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Programas de promoção da saúde do idoso:

ARTIGO ARTICLE
uma revisão da literatura científica no período
de 1990 a 2002

Health promotion programs for the elderly:


a review of cientific literature from 1990 to 2002

Mônica de Assis 1
Zulmira M. A. Hartz 2
Victor Vincent Valla 2

Abstract This article presents a panel about the Resumo O artigo mostra as experiências de
experiences on evaluation of health promotion avaliação em promoção da saúde do idoso a par-
programs for the elderly starting from a systemat- tir da revisão de programas na área. Fez-se busca
ic literature review. A bibliography search was bibliográfica em bases de dados, sites e periódicos
performed on databases, on websites and special- especializados, no período 1990-2002. O critério
ized journals published between 1990 and 2002. de inclusão foi ser programa com foco multitemá-
Only programs with multi-theme focus that con- tico com atividades educativas e/ou preventivas.
templated educative and/or preventive activities Os estudos revisados revelam um campo multifa-
were considered. The data revealed a multidi- cetado quanto às tendências teórico-metodológi-
mensional field regarding theoretical and meth- cas e às estratégias de pesquisa. Na experiência
odological trends and research strategies. In inter- internacional predomina o estudo quase-experi-
national cases, a study design prevails that is qua- mental, enquanto no Brasil são comuns os relatos
si-experimental. In Brazil, reports of experiences de experiências. As principais dimensões avalia-
are more common. The most important dimen- das nos estudos são a receptividade dos idosos, a
sions evaluated on these works are the receptivity melhoria de indicadores psicossociais, a aderência
among the elderly, the improvement of psycologi- a recomendações comportamentais e o processo
cal and social indicators, the adherence to behav- educativo. Nos resultados destacam-se a boa re-
ioral recommendations and the educative process. ceptividade dos idosos e certa discrepância de
The results indicate good adhesion among the el- efeitos na aferição quantitativa de indicadores.
derly and discrepancy of effects on the quantita- Os estudos qualitativos apontam caminhos para
tive measurement of indicators. The qualitative apreensão dos processos. Conclui-se que a avalia-
results point to ways of understanding these proc- ção em promoção da saúde do idoso é pouco de-
esses. One can conclude that the evaluation on senvolvida no Brasil e a pesquisa de síntese dos
health promotion programs for the elderly is still programas pode ser parâmetro para o desenvolvi-
1 Universidade Aberta weakly developed in Brazil and that the research mento das experiências em nosso contexto.
da Terceira Idade, UERJ. of the synthesis of the evaluated programs can be Palavras-clave Promoção da saúde do idoso,
Rua São Francisco Xavier
525, bloco F, 10o andar, a parameter for the development of experiences in Avaliação de programas, Educação em saúde
Maracanã, 20550-011, our context.
Rio de Janeiro RJ. Key words Health promotion elderly, Programs
www.unati.uerj.br
2 Escola Nacional de Saúde evaluation, Health education
Pública, Fiocruz.
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Assis, M. et al.

Os programas devem oferecer um espaço em rico-metodológicos para a análise de experiên-


que a reformulação de padrões tradicionais de cias similares.
envelhecimento possa ser uma experiência cole-
tiva e no qual participar deles ativamente signi-
fique viver intensamente uma nova etapa da vi- Metodologia
da, um momento próprio para exploração da
identidade e de novas formas de auto-expressão O conjunto de estudos analisados foi identifi-
(Maria Auxiliadora C. Ferrari, 1999). cado através de pesquisa bibliográfica sistemá-
tica, cuja principal fonte foram as bases de da-
dos Medline e Lilacs, no período 1990-2002, a
Introdução partir das expressões health promotion elderly
program e programa de promoção da saúde do
Programas de promoção da saúde do idoso são idoso. Também foram revisados periódicos de
cada vez mais requeridos em face das deman- saúde pública, envelhecimento e educação em
das crescentes do envelhecimento populacio- saúde, disponíveis em bibliotecas especializa-
nal. A promoção da saúde é um tema em evi- das (UnATI/UERJ, ENSP, USP, IMS/UERJ),
dência na atualidade e que traz desafios para a além de sites e livros sobre o assunto.
ampliação das práticas no sentido de ressaltar Na busca bibliográfica geral nas bases de
os componentes socioeconômicos e culturais dados observou-se que a maioria dos estudos
da saúde e a necessidade de políticas públicas e enfoca pontualmente uma temática, seja o con-
da participação social no processo de sua con- trole de patologias (osteoporose, câncer, doen-
quista (Buss, 2003; Rootman, 2001). Do ponto ças cardiovasculares, depressão, demências,
de vista gerontológico, o tema converge com a dentre outras), sejam os fatores de risco ou
promoção do envelhecimento ativo, caracteri- ações específicas, como quedas, saúde oral,
zado pela experiência positiva de longevidade imunização, alimentação e, destacadamente,
com preservação de capacidades e do potencial atividade física.
de desenvolvimento do indivíduo, para o que a Por ser um campo extremamente diversifi-
garantia de condições de vida e de políticas so- cado, optou-se pela inclusão apenas de progra-
ciais são uma prerrogativa (WHO, 2002). mas com foco multitemático e características
A incorporação da visão de promoção da próximas à experiência realizada no NAI/UnA-
saúde nos programas para idosos supõe uma TI (ação educativa articulada à avaliação indi-
abordagem crítica da prevenção e da educação vidual com fins preventivos e assistenciais). Pa-
em saúde e pode ser vista como um processo ra maior homogeneidade dos programas anali-
social em curso, complexo, que vem sendo esti- sados, não foram incluídas avaliações globais
mulado em nível internacional por fóruns e sobre as experiências das Universidades de Ter-
documentos institucionais desde meados da ceira Idade, apesar de se reconhecerem estes es-
década de 1980. paços como promotores de saúde por excelên-
O estudo apresentado neste artigo integrou cia (Neri & Cachioni, 1999, e Frutuoso, 1999).
o processo de avaliação do projeto de promo- O quadro 1 mostra os critérios definidos no
ção da saúde desenvolvido no Núcleo de Aten- processo de busca e ilustra as temáticas recor-
ção ao Idoso (NAI), um dos ambulatórios da rentes na literatura. Como se observa, outros
Universidade Aberta de Terceira Idade – UnA- eixos de interesse foram incluídos, mas a análi-
TI/UERJ (Assis, 2004). O projeto é uma inicia- se tomará como alvo os programas, delimita-
tiva interdisciplinar que busca articular práti- dos da maneira apontada.
cas educativas com idosos a ações preventivas e De modo geral, constata-se a disparidade
assistenciais, orientadas por princípios da Edu- entre a literatura internacional e a latino-ame-
cação Popular em Saúde (Vasconcelos, 2001; ricana em termos de volume dos estudos e
Valla, 2000). Experiências próximas a esta vêm também quanto à sua densidade (quadros 2 e
sendo implantadas no Brasil e impõem a ne- 3). No que tange ao Brasil, tal fato mostra, den-
cessidade de avaliação como estratégica para a tre outros aspectos, a trajetória recente da
expansão dos programas para idosos no país. abordagem do envelhecimento, refletindo a
O objetivo do texto é apresentar um painel ainda pequena produção sobre avaliação de
de como a avaliação de programas de promo- programas nesta área.
ção da saúde do idoso aparece na literatura Pela razão exposta, os critérios para inclu-
contemporânea e possibilitar parâmetros teó- são de estudos nacionais foram flexibilizados
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Quadro 1
Critérios de inclusão e exclusão na revisão sistemática da literatura sobre programas de promoção da saúde do idoso.
Inclusão Exclusão
• Foco na população idosa • Programas relacionados ao controle de doenças, ações ou
• Discussão conceitual e/ou institucional sobre promoção da saúde fatores de risco específicos (osteoporose, câncer, imunizações,
• Programas de promoção da saúde com foco multitemático saúde oral, fumo, quedas, doença cardiovascular, depressão,
e características próximas ao PPS do NAI/UnATI saúde mental, atividade física, alimentação, dentre outras)
• Aspectos políticos na implantação de programas • Programas dirigidos a subgrupos específicos dos idosos
• Avaliação de autocuidado / problematização (asilados, área rural, grupos étnicos, etc.) => exceção para
sobre prevenção, crenças e comportamento em saúde mulher e idosos de baixa renda
• Envelhecimento saudável, apoio social e saúde do idoso • Programas sem foco na população idosa
• Avaliação multidimensional / estudos epidemiológicos • Estudos sobre efeitos da atividade física (pesquisa básica,
sobre qualidade de vida do idoso desporto, etc.)
• Aspectos sobre práticas profissionais específicas • Estudos sobre questões nutricionais específicas
em promoção da saúde • Comentário de caráter geral (1 ou 2 pág.)
• Comunicação / educação em saúde / aconselhamento • Referência sem resumo e/ou de interesse improvável
• Idioma não acessível (outros além do inglês, espanhol e francês)

Quadro 2
Revisão bibliográfica sobre Programa de Promoção da Saúde do Idoso, nas bases de dados Medline e Lilacs, 1990-2002.
Palavras-chave No de estudos
Relacionados Pré-selecionados Eliminados Revisão pelos critérios
na Base pelo resumo gerais de inclusão
Medline
Health Promotion 2021 120 5 115
Elderly Program

Lilacs
Programa Promoção Saúde Idoso 7 1 1 –
Educação em Saúde do Idoso* 45 9 5 4

Total 52 10 6 4
* A busca através dessa expressão ocorreu devido ao número pequeno de referências obtido com a primeira.
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Assis, M. et al.

Quadro 3
Revisão bibliográfica sobre Programa de Promoção da Saúde do Idoso, nas bases de dados Medline e Lilacs,
segundo foco temático, 1990-2002.
Foco temático No estudos
Medline Lilacs Total
• Discussão conceitual e/ou institucional 25 0 25
• Programas de promoção da saúde com foco multitemático 23 3 26
e características próximas ao PPS do NAI/UnATI
• Aspectos políticos na implantação de programas de promoção da saúde 2 0 2
• Avaliação de autocuidado / problematização sobre crenças 25 1 26
e comportamento em saúde
• Apoio social e saúde do idoso 1 0 1
• Avaliação Multidimensional / estudos epidemiológicos gerais 6 0 6
sobre qualidade de vida do idoso
• Aspectos sobre práticas profissionais específicas em promoção da saúde 4 0 4
• Comunicação / Educação em Saúde / Aconselhamento 10 0 10
• Não classificada por falta de resumo 19 0 19

Total 115 4 119

para garantir o acesso a um conjunto mínimo orias dos programas, tal como proposta na me-
de experiências, semelhantes a outras em curso todologia de síntese realista de Pawson (2002),
no país mas não avaliadas e/ou divulgadas via porém busca igualmente tirar lições não apenas
publicação. Os estudos não totalmente enqua- dos sucessos dos programas mas de seus meca-
drados nos critérios são os de Lopes et al. nismos e obstáculos. Assume-se a importância
(1999) e Portella (1999) por se dirigirem tam- da pesquisa de síntese para o desenvolvimento
bém à população adulta, e o de Rodrigues et al. de políticas, especialmente para o diálogo das
(1999), por motivo similar dado o corte etário iniciativas em curso com a construção contem-
de 44 anos. Outra característica da produção porânea do referencial da promoção da saúde.
brasileira, como já sugerido, é que boa parte
não se refere a estudos propriamente de avalia-
ção, mas são relatos de experiência que con- Resultados
templam aspectos avaliativos.
A busca em fontes diversas é apresentada 1. Características institucionais
no quadro 4 e obedece a períodos de tempo va- e perfil da população envolvida
riados conforme a disponibilidade dos acervos.
Aqui é apresentado especificamente a busca de A maioria das experiências no Brasil é de-
programas de acordo com o critério proposto. senvolvida em serviços públicos de saúde, vin-
Dos 35 programas identificados foram efeti- culada à assistência regular. Dentre as demais,
vamente acessados 20 estudos (11 internacionais duas são realizadas em instituições de ensino
e 9 brasileiros), em função dos limites encontra- via extensão universitária, uma pela Sociedade
dos nos meios de comutação bibliográfica. Brasileira de Geriatria e Gerontologia e uma
A sistematização adiante apresentada desta- outra sem vínculo institucional. Nos estudos
cará a experiência internacional e a brasileira e internacionais observa-se algo semelhante,
terá como base os seguintes eixos de análise: as com o diferencial de que em dois programas as
características institucionais dos programas e ações são oferecidas de modo subordinado à
da população envolvida, a forma como estrutu- pesquisa e de que predominantemente há fi-
ram e organizam a ação educativa, o desenho nanciamento específico por parte de agências
metodológico da avaliação e os principais resul- públicas ou privadas.
tados, limites e recomendações. A revisão siste- O padrão internacional e brasileiro tam-
mática pretendida não abrange a análise das te- bém assemelha-se quanto às áreas profissionais
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Quadro 4
Revisão bibliográfica sobre Programa de Promoção da Saúde do Idoso em periódicos selecionados e outras fontes.
Editor ou local Período No estudos
Periódicos das áreas de saúde pública,
envelhecimento e outras
Cadernos de Saúde Pública ENSP 1992-2002 0
Saúde em Debate CEBES 1992-2002 0
Ciência e Saúde Coletiva Abrasco 1996-2002 0
Physis IMS/UERJ 1991-2001 0
Revista de Saúde Pública USP/SP 1992-2002 0
Revista Panamericana de Salud Pública OPAS 1992-2002 0
Textos sobre Envelhecimento UnATI/UERJ 1998-2002 1*
A Terceira Idade SESC/SP 1988-2001 0
Arquivos de Geriatria e Gerontologia SBGG/RJ 1996-2000 0
Gerontologia SBGG/SP 1993-2000 3
Bulletin on Ageing Ong Int. 1991-2000 0
Ageing and Society Cambridge 1995-1999 0
Research on Aging Londres 1992-2002 1
The Gerontologist EUA 1990-2002 1
The Journals of Gerontology ONU 1994-1998 0
Revista Brasileira de Enfermagem ABENF 1992-2002 1

Outras fontes
Livros/Capítulos – – 1
Sites da área – – 1
Teses da Fiocruz Fiocruz /RJ 1990-2002 1
Banco de Teses Capes – 1996-2002 0

Total 9
* Artigo não incluído na revisão por ser referente à experiência do projeto de promoção da saúde do NAI/UnATI.

envolvidas nas ações com os idosos. Em meta- tégias ocorre em quatro experiências interna-
de dos estudos a equipe é composta de pelo cionais, enquanto no Brasil quatro programas
menos três áreas diferentes, com predomínio se desenvolvem na própria rotina de assistência
das clássicas profissões ligadas à saúde mas à saúde.
com presença de variados campos disciplina- Nos estudos internacionais, a maioria da po-
res. É expressivo também o número de progra- pulação idosa envolvida encontra-se relativa-
mas com apenas uma área envolvida, comu- mente bem, dispõe de seguro saúde, possui nível
mente a enfermagem, presente em seis dos sete educacional alto e status de saúde e renda acima
estudos nesta condição. Três programas não da média. Apenas dois são realizados com ido-
mencionam a composição da equipe. sos pobres, enquanto dois têm níveis socioeco-
A dinâmica do trabalho em equipe multidis- nômicos diversificados. No Brasil, a maioria dos
ciplinar não é clara na maior parte dos traba- trabalhos não apresenta dados da população
lhos. É possível observar que muitas vezes trata- participante ou limita-se a variáveis como sexo,
se da participação estanque de profissionais de idade, ou área geográfica. Dos três estudos que
áreas diversas sem maior integração. Poucas ex- especificam um pouco mais, um é realizado com
periências referem espaços de encontro e cons- população idosa com indicadores mais favorá-
trução conjunta do trabalho pela equipe. veis que a média nacional, enquanto dois são
Quanto ao formato dos programas, metade com usuários do SUS, em bairros periféricos,
se estrutura para oferecer atividades educativas com grande índice de analfabetismo e baixa es-
em nível coletivo e dois se baseiam somente em colaridade. As mulheres são a maioria no con-
ações preventivas individuais de screenings e junto global dos programas e o estado conjugal
aconselhamento. A combinação das duas estra- é variado, com predomínio de viúvas.
562
Assis, M. et al.

2. Estruturação e bases teóricas das ações das à saúde no processo de envelhecimento,


com ênfase em dimensões do autocuidado. Te-
De modo geral, os objetivos dos programas mas que vão além dos classicamente relaciona-
convergem no horizonte de melhoria da saúde dos à saúde são também mencionados em algu-
e qualidade de vida do idoso, com acento ora mas experiências. Em sete estudos (cinco naci-
em mudanças comportamentais / práticas de onais e dois internacionais), a programação é
saúde ora em dimensões subjetivas e sociais do definida em conjunto com os participantes a
bem-estar ou em ambas combinadas. partir do primeiro encontro. Nos demais não
As ações educativas de caráter coletivo são há informação clara sobre este aspecto.
organizadas desde pequenos grupos até eventos Os referenciais teóricos apontados pelos au-
de maior porte e de forma similar nas experiên- tores são diversos e é comum a combinação de
cias nacionais e internacionais. Analisando o enfoques em um mesmo programa. O quadro 5
conjunto de programas, pode-se identificar os mostra sua recorrência no conjunto estudado.
seguintes formatos de ação educativa igualmen- Quando não explicitado um modelo ou te-
te recorrentes: grupos de até 20 pessoas, fecha- oria subjacente, optou-se por destacar os prin-
dos, com periodicidade definida; grupos ou ses- cípios ou referências conceituais que balizam
sões de educação em saúde, abertos, continua- as ações. Isso ocorre em quatro experiências
dos; programas de workshops ou palestras, fe- brasileiras e igualmente em quatro internacio-
chados, com periodicidade definida. Em uma nais. No Brasil, são referidas a importância do
única experiência a ação organiza-se como grupo para os idosos, os conceitos da OPAS e
evento único com diversas atividades educati- OMS sobre o envelhecimento, a política nacio-
vas. Em dois programas internacionais há refe- nal do idoso e concepções críticas sobre auto-
rência a alguma atividade prática além das ses- cuidado e sobre a consulta de enfermagem. Nos
sões educativas, como exercícios, sessões de ad- programas internacionais são apontadas a base
ministração do estresse e lanches, enquanto um epidemiológica da prevenção com idosos e o
estudo nacional refere o grupo da caminhada. debate acerca da efetividade dos programas e
A duração dos grupos fechados, com perio- dos preditores da participação nos mesmos.
dicidade definida, é de 4, 8 e 26 sessões nos pro- Como mostrou o quadro 5, neste aspecto
gramas internacionais e de 4 e 16 sessões nos há diferenças entre o padrão internacional e o
programas brasileiros. A programação temática brasileiro. A referência à pedagogia de Paulo
abrange um amplo leque de questões relaciona- Freire é mais comum no Brasil, presente em

Quadro 5
Bases teóricas dos programas de promoção da saúde do idoso.
Bases teóricas No estudos
Internacionais no Brasil Total
Educação crítica (Paulo Freire) 1 3 4
Teoria da aprendizagem social (Bandura) 2 0 2
Modelo de bem-estar ecológico (Ruffing-Rahal) 2 0 2
Teoria do suporte social 1 1 2
Pesquisa participante 1 1 2
Promoção da Saúde e empowerment 1 1 2
Modelo de envelhecimento bem-sucedido 1 0 1
Teoria Azjen (comportamento planejado) 1 0 1
Kanfer’s Model 1 0 1
Teoria da organização comunitária 1 0 1
Modelo de aderência 1 0 1
Feminismo 1 0 1
Teoria das necessidades (Virgínia Hendersen) 0 1 1
Cuidado cultural (Madeleine Leininger) 0 1 1
Total 14 8 22
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três experiências, enquanto outras, embora Os instrumentos utilizados nos estudos
sem mencionar esta filiação teórica, trazem ele- quantitativos são diversos, embora com conteú-
mentos próximos ao campo da Educação Po- dos semelhantes, predominando o uso de esca-
pular em Saúde, como fortalecimento dos su- las e análises baseadas em score para aferir re-
jeitos e de sua auto-estima, rompimento com o sultados atitudinais e comportamentais. Os es-
modelo biologicista e fragmentação das práti- tudos qualitativos que apresentam metodolo-
cas, problematização dos limites individuais e gia própria, além do relato da experiência ou
coletivos para o cuidado em saúde. estudo de caso, são os de Ruffing-Rahal (1993)
A experiência de outros países é formatada e, no Brasil, os de Teixeira (2002) Nicola (1999)
predominantemente por teorias comporta- e Portella (1999).
mentais clássicas no campo da educação e saú- No desenho metodológico é comum a ava-
de e, em menor grau, por abordagens contem- liação de mais de um aspecto do programa. O
porâneas sobre envelhecimento bem-sucedido quadro 8 mostra as dimensões avaliadas segun-
e bem-estar ecológico. Apenas o estudo de do sua recorrência nos estudos:
Minkler (1992) faz menção à pedagogia crítica Os principais resultados dos estudos segun-
e tem uma perspectiva de organização comuni- do o foco da avaliação são a seguir sintetizados:
tária. É ele também a única referência ao deba- • Receptividade dos idosos: é unânime a avali-
te contemporâneo sobre promoção da saúde, ação positiva dos idosos quanto às atividades
no sentido de incorporar preocupações com desenvolvidas nos programas. Os aspectos des-
questões de organização política da população tacados são a ampliação de conhecimentos, a
envolvida. No Brasil, igualmente, um estudo oportunidade de interações sociais e, no estu-
articula-se explicitamente com este debate, na do de Almeida et al. (1998) particularmente, a
ótica predominante do empowerment em nível afetividade e o bom tratamento recebido.
individual (Teixeira, 2002). • Melhora de indicadores psicossociais: nos
Os quadros 6 e 7 apresentam uma síntese dois estudos brasileiros, de base qualitativa, é
dos programas revisados, da ótica como estru- comum a referência a mudanças positivas em
turam e fundamentam suas ações. termos de valorização do idoso, ampliação da
rede social e melhoria das relações familiares e
3. Desenho metodológico sociais. Teixeira (2002) destaca ainda o senti-
e principais resultados mento de integridade e maior controle sobre a
vida. Nas demais avaliações, todas com base em
Diferentes propósitos e estratégias metodo- estudos caso-controle, há ponderações diferen-
lógicas norteiam os estudos analisados. Dos 11 tes em função do leque maior de aspectos anali-
estudos internacionais, nove utilizam métodos sados e de dados empíricos não convergentes.
quantitativos e envolvem grande número de Excluindo o trabalho de Brice et al. (1996), em
idosos (média de 450), freqüentemente para que os efeitos sobre a saúde subjetiva e senso de
avaliações do tipo quase-experimental. Neste bem-estar são evidentes, os outros mostram di-
modelo é feita a comparação de um grupo par- ferentes padrões de respostas em um mesmo es-
ticipante do programa (grupo experimental – tudo, incluindo-se a ausência de efeitos, vista
GE) com outro não participante (grupo contro- como estabilização benéfica no curto prazo.
le – GC) visando aferir os efeitos da interven- Mesmo sem o incremento positivo esperado em
ção. Seis estudos utilizam esta metodologia, to- alguns aspectos, é ressaltada a redução maior
dos com follow-up ou reavaliações em curto ou no grupo controle ocorrida quanto ao senti-
médio prazo, e os demais distribuem-se igual- mento de autocontrole, satisfação com vida e
mente em survey pós-intervenção, estudo trans- bem-estar. Ruffing-Rahal (1994) e Elder (1995).
versal longitudinal, análise de variáveis em uma • Aderência às recomendações comportamen-
coorte, avaliação qualitativa e estudo de caso. tais: os resultados encontrados são bem varia-
No Brasil, como já comentado, vários estu- dos. No estudo de Brice et al. (1996), é encon-
dos são relatos de experiências com aspectos trado um forte efeito, mas os demais transitam
avaliativos de base qualitativa, mais ou menos entre a tendência de estabilização das condi-
desenvolvidos, e não propriamente pesquisa ções iniciais (Ruffing-Rahal, 1994) ou de pe-
com fins de avaliação. Os demais são dois estu- queno ganho em termos de mudanças favorá-
dos descritivos de avaliação da receptividade do veis nas práticas de saúde (Elder et al., 1995). O
programa, e quatro estudos qualitativos, dois dado apresentado por Rogers et al. (1992) é o
dos quais baseados em pesquisa participante. de que 1/3 dos participantes considerou as ati-
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Assis, M. et al.

Quadro 6
Estruturação e bases teóricas dos Programas de Promoção da Saúde do Idoso, internacionais, no período 1990-2002.
1o autor/ano/local Ações
Parcker (2002) Promoção da Saúde Baseada na Fé
Alabama / EUA

Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas


• Promover envelhecimento • Modelo de envelhecimento bem- • Planejamento com represen-
bem-sucedido (EBS) sucedido – Rowe e Kahn tantes de + 30 igrejas locais
• Socializar conhecimento sobre • Caráter preventivo e • Evento sobre EBS para 500
EBS e destacar papel da promocional do suporte social pessoas (idosos e seus filhos
espiritualidade oferecido pelas religiões adultos afiliados a organizações
• Desenvolver liderança, trabalho • Importância da parceria entre cristãs) => Atividades diversas
e voluntariado entre idosos instituições médicas e oferecidas (sessões temáticas,
• Ampliar discussões sobre acadêmicas com as comunidades workshops, screenings)
preparar o envelhecimento baseadas na fé • Temas: comportamentos
relacionados a efeitos positivos
de saúde, engajamento ativo com
a vida, prevenção de doença
e incapacidade, transferência
intergeracional de sabedoria,
programas e serviços para idosos,
prática espiritual, dentre outros

Kocken (1998) Curso “Envelhecimento Bem-Sucedido”


Roterdão / Holanda

Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas


• Empoderar adultos idosos • Teoria de Ajzen (comportamento • Grupo com cerca de 20 pessoas,
para participar socialmente planejado) e Teoria da coordenadas por educadores
e promover seu bem-estar aprendizagem social (Bandura) em saúde – seniores previamente
• Modelo teórico propõe que a treinados. Programação de 4
participação social relaciona-se a: encontros (uma vez / semana)
1) atitude quanto ao • 1a sessão: determinantes do EBS:
envelhecimento; suporte social, estilos de vida
2) influência da opinião social; saudáveis, renda e auto-eficácia
3) auto-eficácia em engajar-se • Grupo escolhia os próximos
em novas atividades temas (sono, memória, medica-
ções, moradia, osteoporose,
atividade física, expansão da
população idosa em diferentes
culturas foram os temas escolhidos)
• Dinâmica: introdução do
coordenador / discussão
• Informações sobre estilos de vida
saudáveis / questões de saúde
para discutir a participação social
• Idosos educadores (credibilidade
da informação)

(continua)
565

Ciência & Saúde Coletiva, 9(3):557-581, 2004


Quadro 6 (continuação)
Estruturação e bases teóricas dos Programas de Promoção da Saúde do Idoso, internacionais, no período 1990-2002
1o autor/ano/local Ações
Fox (1997) Programa Cuidado de Saúde Preventiva para o Envelhecimento
Califórnia / EUA

Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas


• Aumentar a aderência dos idosos • Modelo da aderência • Avaliação de saúde ampla =>
às ações preventivas (papel mais eqüitativo para coleta de dados (história da
o cliente / composição de metas saúde, avaliação nutricional,
conjuntas no cuidado à saúde) exame físico limitado)
• Prevenção primária • Aconselhamento para riscos
(força-tarefa de serviços de saúde identificados e
preventivos, 1996/EUA) necessidades de saúde referidas
(“Quais os comportamentos
de saúde que eles estão mais
propensos e são capazes de
mudar”) / encaminhamentos
para demais questões (registram
e checam após 3 meses por
telefone e nas visitas seguintes)
• Fornecem os resultados
do screening e panfletos

Brice (1996) STAYWELL Program


Nova York / EUA

Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas


• Interferir positivamente • Base epidemiológica e relevância • Programa de Promoção da
em crenças e comportamentos da prevenção primária ou Saúde, baseado em conteúdos
em saúde secundária em relação à terciária do Healthy People 2000
• 8 sessões (2,5 horas, caráter
semanal, 20 a 25 idosos)
• Dinâmica da sessão: exposição,
seguida de sessões de exercício
anaeróbico, administração
estresse, nutrição, técnicas de
relaxamento e lanche nutritivo
• Temas: saúde física (prevenção
e coping de doença cardíaca,
diabetes e câncer), saúde mental,
saúde oral, atividade física,
nutrição, álcool e drogas, dentre
outros

(continua)
566
Assis, M. et al.

Quadro 6 (continuação)
Estruturação e bases teóricas dos Programas de Promoção da Saúde do Idoso, internacionais, no período 1990-2002
1o autor/ano/local Ações
Elder (1995) Intervenção em Promoção da Saúde
Califórnia / EUA

Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas


• Avaliar efeitos de serviços • Teoria da aprendizagem social • 8 workshops (duas horas, caráter
preventivos com beneficiários (Bandura) semanal, 25 idosos)
do Medicare • Kanfers´s model (autocontrole • Growing younger: saúde física
e auto-mudança) (exercício, nutrição, relaxamento
e autocuidado relativo a
problemas médicos comuns); e
Growing wise: memória, atenção
mental, coping para perdas,
escolhas e autoconfiança
• Aconselhamento anual
individualizado, de 15 minutos,
consentido por contrato, visando
ao estabelecimento de metas;
aconselhamento por telefone e
resolução de problemas
• Forneciam relatório individua-
lizado, amplo, relevante para as
metas, e mais dois manuais que
completavam os workshops

Schweitzer (1994) Clínica de Screening e Promoção da Saúde


Califórnia / EUA

Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas


• Testar factibilidade de prover • Referência ao debate sobre a • Serviços oferecidos aos
serviços de prevenção de doenças polêmica em torno da efetividade beneficiários do Medicare, com
e promoção da saúde (PS) da Promoção da Saúde com idosos objetivo de pesquisa, através
aos beneficiários do Medicare dos médicos da atenção primária
de maneira custo-benefício • Após 8 semanas da avaliação
baseline por telefone, os
idosos passavam pela clínica
de screenings (8 estações) e
orientações sobre PS
• \ As atividades começavam
com conversa breve e
introdutória sobre comunicação
médico-paciente, imunizações
e autoajuda e duravam
cerca de 4 horas. Serviços
não-invasivos e oferecidos
por não-médicos
• \ aconselhamento individual
sobre: parar de fumar,
alimentação, terapia física e
ocupacional, trabalho social,
adesão à medicação, exercício,
saúde oral e higiene

(continua)
567

Ciência & Saúde Coletiva, 9(3):557-581, 2004


Quadro 6 (continuação)
Estruturação e bases teóricas dos Programas de Promoção da Saúde do Idoso, internacionais, no período 1990-2002
1o autor/ano/local Ações
Ruffing-Rahal (1994) Grupo de Promoção da Saúde e Bem-Estar com Mulheres na Comunidade
Ohio / EUA

Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas


• Incrementar práticas de saúde, • Modelo de bem-estar ecológico • 26 sessões semanais, de uma
bem estar espiritual, psicológico (Ruffing-Rahal, 1991) hora, durante seis meses, com
e integração social • Dimensões-chave do bem-estar dois facilitadores (um dos quais
cotidiano: atividade, afirmação a investigadora)
e síntese • Dinâmica: parte informativa,
diálogo entre o grupo,
demonstração de habilidades
específicas de bem-estar. Em
cada sessão contemplavam ações
relativas às três variáveis depen-
dentes incorporadas na análise
• Salas com cadeiras em círculos.
Cerca de 14 participantes
• Temas sobre saúde, autocuidado e
interações sociais (lista 26 tópicos)

Ruffing-Rahal (1993) Grupo Welness Life-Care


Ohio / EUA

Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas


• Possibilitar a interação entre • Modelo de bem-estar ecológico • Grupo semanal com mulheres
os idosos interessados em (Ruffing-Rahal, 1991) idosas
bem-estar, saúde e autocuidado • Três orientações teóricas relativas • Participação regular de 12 a 14
a grupo e a processo de grupo: mulheres
feminismo, grupo como suporte • Partilha de informação, de
e grupo focal problemas e preocupações
comuns, aprendizagem
interpessoal, coesão grupal
“instilação da esperança”

Watkins (1993) Project AGE WELL


Arizona / EUA

Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas


• Ampliar conhecimento básico • Não menciona • Ações interdisciplinares
de saúde em vários locais, envolvendo
• Ampliar uso de screenings atividades educativas e
e imunizações avaliações individuais anuais
• Ajudar as pessoas a modificar • Três ações básicas: sessões
comportamentos não saudáveis de exercício (3 x /semana);
• Prover dados longitudinais para educação em saúde sobre
avaliar mudanças fatores de riscos*; tópicos
de saúde (sessões semanais)
• Grupo de suporte
administração de estresse

* Temas baseados em surveys prévios:


cuidado com a saúde, saúde cardio-
vascular, prevenção e controle do câncer,
osteoporose e prevenção de fratura,
saúde mental e medicação consciente,
dentre outros, conforme a necessidade

(continua)
568
Assis, M. et al.

Quadro 6 (continuação)
Estruturação e bases teóricas dos Programas de Promoção da Saúde do Idoso, internacionais, no período 1990-2002
1o autor/ano/local Ações
Rogers (1992) Programa de Promoção da Saúde do Idoso Baseado em Comunidade
Nova York / EUA

Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas


• Transmitir conhecimentos gerais • Referência ao debate sobre a • Recrutaram 500 idosos de um
e prover conhecimentos polêmica em torno da efetivida seguro privado de saúde e de
específicos e aconselhamento de da Promoção da Saúde com centros de idosos. Atividades
quanto às necessidades de idosos e de como melhor prover oferecidas: 1) classes de educação
prevenção e promoção da saúde os serviços em saúde – dois encontros sobre
dos idosos cada tópico no decorrer de dois
anos) => temas: doenças e
questões gerais (p. ex: aposenta-
doria, drogas, nutrição, recursos
comunitários, segurança pessoal
e ambiental, sexualidade);
2) serviço de administração de
casos – avaliação de screening
compreensiva, discussão do caso
em equipe, retorno para o idoso
e acompanhamento por um
administrador de casos

Minkler (1992) Tenderloin Senior Organization Project


Califórnia / EUA

Estratégias metodológicas
Objetivos Bases teóricas / princípios • Abordagem comunitária com
• Realçar “habilidade de resposta” / • Teoria do suporte social idosos pobres de hotéis-
capacidade individual e • Educação crítica (Paulo Freire) residência
comunitária para responder • Teoria da organização • Formação de grupos em oito
efetivamente às próprias comunitária hotéis, a partir do screening
necessidades e desafios do meio • Princípios do empowerment de PA e lanche para facilitar
(em dois níveis: individual => a integração
coping, senso de controle e • Grupos pequenos: média
satisfação com a vida; e de 12 idosos, com sessões
competência comunitária) semanais e coordenados
por dois facilitadores
• Dinâmica: diálogo e participação
para identificação de problemas
comuns e compartilhamento
de soluções; fortalecimento
da solidariedade grupal,
problematização e organização
para a ação social
• Temas definidos por cada grupo:
começar onde as pessoas estão
569

Ciência & Saúde Coletiva, 9(3):557-581, 2004


Quadro 7
Estruturação e bases teóricas dos Programas de Promoção da Saúde do Idoso, no Brasil, no período 1990-2002.
1o autor/ano/local Ações
Teixeira (2002) PROVE – Programa de Valorização do Envelhecer
Rio de Janeiro/RJ

Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas


• Promover espaço onde idosos, • Promoção da Saúde • Grupo de Encontro de Idosos,
possam discutir assuntos (empowerment e autonomia realizado através de trabalho
relativos à longevidade e à positiva) interdisciplinar, com as seguintes
construção positiva da velhice • Gerontologia características: 1) gerenciamento
• Psicologia do envelhecimento e democrático do projeto;
teoria de grupo 2) abordagem conceitual e
• Pedagogia de Paulo Freire discussão de temas propostos
(conscientização, educação pelos usuários; 3) palestras inte-
libertária, transformação dos rativas (mensais) de orientação
sujeitos, humanização) em saúde, baseadas na Cartilha
Viva bem a idade que você tem
• Abordagem de temas relaciona-
dos à saúde no envelhecimento
• \ conexão entre saúde e
condições de vida

Diogo (2000) GRASI – Grupo de Atenção à Saúde do Idoso


Campinas / SP

Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas


• Contribuir para a compreensão • Concepções sobre educação • Grupo de 4 sessões para idosos
do processo de envelhecimento e para o autocuidado no campo e seus familiares
dos problemas a ele relacionados da enfermagem geriátrico- • Realizaram 4 grupos, envolvendo
gerontológica 18 idosos
• Técnicas grupais: desenho,
relaxamento, relatos de
experiências, exposição oral
com apoio de cartazes
• Definição dos temas com os
participantes no 1o encontro.
Abordaram: envelhecimento,
memória, alterações visuais,
quedas, sono, pele, dificuldade
de movimentação e solidão

Lopes(1999) Ambulatório de Promoção da Qualidade de Vida


Porto Alegre / RS

Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas


• Desencadear processo de • Referência conceitual crítica • Consulta de enfermagem
educação em saúde para a sobre a consulta de enfermagem centrada na educação em saúde
promoção da qualidade de vida, e seu cunho educativo e trabalho multidisciplinar /
na perspectiva de visão integral Grupo de caminhada / Grupo
dos sujeitos atendidos da Terceira Idade
• Atividade educativa mensal
(Conversando sobre...) =>
temas: osteoporose, alimentação,
saúde e qualidade de vida,
climatério, atividade física

(continua)
570
Assis, M. et al.

Quadro 7 (continuação)
Estruturação e bases teóricas dos Programas de Promoção da Saúde do Idoso, internacionais, no período 1990-2002
1o autor/ano/local Ações
Rodrigues (1999) Programa Viver Bem com Saúde
São Paulo, Santos,
Sorocaba e
Ribeirão Preto / SP Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas
• Implementar modelo • Referência à Política Nacional • Ciclo de palestras para o público
de educação que incentive do Idoso (1994) no que tange acima de 44 anos, divulgado
o idoso para a PS, favoreça sua ao desenvolvimento de ações pela mídia e correio
autonomia e independência preventivas, curativas e • Primeiro encontro para iden-
e o auxilie no seu processo promocionais tificação dos temas de interesse
de autocuidado do grupo, através de técnica de
interação em grupo
• Organização dos temas em sete
módulos: relação médico-paciente,
saúde bucal, perdas sensoriais e
insônia; problemas neurológicos;
solidão, depressão, dor e cuidados
com medicamentos; problemas
cardíacos; perdas, climatério,
cuidados com a próstata e sexua-
lidade; alimentação; problemas
ortopédicos
• Envolveram no total 976
participantes

Nicola (1999) Ação Educativa Gerontológica


Rio Grande / RS

Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas


• Valorizar a integração • Teorias sobre o desenvolvimento • 1a etapa: dois cursos de formação
do adulto idoso na família humano (Cita Comfort, Maslow, de animadores de grupos de ação
e na comunidade; propor ações Mosquera) educativa gerontológica
para transformações sociais • Conceitos sobre grupos • 2a etapa: realização de grupos
que beneficiem os idosos; • Educação continuada com idosos pelos egressos desses
e preparar animadores para • Educação popular gerontológica cursos
o trabalho com essa população • 5 grupos diferenciados realizados
nas comunidades de Rio Grande
e São José do Norte, média de 26
membros
• (não descreve formato
metodológico dos grupos)

(continua)
571

Ciência & Saúde Coletiva, 9(3):557-581, 2004


Quadro 7 (continuação)
Estruturação e bases teóricas dos Programas de Promoção da Saúde do Idoso, internacionais, no período 1990-2002
1o autor/ano/local Ações

Portella (1999) Grupo Cuidar para um Envelhecer Saudável


Passo Fundo / RS

Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas


• Compartilhar saberes que con- • Referencial do Cuidado Cultural • Grupo quinzenal, de 90 minutos,
tribuam para um envelhecer (Madeleine Leininger) com mulheres rurais
saudável • Concepção pedagógica de Paulo • Diálogo reflexivo sobre as
Freire práticas culturais de saúde
• Quatro etapas do processo
de trabalho da enfermagem:
1) conhecendo o grupo;
2) identificando e refletindo
sobre as práticas culturais de
saúde; 3) discutindo e
construindo com o grupo
novas práticas; e 4) analisando
o processo de mudança das
práticas culturais de saúde

Almeida (1998) Grupo Vida


Fortaleza / CE

Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas


• Desenvolver a auto-estima • Teoria das necessidades • Grupo semanal, de duas horas,
e reforçar a dignidade do idoso; (Virgínia Henderson) com 50 pessoas inscritas, entre
reativar suas capacidades 48 e 81 anos, com participação
e reintegrá-lo à família; fortalecer média de 20 pessoas
convívio saudável e habilitá-lo • Metodologia participativa:
a realizar práticas afirmativas utilização de dinâmicas vivenciais.
de vida • Temas iniciais dirigidos à saúde:
dificuldades próprias da idade,
perdas relacionais e dificuldades
para novos vínculos, carência de
recursos materiais e limitações
físicas em ambiente inapropriado.
Ampliação para outros

(continua)
572
Assis, M. et al.

Quadro 7 (continuação)
Estruturação e bases teóricas dos Programas de Promoção da Saúde do Idoso, internacionais, no período 1990-2002
1o autor/ano/local Ações

Lima (1996) Programa de Atenção à Saúde no Envelhecimento


São Paulo / SP

Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas


• Ampliar consciência sobre o • Referências conceituais a • Organização das atividades
envelhecer, associando-o aos documentos da OPAS e OMS assistenciais segundo lógica
modos de relação do idoso ante sobre envelhecimento programática e atividade
os cuidados com sua saúde; educativa grupal
requalificar aspectos ligados • Grupo Saúde e Envelhecimento:
à qualidade de vida dos idosos, 1) grupos pequenos (8 a 10
discernindo possibilidades e pessoas), com reuniões semanais
limites nos planos individuais de uma hora e trinta minutos,
e sociais com duração de 16 encontros;
2) coordenação de dois
profissionais de nível superior;
3) idade mínima para o
programa = 55 anos.

Telarolli Jr. (1997) Projeto Senior


Araraquara / SP Ciclo de palestras e minicursos para a Terceira Idade

Objetivos Bases teóricas / princípios Estratégias metodológicas


• Oferecer atividades educativas • Referência à importância • Programação de 4 meses,
e de lazer à população idosa dos grupos de convivência incluindo 29 palestras
através da abertura de espaços e dos programas educativos (3 por turno, 50 minutos
da universidade para idosos na manutenção em média cada) sobre prevenção
da saúde e da qualidade de vida de problemas de saúde, questões
desta população sobre o envelhecimento e temas
gerais
• Três minicursos práticos
(6 horas) sobre: 1) produção
caseira de derivados de leite;
2) introdução à fitoterapia;
e 3) produção caseira de queijo
minas e frescal
• 96 participantes (incluindo
público acima de 45 anos.
Cerca da metade dos inscritos
tinha menos de 60 anos)
573

Ciência & Saúde Coletiva, 9(3):557-581, 2004


Quadro 8
Dimensões avaliadas nos programas de promoção da saúde do idoso.
Dimensões da avaliação No estudos
Internacionais No Brasil Total
Receptividade dos idosos 2 4 6
Melhora de indicadores psicossociais 4 2 6
Aderência às recomendações comportamentais* 5 0 5
Análise do processo educativo 2 3 5
Repercussões acerca da intenção de mudanças 1 1 2
Verificação de variáveis relacionadas às participação 2 0 2
Melhora da performance dos animadores 0 1 1
Total 16 11 27
* Incluem as referências a práticas de saúde e de autocuidado.

vidades educativas muito ou extremamente to é elevado o percentual de participantes que


úteis em melhorar atitudes e capacitar para o apontam intenção de fazer mudanças em sua
autocuidado. Já o trabalho de Fox et al. (1997) vida a partir da influência do programa. Cerca
não evidencia exatamente o quanto houve de de 80% das pessoas no trabalho de Rodrigues
melhora mas analisa que esta foi maior com et al. (1999) referem esta disposição, no caso
uma intervenção “realçada” (aconselhamento específico quanto à “conduta de saúde” (por
individualizado e plano escrito) em relação à exemplo, alimentação e atividade física), e per-
prática de simples recomendações verbais. centuais semelhantes são encontrados na pes-
• Análise do processo educativo: Ruffing-Rahal quisa de Parcker et al. (2002), com a particula-
(1993) e Minkler (1992) são autoras que abor- ridade, aqui, de comparação entre a população
dam esta dimensão, através de metodologias afro-americana e branca, com valores de 97 e
qualitativas. No primeiro caso, o grupo educa- 80%, respectivamente.
tivo com mulheres idosas é avaliado como es- • Verificação de variáveis relacionadas à parti-
paço que representa o exercício de três dimen- cipação: melhor status de saúde é associado
sões: ritual, celebração e comunidade. Numa com maior participação nos programas de pro-
perspectiva semelhante embora mais explicita- moção da saúde. Entretanto, como mostra o
mente política, Minkler (1992) considera que o estudo de Schweitzer (1994), quando verifica-
programa, para além dos ganhos específicos das as práticas preventivas prévias, conclui-se
com as ações realizadas, teve como principal re- que os programas têm potencial de atrair tam-
sultado o aumento da competência comunitá- bém pessoas não engajadas em prevenção.
ria e do senso de controle dos idosos sobre suas • Melhora da performance dos animadores: um
próprias vidas. Nos estudos nacionais, Almeida único estudo avalia este aspecto, posto ser a ca-
et al. (1998) e Portella (1999) aproximam-se da pacitação um dos objetivos do programa. Os
linha desses trabalhos e destacam o grupo co- dados obtidos indicam a efetividade da inter-
mo espaço de compartilhamento, de expressão venção quanto a esse propósito (Nicola, 1999).
de práticas culturais, de favorecimento da rede Quando a dimensão avaliativa limitou-se à
de apoio social. Da ótica de programas educati- referência sobre um possível impacto do traba-
vos mais formais, baseado em palestras, os da- lho no modelo assistencial, foram destacadas a
dos de Rodrigues et al. (1999) revelam boa acei- sua contribuição para a realização de práticas
tação do processo pedagógico, incluindo aqui a menos fragmentadas e dissociadas da realidade
abertura dos palestrantes para esclarecer dúvidas. social e política (Lopes et al., 1999) e para uma
Por outro lado, os resultados de Telarolli Jr. et relação educativa em que os sujeitos possam
al. (1997) sugerem o questionamento de mode- problematizar as questões que vivenciam e,
lo educativo eminentemente expositivo e satu- juntos, vislumbrar os encaminhamentos/ res-
rado de recursos audiovisuais, avaliados como postas para seus problemas (Lima et al., 1996).
cansativos por 2/3 dos participantes. Os quadros 9 e 10 apresentam uma síntese
• Repercussões acerca da intenção de mudan- da proposta metodológica e dos resultados da
ças: nos dois estudos que investigam este aspec- avaliação dos programas.
574
Assis, M. et al.

Quadro 9
Desenho metodológico e resultados da avaliação dos Programas de Promoção da Saúde do Idoso, internacionais, no período 1990-2002.
1o autor/ano/local Desenho da avaliação Principais resultados
Parcker (2002) • Survey pós-conferência com 135 pessoas (27%) • 98% avaliaram o evento como excelente ou bom
Alabama / EUA que responderam ao questionário de avaliação • Intenção de fazer mudanças a partir do evento foi
do Encontro maior entre os afro-americanos (97%) do que na
população branca (80%)
• Percepção positiva dos pastores e interesse de outros
grupos religiosos em participar.

Kocken (1998) • Avaliação quase-experimental da efetividade • GE = 71 e GC = 75 >> 51% e 41% retorno follow up
Roterdão / Holanda do curso (Foi efetivo em melhorar os determinantes • Efeitos em algumas áreas, mas pequenos:
da participação social, suporte social e bem-estar 1) diferença significativa entre os grupos quanto
dos seus membros?) à percepção da influência societal na posição do idoso;
• Convidaram os idosos da cidade pelo correio 2) efeito sobre suporte social e saúde subjetiva
(55- 79 anos) => 320 inscritos (GE = 138 e GC = 182) • Não houve diferença significativa quanto à atitude
• Pré-teste (t0), pós-teste (t1) e após 3 meses (t2) e à participação social.
• Escalas para medir atitudes, participação social,
suporte social, bem-estar e saúde subjetiva

Fox (1997) • Avaliação quase-experimental da efetividade do • Amostra relativamente saudável (+ de 80% sem
Califórnia / EUA aconselhamento com e sem orientação escrita 237 prejuízo em AVDs e sem internação no último ano)
(GE = 118 GC = 119) • As recomendações que envolviam mudanças
• Aconselhamento individualizado no GE, com plano comportamentais foram mais difíceis do que as que
escrito detalhado com tempo e metas, e apenas envolviam screening (uso serviços). Dentre as barreiras
recomendações verbais no GC para aderência, as econômicas foram as destacadas
• Reavaliação em 3 e 12 meses depois (5% no GE e 13% no GC)
• Utilização de cinco instrumentos • Maior aderência no GE: confirma > efetividade da
ação personalizada e cooperativa

Brice (1996) • Estudo quase-experimental para avaliar efetividade • GE = 96 e GC = 50 => 70% retorno no follow-up
Nova York / EUA do programa a partir de dados empíricos • GE com scores mais altos na crença de que mudança de
• Convidaram 146 adultos (55 anos ou +) de Centros comportamento pode ter impacto na saúde
de Cidadãos Seniores • Resultado também quanto ao index de compor-
• Instrumentos de avaliação de crenças e tamento => efeito de magnitude suficiente para
comportamentos de saúde antes do programa e prover evidência clínica e política
nove meses depois: 1) index de crenças saudáveis • Consumo de medicação reduziu no GE e não no GC.
(score de 0-32); 2) index de comportamento Efeito positivo verificado na saúde subjetiva e senso de
saudável ( “ 0-24) bem-estar => crença na auto-eficácia quase dobrou no GE
• >> altos scores representam estilo de vida saudável. • Forte efeito do programa sobre crenças e
comportamentos em saúde.

Elder (1995) • Avaliação quase-exerimental dos efeitos • Dos 1.800 participantes, 798 concluíram todas as avaliações
Califórnia / EUA longitudinais de serviços preventivos com (critério incluía também 70% de presença nos workshops)
beneficiários do Medicare • A 1a meta escolhida no GE foi o aumento da atividade
• Instrumentos: “Avaliação de risco de saúde” física (40%) e do consumo de vegetais
(comportamentos, hábitos de vida, sintomatologia • Efeito de redução da pressão arterial ocorreu em
e história de doenças auto-referidas, status de saúde ambos os grupos. Efeitos positivos sobre a
e escalas de qualidade do bem-estar e de depressão) flexibilidade e a atividade aeróbia
• Compararam dados do baseline com as avaliações • Índice de massa corporal não se alterou. Ganhos
aos 24 e 48 meses nutricionais não se sustentaram após o 3o ano
• Construíram variáveis outcomes e analisaram dados • Percepção de controle da própria saúde diminuiu nos
para pressão sangüínea, exercício e nutrição grupos (fator idade), porém mais no GC
Obs: baixa renda e declínio da saúde pessoal foram • Dados sugerem que efeitos são maiores durante a
principais motivos das perdas intervenção e que a aderência enfraquece com o tempo
• Concluem que houve modesto efeito e que, portanto,
os resultados oferecem modesto suporte para
implementação de programas

(continua)
575

Ciência & Saúde Coletiva, 9(3):557-581, 2004


Quadro 9 (continuação)
Desenho metodológico e resultados da avaliação dos programas de Promoção da Saúde do Idoso, internacionais, no período 1990-2002.
1o autor/ano/local Desenho da avaliação Principais resultados
Schweitzer (1994) • Ensaio clínico aleatório para avaliar efeitos do • Os que não participaram da Clínica de Screening
Califórnia / EUA screening e das atividades de promoção da saúde e de PS reportavam status de saúde mais pobre
• Instrumentos: Survey por telefone (30 a 40 em vários indicadores
minutos) • Saúde foi associada com participação (os mais
• Amostra de 1911 >> dois grupos (GE = 973 e GC debilitados participam menos). Pessoas saudáveis
= 938) parecem ser mais engajadas em prevenção, mas
• Analisaram 17 comportamentos de saúde e não se pode determinar a causalidade (o que vem
compararam dados do grupo que completou a primeiro)
intervenção (71% de retorno) e dos que não • Grupos não diferiram quanto à participação prévia
compareceram ao segundo convite em práticas de saúde preventivas => sugere que
as ações de PS podem atrair os que potencialmente
podem se beneficiar e não apenas os já aderidos

Ruffing-Rahal (1994) • Avaliação pós seis meses de intervenção com • Scores médios altos no baseline para todas as medidas
Ohio / EUA desenho quase-experimental (grupos não • Não houve incremento significativo no GE como
equivalentes, mas comparáveis) hipotetizado
• Amostra com 28 idosos recrutados na mesma • Houve redução nos scores de práticas de saúde
área urbana (GE = 14 e GC = 14) e bem-estar no GC, assim como na satisfação com
• Três instrumentos: inventário de estilo de vida a vida
dos idosos (26 itens / escala de 0 a 4), inventário • Hipótese de melhora do GE não foi suportada mas
de integração (50 itens / 6 pontos), medidas de estabilidade das condições investigadas sugere
auto-avaliação de bem-estar e de integração social “permanência de efeito” ou “influência sustentada”
=> programa parece ter efeito de estabilização
benéfico no curto prazo

Watkins (1993) • Avaliação de variáveis relacionadas à participação • Intensidade da participação foi significativamente
Arizona / EUA dos idosos ao longo de 5 anos do projeto relacionada à socialização e à saúde dos participantes
• Forma de medir a participação = soma da • Isolamento social, pobre tolerância ao exercício e
participação (medida por hora) em todas as problemas de saúde eram características das pessoas
atividades menos propensas a participarem das sessões
• Amostra de 224 sujeitos que fizeram o screening • Entretanto, são esses idosos que mais necessitam
inicial e divisão desta em 4 grupos conforme nível de promoção da saúde
de participação
• Comparação de quatro grupos conforme o nível
de participação
• Análise de variáveis potencialmente influentes

Ruffing-Rahal (1993) • Avaliação qualitativa do processo de um grupo


Ohio / EUA semanal de PS com mulheres idosas • Grupo como ritual: atmosfera de abertura, confiança
• Fonte = anotações de campo de 75 encontros e espontaneidade; período dos encontros avançou
semanais, digitadas logo após os encontros, além do previsto; sinergia na interação entre os
em formato de três estágios: 1) contexto, inputs, membros; escuta e diálogo
processo e produtos; 2) contribuições dos • Grupo como celebração: questões diversas eram
participantes; e 3) dados dirigidos aos três níveis trazidas e partilhadas; reconhecimento das
centrais do bem-estar ecológico qualidades e atributos das pessoas; valorização
• Revisão das notas, usando comparação constante da resiliência; partilha dos aniversários e de outras
e indutiva. Análise baseada em codificação prévia transições valiosas; ganhos relativos à criatividade;
em cada categoria insights sobre como incorporar o autocuidado nas
rotinas diárias; suporte mútuo com base cristã
• Grupo como comunidade: constituição da rede social
entre as mulheres; investimentos na gestão do grupo;
“grupo como família”

(continua)
576
Assis, M. et al.

Quadro 9 (continuação)
Desenho metodológico e resultados da avaliação dos programas de Promoção da Saúde do Idoso, internacionais, no período 1990-2002.
1o autor/ano/local Desenho da avaliação Principais resultados
Rogers (1992) • Avaliação da factibilidade do conjunto de serviços • Maioria avaliou as atividades educativas úteis para
Nova York / EUA oferecidos e de como este influencia ampliar conhecimentos e 1/3 como úteis para mudar
comportamentos auto-relatados dos participantes. atitudes quanto ao desenvolvimento pessoal e ao
• Novo estudo transversal, após dois anos, com 376 autocuidado
(retorno de 79,6%) • Os idosos discutiram 46,1% de seus problemas
• Entrevistas realizadas na casa do idoso por prioritários com os profissionais que os
profissionais não envolvidos com a implantação do acompanharam. Razão principal para não abordar os
programa. Áreas investigadas: 1) aparente impacto outros foi por considerá-los irremediáveis
do serviço de administração de casos sobre os • 86,6% declaram-se muito ou extremamente
maiores problemas de saúde; 2) influência satisfeitos com os serviços / 5,3 com pouca ou
percebida das classes de Educação em Saúde; 3) nenhuma satisfação
satisfação global com os serviços • Impacto global positivo. Programa parece ser factível,
embora um pouco caro, e ter algum impacto para
pessoas auto-envolvidas, mas é preciso mais trabalho
para responder às questões apontadas no screening
inicial

Minkler (1992) • Estudo de caso sobre os 12 anos do projeto • Ações realizadas por alguns grupos de idosos quanto
Califórnia / EUA Tenderloin à melhoria do acesso a alimentos e à segurança
do bairro (projeto safehouse)
• Formação e treinamento de lideranças permitiu
minimizar o papel da coordenação do projeto.
Foram criadas associações de inquilinos em seis
hotéis (de 800 idosos, 250 envolveram-se com as
associações e 30 a 50 com atividades de liderança)
• Apesar de problemas, o projeto foi efetivo quanto
ao aumento do senso de controle e da competência
comunitária
577

Ciência & Saúde Coletiva, 9(3):557-581, 2004


Quadro 10
Desenho metodológico e resultados da avaliação dos programas de Promoção da Saúde do Idoso, no Brasil, no período 1990-2002.
1o autor/ano/local Desenho da avaliação Principais resultados
Teixeira (2002) • Pesquisa qualitativa com propósito de analisar o • Idosos passam a se preocupar mais com o cuidado
Rio de Janeiro / RJ processo de empoderamento dos idosos através da à saúde e a vivenciar sentimento de integridade
dinâmica grupal e controle sobre suas vidas. Grupo interrompe
• Entrevistas e grupo focal com 15 idosos a espiral negativa do desempoderamento
participantes do projeto, há pelo menos três anos, • Ao ampliar a rede social, oferecer espaço
para avaliação dos efeitos da intervenção de aprendizagem e funcionar como apoio social,
• Categorias de análise: apoio social, rede social, o grupo torna-se lugar de ressignificação dos valores
autonomia, integridade, cuidado, aprendizagem, negativos associados ao envelhecimento
realização de projetos pessoais

Diogo (2000) • Relato da experiência (descrição das dinâmicas • Avaliação positiva dos idosos e seus familiares
Campinas / SP utilizadas em cada encontro, com comentários (gostaram e aprenderam coisas novas e importantes
sobre a receptividade dos idosos, ilustrada por para o enfrentamento do dia-a-dia)
algumas falas) • Problemas com falta de assiduidade dos membros
• Avaliação conjunta com o grupo no último do grupo, atribuída à cultura de não valorização
encontro de ações preventivas, problemas de moradia distante
(falta de transporte e de companhia), esquecimento
e sobreposição de compromissos.

Lopes (1999) • Relato de experiência, com avaliação apenas dos • Experiência pode iniciar processo de rompimento
Porto Alegre / RS princípios do trabalho na ótica de organização da com modelo biologicista de atenção à saúde e com
assistência segundo princípios do SUS as práticas fragmentadas, dissociadas da realidade
social e política

Portella (1999) • Relato de experiência baseado em observação • Apresenta falas das mulheres sobre suas práticas
Passo Fundo / RS participante/ reflexão-ação conjunta (pesquisador culturais de saúde e as analisa de acordo com
como facilitador do grupo) a codificação: preservar, acomodar, repadronizar
• No de participantes por encontro foi de 8 a 16 • Grupo demonstra interesse em saber mais sobre
mulheres temas de saúde, interpretado como indício
de aceitação de novas prática culturais de saúde
• Estudo possibilitou um processo de cuidar/educar
baseado nas referências culturais do grupo

Rodrigues (1999) • Estudo descritivo sobre os resultados de aprendi- • Todos os participantes consideraram o programa
São Paulo, Santos, zagem de 976 idosos participantes do ciclo de palestras primordial para a promoção da saúde dos idosos
Sorocaba e • Questionário aberto, auto-aplicado, ao final dos (90% consideraram ótimo e 10% bom)
Ribeirão Preto / SP módulos temáticos (Quais os principais assuntos • Ampliação de conhecimentos e oportunidade para
abordados nas palestras do módulo? Você pretende maior relacionamento entre os idosos
mudar a sua conduta de saúde diante da temática • Avaliaram positivamente as palestras (planejamento
estudada? Este módulo correspondeu às suas e capacitação dos profissionais, recursos audiovisuais,
expectativas? O conteúdo foi abordado de forma abertura dos palestrantes para esclarecer dúvidas
clara? As aulas estimularam a participação dos e oportunidade para troca de conhecimento e maior
idosos? Como você avalia este módulo?) conscientização dos problemas de saúde)
• Análise de conteúdo (Bardin) para interpretação • 80% referiram intenção de mudança
dos dados (p. ex., alimentação e exercício físico)

(continua)
578
Assis, M. et al.

Quadro 10 (continuação)
Desenho metodológico e resultados da avaliação dos programas de Promoção da Saúde do Idoso, no Brasil, no período 1990-2002.
1o autor/ano/local Desenho da avaliação Principais resultados
Nicola (1999) • Pesquisa participante para verificar efeitos do • Idosos apontaram mudança qualitativa na ação dos
Rio Grande / RS grupo, após um ano, sobre a auto-imagem dos animadores, com resultados positivos para os grupos
sujeitos, a melhoria do relacionamento familiar em termos de melhoria das relações familiares
e social o engajamento mais sadio no ambiente e sociais, bem como de valorização do idoso
• Investigou cinco grupos e desses compôs uma
amostra aleatória (n=29), com 25% de cada grupo.
Três instrumentos: 1) entrevista introdutória semi-
estruturada => perfil dos sujeitos; 2) observação
dirigida: registro sobre participação, reflexão, etc.;
3) entrevista avaliatória: opinião dos idosos sobre
o trabalho dos animadores no alcance dos objetivos

Lima (1996) • Avaliações periódicas do conjunto das ações • Resultados têm estimulado a manutenção do grupo
São Paulo / SP programáticas visando à monitoração sistemática como prática assistencial
do trabalho • Observa-se que os sujeitos, ao se “apropriarem” do
grupo, problematizam as questões e com freqüência
passam a discutir e “vislumbrar” encaminhamentos
e “respostas” para muitos de seus sofrimentos

Almeida (1998) • Avaliar mudanças qualitativas dos idosos em face • Grupo como lugar de compartilhar assuntos
Fortaleza / CE de suas carências iniciais e avaliar o processo de importantes da vida, para o lazer e para expressar
desenvolvimento do grupo religiosidade, para resolver problemas de ordem
• Base foi o relato de experiência e a reflexão sobre biológica e social através da formação de uma rede
o trabalho: aponta as necessidades dos idosos em de solidariedade
cada dimensão e as ações trabalhadas no grupo • Satisfação dos idosos com o trabalho (ilustra com
para responder a elas um depoimento que realça a afetividade e o bom
tratamento recebido no grupo)

Telarolli (1997) • Questionário auto-aplicável, com perguntas • Maioria (75,5%) considerou ótimo o programa, 21%
Araraquara / SP abertas e fechadas, para avaliação geral da bom e 3,5% regular. Oportunidade de aprendizado
programação educativa. Dos 96 inscritos, 57 e também de interações sociais e novas amizades
(59,4%) responderam ao questionário • Quase 2/3 consideraram cansativas três palestras por
turno. Sugerem duas para haver tempo para
perguntas. Preferência pelas exposições mais faladas
e com menos recursos audiovisuais. Ambigüidade
quanto à compreensão dos temas, dada pela possível
heterogeneidade cultural do grupo
• Temas preferidos foram os relacionados a problemas
de saúde comuns em idosos
• Críticas à ausência do lazer nas atividades oferecidas
e à dificuldade dos professores em manter a
disciplina nas palestras
• Interesse em voltar a participar, com nova
programação
579

Ciência & Saúde Coletiva, 9(3):557-581, 2004


4. Limites e recomendações presentam devidamente a população local (Fox
et al., 1997; Ruffing-Rahal, 1994).
Do ponto de vista metodológico, os estudos Os dois estudos sobre variáveis ligadas à
nacionais não apontam questão ou reflexão pa- participação não trazem questões metodológi-
ra desdobramento em futuras pesquisas. O cas, talvez pelos seus objetivos relativamente
único aspecto problematizado e avaliado posi- menos complexos. Têm em comum o fato de
tivamente é a possível implicação da pesquisa- recomendar inovação nas formas de acesso aos
dora por ter atuado como profissional nos gru- programas para que os serviços preventivos ba-
pos por ela analisados (Teixeira, 2002). De ou- seados em comunidade alcancem os idosos
tra parte, reconhecendo a incipiência dos esfor- com maior necessidade. Para Watkins (1993) e
ços de avaliação, Lima et al. (1996) salientam a Schweitzer (1994), envolver idosos frágeis em
necessidade de se desenvolverem instrumentos promoção da saúde é um desafio, tendo em vis-
específicos para avaliar a integração do grupo ta a associação entre não-participação e status
de idosos no programa realizado na Unidade de saúde mais pobre.
Básica. Atingir as pessoas mais vulneráveis é tam-
As demais recomendações vão no sentido bém uma meta sugerida por Brice et al. (1996)
de apontar caminhos para ampliação e aprimo- por acreditarem que os resultados das ações
ramento das ações, unanimemente considera- poderão ser mais expressivos. Em sentido pró-
das viáveis e oportunas. No trabalho de Almei- ximo, Rogers et al. (1992) recomendam que
da et al. (1998) emerge como preocupação as programas de screenings independentes deveri-
insuficiências no atendimento às necessidades am ser focados nas pessoas que não acessam os
dos idosos pelo baixo suporte institucional. Pa- médicos da atenção primária.
ra isso sugerem o desenvolvimento de projetos Sobre as ações educativas há poucas consi-
a partir dessas necessidades. Quanto às mudan- derações acerca da oportunidade de mudanças.
ças sugeridas em relação ao processo educativo Apenas Kocken et al. (1998) assumem como
foram referidas a necessidade de adequar tem- pequena a programação de quatro sessões para
po e recursos pedagógicos às condições de os resultados pretendidos.
aprendizagem dos idosos, bem como de abrir As recomendações para futuras pesquisas
mais espaços à participação (Telarolli Jr. et al., vão em várias direções, mas todas revelam a
1997). Um exemplo de adequação dado pelos preocupação em assegurar bases técnicas e eco-
participantes é o uso de transparências com le- nômicas de sustentabilidade das ações. As ne-
tras maiores em virtude da dificuldade visual cessidades apontadas são:
comum entre idosos (Rodrigues et al., 1999). • pesquisa longitudinal, com grupo controle,
Nos estudos internacionais é mais freqüen- para avaliar mudança sustentada de estilos de
te e variada a problematização acerca dos as- vida (Parcker et al, 2002);
pectos metodológicos dos estudos, seus alcan- • Pesquisa continuada para saber se os proje-
ces e limites. tos melhoram o comportamento e o status de
Sobre os instrumentos de pesquisa, Kocken saúde a um custo razoável (Schweitzer et al.,
et al. (1998) questionam o limite das escalas uti- 1994);
lizadas para aferir os itens propostos, sobretudo • Tempo do follow-up de 5 a 10 anos para que
a auto-eficácia; Ruffing-Rahal (1994) menciona se avalie o custo-benefício dos programas (Bri-
o caráter ainda recente e pouco amadurecido de ce et al., 1996);
dois dos quatro instrumentos utilizados, além • Avaliação do impacto de longo prazo da
do tempo curto do follow-up para avaliar efei- aderência sobre a morbidade e a mortalidade
tos cumulativos das ações; e Brice et al. (1996) (Fox et al., 1997);
avaliam positivamente o instrumento healthy • Amostra maior e aleatória para generaliza-
belief index, já usado em outros estudos. ção dos resultados (Ruffing-Rahal, 1994).
Os limites da amostra são uma questão fre- Uma recomendação estratégica que merece
qüente dentre outras preocupações com influ- destaque é o planejamento futuro com previ-
ências indevidas nos resultados. São apontados são da documentação necessária para a avalia-
possíveis vieses quanto ao fato de serem pessoas ção dos efeitos hipotetizados (Parcker et al.,
que voluntariamente quiseram participar (El- 2002; Minkler, 1992). Esta última autora, ape-
der et al., 1995; Ruffing-Rahal, 1994); que são sar de avaliar um programa de longa duração
relativamente saudáveis e com bom nível soci- (12 anos), reconhece o limite da documenta-
oeconômico (Brice et al., 1996); e que não re- ção para aferir efeitos mais generalizados do
580
Assis, M. et al.

projeto e mudanças no status de saúde. Para ela nan (2000) faz contundente crítica. Para ele, re-
é reconhecidamente difícil medir certas altera- sumidamente, a pesquisa nesta área é falha pois
ções sutis, razão por que é interessante a com- tenta trabalhar com a mesma lógica da pesquisa
binação de métodos quantitativos e qualitati- experimental utilizada com relativo sucesso na
vos. Tal opinião é partilhada por Ruffing-Ra- explanação dos processos biológicos. A saúde,
hal, (1994) ao afirmar que a triangulação me- apreendida como bem-estar, fica porém na
todológica é um recurso que pode facilitar a es- fronteira do mundo natural e social, terreno que
pecificação das intervenções e dos resultados. desafia possibilidades de predição e controle.
É dessas últimas autoras que partem as úni- No Brasil confirma-se a pequena tradição
cas reflexões de ordem conceitual-metodológica de avaliação e de programas de promoção da
acerca dos modelos teóricos adotados. De mo- saúde do idoso. Algumas experiências asseme-
do profundo e cuidadoso, Minkler (1992) refle- lham-se ao modelo há pouco descrito, porém
te sobre potenciais e limites da metodologia pe- grande parte demonstra oferecer espaço de
dagógica de Paulo Freire. Em sua opinião, a maior abertura relacional e tomar a saúde nas
aplicação “pura” desta proposta mostrou-se di- suas relações com a realidade social e política.
fícil e não realista em alguns aspectos. O diálogo Embora pouco desenvolvida, a avaliação traz
problematizador é útil mas deve ser flexibiliza- dados qualitativos, permitindo, em alguns ca-
do e suplementado por outras técnicas e méto- sos, uma visualização dos processos e da rela-
dos de interação social “não orientadas para ção dos sujeitos envolvidos.
causa” para responder às necessidades imediatas A perspectiva da Educação Popular em Sa-
do grupo. Ruffing-Rahal (1993 e 1994), por sua úde é presente como aporte teórico das ações
vez, alerta para a necessidade de se considerar o educativas com idosos, sobretudo no contexto
complexo contexto de saúde e doença dos ido- nacional, e há semelhanças desta com outras
sos e ressalta o valor dos temas centrais do mo- abordagens ou pressupostos, ainda que não
delo de bem-estar ecológico (atividade, afirma- nomeada pelos autores. Chama a atenção a
ção e síntese) para um repertório dos indicado- apropriação consistente da metodologia de
res do processo de grupo. A autora vê aí um ca- Paulo Freire por uma autora americana, ainda
minho para se trilhar indicadores individuais e que não representativa da tendência hegemô-
grupais como medidas de base para avaliar pro- nica em promoção da saúde naquele país.
cesso e efeitos de grupos de promoção da saúde. A contribuição desta vertente ao desenvol-
vimento dos programas alinha-se às preocupa-
ções com riscos ideológicos da promoção da
Considerações finais saúde quando esta é reduzida na prática a uma
questão de escolhas individuais (Czeresnia,
Numa síntese do panorama apresentado, obser- 2003). A abordagem sobre comportamentos e
va-se que o campo da promoção da saúde do práticas saudáveis deve incluir a reflexão sobre
idoso, na vertente delimitada, é multifacetado a produção social da saúde-doença e reconhe-
quanto às tendências teórico-metodológicas e às cer o contexto pessoal, cultural e político como
estratégias de pesquisa, e apresenta perfis distin- dimensões relevantes na dinâmica das ações
tos entre a produção nacional e internacional. educativas e na apreensão de resultados das in-
A tendência dos programas internacionais tervenções. Pela complexidade aí envolvida, pa-
é a transmissão de informações, combinada a râmetros como ética, diálogo, amorosidade e
ações de screening, aconselhamento. É presente, valorização do outro e de seus saberes devem
mas não extensiva, a articulação das práticas ao ser especialmente considerados na relação en-
debate contemporâneo sobre promoção da sa- tre profissionais de saúde e idosos.
úde, no que tange a assumir uma perspectiva De modo geral, e baseado na majoritária
política e sociocultural ampla. Algumas inicia- apreciação positiva dos idosos acerca das ações,
tivas incorporam indicadores de qualidade de os programas podem ser vistos como aberturas
vida e bem-estar subjetivo, relacionados a pa- interessantes, com grau de alcance variado, ao
radigmas recentes de envelhecimento ativo e investimento em saúde e bem-estar do idoso
bem-sucedido. para além da lógica usual de assistência à doen-
O limite para ampliação das abordagens e ça. Seus méritos e limites devem ser apreciados
da pesquisa avaliativa, neste contexto, parece re- no processo de desenvolvimento da promoção
fletir a marca positivista que orienta a promo- da saúde do idoso e das estratégias de avaliação
ção da saúde nos Estados Unidos, à qual Bucha- de programas nessa área no contexto brasileiro.
581

Ciência & Saúde Coletiva, 9(3):557-581, 2004


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