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Folha

Poética

2020
Ficha técnica
Organização:
Luciana Bessa Silva
Paulo
Editoração:
Hemerson Soares da Silva

Apresentação
Esta folha poética foi organizada pelo projeto Roda de
Poesia com o objetivo de....

@coletivocamaradas
Folha Poética

Sou fio que costura


Passado
Presente
Futuro
Sou memória
Sou história
Sou poesia
Marta Regina Amorim

Poetize-se!
A poesia é uma festa tipográfica de palavras que alterna silêncios, produz
barulhos, instiga questionamentos, aguça a sensibilidade, expõe a subjetividade
do seu criador e leva o leitor a querer conhecê-lo. Ela tem o poder de captar,
condensar e propagar a “vida como ela é”. Ler poesia é como ir a uma festa de /
com palavras. É a única arma que o poeta dispõe para ultrapassar as pedras em
seu caminho, para se recusar a viver em um “mundo caduco”, clamar a todos que
andem de “Mãos Dadas” em prol de uma sociedade igualitária.

A poesia nos ajuda a escapar de uma existência opressora e fútil;

A poesia nos possibilita compreender que a vida por si só é áspera e bruta;


A poesia nos coloca diante do belo, do diferente, do estranho, da subjetividade,
do pensamento, das angústias de cada poeta;

A poesia nos impõe e nos tira dúvidas;

A poesia filtra nossas emoções;

A poesia nos torna mais sensíveis para lidar com a brutalidade humana
Luciana Bessa

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Folha Poética

Reclamações Mesmo que seus pais concordem


Com muita dificuldade
Que mundo mais complicado
Ainda há outra briga
Este que tenho vivido
Com toda sociedade
Onde tudo é liberado
Que se diz igualitária
Mais ser livre é proibido
Mais de fato ela é precária
Ou se adequa a um padrão
No quesito liberdade.
De pacato cidadão
Ou será repreendido. Nesse mundo desigual
A paz é só de fachada
O que mais se vê nas ruas
Como alguém que fala em Deus
É discurso pacifista
Vive em guerra declarada
Que pedem por igualdade
Mais fácil do que matar
Agredindo feminista
Era parar pra pensar
Impondo religião
Que a paz é legalizada
Reformando educação
Vandalizando o artista. Quando iremos perceber
A ausência de barreiras
A hipocrisia é tamanha
E ver que no lugar destas
Impossível entender
Nós possuímos fronteiras
Se tu quer mudar alguém
Paremos de guerrear
Vai tentando com você
Sobrepor, escravizar
Se no final conseguir
E de lutar por bandeiras.
Pode ninguém te aplaudir
Mais você irá saber O quão longe chegaríamos
Se fosse compreendido
Tudo é tão homogêneo
Que somos da mesma espécie
Não existem preconceitos
EUA, Rússia, Reino Unido
A menos que seja gay
Parássemos de investir
Lésbica, ou tenha amigos pretos
Em tentar nos destruir
É aí que tu percebe
E viver como inimigo
Que não possui pais perfeitos.

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Folha Poética

Seria inimaginável Poesia é igual a vida


Aqueles vários trilhões Você vai se surpreender
Que gastamos todo ano Quem não o que é poesia
Para manter batalhões Não sabe o que é viver.
Ao invés de se armar Vivo sempre acordada
Nossos filhos educar Esperando inspiração
Armas não são soluções A poesia não vem de mim
Ela vem do meu coração
Veja que contradição
Ah, poesia
Há no mundo, camarada
Livre como o vento
Pra poder ter liberdade
Ela não vem de fora
Existe uma paz armada
E sim dentro de dentro
Paz armada, veja bem
De dentro do meu coração
Me diga se lhe convém
Que vai bater em uma emoção
Paz ao custo de pedrada?
Lápis e papel na mão
Não me fale em armar Escrever poesia, ação!
A nossa população Kennya Rafaelle
Gerar discurso de ódio
Criticar religião
Só é necessário ter
Inclusive pra você
Uma boa educação

Com uma boa educação


Ladrão não vai te roubar
Teu vizinho da umbanda
Não vai mais te incomodar
Tenha mais educação
Crie a sua opinião
Veja seu mundo mudar.
Giordano Ferreira

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Folha Poética

Ontem quase arrastaram nossa coragem


Com botas e palavras, com olhos esbugalhados e corações perfurados
O texto foi censurado e nossos nomes apagados
Tenho medo, quero abraçar meus camaradas
Pegar na mão e sair organizando os sonhos
Algo nos isola,
Parece que o lugar mais seguro são nossas casas,
Nem todos estão seguros
Na rua, o papelão é a única casa para alguns
Isso dói, porque minha casa continua sendo o mundo, nossas vidas
O desejo de dividir sorriso, terra e produção,
De ver nosso povo escrevendo nossa história
A ciência ampliando o bem viver
Para gente produzir, estudar e amar,
O poema não pode ser lido pela metade
Gosto de sentir o gosto do beijo e da comida
Esmagar os pesadelos,
Por nós e pelos nossos lutamos, o nosso verso não vai morrer
Lembro de Frida e o quanto as suas dores eram universais
Sinto, que não choro só, nosso choro nos banha de amor
Mesmo nada sendo permitido,
Ousamos sonhar
Amanhã vamos nos abraçar, olho no olho e brilhos
Ainda pula a coragem e a esperança se sacode
Hoje, continuamos fiando a nossa rede e nosso canto coletivo.
Alexandre Lucas

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Folha Poética

Orgulho de Ser
No recôndito de minha alma
Ouço ecoar tantos gritos
Daquelas silenciadas
Daqueles tão aflitos.

Barulho que soa alto


Clamando que o escute
Por isso do meu verso faço
Reação contra seu MUTE.

Nunca doeu a cor da pele


Nem tampouco gênero ou orientação
O que de fato dói e fere
É teu preconceito, tua exclusão.

Minha cor é preta


Meu afeto é colorido
Meu verso é luta

Minha poesia é grito. E ela grita alto


Pois já calou por tanto tempo
Que o peito sufocado
Não suporta mais silêncio.

Ontem eu era culpa


Por não me encaixar no teu padrão
Hoje eu sou luta
Contra a tua opressão.

E através desse escrito


Eu grito com veemência
Não vão calar nosso grito
Minha poesia é resistência!
Natália Pinheiro

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Folha Poética

O Tempo Sempre tem Razão


Mesmo que não saiba
Eu estou tentando mais uma vez
Acreditando que aquele talvez
Não me bastava
Tomara que não seja estupidez
E que esse talvez
Não se perca na mágoa
Que eu ainda tenha calma
Não entregue minha alma
Como da última vez
Em que você não ficou
Quando me entreguei a outro amor
Sem pensar no que viria próximo mês
Em toda poesia que nem cheguei
A ter palco pra expor
Na época fingi que não liguei
Mas dessa vez lembro da dor
Mesmo que tua memória obliterou
Até os resquícios do que sou
Do que fez
Mesmo assim meu eu se refez
Para tentar mais uma vez
As trilhas que já trilhei
Acreditando que esse talvez
Seja o sim que o tempo nos renegou
Antônio Carlos

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Folha Poética

Ninguém sabe mais o que é o amor


Pois todos convivem com a dor
Jogam o amor como se fosse um jogo
Mas sem perdedores ou vendedores

Dele lhe fazem pouco caso, um caso pouco inocente


E sim a paixão ou a emoção lhe fazem uma cena
Onde ele encena e contracena vendo tudo acontecer
Pensa nas cenas viciosas e as ver adormecer
Se vendo assim sozinho

E com isso ele continua nesse mundo


Vendo o sujo e o imundo que as pessoas podem ser
E sem nada poder fazer vira-se e vai embora em buscar de um novo amanhecer.
Regina Pimentel

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Folha Poética

Minha Mãe Me dizia com olhos de lágrimas assim


Minha pele me condenou
Tinha uma dor enorme Eu queria ter estudado
Que quando explodia Mas meu pai nunca deixou
Eu via sua escuridão
Era uma dor das profundezas Trabalhar, ele dizia
Que se chama depressão Que estudar não mata fome
Se estou vivo até hoje
Eu tentava entender É que nunca assinei o meu nome
Porque tanto lamento
Se tudo tinha ficado no passado Muitas vezes a pego em silêncio
E ela ainda vivia o sofrimento Penso logo comigo assim
Ta pensando com ela
Mas como não relembrar Um bom futuro pra mim
Se suas costas ainda ardiam
Pendurada nos caibros das casas Quando a depressão ela vem
Levando peia nas costas Todo passado retorna também
Por descansar um pouco no dia Queria apagar o passado
Só pra te ver bem
Sete anos ela tinha
Infância não sabia o que era Minha mãe, é mãe preta
Pois carregava na cabeça E seu sangue corre em mim
Vinte cabaças de água por dia Hoje eu luto por ela
Pois por muito tempo lutou por mim
Me dizia com olhos de lágrimas E esse é só o começo
assim De uma história sem fim.
Minha pele me condenou
Eu queria ter estudado Taynara Oliveira
Mas meu pai nunca deixou

Trabalhar, ele dizia


Que estudar não mata fome
Se estou vivo até hoje
É que nunca assinei o meu nome

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Folha Poética

É um pouco complicado descrever o que me representa já que


acredito que somos seres fragmentados, cheios de características e
diferentes uns dos outros, mas tentarei ser breve e coerente.
O que me representa? Posso começar pelas mulheres fortes que
estrelam meus seriados favoritos ou também posso falar de
personagens específicos de livros que me fazem dar aqueles
gritinhos de animação "Meu deus, eu faria exatamente isso!".
Posso citar Daisy Johnson, uma heroína da série Agents of
Shield, sua personalidade parece um pouco com a minha e desde
a primeira vez que vi a personagem foi amor à primeira vista.
Posso falar também do Chandler da série Friends, seu humor
depreciativo se parece bastante com o meu e a Mônica por ser um
pouco (talvez muito) controladora me lembra o meu "gênio forte".
Bom, acho que acabei divagando um pouco mas são tantas coisas
que eu acabaria dando um monólogo aqui.
Pâmela Ferreira

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Folha Poética

Hoje eu sinto dor


A dor da retomada do
passado
A dor que gera e gerou
opressão
Hoje eu sinto medo
Medo do que está
acontecendo
Medo de voltar ao lugar dos
chicoteados
Mas hoje,
Hoje eu tenho esperança
Esperança de um mundo
melhor
Estar perto de pessoas que
Hoje eu tenho força
amamos é muito bom. E estar
Hoje eu tenho liberdade
perto de uma pessoa especial
Hoje eu tenho força para
é melhor ainda. É encantador
lutar novamente pela minha
passar o tempo com ela,
liberdade.
principalmente quando o
Jéssica Beatriz tempo passa de uma forma
que não percebemos.
Há muitas coisas lindas nesta
vida, e sem dúvida o amor é
uma delas. Por isso, cuide
bem desse amor e regue-o
sempre com muito carinho.
Hemerson Soares

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“ Pode haver um dia em que a
poesia mude de endereço
deixe apenas tédio
mas enquanto isso
vem brincar comigo
vamos até onde
possa ser só riso
possa ir tão longe
possa ser tão lindo
pode ser brinquedo
pode ser tão sério
Alice Ruiz

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