Você está na página 1de 6

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BRAGANÇA
FACULDADE DE HISTÓRIA

CAMILA OLIVEIRA DAS MERCÊS

ANÁLISE CONTEXTUAL DO FILME “MA VIE EM ROSE” COM BASE NAS


TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO.

BRAGANÇA, PARÁ
2021
CAMILA OLIVEIRA DAS MERCÊS

ANÁLISE CONTEXTUAL DO FILME “MA VIE EM ROSE” COM BASE EM


TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO.

Análise do filme “Ma vie en rose” com base em textos


sobre o Desenvolvimento humano, a ser apresentada
como requisito parcial para a obtenção de conceito na
disciplina Psicologia do Ensino Aprendizagem.
Docente: Profª. Drª. Vanderlúcia da Silva Ponte.

BRAGANÇA, PARÁ
2021
2

Nascemos com dúvidas, incógnitas essas que nos acompanham durante todo nosso
desenvolvimento físico, social e psicológico com necessidades de saciar nossos desejos, sobre
querer experimentar coisas novas, lugares, objetos, conhecer pessoas, caminhamos às vezes
sem saber qual a estrada certa ou errada, apenas por pura curiosidade, muitas vezes por
impulso e manipulações. De acordo com todos esses fatores, nós desenvolvemos o ser
humano com diferentes personalidades únicas dentro de si que vão se aprimorando de acordo
com sua vivência, o ser feminino e o ser masculino se dividem em cada indivíduo, cabendo a
ele descobrir seu patamar “adequado” ao sexo que irá desenvolver. Alguns momentos
acontecem proporções alteradas na preferência sexual de uma pessoa em que a sociedade
demora a aceitar o diferente, deixando o indivíduo à mercê de julgamentos e preconceitos, o
diferente que chamamos de homossexuais são pessoas iguais como todos nós, apenas com
qualidades diferentes, atração física e emocional por outro indivíduo do mesmo sexo.

O filme “Ma vie em rose”(Minha vida em cor-de-rosa) de Alain Berliner estreado em


1997 nos traz uma percepção diferente de como vemos a infância a partir dos 7 anos (dita no
filme como uma idade de autoconhecimento e busca de identidade da própria criança),
percepção essa de heterogeneidade que tenta de forma falha conviver como uma “família
tradicional”, mas sendo ridicularizada pela sociedade a partir de algumas ações que o menino
Ludovic apresenta como mudar o visual, brincadeiras, imaginação e a preferência televisiva
assistindo em alguns momentos a “Boneca” Pam, um dos motivos em que leva Ludovic à uma
certa dúvida no seu gênero que o próprio transforma do masculino, para o feminino. É
também apresentado momentos em que o menino é levado para várias sessões com uma
psicóloga que percebe e aborda que não há resultados na terapia quando uma criança está
calada, todas as ações feitas por Ludovic atingem um ponto dramático e agonizante de
bullying, um tanto violento, verbal, físico e psicológico vindo da família e de outras crianças
na escola, seu mecanismo de defesa se resumia na fuga para o mundo imaginário e fantasioso
onde poderia “viver” da forma que queria.
Sigmund Freud (1856-1939), residente de Viena em Londres é considerado o pai da
psicanálise, estudou sobre o inconsciente das pessoas através da hipnose, sonhos, pulsões,
desejos, mundo da transgressão e entre outros fatores para entender o ser humano e todos seus
atos desde a primeira relação com o mundo, construída como a fase oral na infância até seus
últimos trajetos chamada fase genital, a vida adulta. Sendo assim, no início do filme Ludovic
nos presencia o estágio de latência, é abordado uma cena em que o garoto se reproduz numa
imagem feminina, usando as roupas da sua irmã e deixando os vizinhos escandalizados com a
3

criança da nova família do bairro. Essa quarta fase de latência para Freud é considerada a
organização de uma identidade sexual, momento em que as crianças se tornam capazes de
identificarem-se uns com os outros como professores, colegas de sala ou personagens de
ficção, momento em que meninos e meninas se separam por grupos na escola, lugar esse
considerado o principal para o auxílio de novas experiências, alegando ao professor um papel
crucial no desenvolvimento da criança e transmissor de conhecimento básico, como o respeito
com o próximo e outro papel no qual se iguala ao dos pais, como refúgio.
O QI (Quociente de inteligência) da criança se desenvolvendo no cotidiano da própria
avaliando a sua capacidade cognitiva, se familiariza com o Ego propriedade em que Freud
apresenta como a estrutura da personalidade que se desenvolve a partir do ID(fonte da energia
psíquica) na medida em que a criança vai tomando consciência de sua própria identidade, a
função do ego é a de procurar aprender e ao mesmo tempo apaziguar as recomendações
constantes do ID, preservando a segurança a saúde e a sanidade da psique, como o ID é
incapaz de lidar com a realidade externa, o ego que é lógico e racional cumpre essa função
fazendo um equilíbrio entre o mundo interno e externo. Em momentos de distração, Ludovic
encontrava no seu inconsciente um mundo “cor-de-rosa" com a boneca Pam do canal
televisivo em que assistia nos deixando um parêntese à mais para Freud em que “Não estamos
no controle de nossas próprias ações”, no caso, o Ego não é senhor em sua própria casa.
Para o biólogo Jean Piaget, a elaboração de uma pedagogia construtivista era
recomendável para observar o desenvolvimento de uma criança principalmente desde seu
nascimento, pois, segundo ele esse desenvolvimento futuramente gera em decorrência o
aprendizado, e o aprender encaminha o indivíduo para uma “melhor” relação com o mundo.
Essa relação de acordo com os conceitos fundamentais que Piaget apresenta, a hereditariedade
principalmente física, não intelectual, se dá de acordo com a vivência onde a criança tem seu
primeiro contato humano e com ele vai adquirindo comportamentos, atitudes e
conhecimentos. Logo temos a adaptação, que se faz persuadir uma curiosidade intelectual e
criatividade, abrangendo dois pontos principais que são a assimilação e a acomodação, dois
pontos que estão presentes no comportamento de Ludovic, pois a criança se sentia
familiarizada (assimilação) com as atitudes femininas, logo após seus pais colocarem-no em
uma seção com a psicóloga ocorrem afirmações (em conversa com a psicóloga e seus pais) de
que a criança é formada do sexo masculino, Ludovic se abala com a notícia e tenta produzir
uma acomodação com o referido anúncio, sem resultados. Outro processo que Piaget
apresenta é o Esquema, que contém 4 estágios contendo uma faixa etária em cada, um deles é
4

o Operatório concreto (7 à 12 anos) em que Ludovic apresenta no decorrer da trama


coordenando suas ações com as dos outros, contendo um progresso no seus pensamentos.
Por outro lado, o Psicólogo Vygotsky nos torna com uma ideia socio-interacionista de
como pode-se ocorrer o desenvolvimento infantil a partir das relações sociais dialéticas com a
criança como ativa na sociedade criando uma interação de mundo, homem e objeto. Outro
método importante que Vygotsky nos deixa é sobre a escola, professor e família como um
processo social, determinando um papel ativo e determinador na vida do aluno, pretendendo o
que tenha um conhecimento a mais para cada aluno(a) tanto no campo social, entre amigos,
quanto no individual, fator esse que também é observado na relação entre a professora de
Ludovic com a turma, educando os alunos e pregando o respeito com o próximo na sala de
aula.
Dentre esses assuntos, vários outros fatores devem ser discutidos e apresentados para a
sociedade, pois é necessário saber que o desenvolvimento de qualquer forma nos traz sempre
uma identidade diferente em cada indivíduo. O protagonista de “Ma vie em rose” nos traz
uma identidade diferente das outras crianças de 7 anos na época (1997), pois apesar de não ser
totalmente formada é discriminada pelo fato de ser diferente, discriminação essa que por
consequência vem como causa de depressão e suicídio, pois Ludovic nasceu com órgãos
genitais masculinos, no entanto fazia práticas sociais femininas brincando com bonecas e
usando em alguns momentos roupas femininas, mas no período em que foi para o entorno
social não o aceitaram, causando assim violências verbal, física, simbólicas e psicológica dos
colegas da sala causando-lhe assim um estresse, chegando num ponto extremo como a
tentativa de suicídio entrando no freezer na garagem da sua casa.

Referências bibliográficas:
● Ma vie en rose. Direção: Alain Berliner. Produção de Carole Scotta. França: Haut
et Court, 28 de maio de 1997. Google Drive.
● RAPPAPORT, Clara Regina, et al., Teorias do desenvolvimento: conceitos
fundamentais. Volume 1. São Paulo: EPU, 1981.p.11-50.
● RAPPAPORT, Clara Regina, et al., Teorias do desenvolvimento: conceitos
fundamentais. Volume 1. São Paulo: EPU, 1981. p.51-74.
● TULESKI, S. C., FACCI, M. G. & Barroco, S. M. S. Psicologia histórico-cultural,
marxismo e educação. Teoría y crítica de la psicologia, 3, 2013. p.281-301.
5

● PETRUCCI, Giovanna Wanderley; BORSA, Juliane Callegaro, et al., A Família e


a escola no desenvolvimento socioemocional na infância. Trends in Psychology /
Temas em Psicologia, Vol. 24, nº 2, 391-402, 2016.
● PORTO, José Alberto Del. Conceito e Diagnóstico: Depressão. Revista brasileira
de Psiquiatria, Vol.21, 1-6, Maio,1999.

Você também pode gostar