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Artigo de revisão

EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NO PROCESSO


INFLAMATÓRIO DA ATEROGÊNESE
Sílvio AnderSon Toledo FernAndeS,1 MATeuS CAMAroTi lATerzA,2 Bruno GonzAGA Teodoro,3
AnTônio JoSé nATAli4 e MAriA do CArMo GouveiA Peluzio5

RESUMO
A aterosclerose é a causa principal de doenças coronarianas. É causada pelo aumento das lipoproteínas de baixa
densidade no plasma. Retidas no espaço subendotelial, as partículas dessas lipoproteínas sofrem oxidação, causando
a exposição de diversos neoepítopos, tornando-as imunogênicas. Assim, devido à ativação endotelial, ocorre recruta-
mento de leucócitos e, com isso, inicia-se um centro de desenvolvimento e de progressão de placas ateroscleróticas
o que causa complicações clínicas. O exercício físico aeróbio melhora os sistemas de defesa orgânicos contra a
aterosclerose por diminuir o estresse oxidativo, a inflamação sistêmica e a produção de citocinas pró-inflamatórias e
aumenta a síntese de enzimas antioxidantes, a vasodilatação por via do óxido nítrico e do óxido-nítrico-sintase endo-
telial e os fatores anti-inflamatórios. O avanço das pesquisas que abordam o exercício físico como possível modulador
do processo aterogênico é satisfatório, porém é necessário esclarecer seu papel na prevenção e no controle dessa
doença crônica.
Palavras-chave. Aterosclerose; atividade motora; exercício; citocina; lipídios.

ABSTRACT
EFFECTS OF EXERCISE IN THE INFLAMMATORY PROCESS OF ATHEROGENESIS

Atherosclerosis is the main cause of coronary heart disease. It is caused by increased low-density lipoproteins
in the plasma. Retained in the subendothelial space, particles of these lipoproteins undergo oxidation, causing the
exposure of different neo-epitopes, making them immunogenic. Thus, due to an activation of endothelial leukocyte,
recruitment occurs and then a center of development and progression of atherosclerotic plaques is created, caus-
ing clinical complications. The aerobic exercise training enhances the organic defense against atherosclerosis by
reducing oxidative stress and increasing the synthesis of antioxidant enzymes, increased vasodilation and nitric
oxide via endothelial nitric oxide synthase and reduction of systemic inflammation with production of proinflammatory
cytokines and increased anti-inflammatory factors. The progress of research addressing the exercise as a possible
modulator of the atherosclerotic process is satisfactory, but it is also necessary to clarify its role in preventing and
controlling this chronic disease.
Key words. Atherosclerosis; motor activity; exercise; cytokine; lipids.

INTRODUÇÃO gorduras, sobretudo do tipo saturada, têm níveis ele-

A dieta da população ocidental é caracterizada


por ser rica em calorias e hiperlipídica. Nos
Estados Unidos da América, a ingestão calórica total
vados de colesterol sérico e maior incidência de ate-
rosclerose em relação àqueles com menor consumo
de gorduras.3
proveniente de lipídios fica em torno de 36%, no A aterosclerose é a causa principal de doenças
Canadá, essa proporção se eleva a 42%1 e, no Brasil, coronarianas. É causada por inflamação progressiva
tal realidade também tem se mostrado presente.2 na parede dos vasos sanguíneos, resultado da acu-
Estudos relataram que, independentemente da etnia, mulação de lipoproteínas e de turbulências hemo-
indivíduos que consomem grandes quantidades de dinâmicas. Assim, em virtude de uma ativação

1
Educador Físico, mestre em Educação Física. Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais, MG, Brasil
2
Educador Físico, doutor em Ciências. Universidade Federal de Juiz de Fora, MG, Brasil
3
Educador Físico, mestre em Educação Física. Instituto Federal de São Paulo, SP, Brasil
4
Educador Físico, PhD em Fisiologia. Universidade Federal de Viçosa, MG, Brasil
5
Nutricionista, doutora em Ciência. Universidade Federal de Viçosa, MG, Brasil
Correspondência: Silvio Anderson Toledo Fernandes. Rua Doutor Alvino de Paula n.º 95, Bairro Carlos Chagas, CEP 36.081-280, Juiz de
Fora, Minas Gerais, Brasil. Telefones: 32 3217-7875 e 32 8859-8005. Internet: silvio.fernandes@ifsudestemg.edu.br

Recebido em 2-3-2011. Aceito em 3-6-2011.

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Sílvio AnderSon Toledo FernAndeS e ColS.

endotelial, ocorre recrutamento de leucócitos e, com plasmáticas e favorece a retenção dessas no espaço
isso, inicia-se um centro de desenvolvimento e pro- subendotelial. Retidas, as partículas de LDL sofrem
gressão de placas aterogênicas, o que provoca com- oxidação, causam exposição de diversos neoepíto-
plicações clínicas.4 pos tornando-as imunogênicas.10 O depósito de lipo-
Mudanças no estilo de vida do paciente, medica- proteínas na parede arterial, processo-chave no iní-
mentos como anti-hipertensivos, aspirina, e drogas cio da aterosclerose, ocorre de maneira proporcional
para baixar o teor de colesterol, cirurgia ou angio- à concentração dessas lipoproteínas no plasma.4
plastia são usados no tratamento da aterosclerose.5 Além do aumento da permeabilidade dos vasos,
No entanto, em alguns casos, esses tipos de trata- outra manifestação da disfunção endotelial é o sur-
mentos não têm sido eficazes para a cura ou para gimento de moléculas de aderência leucocitária em
regressão do processo aterogênico e mesmo para a sua superfície, processo estimulado pela presença de
prevenção de afecções relacionadas ao sistema car- LDL oxidada.10 As moléculas de aderência são res-
diovascular. Sendo assim, a utilização de exercícios ponsáveis pela atração de monócitos e linfócitos à
físicos semanais para o condicionamento cardiovas- parede arterial. Induzidos por proteínas quimiotáti-
cular também tem sido aplicada como forma de pre- cas, os monócitos migram para o espaço subendo-
venir ou desfazer a formação de placas ateromatosas telial onde se diferenciam em macrófagos que, por
nas artérias.6-8 Mesmo quando realizados com baixa sua vez, captam as LDLs oxidadas.12 Os macrófagos
frequência, ou seja, duas a três vezes por semana, repletos de lipídios são chamados células espumosas
numa intensidade equivalente a 40% até 60% do con- e são o principal componente das estrias gordurosas,
sumo máximo de oxigênio (VO2max), os exercícios que são as lesões macroscópicas iniciais da ateros-
são eficazes na redução das doenças coronarianas e clerose.11 Com isso, mediadores da inflamação esti-
eventos associados.9 O exercício físico torna-se, por- mulam a migração e a proliferação das células mus-
tanto, fator essencial para seus possíveis benefícios culares lisas da camada média arterial para a íntima.
na regressão e ou até em possíveis prevenções de Estas, ao migrarem para a íntima, passam a produ-
formação da placa aterosclerótica. zir não só citocinas [fator de necrose tumoral alfa
Buscando-se esclarecer os mecanismos que (TNF-α), interleucina 1 (IL-1) e interleucina 6 (IL-
envolvem os efeitos do exercício físico nas citoci- 6)] e fatores de crescimento transformante (TGF),
nas que participam do processo inflamatório da ate- como também matriz extracelular, que formará parte
rogênese, fez-se uma consulta na base de dados do da capa fibrosa da placa aterosclerótica.12
Medline (via PubMed), pertinentes aos últimos dez Nos últimos anos, tem-se evidenciado o papel
anos, utilizando-se as palavras-chave aterosclero- da inflamação na fisiopatogenia da aterosclerose
sis, cytokine e phyfical exercise. Além disso, artigos e a ocorrência de eventos aterotrombóticos como
com importância histórica e referências importantes determinantes nas doenças arteriais coronarianas.13
encontradas nos artigos pesquisados também foram Observou-se ainda que esse processo possa apare-
incluídos, para buscar evidências sobre os possíveis cer no início da vida, resultante de fatores genéticos,
efeitos do exercício físico no processo inflamatório inatividade física e alimentação rica em gorduras.
da doença aterosclerótica. Sendo assim, as estrias gordurosas na aorta podem se
desenvolver na infância, e as placas fibrosas podem
CONheCeNDO O pROCessO ATeROsCle ser observadas antes dos 20 anos de idade.14 A placa
RóTICO aterosclerótica plenamente desenvolvida é constitu-
A aterosclerose é uma doença inflamatória crô- ída de elementos celulares, componentes da matriz
nica de origem multifatorial, que ocorre em resposta extracelular e do núcleo lipídico.10 Esses elementos
à agressão endotelial. Acomete principalmente a formam, na placa aterosclerótica, um núcleo lipídico
camada íntima de artérias de médio e grande cali- rico em colesterol e capa fibrosa rica em colágeno.12
bre.10 A formação da placa aterosclerótica inicia-se As placas estáveis caracterizam-se pela presença
com a agressão ao endotélio vascular devido a fatores de colágeno, organizado em capa fibrosa espessa,
de risco como elevação das lipoproteínas aterogêni- escassas células inflamatórias e núcleo lipídico de
cas (LDL, IDL, VLDL, remanescentes de quilomí- proporções menores.14 As instáveis apresentam ati-
crons), hipertensão arterial, tabagismo e sedenta- vidade inflamatória intensa, especialmente em suas
rismo.11 Como consequência, a disfunção endotelial bordas laterais, com grande atividade proteolítica,
aumenta a permeabilidade da íntima às lipoproteínas núcleo lipídico proeminente e capa fibrótica tênue.12

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A ruptura dessa capa expõe material lipídico alta- concentrações pelo endotélio arterial e, na vigência
mente trombogênico, o que leva à formação de da disfunção endotelial, as concentrações dessas cito-
um trombo sobrejacente.13 Esse processo, também cinas se elevam, estimulam a produção de molécu-
conhecido por aterotrombose, é um dos principais las de adesão e favorecem assim o recrutamento e a
eventos determinantes das manifestações clínicas da aderência dos monócitos à superfície endotelial. As
doença aterosclerótica. moléculas de aderência podem promover lesão endo-
Os fatores que contribuem para o desenvolvi- telial por diminuição da distância entre monócitos e
mento da aterosclerose são a hiperlipoproteinemia, o células endoteliais e facilitação do ataque de espécies
aumento da agregação plaquetária, a diminuição das ativas de oxigênio, como ânion superóxido, peróxido
células endoteliais vasculares e o aumento da proli- de hidrogênio e radicais hidroxilas originados por
feração de células lisas. Os leucócitos, monócitos e monócitos ativados, constituindo fatores adicionais
macrófagos estão presentes na lesão aterosclerótica, favorecedores da aterogênese (figura 1). As citocinas
o que sugere processo inflamatório ao longo do seu pró-inflamatórias, por sua vez, podem ser moduladas
desenvolvimento.12 Um dos componentes da lesão a partir de respostas do organismo, ou seja, sua expres-
aterosclerótica e o principal responsável pelo processo são pode ser aumentada ou diminuída. Um exemplo
inflamatório e da formação da molécula de adesão, dessa modulação está relacionado com a prática de
assim como da formação da capa fibrosa da placa, são atividades físicas regulares. Sendo assim, a discussão
as citocinas pró-inflamatórias (TNF-α, IL-1 e IL-6). a seguir atentará para a influência do exercício físico
Acredita-se que a secreção de moléculas de adesão nos processos inflamatórios da doença aterosclerótica
é regulada por citocinas sintetizadas em pequenas induzidos pelas citocinas.

Figura 1. Resumo da formação da molécula de adesão e consequente aterogênese.

exeRCíCIO físICO COmO mODUlADOR constitutiva de TNF-α em macrófagos cardíacos em


DA expRessÃO De CITOCINAs cães levou-os a postular que o TNF-α derivado de
As citocinas podem ter ação pró ou anti-infla- macrófagos pode ser liberado seguido à isquemia
matória. Estudos iniciais de Frangogiannis e cola- do miocárdio, representando uma significativa fonte
boradores15 indicam um papel importante dos mas- dessa citocina nas fases iniciais do processo infla-
tócitos-macrófagos na mediação do início da cadeia matório.16 As primeiras citocinas responsáveis pelo
de liberação de citocinas. Essas células são relevante aumento dos índices inflamatórios são o TNF-α e
fonte de TNF-α, quimiocinas e TGF. A presença a IL-1, citocinas pró-inflamatórias e, logo após, na

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continuação da sequência, vem a IL-6, tida como pró patológicas que apresentam quadro inflamatório crô-
e anti-inflamatória, seguida da liberação do receptor nico anormal, notadamente, pela expressão elevada
antagonista de IL-1 (IL-1ra), receptor antagonista de de citocinas pró-inflamatórias, moléculas de aderên-
TNF (sTNF-R) e interleucina 10 (IL-10), classifica- cia solúveis e fatores quimioatratantes.20 Batista Jr.21
dos como fatores anti-inflamatórios.17 demonstrou em ratos Wistar com infarto crônico do
Tem sido proposto que a resposta inflamatória miocárdio um aumento crônico no índice de quimio-
anormal, incluindo-se a elevada expressão de citoci- taxia e na produção de TNF-α por macrófagos da
nas pró-inflamatórias, moléculas solúveis de aderên- cavidade peritoneal desses animais, mostrando uma
cia e fatores quimioatrativos, podem ser responsáveis ativação crônica dessas células. Por outro aspecto,
pela progressão do processo inflamatório.16 Nesse o treinamento aeróbio moderado em esteira ergo-
quadro, as principais citocinas que estão envolvi- métrica, com duração de dez semanas, cinco vezes
das no papel fisiopatológico da aterosclerose são o por semana, durante uma hora por dia, foi capaz de
TNF-α e a IL-6. Por outro lado, a secreção de hor- diminuir a expressão do TNF-α. Adamopoulus e
mônio glicocorticoide pela suprarrenal em situações colaboradores22 mostraram redução na concentração
de estresse inibe o processo inflamatório e a produ- plasmática de marcadores inflamatórios periféricos
ção de citocinas, por um mecanismo autolimitado de (molécula solúvel de adesão celular-1, molécula
retrorregulação neuroendócrina e imunitária.18 solúvel de célula vascular-1, proteína quimioatra-
Segundo Petersen & Pederse,19 o músculo esque- tante para macrófagos-1) após doze semanas de trei-
lético tem sido identificado como órgão endócrino, namento aeróbio em cicloergômetro (70 a 80% de
capaz de estimular, sintetizar e liberar citocinas pelo frequência cardíaca máxima – FCmax.), cinco vezes
processo de contração muscular que, por sua vez, por semana, durante uma hora por dia, em pacien-
influenciará diretamente no metabolismo energético, tes com insuficiência cardíaca de moderada a grave
na atividade de outros órgãos e em tecidos secretores (New York Heart Association, classe funcional II –
de citocinas, contribuindo, em grande parte, para o III). Sendo assim, Rosa e Batista Jr.16 sugerem cor-
equilíbrio dos fatores pró e anti-inflamatórios, exer- relação entre a melhora na tolerância ao exercício e
cendo papel protetor e restaurador do organismo a atenuação do processo inflamatório, devido a uma
como um todo. Nesse sentido, o exercício físico por possível regressão dos efeitos deletérios causados
si consegue suprimir de outras maneiras a entrada de pela disfunção endotelial apresentada no quadro de
citocinas pró-inflamatórias no plasma. Por exemplo, insuficiência cardíaca. No entanto, uma correlação
em camundongos Kcnockout para o gene de IL-6, significativa não pode estabelecer uma relação de
houve modesta diminuição dos níveis plasmáticos causa-efeito, e outros mecanismos têm sido propos-
de TNF-α de repouso após exercício.16 Isso sugere tos para explicar os efeitos benéficos mediados pelo
que podem existir mecanismos de atenuação de treinamento físico na lesão aterosclerótica.
pequenos níveis inflamatórios sistêmicos, um IL-6 Células mononucleares de indivíduos submeti-
dependente e outro IL-6 independente. dos a treinamento físico de intensidade moderada
A elevação da expressão do TNF-α pode ser o (cinco vezes por semana e trinta minutos por dia),
principal causador de uma série de distúrbios meta- têm a capacidade aumentada em 36% de produzir
bólicos nos indivíduos, tais como, elevada taxa citocinas anti-inflamatórias e antiaterogênicas como
metabólica, diminuição do fluxo de sangue para interleucina 4 (IL-4), IL-10 e fator de crescimento
tecidos periféricos e alteração no metabolismo das transformante beta (TGF-β).23 Simultaneamente,
proteínas e dos lipídios.16 Além de seu conhecido os níveis séricos de proteína C reativa e citocinas
efeito termogênico, concentrações elevadas dessa pró-inflamatória, como o TNF-α e a IL-6, diminuem
citocina podem estar relacionadas com elevação nas em comparação com os indivíduos sedentários.24,25
concentrações plasmáticas de insulina, com anorma- Isso pode ser parcialmente explicado pelo aumento
lidades no metabolismo dos hormônios esteroidais, de IL-6, que induz a síntese dos receptores IL-1ra e
hormônio do crescimento, bem como com disfunção sTNF-R e, ainda, de outras citocinas anti-inflama-
do ventrículo esquerdo e intolerância ao exercício.20 tórias como IL-10.16 A IL-4, a IL-10 e o TGF-β não
Além dos benefícios cardiovasculares, induzidos só têm ação anti-inflamatória como também inibem
tanto pelas adaptações na função do coração como a produção de citocinas pró-inflamatórias, como a
bomba, como as adaptações periféricas, o exercício interleucina 1β (IL-1β), IL-2 e TNF-α.25 Outra carac-
físico parece ter um efeito modular em condições terística interessante é a levantada por Van der Vlist

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e Janssen26 que, por meio de uma revisão, encon- entre obesidade, resistência à insulina, diabetes tipo
traram estudos que relacionam aumento dos níveis 2 e adiponectina. Como o exercício melhora a sen-
de TNF-α com depleção da massa muscular magra. sibilidade insulínica e diminui o risco de obesidade
Esse fato sugere o exercício de força como anti- e diabetes tipo 2, espera-se que o exercício aumente
inflamatório indireto. as concentrações plasmáticas de adiponectina. A
O exercício de alta intensidade – acima de 80% avaliação da glicose plasmática de jejum, insulina
do VO2max – induz maior resposta às citocinas infla- e adiponectina antes e depois de seis meses de trei-
matórias, quando comparado com exercício mode- namento físico (quatro dias por semana, por cerca
rado, de 60% a 80% do VO2max. As fontes dessas de 45 minutos numa intensidade de 65% a 80%
citocinas são de células sanguíneas mononucleares do VO2máx), sem perda de massa corporal magra
periféricas e do músculo esquelético.27,28 A sequên- ou gorda, mostrou que a ação da insulina foi sig-
cia da produção das citocinas pró e anti-inflamató- nificativamente maior com o exercício. Todavia, o
rias parece ser dependente da produção inicial de exercício não elevou as concentrações plasmática
TNF-α e IL-1β pelos leucócitos do sangue periférico de adiponectina.38 Em contrapartida, em outro grupo
e muscular. O TNF-α e a IL-1β estimulam a produ- de indivíduos avaliados antes e depois da perda de
ção de IL-6 a partir do músculo e do fígado. A IL-6 peso, houve aumento substancial da adiponectina,
é um potente estimulador da fase aguda do processo que foi acompanhado pelo aumento da ação da insu-
inflamatório, incluindo-se reagentes de proteína C lina.39 Isso sugere que adiponectina não é um fator
reativa. O principal papel dessa citocina é regular a que contribuiu para melhora da sensibilidade da
migração dos neutrófilos e monócitos para as áreas insulina relacionada com o exercício. Apesar de isso
lesadas das células musculares e outros tecidos para ser inesperado, esse fator deve ser considerado à luz
iniciar o reparo.28-30 Para restringir a magnitude e a da interação entre adiponectina e citocinas derivadas
duração da resposta inflamatória desencadeada pelo do tecido adiposo.
exercício são produzidas citocinas anti-inflamatórias Bruun e colaboradores40 descreveram estudos
como IL-10, IL-4 e TGF-β.24,31 sobre as concentrações plasmáticas de adiponectina
em homens obesos com índice de massa corporal de
exeRCíCIO físICO e pRODUÇÃO De ADI- 38,7 ± 0,7 kg/m2 (média e desvio-padrão respecti-
pONeCTINA vamente): 1) aumentaram 51% após perda de peso;
A adiponectina, recentemente descoberta, é uma 2) foram maior, aproximadamente 53%, em homens
proteína secretada pelo tecido adiposo branco. Ela magros do que em homens obesos; e 3) foram inver-
ostenta propriedade de aumentar a sensibilidade samente correlacionadas com medidas de adipo-
da célula à insulina e de ser anti-inflamatória.32 sidade, sensibilidade à insulina, e níveis de IL-6.
As mulheres geralmente apresentam, em média, Estudos in vitro mostram que o TNF-α e a IL-6 dimi-
maior concentração de adiponectina em relação aos nuem os níveis de mRNA para a síntese de adiponec-
homens. Tem sido mostrado que a diminuição de sua tina. Pois, quando diminui os níveis de TNF-α e da
concentração antecede o início de diabetes tipo 2, e IL-6, o de adiponectina e a sensibilidade insulínica
altas concentrações dessa proteína previne o apareci- aumentam. Isso razoavelmente sugere que o balanço
mento de diabetes tipo 2.33 Lindsay e colaboradores34 entre adiponectina versus IL-6 e TNF-α determina,
verificaram que índios Pima tiveram menor concen- em última instância, ação periférica da insulina e sua
tração plasmática de adiponectina depois de terem sensibilidade. O exercício físico diminui os níveis de
desenvolvido diabetes tipo 2, e aqueles com altas IL-6 e TNF-α e aumenta a sensibilidade à insulina,
concentrações foram protegidos contra o desenvol- mas não altera as concentrações de adiponectina. Em
vimento desse tipo de diabetes. Estes e outros estu- outras palavras, o exercício aumenta a sensibilidade
dos sugerem que a adiponectina está associada com à insulina, pelo aumento da razão entre adiponectina
obesidade, diabetes tipo 2 e resistência à insulina.35 e TNF-α e IL-6. Essa mudança no equilíbrio entre
A administração de adiponectina diminui a resis- adiponectina versus TNF-α e IL-6, mais a favor do
tência à insulina e ao diabetes tipo 2,36 e agentes sen- primeiro, sugere que o exercício é um anti-inflama-
sibilizadores de insulina como as glitazonas (que são tório natural, pois a adiponectina, indiretamente, tem
ligantes de PPAR gama) aumentam as concentrações ação anti-inflamatória.41 A natureza anti-inflamatória
de adiponectina em seres humanos.37 Esses estudos do exercício é apoiada pelo fato de o exercício redu-
conduziram à sugestão de que existe estreita ligação zir marcadores inflamatórios, como a proteína C

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reativa plasmática, a amiloide-A sérica, a IL-6 e os treinamento físico reduziu significativamente a mag-
níveis de moléculas-1 de adesão,42 e diminuir o risco nitude do infarto do miocárdio em experimentos com
de doença arterial coronariana.43 animais. Entretanto, a administração de oligodeoxir-
Manter a perda de peso induzida pela modifi- ribonucleotídeo para a Mn-SOD deixa abolida essa
cação da dieta e aumentar a atividade física não só ação benéfica do exercício por neutralizar a ação da
reduz as concentrações séricas de IL-6, de proteína Mn-SOD. Além disso, a administração simultânea
C reativa, e de IL-1, mas também aumenta os valores de anticorpos neutralizantes de TNF-α e IL-1β abole
de adiponectina significativamente.44 Isso está rela- a ação cardioprotetora e a ativação de Mn-SOD.
cionado com o fato de que indivíduos magros têm No entanto, a administração de TNF-α mostrou um
concentrações mais elevadas de adiponectina do que padrão bifásico de cardioproteção e ativação de
os obesos, sugerindo que perder peso associado ao Mn-SOD como visto com o treinamento físico. Esses
aumento da atividade física propicia maior benefício dados sugerem que o exercício físico induz a pro-
em termos de redução de marcadores inflamatórios dução de radicais livres, incluindo-se ânion superó-
e aumento dos níveis de adiponectina. Além disso, a xido, TNF-α e IL-1β que, contudo, aumenta a síntese
perda de peso, em combinação com atividade física, de Mn-SOD, que desempenha um papel relevante na
ameniza a disfunção endotelial pelo aumento da pro- aquisição da cardioproteção bifásica contra doença
dução de óxido nítrico endotelial.45 arterial coronariana induzida pelo exercício.23,47 Ao
lado disso, as citocinas pró-inflamatórias estimulam
exeRCíCIO físICO e A elAÇÃO COm A a produção de Mn-SOD em diversos tecidos, espe-
eNzImA mANgANês-sUpeROxIDODIsmU- cialmente no miocárdio e, ainda, ativam a síntese de
TAse catalase no tecido arterial e óxido nítrico endotelial,
É interessante notar que o estímulo inicial para o eventos esses que impedem dano ao miocárdico e
aumento da geração de citocinas anti-inflamatórias, aterosclerose.48
de espécies reativas de oxigênio e da enzima man-
ganês-superoxidodismutase (Mn-SOD) é reforçado TReINAmeNTO físICO e fATOR De CRes-
pela produção de citocinas, como o TNF-α, a IL-1β, CImeNTO TRANsfORmANTe beTA
e a IL-6. O exercício causa liberação de citocinas O fator de crescimento transformante beta (TGF-
pró-inflamatórias e essas, por sua vez, desencadeiam β) tem ação anti-inflamatória e proliferativa (fibrose,
a ativação de Mn-SOD e a produção de citocinas espessamentos e neoplasias), papel estimulante sobre
anti-inflamatórias como a IL-10, de antagonista a célula mesotelial e apresenta meia-vida curta, cerca
dos receptores da IL-1β e do fator de crescimento de cinco minutos,49 além da capacidade de desati-
transformante alfa (TGF-α).28 O treinamento físico, var leucócitos e macrófagos, interrompendo, assim,
também, tem sido relacionado com a ação da enzima determinadas correntes inflamatórias.49,50
Mn-SOD. A ação cardioprotetora do exercício físico A ação protetora do TGF-β pode ser atribuída
é paralela à mudança da atividade dessa enzima. O à sua ação anti-inflamatória e anti-TNF (antifator
papel protetor da Mn-SOD contra doença arterial de necrose tumoral), pois bloqueia o aumento dos
coronariana é apoiado pela observação de que níveis níveis circulantes de TNF no plasma,51-54 além de ter
de Mn-SOD extracelular circulantes são mais baixos capacidade de desativar leucócitos e macrófagos,
em homens e em mulheres sedentárias, quando com- inibindo a produção de TNF-α e IL-6. Isso sugere
parados com pessoas treinadas, e que esses teores são que a capacidade do exercício em reduzir o risco
baixos independentemente da associação com histó- cardiovascular e dano cardíaco é devida à sua capa-
ria de doença arterial coronariana.46 Isso sugere que cidade de aumentar o TGF-β e outras citocinas anti-
o efeito benéfico do exercício físico contra ateroscle- inflamatórias e supressoras dos níveis de TNF-α em
rose e doença arterial coronariana é resultante de sua vários tecidos, inclusive no miocárdio e nas células
capacidade de aumentar os níveis de Mn-SOD nos endoteliais.31
tecidos, agindo sobre o ânion superóxido e, assim, Tem-se encontrado que sessões agudas de exer-
impedindo a ação tóxica do último. Nesse contexto, cício físico aumentam os níveis séricos de TGF-β em
é interessante notar que a Mn-SOD tem a capaci- seres humanos,55 sendo esse aumento resultante do
dade de aumentar a meia-vida do óxido nítrico, um tempo de meia vida do fator beta de crescimento.49
potente vasodilatador e antiagregador plaquetário.31 Da mesma forma, Hering e colaboradores56 relataram
Yamashita e colaboradores47 mostraram que o mudanças nas concentrações de TGF-β no plasma

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durante quatro semanas de treinamento físico. Foi de placas ateroscleróticas, bem como ajudar a esta-
observado aumento significativo após duas semanas bilizar as existentes.58
de treino, seguido de declínio a níveis basais após a A Associação Americana do Coração estabe-
terceira e quarta semana. No entanto, a origem do lece então que, a partir dos dois anos de idade, o
aumento de TGF-β no plasma após a carga mecânica incentivo à adoção de estilo de vida ativo deve ser
permanece obscura. Czarkowska-Paczek e colabo- iniciado e mantido por toda a adolescência e a vida
radores57 sugerem que, durante o exercício físico, o adulta. Como orientação geral, as crianças saudáveis
tecido muscular esquelético é influenciado pela con- devem ser encorajadas a praticar atividade física, de
tração muscular em aumentar os níveis de TGF-β forma prazerosa, no lazer ou sob a forma de exercí-
sanguíneo. Segundo esse autor, esse fato sugere que cios físicos programados ou atividades esportivas
o músculo esquelético seja um órgão imunogênico com, no mínimo, trinta minutos por dia, três a quatro
e com isso desencadeador de produção de citocinas, vezes por semana, para adquirir aptidão.58,59
em que se incluem IL-6, IL-8, IL-4, IL-13 e IL-15, Nas atividades aeróbias, recomenda-se como
exercendo seus efeitos em determinados locais, prin- intensidade a zona-alvo situada em 60% a 80% da
cipalmente na formação da placa aterosclerótica. frequência cardíaca máxima, estimada em teste
Isso levanta a questão de o exercício físico influen- ergométrico. Na vigência de medicamentos que
ciar a produção de TGF-β pela contração muscular, modifiquem essa frequência, como os betabloquea-
que indiretamente irá participar da expressão de dores, a zona-alvo permanecerá em 60% até 80% da
citocinas pró e anti-inflamatórias. referida frequência, obtida no teste em vigência do
A capacidade do exercício em aumentar os níveis tratamento.60 Quando não for disponível a avaliação
de TGF-β nos tecidos é notável, pois a TGF-β tem ergoespirométrica, a zona-alvo deverá ser definida
ação desejável na preservação da função miocárdica pela frequência cardíaca situada entre o limiar ana-
e prevenção de doença arterial coronariana. Em estu- eróbio (limiar 1) e o ponto de compensação respira-
dos com animais, que tiveram oclusão da coronária tória (limiar 2).
antes ou imediatamente depois do experimento, o Caso não seja possível estimar a frequência car-
TGF-β diminuiu a quantidade do ânion superóxido díaca máxima em teste ergométrico convencional
na circulação sanguínea, mantendo e ou restaurando ou os limiares 1 e 2 na ergoespirometria, as ativi-
o relaxamento coronariano endotelial dependente, e dades devem ser controladas pela escala subjetiva
impedindo a disfunção no endotélio.51 de esforço, devendo ser caracterizadas como leves
O TGF-β tem a propriedade de desativar espé- ou moderadas. O componente aeróbio das sessões
cies reativas de oxigênio e inibir a produção de de condicionamento físico deve ser acompanhado
TNF. Isso sugere que ele tenha potente ação anti- por atividades de aquecimento, alongamento e desa-
inflamatória. Com isso, tendo em vista o exercício quecimento (volta à calma). Exercícios de resistên-
aumentar os níveis de TGF-β e, consequentemente, cia muscular localizada podem ser utilizados, com
suprimir a produção de TNF-α, fica razoavelmente sobrecargas de até 50% da força de contração volun-
aceitável supor que o exercício é de natureza anti- tária máxima, porém como complemento ao treina-
inflamatória, com ação mediada pela sua capacidade mento aeróbio.
de influenciar a síntese de citocinas. Como o sedentarismo é um substancial fator de
risco de aterosclerose, o exercício físico regular é
pResCRIÇÃO De exeRCíCIO NA ATeROs- de grande relevância na prevenção e no controle das
CleROse doenças arteriais coronarianas, que influencia quase
A atividade física regular constitui medida auxi- todos os seus fatores de risco, como a obesidade,
liar para o controle das dislipidemias e tratamento as dislipidemias, o diabetes melito e a hipertensão
da doença arterial coronariana. A prática de exer- arterial.61 Os benefícios associados ao estilo de vida
cícios físicos aeróbios promove redução dos níveis ativo incluem o controle do peso corporal, a menor
plasmáticos de triglicerídeos, aumento dos níveis de pressão arterial e a predisposição para manutenção
lipoproteínas de alta densidade (HDL), porém sem da atividade física na idade adulta, fatores rela-
alterações significativas sobre as concentrações de cionados com o aumento da expectativa de vida e
LDL. O nível elevado de HDL atua, positivamente, menor risco de desenvolvimento da doença arterial
sobre a os níveis de LDL, ao diminuir a quantidade coronariana.
desta no plasma e provocar diminuição na formação Como se sabe, o processo aterosclerótico antecede

Brasília Med 2011;48(2):163-174 169


Sílvio AnderSon Toledo FernAndeS e ColS.

as manifestações clínicas das doenças arteriais coro- cardiovascular supervisionado, de preferência com
narianas por anos, até mesmo por décadas, e a prática uma equipe multidisciplinar. Para isso, deve ocor-
regular de atividade física diminui a incidência de rer uma avaliação clínica, além de teste ergomé-
morbidade e mortalidade de doenças arteriais corona- trico ou teste cardiorrespiratório em esforço (ergo-
rianas. Parece então ser prudente minimizar ou redu- espirometria) para determinação da capacidade
zir os fatores de risco de doenças cardiovasculares física individual e da intensidade de treinamento a
conhecidos no adulto. Além disso, a atividade física ser preconizada. O programa de treinamento físico
parece ser um fator protetor digno de nota na preven- para a prevenção ou para a reabilitação deve incluir
ção e no controle das doenças arteriais coronarianas exercícios aeróbios, tais como, caminhadas, corri-
por influenciar quase todos os seus fatores de risco.58 das leves, ciclismo, natação e, se possível, aliá-los a
Indivíduos com disfunção ventricular, em recu- um treinamento resistido (com carga) com até 50%
peração de eventos cardiovasculares ou de cirurgias, da carga máxima para evitar as possíveis perdas de
ou mesmo aqueles que apresentem sinais e sinto- massa magra. Na tabela, estão apresentados alguns
mas com baixas ou moderadas cargas de esforço, estudos dos últimos quinze anos referentes ao efeito
devem ingressar em programas de reabilitação do exercício na aterosclerose.

Tabela. Estudos de indicadores de inflamação na aterogênese em relação ao exercício físico

Primeiro autor e Protocolos de Indicador de


Amostra do estudo Resultados principais
ano de publicação treinamento usados aterosclerose

Comparação aguda de três Grupo que exercitou a 80%


Homens jovens e Níveis plasmáticos de
Wang, 199846 intensidades: 40% ou 60% e teve níveis mais altos de
sedentários LDL-ox
80% do VO2max LDL-ox pós-exercício

Doze semanas de
treinamento aeróbio em
Pacientes com Redução na concentração
Adamopoulus, cicloergômetro (70% a 80% MSAC-1, MSCV-1 e
insuficiência plasmática dos marcadores
200122 FCmax.), cinco vezes por PQM-1 plasmático
cardíaca grave inflamatórios
semana, durante uma hora
por dia

Comparação aguda de duas Grupo que fez a sessão a


Homens sedentários Deposição de plaquetas
Cadroy, 200262 intensidades: 50% ou 70% 70% aumentou a tendência
e saudáveis in vitro
do VO2max de deposição de plaquetas

Treinamento aeróbio
moderado em esteira
ergométrica, com duração Diminuição da expressão do
Batista, 200321 Ratos Wistar TNF plasmático
de dez semanas, cinco TNF-α
vezes por semana, durante
uma hora por dia,

Seis meses de treinamento


A ação da insulina foi
físico (quatro dias por
significativamente maior
semana, por cerca de 45 Glicose plasmática
com o exercício. O
Yatagai, 200338 Homens sedentários minutos, em intensidade de de jejum, insulina e
exercício não elevou as
65% a 80% do VO2máx.), sem adiponectina
concentrações plasmática
perda de massa corporal
de adiponectina
magra ou gorda

Comparação crônica Somente o grupo que


Mulheres e homens (doze semanas) de duas treinou a 80% obteve
Sloan, 200763 TNF plasmático
saudáveis intensidades: 60% ou 80% melhora na liberação de
da FCmax TNF pós-exercício

Comparação crônica
Somente o grupo que
(seis semanas) de dois Vasodilatação, pela
treinou por duas horas
Sun, 200864 Ratos Wistar protocolos: duas ou três circulação sanguínea em
obteve melhora na função
horas por dia de esteira resposta à acetilcolina
vasodilatadora
forçada

MSAC-1 – molécula solúvel de adesão celular-1. MSCV-1 – molécula solúvel de célula vascular-1. PQM-1 – proteína quimioatratante para macró-
fagos-1. TNF – fator de necrose tumoral. LDLox – lipoproteína de baixa densidade oxidada. FCmax – frequência cardíaca máxima; VO2max – volume
máximo de oxigênio.

170 Brasília Med 2011;48(2):163-174


exerCíCio FíSiCo e ATeroGêneSe

CONsIDeRAÇÕes fINAIs e possivelmente do fator inibidor da migração de


É evidente, com base na discussão anterior, que macrófagos, outro fator pró-citocina inflamatória,
os benefícios das ações do exercício físico podem e aumenta as de Mn-SOD, IL-4, IL-10 e TGF-β.
estar relacionados à sua capacidade de reprimir a Portanto, mostra ação anti-inflamatória. A capacidade
produção dos marcadores inflamatórios IL-6, TNF- do exercício de aumentar o tônus parassimpático e a
α, proteína C reativa, e moléculas-1 de aderência variabilidade da frequência cardíaca e de aumentar
intracelular e de aumentar a ação anti-inflamatória os níveis de acetilcolina no cérebro podem ser tam-
pela elevação de TGF-β, IL-4, IL-10 e adiponectina. bém um meio próprio de benefício adicional.67 Por
Além disso, o exercício regular estimula a síntese exemplo, um aumento significativo de acetilcolina
de óxido nítrico endotelial e prostaciclina desde as atenua a liberação de citocinas pró-inflamatórias.68
células do endotélio vascular e aumenta a produção De maneira geral, o exercício aeróbico atua tanto
da enzima Mn-SOD. Contudo, o exercício de alta na prevenção, quanto no tratamento da ateroscle-
intensidade induz a produção de radicais livres que rose. Em relação à intensidade do esforço, ainda não
podem causar dano tecidual. Isso é mais frequente há consenso sobre qual intensidade leva a melhores
em corredores de longa distância e em indivíduos resultados no processo aterosclerótico. Essa falta
que correm em distâncias curtas ou longas, mas de consenso pode existir pela falta de padroniza-
não estão acostumados com esse tipo de atividade ção da intensidade do esforço, classificando-se o
física. No entanto, exercício regular e de intensi- esforço por variados fatores, como pelo percentual
dade moderada é altamente benéfico, porque induz do VO2max; pela frequência cardíaca máxima; pela
significativamente a perda de peso em indivíduos frequência cardíaca de reserva; ou pela percepção
obesos e protege contra o desenvolvimento de hiper- subjetiva de esforço (escala de Borg).
tensão, diabetes tipo 2 e doença arterial coronariana. Apesar de diferentes metodologias, algumas evi-
Indivíduos com diabetes tipo 2 que fazem exercícios dências parecem estar claras. De maneira aguda, o
físicos regularmente tiveram diminuição na taxa de exercício físico de alta intensidade leva a aumento
mortalidade por doenças cardiovasculares.43 Mesmo do risco coronariano primário, aumenta o estresse
em mulheres acima de 75 anos de idade, em compa- oxidativo, diminui a função vasodilatadora do orga-
ração com mulheres sedentárias, o aumento da ati- nismo, aumenta a inflamação e a agregação plaque-
vidade física mostrou menor mortalidade por todas tária. É, portanto, contraindicado em pessoas previa-
as causas,65 o que comprova as ações benéficas do mente acometidas de aterosclerose. Cronicamente,
exercício. Em relação à natureza anti-inflamatória alguns estudos demonstram melhora e, outros,
do exercício, sua ação benéfica é vista não apenas piora desses fatores, sendo necessários mais estu-
em casos de obesidade, diabetes melito, hipertensão, dos, tanto em seres humanos quanto em diferentes
doença arterial coronariana, resistência à insulina e modelos animais disponíveis, para melhor elucidar
dislipidemias, mas também na doença de Alzheimer o papel da intensidade do treinamento aeróbico na
e em outras condições, nas quais a inflamação aterosclerose.
desempenha papel significativo.
O exercício regular garante adequada expres- CONflITOs De INTeResses
são de antioxidantes endógenos, como catalase, Todos os autores declararam não haver nenhum
Mn-SOD, anti-inflamatórios, de citocinas IL-10, potencial conflito de interesses referente a este
IL-4 e de TGF-β em vários tecidos para evitar a ate- artigo.
rosclerose e proteger o indivíduo contra as doenças
cardiovasculares. Nesse contexto, a capacidade do
exercício em suprimir a produção de reagente de RefeRêNCIAs
proteína C reativa na fase aguda é interessante por-
que ele demonstra ser um marcador subclínico da 1. Van Gaal LF, Mertens IL, de Block CE. Mechanisms
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LIngUAgEM MédIcA

NEOLOGISMOS DESNECESSÁRIOS OU IMPRÓPRIOS. Palavras inventadas


desnecessariamente são comuns na linguagem médica. Às vezes são desconformes
com as normas gramaticais. Podem apontar esquivez aos dicionários e penúria voca-
bular do escritor. É de boa norma eliminar palavras não dicionarizadas.
Quando uma palavra não constar em dicionários, “o autor comprovará se os
neologismos que pretende usar se coadunam com o espírito da língua e com o voca-
bulário científico e técnico internacional” (Rey, 1976, p. 101).
Atualmente, muitos neologismos não constantes dos dicionários são encon-
tráveis em pesquisas eletrônicas (Internet), mas, para bom uso, é necessário que
sejam morfologicamente analisados, visto que, não raramente, apresentam defeitos
gramaticais. “O neologismo só deve ser incorporado ao vocabulário quando, além
de bem-formado, for necessário. Se outra palavra houver em nosso léxico que lhe
corresponda, deve ser esquecido” (Luiz Antônio Sacconi- 1001 Erros de Português,
p. 45). “Não sendo conveniente nem corretamente formado, o neologismo passa a
ser barbarismo.” (Napoleão de Almeida – Dicionário de Questões Vernáculas, p. 362).
Exemplos de neologismos dispensáveis:

“Pré contrai-se” o vaso para saber se ele relaxou.


Melhor: Contrai-se o vaso antes para saber se ele está relaxado.

Positividade “anticórpica” contra o parasita.


Melhor: positividade de anticorpos contra o parasito.

Déficit atencional.
Melhor: deficiência de atenção.

Simônides Bacelar, revisor de redação científica

174 Brasília Med 2011;48(2):163-174

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