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Apelo à reavaliação dos grandes

Investimentos Públicos
A economia portuguesa viu agravar na última (iv) a dívida pública directa (a que há que a blicos, de baixa ou nula rentabilidade, e com
década, significativamente, os seus desequilí- somar a indirecta) cresceu de 56% do PIB em fraca criação de emprego em Portugal, não
brios estruturais, nomeadamente: 1999, para 67% em 2008; é o caminho no combate à crise económica.
São projectos que exigem a mobilização de
(i) A taxa potencial de crescimento da econo- (v) a dívida pública indirecta subiu vertigino- recursos avultados, com elevados impactos
mia caiu de um valor médio anual de 3% para samente, sendo já 10% do PIB no sector públi- na dívida externa, e na dívida pública, e com
1% ainda antes da actual crise internacional; co dos transportes e de outro tanto, com ten- custos de oportunidade significativos no ata-
dência crescente, nas parcerias público-pri- que às nossas verdadeiras fraquezas estrutu-
(ii) o défice externo (corrente + capital) situ- vadas (PPP). rais e no crescimento sustentado da econo-
ou-se, em média, em 8% do PIB desde 1999, mia. Por isso defendemos, como economistas,
atingindo 10,5% em 2008; (vi) fraca eficiência do investimento e queda que o interesse nacional exige uma reavalia-
acentuada da poupança nacional bruta; ção profunda dos mega-projectos públicos
(iii) a dívida externa líquida cresceu de 14% do no sector dos transportes, das suas priorida-
PIB, em 1999, para cerca de 100% em 2008; A insistência em grandes investimentos pú- des e calendários.

1 Na última década a economia


portuguesa teve o pior desem-
penho relativo dos últimos 80 anos,
cos, em função de objectivos estra-
tégicos, incluindo as prioridades se-
guintes:
económica, e na melhoria do empre-
go e da competitividade da econo-
mia portuguesa. Neste sentido, en-
a serem suportados pelos contri-
buintes. Constituem os três projec-
tos previstos (Lisboa-Madrid; Lis-
global consolidado inviável, de alto
risco para os contribuintes e para a
sustentabilidade financeira do Es-
o que a fez divergir das economias da (i) Reforço das políticas públicas tendemos que se devem reconside- boa-Porto; Porto-Vigo) uma priori- tado Português.
União Europeia. O empobrecimento que promovam o aumento da pro- rar os seguintes investimentos: dade estratégica para os próximos
relativo do País vem criando uma si-
tuação de mal-estar social, estagna-
ção dos níveis de vida e aumento do
dutividade e da competitividade,
tais como a reforma do sistema de
justiça, a reforma das administra-
a) Auto-Estradas
Em função dos investimentos vul-
anos? Entendemos que não. A prio-
ridade deve ser dada ao transporte
ferroviário convencional de merca-
6 As opções de investimento pú-
blico devem responder a uma
questão chave num quadro de re-
desemprego. ções públicas, a melhoria da quali- tuosos realizados nas últimas duas dorias, tanto nacional, como sobre- cursos limitados: onde devemos in-
É imperativo encontrar soluções, co- dade do sistema educativo, e o fo- décadas, Portugal tem hoje uma re- tudo transfronteiriço. vestir nos próximos dez anos, prio-
meçando por compreender a com- mento da inovação; de viária eficiente e competitiva, pe- ritariamente, para solucionar os ver-
ponente estrutural da nossa crise, (ii) impactos previsíveis no rendi- lo que são justificadas dúvidas sobre c) Novo aeroporto de Lisboa dadeiros estrangulamentos estrutu-
para além das actuais dificuldades mento nacional, na dívida externa e o sentido estratégico do programa Com a crise internacional tem-se rais da economia portuguesa e assim
conjunturais internacionais. na dívida pública directa e indirecta; projectado (ou em curso) de pesa- vindo a assistir a uma queda acentu- aumentar a taxa potencial de cresci-
O peso do investimento na economia (iii) melhoria da competitividade ada da procura de transporte aéreo. mento económico?
portuguesa em proporção ao rendi- das empresas, em especial das pe- estradas como no plano rodoviário É evidente que as flutuações con- Entendemos que o interesse nacio-
mento nacional tem sido elevado, quenas e médias empresas, que re- nacional. junturais da procura não podem, nal impõe uma reavaliação profunda
mas o seu impacto no produto (efici- presentam a maior parcela do tecido Há que reconhecer que são decres- por si só, fundamentar uma decisão das prioridades de investimento pú-
ência marginal do capital) tem apre- produtivo do País e do emprego; centes os rendimentos marginais de adiamento futuro do aumento da blico. Para tanto justifica-se recorrer
sentado, desde 1999, uma tendência neste tipo de investimento público. capacidade aeroportuária da região ao apoio consultivo de um painel de
decrescente relativamente à UE.
4 Os mega-projectos do sector
dos transportes previstos pe- b) Projectos da Rede Ferroviária
de Lisboa. No entanto permite, pelo
menos, um ganho de quatro ou cinco
economistas, gestores e engenheiros,
portugueses e estrangeiros, de reco-

2 O novo contexto iniciado pela


crise internacional representa
o fim da era do endividamento fácil.
lo Governo devem ser reavaliados à
luz das prioridades estratégicas da
economia portuguesa para a próxi-
de Alta Velocidade (TGV)
Os estudos parcelares disponibili-
zados sobre a sua rentabilidade eco-
anos em termos de previsão da satu-
ração da capacidade instalada. O que
deverá ser aproveitado para a elabo-
nhecida competência e independên-
cia do poder político e dos interesses
económicos em discussão.
Tendo a economia portuguesa uma ma década. Só após essa reavaliação, nómica e social (mesmo se baseados ração de projectos de maior rigor, Neste sentido, poder-se-ia aprovei-
taxa de investimento que é o dobro baseada em estudos de custo-benefí- em pressupostos optimistas) mos- incluindo as conexões ferroviárias, tar o “interregno político” dos próxi-
da taxa de poupança nacional bru- cio com qualidade técnica reconhe- tram que a sua contribuição previ- e para garantir o autofinanciamento mos meses para iniciar tal trabalho,
ta, um défice externo anual elevado cida e elaborados com hipóteses re- sível para a eficiência económica do total sem recurso ao Estado (directa por forma a que o novo Governo, pu-
e uma dívida externa em crescimen- alistas, é que deverão ser tomadas as País é muito diminuta, e pode até ser ou indirectamente). desse dispor de um conjunto de re-
to explosivo, seria ainda mais irres- decisões definitivas sobre a sua exe- amplamente negativa em termos de comendações sobre as prioridades
ponsável não aplicarmos os recursos
financeiros mobilizáveis nos próxi-
mos anos em investimentos prio-
cução. E também só após uma reava-
liação do modelo das PPP, em função
dos encargos e riscos futuros para os
Rendimento Nacional. E têm eleva-
dos custos de oportunidade no que
toca aos fundos públicos, aos apoios
5 Mas, para além da análise pro-
jecto a projecto, entendemos
que o programa de investimentos
de investimento público (incluindo
os em PPP) para a próxima década.
Tendo os grandes investimentos pú-
ritários para a melhoria da compe- contribuintes. da EU e aos financiamentos (dívida públicos deve ser globalmente ava- blicos significativas implicações no
titividade nacional, para o aumen- Em face das necessidades dos próxi- externa) da banca nacional e do Ban- liado, o que não foi ainda efectuado, nível de vida dos portugueses duran-
to do rendimento nacional e para o mos anos, é muito duvidoso que os co Europeu de Investimentos. atendendo ao seu elevado montante te as próximas gerações, é imperati-
controlo a prazo da dívida externa. grandes projectos de investimento Por outro lado, tais estudos tam- e à sua concentração temporal nu- vo que exista um largo debate e um
A melhoria da qualidade do investi- público possam ser considerados ur- bém evidenciam que, pelo menos ma década crítica para a economia largo consenso nacional antes das
mento é um imperativo. gentes. Há também que considerar na primeira década de exploração, portuguesa. O impacto consolidado, decisões políticas e antes destes in-
os seus custos de oportunidade, pois não existirá procura suficiente pa- macroeconómico e empresarial, de vestimentos avançarem. Se o fizer-

3 Da identificação das nossas vul-


nerabilidades estruturais resul-
tam, naturalmente, os critérios para
os fundos que absorverem ficariam
a fazer falta para os investimentos
alternativos com mais efeitos posi-
ra a rentabilização económica e so-
cial de tão pesados investimentos.
Irão originar, por conseguinte, pre-
todos os mega-projectos de trans-
portes e de outras PPP, aumenta a
dívida pública, e torna seguramen-
mos, não só os portugueses ficarão
mais informados sobre os projectos
em questão, como o interesse nacio-
a escolha dos investimentos públi- tivos na recuperação da actual crise juízos de exploração significativos, te o modelo económico-financeiro nal será melhor salvaguardado.

Álvaro Nascimento Diogo Lucena João Duque Luís Miguel Beleza Rui Moreira
Álvaro Santos Pereira Eduardo Catroga João Salgueiro Luís Mira Amaral Sérgio Rebelo
Arlindo Cunha Fátima Barros José Pedro Barosa Manuel Avelino de Jesus Vitor Bento
Augusto Mateus Francisco Sarsfield Cabral José Silva Lopes Manuel Jacinto Nunes Alexandre Patrício Gouveia
Carlos Pereira da Silva Henrique Medina Carreira José Soares da Fonseca Miguel Cadilhe
Daniel Bessa Henrique Neto Luís Campos e Cunha Pedro Santa-Clara

CONSULTE

www.reavaliarinvpublicos.com

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