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2018
Vulnerabilidades e riscos
Em 2017, a dívida total das sociedades não financeiras e dos particulares, medida em
percentagem do produto interno bruto, continuou a diminuir, prosseguindo a tendência
observada desde 2010. Esta evolução foi acompanhada por um aumento da autonomia
financeira das sociedades não financeiras, que, em 2017, atingiu o valor máximo da série
histórica; este acréscimo foi especialmente significativo nas pequenas e médias empresas e
coexistiu com uma recuperação do investimento empresarial, conduzida pelas empresas com
menores rácios de dívida financeira.
Apesar destes progressos, os rácios de endividamento das empresas e das famílias mantêm-se
entre os mais elevados da área do euro, num contexto de baixo crescimento potencial, pelo
que um agravamento dos custos de financiamento, ainda que gradual e associado a uma
recuperação do rendimento, poderá ter efeitos na capacidade de servir a dívida. No caso dos
particulares, tem-se assistido ainda a um forte crescimento do crédito ao consumo e das novas
operações de crédito à habitação, evidenciando uma menor restritividade nos critérios de
concessão de crédito.
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Comunicado do Banco de Portugal sobre o Relatório de Estabilidade Financeira de junho de
2018
estabilização das equipas de gestão de várias instituições, com base em processos de avaliação
particularmente exigentes.
O crescimento dos preços no segmento imobiliário residencial tem sido particularmente forte.
Na segunda metade de 2017 começaram a surgir alguns sinais, embora muito limitados, de
sobrevalorização dos preços neste segmento. Após uma queda acentuada no período entre
2007 e 2013, os preços do imobiliário comercial apresentam sinais de alguma recuperação,
mas de forma mais contida do que no segmento residencial. Em 2017, 80% do investimento no
mercado imobiliário comercial português foi efetuado por não residentes, maioritariamente
fundos. Muito embora os bancos portugueses não estejam a ser os principais dinamizadores
do mercado imobiliário, um eventual decréscimo acentuado de preços neste mercado teria
efeitos negativos sobre o setor bancário, condicionando a venda dos imóveis detidos pelas
instituições de crédito e dificultando a diminuição dos NPL associados a crédito garantido por
imóveis.
Finalmente, e apesar de na sequência da crise financeira ter existido um ímpeto para tornar a
arquitetura institucional da área do euro mais solidária na partilha de riscos e capaz de uma
resposta firme a futuras crises, a União Bancária permanece incompleta, o que também coloca
riscos para a estabilidade financeira.
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Comunicado do Banco de Portugal sobre o Relatório de Estabilidade Financeira de junho de
2018
Política macroprudencial
Para garantir que as instituições de crédito e as sociedades financeiras não assumem riscos
excessivos na concessão de novo crédito e que os mutuários têm acesso a financiamento
sustentável, o Banco de Portugal, na qualidade de autoridade macroprudencial nacional,
emitiu uma recomendação dirigida aos contratos de crédito celebrados com consumidores
(crédito à habitação, crédito com garantia hipotecária ou equivalente e crédito ao consumo) a
partir de 1 de julho de 2018, introduzindo limites a alguns dos critérios que as instituições
devem observar na aferição de solvabilidade dos mutuários.
Retirado de https://www.bportugal.pt/print/412991
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