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Funcionalismo

O que é o funcionalismo?
❖ Corrente de pensamento
❖ Possui as seguintes características:
➢ função: pode ser descrita em duas formas
■ qualquer relação os correlação entre duas variáveis
(matemática)
■ utilidade, serventia (administração)
➢ modelo organicista de sociedade (vê a sociedade como um corpo,
onde as instituições e pessoas funcionam como parte do sistema,
cada uma com uma função dentro do sistema/corpo)
■ para o “corpo” sobreviver é preciso de equilíbrio
■ visão conservadora da sociedade, para que tudo funciona de
forma harmônica e imutável
➢ epistemologia positivista
■ tem como modelo principal as ciências naturais (empiristas e
quantitativistas)
■ usa o passado como padrão e referência para as experiências
futuras
■ quando isso é levado para a visão da sociedade, a tendência é
fazer uma pesquisa quantitativa e chegar a um certo padrão
que não gera conflitos ao modo como a sociedade está
funcionando
➢ atualização: teoria de sistema
■ não se defende mais a homeostase (equilíbrio) do sistema

Laswell
Funções dos meios de comunicação: 3 funções

1- Vigilância mediatizada do contexto social:


❖ os meios de comunicação vigiam a sociedade e avisam as instâncias
sociais que aquele problema está acontecendo
2- Integração dos diferentes componentes da sociedade
❖ integração de grupos sociais diferentes, pensamentos diferentes para a
formação de uma unidade social
3- Transmissão da herança cultural:
❖ os meios de comunicação sintetizam os saberes (tradições, costumes) da
sociedade e transmitem para as novas gerações

Wright acrescenta uma função a mais:


4- Função do entretenimento
❖ cabe aos meios de comunicação a função de lazer doméstico
❖ as mídias de massa (rádio, televisão) eram usadas pelas pessoas mais por
lazer, entretenimento do que por fins educativos

Funções: informar, reunir, educar e distrair

Quais são os efeitos dos meios de comunicação?

Laswell

❖ A mídia afeta pelos conteúdos


➢ o que ocasiona efeitos de reação (de forma gradativa)
■ atenção (seletiva): diante de um rádio, televisão você pode
prestar atenção ou não
■ prestando atenção, a pessoa entra na compreensão
■ com o entendimento da mensagem, começa o processo de
fruição: a pessoa passa a processar a mensagem (pode se
ligar emocionalmente ou não)
■ avaliação: ela avalia se aquilo lhe interessa ou não, serve para
ela ou não
■ ação: a pessoa parte para a ação
❖ Segundo Laswell, existe uma gradação dos efeitos da mídia. Mas, para
essa gradação ocorrer é preciso:
➢ Identificação projetiva: o receptor deve se identificar com os
conteúdos por meio de uma projeção psicológica. A pessoa acha
que determinado conteúdo é relevante porque ela entende que ele
se aproxima do seu modo de vida, modo de ser.
➢ Anseios: o conteúdo se aproxima das suas expectativas (latentes ou
não)
➢ Influência do contexto social
❖ Lazarsfeld também foi um estudioso dos efeitos da mídia sobre a
população. A ótica dele é mais instrumental, por ter trabalhado como
assessor de políticos e ter sido o primeiro a fazer uma pesquisa
quantitativa na comunicação. Ele queria saber a “eficácia” das mídias, o
que faz elas funcionarem.
➢ Para ele o receptor não somente “reage”, quem recebe a mensagem
também faz escolhas
■ a exposição é seletiva (nichos de mercado, como chamam
hoje em dia) - as diferenças de perfil social denotam
diferenças de preferências de conteúdo, e as mídias para
serem eficazes devem efetuar a exposição dos conteúdos de
forma seletiva
■ two steps flow (líder de opinião) - os conteúdos devem ser
dirigidos para líderes de opinião, que depois irá transmitir o
conteúdo para a população
■ superinformação é desinformação virtual - ao sobrecarregar
o receptor de conteúdo, ele pode ficar sem possibilidades de
escolhas racionais, o que gera desinformação
➢ Elihu Katz foi outro teórico funcionalista que se preocupou com os
efeitos funcionais da mídia. Ele desenvolveu a teoria de “usos e
gratificações”
■ os meios são eficazes na medida em que satisfazem
necessidades (utilitarismo - a comunicação preenche as
necessidades)
■ perspectiva do "receptor ativo”, não simétrico à emissão.
Uma pessoa escutando uma rádio, por exemplo, não recebe
passivamente o conteúdo.
■ os meios são reforços de preferências, preenchem as
necessidades da sociedade/receptor :
● cognitiva (busca por conhecer alguma coisa)
● afetivas (necessidade de gratificação emocional)
● integrativas de personalidade (necessidade de se
sentir aprovado, de que é uma pessoa normal dentro
da sociedade)
● integrativas sociais (necessidade de sentir incluídas
em algum grupo)
● evasivas (necessidade de distrair da realidade, do
mundo)
Neofuncionalismo / Hiperfuncionalismo

Niklas Luhmann - Teoria dos Sistemas Sociais

Sistema: todo e qualquer lógica que faça sentido para si mesmo. Todo sistema
tem como único objetivo a própria sobrevivência. Para isso ele precisa se
relacionar com o seu entorno (aquilo fora do sistema, mas necessário para a
sobrevivência do sistema)
❖ A relação entre sistema e entorno é uma relação de troca (inputs e
outputs)

Porém, os autores descobriram que existe uma diferença fundamental entre o


entorno e o sistema. O primeiro é muito mais complexo, oferecendo risco ao
sistema por desafiá-lo a resolver sua complexidade.
❖ O sistema tenta com todas as suas capacidade controlar o entorno. Como
consequência o sistema aumenta a sua própria complexidade, chegando
ao ponto de ser complexo demais para si próprio
➢ Luhmann chama isso de dupla contingência: o sistema é obrigado a
lidar com a complexidade do entorno e dele próprio
➢ Com a dupla contingência o sistema via se tornando cada vez mais
improvável

Luhmann fala que os seres humanos têm três tipos de sistema:


❖ Orgânico (corpo): produtor de vida
❖ Psíquico (mente): produtor de pensamento
❖ Social (sociedade): produtor de comunicações

A comunicação para Luhmann passa a ser uma forma de explicar o sistema da


sociedade.

Os três sistemas se relacionam entre si, sem se comunicarem entre si. Eles se
irritam, entram em conflito. Diferente dos outros funcionalistas, não há a ideia
de equilíbrio.
❖ A noção de comunicação para Luhmann é uma noção de alta
improbabilidade porque depende de um funcionamento de sistema de
alta complexidade, o que dificilmente dá certo.
➢ a linguagem que circula dentro da sociedade, ao invés de produzir
equilíbrio, gera diferenças e conflitos.
Para entender as teorias da comunicação - TEMER

Funcionalismo

❖ É uma corrente de pensamento que vê os processos sociais como


sistemas que trabalham para manter o funcionamento da sociedade. Uma
analogia aos diversos órgãos e sistemas que trabalham para manter o
funcionamento do corpo.
➢ A função de cada parte é conservar o todo e manter o equilíbrio.
Para isso acontecer é preciso que as partes troquem informações e
se relacionem em diversos níveis.
❖ Para o funcionalismo, os costumes ou tradições contribuem para a
manutenção do equilíbrio social.
❖ Existe uma lógica por trás dos fenômenos sociais: as relações de
funcionalidade. O sistema é entendido como um organismo cujas
diferentes partes desempenham papéis de manutenção e integração do
sistema, e a ação social baseia-se na adesão aos valores interiorizados e
institucionalizados.
❖ Nesse sentido, Lasswell começa a estudar os meios de comunicação de
massa e o papel que eles desempenham na sociedade. Ele chega a
conclusão que esses meios são um conjunto de instituições que
funcionam para manter o equilíbrio do “sistema social”.

A corrente funcionalista busca entender a relação entre o indivíduo, meio de


comunicação e sociedade. As questões deixam de ser os efeitos dos meios de
comunicação, mas a função que eles exercem.

Porém, com os avanços dos estudos, algumas falhas foram apontadas no


trabalho de Laswell. Mais tarde, dois pesquisadores acrescentaram uma nova
função à comunicação de massa : o entretenimento.

Paul Lazarsfeld e Robert Merton estudaram as eleições presidenciais dos EUA


em 1940 e apresentaram como função da comunicação:
❖ Atribuição de status (para estabilizar e dar coesão à hierarquia social)
❖ Execução interna das normas sociais (normatização)

Lazarsfeld e Merton também introduziram o conceito de disfunções e a


diferenciação entre funções latentes e manifestas. Os autores definiram as
funções como adaptação do sistema e as disfunções como falhas da
comunicação, definindo a problemática da comunicação de massa a partir do
ponto de vista da sociedade, do seu equilíbrio, da perspectiva do funcionamento
de seu conjunto e da contribuição que os seus componentes dão a esse
conjunto.

Disfunções: quando os fluxos informativos que circulam livremente podem


ameaçar a estrutura fundamental da sociedade; ou o excesso de informação
pode conduzir a uma esfera de experiências e relações próprias

Disfunção narcotizante: considerando que a existência de massas apáticas é


contrária ao interesse da sociedade; a disfunção narcotizante ocorre quando o
excesso de informação pode levar à apatia, à ausência de ação.

Funções manifestas: são aquelas compreendidas e desejadas pelos participantes


do sistema

Funções latentes: são aquelas que não são compreendidas nem desejadas pelos
participantes do sistema

Nos estudos funcionalista a principal metodologia utilizada foi a análise de


conteúdo junto com a pesquisa quantitativa sobre o conteúdo da imprensa.

O processo de comunicação é visto como algo estruturado socialmente. Emissor


e receptor são analisados como membros do grupo social em que vivem. Esses
grupos sociais condicionam a produção e a recepção da mensagem, interferindo
na interpretação dos conteúdos. Aqui, a ideia de que a comunicação é um
processo de persuasão perde força, ela passa a ser vista como um processo de
influência recíproca, condicionada pela realidade dos grupos sociais onde
ocorre.
Resumo do Paradigma
A teoria de Lasswell buscou entender os efeitos da comunicação nos indivíduos.
Já a teoria de Lazarsfeld e Merton buscou compreender a função da
comunicação.

- A comunicação existe para manter estruturas de ordem social


pré-existentes (governo, igrejas, escolas, etc)
- Não há uma noção de dominação, ou persuasão, apenas equilíbrio social

Lazarsfeld e Merton desenvolveram os estudos nos EUA após a segunda guerra


mundial em um período em que a TV estava se consolidando como um
importante meio de comunicação, substituindo o rádio, o impresso e o cinema.
A noção de manutenção de valores sociais pelos meios de comunicação é bem
explícita nesse período, já que o governo norte-americano recorreu a produtos
de comunicação em massa para vender o “american way of life”, o estilo de vida
norte-americano, que competia diretamente com os valores socialistas da União
Soviética.

A teoria foi primeiramente desenvolvida em uma época em que a terceira guerra


mundial era vista como uma real possibilidade e o medo do “fim do mundo” algo
compreensível. Os funcionalistas teorizaram que os meios de comunicação
eram utilizados, não para informar a população, mas manter um conformismo
com a ordem social, atuando quase como uma válvula de escape, uma distração
da realidade.

Dessa forma, a teoria funcionalista não dá às pessoas o direito de pensar, mas


somente receber as informações. Os meios de comunicação de massa criam
uma “zona de conforto”, eles mantêm toda a ordem social no qual os indivíduos
vivem e, por isso, quando esse conforto é rompido, as pessoas se desesperam,
não sabem o que fazer. Um exemplo é o famoso programa de rádio
norte-americano “Guerra dos Mundos” em que o apresentador Orson Welles
narrou uma invasão fictícia de alienígenas no país, mas a reação dos ouvintes foi
de desespero geral.
Analisando sob essa perspectiva, as fake news sobre o coronavírus não passam
de uma tentativa de manter uma certa “ordem” (por mais distorcidas que sejam).
A situação pandêmica em que vivemos foge da antiga realidade de ordem, como
se os alienígenas de Welles tivessem invadido a Terra e transformado a vida das
pessoas em caos. Porém, alguns indivíduos preferem se alienar da realidade e
manter um conformismo com o passado. Quem compra e toma cloroquina
acredita que existe um tratamento para a Covid-19; quem culpa os chineses pela
pandemia, acredita que não existem vírus na natureza capazes de matar milhões
de seres humanos, esses vírus só existem se criados em laboratórios; quem se
recusa a tomar as vacinas é porque compactua e acredita no Governo Federal e
vê na figura do Bolsonaro (que ainda se recusa a tomar a vacina) o exemplo a ser
seguido, afinal ele como presidente é a representação de uma instituição que
estabelece a ordem social.

sobre mais recentes também podem ser vistas como uma disfunção da ordem
social que os meios de comunicação devem manter.

Em relação ao indivíduo, o mass media possui três funções:


- legitimação de pessoas, isto é, atribuição de posição social e prestígio à
pessoas que são objetos de atenção dos mass medias (celebridades)
- criação de padrões de comportamentos (qualquer pessoa que destoa
desse comportamento padrão está fora do equilíbrio da sociedade, criam
disfunções)

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