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A empatia e a constituição transcendental da comunidade:

breve estudo sob as perspectivas de Edith Stein e de Edmund Husserl


Clio Francesca Tricarico1

Resumo
A partir da epoché husserliana – a suspensão de toda preocupação com a existência do mundo empírico –, a
investigação fenomenológica é direcionada essencialmente para a constituição de sentido das estruturas gerais do
que se apresenta como objeto para a consciência. Desse modo, o mundo empírico (transcendente) é reduzido à
esfera transcendental: a imanência da consciência. A fenomenologia, porém, correria o risco de dar a impressão
de que concebe a experiência do mundo como mera constituição de sentido por parte de uma consciência solipsista.
A partir dessa objeção, uma das principais questões enfrentadas por Edmund Husserl e Edith Stein na análise
fenomenológica das relações intersubjetivas consiste em justificar a possibilidade de se experienciar a alteridade,
bem como a constituição do mundo objetivo de modo transcendental. Em suas investigações, ambos os pensadores
explicitam precisamente o modo como se dá transcendentalmente a aparição da alteridade e do mundo objetivo
para a consciência, mostrando ainda como a aparição mesma do outro e do mundo consiste em algo decisivo para
a própria autoapreensão do ego e para a formação da comunidade. Tomando como base, em particular, as obras
Meditações cartesianas de Edmund Husserl e O problema da empatia e Introdução à filosofia de Edith Stein, este
trabalho procurará destacar inicialmente dois aspectos fundamentais da constituição transcendental da
comunidade: (i) a percepção do outro por meio de uma intencionalidade mediata (mittelbare Intentionalität); e (ii)
a necessidade de colher a estrutura universal/essencial do objeto para a transmissão de sentido (Sinnesübertragung:
a apercepção de concordância de sentido entre dois ou mais egos) e a consequente efetivação do ato empático. O
exame desses dois aspectos levará à compreensão da esfera primordial na qual se constitui a intersubjetividade
transcendental, pode-se dizer, o nível mais básico da constituição da comunidade (no âmbito da generalidade, da
natureza comum): fundamento para a compreensão da comunidade em sua realidade efetiva.
Palavras-chave: Edith Stein. Edmund Husserl. Comunidade. Empatia.

A relação entre a empatia e a constituição da comunidade na esfera transcendental pode ser


explicitada a partir do exame de dois aspectos fundamentais: (i) a percepção do outro por meio
de uma intencionalidade mediata; e (ii) a necessidade de colher a estrutura geral do objeto para
a transmissão de sentido.
Nesse sentido, o primeiro passo que se apresenta para a admissão de uma intersubjetividade
no campo transcendental sob a perspectiva fenomenológica é explicitar em que bases e de que
modo o outro se anuncia de modo indubitável para o ego transcendental como outro que é.
Nesse sentido, nas análises da vivência do outro como propriamente outro, Husserl, em
Meditações cartesianas, destaca do conteúdo dessa experiência seu caráter primordial: trata-se
de uma identidade em meio à multiplicidade e à mutabilidade de um objeto psicofísico, vale
dizer, de um objeto que se mostra como sujeito, o qual partilha a mesma experiência de mundo

1
Doutoranda em Filosofia na Universidade Federal de São Paulo. Mestra em Filosofia pela Universidade São
Judas Tadeu (São Paulo). Membro do Grupo de Pesquisa “O pensamento de Edith Stein” (Unifesp), do Grupo
de Trabalho “Edith Stein e o Círculo de Gotinga” (ANPOF – Associação Nacional de Pós-Graduação em
Filosofia) e do Comitê Científico da edição crítica em língua italiana das Obras Completas de Hedwig Conrad-
Martius.
2

que eu, incluindo a experiência de mim próprio, do mesmo modo que eu o experiencio. O
problema de esclarecer como é preenchido o sentido com esse conteúdo preciso é examinado
na esfera transcendental, pós-redução. A redução, porém, assume aqui um perfil específico:
“trata-se, agora, de uma estrutura essencial da constituição universal, em que transcorre a vida
do ego transcendental, enquanto constituinte de um mundo objetivo”2.
Segundo Husserl, na esfera de propriedade do ego transcendental, o outro nos é dado com
um sentido de eu próprio, mas não como o meu eu próprio; seu sentido é constituído
inicialmente como reflexo de mim mesmo, mais precisamente, como análogo de mim mesmo,
porém, “não o análogo no sentido comum”3. A questão que se coloca, então, neste primeiro
passo, consiste em saber como se constitui algo no interior da esfera da propriedade do ego,
com um sentido de eu próprio, mas que se apresenta como propriedade alheia.
A tarefa inicial proposta por Husserl no tratamento dessa questão consiste em identificar,
na esfera da propriedade do ego, tudo o que efetivamente lhe pertence, o que equivale a dizer,
tudo o que é não alheio. Em outras palavras, o que pertence a mim deve abstrair de tudo o que
se apresenta como proveniente do outro, para alcançar, poderíamos dizer, o campo puro do não
alheio. Ao final dessa operação, na esfera transcendental de minha propriedade, é possível
identificar apenas o sentido do que se apresenta como simples natureza. Entre os corpos
apreensíveis nessa natureza, distingue-se em particular um corpo psicofísico (Leib) que
reconheço como meu, pois percebo que exerço domínio imediato sobre ele.4 Mantendo apenas
a minha unidade psicofísica (campo do não alheio), observo, porém, que no fluxo de todas as
minhas vivências puras, ainda é conservado o fenômeno “mundo”, com sentido constituído
apenas a partir das relações estabelecidas pelo meu ego. A partir disso, começa a se esboçar de
que modo é constituído o mundo e o outro na esfera pura de propriedade: por meio das
experiências advindas do eu psicofísico. Mas como se relacionaria o eu psicofísico com o ego
transcendental reduzido?
O eu se autoapreende no ego transcendental com o sentido do eu humano, pessoal e
mundano. Desse modo, a apreensão do eu psicofísico leva à apreensão da alma como fenômeno,
da qual o fenômeno “mundo” é propriedade.5 Na esfera da propriedade do ego transcendental,
são delineados, então, dois estratos de constituição no seu campo de experiência – o próprio e

2
HUSSERL, E. Cartesianische Meditationen und Pariser Vorträge, p. 125.
3
HUSSERL, E. Cartesianische Meditationen und Pariser Vorträge, p. 125.
4
Husserl explica que se se avança nessa redução, abstraindo-se também dessa unidade psicofísica, perde-se, como
diz Husserl, o “sentido natural de ser um eu [...], bem como toda a minha mundaneidade em sentido natural”
(HUSSERL, E. Cartesianische Meditationen und Pariser Vorträge, p. 129).
5
A própria alma, no entanto, é uma apercepção mundana, o que a torna sempre algo secundário do ponto de vista
transcendental. (Cf. HUSSERL, E. Cartesianische Meditationen und Pariser Vorträge, p. 131).
3

o alheio –, que evidenciam uma peculiaridade crucial: tudo o que o ego transcendental constitui
em sua esfera de propriedade lhe pertence efetivamente; no entanto, o modo de aparição
“alheio”, mesmo pertencendo à sua esfera de propriedade, não é constituído pelo próprio ego
no modo de autoconsciência.6 O problema que se apresenta a partir dessa diferenciação é
compreender, ou melhor, justificar a constituição de algo na esfera de propriedade do ego
transcendental que não consiste em uma síntese constitutiva própria desse ego. Em outras
palavras, trata-se de investigar o modo de doação de sentido que surge a partir da evidência da
experiência de um mundo objetivo pré-dado – constituído a partir do meu mundo primordial7 –
, que se apresenta como uma transcendência com essência própria, ainda que esse sentido só
se confirme no interior da esfera transcendental do ego.
A partir do meu mundo primordial, são preenchidas camadas de sentido que fazem emergir
um mundo objetivo, cuja determinação é ser comum a qualquer ego. É desse modo que,
inicialmente, o outro eu aparece na relação intencional (na esfera pura). A essência desse outro
eu (geral) se mostra com duas características essenciais: (i) ele é necessariamente constituído
em uma comunidade de eus e (ii) em sua intencionalidade, que se constitui no modo “comum”,
é constituído um mesmo e único mundo8. Na verdade, a esfera transcendental se mostra, por
essência, como intersubjetiva.
Assim, a constituição da intersubjetividade transcendental começa a aparecer com
contornos mais definidos; permanece, no entanto, uma dificuldade na base dessa constituição:
o outro eu encontrado na esfera da intersubjetividade transcendental ainda não assume o sentido
de pessoa. O outro eu se apresenta por meio de uma vivência originária do ego transcendental;
porém, com isso não é colhida a sua essência de modo originário, ou melhor: o que é próprio
de sua esfera transcendental não é acessível de modo direto. Desse modo, na apreensão de um
eu “copresente”, é identificado o caráter mediato da intencionalidade9.
A presentificação desse eu remete a outra esfera original. Isso requer um tipo de
presentificação específica: por meio da semelhança que liga o meu corpo próprio ao do outro,
dá-se uma transferência aperceptiva10. No caso específico da apreensão da alteridade, ao captar

6
E Husserl completa: “No interior e com os meios deste próprio, ele constitui, porém, o mundo objetivo enquanto
universo de um ser que lhe é alheio e, no primeiro nível, o alheio no modo alter ego”. (HUSSERL, E.
Cartesianische Meditationen und Pariser Vorträge, p. 131).
7
Nas palavras de Husserl, o mundo primordial consistiria na “unidade sintética de um sistema infinito das minhas
potencialidades” que, não obstante a sua idealidade é “um elemento determinante do meu ser concreto próprio,
como ego” (HUSSERL, E. Cartesianische Meditationen und Pariser Vorträge, p. 136).
8
Cf. HUSSERL, E. Cartesianische Meditationen und Pariser Vorträge, p. 137.
9
Mittelbarkeit der IntentionaIität.
10
Verähnlichende Apperzeption. Husserl chama a atenção para o fato de que essa apercepção não consiste em uma
inferência por analogia; não se trata de nenhuma operação do pensamento, e sim de uma instituição originária,
no sentido de algo que se constitui por semelhança pela primeira vez.
4

o outro, identifico, por semelhança ao meu eu, outro eu, sobre o qual não tenho o domínio
imediato das operações. Essa apreensão é caracterizada, portanto, por um modo peculiar de
analogia (que não é por inferência): o emparelhamento originário entre o meu eu e o outro eu
ocorre por meio de uma apercepção por semelhança que possibilita “uma transmissão de
sentido, ou seja, a apreensão de um elemento em conformidade com o sentido do outro”11. Toda
essa operação é concernente a um ato em particular que está na base da constituição do modo
outro eu. Trata-se do ato empático.
Sobre esse tema específico, Edith Stein desenvolveu sua tese de doutorado intitulada O
problema da empatia. Em suas análises, a pensadora examina dois aspectos fundamentais: a
essência do ato empático e o processo de transmissão de sentido na esfera intersubjetiva. No
exame da essência da própria vivência empática, a pensadora ressalta com precisão a chave do
problema: o caráter originário ou não-originário da experiência vivida12. É caracterizada como
originária toda vivência presente, ou seja, toda experiência vivida; porém, nem toda experiência
vivida é originária com relação ao seu conteúdo; nas palavras da filósofa: “a recordação, a
expectativa, a fantasia não têm o seu objeto diante de si, presente em carne e osso, mas apenas
o tornam presente; e o caráter de presentificação é um momento essencial imanente desses atos,
não uma determinação obtida pelos objetos”13. Em uma palavra, o recordar é originário; o
objeto recordado, não14. O destaque primordial é direcionado para o eu presente na correlação15
que denota uma sutileza na compreensão da distinção entre o caráter originário e o não-
originário: na recordação, na fantasia etc., o conteúdo não está sendo vivido pelo eu (próprio)
presente em carne e osso. Na recordação, por exemplo, o eu que vive o conteúdo é um eu do
passado, enquanto o eu presente vive o recordar16. Assim, o conteúdo do passado não é o objeto
imediatamente dado na vivência do eu presente; é a vivência da recordação como um todo
(incluindo o eu do passado) que passa a ser o objeto do recordar (vivência atual). Dito de outro
modo, pode-se considerar que o eu originário presentifica o eu não-originário.
Edith Stein identificará uma analogia entre os atos de empatia e os atos nos quais a
experiência vivida é dada de modo não-originário. Assim como na recordação, o ato empático

11
HUSSERL, E. Cartesianische Meditationen und Pariser Vorträge, p. 142.
12
Caráter também evidenciado por Husserl em seus escritos; em Meditações cartesianas, o originário e o não-
originário é explorado sob outra perspectiva.
13
STEIN, E. Zum Problem der Einfühlung, p. 6.
14
“A não originariedade do ‘agora’ remete à originariedade do ‘então’ [daquela ocasião]: o então tem o caráter de
ser um ‘agora’ que foi.” (STEIN, E. Zum Problem der Einfühlung, p. 7).
15
“existe para cada uma dessas [vivências] a possibilidade de uma doação originária, vale dizer, a possibilidade
de que o eu vivente no olhar que reflete esteja ele mesmo presente em carne e osso”. (STEIN, E. Zum Problem
der Einfühlung, p. 6, grifo nosso).
16
“[...] o eu do presente e o eu do passado se confrontam na relação de sujeito e objeto e não é possível que um
possa coincidir com o outro [...]”. (STEIN, E. Zum Problem der Einfühlung, p. 7).
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é originário enquanto “empatiza” (vivência presente), mas é não-originário no que se refere ao


seu conteúdo. No momento da apreensão do objeto – o sentido percebido na expressão do outro
–, a vivência captada remete à experiência que está sendo vivida por outro eu; o objeto do
empatizar não remete diretamente ao conteúdo da vivência alheia, mas ao seu viver esse
conteúdo. Ocorre nesse momento a identificação do sentido do conteúdo que é alcançado, então,
de modo mediato. Do mesmo modo que na recordação, o conteúdo (o vivido alheio) é não-
originário, pois não é vivido pelo eu presente, ou melhor, pelo meu eu presente.
Diferentemente, no entanto, da recordação ou da fantasia, não se trata do meu eu do passado ou
da imaginação, mas sim de outro eu presente que, por sua vez, está vivenciando a experiência
de modo originário.
Com isso, a pensadora chega a um primeiro resultado sobre a empatia, no âmbito da
generalidade, isto é, “assim aparece a experiência que um eu em geral pode colher de um outro
eu em geral”17, permanecendo na esfera transcendental. Chegamos agora ao mesmo ponto em
que interrompemos esta análise sob a perspectiva husserliana. A tarefa que se apresenta, a partir
daqui, é tratar da empatia como problema de constituição, ou seja, investigar como se
constituem os objetos envolvidos no ato empático, em particular, o eu individual/pessoal e o
sentido objetivo do conteúdo, por meio do qual se dá o reconhecimento de uma estrutura geral
e a consequente comunicação intersubjetiva.
O exame do ato empático, nas análises de Edith Stein, percorre o processo de apreensão do
outro eu, “atravessando”, de certo modo, as três dimensões que a pensadora identifica na
unidade psicofísica da pessoa humana (física, psíquica e espiritual). Concentrando-se
inicialmente na dimensão física/material, Edith Stein observa que o corpo próprio se caracteriza
como portador de um campo sensorial, no interior do qual ele se encontra no ponto zero de
orientação em relação ao mundo espacial. Por meio da percepção sensorial externa de outros
corpos físicos, chegamos, progressivamente, à percepção de outro, como outro corpo próprio,
ou seja, diante de outro corpo semelhante, que também se apresenta como um campo sensorial
com seu centro de orientação. A partir dessa apreensão, é possível realizar uma “transferência”
de posição: consigo me colocar no lugar espacial do outro e perceber o mundo circundante a
partir do seu ponto zero de orientação.18 Nessa situação, somos “deslocados” à consciência
perceptiva do outro; não está em discussão neste momento se eu no lugar do outro teria a mesma

17
STEIN, E. Zum Problem der Einfühlung, p. 10-11.
18
Isso, segundo Stein, não consiste numa “projeção” no sentido de uma construção imaginária, mas numa
copercepção, na qual a vivência é dada de modo cooriginário: a orientação em relação ao mundo circundante
me é dada sob a perspectiva do outro eu.
6

percepção que ele, considerando o aspecto psicológico. O importante aqui, segundo Stein, é
compreender que reconhecemos a mesma “estrutura”.
Essa mesma perspectiva é apresentada por Husserl no § 53 das Meditações cartesianas, no
qual ele explicita os diferentes modos de doação: o meu corpo próprio, dado no modo aqui
central, e o corpo próprio do outro, dado no modo ali.19 Na minha experiência originária, eu só
conseguia me apreender como corpo próprio; mas, nessa nova situação, consigo me “ver”,
primeiramente, sob a perspectiva da percepção externa, apenas como um corpo físico em meio
a tantos outros e, num segundo momento, numa nova apreensão, como corpo próprio,
exatamente como faço quando me recordo de mim ou me imagino em alguma fantasia, porém
numa ação atual.20 Essa operação é o que Husserl chama de associação emparelhante. Ela tem
início a partir da percepção dos dados sensíveis, mas, por meio de sucessivas percepções e
novas apresentações de conteúdo, são realizadas progressivas associações que permitem ir além
da apreensão meramente física, alcançando o preenchimento de conteúdos da esfera psíquica.
A associação emparelhante, no entanto, não seria possível se não tivesse em sua base um
fator essencial: a inteligibilidade do sentido do que está sendo transmitido.
Em Introdução à filosofia21, em sua análise do processo de conhecimento, Edith Stein faz
um exame minucioso da constituição do sentido no juízo de percepção, do qual ela salienta
principalmente dois aspectos: um lógico e um psicológico. De um lado, um mesmo sentido de
juízo é vivido por diversos sujeitos (aspecto psicológico); de outro, existe a essência do ato de
julgar relativa a todo sentido de juízo. O aspecto psicológico não é relevante para a análise do
juízo do ponto de vista da teoria do conhecimento e sim a vivência do juízo, o ato de julgar
enquanto tal, no qual é dado o modo de ser do objeto. Esse modo (“como”) é uma posição lógica
que considera o objeto por um determinado ponto de vista, com um significado que o expressa
numa forma geral. A forma geral, no entanto, não é acrescida à objetividade como algo de fora:
um estado de coisas é expresso do modo como ele é por sua própria estrutura. O que é
importante destacar para a nossa análise é que de um estado de coisas particular, a percepção
colhe algo na forma de significado geral. Isso é essencial para o ato empático, no qual a
concordância concernente ao mundo objetivo se dá exclusivamente pela possibilidade da
apreensão (em comum) dos sentidos gerais dos conteúdos das vivências intencionais.
Tanto em Husserl como em Edith Stein, é mostrado então que, por meio da associação
emparelhante e da apreensão de sentidos gerais pelo ato empático, instaura-se a

19
Cf. HUSSERL, E. Cartesianische Meditationen und Pariser Vorträge, p. 145-146.
20
A empatia reiterada também examinada por Edith Stein.
21
Cf. STEIN, E. Einführung in die Philosophie, Parte I, Cap. c, item 8.
7

intersubjetividade na esfera transcendental.22 A partir desses resultados, é possível proceder à


análise da constituição dos diversos tipos de agrupamentos entre seres humanos e compreender,
assim, a formação da comunidade.

Bibliografia

Obras principais
HUSSERL, Edmund. Cartesianische Meditationen und Pariser Vorträge. Herausgegeben und
eingeleitet von S. Strasser. Husserliana Band I. Den Haag: Martinus Nijhoff, 1973.
_____. Ideen zu einer reinen Phänomenologie und phänomenologischen Philosophie: Erstes Buch.
Allgemeine Einführung in die reine Phänomenologie, Husserliana. Gesammelte Werke, Bd. III/1.
Den Haag: Martinus Nijhoff, 1976.
STEIN, Edith. Beiträge zur philosophischen Begründung der Psychologie und der
Geisteswissenschaften. In: Jahrbuch für Philosophie und phänomenologische Forschung, v. V.
Halle / Tübingen: Max Niemeyer, 1970.
_____. Einführung in die Philosophie. ESW XIII. Louvain/Freiburg/Basel/Wien: Herder, 1991.
_____. Zum Problem der Einfühlung. Halle: Buchdruckerei des Waisenhauses, 1917.

Outras obras consultadas


ALES BELLO, Angela. L'universo nella coscienza: introduzione alla fenomenologia di Edmund
Husserl, Edith Stein, Hedwig Conrad-Martius. Pisa: ETS, 2003.
ALFIERI, Francesco. Il serrato confronto con la fenomenologia husserliana in Potenza e atto di Edith
Stein: al limite della fenomenologia tradizionale. In: ALES BELLO, A.; ALFIERI, F. (orgs.).
Edmund Husserl e Edith Stein: due filosofi um dialogo. Brescia: Morcelliana, 2015, p. 41-99.
MOURA, Carlos Alberto Ribeiro. Sensibilidade e entendimento na fenomenologia. In: MOURA, Carlos
Alberto Ribeiro. Racionalidade e crise: estudos de história da filosofia moderna e contemporânea.
São Paulo: Discurso Editorial e Editora da UFPR, 2001.
SAVIAN FILHO, Juvenal (org.) Empatia. Edmund Husserl e Edith Stein: apresentações didáticas. São
Paulo: Loyola, 2014.

22
Em sua tese, a pensadora aponta a empatia como fundamento da intersubjetividade: “[...] a empatia, como
fundamento da experiência intersubjetiva, torna-se a condição de possibilidade de um conhecimento do mundo
externo existente.” (STEIN, E. Zum Problem der Einfühlung, p. 72). Em seus trabalhos posteriores,
especialmente na obra Contribuições para a fundamentação filosófica da psicologia e das ciências do espírito,
os resultados obtidos nas análises realizadas em sua tese servirão de base para as investigações acerca das
relações entre indivíduo e comunidade.

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