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Cristiano Carrilho

-2013-
1. DIREITO COMERCIAL OU DIREITO EMPRESARIAL

1.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO COMERCIAL


 O Direito Comercial como conjunto
codificado de normas surge na idade média
devido a um intenso tráfico mercantil. Diante
disso a doutrina estabelece algumas fases
pelo qual o direito comercial atravessou:
1ª) FASE SUBJETIVA: O Direito Comercial e as
corporações de ofício.
 O Direito Comercial era classista,
coorporativo e fechado. Considerava-se
comerciante quem estivesse inscrito em
uma coorporação de ofício.

 O comércio existe desde a idade antiga,


embora neste período não se falava em
direito comercial.
 Idade média: comércio mais avançado –
Surgimento das raízes do Direito Comercial:

“ Com o incremento do comércio, fortalece-se os


grupos profissionais dos mercadores,
chamados de COORPORAÇÕES DE OFÍCIO –
Passam a tutelar os interesses de seus
membros em face da impotência do Estado”.
Frederico Viana Rodrigues
 Cada coorporação tinha seus próprios usos e
costumes, e os aplicava, através de cônsules
eleitos pelos próprios associados, para reger
as relações entre seus membros.

 Direito Comercial era costumeiro, não havia


participação estatal, não havia normas
ditadas por um órgão legitimado para tanto
( era apenas usos e costumes).
2ª) FASE OBJETIVA: A codificação Napoleônica e
a Teoria dos Atos de Comércio.
 O Direito Comercial começa a ganhar
importância.
 Codificações Napoleônicas (1804 e 1808
respectivamente, são editados na França por
Napoleão, o Código Civil e Código Comercial.
 Sistema Jurídico estatal destinado a disciplinar as
relações jurídico-comerciais.
 Direito privado biparte-se em dois grandes
ramos:
TEORIA DOS
- Direito Civil
ATOS DE
COMÉRCIO - Direito Comercial

Praticado algum ato que a lei considerasse


como sendo ato de comércio dever-se-ia
aplicar a norma comercial; caso contrário
aplicar-se-ia o Direito Civil.
 O Direito Comercial de caráter objetivista:
Direito dos atos de comércio.
 Teoria dos Atos de Comércio: sofre críticas
porque restringia demais o âmbito de aplicação
do Direito Comercial já que muitas atividades
negociais (ex.: atividades rurais, prestação de
serviços e negociação imobiliária) ficavam de
fora da lista dos atos de comércio.
 Nosso código comercial de 1850 filiou-se a esta
fase.
3ª) FASE DA EMPRESA: O Codice Civile Italiano
de 1942.
 Essa teoria da empresa traz o conceito de
empresa e empresário e para ela, qualquer
atividade negocial que seja exercida de
forma empresarial vai reclamar a incidência
da legislação comercial.
 Qualquer atividade empresarial (comércio,
indústria, prestação de serviço, etc.) que for
exercida de forma profissional, organizada,
com intuito de lucro, caracteriza a figura de um
empresário e portanto reclama a aplicação da
legislação comercial.
 Unificação do direito privado meramente
formal (direito civil e direito comercial
continuavam a existir como ramos autônomos
da árvore jurídica).
1.2. O CÓDIGO COMERCIAL DE 1850:
 O Código comercial de 1850 no Brasil (que não está
revogado na parte do comércio marítimo), adotou
a teoria francesa dos ato de comércio, por
influência da codificação napoleônica.

1.3. A GRADATIVA APROXIMAÇÃO DO DIREITO BRASILEIRO


AO SISTEMA ITALIANO:
 Somente em 2002, o Brasil consolida a sua
transição da segunda para a terceira fase com a
adoção da teoria da empresa.
 Hoje, quase toda a disciplina geral do direito
comercial está disciplinada no CC (art. 966
do CC define o que seja empresário).

 O CC 2002 – Disciplina apenas matéria


nuclear do ramo codificado, deixando para a
legislação esparsa as normas específicas
(ex.: Livro II, Título I, do “ Direito de
Empresa”).
1.4.E AGORA: DIREITO COMERCIAL OU DIREITO EMPRESARIAL?
 O direito comercial não cuida apenas do comércio,
mas de toda e qualquer atividade econômica exercida
com profissionalismo, intuito de lucro e finalidade de
produzir ou fazer circular bens ou serviços;

 O direito comercial hoje cuida das relações


empresariais;

 Adoção da Teoria da Empresa pelo nosso


ordenamento jurídico = DIREITO EMPRESARIAL.
2. CONCEITO
 “ Direito Empresarial é um conjunto de regras jurídicas
que regulam as atividades das empresas e dos
empresários comerciais, bem como os atos considerados
comerciais, mesmo que esses atos não se relacionem
com as atividades das empresas”.
Fran Martinis

 O direito comercial, como complexo normativo


positivo, focaliza as relações jurídicas derivadas do
exercício da atividade empresarial. Disciplina a solução
de pendências entre empresários, bem como os
institutos conexos à atividade econômica organizada
de produção e circulação de bens e serviços.
 OBJETO DO DIREITO COMERCIAL: A EMPRESA

 DIRETRIZES BÁSICAS:
EMPRESA ( a própria atividade)
ORGANIZAÇÃO
DA EMPRESÁRIO OU ATIVIDADE EMPRESÁRIA
ATIVIDADE (sujeito de direito)

ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
(universidade de fato instrumental do
exercício da empresa)
 A PROFISSIONALIDADE do exercício: sua
habitualidade e sistematização.

 A CONDIÇÃO PRODUTIVA OU CIRCULATÓRIA


DE BENS E/OU SERVIÇOS.

 O INTUITO DE LUCRO.
3. FONTES DO DIREITO COMERCIAL (Matrizes
geradoras da ordem jurídica/respostas instrumentais que a
concretizam).

3.1. PRIMÁRIA OU IMEDIATA: LEI (dotada de obrigatoreidade


direta).

3.2. SECUNDÁRIAS OU MEDIATAS: COSTUMES, ANALOGIA,


PRINCIPIOS GERAIS DO DIREITO (derivadas)

Art. 4ª LICC – “ Quando a lei for omissa, o juiz decidirá


de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais do direito”.
FONTE PRIMÁRIA:

a) LEI: “Regra geral de direito, abstrata e permanente,


dotada de sanção, expressa pela vontade da
autoridade competente, de cunho obrigatório e
forma escrita”.

Ex.: - O Ccom (parte não revogada);


- O CC 2002;
- As normas pertinentes ao Direito comercial;
- A normação regulamentar derivada do
Estado;
- Os tratados e convenções internacionais.
FONTES SECUNDÁRIAS:
a) USOS E COSTUMES: “É o uso geral, constante e
notório, observado socialmente e correspondente
a uma necessidade jurídica” (na omissão da lei).
 Requisitos (continuidade, uniformidade,
conformidade ou assentamento).
 Vide art. 111 e 113 do CC.
 Devem ser secundum legem ou praeter legem,
jamais contra legem.
b) ANALOGIA: “Consiste na aplicação dos princípios
extraídos da norma existente a casos outros que não
os expressamente contemplados , cuja diferença não
seja essencial, ou seja, juridicamente iguais, iguais
por sua essência” (casos semelhantes).

c) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO:


“São postulados que
procuram fundamentar o sistema jurídico, não tendo
necessariamente uma correspondência positivada
equivalente”. Ex.: Legalidade, Impessoalidade,
Moralidade e Publicidade.
d) EQUIDADE: “ Casos excepcionais, quando a
própria lei atribui ao juiz a possibilidade de julgar
seus ditames”.

Obs.: Segundo Waldo Frazzio Júnior – Doutrina e


jurisprudência não são consideradas fontes do
Direito comercial.
e) DOUTRINA: “É a opinião dos doutos, conhecidos
como juristas”.

f) JURISPRUDÊNCIA: ”É obra exclusiva da reflexão


dos operários do Direito, nas decisões dos juízes
monocráticos e tribunais, em litígios submetidos
à sua apreciação”.

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