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REPÚBLICA DE ANGOLA

INSPECÇÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO DO ESTADO

I CONFERÊNCIA DOS SERVIÇOS DO SISTEMA


DE CONTROLO INTERNO DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA

TEMA

INVESTIMENTOS PÚBLICOS E SEU REGIME JURÍDICO


Por Dr. ARNITO AGOSTINHO, DIRECTOR JURÍDICO
MINISTERIO DO PLANEAMENTO

O que constitui Investimento Público?

• A reabilitação ou construção de infra-estruturas económicas


e sociais, qualquer que seja a natureza desses gastos;
• A criação, reabilitação ou reconstituição de capacidades
produtivas das empresas públicas, qualquer que seja a
natureza desses gastos,
• A valorização dos recursos nacionais, em particular
nos domínios da educação, formação profissional,
saúde e segurança alimentar
• A investigação científica e tecnológica, a aquisição e
adaptação de tecnologia e a constituição de redes
de troca de informação, quando de responsabilidade
pública, relevante para o processo de
desenvolvimento económico e social, bem como a
aquisição de assistência técnica.
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O que não constitui Investimento Público?

Os gastos de natureza corrente aplicados à manutenção


e reparações normais e cíclicas.

Obrigação do Estado em matéria de investimento


público

• Através do Governo, conduzir a política de


investimento público.

Objectivos desta política:

• Promover o crescimento económico harmonioso e


equilibrado de todos os sectores e regiões do País;
• Promover a utilização racional e eficiente de todas
as capacidades produtivas e recursos naturais;
• Garantir o bem-estar e a elevação da qualidade de
vida dos cidadãos.

Como o Estado deve conduzir esta Política?

• Definindo o seu regime jurídico. E como?

Estabelecendo regras e procedimentos relativos a


elaboração, aprovação e execução do Programa de
Investimento Público.

Regime Jurídico
o Decreto 120/03 de 14 de Novembro

• Estabelece as regras e procedimentos relativos a


elaboração, aprovação e execução …;
• Define, organiza e disciplina os procedimentos
relativos ao investimento público.
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Aplicação

• A toda utilização de recursos públicos feita pela:


 administração central e local do estado;
 Institutos públicos e fundos autónomos;
 Empresas públicas e de capitais maioritariamente
públicos e
 Empresas públicas encarregadas da gestão de
serviços de interesse económico geral.

Investimentos das E.Ps e de capitais


maioritariamente públicos

• Regime aplicado apenas as empresas de grande


dimensão, desde que
• A fonte de financiamento seja o OGE e o seu valor
igual ou superior a um montante em kuanzas
equivalente a IRO’s 10 000 000,00.

Investimentos das E.Ps encarregadas da gestão de


serviços de interesse económico geral

• Regime aplica-se a empresas de qualquer dimensão.

Investimentos de carácter militar


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• Regime não se aplica a aqueles que se destinam ao


equipamento:
 Das Forças Armadas e Defesa Nacional e
 Dos órgãos vinculados a ordem pública e segurança
nacional.

Classificação dos projectos de investimento


público

• O Regime jurídico classifica os projectos de


investimento público em 2 categorias:
 Segundo a dimensão;
 Segundo a natureza de intervenção.

Segundo a dimensão

• Dimensão A – projectos de valor igual ou superior a


IRO’s 10 000 000,00;
• Dimensão B – projectos de valor superior a IRO’s 5
000 000,00 mas inferior a IRO’s 10 000 000,00
• Dimensão C – projectos de valor superior a IRO’s 1
000 000,00 mas inferior a IRO’s 5 000 000,00
• Dimensão D – projectos de valor inferior a IRO’s 1
000 000,00
Segundo a natureza de intervenção

• Projectos de investimento público de âmbito central;


• Projectos de investimento público de âmbito
provincial e local e
• Projectos de investimento público de carácter
empresarial.

Órgãos que intervêm no processo de investimento


público
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• Assembleia Nacional
• Conselho de Ministros
• Ministérios
• Institutos Públicos e Fundos Autónomos
• Os Governos Provinciais
• Empresas Públicas e de capitais maioritariamente
públicos

Financiamento do Programa de Investimento


Público

O Programa de Investimento Público tem a sua


expressão no OGE

Proibições de Projectos de investimento público

É proibida:
• a realização de projectos não aprovados nos termos
do regulamento e que não estejam incluídos no PIP;
• a inclusão no PIP de projectos cuja realização seja
susceptível de afectar o meio ambiente e a
qualidade de vida da população, sem o devido
estudo do impacte ambiental;
• A inclusão no PIP e a realização de projectos que
violem o princípio da livre concorrência;
• O fraccionamento de projectos e de despesas de
investimento público com vista a baixar o nível
hierárquico da entidade decisória no processo de
tomada de decisão relativamente a afectação de
recursos, ou para evitar o regime de autorização.

Processo de programação
(ciclo individual do projecto)
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• Ciclo individual do projecto cobre as etapas da sua


vida, da ideia básica à execução.
• Compreende quatro etapas:
 Preparação;
 Negociação,
 Execução e
Operação.

Preparação do projecto

• Etapa que visa criar os pressupostos da sua


execução com sucesso.
• Envolve duas fases:
 Identificação do projecto e
 Estudos.

Identificação do projecto

• Nesta fase são realizadas as seguintes acções:


Da entidade promotora
 Apresentação da ideia básica do projecto á sua
entidade de tutela, através de um modelo de ficha
“Identificação do Projecto”, tornando explícita.
 A justificação dos objectivos do projecto, dos
benefícios ou resolução de problemas que o projecto
pode originar;
 Uma estimativa preliminar de custos e de duração
do projecto, baseando-se na experiência de casos
análogos e/ou prospecção expedita de mercado;
 Uma breve apresentação das actividades que a
implementação do projecto pode originar, tais como
construções, equipamentos, ou outros tipos de
serviços;
 Informações adicionais, tais como a perspectiva do
financiamento, comparticipação das comunidades
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ou da sociedade em geral e outras de relevância


para a compreensão do projecto.

Da entidade de tutela
 Avalia a iniciativa com base na proposta e
 Decide positiva ou negativamente pela sua
continuidade.
 No caso de decisão positiva, transmite a aceitação
para prosseguimento dos estudos de preparação.

Estudos

• Nesta fase realizam-se as seguintes acções:


Da entidade promotora
 Prossegue os trabalhos de preparação do projecto
recorrendo a capacidades próprias ou a
fornecedores de serviço.
 Com base nos estudos apresenta o «dossier» do
projecto à entidade de tutela.

«Dossier» do projecto

• Constituído por uma análise do proponente e que


fundamenta a proposta que é
• Suportada por um conjunto de estudos e consultas
feitas durante a sua preparação.
• Inclui a apresentação do modelo de ficha
«Caracterização do Projecto»

Avaliação do «Dossier» do projecto

• A entidade de tutela procede a avaliação do


«dossier» com base em critérios de elegibilidade,
nomeadamente:
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 Documentação técnica e administrativa completa,


respeitando os pré-requisitos fixados;
 Adequação dos objectivos às necessidades
identificadas;
 Objectivos, actividades e resultados bem definidos,
 Análise preliminar do custo/eficácia;
 Análise preliminar custo/eficiência, em projectos
geradores de receita;
 Apresentação geral da utilidade e sustentabilidade
do projecto e
 Descrição geral dos recursos necessários.

• Havendo acordo da entidade de tutela, esta propõe


à entidade decisória correspondente a inclusão do
projecto na carteira de projectos obedecendo a
determinados princípios legalmente estabelecidos.

Negociação do projecto

• Etapa que sucede a sua inclusão na carteira de


projectos.
• Entidade de tutela nesta etapa,
 Realiza os procedimentos para sua inclusão no PIP,
 Identifica e negoceia as fontes e condições de
financiamento e
 Prepara os «dossiers» correspondentes a cada
operação financeira, em conformidade com os
resultados das negociações.

• Entidade decisória nesta etapa,


 valida a avaliação feita pela entidade de tutela e
 De acordo com as disponibilidades orçamentais para
integração de novos projectos no PIP, determina
quais os projectos a incorporar no projecto de PIP.
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• Os projectos de investimento público de carácter


empresarial são integrados num capítulo autónomo
do PIP que os agrupará de acordo com a sua fonte
de financiamento.

Execução do projecto

• Etapa durante a qual se realiza o investimento


projectado.
• Compete a entidade gestora respeitando,
 O princípio do concurso;
 Os procedimentos orçamentais e de contabilidade
pública e
 Toda a legislação aplicável.

Operação do projecto

• Etapa que ocorre após a realização do projecto de


investimento público.
• Capacidades criadas entregues a uma entidade
operadora que fica com a incumbência da sua
gestão.

Programa de Investimento Público

Este deve sempre ser elaborado e executado na


perspectiva da estimulação da economia nacional
assente nos princípios económicos constitucionais,
designadamente:
 O da livre concorrência e o
 Da coexistência da propriedade privada, pública,
mista e cooperativa.

Configuração do PIP
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• Deve conter informação sobre o objecto de cada


projecto e sua incidência financeira no período do
programa.
• Deve permitir conhecer, em síntese, os efeitos
económicos e sociais esperados com a sua
realização, designadamente:
 Custo total;
 Os prazos de conclusão e desembolsos
 A duração do projecto e outras informações
pertinentes para avaliar a justeza da sua inclusão

Calendário de elaboração do PIP

• Este deve ser harmonizado com o cronograma de


acção dos outros instrumentos importantes de
gestão económica do Governo, já existentes ou em
processo de criação, nomeadamente:
 De enquadramento macroeconómico;
 O plano de médio prazo e
 A preparação do orçamento anual.
• O Ministério do Planeamento produz:
 projecto das orientações para a elaboração do PIP e
a
 Proposta de actualização da metodologia da
elaboração do PIP.

Competências dos Órgãos

Conselho de Ministros
 Decidir sobre a realização dos estudos, a
continuidade dos estudos e a afectação de recursos
para a conclusão dos estudos relativos aos
investimentos de dimensão A;
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 Decidir sobre a inclusão na carteira nacional de


projectos de investimento do tipo empresarial, de
valor superior a IRO’s 10 000 000,00
 Decidir a afectação anual de recursos para os
projectos em curso de qualquer tipo ou dimensão,
 Decidir sobre a inclusão no PIP dos projectos de
dimensão A, B e C;
 Propor a Assembleia Nacional a aprovação do PIP.

Ministro das Finanças

 Produzir a proposta dos limites de despesa


orçamental para investimentos das instituições do
Estado e
 Acompanhar a execução financeira do PIP

Ministro do Planeamento
 Produzir o projecto das orientações para elaboração
do PIP;
 Elaborar a proposta final do PIP;
 Regulamentar os Critérios de elegibilidade de
projectos;
 Produzir estudos e informações que permitam a
compatibilização dos investimentos públicos a incluir
no OGE.

Ministros responsáveis por sectores de


actividade
 Decidir sobre a realização de estudos preliminares
relativos aos projectos de dimensão B;
 Decidir sobre a realização dos estudos preliminares
relativos aos projectos de dimensão C, sempre que
os efeito sociais e interesse económico ,
ultrapassem os limites de uma provincia;
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 Decidir sobre a afectação de recursos para a


conclusão dos projectos de investimento público de
dimensão B;
 Decidir sobre a elegibilidade dos projectos de
investimento público de dimensão B e a sua inclusão
na carteira sectorial e
 Seleccionar os projectos da carteira sectorial a
propor para inclusão no PIP.

Governadores Provinciais
 Decidir, conjuntamente com o Ministro da tutela, a
realização de estudos preliminares relativos aos
projectos de investimento público de dimensão B,
cujos efeitos sociais, interesse económico e
realização física afectem a sua província;
 Decidir a realização de estudos preliminares
relativos aos projectos de investimento público de
dimensão C e D, cujos efeitos sociais, interesse
económico e realização física se confinem aos
limites geográficos da sua província;
 Decidir sobre a continuidade de estudos;

 Decidir a afectação de recursos para a conclusão


dos projectos de dimensão B;
 Decidir sobre a elegibilidade dos projectos de
investimento público de dimensão b e a sua inclusão
na carteira provincial de projectos e
 Seleccionar os projectos da carteira provincial a
propor para inclusão no PIP.

Execução do PIP

• Inicia com o ano económico.


• Intervêm na execução.
 Os Ministérios;
 Os Governos Provinciais;
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 As administrações Municipais;
 Os institutos Públicos e Fundos Autónomos e
 As Empresas Públicas e de capitais maioritariamente
públicos.

Controlo do PIP

• O acompanhamento da execução é da competência


dos órgãos centrais, provinciais e municipais de
planeamento.
• O Controlo da execução financeira é da competência
do Ministro responsável pelas finanças.

Procedimentos para acompanhamento e


controlo do PIP

FIM

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