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1.

História do Brasil
Como estudar história do Brasil?
(https://www.youtube.com/watch?v=IcD4qyX0GO4&t=4641s)

1º - Leia muita literatura brasileira (clássicos)

*Qual o motivo de estudar a história do Brasil? (Ser historiador, ser um intérprete dos
historiadores, erudição e etc).
Faça uma avaliação.

2° - Casa-Grande & Senzala - Gilberto Freyre


3º - História do Brasil (7 Tomos) - Pedro Calmon
4° - D. João VI no Brasil - Oliveira Lima (Se faz necessário percorrer o universo do autor)
5º - Sobrados e Mucambos - Gilberto Freyre

Até o 5º passo o leitor já terá conhecimento suficiente para entender a História do Brasil até
1930/1950.

6º - Dicionário do Brasil Colônia, Dicionário do Brasil Joanino e Dicionário do Brasil Império


- Ronaldo Vainfas (Exemplares consultivos)

Caminhos mais espinhosos:

*Interpretações da Realidade Brasileira - João Camilo de Oliveira Torres


*Ser escravo no Brasil: Séculos XVI - XIX - Katia M. Queirós de Mattoso
*Um Estadista do Império - Joaquim Nabuco (obra mais consagrada da historiografia
brasileira)
*História da Companhia de Jesus no Brasil - Padre Serafim Leite

Após ler todos esses livros o leitor pode começar a ler Frei Vicente do Salvador, Francisco
Adolfo de Varnhagen e Capistrano de Abreu e etc. Esse caminho é o acesso mais breve
(preliminar) da historiografia brasileira, mas é importante salientar a importância de ler
outras obras para buscar outras interpretações.

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Indicações diversas

Presidencialismo no Brasil

Livro/Autor Comentário

Autor: Assis Brasil Uma fonte para estudar a história do


presidencialismo.

Monarquia

A História Política da Monarquia É o melhor caminho para estudar esse


Autor: João Camilo de Oliveira Torres aspecto.

General Manuel Luís Osório (Biografia) Um notável da época.

D. Pedro I Quer ler sobre a Leopoldina? Ler ou


Autor: Otávio Tarquínio de Sousa Estudar sobre ela? Começa estudando D.
Pedro I. Por que? O ambiente de tensão
dela era o casamento.

Autor: Nilo Pereira Império sobre a perspectiva Religiosa. As


dificuldades do Padroado.

História do Brasil

História do Brasil
Autor: Hélio Viana

Editora Garnier Itatiaia http://www.editoraitatiaia.com.br/

Escravidão

Ser escravo no Brasil: Séculos XVI - XIX


Autor: Katia M. Queirós de Mattoso

Jesuítas no Brasil

História da Companhia de Jesus no Brasil


Autor: Padre Serafim Leite

Cartas dos Primeiros Jesuítas do Brasil


Autor: Padre Serafim Leite

Guerra do Paraguai

Maldita Guerra
Autor: Francisco Doratioto

Idade Média (introdução)

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Autor: Christopher Dawson Todos da editora “É Realizações”, menos
Dinâmicas da História do Mundo

História da Igreja de Cristo


Autor: Daniel Rops

Autor: Lucien Febvre

Autor: Fernand Braudel

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2. Gilberto Freyre
Por onde começar estudar Gilberto Freyre?
(https://www.youtube.com/watch?v=yePTlqpEDSA)

É um autor fundamental para entender o passado e o presente brasileiro.


Por onde começo?

Livros:

1 - Vida, forma e cor


(Questões biográficas; sociologia do Brasil; história do Brasil; críticas literária e etc).

2 - Uma Cultura Ameaçada e outros Ensaios


(Questões acerca do passado português do Brasil; processo colonial; semi-colônia;
processo civilizatório no Brasil)

3 - Aventura e Rotina
(simetria intelectual com “Uma Cultura Ameaçada e outros Ensaios”)
_______________________
Linha Clássica

4 - Casa-Grande & Senzala


(Formação mestiça)

5 - Sobrados e Mucambos
(Formação do Brasil)

6 - Ordem e Progresso
(Formação próxima de nossa temporalidade)
_______________________
Formação Intelectual

1 - Oliveira Lima, Don Quixote Gordo

_______________________
Sociologia da Literatura

1 - Heróis e Vilões no Romance Brasileiro


_______________________
Crítica Literária

1 - Perfil de Euclides e outros Perfis

4
_______________________

Sociologia

1 - Sociologia

_______________________
Comentários Analiticos em Diferentes Realidades

1 - Além do Apenas Moderno

2 - Insurgências e Ressurgências Atuais

3 - Brasis, Brasil e Brasília


_______________________
Joaquim Nabuco

1 - Entorno de Nabuco
_______________________
Biografias sobre Gilberto Freyre

1 - Gilberto Freyre: Uma Biografia Cultural - Enrique Rodrigues Larrela e Guillermo Giucci

Perceba que Freyre atuou em diversas frentes intelectuais, não sendo necessário ler tudo,
mas é um autor que precisa ser lido.

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3. Oliveira Lima
Um pouco de Oliveira Lima
(https://www.youtube.com/watch?v=EPfeUYJcnpc&t=120s)

● Oliveira Lima faz parte de uma trajetória intelectual, que desde Frei Vicente do
Salvador até Ronaldo Vainfas, como uma cronologia da boa historiografia, ele faz
parte disso.
● Os grandes feitos de Oliveira Lima são os feitos na produção intelectual.
● Dono do maior acervo (estudo, livros, fontes primárias e etc) sobre o Brasil. A
biblioteca brasiliana (60 mil exemplares), que está em Washington, pertenceu a
Oliveira Lima. Extraordinário volume para o século XIX.
● Nascido em Recife (PE), mas criado em Portugal, ou seja, sua formação intelectual
foi no país lusitano. Talvez por isso conseguiu conectar Brasil e Portugal de forma
tão sensível.
● Sua obra mais célebre “D. João VI no Brasil” ao lado de “Um Estadista do Império”
(Joaquim Nabuco) e alguns outros, são considerados o cânone da historiografia
brasileira.
● Quando ele desenvolve qualquer aspecto sobre história do Brasil e etc, ele vai voltar
a explicitar elementos sobre D. João VI, ou seja, é uma figura perene em sua
produção.
● Viveu na monarquia, república e era Vargas, três fatos embrionários de ideia de
Brasil.
● Gilberto Freyre cita que Oliveira Lima é um caminho obrigatório, além de ser seu
mestre intelectual.

Colaboração:

● Ideia de que os jesuítas fundaram o Brasil;


● Tratou com dignidade a imagem de D. João VI;
● Definiu Carlota Joaquina como figura antipática;
● Justiça da forma como D. Pedro II atuou na questão da escravidão;
● Imagem positiva sobre D. Pedro I;
● Detectou uma tendência ao suicídio de certos povos escandinavos;
● Percebia o Brasil muito grande;
● Responsável pelas primeiras traduções de Machado de Assis e disseminação da
obra em Portugal e em outros países, muito pelo fato de ser diplomata e viajar
bastante.

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Livros Citados:

1 - Um Estadista no Império - Joaquim Nabuco


(A bíblia da historiografia brasileira)

2 - D. João VI No Brasil - Oliveira Lima


(Bíblia historiográfica sobre D. João VI)

3 - D. Pedro e D. Miguel - Oliveira Lima

4 - Formação Histórica da Nacionalidade Brasileira - Oliveira Lima

5 - História da Civilização - Oliveira Lima

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4. Machado de Assis

Transcrição parcial da aula (03/08/2020)

ESTRUTURA CONCEITUAL DA FORMA DE ANALISAR MACHADO DE ASSIS

1. Primeiro ponto: Machado de Assis coloca o subjetivo do homem, e por


consequência o subjetivo da alma humana, em seus textos, de modo hegemônico

Devemos compreender que Machado desenvolve, a partir da condição humana, discursos


poéticos, metáforas, discursos sociológicos e históricos, etc. Há, em seus textos, uma
paisagem histórico-humana que é do próprio Machado de Assis.

Ao longo de sua produção, o texto de Machado de Assis converte-se em uma ciência de


significados. Nós conseguimos, inclusive, detectar ações sociais, ações humanas, e por
consequência objetos que tocam na concretude do tempo, na evidência material do homem
na realidade, também os elementos mais abstratos como por exemplo o fundo da alma;
tudo isso em um traço evolutivo que pode ser muito bem observado no percurso de seus
textos. Muitas pessoas costumam associar dois Machados, um antes de Brás Cubas e um
depois, mas isto não é inteiramente verdade, não para quem conhece e lê os seus contos.
É pelos contos que vemos esta produção se evoluindo gradualmente, onde os elementos
trabalhados por Machado vão retornando, diversas vezes, em linguagem, estilo, ênfases
diferentes.

Em nossas aulas o que predomina é um fundo interpretativo, não o fundo descritivo. Desde
nosso primeiro conto estamos refletindo e interpretando, em detrimento de uma descrição
exata de todas as narrações que o texto possui. Em outras palavras, é preferível aqui
interpretar o texto ao ato de simplesmente descrevê-lo. Um leitor minimamente atento é
capaz de descrever a história que leu, mas há certas evidências históricas, regionais,
sociológicas, etc. que requerem mais do que uma descrição.

Devemos ter em conta também que Machado acompanhou a fundação e o desenvolvimento


do próprio Brasil. A literatura de Machado de Assis acompanha, e seus textos demonstram
em diversas marcações, o próprio desenvolvimento de um discurso metalinguístico da
literatura brasileira. Quando temos em conta estes fatores, Machado se torna muito mais do
que um realista ou um descendente de uma escola romântica. Ele é a marca do
desenvolvimento de nossa metalinguagem.

Aqui nestas aulas nós temos, já tivemos e teremos, esforços no sentido de compreender a
natureza humana de nosso Machado, ou ainda, a natureza humana segundo o próprio
Machado (são duas coisas diferentes). Machado é um autor que consegue ter uma literatura

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carregada de visão sociológica, e ao mesmo tempo de profunda manifestação estética,
espelhando-se muitas vezes em um próprio confessionário.

Então, o texto de Machado acompanhou o próprio processo de invenção da nação brasileira


e ao mesmo tempo de invenção da sociologia brasileira. Machado é um autor polissêmico,
ele tem uma cultura que tem na literatura a sua principal fonte de reconhecimento, mas já
analisamos o conversar do Machado foi em teologia, filosofia, bem como na própria história
brasileira. Machado é um autor interdisciplinar que congrega diferentes conhecimentos,
integrando-os na estética de sua literatura. Ele é um autor que escreveu desde folclore até a
posição do Diabo na teologia. Ou seja, Machado é um autor profundamente multi e
interdisciplinar. Interdisciplinar porque trabalha na própria especificidade da literatura e,
dentro dela, trabalha temas multidisciplinares. Porém, Machado não foi um autor
multidisciplinar, no sentido de ter produzido, digamos, um trabalho de história. Portanto,
Machado foi interdisciplinar no recorte no seu objeto de ofício, mas ao mesmo tempo foi
multidisciplinar na forma de produzir um texto literário.

Aqui eu procuro sempre integrar as minhas análises, a compreensão cultural do Brasil de


um modo menos ortodoxo e um pouco mais subjetivo. Tento mostrar para vocês detalhes,
nos textos de Machado, que orbitam desde a obviedades que ele fez questão que fossem
entendidas até mesmo em algumas reflexões eu busco o exatamente oposto, que é, o mais
íntimo e implícito que um determinado detalhe possui.

A minha tentativa é expor as interpretações Machadianas a partir de um simbólico que


acessa o universo cotidiano. Portanto, aqui eu tento estabelecer uma abordagem conceitual
e teórica, capaz estabelecer uma justificativa aos limites explicativos de minha análise.

Machado cria, na sua literatura algumas dificuldades, que ora são práticas, no sentido de
reconhecer a própria racionalidade do universo, bem como ele também cria outra outras
dificuldades de ordem social, psicológica e humana.

2. Estudos fenomenológicos na abordagem de Machado de Assis.

Pelo progresso que as ciências humanas tem ao longo do séc. XX, preferencialmente a
partir de todos os estudos fenomenológicos. É possível que ampliemos o modo de ler
Machado de Assis, a partir de uma tentativa de reconhecê-lo como um resultado textual
uniforme (vejam aquelas rupturas, oscilações que ele de fato tem em seus textos), mas é
possível também a partir de um processo fenomenológico, que breve cenários sejam
analisados texto a texto (ex. como a ética social ou a ética humana se comportou em
determinada circunstância - eis uma reflexão constante nos textos de Machado que eu
muitas vezes elenquei por aqui). Nos textos de Machado encontramos, constantemente,
uma construção de tipologias que são capazes de, em alguma medida, sintetizar aspectos
relevantes da sociedade brasileira, tal como ele a enxerga.

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Machado na sua literatura abordou diferentes linguagens: literatura, música, artes, teologia.
É incrível que em texto a texto nós percebemos como ele entendeu cada um dos temas, de
um modo minimamente satisfatório, ou seja, aquilo que Machado verbaliza é aquilo que ele
tem no mínimo conhecimento razoável. Machado tem textos concretos, que possui uma
maneira peculiar de apresentar uma mentalidade humana, conversando com a queda de
Adão e ao mesmo tempo conversa com a elevação do homem (no sentido social, espiritual,
e etc).

Aqui em nossas aulas tento descrever o texto e o contexto, por isso que reiteradamente
tenho pedido que vocês sempre observem qual o ano do conto, estrutura e ambientação
dentro do contexto de vida de Machado de Assis. Machado trabalha insistentemente com as
dualidades humanas, corpo, alma, subjetividade, objetividade, apolíneo, dionisíaco, e dentro
dessa relação do apolíneo e, do interno e externo para ficar mais fácil, nós reiteradamente
percebemos o modo como Machado estrutura a sua literatura (vejam, aqui é um esforço de
descrição, não necessariamente um juízo de valor - Machado trabalha com esse tipo de
dualidade de um modo muito recorrente).

É evidente que muitas de nossas aulas tem um hermetismo quase como uma regra, ainda
que evidentemente o hermetismo não possa receber a classificação de uma regra, é só
uma liberdade coloquial. A partir do momento que proponho uma leitura não linear dos
textos e, uma busca nos sentidos ocultos e dos significados não evidentes em cada um dos
contos, dependendo do texto a texto, nós acessamos uma constante de decifrações
interpretações, mas que tem uma certa base de significado que tenta tornar a nossa leitura
algo acessível, para que ela consiga uma ferramenta para acessar a camada mais
superficial no modo de ler Machado de Assis seja superada.

Machado é um autor que demonstra um conhecimento profundo de sua realidade. Conto a


conto, percebe-se que não é em um único texto que encontramos toda a chave de
significado que seus textos estabelecem. Exemplo: quando alguém diz que “Machado
escreveu só romances”, sem dar devido valor aos contos, ignora toda a forma cifrada,
misteriosa, enigmática, muitas vezes contraditória, triunfante, que o Machado apresenta
como um modelo estruturado nos seus próprios textos (contos).

Machado merece, conto a conto, um modo interpretativo hermenêutico. Machado precisa de


um “mapa de significados”, já que foi um autor muito versátil, com uma ciência apurada e
lapidada na forma de desenvolver o seu conhecimento (é o produto do encontro de sua
angústia com seus objetos e desejos de labor).Machado conseguiu em muitos momentos
descrever a consciência intencional ou a consciência involuntária (ou em muitas vezes as
duas em conjunto) do homem em cada um dos seus textos. Por isso que uma análise
minuciosa em cada um desses contos produz uma visão muito mais ampla do nosso
Machado. Romancista que escreveu 9 romances (temos aí um asterisco em “Casa Velha”).

Dentro de todo este contexto, até pela própria maneira que eu estudo e analiso os temas,
eu acabo inserindo Machado de Assis na fenomenologia, ou seja, eu recuso fórmulas
universais do modo de como avalia-lo e eu me permito, como professor e leitor, analisar as

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suas subjetividades/parcialidades. Tento aqui explorar o imaginário de Machado de Assis e
tento ao mesmo tempo instituir algumas imagens para facilitar a síntese que nós leitores
nem sempre percebemos no que envolve a relação entre a literatura de Machado de Assis e
o homem Machado de Assis.

Quando Platão dia que “a poesia nasce do afastamento da inconsciência”, Machado é, de


fato, um homem que se afasta da inconsciência e escreve/escreveu com muita consciência
e com muito domínio. Neste aspecto da racionalidade, Machado foi um platônico. A sua arte
consegue revelar ao mundo, ao seu público, as suas intrínsecas leis internas, agonias,
aflições, esperanças, trocas subjetivas e eu como pesquisador/mediador, busco mostrar
para vocês que há sempre muito mais dentro desse texto, que no primeiro momento parece
apenas um caráter ficcional. Há um caráter ficcional nas manifestações artísticas de
Machado, mas não é caráter irreal ou inverídico; constitui-se, na verdade, em um desejo de
fruição do homem Machado de Assis: é um pacto que Machado estabeleceu com o seu
papel. Sua narrativa imaginária é uma tentativa de compreensão, de suspensão da agonia,
uma ruptura com a cotidianidade, é ali que o homem discreto Machado de Assis apresenta
a sua presença e sua ação, o seu mergulho no universo da sua realidade.

Então, a ficção de Machado de Assis, ela é desde seus primeiros contos, desde seus
primeiros romances, uma tentativa lapidada pouco a pouco, de um mergulho no universo da
realidade através da ficção, tendo como o cotidiano, tendo suas diferentes presenças, por
exemplo, um de seus palcos. Suas manifestações artísticas são cheias de significado. O
seu entendimento, que por meio dos sentidos e de uma boa leitura e de uma análise
fenomenológica (como eu tento executar aqui), em alguma medida a gente aprende pouco
a pouco, de que há muito mais do que somente um autor racionalista.

Podemos nos valer da definição de Umberto Eco: “Arte é um bosque, na qual o homem se
perde para encontrar um autor, um autor que é também ele próprio, que na obra se realiza”.

Os textos de Machado de Assis compõem uma rede de significados simbólicos e estéticos,


e para estudá-los é necessário abrir mão de simples objetividade, de mera exterioridade. A
partir deste processo nós analisaremos, analisamos e já falamos sobre a riqueza,
originalidade e completude das manifestações deste artista. Lembremos que Machado é
historiador, psicanalista, detetive… lança pistas, ora espirituais, ora intestinais, ora sociais e
ora históricas.

O texto de Machado possibilita uma série de desdobramentos. Há uma cultura em torno do


imaginário humano e do modo como nós poderemos compreendê-lo. Ou seja, como o ser
humano, enquanto imaginário desenvolvido por Machado de Assis, como ele nasce, como
ele se organiza, como ele representa o próprio mundo, como ele é representado no próprio
mundo, quais são seus papéis estéticos, sociais, multidisciplinariedades.

Então, meu papel aqui é dar para vocês um método interpretativo, que é um método muito
escorado na hermenêutica e na análise fenomenológica dos textos de Machado de Assis, o
nosso Apolíneo e Dionisíaco

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RESUMO SINTÉTICO

1. Machado coloca o subjetivo do homem e, por consequência, o subjetivo da alma


humana, no centro de sua obra.
1.1. Paisagem histórica, humana e social de Machado.

2. Texto de Machado: ciência dos significados: ações sociais, humanas, substratos


necessários do interior da alma.

3. Sentido interpretativo e não descritivo.


3.1. Refletir: interpretar o texto em detrimento de apenas descrevê-lo.
3.2. Autor que surge no século XIX e acompanha o desenvolvimento do Brasil.
3.3. Criação de uma metalinguagem brasileira de nossa literatura. Marca peculiar de
Machado.

4. Compreender a natureza humana do próprio Machado ou descrita por ele.


4.1. Texto que acompanha a fundação do Brasil e de sua sociologia.
4.2. Machado é polissêmico: tem na literatura sua maior especialidade, todavia congrega
diferentes conhecimentos (teológico, filosófico, político, social, etc.) na sua literatura.
4.3. É multidisciplinar na forma de produzir um texto literário e interdisciplinar no trato de
seu ofício.

5. Tentativa de expor as manifestações machadianas através de uma simbologia do


cotidiano.

6. Cria algumas dificuldades, complexas, como a racionalidade do universo; mas também


de ordem social, humanas, psicológicas.

7. Ampliar, a partir de esforços para interpretar Machado, o drama existencial pessoal ou


que foi percebido por ele.

8. Nos textos encontramos constantemente tipologias que são consideradas relevantes para
a sociologia e cultura brasileira, do modo como ele enxergou.

9. Aquilo que Machado verbaliza é aquilo que tem razoavelmente domínio.

10. Diálogo com a queda de Adão e a ascese/ evolução espiritual, social, etc.

11. Texto e contexto: ano do conto, estrutura, título, ambientação, biografia de Machado.

12. Relação do apolíneo e dionisíaco. Machado trabalha com dualidades. Interno e Externo.

13. Aulas são hermenêuticas.

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14. Leitura não linear, buscar significações não evidentes; dependendo do texto buscar
decifrar, encontrar chaves interpretativas distintas, para que a camada superficial da leitura
de Machado seja superada.

15. Modo interpretativo hermenêutico que precisa de um “mapa de significados”.


15.1. A literatura de Machado é um encontro com a angústia com o ofício/ drama do
homem.

16. O professor insere Machado na fenomenologia. Analisá-lo nas suas particularidades


para enxergar a sua literatura e o homem Machado, negando universalizações que não nos
deixam enxergar melhor.

17. Escreve conscientemente, racionalmente. Nesse sentido, Machado foi platônico.


Evidencia seus dramas com clareza e precisão platônicas.
17.1. Para Platão a literatura é um afastamento da insconciência para valer-se da
consciência.
17.2. Por isso Machado é platônico, o seu texto é consciente. Obs: Machado não foi
racionalista, mas racional ao escrever.

18. Desejo de fruição de Machado de Assis em sua narrativa imaginativa. Escapar da


angústia; tentativa, lapidada pouco a pouco, de uma imersão na realidade.
18.1. Em alguma medida, fazendo o que fazemos, enxergamos muito mais do que um autor
racionalista.

19. Arte como bosque: Umberto Eco.

19.1. Machado de Assis: textos com campo para uma rede de reflexões que devem ser
lançadas fora da objetividade, para assim enxergar reflexões multifacetadas de sua
literatura.

20. Machado possui vasta cultura: esforço literário para expressar os dramas humanos
universais.

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Transcrição parcial da aula (11/08/2020)

Análise da crítica de Alfredo Bosi a Machado de Assis no livro “História concisa da


literatura brasileira”

As minhas divergências com Alfredo Bosi, no que envolve o recorte literatura no Brasil
(gravem isso), não parte de um entendimento prévio de que Alfredo Bosi por ser um homem
de esquerda logo eu discordo de tudo que ele tem pra dizer. Politicamente, eu tenho muitas
divergências do pensamento social e político de Alfredo Bosi. No que envolve a sua
exposição literária, os meus recortes, dependendo do contexto, até se fundamentam em
algumas exposições que ele estabeleceu, ou seja, no recorde literatura brasileira
(dependendo da pauta), até concordo com Alfredo Bosi.

Desta maneira, ele é considerado um caminho inescapável, para que você possa
compreender uma certa paisagem histórica de nossa literatura. Ele é um imortal da
Academia Brasileira de Letras, professor da USP, possui uma história acadêmica
consagrada e ele não apresenta aqui uma pesquisa infantil - é uma pesquisa sólida com
boas referências, boas citações. Todavia, há alguns limites, ele esquece de mencionar
autores que eu considero fundamentais, deprecia de um modo sutil a conversão ao
catolicismo de Joaquim Nabuco, ele não apresenta de um modo linear os diferentes perfis
que ele destaca.

Eu não analisarei a obra como um todo, o meu objetivo é analisar o Machado de Assis que
ele analisa neste livro (História Concisa da Literatura Brasileira). Existe o recorte, que é o
recorte do realismo e dentro desse recorte ele cita alguns autores importantes que foram
lidos e que inspiravam muito desse ambiente social do Brasil nas décadas 60, 70, 80 e 90
de nosso séc. XIX. Dentro desse contexto, vocês precisam entender que república/
abolicionismo eram pautas tidas como modernas. Joaquim Nabuco, como por exemplo, foi
acusado de reacionário, porque ele de moderno se converte e olha para trás e ainda se
afirma monarquista.

Dentro desse processo, há aqui uma série de autores muito interessantes que marcam a
história das idéias no Brasil: Tobias Barreto, Sílvio Romero, Castro Alves, Fontoura Xavier,
Valentim Magalhães, Carvalho Júnior e Machado de Assis. Dentro desse contexto, eu tenho
algumas ressalvas muito importantes. O escritor realista (pela análise de Alfredo Bosi)
tomará a sério a suas personagens e se sentirá no dever de descobrir-lhes a verdade, no
sentido positivista de dissecar os móveis de seu comportamento. O realismo ficcional
aprofunda a narração de costumes contemporâneos (primeira metade do séc. XIX -
concordo - Victor Hugo, Balzac, Dickens). Nas obras desses escritores criadores do
romance moderno já exibia poderosos dons de observação e de análise, Machado é um
ponto disso, razão pela qual não se deve cavar um fosso entre elas e de outros autores que
expuseram a história dentro dessa perspectiva (Vitor Hugo, Balzac, Machado e etc). Ele
coloca Machado em um patamar de conversa como Flaubert e outros escritores. O que eu
discordo, o escritor realista tomará a sério seus personagens dissecando-as no sentido

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positivista. Acho aqui algo sem analisar especificamente. Vocês precisam saber que eu sou
de uma escola de autores que trabalham muito com a especificidade, dentre eles Carlos
Ginzburg no livro “O Queijo e os Vermes”. Isto colocado, eu não acho que Machado seja
bem isso, mas eu acho que Machado (naquele destaque que dei) um bom exemplo de
realismo ficcional. Então é uma frase (um parágrafo) que eu concordo em 80%, porque
vejam, as afirmações dos realistas franceses a propósito são exemplares, aí tem uma
citação de Flaubert: “esforço-me por entrar no espartilho e seguir uma linha reta geométrica
nem um lirismo, nada de reflexões aos entes e personalidades de um autor”. Eu não acho
que Machado seja isso, eu acho que inclusive, neste caso, que Flaubert e Graciliano Ramos
estão muito mais conjugados.

Mas não é essa a referência que Alfredo Bosi faz, até este momento da obra centra a sua
textualidade em Machado e realismo dentro desse conjunto de diálogo. Há um bom
destaque dado a sociologia da literatura, apresentado nos romances de Machado de Assis
e de outros autores realistas é uma linha em qua vários momentos eu aqui também
exemplifico a partir dos contos, só que alguns pontos que nós vamos ter problemas, como
por exemplo, a tentativa de Alfredo Bosi associar determinismo e realismo (acho que não
seja uma tentativa condizente), mas nós temos algumas questões interessantes que
quando o nosso autor explora o realismo chegando em Lima Barreto, Coelho Neto e
trazendo um elenco de escritores como por exemplo cearenses, que em alguns momento
citei aqui, Adolfo Caminha, Alencar e outros. Alencar muitas vezes como aquele escritor de
causa e Adolfo Caminha como efeito.

Machado é apresentado por Alfredo Bosi como justiça, como ponto mais alto, mais
equilibrado da prosa realista brasileira e dentro desse contexto na exposição biográfica,
comete um erro (quando ele diz que Machado estudou em escola pública, sendo que
Machado não teve uma educação formal - aqui temos um erro de Alfredo Bosi). No
desenvolvimento da exposição, a relação com Paula Brito, “A marmota” e, o resto dessa
vida biográfica interessantíssima de nosso Machado, Alfredo Bosi destaca bem. Dentro
desse contexto, ele fez (Alfredo Bosi) um bom conjunto de referências onde Machado de
Assis foi citado. Então nós vamos ter aqui José Veríssimo, Graça Aranha, Monteiro Lobato,
Mário Alencar, Oliveira Lima (estudo que fez sobre Machado) e por aí vai. Então, um elogio
a Alfredo Bosi. Percebam como estou fazendo aqui né? Ponto a ponto do texto analisando,
tecendo elogios quando necessário.

Dentro desse contexto, há esse recorte de 1878 (acirrada resenha de “Primo Basílio” de
Eça de Queiroz), nos dá um Machado senhor de critérios seguros para apreciação da
coerência moral de personagens que ele ainda não soubera plasmar. Bem, eu discordo
desse recorte tão arbitrário. Eu acho que Machado quanto escritor é alguém que deve ser
avaliado à luz de conjuntos de experiências, bem como texto a texto. Alfredo Bosi dá um
destaque essencialmente aos romances e aos contos de maturidade de Machado de Assis,
o que me faz discordar, pois inseriu Machado a partir do realismo na literatura brasileira.
Dessa forma, é uma maneira de incluir Machado dentro de uma amarra de uma escola
literária, e muitas vezes as escolas literárias inibem a versatilidade/diluição da literatura para
outros fins. A literatura perde a capacidade de conversar com o todo de um ambiente, que
parece muitas vezes, está restrita/atrelada com uma especificidade de uma escola. Então

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você tem uma paisagem da história da literatura brasileira, aí quando chega no realismo
Machado de Assis, acho muito empobrecedor o modo como cita-lo.

Um elogio que ele faz aqui a Machado de Assis, é que teve mãos de artista leve para não
se perder em determinismos de raça ou de sangue. Todavia, Alfredo Bosi repete os
mesmos clichês, que é um Machado de Assis pouco engajado. A partir das nossas leituras,
texto a texto, já temos bagagem suficiente para refutar esse tipo de tese. A ficção
Machadiana, constituiu pelo equilíbrio formal que atingiu, um dos caminhos permanentes da
prosa brasileira. Aí a referência citada do Gustavo Corção no conto “A segunda vida”, você
percebe qual comentário ele está alinhado, ou seja, Machado de Assis ele é de fato aquele
escritor que a partir dele constituiu uma linha a ser seguida, tais escritores como Graciliano,
Drummond, Corção, acabam direta/indiretamente inspirando-se em Machado de Assis.
Ainda, temos uma boa análise de Alfredo Bosi a cerca de Capitu e Bentinho, mas a ênfase
que é apresentada é de um Machado realista, dos contos de maturidade, de Quincas Borba,
Dom Casmurro e Brás Cubas. Então há muito pouco espaço para textos como “Helena”,
“Iaiá Garcia”, “Ressurreição” e os contos de mocidade não são apresentados.

Então nós temos uma visão Machadiana que repete a mesma maneira arbitrária de
classificar o texto de Machado em dois momentos, cujo o divisor de águas seria “Brás
Cubas”, ou seja, desconsiderar toda sua produção literária antes do magnum opus. Alfredo
Bosi têm seus méritos: catalogação bibliográfica; destaque ao relevo literário de Machado
de Assis na literatura brasileira; maneira como Machado inspira a literatura brasileira e;
deixando Machado como “maior” entre os escritores brasileiros. Pontos negativos: poucos
comentários sobre os textos de mocidade; pouco aproveitamento de Machado de Assis
mais sociológico e; o modo de recortar Machado pelo “Brás Cubas” é um modo muito
inadequado.

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Texto enviado pelo professor Thomas

Machado de Assis e o Eclesiastes


Trecho do Livro: O Desconcerto do Mundo - Gustavo Corção

Recomendamos a leitura de Machado de Assis a quem desejasse apurar o ouvido para o


áspero e aflitivo timbre do Eclesiastes. Agora sugerimos a leitura do livro atribuído a
Salomão a quem desejar compreender um pouco melhor o tão caluniado pessimismo de
Machado de Assis. “No Eclesiastes há tudo para todos” dizia já em 1895 o cronista da A
Semana. Haverá, pois, para os críticos, uma chave que permita abrir os cofres secretos
desse mesmo autor que em outra crônica, de 1893, escrevia: “Onde há muitos bens, há
muitos que os comam, diz o Eclesiastes, e eu não quero outro manual de sabedoria.” São
numerosas as passagens em que Machado se refere a esse manual de sabedoria tão
adequado ao seu estilo, mas o que nos autoriza a dizer que o livro sagrado exerceu
poderosa influência sobre o autor de Brás Cubas não é a freqüência da citação. É antes a
profunda, a misteriosa perspicácia com que Machado penetrou o espírito do angustiado
Qohelet.

Nas páginas anteriores, seguimos a hermenêutica traçada pelos sábios comentadores, pela
qual o Eclesiastes será um livro existencial, uma espécie de filosofia do absurdo, um
manual de contra-senso escrito na pauta da limitação marcada pelos horizontes terrestres.
Se a sorte do homem é o que se vê sob o sol, então a vida é um disparate. A forte
estimulação desse livro consiste na confiança incondicionalmente posta na fé dos
mandamentos. Esses, aconteça o que acontecer, não podem ser absurdos. Serão
incompreensíveis como os sofrimentos de Jó e como o sacrifício de Abraão. No dinamismo
das propulsões negativas, ou melhor, do vácuo produzido por essa bomba pneumática,
tira-se a conclusão: a sorte do homem não pode limitar-se ao que se vê. Ou ainda, do que
se vê tira-se todo um prenúncio do que está escondido.

Os autores das modernas filosofias existencialistas optaram pelo absurdo. O que vale dizer
que não optaram, e que ficaram detidos, imobilizados, sem ímpeto para atravessar o
espelho e entrar no mundo das maravilhas. Dessa paralisação da inteligência resulta um
pessimismo real, profundo, desconsolado e degradante, que não era, de modo algum, o
pessimismo de Machado de Assis. Melhor do que a maioria dos nossos críticos, o inglês
que comentou a tradução de Brás Cubas chamava a atenção para o que denominou
pessimismo estimulante.

Até seus últimos dias, na desolação da velhice e da viuvez, Machado de Assis conserva
intato o senso moral. Se nos romances parece ter atingido um cansaço de vida e um
desconsolo supremo, aí está sua correspondência para nos mostrar o outro lado do homem
que persiste em crer no homem e na realidade moral. E a explicação desse dualismo está
no Eclesiastes, que é por assim dizer um livro onde o principal é justamente o que falta: a
notícia de nossa transcendência, e de nossa ressurreição. O princípio da
complementaridade, que tem tanta importância nas teorias interpretativas da física
moderna, e que também dá uma das regras capitais para a interpretação do Livro Santo,
mostra-nos o desolado discurso do Qohelet como um sequioso apelo à outra metade da

17
história que só muito mais tarde será revelada. O sábio-louco diz “tenho sede”, como Cristo
na cruz, momentos antes da ressurreição. Sede de complemento, de completação, de
consumação. Sede de solução.

Ora, há uma passagem de sua obra onde se vê que Machado de Assis compreendeu muito
bem essa complementaridade dos mistérios de Cristo: é aquela em que, ao Eclesiastes,
contrapõe o Sermão da Montanha. Em 25 de março de 1894, o cronista da A Semana,
disfarçando com guizos de frivolidade a sua sabedoria, entra a descrever um ofício da
Paixão a que assistira. E termina assim a crônica como aquele seu ar de quem não sabe
que está dizendo coisas enormes:

“Soou o cantochão. Chegou-me o incenso. A imaginação deixou-se-me embalar pela


música e inebriar pelo aroma, duas fortes asas que a levaram de oeste a leste. Atrás dela
foi o coração, tornado à simpleza antiga. E eu ressurgi, antes de Jesus. E Jesus
apareceu-me antes de morto e ressuscitado, como nos dias em que rodeava a Galiléia, e,
abrindo os lábios, disse-me que a sua palavra dá solução a tudo.

– Senhor, disse eu então, a vida é aflitiva e aí está o Eclesiastes que diz ter visto as
lágrimas dos inocentes, e que ninguém os consolava.
– Bem-aventurados os que choram porque eles serão consolados.
– Vêde a injustiça do mundo. Nem sempre o prêmio é dos que melhor correm, diz ainda o
Eclesiastes, e tudo se faz por encontro e casualidade.
– Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos.
– Mas é ainda o Eclesiastes que proclama haver justos, aos quais provêm males ...
– Bem-aventurados os que são perseguidos por amor da justiça, porque deles é o reino do
céu.

E assim por diante. A cada palavra de lástima respondia Jesus com uma palavra de
Esperança. Mas já então não era ele que me aparecia, era eu que estava na própria
Galiléia, diante da montanha, ouvindo como o povo. E o sermão continuava.
Bem-aventurados os pacíficos. Bem-aventurados os mansos ...”

Como se explica, pergunto eu, sem apelos ao caso, essa aproximação que tem finuras de
sutil hermenêutica? Nós outros, depois de lermos muito sábios exegetas, chegamos a essa
mesma conclusão. Depois de vivermos longos anos no convívio dos doutores em teologia,
conseguimos entrever as escondidas intenções do antigo escritor inspirado. Machado achou
aquilo sozinho, talvez na Rua do Ouvidor, porventura na mesma esquina onde teve a notícia
do 15 de Novembro: “Disseram-me na Rua do Ouvidor que os militares proclamaram a
república ...”

[...] Tudo isso prova que o pessimismo de Machado de Assis é de espécie totalmente
diversa daquele moderno que leva à imobilização e ao cinismo.”
Machado coloca o subjetivo do homem por consequência da alma humana, podemos dizer
que no texto de machado a condição humana ocupa a condição humana.

18
Livros

Nome Comentário

Contos Reunidos - Machado de Assis Dica do professor para adquirir o livro de


Editora: Pradense contos com o melhor custo x benefício

Machado de Assis (Estudo Crítico e


Biográfico)
Autor: Lucia Miguel Pereira

Os inimigos de Machado de Assis


Autor: Josué Montello

Machado de Assis
Autor: Augusto Meyer

Machado de Assis Vida e Obra (1, 2, 3 e 4)


Autor: R. Magalhães Júnior

Eclesiastes
Tradutor: Padre Matos Soares

Linha Reta Linha Curva: Edição Crítica e citação


Genética De Um Conto De Machado De
Assis

Autor: Ana Cláudia Suriani da Silva

Machado de Assis Historiador Editora:


Companhia das Letras

Machado de Assis Bons Dias!

Introdução e notas John Gledson


Editora Unicamp

Esaú e Jacó Olhares sobre a leitura


Henriqueta do Coutto Prado Valladares

Biblioteca TEXTOS FUNDAMENTAIS

Vida e Obra de Machado de Assis volume 4


APOGEU

R. Magalhães Junior

Eça e o Brasil, Arnaldo Faro


Brasiliana volume 358

19
O niilista Machado de Assis Coleção “Rex’’

“Organização Simões’’ Editora Rio 1958

Machado de Assis Contos Reunidos

Coordenação e orientação de Sérgio Paulo


Rouanet
Machado de Assis correspondência

Machado de Assis 2a edição


Coleção “rex’’
Edição da “organização Simões’’
Augusto Meyer

Machado de Assis Badalada Dr. Semana


Silvia Maria Azevedo Pesquisa,
organização, apresentação e notas

Machado de Assis Romances Completos

Escritor por Escritor - Machado de Assis


Segundo Seus Pares

Autor: Hélio de Seixas Guimarães e Ieda


Lebensztayn

Memórias Póstumas de Machado De Assis

Autor: Josué Montello

Machado de Assis: Ficção e Utopia

Autor: Massaud Moisés

Machado de Assis

Autor: Josué Montello

Machado de Assis - Vida e Obra

Autor: R. Magalhães Júnior

Um Mestre na Periferia do Capitalismo -


Machado de Assis

20
Autor: Roberto Schwarz

A Biblioteca de Machado de Assis

Autor: José Luiz Jobim

Machado de Assis Desconhecido

Autor: R. Magalhães Júnior

Machado de Assis e a Crítica Internacional

Autor: Benedito Antunes e Sérgio Vicente


Motta (Org)

Vídeos

Nome Link

Machado de Assis - A Vida é Boa! https://www.youtube.com/watch?v=HI7Ogw


(documentário) vNJ2Q&list=PLC9AgwYgwHsIWeUo_tSFW
5YYUROo1DE66&index=13&t=25s

Suja-se Gordo! (conto) https://m.youtube.com/watch?v=__6l39IXy


Hg

https://www.youtube.com/watch?v=-Tx91zs
Ryfs
Canal Livre: Machado de Assis - Parte 1, 2
e3 https://www.youtube.com/watch?v=VILBJu7
Entrevista com Silviano Santiago bR4Y

https://www.youtube.com/watch?v=GM8CC
uRAeoc

Contos

Como analisar um conto de Machado?

1- Pesquise o ano de publicação do conto para entender um pouco do momento de vida do


autor (Machado de Assis “Estudo Crítico e Biográfico” - Lúcia Miguel Pereira);

21
2- Busque entender o que o título está dizendo;

3- Faça a identificação do narrador dentro do conto, veja como ele se comporta, se ele é
confiável ou não;

4- Anote a geografia, os locais onde a história é narrada;

5- Anote e análise algumas situações apresentadas nas histórias, muitas vezes com uma
enorme sutileza de Machado, por exemplo menções a escravidão, viuvez, adultérios,
promessas não cumpridas, guerras, acontecimentos históricos e a lista segue;

6- Leia olhando a história a partir do olhar de cada personagem, por exemplo como ele lidou
com as situações propostas, o que estava sendo sentido, quais eram os sentimentos de
cada personagem;

7- Por último, leia o conto numa perspectiva que você se coloque no lugar do personagem,
fazendo uma reflexão de como seria seu agir naquelas circunstâncias;

ou

● Contexto Sociológico;
● Comentários Históricos;
● Contexto Geográfico;
● Questões narrativas;
● Questões interpretativos;
● Questões estilísticas;
● Significados;
● Comentários fenomenológicos;
● Intertextualidades;
● Interpretações filosóficas;

E os comentários externos no contexto que o conto foi feito, data, como ele dialoga com a
história do Brasil, com a história do Machado etc etc

Lista do contos
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1H_PEkD8PbHpxv_0snvdNPUhskoQE1MoRIB9oQ
C8uWZM/edit?usp=sharing

22
5. Cultura (diversos)
Como analisar um filme? (live 17/08/2020)

Vocês devem se apropriar um pouco mais do YouTube.


"Quero que vocês se tornem ratos do YouTube.

* Pesquisa no Google: entender o título do filme. Usar sites de sinônimos e descobrir


associações.

* Observar a posição dos ângulos (aberto/fechado), posição dos protagonistas, narrador,


fotografia

* Nunca pular os crédito quando está assistindo o filme pela primeira vez. Anotar o nome da
equipe, atores etc. Se possível rastrear essas pessoas em outros trabalhos.

* Quando assistir o filme pela primeira vez, assistam de forma solta, meditando, anotando
alguma coisa, seja livre, despretensioso, consuma o produto.

* Depois comece a assistir outros filmes do mesmo diretor

* Voltar ao primeiro filme para analisá-lo com experiência

* Por fim, ir atrás de documentários, entrevistas do diretor, material primário e etc.

Filmes

● Pausem, observem a fotografia, sequência de câmera, plano de filmagem.


● Papel e caneta na mão, anotar pontos que chamam atenção.
● Ler um pouco dos textos do André Bazin – autor inescapável quando se fala de
estética cinematográfica.
● Na Netflix, começar por “Moonlight”.
● Na Amazon Prime começar por “Projeto Flórida”.
● Podem mandar as impressões para o e-mail: thomas@historiaexpressa.com.br

23
Netflix

Filmes Comentário

Assistir e depois procurar vídeos no


YouTube com a Jackie verdadeira. Analisar
a interpretação da Natalie Portman, uma
das melhores atuações da atriz.
Jackie
Explorar as camadas que ela entregou
nessa interpretação, uma delas: Como
Machado de Assis apresenta viúvas nos
seus contos?

Assistir a partir da ideia de uma construção


da personalidade no meio que você está. A
ideia da identidade, a relação da identidade
dentro de um meio. De encontrar a maneira
de não incluir-se.
Moonlight
No desenvolvimento humano, o menino
cresce e se torna uma cópia do próprio pai
que o criou.
Circunstância, humanidade, a força do
meio, determinismo, etc.

Uma narrativa machadiana, elementos da


Ponto Final - Match Point
literatura russa (Dostoiévski)

Fala sobre niilismo, esteticismo, uma vida


sem sentido, os dramas de uma vida vazia
que encontra sentido tardiamente. O vazio,
Bojack Horseman aquele sujeito alienado que não entende
que irá morrer, o outro que entende que vai
morrer mas nao faz nada para mudar sua
situação. Obra prima.

Cassino Atuação épica do Robert De Niro

Até o Último Homem

Miles Davis, inventor do cool Documentário sobre Miles Davis

Documentário sobre John Coltrane. Aborda


questões sobre Deus e a arte no jazz.
Chasing Trane
Fazer uma comparação biografia entre o
Miles Davis e o John Coltrane.

24
Força do instante, a pessoa que é testada
Sully na hora e responde de maneira
arrebatadora.

Um contexto de narrativas com camadas


Clint Eastwood (todos os filmes)
interessantes.

Uma reflexão sobre passado e referências


Sniper Americano
importantes.

Arte e Estética

Referência ao livro “A Náusea” (Jean-Paul


O Cidadão Ilustre
Sartre) e outros elementos.

Garota Exemplar Força da mentira

A Livraria

Birdman ou (A Inesperada Virtude da


Ignorância)

Com Amor Van Gogh Fazer o exercício da análise

História de um Casamento Assistir esse filme sem dúvidas

Reflexão sobre existência, futilidade,


Comer, Rezar e Amar
propósito de vida e etc.

Seriado

Twin Peaks

Amazon Prime Video

Filmes Comentários

Projeto Flórida Começar por esse

Brilho Eterno de uma Mente sem


Lembranças

Adoráveis Mulheres

A Caça

Trama Fantasma

25
Cães de Aluguel Muita atenção aos diálogos

Os Oito Odiados

Lady Bird

Cidade de Deus

A troca

Deus da Carnificina

O lutador Atenção aos diálogos

Seriado

Sopranos

Mad Men

Livros

Livros Comentários

Vida de São Maximiliano Kolbe: O santo Não importa se gostam, acreditam em


que esteve no inferno. Deus ou na igreja;
Autor: Pe. Ivo Montanhese
Fazer reflexões sobre as duas reações
É isto um homem? específicas, sem diminuir Primo Levi
Autor: Primo Levi comparando-o a um Santo.

O Mito de Sísifo
Autor: Albert Camus

O Valor Divino do Humano


Autor: J. Urteaga

Cartas aos Amigos da Cruz


Autor: São Luis Montfort

A Morte Feliz
Autor: Albert Camus

Teatro Completo
Autor: William Shakespeare

Do sentimento trágico da vida

26
Autor: Miguel de Unamuno

Obras de Josemaria Escrivá

Cash, uma biografia


Autor: Reinhard Kleist

Gramática

Gramática Comentário

Nova Gramática do Português Para quem nunca estudou gramática


Contemporâneo
Autor: Celso Cunha e Lindley Cintra

Novíssima Gramática da Língua Caso tenha noção


Portuguesa
Autor: Domingos Paschoal Cegalla

Gramática Metódica da Língua Portuguesa Caso tenha noção


Autor: Napoleão Mendes de Almeida

Gramática de Silveira Bueno Caso tenha noção


Autor: Silveira Bueno

Análise Sintática Para se testar e saber como é ser


Autor: Pe. José Pedro Mendes Barros analfabeto na própria língua

27
Vídeos (indicação)

Link Comentário

“Tratam-se de antigas entrevistas minhas e


https://www.youtube.com/playlist?list=PLC9 mais algumas coisas. Eu as considero
AgwYgwHsIWeUo_tSFW5YYUROo1DE66 válidas para os nossos estudos, por
diferentes razões” - Prof. Thomas.

https://www.youtube.com/playlist?list=PLK7 Playlist organizada de uma live sobre


CcJRnuRBNE37-zV0VZdW8leQLd_RJJ diversos assuntos, principalmente músicas.

Programa “De Lá Pra Cá” TV Brasil.


https://www.youtube.com/playlist?list=PL6B Episódios sobre momentos históricos,
07C5C9A0DD1BE9 biografias e etc. Fazer filtro e absorver o
que é bom.

Documentários produzidos pela TV


https://www.youtube.com/playlist?list=PLLL
Senado. Fazer filtro e absorver o que é
nytnGoqiZbdqUkj7O_PUNI0O7M5ovH
bom.

Textos/Artigos

Nome Link

Graciliano Ramos, por Otto Maria https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_


Carpeaux: 120 anos, homenagem em arttext&pid=S0103-40142012000300023&ln
dobro g=pt&nrm=iso

28
6. Exercícios Orientados

1) Educação do Imaginário e etc.

1. Fazer um exercício de confissão da sua obra, de verificação particular. Verificar o


que já fizemos, assistir ou ouvir o que já produzimos, lê o que já escrevemos etc.
Objetivo é ter noção estética sobre o que produzimos (baseado em quem estamos
estudando. Exemplo: Machado de Assis. Uma verificação mais afastada, o que já
produzimos com uma certa distância temporal (de anos atrás). Fazer um exercício
de correção, verificação, de um conteúdo que já produzimos.

2. Especular sobre vidas alheias. Não é para olhar certos comportamentos,


características, observar aquela vida é trabalhar o seu imaginário, fazendo uma
suposição de como seria a vida e o que aquela pessoa é. Dar característica de como
aquela pessoa se comporta segundo sua “invenção imaginária’’. Olhar distanciado,
senso literário, criativo etc...
Exemplo: especular sobre vidas alheias, imaginar, escrever uma biografia sobre
aquela pessoa que você está vendo passar na praça. É você especular que aquela
pessoa é um escritor, um contador etc. O que a vida alheia tem a nos dizer…
Devemos brincar como Machado brincava, observar como as pessoas se
comportam e especular sobre aquela vida que está sendo observada.

3. Como as pessoas se classificam de uma forma igual e como somos iguais a estas
pessoas. Escrever sobre o inveja, orgulho, sobre o amor, sobre a traição… Escrever
textos a partir destas ferramentas que Machado nos forneceu. Escrever em um tom
confessional, nossa relação com esses temas. Pegar um drama de sua vida e tentar
descrever (mas, não em um tom de relato) é para mostrar como nossa alma se
relaciona com esses temas (Ex. Escrever um diário). Diluir um pouco de nós nos
textos. Desenvolver um texto sobre algum assunto, pessoa etc. com algum amigo,
namorada, esposa(o) etc, sobre o mesmo tema.

4. Exercício de critérios, quais os critérios usamos para fazer amigos, escolher um


professor, esposa etc.

5. Verificar qual origem da ideia que temos sobre tal tema. Fazer o exercício de
colocá-las em provas. Ex: você é contra a legalização das drogas, mas, por qual
razão eu sou contra? Fazer um mapa da razão e trabalhar nelas.

6. Observação das formas humanas, fora da bolha do que seria comum. Conversar
com um viciado e entender a profundidade daquela vida, conversar com um ser

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humano muito diferente do que somos. Visitar um asilo, como está nossa caridade?
(Ex: temos distribuído paes? Estamos ajudando?) Será que nossa voz interior é
capaz de dialogar com a voz interior de Machado de Assis?

7. Conversar com o próprio eu, ser observador das piores paisagens, situações
possíveis… Pegar seu automotivo ou no ônibus; transitar no centro das cidades e
observem as pessoas, caminhem próximo de regiões com muitas pessoas, os que
sofrem e etc. Observar.

OBS: Autores como Balzac, Homero, Camus, Santa Tereza são autores que trabalham
profundamente com o fundado da alma e estabelecem um contato com a própria fera, com
o próprio lobo da alma.

Filmes

Nome Comentário

Manchester à Beira Mar

American Sniper

Esse filme não é discurso da eutanásia, o


filme é maior do que isso: Família, solidão,
foco, trabalho.
Menina de ouro O objetivo desse filme é mostrar o que
move, sua força, existência, o que faz ela
(personagem) se movimentar quando o
caminho mais fácil é o suicídio

O filme trabalha com o lobo interior, a


O trem para Paris tormenta, conversa com nossos próprios
demônios.

Filme perturbador do ponto de vista de não


A preciosa
retratar a realidade do homem

O Silêncio Obra prima


Diretor: Martin Scorsese

30

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