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CRIMES HEDIONDOS

Na esteira da CF 88. Art. 5º (…) XLII a lei considerará crimes

inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da

tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o

terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles

respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo

evitá-los, se omitirem; e a lei 8072/1990, traz somente com

a indicação dos tipos penais considerados hediondos, sem

considerações normativas sobre eles.

Dessa forma, somente será hediondo o crime expressamente

contido no rol trazido pela lei.

Por mais terrível que seja o crime, se ele não está na lista

contida na lei, ele não será considerado hediondo para fins

penais. Neste sentido, o rol de crimes hediondos trazidos

na lei é taxativo. É a própria lei 8072/1990 que ordena

expressamente:

Art. 1 o São considerados hediondos os seguintes crimes,

todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro

de 1940 – Código Penal, consumados ou tentados:

Logo, somente crimes tipificados no CP, sejam consumados,

sejam tentados, e mencionados literalmente na lei de

crimes hediondos serão assim considerados.

É preciso atenção ao homicídio privilegiado-qualificado.

Ou seja, aquele homicídio que é qualificado, nos termos do

§2º do art. 121, CP.

Nestes casos, o crime não é considerado hediondo, pois

há predomínio do motivo sobre o meio ou o modo de

execução do homicídio. Isso, conforme o escólio de NUCCI

(2015) e a jurisprudência do STJ.


CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS

Eles não estão no fechado rol do art. 1º suso mencionado, mas a própria lei de crimes hediondos lhes dá tratamento penal
como se hediondos eles fossem.

Em relação aos crimes equiparados a hediondo há de se atentar para o entendimento jurisprudencial do STF sobre o
chamado tráfico de drogas privilegiado. A Corte Excelsa entende
em relação a esta espécie de tráfico de drogas, que as penas
podem ser reduzidas, conforme o art. 33, §4º, da Lei
11.343/2006, que não deve ser considerado crime de natureza
hedionda.

DAS CONSEQUÊNCIAS LEGAIS DEVIDO A PRÁTICA DE CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS A HEDIONDOS

A lei 8072/1990 traz uma relação de consequências penais e processuais penais em relação aos agentes criminosos que
perpetram crimes hediondos ou equiparados a hediondos. Quem pratica estes tipos de crime não tem direito a Graça,
Anistia, Fiança e Indulto (G-A-F-I). Trago em seguida uma abordagem sistematizada desses institutos em prol dos seus
estudos:

A lei determinou que os condenados a estes têm suas


penas cumpridas inicialmente em regime fechado.

A progressão de regime, no caso dos condenados pelos


crimes hediondos e equiparados a hediondos, dar-se-á
após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena (40%
da condenação), se o apenado for primário, e de 3/5 (três
quintos) da pena (60% da condenação), se reincidente,
observado o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 112 da Lei
7210/1984, Lei de Execução Penal (LEP).

DEMAIS QUESTÕES LEGAIS RELEVANTES

Primeiro, a lei ordena, de forma dispensável, que em caso de sentença condenatória, cuja permanência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade
o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. Essa é, em pública. Esse mandamento legal foi cumprido pelo Governo federal através da
verdade, a regra geral. O Juiz criminal competente é quem decide sempre de forma construção dos atuais cinco (05) presídios federais existentes: Catanduvas/PR,
fundamentada sobre a liberdade ou encarceramento do indiciado ou réu levando inaugurado em 23/06/2006; Campo Grande/MS, inaugurado em 21/12/2006; Porto
em conta circunstâncias de fato e de direito, bem como requisitos e pressupostos Velho/RO, inaugurado em 19/06/2009; Mossoró/RN, inaugurado em 03/07/2009 e
legais, como, por exemplo os contidos nos art. 312 e 313 do CPP. Brasília/DF – inaugurado em 16/10/2018.

Segundo, a lei de crimes hediondos estabeleceu um prazo diferenciado para Prisão Quarto, a lei modificou as penas do crime de associação criminosa (que antes tinha
Temporária, nos termos da Lei 7960/1989, no que se refere a indiciados que são o nomen iuris de “quadrilha ou bando) previsto no art. 288, CP para 3 a 6 anos de
investigados pela prática de crimes hediondos e equiparados a hediondos. Nestes reclusão, quando se tratar de crimes hediondos ou equiparados a hediondos.
casos, a Prisão Temporária (espécie de prisão cautelar, ao lado das outras duas
modalidades de prisão provisória do nosso ordenamento jurídico: a Prisão em Quinto, a lei previu a possibilidade de Colaboração Premiada no contexto da
Flagrante e a Prisão Preventiva) terá o prazo de 30 dias, prorrogável por igual Associação Criminosa na medida em que o participante e o associado promove a
período em caso de extrema e comprovada necessidade. delação à autoridade da societas sceleris, possibilitando seu desmantelamento. Como
benefício o Colaborador poderá ter a pena reduzida de ⅓ (um terço) a ⅔ (dois terços).
Terceiro, a União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima,
destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade,

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