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Rio de Janeiro
2017
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Rio de Janeiro
Escola de Guerra Naval
2017
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RESUMO
O Brasil tem sido cenário de diversas catástrofes ocasionadas por fenômenos naturais, que
causam consideráveis perdas materiais e vidas humanas. Em sua grande maioria, estes
fenômenos estão diretamente ligados à escassez de água, inundações e deslizamentos de terra
como os ocorridos na Região Serrana do Rio de Janeiro. A participação das Forças Armadas
em tais situações, em cooperação com as ações de Defesa Civil, vem sendo cada vez mais
necessária, uma vez que, além de sua rápida capacidade de mobilização, dispõe de meios e
recursos necessários para realizar um trabalho efetivo. Assim, o presente trabalho pretende
verificar se a normatização administrativa afeta ao Setor Operativo da Marinha do Brasil
atende às necessidades encontradas nas ações de resposta em apoio à Defesa Civil, de modo a
garantir a efetividade do trabalho desenvolvido por seus militares. Para atender à pesquisa
proposta, apresenta-se inicialmente os principais conceitos afetos à atividade de Defesa Civil.
A busca em doutrinas nos remete aos conceitos de autores especializados em desastres
naturais, assim como, de publicações voltadas para operações militares, embasando-se
principalmente na Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988; na Lei 12.608, de
2012, que institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil; na Doutrina Básica da
Marinha, que dispõe sobre o emprego do Poder Naval e que também engloba a proteção da
sociedade em situações de calamidade pública, em decorrência da participação da Marinha do
Brasil no Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil; e a Carta de Instrução nº 001-07, do
Comando de Operações Navais, que reza sobre o emprego dos meios da Marinha do Brasil
em ações de Defesa Civil.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 5
4 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 23
REFERÊNCIAS ……………………………………………………………..… 26
1 INTRODUÇÃO
2014, em São Paulo, que começou quando os níveis dos rios, responsáveis pelo abastecimento
de água de cerca de 8,8 milhões de pessoas, atingiram níveis preocupantes de seca
(MARENGO, 2015); os tornados em Santa Catarina, em 2015, quando os ventos podem ter
chegado a 200 quilômetro por hora, afetando cerca de mil pessoas; e a cheia em 2015, no
Acre, quando o nível do Rio Acre alcançou os 17,88 metros, atingindo bairros da capital Rio
Branco, afetando diretamente cerca de 9 mil pessoas (G1, 2015).
Ao longo dos anos e em face da ocorrência de eventos catastróficos, como os
elencados anteriormente, o Estado Brasileiro tem se capacitado progressivamente, com o
propósito de oferecer suporte e cooperação em ações que visam, principalmente, suavizar os
efeitos de uma catástrofe, seja por meio dos membros componentes da Defesa Civil ou por
meio do emprego das Forças Amadas (FFAA), que passaram a ser mais atuantes depois da
realização da I Reunião de Ministros de Defesa do Conselho de Defesa Sul-Americano
(CDS)2, ocorrida nos dias 09 e 10 de março de 2009, em Santiago do Chile, que, à época,
aprovou o Plano de Ação 2009-2010, o qual contemplou a implementação de uma série de
medidas na Área de Cooperação Militar3, entre as quais se destacam aquelas voltadas para as
ações humanitárias e operações de paz4 (OLIVEIRA, 2010; PILLAR, 2011).
Diante deste contexto, a Marinha do Brasil (MB) contribuiu inúmeras vezes com
o envio de suas tropas para atender aos anseios da sociedade desamparada, em face das mais
diversas catástrofes, como enchentes, inundações e deslizamentos, sempre fundamentada nos
postulados legais existentes. O papel desempenhado pelas FFAA nas ações envolvendo
catástrofes naturais é o mote do aludido trabalho, que pretende realizar uma análise
bibliográfica das normas emitidas pelo Setor Operativo da MB e verificar se as mesmas
atendem as ações de resposta a catástrofes naturais, quando em apoio à Defesa Civil.
Cresce de importância no cenário nacional o emprego da MB em apoio à Defesa
Civil, por serem operações que aproximam os militares da sociedade. Assim, é fundamental
que as normas emitidas pela MB, voltadas para o apoio a esses tipos de ações, estejam
atualizadas, seguindo os preceitos legais e que as mesmas atendam as demandas da sociedade
de forma efetiva, a fim de evitar quaisquer questionamentos quanto à legalidade de seus atos.
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Instituído em dezembro de 2008, por decisão dos 12 países que integram a União de Nações Sul-Americanas
(Unasul) (BRASIL, [200-]).
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O referido plano se dividi em quatro eixos temáticos: Política e Defesa; Cooperação Militar, Ações
Humanitárias e Operações de Paz; Indústria e Tecnologia de Defesa; e Formação e Capacitação.
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Por ocasião deste evento foram propostas quatro ações nesse sentido: Exercício conjunto para atuação em caso
de catástrofes naturais; conferência para troca de experiências em operações de paz; inventariar as capacidades
nacionais para auxílio em ações humanitárias; e resposta imediata conjunta quando houver necessidade de ações
humanitárias em caso de desastres naturais.
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Qualidade do que atinge o seu objetivo, é a capacidade de funcionar regularmente, satisfatoriamente, fazendo
referência ao que é real e verdadeiro.
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2014a). O desastre ocorrido, em 2011, na região serrana do Rio de Janeiro foi o que mobilizou
um grande efetivo de militares da MB, cuja atuação será abordada no capítulo seguinte.
O conhecimento dos preceitos atinentes aos desastres naturais, bem como a sua
classificação e gradação, são elementos essenciais para constarem das publicações emitidas
pelo Setor Operativo da MB. Assim, de acordo com Castro6 (1999), os desastres naturais são
o resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um ecossistema
vulnerável, causando danos humanos, materiais e ambientais e consequentes prejuízos
econômicos e sociais. A medida da intensidade de um desastre é definida a partir da avaliação
e descrição dos danos humanos, materiais e ambientais, além dos prejuízos econômicos e
sociais (BRASIL, 2007a, p. 5).
Ainda, segundo Castro (1999), os desastres podem ser classificados quanto à
Origem em: Naturais; Humanos ou Antropogênicos; e Mistos. Quanto à Evolução em:
Súbitos; Gradual; e Somação. Quanto à Intensidade como de Nível I (pequena intensidade);
de Nível II (média intensidade); de Nível III (grande intensidade); e de Nível IV (muito
grande intensidade). Com o intuito de tornar o leitor um pouco mais familiarizado com o grau
de intensidade e as consequências que um desastre pode acometer foi disponibilizada a tabela
constante do Anexo A, concebida por Kobiyama et al. (2006), onde constam os níveis de
classificação de I a IV; a intensidade dos impactos e prejuízos provocados por um desastre
classificados em termos percentuais do PIB municipal; e a situação na qual se encontra o
município atingido com relação a resposta ao desastre.
A variação do clima e os efeitos do aquecimento global são apontados como
alguns dos motivos da incidência de temporais, chuvas intensas, tornados, estiagens, entre
outros desastres naturais (TOMINAGA, 2009). Entretanto, outro elemento pode ser apontado
como causa de desastres, tal como o crescimento urbano desordenado e acelerado, sem o
devido planejamento e infraestrutura apropriada para suportar tal crescimento.
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Antônio Luiz Coimbra de Castro, reconhecido como o grande idealizador da Defesa Civil no Brasil.
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Podemos citar como exemplos de hipóteses de desastre os deslizamentos, inundações bruscas, secas, incêndios
florestais, desastres relacionados ao transporte de produtos perigosos, colapso em edificações, entre outras des-
descritas na Codificação Brasileira de Desastres (COBRADE), prevista na Instrução Normativa nº 1, de 24 de
agosto de 2012 (BRASIL, 2012a).
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outubro de 2011 (BRASIL, 2011b); que foi reiterado e revalidado pelo EMCFA por meio do
Fax nº 202/SC 3-2/EMCFA, em 06 de dezembro de 2012; e o Plano de Emprego das Forças
Armadas em Caso de Desastres (PEFACaD), de 18 de dezembro de 2013, que se refere ao
emprego das FFAA em cooperação com os órgãos e entidades responsáveis pelas atividades
relacionadas com a Defesa Civil (BRASIL, 2013c). Para Lopez (2016, p. 61) o Plano de
Emprego das Forças Armadas em casos de desastres é o passo inicial na busca de uma
padronização, apesar disso cada Força dentro da sua área de atuação deve buscar o
aperfeiçoamento de seus planos e cada vez mais definirem seus papéis nas operações de apoio
à Defesa Civil.
Outro documento balizador da atuação das FFAA, as Instruções para Emprego das
Forças Armadas em Apoio à Defesa Civil (MD33-I-01-2015), expedido pelo MD, especifica
como cada Força Singular deve atuar, de acordo com a da seguinte missão:
buscas aos desaparecidos e auxílio aos feridos, médicos, enfermeiros, psicólogos, sociólogos,
capelães, motoristas, entre outros especialistas.
3.3 O Setor Operativo da Marinha do Brasil nas atividades de apoio à Defesa Civil
A Marinha do Brasil já desencadeou diversas ações em apoio à Defesa Civil em
situações de catástrofes naturais, tais como as cheias de rios no Norte do país, a seca no
Nordeste, o deslizamento de terra no sudeste do país, levando assistência médica e hospitalar,
social, material, remoção e transporte dos atingidos. Um exemplo desta afirmação são os
Navios da Esperança, que atuam na região amazônica, projeto que visa atender às
necessidades de povos que vivem ao longo das margens dos rios, sendo que estes se
encontram nas condições mais adversas, tais como meteorologia, mudança do leito e a cheia
dos rios. Ainda assim, a MB leva Assistência Hospitalar (ASSHOP) através dos Navios de
Assistência Hospitalar (NAsH) e Assistência Cívico-Social (ACISO) pelos Navios-Patrulha
Fluvial (NPaFlu) até mesmo em comunidades mais isoladas, conforme descreve o Vice-
Almirante Domingos Savio Almeida Nogueira, no livro A Marinha na Amazônia Ocidental10.
Atualmente, a MB se encontra em todas as regiões do país, com mais de trezentas
e cinquenta OM distribuídas pelo território nacional em nove Distritos Navais, um fator
relevante quando atrelado à flexibilidade dos seus meios, fazendo com que a Força Naval seja
uma organização com poder de resposta eficiente e eficaz na assistência a eventos de qualquer
natureza, quer sejam os caracterizados pelas situações de emergência, pelo estado de
calamidade pública ou catástrofes naturais que coloquem em risco as vidas humanas.
Mas qual a base legal que rege a ação da MB em apoio à Defesa Civil? Como
verificado anteriormente, muito são os instrumentos normativos que regem a atividade de
Defesa Civil, destacando-se a Constituição da República Federal do Brasil, a Lei
Complementar n° 97/1999, e a Lei 12.608/2012, entre outras que também amparam a atuação
das FFAA nesse sentido e, por conseguinte, a MB, que possui normas que abrangem as ações
de apoio à Defesa Civil, como a Doutrina Básica da Marinha (DBM) que estabelece, em seu
Capítulo 5, os parâmetros para a aplicação do Poder Naval nas atividades benignas 11. O
subitem 5.9 prevê que o emprego da MB dar-se-á em coordenação com os demais órgãos do
10
Obra organizada pelo Vice-Almirante (RM1) Domingos Sávio Almeida Nogueira, lançada em 2017, na qual apresenta as
principais características, os principais rios, os fatores políticos e estratégicos da região amazônica, bem como, as
Organizações Militares da Marinha do Brasil presentes na Amazônia Ocidental (NOGUEIRA, 2017).
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São aquelas, desenvolvidas no país ou no exterior, em que o Poder Naval, com suas estruturas organizadas e
autossustentáveis e com capacidades e conhecimentos especializados, atua com o propósito de contribuir para o
bem social, não sendo admitido o emprego da força. Alguns exemplos de atividades benignas: Operações
Humanitárias, Ações Cívico-Sociais, Operação de Socorro, Cooperação com a Defesa Civil, e outras.
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SINPDEC, sob a forma de cooperação, por meio dos Comandos dos Distritos Navais, que
deverão estar prontos para atuar na atividade de Defesa Civil (BRASIL, 2014b, p. 74).
No entanto, a MB é doutrinada, ainda, pelo Memorando nº 24/2001, do
Comandante da Marinha, que encaminha a Diretriz Ministerial nº 004/MD/2001 ao Comando
de Operações Navais (ComOpNav) e o designa como responsável pela execução das tarefas
atribuídas à MB, no emprego da Força Naval em Defesa Civil, cabendo, nesse sentido, a
expedição de norma sobre o assunto, no âmbito do Setor Operativo.
Desta forma, o ComOpNav expediu a Carta de Instrução nº 001/2007 (SINDEC),
com o objetivo de especificar a utilização dos meios operativos da MB em ações de Defesa
Civil (BRASIL, 2007d), utilizando-se como referências a CRFB, a LC nº 97/1999, o Decreto
nº 5.376/2005, o EMA-305 (1a Revisão), o memorando e a diretriz anteriormente citados.
Dessa feita, é válido salientar que o Decreto nº 5.376/2005 foi revogado pelo Decreto nº
7.257/2010, que sofreu algumas alterações no conteúdo, tais como o aprimorou do conceito
de Defesa Civil; ampliação das finalidades do SINDEC; revisão da composição do CONDEC,
com a inclusão de representantes dos Estados e Distrito Federal, dos Municípios e da
sociedade civil; entre outros. Assim, os termos constantes da referida Carta de Instrução,
replicados do Decreto nº 5.376/2005, tais como, os aspectos globais de prevenção; preparação
para emergência; reposta; reconstrução e recuperação de um desastre necessitam ser
substituídos por aqueles que estão em vigor no Decreto nº 7.257/2010, que adicionou outros
fundamentos essenciais, os quais podem ser citados as ações de socorro; ações de assistência
às vítimas; ações de restabelecimento de serviços essenciais; entre outros.
Em relação ao EMA-305, o mesmo se encontra em sua segunda revisão, editada
em 2014, carecendo que a referência anteriormente utilizada seja substituída, apenas para
manter a versão atual, pois o seu conteúdo, em relação ao assunto Defesa Civil, permanece
inalterado.
Além da Carta de Instrução mencionada, o ComOpNav emitiu, em agosto de
2016, a norma COMOPNAVINST Nº 10-04, que trata do assunto Gabinete de Crise em
Tempo de Paz, cujo propósito é estabelecer a composição, as atribuições e a atuação do
Gabinete de Crise (GC) por ocasião de determinadas situações críticas (BRASIL, 2016, p. 2).
Entre as situações críticas explicitadas pela presente norma, encontram-se as atividades de
resposta a desastres, consolidando-se como uma ferramenta gerencial importante em situações
nas quais é necessário estabelecer uma coordenação imediata das atividades a serem
desenvolvidas. Não obstante, a MB utiliza-se dos manuais, planos e diretrizes emitidas pelo
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MD e pelo EMCFA para referenciar as normas emitidas pela Força e atuar nas atividades de
Defesa Civil.
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Foram atribuídas tarefas aos seguintes comandos subordinados do ComOpNav: Comandantes dos Distritos
Navais, Comandante-em-Chefe da Esquadra, Comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra, Diretor de
Hidrografia e Navegação e Diretor de Portos e Costas.
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aprimoramentos e uma revisão imediata, pois a mesma não apresenta um passo a passo
detalhado de como uma Organização Militar (OM) localizada nos rincões de nosso país deve
proceder quando se deparar com eventos de grandes catástrofes.
Ao realizar uma análise detalhada de todos os documentos elencados e da missão
descrita no presente capítulo, podemos inferir que o cumprimento da missão, utilizando-se das
normas emitidas pelo setor operativo da MB, não foi comprometido, apesar de necessitarem
de uma reformulação em seu conteúdo, tal como ocorre com a Carta de Instrução nº
001/2007, que contém algumas referências revogadas conforme já discutido. No entanto, é
evidente que tais impropriedades não impediram ou dificultaram a realização do apoio à
Defesa Civil, pois verificando-se que as aludidas normas ainda atendem ao emprego da Força
em ações de resposta a catástrofes naturais, com propriedade, respondendo plenamente aos
anseios da Defesa Civil e da população. Contudo, nota-se que é prudente que se realize uma
atualização das mesmas, a fim de evitar quaisquer questionamentos quanto aos procedimentos
adotados durante as ações, por não estar de acordo com o preconizado na legislação em vigor.
Da forma como a Carta de Instrução nº 001/2007, do ComOpNav permanece,
poderá acarretar algum embaraço legal à Força, quando do cumprimento das tarefas baseadas
naquela norma, pois se por algum motivo de força maior ocorrer a necessidade de se apurar
alguma irregularidade, a força poderá ser questionada sobre algum procedimento em
desacordo com a legislação em vigor. Motivo pelo qual se vê a necessidade de todo o
conteúdo ser revisado, de modo a deixá-lo com dados atuais sobre a atividade de Defesa Civil,
referenciados em uma legislação em vigor. Há de se crer que a efetividade no atendimento à
Defesa Civil se fará presente somente quando diante de uma norma atualizada e dinâmica, que
propiciará militares mais bem preparados, adestrados e instruídos com conhecimento atual,
pautados na legalidade.
Ao calcarmos na preparação e treinamento dos militares componentes do setor
operativo da MB, traz-se à luz a possibilidade de os Fuzileiros Navais realizarem o Curso
Básico de Proteção e Defesa Civil, que tem o propósito de discutir as conceituações básicas
sobre Proteção e Defesa Civil, o SINPDEC e as normas emitidas pelo MIN. Alguns podem
ser de opinião contrária a essa ideia, contudo ao se argumentar que os mesmos são preparados
para o combate, para o enfrentamento, para a guerra propriamente dita e que aquele tipo de
ação pode ser absorvida com a qualificação que atualmente possuem, estarão se enganando,
pois apesar da tropa cumprir a missão recebida, a efetividade e a qualidade com que aquela
missão poderia ser executada seriam muito melhor com a aquisição dos conhecimentos
fornecidos pelo curso em comento, aumentando o nível de qualificação dos militares da MB.
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4. CONCLUSÃO
Defesa Civil como operações humanitárias, estas realizadas no exterior. Entretanto, Defesa
Civil é formada por entidades ou órgãos criados em âmbito Nacional, Estadual e Municipal,
com objetivo não só da solidariedade humana, mas também ações preventivas e
reconstrutivas. Assim, as ações humanitárias devem ser encaradas em seu viés amplo,
desdobrando-se em duas espécies, as operações humanitárias, no exterior, e as ações de
Defesa Civil, no Brasil. Assim, tais pressupostos ensejam que os referidos planos podem ser
revisados e atualizados, por intermédio de documento apropriado, com versões hodiernas.
A Diretriz Ministerial nº 04/2001 não sofreu atualização, desde então. Os
Decretos nº 895/1993 nº 3.466/2000, revogados pelos Decretos de nº 7.257/2010 e nº
8.978/2017, respectivamente, comprometem, mesmo que de forma sucinta, o conteúdo
conceitual da referida diretriz. Assim, sugere-se que a aludida diretriz seja revista, pois, assim
como os planos, ela também está sendo considerada válida pelo Setor Operativo. Já a Carta de
Instrução nº 001/2007, do ComOpNav, encontra-se com as suas referências desatualizadas,
sendo necessário que se faça a devida atualização, para evitar qualquer tipo de embaraço legal
no cumprimento das tarefas baseadas naquela norma. Assim, em face dos fatos elencados,
propõe-se que as referências da aludida norma sejam as que se encontram listadas no Anexo
C.
Desta forma, diante da consolidação do papel das FFAA em situações de
catástrofes naturais, a MB disponibiliza seus meios e pessoal em prol da salvaguarda da vida
humana, e, para a consecução desta tarefa, é de extrema importância que suas normas,
voltadas para as ações de Defesa Civil, estejam atualizadas, abrangendo conceitos e diretrizes
bem definidos, proporcionando militares instruídos e capacitados para melhor atender às
demandas da sociedade, amenizando o sofrimento da população atingida. Com isso, o Setor
Operativo da MB estará desenvolvendo suas atividades de forma objetiva e incontestável,
alcançando os resultados propostos nos postulados vigentes, com a devida efetividade.
Em face do exposto, podemos verificar a legislação sobre o tema em questão é
bastante abrangente, desde Leis, Decretos, Diretrizes, Instruções Normativas até os Planos e
Normas emitidas pelo MD e pela Força Singular competente. Observa-se que as normas
emitidas pela Defesa Civil estão acompanhando a evolução do assunto, com atualização
constantes de conceitos e procedimentos. Não ocorrendo o mesmo com as que estão no
âmbito do Setor Operativo da MB, que conforme discutido, necessitam de manutenção de
suas edições. Mas apesar do problema apresentado, nota-se que não há um comprometimento
direto no cumprimento de qualquer ação de resposta à catástrofe, que por ventura seja
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requisitada pelos órgãos de Defesa Civil, denotando que as normas atendem ao que se
pretende, contudo com algumas condicionantes identificadas no presente trabalho.
Complementando a conclusão ora apresentada, embora não seja objeto do
presente estudo, observou-se a possibilidade de os Fuzileiros Navais, já que são o contingente
que prioritariamente tem participado de ações de apoio à Defesa Civil, realizarem o Curso
Básico de Proteção e Defesa Civil, que tem o propósito de discutir as conceituações básicas
sobre Proteção e Defesa Civil, o SINPDEC e as normas emitidas pelo MIN, aumentando o
nível de qualificação desses militares. Verifica-se que é salutar essa formação, haja vista que
esses militares são uma força expedicionária, por natureza, e, constantemente, são utilizados
em apoio à atividade de cooperação com a Defesa Civil em casos de catástrofes. Sobretudo,
pelo fato do curso prover ao militar uma melhor qualificação no trato dos assuntos
concernentes à Defesa Civil, bem como, corroborar com a efetividade da Força para atuação
em ações envolvendo grandes catástrofes.
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REFERÊNCIAS
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OLIVEIRA, Andréa Benetti Carvalho. Revista Mundorama. Plano de ação 2009 do Conselho
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benetti-carvalho-de-oliveira>. Acesso em: 12 jul. 2017.
PILAR, Ricardo Henrique Santos do. Emprego da Marinha do Brasil em catástrofes naturais
em apoio à Política Externa Brasileira. Monografia apresentada à Escola de Guerra Naval,
como requisito parcial para a conclusão do Curso de Política e Estratégia Marítimas, Rio de
Janeiro, 2011.
De média intensidade, onde os impactos são Superável pelo município, desde que
de alguma importância e os prejuízos são envolva uma mobilização e
II
significativos, embora não sejam vultosos. administração especial.
(5% < Prejuízo ≤ 10% PIB)
Tabela 1 – Classificação dos desastres em relação à intensidade (KOBIYAMA, et. al., 2006, p.8)
32
Data de
Ato Legal Publicação Assunto
no DOU
Data de
Ato Legal Publicação no Assunto
DOU
Portaria
Altera os arts. 6º, 7º,08º, 13, 16 e 22 da Portaria
Interministerial 30.03.2015
Interministerial nº 1/MI/MD, de 25 de julho de 2012.
nº2/MI/MD
Data de
Ato
Publicação no Assunto
Legal
DOU
Data de
Ato Legal Publicação no Assunto
DOU
Portaria
Caracteriza as ações de defesa civil como "ação social", sem
SEDEC nº 25.09.2009
prejuízo da análise técnica de cada caso.
887
Data de
Ato Legal Publicação no Assunto
DOU
Data de
Ato Legal Publicação Assunto
no DOU
12.340/2010 e alterações.
no DOU
Portaria
Altera a Portaria Interministerial nº 424, de 30 de
Interministerial
28.04.2017 dezembro de 2016, que estabelece normas para execução
MP/MF/CGU nº
do Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007.
101
Data de
Ato Legal Publicação no Assunto
DOU
Portaria MI nº 607
Regulamenta o uso do Cartão de Pagamento de
página 01 | página 19.08.2011
Defesa Civil - CPDC
02
13
Supondo-se que a referida Diretriz tenha sido atualizada.
14
A Codificação Brasileira de Desastre (COBRADE) consta do Anexo I, da referida Instrução Normativa,
publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 30 ago. 2012, sendo o anexo retificado pelo DOU de 31 Ago.
2012.
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Supondo-se que o referido Memorando tenha sido atualizado.