Caminhando pela pequena propriedade, vendo o velho na lida diária, eu
elencava o rol de ignorância sobre as coisas que me cercavam. Pacientemente ele me ouvia e, quase sempre, retardava ao máximo uma resposta. Naquela manhã, porém, 'seu' Antonio foi ágil e contundente... e, em seguida se calou... nada mais ouvi dele desde então. Ele estava dando manutenção no galinheiro convencional: um terreiro com palha miúda e serragem por cima, os puleiros cobertos de folhas de palmeiras, galos, galinhas e frangotes, cercados por varas finas e resistentes, enterrados e amarrados. É o seu material de reposição e de algum abate. A produção de ovos ficava mais adiante, num outro cercadinho, onde as poedeiras recebiam trato específico: ração, água corrente e as caixas de madeira com tetos removíveis. Ele inventava tudo... fazia dar certo. Não havia a preocupação de comércio nele; o mercado interessado vinha buscar, trazia a ração combinada, fazia o preço e deixava o dinheiro. Uma ou outra coisa a mais era de encomenda. Havia folga de espaço para as verduras, para as árvores das frutas, para toda espécie de plantas. A água corria pelo riacho vinda desde as nascentes no alto dos morros... nunca secou. Havia um pacto velado entre a natureza e ele: os excessos de um e de outro deviam ser evitados; os limites, respeitados; a harmonia, fomentada; assim haveria a Paz. Ele ainda tinha a velha Turuna, a moto que trouxera de Curitiba... provavelmente, agora ferro-velho. Um assunto... Do jeito como fomos trazidos ao mundo, somos, tão só, projetos. É necessário haver o desenvolvimento... e cada indivíduo é dotado de livre- arbítrio para encontrar o seu melhor momento. "Todos os caminhos levam a Roma". Os homens inventaram inúmeros aparatos que visaram oferecer 'o melhor caminho'. Os bilhões e bilhões de seres humanos que transitam por este planeta há séculos sempre foram objetos de disputas pela determinação e escolha destes caminhos. As vertentes ideológicas das inúmeras igrejas tendem a ser maioria nestas disputas, seguidas pelas dos Estados e nações. As crenças e suas doutrinas, as igrejas e os seus rituais, cada qual à sua maneira, pretendem indicar o verdadeiro desenvolvimento rumo ao divino. Nota-se aí, claramente, a existência de dois 'mundos': o conhecido mundo material e o inefável mundo divino. "... e virão os falsos profetas!" É claro, os falsos sempre são os outros. A inclinação para um ou outro caminho, quando através de própria decisão, fica por conta e risco de cada vivente. A presente abordagem pretende investigar e apontar os esclarecimentos sobre as razões que levam ao pouco que se faz para promover o conhecimento de si mesmo e de suas faculdades individuais. Muito desse tipo de ignorância é patrocinado pelas 'forças ocultas' das submissões econômicas mundiais. É o que se pode dizer ser de manipulação intencional de massa. Porém, existe um outro tipo de ignorância, muito menos observável, que é superior e que independe de qualquer interferência direta das influências humanas. Trata-se da ignorância sobre as Leis da Natureza que permeiam todas as espécies de todos os reinos conhecidos sobre a Terra. Especificamente, vamos nos ater às coisas do ser humano. A Ciência já observou que o homem sofre transformações generalizadas a cada sete anos. São os chamados Saltos de Qualidade. Assim, a primeira infância vai até os sete anos, em que se dá a dependência fundamental no seio familiar. Dos sete aos quatorze, a segunda infância trabalha o engajamento social, em que menino e menina se misturam sem outros propósitos. Dos quatorze aos vinte e um, nota-se o despertar da atividade sexual - a adolescência. A partir disso, da idade adulta à maturidade, o vigor está em alta, atingindo seu ápice aos quarenta e dois anos. Nos seguintes até os sessenta e três, experimenta-se uma estabilidade confortável. Daí em diante, conforme dados comprovados, as células demoram mais e mais nos seus processos de regeneração - é o estado de velhice que se instala. Não existe uma idade exata, mas, no próximo degrau acontecem as diversas doenças por deficiência dos órgãos em geral. Por fim, o fim... a tão incompreendida morte. Vemos que a Natureza traz, cuida e leva sem que possamos impedi-la. Sim, somos produtos da Natureza. O que nos resta 'fazer' ainda em vida, senão auditarmos a nós mesmos quanto, não aos mistérios do além-morte, mas, aos questionamentos mais profundos sobre 'o que somos'. Essa parte recebe grande resistência mental devido a sua formação desde o nascimento. Deixemo-la para mais adiante. Este texto já está de bom tamanho. Proximamente abordaremos com cuidado os avanços do entendimento. Sejamos felizes... sempre!