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No Antigo Testamento esta frase representava um profeta (cf. 1 Sm.2:27, 1 Rs. 12:22;
17:18, 20:28 etc. e 1 Tm. 6:11), isto é, alguém que falava da parte de Deus.
Paulo
No primeiro parágrafo desta carta, deparamos com a comunhão outorgada por Deus
por meio dos irmãos.
A cintilante oração paulina (1:9-11), por causa da profunda saudade que sentiu (v. 8),
pedia que o amor dos seus filhos na fé “aumente mais e mais em pleno conhecimento
e toda a percepção” (v. 9).
Paulo sempre fazia súplicas por eles (1:4) o que nos dá motivo para pensar que o
segredo da formação do homem de Deus deve ser a oração.
Se Paulo lembrava dos filipenses em todas as suas orações, quanto mais de Timóteo.
Não seria fácil conviver com o apóstolo sem orar por ele (Ef. 6:19, 20).
Não se pode negar que homens de Deus são os que são os alvos da oração de
homens de Deus.
A própria igreja deve fornecer aos novos crentes, especialmente aos jovens, um
modelo de santidade nos seus líderes (cf. Hb. 13:7), fornecendo um desafio constante
para que sejam transformados paulatinamente em homens de
Paulo expressa no v. 16 deste segundo capítulo, que sabia exatamente para onde
corria.
No cap. 3, declara, “prossigo para o alvo” avançando para as cousas que diante de
mim estão (w. 14, 13). Sabemos que ele cogitava a possibilidade de ser “oferecido
como libação sobre o sacrifício da fé” dos filipenses.
Tudo isso mostra a determinação de Paulo por um lado e o desafio das circunstâncias
nas quais Deus o colocara, por outro lado.
Creio que quem tem direito a este elogio de ser homem de Deus deve ser alguém
que não vive para sí, mas para os outros (cf. 2 Co. 5:14, 15).
Como canal ou aquaduto, a vida do homem de Deus conduz a graça divina para o
coração humano.
Muitas vidas assemelham-se mais a uma torneira fechada do que a um canal entre
Deus e a humanidade sedenta.
Sem auto-jactância, Paulo podia afirmar que, não importando de que maneira sua
vida terminasse, não teria corrido em vão.
Nem os irmãos que, pelo ódio e ciúme, tentavam suscitar tribulação às cadeias do
missionário, foram capazes de criar mágoa ou aborrecimento ao coração daquele
Homem de Deus(l :15,18).
Como se explica fenômeno tão raro?
As circunstâncias difíceis não criaram barreiras para a sua corrida, mas apenas
pontes para cada vez refletir mais a encarnação da vida de Cristo na de Paulo (cf. Gl.
2:20).
Timóteo
Paulo esperava mandar Timóteo brevemente para os filipenses. Assim, teria uma
avaliação de confiança ao receber notícias de volta na sua prisão.
Também Timóteo deveria levar notícias aos filipenses sobre o resultado do seu
processo, a ser brevemente definido (v. 24).
Timóteo significa em grego “quem honra a Deus” ou “alguém honrado por Deus”.
Quem passeia por um cemitério observa os nomes dos esquecidos, indivíduos do
passado longínquo.
Nunca os conhecemos, nem ouvimos falar deles; não sabemos de nada significante
que fizeram.
Teria sido assim com Timóteo, não fosse os desafios determinantes da sua yida.
Certamente ela amou as Escrituras como a profetiza Ana (Lc. 2:36-38), e a mãe de
Samuel, também chamada Ana(l Sm. 1:2-2:11).
Bendito é o privilégio de aprender, desde o colo dos pais, o convívio com as verdades
depositadas nas páginas da Bíblia.
O apóstolo declara que não havia ninguém (disponível) com o sentimento (gr.
isopsuchon, lit. “alma igual”) que Timóteo tinha.
Por isso, Paulo o chamou de “amado filho” (2 Tm. 1:2) e “amado filho fiel” (1 Co. 4:17).
Aos filipenses revela que “serviu ao evangelho, junto comigo, como filho ao pai”
(2:22).
Provavelmente o pai de Timóteo não era convertido (ou possivelmente tinha morrido)
criando assim uma inevitável separação entre parentes que devem ser os mais
íntimos.
Paulo tomou o lugar do pai, trazendo todo o impacto benéfico da sua influência
piedosa.
Na primeira carta a Timóteo, Paulo o chama de “verdadeiro filho na fé” (1:2), frisando
a qualidade da relação entre “pai” e “filho”.
Muitas são as influências que os mais velhos, experimentados cristãos têm tido sobre
nós.
Mas qual deles se responsabilizou por tomar-nos um “filho genuíno (gnésios no grego)
ou verdadeiro na fé”?
Sendo Timóteo um filho genuíno, podia compartilhar o ministério pastoral do apóstolo
preso. Sinceramente (gnésios “genuinamente”, “verdadeiramente”) cuidaria dos
interesses dos irmãos em Filipos (v. 20 b), tendo sido enviado para lá por Paulo.
Por esta razão, Timóteo era incomparável, não havendo outro companheiro
disponível “de igual sentimento” (v. 20 a).
Timóteo viu a Paulo pela primeira vez, pregando em Listra, depois opondo-se ao culto
pagão, oferecido a Paulo é Barnabé, após a cura do côxo (At. 14:8-18).
Em seguida, foi apedrejado, arrastado para fora da cidade e dado por morto (At.
16:19), mas depois levantando-se, deve ter produzido em Timóteo uma fascinação
pelo judeu missionário.
Quando Paulo passou por Derbe e Listra na segunda viagem missionária, os irmãos
de Listra e Icônio (distância de 31 km), “davam bom testemunho dele” (At. 16:2).
A segunda razão pela qual Paulo enviara a Timóteo (além do cuidado pastoral) é
precisamente pelo desinteresse que ele tinha pelo que era dele.
Entendemos agora porque os irmãos de Icônio e Listra deram tão boa recomendação
a respeito de Timóteo (At. 16:2).
Não foi ao campo com a garantia de sustento mensal da igreja ou junta missionária
Não creio que comeram churrasco todos os diaSi Sem dúvida, a característica mais
destacada da vida com Paulo e Silas foi o sacrifício, o perigo, a perseguição e a fome
(cf. 2 Co. 6:4, 5; 11:22-27).
Uma vez que “o que era de Cristo Jesus” importava mais do que qualquer outra
cousanão há nem sugestão de queixumes.
Ele era homem de Deus porque tinha qualidade “provada” (gr. dokimen, “testado” e
“aprovado”, v. 22).
Não é muito difícil de encontrar numa hora de emoção e desafio, quem se apresente
como voluntário para servir a causa do evangelho em terras difíceis, destituídas de
segurança e conforto.
Mas depois de servir fielmente, junto com Paulo, Timóteo ganhou a reputação de
um veterano provado.
Quem duvidava se uma moeda era realmente feita- de prata, a deixava cair num piso
de mármore.
Pelo ruído que emitia, podia-se ter a verteza se era ou não composta de chumbo ou
prata. Era dokimen, aprovada ou rejeitada.
Timóteo alcançou aprovação pela maneira que serviu ao evangelho (douleuô, ser ou
atuar como escravo”).
Timóteo abafou seus interesses legítimos (casamento, constituição do lar, seguir sua
carreira) para tomar-se “escravo” voluntário de Jesus.
Descobrimos que aprovação de Deus não é posição estática mas uma busca
constante.
Ainda que Timóteo fosse aprovado (Fp. 2:22), precisava buscar sempre essa
condição.
Não encontramos neste símile nenhuma indicação de oposição (como entre patrão e
empregado), mas de cooperação leal e subordinação, voluntária e alegre.
Aliás não encontramos nas epístolas nenhuma sugestão para sustentar a idéia de
que o apóstolo mandava nas vidas dos companheiros.
Se houve uma exceção, foi de Timóteo que se prontificou a servir ao apóstolo, pará
assim servir a Cristo.
Não penso que o apóstolo o indicaria para abrir um campo novo onde o evangelho
nunca tinha sido anunciado.
Mas para servir às necessidades de Paúlo e da igreja de Filipos, era o único indicado
entre os companheiros do apóstolo.
Epafrodito
Não podemos opinar se era jovem ou mais velho, se se converteu nos primeiros dias
da igreja em Filipos, evangelizada por Paulo, ou se recentemente se entregara ao
Senhor Jesus Cristo.
Mesmo sabendo tão pouco, Paulo focaliza alguns fatos importantes a respeito deste
extraordinário homem.
Baseado no fato que Paulo distingüe “os irmãos” de “todos os santos” (Fp. 4:21, 22),
alguns estudiosos chegaram à conclusão de que “irmão” servia de título como hoje
usamos “obreiros”.
Talvez os “irmãos” receberam ajuda financeira ou alimentos para poder dar tempo ao
trabalho de evangelizar (cf. 2 Ts. 3:8-10 ;Cl. 6:6), ou viajar como Epafrodito fizera.
Creio que Paulo teria julgado esta inclinação contrária à vontade de Cristo (cf.Lc.
22:24-27).
Epafrodito não foi considerado superior, nem inferior a Paulo; mas simplesmente um
trabalhador ao lado de Paulo.
Somos sunergoi com Cristo, O Cabeça, Senhor de todos os que cooperam na sua
obra.
Como formigas que sem obrigação nem domínio externo (cf. “nicolaitas”, no grego
quer dizer dominadores do povo”, Ap. 2:6) trabalham espontaneamente em todas as
áreas necessitadas: ensino, contribuição, evangelização, cuidado com os
necessitados, trabalho missionário distante etc.
Vocábulo bem raro, não temos muitas condições para adivinhar por que Paulo o
designou desta maneira.
Creio que se oferecer para transportar a oferta da igreja de Filipos até Paulo, o que
era muitíssimo arriscado, possivelmente explicaria o uso deste termo por Paulo.
A história do Bom Samaritano que Jesus contou ao advogado (Lc. 10:30-37) indica
até que ponto chegava o perigo para quem viajava longas distâncias sozinho (cf. 2
Co. 11:26, “em perigos de salteadores”).
Por isso, mereceu o título de “companheiro de batalha”, pois o incentivo foi servir
Nessa posição serviu também de “auxiliar nas minhas necessidades” (v. 25).
O termo “serviço” (leitourgia) já foi usado por Paulo para indicar o ministério sacerdotal
que o seu martírio efetuaria (v. 17).
Epafrodito era um homem sensível. Ao saber que a notícia de sua grave doença tinha
chegado à igreja de Filipos, ficou angustiado (v. 26).
Paulo, igualmente ansioso por causa da aflição dos filipenses que só receberam a
notícia da enfermidade, e não que Deus o havia levantado (v. 27), depressa mandou
Epafrodito de volta.
Timóteo também irá (v. 19) logo que Paulo puder lhes informar a seu próprio respeito.
Paulo, Timóteo e Epafrodito merecem uma recepção alegre e honrosa (cf. v. 22,29).
Paulo também irá logo que puder (v. 24), tendo confiança que o Senhor o libertará da
prisão e “sentença de morte” (2 Co. 1:9) que pairava sobre sua cabeça3.