na reunião desta casa a
organização buscará defender a emancipação feminina em qualquer aspecto, e será
fundamental para apresentações que conciliem todos os direitos fundamentais humanos
acordados na Declaração Universal dos Direitos Humanos.  
25. Cruz Vermelha

A presente Instituição atende, no continente africano e no mundo todo, pacientes


que sofreram algum tipo de violência e violação de seus direitos básicos. Na África a
Cruz Vermelha age ativamente junto com as Nações Unidas para diminuir o número de
casos de violências sexuais em situações de guerra e para inibir a mutilação genital
feminina e o casamento infantil. Contudo, embora seja uma Organização parceira da
ONU, é uma das que acusa fortemente os peacemakers (capacetes azuis) de serem os
culpados de muitos casos dos estupros em conflitos armados. "Hoje nos
comprometemos a fazer mais pelos sobreviventes da violência sexual e de gênero.
Exigimos o fim do uso das atrocidades sexuais como tática de guerra. E exigimos uma
mudança nas atitudes que culpam os sobreviventes, não os perpetradores”, afirmou o
presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Peter Maurer em 2019.

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