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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CAMPUS “PROF. ALBERTO CARVALHO”- ITABAIANA


CURSO: PEDAGOGIA
DISCIPLINA: DIDÁTICA
PROFESSORA: MARIA BATISTA LIMA

Resumo Crítico do Vídeo Tendências Pedagógicas da TV UNESP/ Diálogos.

Thainá Campos Teixeira

Itabaiana - SE
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Diálogos/ TV UNESP

Thainá Campos Teixeira

RESUMO CRÍTICO

Este resumo tem como referência o vídeo do programa Diálogos da TV Unesp,


tendo como participação o Professor do departamento de Didática da Unesp em Marília
Vandeí Pinto da Silva, que através de entrevista discute as teorias e as práticas
pedagógicas que estão em discussão dentro e fora da sala de aula. O professor explica
quais são as tendências pedagógicas de influência política e sua relação com o processo
de ensino-aprendizagem. A formação para a vida e a formação omnilateral, proposta por
Vandeí em seus estudos, também são abordadas de modo a articular teoria e prática
pedagógica.

No primeiro bloco, o Professor inicia a entrevista falando sobre dois grandes


grupos das tendências pedagógicas, um que se volta mais para o status cor da sociedade
vigente que não se opõe as questões que o capitalismo apresenta, suas contradições, e
outro que, ao contrário, busca fazer a crítica do capitalismo e ousar a transformação
desse sistema. Ele também destaca que as tendências sempre buscaram responder a um
contexto social. No contexto social brasileiro em que poucas pessoas tinham acesso à
educação, a tendência chamada tradicionalista foi muito predominante. Era uma escola
que valorizava muito o conhecimento erudito, não haviam questionamentos sobre a
validade desses conhecimentos. Portanto, aos estudantes cabia aprendê-los, reproduzí-
los e ostentá-los. A Escola Nova se opõe a este modelo de ensino tradicional mesmo
sendo uma tendência ainda conservadora no sentido de não se opor ao capitalismo. Se
na escola tradicional o Professor era o centro do processo de ensino- aprendizagem, na
Escola Nova o aluno passa a ser o centro desse processo, aprender é o mais importante.
Os alunos passam a ter voz, avaliam o processo de aprendizagem, fazem trabalhos em
grupo, opinam e selecionam os conteúdos que consideram mais importantes para serem
aprendidos. Há uma aspiração democrática muito grande dentro dessa proposta.
Questionado sobre qual tendência mais predomina e se fortalece na sociedade, o
Professor Vandeí acrescenta que temos hoje uma predominância de uma vertente mais
técnica, que, no seu modo de ver, deixou o profissional docente muito fragilizado,
deixou de ser autor e produtor do conhecimento para ser um mero reprodutor do que os
outros formularam ou produziram. Ainda diz que, o livro didático passou a ser a peça
central, procedimento que tornou o trabalho do professor sem significado. A escola é
muito dirigida para a formação técnica (formação para o mercado), muito limitada,
ficando em segundo plano a formação humana.

Sobre o papel da escola na formação de conhecimento o Professor responde, no


2° bloco, que deve ser além da formação competente do ponto de vista de cidadão, dos
conhecimentos que são próprios da educação escolarizada, a formação da consciência
dos estudantes para que eles possam intervir na sociedade e com autonomia traçar novos
destinos para a mesma. O papel da escola numa sociedade que é sempre mudança, é ter
esse compasso e integrar o estudante a esse contexto social e ao mesmo tempo propiciar
a ele condições de transformar esse contexto, e não simplesmente adaptá-lo às situações
de mercado, de injustiças que ali estão. A escola deve formar cidadãos críticos.
Pensando nesse processo de autonomia, o Professor Vandeí é questionado sobre o
educador Paulo Freire, que diz que professores e alunos também aprendem
mediatizados pelo mundo. Vandeí fala que é importante perceber que no processo de
formação, buscamos condições para uma visão mais adequada do mundo, mais crítica, e
condições de intervir nele. Paulo Freire representou uma grande esperança para a
superação dos modos autoritários de conduzir a educação, a escola, o saber; como forma
de buscar no diálogo que Paulo F. insistiu, uma relação horizontal entre professores e
estudantes onde ambos aprendem. O professor contribui com o seu conhecimento e os
estudantes contribuem as especificidades das experiências que eles tem para a
construção cultural dentro do contexto que eles estão. Ambos se enriquecem nesta troca
que Paulo Freire preconizou pensando especialmente naquelas populações mais
marginalizadas do conhecimento científico e escolar. O professor Vandeí é questionado
também sobre acreditar se a escola hoje consegue incorporar essa visão horizontal de
lidar com professores e alunos no mesmo nível, e responde que é muito difícil
estabelecer um diálogo franco, aberto, produtivo com os estudantes. São várias turmas
heterogêneas, vários interesses que estão em jogo, mas na sala de aula certamente o
Professor buscará os patamares necessários para esse diálogo, e é importante que ele
busque. Ele vai ter que construir na relação com seus alunos e descobrir como prender a
atenção deles, como considerar o que eles já tem como importante, buscar um link com
essas aspirações dos estudantes para poder travar um diálogo. Seguramente está muito
difícil no âmbito do que se coloca a escola hoje e que passa por uma crise muito grande,
há muitas interrogações sobre o sentido dela, se os conhecimentos/ informações não
podem ser obtidos de outras formas que não pela escola. Institucionalizamos as crianças
desde muito cedo, estão nas escolas de educação infantil mas que tipo de formação está
sendo dada ali? Temos que aproveitar esse tempo e entender como um tempo de
trabalho que deve ser bem valorizado. O professor Vandeí também dialoga a respeito
das tendências pedagógicas como as de Montessori, entre outras, que pensam em formar
para a vida:

“O formar para vida pode ser também um slogan porque o que é a vida? É o trabalho? É
formar para o trabalho? É formar para o preparo no vestibular? São as relações interpessoais que
nós vamos estabelecer? Pode se tornar um chavão esvaziado formar para a vida”.

As escolas que valorizam muito a formação do ponto de vista de uma liberdade maior,
autonomia maior, elas deixam de enfatizar, por exemplo, o preparo para o vestibular.
Então, na pedagogia, a formação não deve ser em função de, mas o mercado de
Trabalho, a concorrência que este apresenta coloca uma interrogação na cabeça dos
pais. Será que meus filhos poderão ingressar nos vestibulares mais concorridos das
Universidades públicas brasileiras? São questões que se colocam para nós hoje também
no nosso processo de trabalho, um processo que tende a ser muito desgastante do ponto
de vista do produtivismo negando condições de satisfação humana no nosso próprio
trabalho.

Na continuação e conclusão da entrevista, no 3° bloco, a entrevistadora


questiona sobre um outro tipo de formação que o professor Vandeí Pinto da Silva
defende, a formação omnilateral. Ele diz que essa proposta tem seus fundamentos no
marxismo e advoga que a educação devesse contemplar três dimensões: intelectual,
corporal e tecnológica de forma integrada. É uma proposta que possa se contrapor a
visão unilateral predominante do tecnicismo porque o estudante não é só cabeça, ele tem
que desenvolver também as suas dimensões corporais, as suas sensibilidades como um
todo. E por fim, a escola também não pode se descuidar da formação tecnológica, nós
somos mãos, emoção e também inteligência. Mas fixar-se apenas numa das dimensões é
uma formação unilateral e isso traz prejuízos para a satisfação do ser humano. Sobre
como a escola vem recebendo ou pode vir a receber essa proposta, o professor Vandeí
pensa que se as escolas conseguirem contrapor naquilo que é com mais ênfase as
tendências dominantes – produtivismo – poderão visualizar esse ser humano de uma
forma mais global, mais integrada, comprometido de todos os lados, podendo interferir
melhor na sociedade; mas é um desafio, pois a tendência é que os programas educativos
se fechem. Encontrar elementos para esse tipo de formação é muito importante num
processo educativo. É uma riqueza muito grande poder trabalhar com colegas
professores de todas as áreas respeitando as formações de cada um, os referências de
cada um, especialmente aqueles que não tiveram/passaram por curso de licenciatura,
que estão mais voltados para área de exatas e biológicas, e foi muito rico porque todos
nós também temos que nos colocar no problema: como é que a gente aprende? Como os
nossos alunos aprendem? Com quais características ele vem do ensino médio? Quais
são as qualidades do ponto de vista das informações que eles tem que são obtidas por
meios de comunicação? E quais as deficiências que trazem no processo formativo?
Atingir o patamar mais rico do ponto de vista da formação deles e nossa? Somos
professores tradicionais, da vertente da escola nova, tecnicistas, da teoria histórico-
crítica? Mas sem impormos, sem dificultarmos o diálogo com aqueles que são leitores
de estudiosos como Piaget, de outros estudiosos que tem semelhanças mas tem
diferenças em relação a fundamentação teórica que o Cenep deverá manter como
referência principal de sua análise. Então abrir-se ao diálogo é importante, o Professor
universitário também precisa disso, a dinâmica que estabelecemos nesses cursos é uma
dinâmica de ouvir esses professores, de juntos traçarmos diretrizes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Hoje em dia há muito o que se falar sobre teorias e práticas dentro do sistema
educacional. A elaboração e aplicação de tendências pedagógicas, a atuação do
professor (a), como lidar com as situações escolares diversas e as dificuldades dos
alunos geram muitos debates polêmicos e necessitam de uma atenção especial, de todos,
pois afeta a sociedade em geral.

Alguns avanços ocorreram no âmbito educacional, mas muitos aspectos ainda


são ignorados, principalmente quando se trata da função do professor(a), seu
significado, como também as novas ideias ou projetos pedagógicos. É muito importante
uma boa formação da consciência do aluno para que até mesmo ele possa absorver bem
os conteúdos que precisam ser estudados, o que faz com que as novas tendências
pedagógicas exigam maior interação do professor com o aluno, porém, muitos ainda
tem dificuldade com esse novo modo de mediação no processo de ensino-aprendizagem,
pois, possuem uma formação tradicional, mais limitada. O mercado de trabalho e sua
ampla concorrência passa a exigir das pessoas uma formação de muito conteúdo e
informação sendo que é necessário que se tenha uma boa preparação para se integrar
nele, mas ao mesmo tempo sem deixar de enfatizar a formação humana individual e
social.

Ao pensar na proposta das 3 dimensões – intelectual, corporal e tecnológica- do


Professor Vandeí Pinto da Silva, acredito que ele vê nessa proposta um tipo de
formação completa e equilibrada que ajudará o estudante tanto na preparação para o
mercado quanto no seu emocional e intelectual.

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