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FORÇAS DE
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Defesa
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@fordefesa
/fordefesa
QQ ESPECIAL AMX!
Da concepção
à modernização
Defesa Geopolítica
A revista do Poder Naval,
Poder Aéreo
no Atlântico Sul
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e Forças Terrestres
a X Conferência do Forte
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Ano 3 - Número 9 - 2013
Segurança Internacional,
@fordefesa
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Quarto Trimestre
realizada no final de novembro
SA
restres
Jornalista Responsável
3
X!
Alexandre Galante Q ESPECIAL AMção
alexgalante@fordefesa.com.br dentre os quais a segurança no Da concep
o
Atlântico Sul. à modernizaçã
Ano 3 • Núme
Equipe Editorial
Guillherme Poggio Um dos principais assuntos foi
o narcotráfico na Costa Ocidental
ro 9 • 2013 •
poggio@fordefesa.com.br
Fernando “Nunão” De Martini da África, que também é afetada
www.fordefesa.c
nunao@fordefesa.com.br pelo contrabando de armas, pira-
Administração e Publicidade taria e outras questões, mais pre-
om.br
Dinair Alves
dinairalves@fordefesa.com.br
cisamente no Golfo da Guiné. Os
recentes conflitos no Mali e na re-
Colaboradores
Franco Ferreira (S. Paulo - SP)
gião central daquele continente
Ícaro Gomes (Natal - RN) estão relacionados a esses proble- Q M24 do Ur
uguai:
Cruzex Flight haffee’
Aeronaval Comu
Jean François Auran (França) mas, que levam a Europa a temer
Q
os últimos ‘C
2013
Milton Lima (Salvador - BA) que essas ameaças afetem seus
nicação
A NO BRASIL
Nicholle Murmel (Curitiba - PR) RINHA CHINES
Rafael Cruz (Recife - PE) interesses e territórios. NAVIOS DA MA
18 102
AMX: da concepção
CRUZEX FLIGHT 2013 à modernização
6 A viagem do adido e os
motores dos F-5 8 Qual será a guerra do
futuro? 14 Entrevista com o deputado
Nelson Pellegrino 94 Patrulha Naval:
exercendo a soberania - 2
Franco Ferreira conta a incrível Romulo Federici fala sobre as guerras Saiba como pensa o presidente da Segunda parte do artigo em que Ícaro
história inédita da aquisição, em 1974, do século XX e XXI e suas motivações, Comissão de Relações Exteriores Luiz Gomes analisa as tarefas da
de um lote de motores J85 para os analisando como o Brasil deve se e Defesa Nacional da Câmara dos Marinha do Brasil na vigilância marítima
F-5 comprados novos pela FAB preparar para esses conflitos Deputados - CREDN e na presença nas águas jurisdicionais
O Dragão no
Atlântico Sul
86
Navios de guerra chineses navegam pelo Estreito
de Magalhães e realizam exercício com navios da
Marinha do Brasil pela primeira vez
Alexandre Galante
4 4 Forças
Forças
de de
Defesa
Defesa www.aereo.jor.br www.aereo.jor.br Forças
Forças
de de
Defesa
Defesa 5 5
HISTÓRIAS DA AVIAÇÃO PODER AÉREO
A viagem do adido
www.456fis.org
ma de novo o gringo!” Eram 9 horas
da manhã em Washington. Nega-
ceei com o fabricante; afinal de con-
tas eu ainda tinha 3 horas para
N
as festas natalinas de 1974, o substituição. Fim do parêntese. riam no escritório. Não funcionou! tion: right now or within two years?7” última ordem que me deu! 9 - “Veja sua máquina de telex.”
adido aeronáutico viajou a tu- Os cases dos F-5 eram – normal- Seguiu-se o seguinte diálogo: “– I’m going to put you on hold for Eu tinha ficado agarrado na bro-
rismo, lá mesmo nos Estados mente – gerenciados pelo funcionário “– Captain Franco, there is someo- a second and will be right back… cha, e me tiraram a escada! Cheguei Gustavo Adolfo Franco Ferreira
Unidos, onde eu servia. Ali pelo dia Gentil, experiente burocrata. O case ne here who wants to talk to you. Hold Hold on, please8.” Liguei para a seção em casa cedo, naquele dia, vésperas é tenente-coronel aviador reformado
14 de dezembro, chamou-me para dos últimos motores estava previsto on, please.2” E ele passou o telefone de comunicações: “- Dispara o telex!” do Natal de 1974. Tive uma disente- da FAB. É especialista em
instruções. Não eram difíceis. Essen- para ter um andamento com a apro- para o seu acompanhante, um dos as- Voltei ao americano: “- See your telex ria incontrolável por quatro dias! Segurança de Voo
cialmente, era o seguinte: entravam vação por parte do Governo Brasilei- sistentes do adido aeronáutico do Irã, machine.9”
todos – menos eu – em férias! Até o ro no dia 22 ou 23 de dezembro ao cuja embaixada ficava defronte à nos- Eu tinha comprado para o governo
motorista! O adido aeronáutico ini- meio-dia (hora de Washington). O sa na mesma Avenida Massachussets, brasileiro 48 motores de F-5E a um ERRATA
ciou suas férias no dia 15, o “staff” no Governo Brasileiro deveria informar e que era meu habitual colega de al- preço unitário maior do que
dia 20 e voltariam todos após 6 de se aceitava – ou não – as condições moço no restaurante Roy Rogers exis- U$S 100.000,00! Já não tinha mais
janeiro. contratuais inscritas no case. tente na Avenida Wisconsin, já dentro unha para roer, de fato, não tinha
Parêntese: o Escritório do Adido Outro parêntese: naqueles tempos de Georgetown. mais unha nenhuma!
Aeronáutico gerenciava os negócios estava em vigência uma realidade há Eu não me lembro mais o nome do Telefonei para casa e informei à
referentes à aquisição dos caças F-5 muito desaparecida – as palavras persa, mas perguntei a ele que san- Sandra que estivesse preparada para
da Força Aérea Brasileira (FAB). O enunciadas tinham valor! Fim do pa- duíche eu comia, em qual restaurante uma deserção, caso o governo não
contrato (003/COMAM-73) era dividi- rêntese. e com qual salada. Confirmado: era quisesse os motores. Fala-se de uma
do em 38 “cases1”. Cada um destes Na data mal-azada, cedo, muito ele, era o meu conhecido! choradeira, em casa.
cases era independente de todos os cedo, tocou o telefone. Era da General “– Franco, se vocês não levarem Cerca de 1 hora da tarde (3 horas
outros. Impunha-se certa coordena- Electric, fabricante dos motores... este lote de -213, eu vou levar para da tarde em Brasília), o telefone to-
ção logística, de maneira a prover Um senhor Smith qualquer. Falava nós! O Smith aqui já confirmou.” cou de novo. Era o brigadeiro Vespa-
cada item no exato momento em que do case dos motores e insistia na res- Um enrosco de mais de 5 milhões de siano, Chefe do Gabinete do Minis- QQ No artigo “Sobre o tiro aéreo” na página 6 da edição número 8, o gráfico
era necessário. Um destes cases foi a posta brasileira até o meio-dia. Eu dólares! Respondi: “- Por favor, cha- tro. “– Que está acontecendo, mostrado está incompleto. O gráfico correto é este aqui apresentado.
O
mundo assiste hoje a um rear- com um armistício que, simplesmen-
ranjo das forças geopolíticas, te, manteve o “status” anterior. Pura
com menor protagonismo dos perda de vidas, equipamentos e mui-
Estados Unidos, após lições duríssi- to dinheiro. Estava caracterizado o
mas aprendidas nos campos militar fim do envolvimento completo das
e econômico-financeiro e a emergên- grandes potências com todo o seu po-
cia e/ou ressurgimento de potências tencial bélico.
que tendem a equilibrar o jogo de in-
fluências. Vietnã
A bipolaridade dos tempos da Para nos centrarmos apenas em
Guerra Fria, que havia sido enterra- guerras mais marcantes, que regis-
da com o desmoronamento da União trem pontos de inflexão importantes,
Soviética em março de 1992, ressurge passemos à Guerra do Vietnã, um
sob a forma de uma “tripolaridade” já longo conflito ocorrido no contexto da
construída com a gradativa ressur- Guerra Fria, iniciado em 1959 e que
reição da Rússia e com a emergência só terminou em 1974.
relâmpago da China, construída em O Vietnã, depois da derrota das
pouco tempo. forças coloniais francesas, foi dividido
Numa visão bastante simplificada, entre uma parte norte de orientação
as potências médias da Europa Oci- QQ Soldados do Pelotão pró-comunista, sob a liderança de Ho
de Fronteira Ipiranga, do Chi Minh, e uma parte sul, que se
dental, como sempre, estão agrupadas
Exército Brasileiro
na OTAN (Organização do Tratado do tornou uma ditadura militar capita-
Atlântico Norte), que, aliás, recebeu lista, aliada dos Estados Unidos. Em
novos hóspedes da Europa Centro- 1959, os guerrilheiros comunistas
-Oriental e, consequentemente, estão Viet Congs deram início a atos de
Qual será a
sob as asas norte-americanas. A Rús- hostilidade, deflagrando uma guerra,
sia está recuperando a influência que inicialmente protagonizada entre o
sempre teve em repúblicas vizinhas e Vietnã do Norte e o Vietnã do Sul. De
interage cada vez mais com a Índia, um lado os soviéticos, com participa-
guerra do
entre outros países a quem presta as- ção chinesa, e de outro os americanos,
sistência militar. A China vai se espa- apoiavam indiretamente suas áreas
lhando graças à força de sua economia de influência.
e às forças militares crescentes, tendo Em 1964, com o Vietnã do Sul indo
futuro?
chegado ao Paquistão, onde vende avi- mal nos combates, os Estados Unidos
ões com cessão de tecnologia e outros decidiram entrar mais fortemente no
itens bélicos. Está aumentando sua in- conflito e, certamente visando encer-
fluência em nações que, na Guerra rar rapidamente a guerra, despeja-
Fria, compunham o chamado Terceiro ram no Teatro de Operações um enor-
Mundo, com destaque para os países me contingente de soldados,
africanos. armamentos, aeronaves, porta-aviões
As nações que, como o Brasil, es- Foi um conflito onde a guerrilha, viar o fim da luta despejando duas O pior é que a arma atômica dei- exércitos e a valorizar a guerrilha e nas imediações, um número gigantes-
tão fora desses “clusters” econômico- apoiada e abastecida pelos aliados, não bombas atômicas no Japão, sobre as xou em poucas décadas de ser privilé- as pequenas unidades de combate. co de helicópteros, sofisticada logística
-militares, acabam meio perdidas na teve papel decisivo, apenas coadjuvan- cidades de Hiroshima e Nagasaki. gio americano e soviético, passando a A Guerra da Coreia começou com e tudo o mais que se fizesse necessá-
hora de definir suas ameaças poten- te. Na França, a chamada “Resistên- Estes ataques somaram mais algu- fazer parte do arsenal de vários paí- escaramuças entre a Coreia do Norte rio. Cerca de 2.300.000 homens servi-
ciais e, a partir delas, nortear suas cia” foi formada no início por grupos mas dezenas de milhares de mortes ses. Hoje possuem estoques de armas e a Coreia do Sul, ao longo na frontei- ram no Vietnã de 1961 a 1974.
respectivas políticas de defesa. judeus e comunistas, justamente os de civis ao conflito e o encerraram. nucleares os Estados Unidos, Rússia ra negociada em 1945. A situação se Só que, quando a guerra vai para
Por isso, é interessante recordar- mais procurados e perseguidos pelos A partir daí, estava iniciado o ciclo (principal herdeira do arsenal sovié- transformou em guerra aberta quan- o chão em ambiente conhecido na pal-
mos as profundas mudanças ocorri- nazistas. Somente no final da guerra o do Terror Atômico, inaugurando a tico) , Grã-Bretanha, França, China, do as forças norte-coreanas invadi- ma da mão pelos defensores, tende a
das nos conflitos depois da Segunda movimento, focado em sabotagens e percepção de que grandes exércitos Índia, Paquistão e Israel, até onde se ram seu vizinho ao sul em 25 de ju- igualar as possibilidades dos dois la-
Guerra Mundial. atentados, conseguiu incorporar mais podiam ser substituídos por um sim- sabe. nho de 1950. Os Estados Unidos dos, reduzindo a defasagem gerada
adeptos. Na Itália, os “partisans” eram ples dedo apertando o botão que orde- intervieram em favor do sul, vestindo pela maior disponibilidade de armas
Os principais conflitos do Século XX formados por inconformados e decep- nasse a decolagem de bombardeiros e As guerras limitadas a capa da ONU (Organização das Na- e equipamentos mais sofisticados.
A Segunda Guerra Mundial pare- cionados com o fascismo e com a degra- disparasse mísseis balísticos inter- A bipolaridade das potências atô- ções Unidas), mas tiveram de enfren- O palco do combates era a selva
ce ter sido o último conflito bélico de dação incontida da estrutura do Esta- continentais, carregando ogivas atô- micas durante a Guerra Fria (1945- tar não só a Coreia do Norte, mas a tropical e chuvosa onde os guerrilhei-
gigantescas e planetárias proporções, do, o que era exacerbado pela derrota micas. A diferença é que, neste caso, 1992) gerou uma era de guerras limi- União Soviética e a China, que passa- ros estavam ambientados e eram ca-
com o envolvimento de todas as po- cada vez mais iminente das forças do não haveria vitoriosos, pois seria ine- tadas e tuteladas, durante muito ram a apoiar os norte-coreanos. pazes de suportar as condições extre-
tências da época, diversos países, mi- chamado “Eixo”. vitável a destruição da vida no plane- tempo, principalmente pelos ameri- A guerra ainda teve característi- mamente sofridas. Não havia
lhões de pessoas e sistemas logísticos Foi um conflito convencional com ta por ataques mútuos das duas canos, de um lado, e soviéticos de ou- cas de conflito convencional, porém já infraestrutura significativa e a precá-
ciclópicos, difíceis de serem imagina- um desfecho não convencional, quan- maiores potências nucleares, Estados tro. Foram conflitos que começaram a limitado e tutelado, pois os dois lados ria trilha Ho Chi Minh era o principal
dos hoje em dia. do os Estados Unidos decidiram abre- Unidos e União Soviética. relativizar a validade de grandes cuidaram para que a guerra, então caminho de transporte de armas, mu-
FORÇAS DE
Defesa
nições e víveres dos comunistas, fre-
www.army.mil
quentemente nas costas dos próprios
guerrilheiros vietcongs. Mesmo sendo
intensamente bombardeadas, até
mesmo com o famigerado desfolhante
tóxico “Agente Laranja”, esta e outras
www.naval.com.br
trilhas nunca deixaram de funcionar.
Os americanos tentaram, inutil-
www.aereo.jor.br
mente, sobrepujar a eficiência da www.forte.jor.br
guerrilha com armas e recursos
abundantes mas, quando a guerra
foi para o chão, com o homem a ho-
mem prevalecendo e o “Front Inter-
no” nos EUA cada vez mais implacá- QQ Soldados dos EUA no Afeganistão: mesmo bem armados, equipados, treinados e
Na internet e no papel,
vel com as baixas americanas e as
visões de atrocidades na guerra, a
derrota se impôs. Diante de enormes
bem nutridos, os norte-americanos e seus aliados enfrentam as históricas
dificuldades frente aos guerrilheiros afegãos o poder de atrair o público
perdas humanas e gastos astronômi- Os russos chegaram com um con- março de 2003, liderando uma “coali-
cos, a opinião pública norte-america-
na não só deixou de apoiar o gover-
tingente de vulto, 250.000 homens,
fortemente armados e com muitos
zão” em que tinha, como principal
aliado de sempre, a Grã-Bretanha. A
de defesa
no, mas também passou a blindados, artilharia, helicópteros e justificativa era a suposta posse de ar-
manifestar-se contra a guerra, incor- aviões, enfrentando uma guerrilha mas de destruição em massa pelo regi-
porando-se a um movimento mun- aguerrida que, mesmo extremamente me de Saddam Hussein, dentro do
dial de condenação que já estava em inferior em armamento, conhecia contexto de Guerra ao Terror, que foi a
andamento. muito bem o terreno e era veterana resposta americana aos ataques da Al
Depois de aceitar um acordo cons- de outros conflitos. Qaeda às Torres Gêmeas de Nova
trangedor em Paris, os americanos Em 1986, os mujahidin começa- York, em 11 de setembro de 2001.
tiveram que bater em retirada, de ram a receber dos americanos mís- Depois de uma fraca resistência
forma atabalhoada, em 1975, selando seis “MANPADS” terra-ar FIM-92 local, num embate convencional com
a vitória total do Vietnã do Norte. Stinger, o que prejudicou e muito a o que havia restado do Exército Ira-
Balanço Final macabro: operação dos meios aéreos soviéticos. quiano, Bagdá caiu em 9 de Abril,
QQ Estados Unidos: Cerca de 60.000 A guerra durou de 25 de dezembro após severamente bombardeada.
mortos e mais de 300.000 feridos. de 1979 a 15 de maio de 1988 e termi- Em 1˚ de maio o presidente dos
QQ Vietnã do Sul: Quase 200.000 nou com uma retirada patética das EUA, George W. Bush (filho de Geor-
mortos. forças da URSS, concluída no início ge H. W, Bush, da guerra anterior),
QQ Vietnã do Norte e Vietcong: Quase de 1989. Os soviéticos gastaram uma declarou o fim das hostilidades. As
1.000.000 de mortos no total. fortuna que não podiam, num mo- convencionais, é claro, porque se se-
Estima-se que 2.000.000 de civis mento em que a URSS começava a se guiram anos de lutas subterrâneas,
vietnamitas morreram no conflito. deteriorar. violência indiscriminada, torturas e Agora também em versão digital no
Em suma, uma superpotência ten- Nesta guerra morreram 1 milhão todas as atrocidades que caracteri-
tou impor uma guerra convencional,
aplicativo O Jornaleiro!
de afegãos e outros 5 milhões refugia- zam uma guerra assimétrica.
usando meios abundantes e sofistica- ram-se nos países vizinhos. Do outro As supostas armas de destruição
dos, mas sucumbiu diante de guerri- lado, 52 mil soldados soviéticos foram em massa nunca foram encontradas, Anuncie na revista “Forças de
lheiros que conseguiram fazer preva- mortos e 500.000 feridos. assim como a invasão do Iraque nun- Defesa” e nos blogs Poder Naval,
lecer uma guerra assimétrica, com o Em suma, mais uma vez uma su- ca teve aprovação do Conselho de Se-
apoio de armas fornecidas (com perpotência tentou impor uma guer- gurança da ONU. Um ano após a ocu- Poder Aéreo e Forças Terrestres. Eles
transporte precário, porém eficaz) ra convencional usando meios abun- pação, Bush mudou o pretexto da
por adversários da superpotência.
não param de crescer, atraindo cada
dantes e sofisticados, mas sucumbiu invasão para a promoção da “demo-
diante de guerrilheiros menos arma- cracia e da paz”. vez mais o público do setor: de
Russos no Afeganistão dos, que conseguiram fazer prevale- Em 2006, o ex-aliado dos EUA,
Outro conflito emblemático, nessa cer uma guerra assimétrica, e tam- Saddan Hussein, é enforcado pelo
militares a profissionais da indústria,
mesma linha, foi a invasão soviética do bém com apoio de armamentos novo regime do Iraque sob o protesto de jornalistas a formadores de
Afeganistão, um conflito que durou fornecidos por um adversário da su- da Anistia Internacional. A resistên-
nove anos entre tropas da URSS que perpotência. cia de forças guerrilheiras iraquianas
opinião, de entusiastas de hoje a
apoiavam o governo marxista local e contrárias ao invasor e ao governo tomadores de decisão de amanhã.
rebeldes conhecidos como “mujahidin”, Iraque por ele colocado no poder tornou-se
que procuravam derrubar o regime No caso do Iraque, assistimos a uma rotina no país, cada vez mais in-
implantado pelos invasores. uma outra realidade da reação assi- tensa e violenta e que dura até hoje.
Por seu lado, os Estados Unidos, métrica. Os Estados Unidos, força ocupante,
aliados ao Paquistão e a outros países Depois da Guerra do Golfo de 1991, exauridos por guerras outras e pelos publicidade@fordefesa.com.br
muçulmanos, apoiavam os rebeldes. desencadeada como reação da invasão embates urbanos incessantes, nova- revista@fordefesa.com.br
Entre os grupos apoiados, estava o de do Kuwait pelo Iraque, os Estados mente se retiram, agora de forma
Osama Bin Laden. Unidos voltaram a intervir em 20 de gradual, deixando o caos para trás. 55(11) 3926-7401
10 Forças de Defesa www.fordefesa.com.br www.aereo.jor.br Forças de Defesa 11
OPINIÃO GEOPOLÍTICA
Alexandre Galante
Os dados são conflitantes, mas fa- mens e com poucos armamentos de
la-se num saldo de 1.200.000 mortos ponta, é falsa. Em primeiro lugar, a
por “causas violentas” e mais de disponibilidade de homens em ar-
150.000 civis mortos. mas dobra, considerando os reservis-
tas convocáveis de imediato. Ade-
Americanos no Afeganistão mais, em casos de extrema
A guerra dos americanos no Afe- necessidade, o Brasil contaria com
ganistão, iniciada em outubro de mais de 400.000 policiais militares,
2001, teve como pretexto, como disse- já afeitos a enfrentamentos, além de
mos, o ataque da organização terro- número equivalente de vigilantes
rista Al Qaeda de 11 de setembro da- que, pelo menos, sabem manusear
quele ano. Seguiu a mesma cartilha armas portáteis e teriam adaptação
da aventura soviética no próprio Afe- relativamente rápida em determina-
ganistão. Os Estados Unidos e alia- dos tipos de ações.
dos da OTAN tinham como objetivo Isto resultaria, em lapso razoável,
destruir a Al Qaeda, tirar do poder o na disponibilidade de perto de 1 mi-
regime Talibã que a apoiava e captu- lhão de meio de homens mobilizáveis.
rar seu líder Osama Bin Laden. Bem Apesar de não representar obstáculo
armados, bem equipados, bem treina- intransponível para a vitória inicial
dos e bem nutridos, os americanos e de uma grande potência, já represen-
seus aliados enfrentam as históricas taria um custo alto, tanto financeiro
dificuldades frente à forças afegãs. como em perdas. Além disso, segundo
Ao longo de toda uma década, os a mesma fonte, o Brasil é riquíssimo
QQ Tropa do Corpo de
embates foram violentos, num país em locais de ocultação de guerrilhei-
Fuzileiros Navais da
com relevo montanhoso e com um go- ros da resistência, pois, além de flo-
Marinha do Brasil
verno fraco e corrupto, imposto pelos restas úmidas em grandes extensões,
aliados após deporem os talibãs, e tem florestas de concreto em grandes
com muito pouco apoio popular. A cidades.
tentativa de formar forças afegãs de pos, governos e tendências, em vários ência mundial vem demonstrando. aeronaves e helicópteros em número natos e tudo o mais que infernizará a Tudo isso, combinado a um terri-
defesa segue o mesmo rumo do que se pontos do planeta, despertos para os O Brasil, por exemplo, caso faça muito maior e tecnologia muito mais vida dos ocupantes. O combatente tório imenso e a uma resistência mi-
viu no Vietnã e Iraque: forças pouco problemas de defesa. Apesar de con- um ajuste responsável nos seus re- moderna, neutralizando a força aérea ocupante ou o colaboracionista nun- nimamente organizada, tornaria pra-
confiáveis, com baixo nível de compe- tingenciamentos desencadeados por cursos de defesa, o mais brevemente do país atacado e seus núcleos de de- ca saberá se o carro que passa, a bar- ticamente inviável uma longa
tência e eficiência e sujeitas à divi- crises diversas, há países que conti- possível, teria condições de dissuadir fesa antiaérea mais sofisticados, que raquinha do ambulante ou a mulher ocupação do País, mesmo por forças
sões religiosas e tribais. nuam considerando a defesa um item qualquer ataque por parte de agres- eventualmente tenham sobrado da “grávida”, que cruza com ele, na cal- combinadas. Uma resistência ope-
A economia do país não consegue se fundamental para sobrevivência no sores regionais e até potências mé- primeira onda de ataque. çada, explodirá e o levará junto. rando em áreas urbanas e florestas
estabilizar e os níveis de produção de curto, médio e longo prazo. E não es- dias, além de desencorajar aventuras Aviões, em altitudes que evitam Ademais, a guerra assimétrica, não precisaria de muito mais do que
drogas ilegais aumentam, juntamente tamos falando de grandes potências, de grandes potências, conforme estas seu engajamento por defesas antiaé- normalmente, tem resultados parale- armas portáteis, “manpads” terra-
com a atividade dos talibãs – estes, re- mas sim de países como Vietnã, Bul- se convencessem de uma relação des- reas de menor capacidade, destroem los, provocando: -ar, lança-rojões e explosivos.
movidos do poder, estão recuperando gária, Romênia, Malásia, Indonésia, favorável de custo-benefício de uma o que resta dos recursos bélicos do QQ um aumento descontrolado, exa- Portanto, os projetos de defesa,
suas forças. Os ataques da guerrilha Nigéria e muitos outros. Até mesmo agressão. Porém, caso um conflito re- inimigo, tais como blindados, artilha- cerbado e incessante das despesas segundo a mesma fonte, devem pre-
são sistemáticos, violentos e incontro- um país sofrido como Angola está almente ocorresse com uma das po- ria, transportes e navios. com a ocupação; ver investimentos em forças conven-
láveis. Mais uma vez exauridos, os Es- considerando a expansão de uma in- tência mundiais, o País não resistiria Com a ocupação, os vencedores ar- QQ um desequilíbrio e uma exaustão cionais como o Exército, a Marinha e
tados Unidos começaram sua retirada, dústria de defesa própria. a um conflito regular e convencional. ranjam sempre quem se disponha a psicológica das forças ocupantes e a Força Aérea, pois seria o suficiente
anunciada em 22 de junho de 2011 pelo O Brasil vem atuando como uma Já num confronto entre forças formar um “novo governo”, que sem- daqueles que a suportam; para dissuadir ou enfrentar a maio-
presidente Barack Obama. As últimas exceção, delirando numa alienação ir- profundamente díspares, a história pre será tutelado, débil e impopular. QQ uma insegurança generalizada ria absoluta das ameaças projetadas
tropas americanas e da OTAN deixa- responsável quanto à sua defesa. As tem um enredo pronto. Resta ao atacado, como revelam os que atinge a todos, inviabilizando e mesmo mais remotas. E, além dis-
rão o Afeganistão em 2014. deploráveis condições de nossas defe- exemplos, dispersar suas forças e or- padrões normais de vida; so, o preparo de combatentes aptos à
A guerra no Afeganistão, entre sas cibernéticas, por exemplo, ficaram Guerras Assimétricas ganizar uma boa resistência assimé- QQ a condenação da ocupação pela resistência irregular fecharia as por-
outras mazelas, gerou a triste noto- expostas no recente caso de denúncia Os exemplos anteriores mostram trica em padrões guerrilheiros. opinião pública mundial, mais dia tas aos perigos potenciais gerados
riedade da Prisão de Guantánamo, de espionagem da NSA – National Se- que os conflitos entre uma potência Estes recursos, nos dias de hoje, menos dia. por potência militarmente muito su-
em Cuba, para onde são levados, curity Agency – norte-americana. preponderante e um inimigo inferior têm feito recuar grandes potências Por outro lado, geram crescente periores.
mantidos e torturados prisioneiros Por um lado, é fundamental consi- começam com a destruição de sistemas atacantes, que já não se dispõem solidariedade à “resistência”. O nú- Essa será a guerra do futuro.
sem julgamento e sem previsão de sa- derar que, hoje em dia, a disponibili- de comando/controle e infraestrutura mais a entrar em novas aventuras, mero de vítimas entre os ocupantes e
ída. Números disponíveis falam na dade de forças convencionais bem es- em geral, utilizando armas como mís- como no caso da Síria, ou pesam bem os gastos com a guerra tendem a fa-
morte de mais de 2.000 soldados ame- truturadas, bem equipadas e bem seis de cruzeiro. as consequências estratégicas de per- zer com que a opinião pública dos
ricanos, além de quase 15.000 civis treinadas são essenciais à afirmação Sem defesa apropriada, o país der influência em seus “quintais”, seus próprios países exija o fim do
afegãos mortos, isto sem contar o de protagonismo internacional e, atacado fica “cego”, sem poder reagir. como a França na Líbia e no Mali, conflito.
grande número de vítimas não cadas- principalmente, para a função de dis- Começa a faltar energia, víveres, para realmente entrar nesse tipo de
tradas e espalhadas pelo país. suasão. É a velha história de ter para água potável, pontes, rodovias e ou- combate. O Brasil nesse contexto
não usar. tros meios de deslocamento de tropas Sabe-se que, muitas vezes, pode Já foi dito por um oficial america-
Os exemplos pra a organização dos Por outro lado, podemos acreditar e de sobrevivência civil. haver pela frente anos de embates no que a ideia de fragilidade do Bra-
sistemas de defesa que tudo se exaure no primeiro emba- Numa segunda onda, a potência sangrentos, muita sabotagem, fre- sil, por ter Forças Amadas dispondo
Hoje vemos países de todos os ti- te do tipo convencional, como a experi- atacante domina o espaço aéreo com quentes ataques relâmpago, assassi- de aproximadamente 300.000 ho-
CRUZEX
FLIGHT 2013 QQFoto feita durante o “media flight” da
CRUZEX 2013, num C-130 Hércules da
FAB. Aparecem na imagem, da esquerda
para a direita, um F-16 MLU do Chile,
Mirage F-2000C, A-1M e F-5EM do
Brasil e um F-16A da Venezuela.
XX Ícaro Luiz Gomes e Valter Andrade lar para a guerra? Então manete à Há uma ênfase em alguns tipos de táticas de combate (leia-se combate entre os esquadrões, gerando resulta- te exercício realizado nos EUA, o Red
frente e boa leitura! missão para maximizar o treinamen- BVR, além do alcance visual, e C², Co- dos melhores. Naquela edição ainda Flag 08-03, em que participaram seus
O
exercício Cruzex, realizado pela to e a integração entre os diferentes mando e Controle). Dificuldades com a dominava um perfil mais C². caças há pouco modernizados, os
Força Aérea Brasileira (FAB) e O que é Cruzex? participantes, como, por exemplo: meteorologia e com o tráfego aéreo Na terceira edição, em Anápolis F-5M. Os conhecimentos adquiridos
com forças aéreas convidadas da Cruzex é um exercício conjunto Busca e Salvamento de Combate também roubaram um pouco o brilho (2006), a FAB era uma instituição no Red Flag foram postos em prática
América do Sul e de outros países, de- multinacional, que tem por objetivo o (C-SAR), Operações Especiais, Inter- do exercício, mas naquela época a FAB consideravelmente diferente (em já em outubro, em Natal, traduzindo-
finitivamente entrou na agenda dos treinamento de uma coalização mul- dição, Defesa Aérea e Escolta. era uma força que iniciava um amplo meios, treinamento e pessoal). Foi -se principalmente na forma de atua-
grandes exercícios internacionais. tinacional em táticas de combate aé- processo de modernização. Assim, os quando a Força Vermelha, composta ção de uma unidade Agressora (Força
Nesta matéria especial, vamos mos- reo e ataque ao solo, enfrentando Histórico do exercício ensinamentos colhidos foram pronta- por meios da FAB, infligiu considerá- Vermelha). Naquela edição, não mais
trar o porquê disso, com foco nesta ameaças de baixo nível, em combates Idealizado como Exercício Cruzei- mente passados aos programas de veis danos à Força Azul (Coalizão) foram divulgados os dados sobre aba-
edição “CRUZEX FLIGHT 2013”, simulados, usando um cenário gené- ro do Sul pelo tenente-brigadeiro Gil- aquisição e modernização de meios. conseguindo alguns abates simulados tes ou sobre quem venceu a simula-
numa reportagem que aborda os com- rico de referência. O exercício estru- berto Burnier, após a participação do Em 2004 foi realizada a segunda importantes. Mas, como o caráter ção. A não divulgação de resultados,
bates BVR, pacotes de ataque, além tura-se dentro dos procedimentos de Brasil como observador, em 2000, do edição, em Natal, quando a FAB já prosseguia focado em C², as Forças de porém, não impediu que algumas in-
de novidades como as operações espe- operação da OTAN (Organização do exercício Odax realizado na França, a havia amadurecido quanto ao am- Coalização “venceram” a simulação. formações chegassem aos jornalistas
ciais e muito mais. A edição deste ano Tratado do Atlântico Norte), e por primeira edição do Cruzex foi realiza- biente de planejamento. Algumas tá- A quarta edição, de 2008, foi reali- que cobriram o exercício.
esteve bem próxima do que seria uma isso todos os participantes operam da em 2002 em Canoas. Naquela oca- ticas, que visavam se contrapor a zada em Natal. Na ocasião, a FAB A partir da edição 2008, uma dura
guerra convencional, à luz dos mais numa mesma linguagem (inglês) e sião, ficou marcante o “gap” brasileiro equipamentos mais modernos, já ha- trazia ensinamentos positivos de seu realidade começou a bater forte na
recentes conflitos. Pronto para deco- padrão de procedimentos. diante de modernos equipamentos e viam sido estudadas e disseminadas sucesso na participação em um recen- porta: os altos custos de um exercício
BRASIL
desse tipo. A delegação argentina, por trouxe os seus caças Rafale, concor- mente pilotadas. Foram simulados até O Cruzex Flight 2013 ocorreu entre tado federal Felipe Maia, e membros da Força Aérea Francesa, participan-
exemplo, não mais compareceu com rentes do programa F-X2 da FAB. A mesmo ataques de armas químicas e os dias 4 e 15 de novembro. No primei- da reserva da FAB. Entre esses dias, te assídua de outras edições (e, de
aeronaves. Na FAB, por seu lado, as maior presença de observadores mili- nucleares. Contando com 13 países ro dia, o maior destaque foi o “Mass muitos voos e muitas missões, das certa forma, responsável por “chacoa-
restrições orçamentárias resultantes tares de outras forças aéreas abri- participantes, sem falar nos observa- Briefing” para os participantes. Já no quais falaremos mais à frente. lhar” os combates aéreos, primeiro
de sucessivos contingenciamentos, lhantou o maior exercício do gênero na dores, o exercício Cruzex C² 2012 teve dia seguinte, 5 de novembro, foi reali- Oito países participaram do exer- com seus caças Mirage e depois com o
além do envelhecimento conjuntural América Latina. Cabe ressaltar, ain- o maior número de países. A Marinha zado o “Media Day”, com uma coletiva cício: Brasil (anfitrião), Canadá, Chi- Rafale). O brigadeiro Jordão explicou
da frota (apesar das modernizações da, que foi a primeira participação da do Brasil se fez presente com um espe- de imprensa da Direção do Exercício e le, Colômbia, Equador, Estados Uni- que várias cartas-convite são envia-
em curso) começaram a cobrar seus Marinha do Brasil com aeronaves, no cialista do esquadrão HA-1. dos co-diretores, Infelizmente, o “brie- dos, Uruguai e Venezuela. Mais uma das a diversas forças aéreas, sendo
preços. Isso repercutiria em mudan- caso, UH-14 (Super Puma). fing” a ser realizado pelo vice-diretor vez, a Argentina cancelou sua parti- que a francesa foi umas dessas convi-
ças no formato, mais à frente. Já a sexta edição, novamente em Destaques, presenças e ausências do exercício, coronel João Bosco Lúcio cipação “na última hora”, e alguns dadas, porém resolveu declinar do
A quinta edição, em Natal (2010), Natal (2012), foi inteiramente no for- Como a sistemática passou a ser a da Silva Felix, não ocorreu devido ao meios de imprensa chegaram a espe- convite. Foi a primeira vez que Força
foi foco de ampla cobertura pelo site mato de Comando e Controle (C²). Ou realização intercalada de exercícios cronograma já estar com o tempo es- cular que a ausência havia azedado Aérea Francesa, considerada uma
Poder Aéreo e um dos impulsos para seja: nada de aeronaves. Nessa edição focados inteiramente em C² e outros tourado. Ainda na tarde de 5 de no- as relações entre a FAB e a FAA das fundadoras do Cruzex, não parti-
a pubicação do primeiro número da re- o Poder Aéreo também esteve pre- com presença de aeronaves, chegou a vembro ocorreu o “Media Flight”, onde (Fuerza Aérea Argentina). Apesar cipou do exercício.
vista Forças de Defesa, no início do sente e conseguiu junto à direção do vez do Cruzex Flight 2013. Pelo que a grande nebulosidade atrapalhou um dessas especulações, esse atrito foi Não só de ausências se fez esta
ano seguinte. Em edições anteriores, a exercício, na pessoa do brigadeiro Egi- já foi exposto, o Cruzex é considerado pouco a qualidade das imagens, embo- negado tanto pelo diretor do exercí- edição: o Canadá, a Colômbia e o
Força Aérea Francesa havia se desta- to, as respostas para diversas ques- um dos maiores exercícios do gênero ra em alguns momentos tenha permiti- cio, brigadeiro-do-ar Mario Luís da Equador debutaram no exercício
cado como convidada de fora da Amé- tões referentes a esse novo formato. A no mundo e o maior da América Lati- do que bons fotógrafos conseguissem o Silva Jordão, durante a coletiva de com aeronaves, e a Venezuela voltou
rica do Sul, com seus caças Mirage ausência de aeronaves não impediu a na. Como não poderia deixar de ser, “clique” ideal. Outros destaques foram, imprensa do Media Day, quanto em a trazer as suas, e o fez com seus
2000 C e, especialmente, os Mirage continuidade do treinamento, pelo desde 2010, a equipe da revista For- em 9 de novembro, o Portões Abertos algumas conversas nos corredores F-16A, que comemoram 30 anos de
2000-5, mostrando grande efetividade contrário: a nova sistemática adotada ças de Defesa já se articulava para da Base Aérea de Natal, que contou da Base Aérea de Natal com pessoas- incorporação neste ano. A última
nos combates aéreos. Mas, naquela permitiu que novos elementos fossem participar da edição FLIGHT e reali- com a exposição de algumas das aero- -chave do exercício. A ausência foi participação da Venezuela com aero-
edição de 2010, a Força Aérea dos Es- introduzidos, aumentando significati- zar uma cobertura ainda melhor. Foi naves participantes e público de cerca compreendida pela FAB, sendo pon- naves foi em 2008. Em 2010, partici-
tados Unidos (USAF) passou a atuar vamente a complexidade do exercício. por isso que, em 2012, fizemos ques- de 30 mil pessoas, além do dia 13, o to pacífico, porém, que a presença pou apenas como observadora e, em
com aeronaves F-16. O Chile também O componente aeroespacial esteve tão de cobrir a edição C² na Base Aé- chamado “VIP Day”, onde o comandan- traria ganhos para o exercício e a co- 2012, veio para a edição C².
trouxe seus caças F-16 Block 50, a ver- presente de forma especial com a in- rea de Natal, sendo um dos poucos te da Aeronáutica e a alta-cúpula da operação entre as forças aéreas par- Por sua vez, Canadá, Colômbia e
são mais nova adquirida pelo país. Por clusão simulada de uma constelação meios de imprensa especializada a FAB estiveram presentes, assim como ticipantes. Equador já haviam participado ante-
seu lado, a França não fez por menos e de satélites e de aeronaves remota- cobrir o exercício nessa modalidade. autoridades convidadas, como o depu- Outra ausência que foi sentida foi riormente como observadores ou na
QQ Fotojornalistas de todo o
mundo registravam em
detalhes cada decolagem,
ESTADOS pouso e movimentação das
UNIDOS forças participantes
edição C², de 2012. O Canadá trouxe Esquadrões Jambock e Pif-Paf, que concentradas nas Bases Aéreas de Na-
seus quadrimotores de transporte formam uma única unidade); jatos de tal e Recife. A poluição sonora e danos
CC-130J Hercules, modelo que debu- ataque e reconhecimento A-1M, A-1 e secundários da onda de choque que
tou no exercício (embora tenha sido RA-1 do 1º/16º GAv (Esquadrão poderiam ser ocasionados por um
apresentado aos céus brasileiros no Adelphi), do 3º/10º GAv (Esquadrão “boom sônico” foram evitados (ou ao
aniversário de 60 anos da Esquadri- Centauro) e do 1º/10º GAv, (Esqua- menos amenizados) pela restrição de
lha da Fumaça em 2012). A Colômbia drão Poker); turboélices de ataque voo supersônico acima de 20 mil pés.
trouxe jatos A-37 Dragonfly e seu re- A-29 do 3º/3ºGAv (Esquadrão Flecha), Outra diferença dessa edição foi o
abastecedor aéreo KC-767 Júpiter. helicópteros H-60 do 7º/8º GAv (Es- foco nas operações especiais. Pessoal
Este último também foi um debutan- quadrão Harpia) e do 5º/8º GAv (Es- do Esquadrão Aeroterrestre de Salva-
te no exercício, valendo acrescentar quadrão Pantera); AH-2 do 2º/8º GAv mento “PARASAR”, do Regimento de
que se trata de um modelo parecido (Esquadrão Poti), H-1H do 1º/8ºGrupo Infantaria Ligeira Canadense “Prince-
com o que foi selecionado pela FAB, de Aviação (Esquadrão Falcão), H-34 sa Patrícia”, 3º Batalhão do Regimento
no programa KC-X2 para substituir do 3º/8º GAv (Esquadrão Puma), avi- Real Canadense e PJs da USAF (mili-
os KC-137 recentemente aposentados ões de transporte e reabastecimento tares especializados em Busca e Salva-
(e cuja falta foi sentida nesta edição) em voo (REVO) C-130 e KC-130 do mento, inclusive em territorio hostil)
O Equador trouxe seus turboélices 1º GTT (1º Grupo de Transporte de realizaram infiltração aérea. Também
A-29 Super Tucano. Já a Força Aérea Tropa, Esquadrões Coral e Cascavel) foi realizado treinamento de C-SAR
do Chile (FACh) e a Força Aérea dos e do 1º/1ºGT (1º/1º Grupo de Trans- (Busca e Salvamento de Combate), si-
EUA / Guarda Aérea Nacional porte, Esquadrão Gordo), aviões de mulando o resgate de um piloto aliado
(USAF-ANG) trouxeram equipamen- transporte e de busca e salvamento abatido e seu subsequente resgate. A
tos semelhantes: F-16 e KC-135 (sen- C-105 / SC-105 do 1º/9ºGAv (Esqua- importância de treinar C-SAR é evi-
do que os caças chilenos, ao invés dos drão Arara) e do 2º/10º GAv (Esqua- dente: a perda de pessoal numa cam-
F-16 Block 50, mais modernos, desta drão Pelicano), além dos aviões de panha real afeta negativamente a mo-
vez eram exemplares F-16 MLU). A alerta aéreo antecipado e controle tivação de um grupo e, caso haja a
Força Aérea Uruguaia trouxe jatos E-99 (AEW&C) do 2º/6º GAv (Esqua- captura por força opositora, coloca em
A-37 e turboélices IA-57 Pucará. drão Guardião). risco o andamento da campanha num
A Força Aérea Brasileira atuou horizonte de até 48 horas, sendo tam-
com diversas aeronaves: caças F-2000 Principais novidades desta edição bém um elemento negativo quanto ao
QQ F-16C Block 40 Fighting Falcon da do 1º Grupo de Defesa Aérea (1º GDA, Houve significativas diferenças na apoio político e social da campanha,
USAF-ANG District of Columbia (Guarda Esquadrão Jaguar); F-5EM/FM do edição 2013 em relação às anteriores. nos contextos interno e internacional.
Aérea Nacional de Colúmbia, da Força 1º/4º Grupo de Aviação (1º/4ºGAv, Es- Devido a aspectos ambientais de polui- Uma missão que recebeu um foco
Aérea dos EUA), que tem entre suas quadrão Pacau), 1º/14º Grupo de ção sonora, a Base Aérea de Fortaleza especial foi a de Guia Aéreo Avançado
atribuições a defesa da capital Aviação (Esquadrão Pampa) e do 1º não foi mais sede das “Forças Oposito- (FAC - Forward Air Controller), onde
Washington Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa, ras” e, assim, as atividades ficaram elementos infiltrados em território
BRASIL
BRASIL
BRASIL
CHILE VENEZUELA
QQ F-16 MLU da Força Aérea do Chile em mais QQ F-16A do esquadrão venezuelano “Dragones”,
uma decolagem. Os chilenos atuavam em que foi uma atração para os fotógrafos com sua
muitas missões de apoio aéreo aproximado pintura comemorativa de 30 anos de operação
que todos os parâmetros fossem trans- cimento por sonda e cesta. Já há justamente a IAI que realizou a con- vida útil e com apenas dois exemplares A edição 2013 também se desta- palmente, as responsabilidades bra-
mitidos e retransmitidos entre as esta- alguns anos, a FAB lançou um pro- versão da aeronave colombiana a par- em dotação, no papel. Vale lembrar cou por trazer à cena o uso do GPS sileiras em operações cada vez mais
ções-radar e de comunicação espalha- grama de substituição dos KC-137, tir de um Boeing 767. que os KC-130 e C-130 tem programa- como mais uma ferramenta para espalhadas pelo mundo, como no Hai-
das pelo terreno. As informações eram diante da avançada idade das aero- As missões de REVO no exercício das suas substituições na FAB, com aperfeiçoar a sistemática de valida- ti e no Líbano, que demandam trans-
concentradas nas telas do COpM3, dos naves (apesar do relativamente baixo foram voadas a partir da Base Aérea início daqui a alguns anos, pelo KC- ção dos tiros, trazendo o processo porte frequente de grande número de
E-99 e do C² do exercício, onde militares número de ciclos) que acarretava de Recife e operavam em áreas especí- 390 da Embraer, cujo protótipo deverá para tempo quase real. militares e material, por longas dis-
especialistas nas referidas aeronaves e uma descontinuidade logística de um ficas de voo, denominadas DRINK. voar em 2014. Ainda assim, a necessi- Um outro ponto positivo que teve tâncias.
nos armamentos simulados compara- meio que há décadas não era mais Nessas áreas, as aeronaves orbitavam dade da Força Aérea Brasileira dispor menor visibilidade, mas foi digno de Quanto à Aviação de Caça, o fato
vam os gráficos de desempenho dos ar- produzido, acarretando uma desfavo- à espera dos caças que chegavam para de um avião de transporte e reabaste- nota, foi o uso em larga escala de dos caças Mirage 2000 da FAB parti-
mamentos e dos aviões com os dados rável relação custo-benefício e dificul- o reabastecimento, sendo que, devido cimento em voo de categoria mais es- viaturas utilitárias do Exército Bra- ciparem pela última vez do exercício,
recebidos. A partir dessa comparação, dades para manter os aviões voando. às diferentes performances das aero- tratégica do que tática, para cobrir a sileiro. Diversos caminhões VW pois tiveram suas baixas marcadas
realizam a validação ou não do tiro. A isso, somou-se um recente acidente naves participantes e à variedade de lacuna deixada pela baixa dos KC-137, Worker, Agrale Marruá e outras para o final de dezembro, também
Todos os dados eram gravados e ali- no Haiti, felizmente sem vítimas, missões, diferentes também eram os continua a se impor. viaturas leves foram utilizadas para preocupa: afinal, há anos o programa
mentavam um software que, por sua mas que condenou um dos exempla- perfis de REVO. O KC-767 colombiano deslocamentos dentro da Base Aé- F-X2 se arrasta sem chegar a uma de-
vez, gerava uma animação apresentada res que ainda voavam, apressando a reabasteceu aeronaves brasileiras (es- Principais ganhos da nova edição rea de Natal, incluindo a área ope- cisão do Governo sobre seus substitu-
durante o “debrifing”, permitindo assim aposentadoria do modelo na FAB. pecialmente as de alto desempenho) e Na visão deste autor, um dos prin- racional, que possui diversas restri- tos que, em poucos anos, também de-
a análise macro (a chamada “god’s eye O programa de seleção de um novo colombianas, sendo que um quadrimo- cipais ganhos da atual edição do exer- ções de tráfego ditadas pela verão tomar o lugar dos jatos F-5M.
view”) e micro da missão executada. avião de transporte e reabastecimento tor turboélice KC-130 da FAB realizou cício Cruzex foi o novo sistema de segurança de voo. Caso uma decisão tivesse sido to-
em voo da mesma categoria, conhecido reabastecimento de aeronaves brasi- “Shot Validation” implementado. mada anos atrás, talvez neste exercí-
Vai um querosene aí, chefe? como KC-X2, chegou a seu termo em leiras, colombianas e uruguaias. Por Nas edições anteriores, o disparo Mas nem tudo são flores cio Cruzex ou no próximo tivéssemos
Nesta edição, a estreia do KC-767 março de 2013, com a escolha da pro- sua vez, os jatos KC-135 dos Estados (simulado) de um míssil era “canta- A limitação da FAB em realizar a estreia de um novo caça da FAB.
Jupiter da Força Aérea Colombiana posta da empresa israelense IAI, ba- Unidos e do Chile, dotados de sistema do” via rádio, onde todos os parâme- missões de REVO, por contar com Porém, está claro que isso só poderá
chamou bastante a atenção, não só seada na aquisição de aeronaves “Flying Boom” ou de lança (diferente tros possíveis deviam ser informa- apenas um KC-130 disponível, ficou acontecer, quando muito, em alguma
dos jornalistas mas, principalmente, Boeing 767-300ER usadas para con- do equipamento de sonda e cesta, co- dos. A partir daí, seguindo tabelas bastante evidente nesta edição do edição do final da década.
da FAB. Recentemente, a Força Aé- versão. A aeronave deverá ser capaz nhecido como “Probe and Drogue”) re- de probabilidade de acerto, o disparo exercício Cruzex. Pudemos perceber O envelhecimento conjuntural
rea Brasileira viu-se obrigada a apo- de realizar múltiplas missões, como abasteceram de modo permutado os era validado ou não. No entanto, as que o KC-767 colombiano “carregou o dos meios da FAB está sempre ba-
sentar seus jatos KC-137 antes da transporte de longa distância, reabas- caças F-16 de seus países, que só são aeronaves que eram os alvos dos dis- piano” no exercício, junto com o nosso tendo à porta, ao mesmo tempo em
chegada de um sucessor. Os KC-137, tecimento em voo, evacuação aeromé- compatíveis com esse sistema. Ainda paros (simulados) não permaneciam KC-130, para o reabastecimento de que a espera passiva de decisões po-
operados num total de quatro unida- dica, entre outras, com melhor desem- que o KC-130 da FAB seja capaz de re- “estáticas”, pois realizavam mano- aeronaves com sistema de sonda e liticas não tem sido benéfica, dado
des, eram antigos Boeing 707 adqui- penho, capacidade e segurança do que alizar o REVO das aeronaves de alto bras evasivas ou lançamento de cha- cesta. que os relatórios técnicos dos proces-
ridos usados da Varig para conversão o proporcionado pelos velhos KC-137. desempenho, os envelopes de voo dife- ff/flare. Assim, saíam dos parâme- Essa limitação da FAB torna-se sos de seleção, realizados pela FAB,
em aeronaves de transporte e de rea- E aqui está a razão do KC-767 Jupiter rentes diminuem as margens de segu- tros de acerto vigentes nas edições ainda mais preocupante quando leva- acabam apenas acumulando poeira
bastecimento em voo (REVO), quan- da Colômbia ter chamado a atenção rança, sem falar que também se trata anteriores e esses tiros não eram va- mos em consideração as distâncias nas mesas de quem deveria decidir
do receberam o sistema de reabaste- da FAB nesta edição do exercício: foi de um avião já próximo do final de sua lidados. continentais do nosso país e, princi- com menos vagar.
CHILE
QQ O KC-135 da FACh foi um vetor muito importante nas missões dos chilenos.
Diferentemente do KC-135 da USAF que participou do exercício, e que é equipado
com motores CFM mais econômicos, a versão adquirida pelo Chile nos estoques
norte-americanos ainda utiliza a motorização antiga. No detalhe abaixo, a lança do
sistema “Flying Boom”, compatível com os caças F-16
COLÔMBIA
QQ Formação de
A-37B Dragonfly
colombianos após
serem reabastecidos
pelo KC-767 Jupiter
da sua força aérea
EQUADOR
ESTADOS
UNIDOS
URUGUAI
VENEZUELA
QQ Em sua terceira participação em Cruzex, a Força Aérea Venezuelana, QQ Outras aeronaves da Venezuela que estavam presentes, mas de forma discreta,
atualmente AMBV - Aviación Militar Bolivariana, participou com seus F-16A eram os transportes Shaanxi Y-8 de fabricação chinesa, dos quais há uma previsão
Fighting Falcon, especialmente em missões ar-ar e ar-solo de compra de doze exemplares, em substituição aos C-130 Hercules. Esses
turboélices quadrimotores foram responsáveis pela movimentação de equipamento
e material dos venezuelanos
Andre Benschop
A estreia da Aviação de
revistas em quadrinhos eram da Tur- conhecimentos no
ma da Mônica e meus amigos eram lançamento de tropas
brasileiros”, disse Willrich. Enquanto especiais
morava na fronteira Uruguai/Brasil,
Real Canadense na Cruzex, VARIG para formação de pilotos. aprendeu a não vomitar em voo.” americanos, o Canadá ficou a cargo
Willrich prossegue a narrativa: da Força Internacional que passou o
A luta para ser aviador e os desafios “Depois iniciei o curso no Tutor (jato mandato para a MINUSTAH (sigla
de treinamento canadense), onde o em francês para a missão das Nações
D
urante o Cruzex Flight 2013, desistiu e, 3 anos depois, após insistir como o Canadá havia feito uma gran- nos, chilenos e uruguaios, que esta-
canadense que fala quatro línguas conversamos com o capitão Eric semanalmente, conseguiu a vaga na de compra de helicópteros na época,
todos da minha turma foram para as
vam chegando, com as forças
canadenses que estavam saindo.” Ele
e nasceu no Brasil, sobre esse e Willrich da Força Aérea Real
Canadense (RCAF), piloto de C-17
aviação. Não foi fácil, e a perspectiva
de um treinamento de três semanas asas rotativas. Bem, eu sempre quis lembrou ainda da chegada dos jatos
ser piloto e voar. A vida me deu os li- KC-137 da FAB a Porto Príncipe:
outros assuntos de sua carreira Globemaster III que fez parte da de-
legação do Canadá. O oficial de 38
no “Vomitron”, para dessensibiliza-
ção do organismo numa centrífuga, mões, então fiz uma limonada.” Sobre “Quando os 707 de vocês chegavam
o voo em asas rotativas, o capitão ao Haiti, era um barulho ensurdece-
e trajetória pessoal bastante anos tem raízes no Brasil e contou-
-nos sobre sua trajetória na aviação e
assombrou seus primeiros voos, num
curso de 30 horas de voo em que cerca completou, rindo: “É o voo mais diver- dor. Quem estava dormindo acordava
tido do mundo!” imediatamente nas barracas.”
peculiares: Asas Rotativas, também sobre a operação de aviões
de transporte na RCAF, que fez a sua
de 50% dos alunos desistem ou são
desligados. O oficial relembra: “No “Fui para Quebec, onde passei 5
Instrução de Voo, exibições no estreia no exercício Cruzex com uma
aeronave CC-130J. A conversa, que
primeiro voo eu vomitei, o que é até
normal. No segundo, vomitei de novo,
anos, e lá aprendi francês.” Um detalhe
que Willrich frisou foi que voar em in-
Mudando de aviação
Depois dessas experiências, o ca-
‘Snowbirds’, Aviação de Transporte, seria focada na participação canaden-
se no exercício, acabou trazendo mui-
então meu instrutor me chamou e
conversou comigo que, se no terceiro
glês é diferente de voar em francês.
Nessa mesma época, se casou. Atuou
pitão Willrich tentou mudar para a
Aviação de Transporte: “Para você
operações na Bósnia e Haiti, além to mais detalhes de uma trajetória
pessoal e profissional, tão rica e pecu-
eu vomitasse, iria para o Vomitron.
No terceiro voo, durante algumas
no conflito da Bósnia, onde ficou 6 me-
ses. “Vi muita coisa na Bósnia que,
sair de uma aviação para outra, das
duas uma: ou você é muito ruim,
de voos no C-17 Globemaster liar para um capitão-aviador, que manobras surgiram as náuseas. Po- uau... Coisas que são ruins de ver!” eles não te querem e te põem pra
fora, ou você é muito bom e seus Demonstração da Força Aérea Real em como o povo brasileiro gosta de
chefes te apoiam, fazendo tudo o
que podem para te ajudar.” Rindo, o
Canadense (equivalente à Esquadri-
lha da Fumaça da FAB, mas que voa
aviacão! A aviação ajudou a ligar Ca-
nadá e Brasil.” Leia a revista Forças de Defesa no tablet,
oficial complementa: “Eu prefiro
acreditar que estou na segunda op-
ção...” Nesse meio-tempo, durante
jatos treinadores Tutor). “Passei 3
anos fazendo alguns dos melhores
voos da minha vida.”
A experiência de voar o C-17
Globemaster III
no smartphone ou na web. APLICATIVO GRÁTIS
dois anos, foi instrutor no turboélice Questionado sobre o porquê de se- Enfim na Aviação de Transporte, A maior banca digital de jornais e revistas do Brasil.
de treinamento T-6 Texan II, e res- rem os melhores voos, ele disse muito o piloto prosseguiu na carreira até
salta as qualidades do Canadá como orgulhoso, no seu português da fron- chegar ao maior avião militar em
um polo de formação de pilotos da teira com o Uruguai: “Por uma estrela operação no Canadá, o C-17 Globe-
OTAN: “Nosso espaço aéreo é do ta- no olhar de pelo menos um ‘piá’, faz master III (CC-177 na denominação
manho da Europa. Temos diversos tudo valer a pena!” Nessa fase, a Es- canadense) Nas palavras do capitão
dias do ano propícios para instrução quadrilha da Fumaça (EDA – Esqua- Eric Willrich: “O C-17 é uma aerona-
e uma grande história de formação drão de Demonstração Aérea) foi ao ve incrível! Só de combustivel são
de pilotos europeus, principalmente Canadá durante uma turnê interna- 245.000 libras que são consumidas
ingleses, desde a Segunda Guerra cional. Muito emocionado, o capitão em 12 horas de voo, e de carga pode-
Mundial. lembra-se de um “voo de saco” (como -se transportar até 180.000 libras”. O
Ainda sobre a instrução de voo, passageiro) que ele fez num turboélice Canadá recebeu seus primeiros C-17
Eric explicou que no Canadá as aero- T-27 Tucano da Fumaça, no qual fo- em 2011 e, segundo Eric, “a aeronave
naves de instrução são planejadas ram levadas as bandeiras brasileira e é grande como um caminhão de 18 ro-
para voos de cerca de uma hora e canadense: “Participar daquele voo, e das, mas é manobrável como um fus-
meia, e não muito mais. “A cabeça de ver a cooperação de ambos os países e quinha.”
um aluno é como um balde, mas é um aviadores, foi muito especial para A manobrabilidade do C-17 é
balde que enche muito rápido. Esta- mim.” exemplificada em uma situacao de
tisticamente está provado que voos Falando no EDA, Eric estava na treinamento que vivenciou: “Numa
de instrução têm um bom aproveita- delegação canadense que participou configuração bem leve, meu instrutor
Baixe as edições através
mento em cerca de um hora. Depois com um CC-130J (além de jatos e eu pousamos a aeronave e, em se- do aplicativo O Jornaleiro
dessa uma hora, o balde derrama.” CF-188 Hornet) da celebração dos 60 guida, decolamos numa pista de e experimente
Após os 2 anos de instrutor, o pilo- anos da Esquadrilha da Fumaça, no 3.500 pés. Não demos ré nem nada,
to foi para os “Snowbirds”, a Equipe de ano passado: “Fiquei impressionado pousamos e decolamos em seguida. O
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PODER AÉREO ESPECIAL
Andre Benschop
S
e flare instalados. A presença do radar
ão três letras e um enorme signifi- SCP-01 é notada pelo radome (de cor
cado para a indústria aeronáutica preta) de maior tamanho, sem
brasileira. O programa AMX era, modificação no comprimento do jato
naquele já longínquo início da década
de 1980, o maior desafio que a
Embraer – Empresa Brasileira de Ae-
ronáutica S.A. – teve até então em suas
Programa
mãos. Com pouco mais de dez anos des-
de a fundação e sem um único projeto
de jato militar em seu currículo (o mais
próximo disso era a experiência de fa-
bricar sob licença o treinador MB.326
italiano) a empresa brasileira entrou
para o consórcio binacional AMX para
participar da produção de um avança-
do jato de ataque. Ao lado de duas em-
presas italianas de longa experiência
da concepção à modernização
no ramo aeronáutico, o programa deu
origem a uma das melhores aeronaves
de ataque do início da década de 1990.
Porém, quando o AMX começou a ser
produzido, o mundo já não era mais o
mesmo e as necessidades militares dos
países haviam mudado.
Ainda assim, isso não evitou que a
aeronave demonstrasse as suas capaci-
dades em operações simuladas ou em
combates reais. Nos céus do Kosovo, da
Líbia e do Afeganistão, nos exercícios
sobre o deserto dos Estados Unidos, ou
cruzando o Brasil de ponta a ponta, o
AMX tem demonstrado o seu valor.
Exatamente por este motivo, tanto a
Força Aérea Italiana, onde o AMX é co-
nhecido como “Ghibli”, quanto a Força
Aérea Brasileira (FAB), que o denomi-
na A-1, resolveram dar nova vida a es-
ses jatos de ataque. Na Itália, foi entre-
gue em 2012 o último AMX do
programa de modernização italiano e,
em 2013, a FAB recebeu seus primei-
O
ros da Embraer. No final, o documento Em 1983 o projeto estava orçado são semelhante ao do AMX, foi projeta- trica) e ailerons (atuação hidráulica e consórcio ítalo-brasileiro
provisório não era favorável ao Brasil, em 600 milhões de dólares. Apenas do com asas de geometria variável, manual). Já a arfagem (movimento ao procurava por uma logo-
e muito ainda deveria ser feito para para efeito comparativo, a Embraer pois estas se adaptam ao melhor de- longo do eixo transversal), é controla- marca que representasse
que esse quadro mudasse. gastou no desenvolvimento do sempenho em qualquer regime de voo. da pelos estabilizadores horizontais não somente o programa das três
O acordo governamental entre os EMB-120 Brasília, sozinha, 200 mi- As asas de geometria variável fo- (elétricos) e seus pequenos profundo- empresas, mas também a união de
dois países foi finalmente assinado em lhões de dólares. Por diversas razões, ram até cogitadas no início do progra- res (hidráulicos e manuais). Geral- esforços promovida pelos dois pa-
27 de março de1981, praticamente um os custos do programa AMX foram su- ma AMX (antes da Embraer entrar no mente, ambos os sistemas atuam de íses. Após alguns estudos iniciais,
ano após a decisão brasileira de parti- bindo e, por volta de 1987, o Ministé- consórcio), mas deixadas de lado por- forma conjunta, mas também podem e antes que o primeiro protótipo
cipar do programa. De um total de 266 rio da Aeronáutica já havia desembol- que não combinavam com a proposta atuar de forma isolada dentro de de- voasse, foi definido um desenho.
exemplares a serem construídos, a sado perto de US$ 1,8 bilhão. de um avião de baixo peso, custo redu- terminados envelopes de voo, redun- O arranjo geral é composto por
Itália receberia 187 caças e o Brasil zido e pouca complexidade. Assim, dância que traz maior segurança. Até três flechas de mesmo tamanho e
outros 79. As companhias italianas se- Definindo o projeto do AMX buscou-se um projeto de asa com ra- mesmo a perda de ambos os sistemas que simbolizam as três empresas
riam responsáveis por 70,3% (sendo binacional zão de aspecto que melhor atendesse hidráulicos permite ao avião a capaci- do consórcio. Já as quatro cores
46,7% para a Aeritalia e 23,6% para a O AMX nasceu com uma função es- ao regime de voo subsônico de alta ve- dade “flight home” (retorno à base) adotadas remetem à união dos
Aermacchi) do programa, ficando a pecífica: executar ataque à superfície locidade em baixa altitude. pelo uso do controle manual. O siste- dois países, pois fazem parte das
Embraer com 29,7%, valor este pro- com penetração a baixa altitude. Por Voar rápido era importante, mas ma fly-by-wire possui dois canais se- bandeiras da Itália e do Brasil. ca do programa AMX. Mesmo
porcional ao percentual de encomen- esse motivo, a aeronave foi “pensada” não em regime supersônico. Para este, parados (redundância, mais uma vez) Com a formação do consórcio após o encerramento do consór-
das da FAB. Haveria três linhas de desde o começo para executar esta ta- seria necessário o uso de pós-combus- e, quando os spoilers são acionados binacional, o Ministério da Aero- cio, a Aeronáutica manteve a
montagem (uma em casa empresa), refa da melhor forma possível e por um tão, que por sua vez aumentava o con- como freios aerodinâmicos, o fly-by- náutica criou em 1981 a Comissão COPAC como órgão gestor de
mas os componentes seriam de fabri- custo relativamente baixo. Dentre as sumo de combustível, reduzindo o al- -wire atua automaticamente nos esta- Coordenadora do Programa Aero- programas de aquisição de aero-
cação exclusiva de cada uma delas (as- várias missões de ataque ao solo, a in- cance. Existiam outras desvantagens bilizadores horizontais. nave de Combate (COPAC) com o naves. Atualmente, dentre as di-
sim como o gerenciamento dos subcon- terdição aérea do campo de batalha por em voar supersônico em altitudes bai- Outros itens como o alerta radar propósito de estabelecer as dire- versas atribuições da COPAC,
tratados). Coube à Embraer projetar e penetração a baixa altitude, em alta xas, relacionadas ao raio de curva (que (RWR – Radar Warning Reciever) e trizes para o gerenciamento de está o gerenciamento do progra-
fabricar asas, tomadas de ar do motor, velocidade subsônica, exige caracterís- aumenta conforme a velocidade), pois dispersores de chaff e flare aumenta- tão complexo projeto. O símbolo ma de modernização do próprio
estabilizadores horizontais (somente ticas singulares. Um dos principais a penetração a baixa altitude sobre o riam a capacidade de sobrevivência do da COPAC incorporou a logomar- AMX / A-1.
para os protótipos), pilones subalares itens neste aspecto é o desenvolvimen- terreno exige constantes manobras no avião em território hostil.
CCIP/CCRP (Continously Calculated o computador de bordo, que calcula os AMX podia executar sua própria defesa
Impact Point/Continously Calculated parâmetros de lançamento. A versão da com o canhão (ou canhões, conforme a
Release Point – ponto de impacto con- FAB deveria receber um radar de con- versão) e/ou com um par de mísseis de
tinuamente calculado/ponto de lança- cepção nacional, porém este só foi viabi- curto alcance guiados por infraverme-
mento continuamente calculado). lizado na atual modernização (e por lho. Os mísseis também poderiam ser
Para atuar no cenário europeu, o isso é um assunto tratado à frente). empregados em ataques de oportunida-
AMX teria que sobreviver num am- de a outras aeronaves em voo, como avi-
biente dominado pela guerra eletrôni- Armamento variado ões de transporte e helicópteros.
ca. Por esse motivo e, mais uma vez, O projeto inicial do AMX previa, Os mísseis mais cotados eram da fa-
para garantir a sobrevivência da aero- como armamento interno, somente um mília AIM-9 Sidewinder. A FAB utili-
nave, ela foi equipada com uma suíte canhão tipo gatling GE M61A1 de zava o modelo “B”, mais antigo, e a Itá-
de ECM (Electronic Counter Measures 20mm com 350 projeteis. Havia restri- lia possuía o “H”. Como o consórcio
– contramedidas eletrônicas) bastante ções para a venda dessa arma para paí- dominava o código-fonte, qualquer ou-
moderna para a época. Foram escolhi- ses não pertencentes à OTAN ou alia- tro míssil compatível poderia ser inte- QQ Primeiro protótipo italiano do
dos “não preferenciais”, como era o caso AMX, MM X594, fotografado no
dos dois sistemas desenvolvidos pela grado no futuro, o que se planejava fa-
solo nas instalações da Aeritalia, em
Elettronica S.p.A. da Itália, o interferi- do Brasil. Mas é importante ressaltar zer, no Brasil, com o MAA-1 Piranha. Turim, antes de seu primeiro voo
dor (“jammer”) ELT/553 e o receptor de que, desde a época do projeto EMB-330, Mesmo sendo um jato de ataque de
alerta-radar ELT/156(X). a FAB havia optado por canhões fran- dimensões modestas, a capacidade de
A Itália adotou o radar FIAR ceses da chamada família DEFA 550 (o transportar cargas externas é bastante
Pointer, uma modificação do equipa- modelo 552 equipava os caças Mirage respeitável, com um máximo de (embora os jatos AMX do 13º Gruppo bém integrou bombas guiadas a laser qualificação do sistema de armas se-
mento israelense Elta EL/M-2001B IIIE da FAB). O DEFA 554, adotado 3.800kg distribuídos por cinco cabides treinassem a missão sem o emprego de do tipo GBU (inicialmente apontadas riam conduzidos nas instalações da
construído sob licença pela FIAR italia- pelo AMX brasileiro, emprega o mesmo (dois sob cada asa e um suporte central armas), mas a FAB sempre indicou por outros caças e posteriormente por Aeritalia na Base Aérea de Decimo-
na. Trata-se de um radar de telemetria cartucho de modelos anteriores sob a fuselagem, além dos trilhos nas que o ataque a alvos no mar era uma casulos Thales CLPD, integrados du- mannu (ilha da Sardenha, no Medi-
de banda I/J bastante compacto e leve (30x113B, cuja velocidade de boca é de pontas das asas). Os suportes internos das tarefas dos seus AMX, ainda que rante a modernização italiana). terrâneo) e a medição dos parâmetros
(50kg) que fornece apenas o alcance do 700m/s), mas incorporou melhorias no das asas foram projetados para um esses mísseis não fossem adquiridos. da trajetória dos armamentos ocorre-
alvo, sendo que, no modo ar-ar, a detec- sistema de carregamento das câmaras, máximo de 907kg e os externos para Em função do barramento digital e O programa de ensaios ria no campo de testes Salto di Quirra.
ção é visual. O sistema adquire e ras- elevando a cadência de 1.300tpm (tiros até 454kg. Na estação da fuselagem, do domínio do código-fonte pelo con- e o primeiro protótipo O programa de ensaios era estimado
treia automaticamente quaisquer alvos por minuto) para 1.800tpm, com opção pode-se adaptar um cabide duplo (lado sórcio, qualquer armamento inteli- Todo o programa de ensaios de voo em 1.400 horas de voo, e esperava-se
que aparecerem no HUD, cabendo ao para uma cadência de 1.100tpm (mais a lado) capaz de transportar até 907kg. gente padrão OTAN pode ser integra- foi desenvolvido e coordenado por uma sua conclusão até o final de 1987.
piloto selecionar os de interesse. O indicada para alvos terrestres). O AMX italiano chegou a fazer tes- do ao AMX. A Força Aérea Italiana equipe única, que trabalharia com seis Em 12 de fevereiro de 1984, o pri-
modo ar-solo é bastante parecido, com Como o avião era projetado para tes com mísseis antinavio Exocet fran- optou bem cedo pela integração de protótipos e três locais de testes (Ca- meiro protótipo do AMX (A01/MM
aquisição automática e informações ataque, deu-se pouca importância ao ceses. Porém, na Itália, missões anti- bombas guiadas com kits israelenses selle e Venegono, na Itália, e São José X594) deixou as instalações da Aerita-
apresentadas no HUD repassadas para armamento ar-ar. Mesmo assim, o navio eram atribuições do Tornado da Elbit Opher. Posteriormente, tam- dos Campos / SP, no Brasil). Testes de lia, em Turim. O voo inaugural estava
Os protótipos brasileiros
A montagem do primeiro protótipo
brasileiro começou em 1984, logo após
o envio de três conjuntos de asas e to-
madas de ar fabricadas pela Embraer
para os protótipos italianos. Em no-
vembro daquele ano, a Embraer rece-
beu a fuselagem da Itália e, no início de
1985, preparava-se para instalar os
primeiros sistemas de bordo e integrar
as asas. O tempo era curto, pois a em-
QQ Protótipo A11 produzido pela Aeritalia. Este avião substituiu o primeiro
presa pretendia apresentar o “seu”
exemplar perdido no programa de ensaios
AMX na semana da asa daquele ano. O
motor Spey foi integrado à fuselagem
em agosto e, depois disso, foram feitos
ajustes eletrônicos finais no protótipo.
Designado YA-1 (na FAB o indicati-
vo “X” é usado para aeronave de ensaio
QQ Primeiro protótipo brasileiro, YA-1, matrícula e o indicativo “Y” para aeronave protóti-
FAB 4200, no hangar de pintura da Embraer po) e ostentando a matrícula FAB 4200,
o primeiro protótipo brasileiro do AMX
e quarto do consórcio fez o seu voo inau-
gural às 15h47 de 16 de outubro de
programado para 2 de maio, mas foi dores estrangeiros no aeródromo de Ca- taxa de RPM, o que levou a Rolls Royce 1985. O voo não apresentou problemas
mudado para o dia 15, que amanheceu selle e, após realizar o primeiro toque a executar algumas modificações no e o avião foi preparado para a sua apre- como mencionado) italianos. Boa par- segundo protótipo brasileiro (FAB
nublado e chuvoso, com nuvens carre- na pista e acelerar para ganhar altitu- Spey. Como o segundo protótipo do sentação oficial, programada para seis te dos ensaios brasileiros diziam res- 4201) ficou pronto, embora só tenha vo-
gadas e teto baixo. Isso não impediu de, o motor perdeu potência muito pró- AMX só voaria no final do ano, o con- dias depois. E assim, no dia 22 de outu- peito às diferenças que o modelo na- ado em 16 de dezembro.
que Manlio Quarantelli, piloto-chefe ximo do solo. O piloto ainda tentou exe- sórcio não pôde expor o jato na Feira bro de 1985, o primeiro protótipo brasi- cional possuía em relação ao italiano
de testes da Aeritalia, realizasse o pri- cutar um pouso forçado numa área Aeroespacial de Farnborough de 1984, leiro do AMX foi oficialmente apresen- – dentre elas, os sistemas de radiona- Programa Industrial Complementar:
meiro voo de ensaios do AMX. Duran- rural próxima ao aeródromo, mas aca- ficando em desvantagem em relação ao tado às autoridades, delegações vegação, de reconhecimento fotográfi- desenvolvimento, nacionalização e
te 48 minutos foram executadas ma- bou ejetando-se no solo e seu assento Hawk monoposto, que estava lá. estrangeiras e imprensa de todo o mun- co e os armamentos. transferência de tecnologia
nobras de verificação dos parâmetros Martin-Baker bateu na copa das árvo- Apesar do acidente, o programa se- do. O presidente da República, José Como vimos, a suíte de radionave- Para o apoio do projeto AMX no
básicos de comportamento em baixas res. Quarantelli não resistiu aos feri- guiu em frente. O segundo protótipo Sarney, afirmou em seu discurso que gação escolhida para o AMX nacional Brasil, o Ministério da Aeronáutica e a
velocidades, capacidade de manobra a mentos, falecendo dias depois. A aero- deixou o hangar da Aermacchi em 5 de aquele era “um momento histórico para baseava-se em equipamentos comu- Embraer lançaram em 1983 o PIC –
baixa altitude e calibração dos instru- nave incendiou-se, ficando destruída. agosto de 1984 e rolou pela pista pela o Brasil”, pois demonstrava “a nossa ca- mente empregados no Brasil como Programa Industrial Complementar,
mentos de bordo. Poucos meses após o fato, o então primeira vez no dia 27. Pilotado por pacidade de dominar tecnologias de ADF, VOR/ILS e DME. Já o modelo que buscava capacitar certo número de
No dia 1º de junho daquele ano, presidente da Embraer, Ozires Silva, Egídio Nappi, piloto-chefe da Aeritalia, ponta, especialmente (um avião) tão italiano utilizava TACAN (Tactical Air empresas nacionais na fabricação de
aquele protótipo realizou seu quinto e afirmou em entrevista que uma falha o A02/MM X595 decolou pela primeira sofisticado como o AMX”. Navegation System). Quanto ao arma- peças e componentes para o jato. O Mi-
último voo, também com Quarantelli num dos componentes do motor foi a vez às 12h28 (hora italiana) de 19 de Quando o primeiro protótipo do mento, entre maio e junho de 1986 o nistério da Aeronáutica investiu 50 mi-
no comando. O AMX decolou por volta causa principal da queda da aeronave. novembro, realizando uma série de AMX brasileiro decolou, muitos dos primeiro protótipo brasileiro realizou lhões de dólares (valores da época) no
das 10h da manhã, mas voou por ape- A pane foi causada, porém, pela redu- manobras sobre o aeródromo por cerca ensaios em voo da aeronave já haviam ensaios com canhões e bombas de que- programa, visando a nacionalização de
nas um minuto e meio. O avião fazia ção de admissão de ar (causada pelo de 70 minutos. No ano seguinte foi a sido conduzidos pelos quatro protóti- da livre na ilha de Alcatrazes, litoral do um terço do valor da aeronave. Essa
algumas demonstrações para observa- ângulo de ataque) associada à baixa vez do terceiro protótipo (MM X596) pos (um deles perdido em acidente, estado de São Paulo. Ainda em junho, o capacitação viria com a transferência
QQ O engenheiro
Nigel (esquerda),
representante da
Rolls Royce para
o Programa
AMX, explica
detalhes do
QQ A Embraer produziu e testou três motor Spey
modelos do AMX na escala 1:6 no Mk 807 a
túnel de vento do CTA. Na imagem, Mário Vinagre,
um desses modelos sendo submetido assessor de QQTécnico da Embraer
a ensaio de escoamento aerodinâmico imprensa da prepara motor Spey
com tufos de lã Embraer Mk 807 para instalação no
primeiro protótipo brasileiro
do AMX
QQ “Roll-out” do AMX nas instalações da Embraer em São José dos Campos, SP. Compareceram autoridades civis e militares
do Brasil e da Itália, além de jornalistas da imprensa nacional e internacional
de tecnologia dos fornecedores estran- ção de 417 componentes do Spey, in- senvolveu os pneus da versão brasileira
geiros para as indústrias nacionais. As cluindo o sistema de injeção de e também participaram do programa
empresas selecionadas teriam acompa- combustível, tubos especiais para o AMX a Engetrônica (pertencente ao Reprodução
nhamento técnico da Embraer (geren- sistema de combustível, carcaça inter- grupo Engesa) e a ABC Sistemas. ram oito voos de teste, sete deles com
ciadora do programa no Brasil) para mediária do compressor, carcaça da A Pirelli fabricou os tanques de o KC-130 (um deles noturno) e um
assegurar entregas nos prazos estipu- caixa de engrenagens e sistema anti- combustível internos do AMX brasilei- com o KC-137. Ao todo, foram feitos 90
lados e dentro das especificações. gelo. As instalações da MRR em São ro, com tecnologia fornecida pela sua acoplamentos, embora apenas oito
O licenciamento para o consórcio Bernardo do Campo (estado de São matriz italiana. Por falar nisso, há com real transferência de combustí-
fabricar o motor Spey envolveu 80% Paulo) foram ampliadas e um novo uma diferença entre a capacidade in- vel. Os testes foram importantes para
de seus componentes, com os restan- prédio com 1.800m2 de área foi cons- terna dos tanques de fuselagem das resolver pequenas interferências que
tes 20% fornecidos diretamente pela truído somente para dar respaldo ao aeronaves brasileiras e das italianas apareceram junto ao tubo de pitot.
Rolls Royce da Inglaterra. Do montan- programa AMX e seu motor Spey. A (os tanques internos das asas são O reabastecimento deveria ser
te licenciado, coube ao Brasil a produ- expectativa era de contratar até uma iguais), devido às necessidades dife- completado em não mais do que qua-
ção de 30% dos componentes do motor centena de novos empregados. rentes de raio de combate explicadas tro minutos, com a transferência de
para todas as aeronaves do programa. Quanto aos equipamentos e compo- na página 59. Com isso, a capacidade quatro mil quilos de combustível. As
Isto representava a produção de mais nentes eletrônicos do AMX, boa parte interna total de combustível (soma dos altitudes variaram de 4.000 a 30.000
de 900 itens. Os demais itens, que re- ficou a cargo da empresa gaúcha Aeroe- tanques de fuselagem com os das asas) pés, em velocidades variáveis, com o
presentavam a maior parte, seriam letrônica Indústria de Componentes do monoposto brasileiro é de 3.510 li- AMX aproximando-se a uma velocida-
produzidos na Itália pela Fiat Alfa- Aviônicos Ltda. Criada em 1981 pelo tros, comparados aos 3.275 litros do de 3 a 5 nós mais rápida do que a aero-
-Romeo, e cada país teria sua própria grupo Aeromot, a Aeroeletrônica coope- italiano, enquanto que no biposto da nave abastecedora até a sonda aco- QQ Ensaio de reabastecimento em voo com o segundo protótipo brasileiro do AMX
linha de montagem final. rava com a Embraer em projetos como FAB esse valor é de 2.654 litros, frente plar-se na válvula da cesta. Para o Coleção Mário Vinagre
A produção dos componentes bra- o EMB-312 Tucano e o EMB-120 Brasí- aos 2.624 litros do biposto da AMI. REVO noturno, havia a necessidade
sileiros coube à Celma (Companhia lia. A partir de 1981, o grupo investiu de iluminação frontal até uma distân-
Eletro-Mecânica). Sediada em Petró- 12 milhões de dólares (valores de 1983) Programa de reabastecimento cia de 50 pés, em ângulo de 20º.
polis (RJ), a empresa nasceu nas mãos na ampliação e na capacitação para em voo
da Panair e passou para o Ministério atender à Embraer, especialmente o Mesmo com o alcance considerável O começo da produção, os lotes,
da Aeronáutica em 1964. Quando re- projeto AMX. A Aeroeletrônica produ- da aeronave, a FAB sempre desejou os cortes e o biposto
cebeu a responsabilidade de nacionali- ziu e desenvolveu quatro componentes que o AMX tivesse uma sonda de rea- Em 1987, Brasil e Itália fixaram
zar componentes do Spey, seus dois próprios e nacionalizou outros nove. bastecimento em voo (REVO). Tendo oficialmente os critérios para a produ-
acionistas principais eram o Ministé- Entre outras empresas instaladas como base a sonda do caça F-5, que in- ção seriada do AMX, num memorando
rio da Aeronáutica, com 87% do capi- no país e que produziram (com transfe- troduziu essa capacidade na FAB, a assinado pelos chefes do Estado-Maior
tal e o grupo norte-americano United rência de tecnologia) ou desenvolveram Embraer passou a projetar e desenvol- da Aeronáutica dos dois países, major-
Technologies, com 12%. componentes para o AMX estava a Ele- ver esse equipamento para o AMX, que -brigadeiro do ar Lélio Viana Lobo e
A MRR – Motores Rolls Royce – bra Eletrônica S.A., responsável pelos foi instalado no segundo protótipo. brigadeiro Luciano Meloni. Todos os 79
subsidiária da Rolls Royce no Brasil e ADC (air data computer – computador O sistema foi testado em voo em caças da FAB seriam montados na
instalada no país desde 1958, foi sub- de dados de voo) e unidades de controle 1989 com o auxílio da FAB, que forne- Embraer em São José dos Campos. Já
contratada pela Celma para a fabrica- do flap/slat. A Goodyear do Brasil de- ceu as aeronaves reabastecedoras. Fo- na Itália, a Aeritalia montaria 125 QQ Primeiro voo do primeiro AMX biposto fabricado pela Embraer (A-1B, FAB 5650)
Q
uando o primeiro protótipo fez seu voo inaugural na Itália, em 15
macroeconômica do Brasil naquela cional. O espaço para o segundo assento
de maio de 1984, funcionários do departamento de relações pú-
época foi determinante para que as en- forçou a retirada da seção frontal do O homem certo na hora certa
blicas do consórcio binacional passaram a chamá-lo de “Centau-
P
comendas não se realizassem como tanque de combustível da fuselagem. iloto de caça da FAB, engenheiro aeronáutico formado pelo ITA
ro”. O nome agradou aos italianos, que tinham uma longa lista de op-
planejado. Houve um lapso de tempo (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), piloto de provas formado
ções, incluindo Dardo, Ariete e Saetta.
de quase quatro anos até que o terceiro A entrada em operação na Itália pela ARPS (Aerospace Research Pilot School) da USAF, sem falar
No entanto, o nome não agradou técnicos brasileiros, pois a figura da
lote fosse autorizado. Esse período foi O primeiro AMX de produção em mais de oito mil horas de voo num sem número de aeronaves. Com
mitologia grega não tinha a menor correspondência com o país do outro
extremamente danoso para o progra- (MM.7091) foi recebido pela Força Aé- este magnífico currículo, Luiz Fernando Cabral era o homem certo para
lado do Atlântico – apesar de haver um esquadrão na FAB com esse
ma sob vários aspectos, incluindo as rea Italiana em abril de 1989. Este e levar aos céus o primeiro protótipo brasileiro do AMX.
nome, o 3º/10º GAv, equipado com o AT-26 Um setor da Força Aérea
linhas de produção e montagem que outros dos primeiros exemplares, an- Em 1977, Cabral deu baixa da FAB no posto de tenente-coronel e foi
Brasileira desejava algo ligado ao Brasil e relacionado ao projeto anterior,
ficaram ociosas (a Embraer tinha capa- tes de seguirem para um esquadrão de contratado como piloto de provas chefe da Seção de Ensaios em Voo da
o Xavante, e surgiu a ideia de chamá-lo de “Tamoyo”. Esse nome, po-
cidade para produzir com tranquilida- linha de frente daquela força, foram Embraer. Era uma época de consolidação e expansão da empresa, com
rém, já fora adotado pela Bernardini para seu carro de combate MB-3,
de cinco conjuntos de asas e tomadas enviados para uma unidade de en- o desenvolvimento de vários aviões, incluindo o EMB-120 Brasília, o
apresentado oficialmente no Dia da Infantaria de 1984. Ironicamente,
de ar por mês). Apenas como exemplo, saios em voo (Reparto Sperimentale di EMB-121 Xingu e o EMB-312 Tucano.
uma das três unidades da FAB que acabou equipada com o AMX foi
em 1995 somente um AMX foi entre- Volo - RSV) e para uma recém-criada Antes de voar o primeiro protótipo brasileiro, Cabral seguiu para a
justamente o 3º/10º GAv, “Esquadrão Centauro”.
gue à FAB. No entanto, outros aspec- seção de adestramento e padroniza- Itália a fim de familiarizar-se com o jato. Foram feitos dois voos com os
O AMX continuou sem um nome comum e, com o tempo, cada força
tos afetaram o programa, como a falta ção, a SAS-AMX (Sezione Addestra- protótipos italianos, o primeiro deles em sete de junho de 1985.
aérea batizou-o do seu modo. No Brasil ele foi designado A-1 “Falcão”
de clientes externos (ver tópico mais mento e Standardizzazione AMX), Cabral deixou a área de projetos de aviões em desenvolvimento (e,
(o biposto foi denominado A-1B) e na Itália manteve-se AMX (AMX-T
adiante) e a reorientação do papel mili- onde pilotos de G.91 eram convertidos consequentemente, o programa AMX) em meados de 1987, sendo subs-
para o biposto), embora ganhasse o apelido de “Ghibli”. Em 2013, os
tar da Itália na Europa, seguidos de para o novo avião. tituído pelo tenente-coronel da reserva Gilberto Schittini. Quando major,
aviões ganharam novas designações. Com o processo de modernização
cortes nos orçamentos de defesa. O 103º Gruppo (baseado em Istra- Schittini servia no CTA (Centro Técnico Aeroespacial, também em São
em andamento no Brasil, os jatos foram reclassificados como A-1M. A
No final, ambos os países reduzi- na) tornou-se a primeira unidade de José dos Campos) e foi devidamente introduzido ao AMX ainda em
Itália, revendo a nomenclatura de todas as suas aeronaves em 2013,
ram o número total de aeronaves de AMX operacional da Aeronautica Mili- 1985, pelo próprio Cabral.
passou a designar o AMX como A-11 (e TA-11 para o biposto).
produção, com o cancelamento do quar- tare. Depois, vieram o 132º Gruppo e o
to lote: das 266 inicialmente previstas, 28º Gruppo (inicialmente baseados em
US DoD
Porém, entre aqueles estudos e o
início da produção do AMX, o mundo
passou por uma grande e inesperada
mudança geopolítica. Subitamente, a
queda do Muro de Berlim e a dissolu-
ção da União Soviética puseram fim à
Guerra Fria, o que reduziu em muito a
necessidade de jatos de ataque. Orça-
mentos de defesa foram reduzidos e
muitas nações cortaram aeronaves do
inventário, inundando o mercado com
caças usados, ainda relativamente no-
vos, por valores baixos.
Por seu lado, o AMX não era mais o
avião de baixo custo de aquisição que
seus projetistas imaginaram. Seu pre-
ço no final do século XX rivalizava com
o de jatos mais poderosos e com novas
capacidades multimissão, como o F-16.
maturidade suficiente para participar Santa Maria tiveram uma adaptação com o A-1 foi o 1º/10º GAv “Esquadrão A parte brasileira do consórcio tam-
de um exercício internacional de res- mais simples e rápida à aeronave. Um Poker”. Além de missões de ataque, bém não contava, na época, com meca-
peito, que foi a Operação Tigre I, reali- ano após o recebimento do primeiro interdição e apoio aéreo, o esquadrão nismos eficientes de financiamento de
zada na ilha de Porto Rico. Na baga- A-1, o Centauro já era declarado um tem como missão principal o reconhe- exportações militares. A soma destes
gem, os aviões trouxeram dois abates esquadrão operacional no novo jato. cimento tático. Durante anos, a unida- fatores atrapalhava bastante a possibi-
simulados e muita precisão nas mis- Embora o reabastecimento em voo não de utilizou dois sistemas para coleta lidade de exportar o AMX. Mesmo as-
sões de ataque ao solo. Quatro anos fosse exatamente uma novidade para de dados: o Pallet III e o casulo Gespi, sim, interesse houve, e muito.
depois, seis jatos A-1 seguiram para o os esquadrões de Santa Maria (o único mas o esquadrão deverá receber mo- Ainda em 1985, quando o programa
deserto de Nevada (EUA) para o exer- Xavante da FAB dotado de sonda de dernos casulos (pods) de reconheci- estava no início da fase de ensaios, cir-
cício multinacional “Red Flag” e tive- reabastecimento pertencia ao 1º/10º mento após o programa de moderniza- cularam notícias na imprensa brasilei-
ram um excelente desempenho. GAv), o A-1 permitiu que as missões ção da aeronave (detalhado adiante). ra sobre o interesse do Chile em com-
Enquanto o Adelphi se adestrava desse tipo fossem mais corriqueiras. As prar o AMX. Naquela época, o Chile
para o “Red Flag”, mais ao sul do Bra- missões de longa duração começaram Do otimismo com o mercado externo sofria um embargo de armas que difi-
sil a Base Aérea de Santa Maria (RS) em 2000 e, três anos depois, o esqua- à quase venda para a Venezuela cultava manter seu aparato militar,
se preparava para operar com o novo drão já estava devidamente apto a exe- Ainda no início da década de 1980, especialmente seus F-5E, cujos sobres-
avião. Em janeiro de 1998, os dois pri- cutar a mais longa das missões até en- época em que a chamada “Guerra Fria” salentes tiveram fornecimento cortado.
meiros A-1 do “Esquadrão Centauro” tão. Em agosto de 2003, dois A-1 voltava a esquentar, estudos do consór- Ao mesmo tempo, o país precisava
(3º/10º GAv) pousavam em Santa Ma- partiram de Santa Maria e foram até a cio AMX apontavam para um mercado substituir seus velhos jatos Hunter de
ria, seguidos pouco mais de um ano fronteira norte do Brasil com a Guiana capaz de absorver até dois mil jatos de ataque ao solo. No início de 1986, foi
depois pelos A-1 / RA-1 (designação Francesa, finalmente pousando em ataque. A maior parte desse mercado noticiado que uma negociação envolve-
para missões de reconhecimento) do Natal. Ao todo foram dez horas, cinco era de atuais operadores de A-4 ria a venda de caças AMX e treinado-
“Esquadrão Poker” (1º/10º GAv). A de- minutos e onze segundos de voo, um Skyhawk, A-7 Corsair II, Fiat G.91 e res turboélice EMB-312 Tucano ao
cisão de equipar os dois esquadrões no recorde nacional para a Aviação de aviões de ataque semelhantes, sem re- Chile e a compra, pelo Brasil, de trei-
Sul veio ainda em 1993 e as unidades Caça. Três meses depois, quatro jatos cursos para comprar caças de nova ge- nadores primários T-35 Píllan da
acabaram recebendo jatos A-1 do se- do esquadrão destruiriam uma pista ração ou que preferiam jatos mais sim- ENAER para substituir os T-25 Uni-
gundo e do terceiro lotes de produção. de pouso clandestina próxima à fron- ples, para missões secundárias. versal da Academia da Força Aérea QQ A-1 da FAB em exposição no Chile durante a FIDAE 1990. Várias aeronaves
Graças ao apoio e à experiência pré- teira com a Colômbia. Esperava-se que o AMX pudesse con- (AFA). Porém, não se ouviu mais co- podem ser vistas na linha de voo: F-15 Eagle, F-5E Tiger II, FGA-71 Hunter, A-37B
via do 1º/16º GAv, as duas unidades de O último esquadrão a ser equipado quistar perto de 25% desse mercado. mentários a respeito. Dragonfly e Mirage 50
E
m maio de 1982, respondendo a perguntas de ções era o motor, por ser derivado do Spey MK 101 que
jornalistas sobre o reaparelhamento das Forças equipava os Buccaneer da Marinha Real britânica, de
Armadas, o então ministro da Marinha, almirante operação embarcada.
de esquadra Maximiano da Fonseca, defendeu a produ- Se a navalização do AMX foi avaliada como viável a
ção de aviões no Brasil e disse que o AMX deveria “ser princípio, também era necessário avaliar se a aeronave
adaptado, no futuro, para operar em porta-aviões”. resultante seria compatível com o porta-aviões Minas
De fato, naquela época havia estudos conduzidos Gerais. Partiu-se da premissa de que o A-4 Skyhawk era
pela Marinha do Brasil (MB) em conjunto com a FAB compatível com o navio (lembrando que, naquela época,
para dotar o navio-aeródromo Minas Gerais (A 11) de a Marinha ainda não havia testado a operação embarca-
aeronaves de ataque e defesa. Os estudos ganharam da com jatos A-4 no Minas Gerais, mas deve-se lembrar
força após as análises dos combates ocorridos entre a que a Armada Argentina operava o A-4 em um navio da
Argentina e o Reino Unido pela disputa das ilhas Mal- mesma classe, o 25 de Mayo). A partir dessa premissa,
vinas / Falklands. foram comparadas as dimensões do A-4 com as do
Em maio de 1983 o ministro Maximiano admitiu que AMX, concluindo-se que este seria compatível.
havia estudos para a aquisição de alguns jatos de ataque O programa de desenvolvimento, incluindo reproje-
McDonnell Douglas A-4 Skyhawk, o que foi confirmado to, fabricação de dois protótipos e campanha de en-
pelo ministro da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Délio saios em voo (com testes de mar a partir do porta-
Jardim de Mattos. A ideia era criar um esquadrão na -aviões) era estimado em 56 meses e o custo dessa
QQ A-1 da FAB demonstra FAB, pois somente a Força Aérea era autorizada a operar fase, sem considerar a etapa de produção, seria de
sua capacidade de carga aeronaves de asas fixas, com 8 a 12 desses jatos (Maxi- aproximadamente US$ 128 milhões.
bélica miano chegou a citar um total de 14 aviões, incluindo Porém, tanto a aquisição dos A-4 pela FAB quanto o
dois bipostos, a serem adquiridos de Israel por 60 mi- desenvolvimento do AMX naval nunca ocorreram. A ver-
lhões de dólares, recondicionados e modernizados). A ba para adquirir o A-4 não foi liberada e, nos anos se-
ideia era empregar o A-4 como solução “tampão” até guintes, as condições financeiras só pioraram, afetando
que a versão “navalizada” do AMX ficasse pronta. o programa do próprio AMX “convencional”, o que invia-
A grande ofensiva comercial do Luciano Bertolo, confirmou uma venda Levou cerca de dez anos para o in- A Embraer efetivamente estudou o assunto na dé- bilizava qualquer gasto adicional. Na etapa de industria-
consórcio AMX para promover inter- de 30 a 40 jatos AMX à Tailândia. Em teresse ressurgir com mais força. Na cada de 1980, chegando à conclusão de que a navali- lização, a cadência de produção foi afetada, cortaram-se
nacionalmente a aeronave ocorreu em fevereiro do ano seguinte, o contrato foi estrutura de treinamento de pilotos zação do AMX era possível, mas modificações básicas encomendas e postergou-se o desenvolvimento de sis-
1986, quando foram publicados diver- cancelado por falta de recursos. da FAV, oficiais que concluíam a ins- seriam necessárias. As mais importantes estavam rela- temas da aeronave (como o radar nacional). Já na déca-
sos anúncios na imprensa especializa- Em 1997, a Força Aérea das Filipi- trução no Tucano e eram selecionados cionadas às exigências específicas de operações em- da de 1990, até mesmo o programa de modernização
da mundial, realçando as qualidades nas iniciou um grande programa de para a aviação de combate seguiam barcadas, como o lançamento por catapulta e sua re- dos velhos P-16 (bimotores a pistão empregados no Mi-
do jato. Também houve intensa parti- modernização de sua frota, que incluía para novas etapas em jatos de origem cuperação (pouso a bordo). nas Gerais) foi cancelado por falta de recursos, deixando
cipação do AMX na Feira Aeroespacial a aquisição de um esquadrão de aviões norte-americana, os Rockwell T-2D Havia grande preocupação quanto à reformulação o navio sem aviões por vários anos.
de Farnborough daquele ano. E, um de ataque. Foi noticiado que, entre os Buckeye e os VF/NF-5 A e B (estes do trem de pouso. A velocidade Coleção Mário Vinagre
pouco antes de Farnborough, o minis- concorrentes, estavam o BAe Hawk e o comprados do Canadá e da Holanda). vertical esperada para um pouso a
tro-chefe do Estado-Maior das Forças AMX. A crise financeira asiática de Os T-2D já acumulavam 25 anos de bordo (23ft/s ou 7m/s) representa-
Armadas, almirante José Maria do 1997 acertou em cheio a economia das operação e necessitavam de substitui- va quase o dobro do dimensionado
Amaral, revelou que o Iraque estava Filipinas e muitos dos programas ção em breve. Já os VF/NF-5, apesar para o trem de pouso original do
interessado em diversos armamentos anunciados não decolaram. Nem o de uma modernização recente, tam- AMX (12ft/s ou 3,66m/s). Possivel-
brasileiros, incluindo o AMX. AMX nem o Hawk foram escolhidos. bém precisariam ser substituídos mente, uma segunda roda seria ne-
Naquele ano, outro cliente em po- O AMX também foi sondado por mais à frente. Os estudos para adqui- cessária no trem do nariz para per-
tencial que demonstrou interesse foi a Malásia, Brunei, Índia, Turquia, Gré- rir novos jatos começaram em 1997, mitir o aumento no curso do
Argentina. Porém, o fato do propulsor cia, Egito, África do Sul, México, focados em três concorrentes: BAe amortecedor, obrigando a um re-
ser de origem britânica levou a conver- Equador, Peru e Venezuela. Esta últi- Hawk, Aero L-159 e AMX-T. desenho da fuselagem dianteira,
sações com representantes do Governo ma está entre as sondagens mais re- As avaliações foram feitas em 1998 com o afastamento de longarinas
Britânico, que não abriram mão da centes e que mais chegaram perto de e, em outubro de 1999 (o ano de desa- até o limite do espaço ocupado pe-
manutenção do embargo militar à Ar- um contrato efetivo. tivação dos T-2D), a FAV divulgou o los canhões. Já o reprojeto do trem
gentina, em vigor desde a Guerra das O interesse da Venezuela pelo AMX resultado: o AMX-T era o vencedor. de pouso principal merecia estu-
Falklands/Malvinas. O consórcio pas- era antigo. Na primeira metade da dé- Em 18 de dezembro, a Embraer anun- dos mais aprofundados diante da
sou a estudar modificações necessárias cada de 1980, o país encomendou 30 ciou a assinatura do contrato de 12 complexidade do assunto (não ha-
para equipar o AMX com uma alterna- turboélices EMB-312 Tucano com a jatos AMX-T para a FAV. via muito espaço na fuselagem
tiva de motor, com o americano GE Embraer. Na cerimônia de entrega dos Esperava-se que a montagem das para uma perna mais robusta, com
F404 (em versão sem pós-combustor) primeiros exemplares, em julho de aeronaves para a Venezuela ocorresse um amortecedor de maior curso).
entre os mais cotados. Entanto, qual- 1986, o brigadeiro Justo Evaristo em conjunto com a produção de um Em função das cargas mais seve-
quer adaptação demandaria custos e Saavedra, da Força Aérea Venezuela- quarto lote para a FAB. Até o ano de ras impostas à versão naval, se-
não havia quem os bancasse. na (FAV), informou havia “grande in- 2000, a Força Aérea já havia recebido riam necessários novos cálculos e
Durante a Feira de Le Bourget teresse em avaliar o AMX”, que “preen- 55 aviões e os 24 restantes (totalizando eventuais reforços ou alterações
(França) de 1991, o responsável pelo cheria uma lacuna no sistema de defe- as 79 aeronaves previstas no acordo estruturais. A menor das preocupa-
setor de relações públicas da Embraer, sa venezuelano”. original de produção) do quarto lote
O Dragão no
Atlântico Sul
Navios de guerra chineses navegam pelo Estreito de
Magalhães e realizam exercício com navios da Marinha
do Brasil pela primeira vez
XX Alexandre Galante alizando exercícios com a Armada cado na fragata Liuzhou (FFG-573). O
alexgalante@fordefesa.com.br Chilena em 10 de outubro. Curiosa- outro navio da força-tarefa era o con-
mente, os navios chineses chegaram tratorpedeiro Lanzhou (DDG-170).
A
Marinha do Brasil (MB) e a Mari- ao Rio de Janeiro na mesma semana A força-tarefa brasileira, coman-
nha do Exército Popular de Liber- em que foi anunciada a participação dada pelo contra-almirante Paulo Ce-
tação da China (MEPL ou PLA de empresas daquele país na prospec- sar Mendes Biasoli, comandante da
Navy em inglês) realizaram uma inédi- ção do pré-sal. Após a escala e os exer- 2ª Divisão da Esquadra, foi composta
ta operação naval conjunta. A operação cícios no Brasil, os navios chineses se- pela fragata Constituição (F42) e pelo
no mar ocorreu em 26 de outubro, ao guiram para outra escala na navio-patrulha oceânico (NPaOc)
largo do Rio de Janeiro, e contou com a Argentina. Apa (P121).
participação de dois navios de guerra A força-tarefa chinesa foi comanda- No dia 26 de outubro, às 7h da
chineses e dois navios da MB. da pelo contra-almirante Li Xiaoyai, manhã, um grupo de jornalistas espe-
Antes da chegada ao Brasil, os na- vice-chefe do Estado-Maior da Frota do cializados embarcou no Apa, que em
vios chineses passaram pelo Chile, re- Mar Sul da MEPL, que estava embar- seguida suspendeu da Base Naval do
QQ A fragata Liuzhou vista pela proa. O canhão principal é de 76mm e logo à vante
dele existem dois lançadores sêxtuplos de foguetes antissubmarino Type 87, de
240mm. O radar de busca aérea é um Type 382 (busca combinada 3D) e há
também oito radares de direção de tiro para os mísseis antiaéreos HHQ-16 (VLS),
mísseis antinavio C802 e para o canhão principal; dois dos radares estão
montados nos reparos dos canhões de 30mm (CIWS)
a soberania - parte 2
cadência de fogo, apresentam-se par- teresse quanto à sua integridade ma- em nossos NPa, no caso, NPaOc da
ticularmente coercitivas ao pessoal terial e, se necessário, efetivar uma classe “Amazonas”, é o de 30mm. In-
dos Contatos de Interesse, mas pos- parada de máquinas “coercitiva”, os troduzido com a compra de oportuni-
suem pouca efetividade material. canhões são necessários, assim como, dade da referida classe, o canhão MSI
Os principais calibres de metralha- em casos extremos e não esperados DS 30M - Mk.44 é de operação auto-
doras utilizados pela Marinha do Bra- em tempos de paz, a destruição do matizada ou manual, utiliza munição
XX Ícaro Luiz Gomes ameaça/ações hostis à autoridade cêndios, e também como “argumento” sil são: 25mm, 20mm e 0.50pol. As me- contato. de 30mm explosiva, incendiária, tra-
joker@fordefesa.com.br marítima. O uso dissuasivo é aquele de autoridade de modo indireto ou tralhadoras de 25mm são operadas nos Os principais canhões utilizados çante e de treinamento. Possui uma
que produz a inibição da reação hostil direto. Também podemos relacionar navios-patrulha oceânicos (NPaOc) da nos atuais NPa da Marinha do Brasil versão de 40mm que poderia padroni-
N
a primeira parte deste artigo, ou ameaçadora à fiscalização da auto- os emissores sonoros de alta potência, classe “Amazonas”. Seus reparos MSI são originários de um projeto da épo- zar o calibre com o de outros canhões
publicada na edição 8 da revista ridade marítima. O uso coercitivo é que a longas distâncias funcionam DS 25M - M242 são considerados entre ca da Segunda Guerra Mundial volta- já utilizados pela Marinha. Essa so-
Forças de Defesa, apresenta- aquele no qual a reação do contato de como alto falantes e, a distâncias pró- os mais modernos da Marinha, contan- do para a Defesa Antiaérea, o Bofors lução poderia trazer ganhos relativos
mos os conceitos de Patrulha Naval interesse é evadir-se ou infligir danos ximas, como fonte sonora de alta in- do com designação de tiro por alça op- 40mm/L60. Com o tempo, o sistema a padronização de munição, embora a
(PATNAV) aplicados à Marinha do à autoridade marítima. Esta deverá tensidade (acima de 85 decibéis) para trônica do navio ou manual. Os repa- evoluiu junto aos avanços da automa- relação custo x benefício dessa troca
Brasil (MB), o nosso Mar Territorial e utilizar os meios disponíveis para for- dissuasão. Há também, embora sob ros de 20mm são em sua maioria do ção e de acordo com as ameaças, tam- seja discutível, pois os ganhos em al-
a chamada “Amazônia Azul”, as fases çar a parada do contato (na termino- análise e sofrendo críticas, o uso de tipo GAM-BO1, utilizados em NPas, bém com aumento no comprimento cance ou poder de fogo seriam su-
e meios empregados, além da comple- logia da PATNAV, Contato de Inte- sistemas de feixes luminosos/laser. O
mentaridade entre navios de maior e resse) em atitude hostil ou, em casos emprego do feixe laser é alvo de um
ícaro Luiz Gomes
de menor porte. Nesta segunda parte, extremos de desobediência e agres- dos protocolos de Genebra, no caso de
trataremos de outros aspectos da PA- são, a destruição do mesmo. Com uso unicamente para provocar ce-
TNAV, como sistemas de armas em- base nisso, metralhadoras e canhões gueira permanente, o que vem sendo
pregados, a doutrina da Ação de Visi- de pequeno/médio calibres são ele- bastante criticado. O emprego do fei-
ta e Inspeção, meios orgânicos como mentos dissuasivos do navio-patru- xe luminoso na PATNAV seria como
aeronaves (tripuladas ou não) e lan- lha (NPa) e, em uso, coercitivos o su- ferramenta de efeito psicológico, ser-
chas. Por fim, abordaremos as neces- ficiente na maioria das hipóteses de vindo também para ofuscar tempora-
sidades de modernização contínua da emprego, que incluem navios diver- riamente a visão de tripulante(s) do
PATNAV e de se obter mais navios sos em atividades ilícitas e até navios Contato de Interesse. Em algumas
para esta missão na MB. de guerra beligerantes de classe e ar- marinhas ou guardas costeiras, os
mamentos similares. navios são dotados de “aríetes” /espo-
Sistemas de Armas Outros meios menos letais ou de rões para manobras de abalroamen-
Pelo fato da PATNAV ter como ob- letalidade controlada podem ser utili- to. No entanto, devido ao risco desse
jetivos a implementação e o cumpri- zados para a dissuasão/coerção, sen- tipo de manobra infligir danos à pró-
mento de legislações, por vezes se faz do que alguns deles têm duplo uso. pria embarcação de patrulha, seu uso
necessário o uso do poder dissuasivo Entre esses meios, encontram-se ca- é visto por alguns com cautela.
e/ou coercitivo. Este deve ser propor- nhões d’água, adequados ao emprego O uso de meios de letalidade con- QQ Os principais canhões dos atuais NPa da MB são originários de uma arma da Segunda Guerra Mundial voltada à defesa
cional e gradual, conforme o nível de para controle de manchas de óleo, in- trolada ou não letais por parte do antiaérea, o Bofors 40mm/L60. Com o tempo, o sistema evoluiu para o modelo 40mm/L70. O desenho das torretas varia
plantados pelo custo de manutenção guindo essa lógica, como as classes às capacidades instaladas nos atuais
de um armamento mais pesado que o “Guepard”, “Tiger”, “Saar” etc, porém, navios-patrulha brasileiros ou nos
previsto. deve-se ressaltar que o principal em- que se encontram em construção
Em operações muito limitadas, os prego dessas classes não se configura (classe “Macaé”). A limitação do hori-
NPa podem ser utilizados no apoio exatamente nas operações de Patrulha zonte-radar de seus sensores, dada
de fogo naval. Um exemplo foi a to- Naval na paz, e sim em hipóteses de pela combinação da curvatura do pla-
mada das Ilhas Geórgia do Sul pela conflito. neta com o tamanho máximo de mas-
Argentina em 1982, onde se utilizou Com a consolidação da ameaça aé- tros e pesos elevados de antenas de
os canhões de 40mm e 20mm para rea (helicópteros com armamento radar em navios de pequeno porte,
esse apoio. Esse tipo de emprego por ASuW – guerra de superfície) e a mi- faz com que seja necessária a coorde-
NPa é muito limitado e indica-se niaturização, os mísseis antiaéreos nação com meios aéreos (Força Aérea
para meios com canhões de calibres (MSA) passaram a fazer parte dos Brasileira) ou aeronavais (Comando
a partir de 76mm, normalmente pre- sistemas de armas de classes de NPa, da Força Aeronaval) para que os al-
sentes em NPaOc (navios-patrulha inicialmente derivando de sistemas vos sejam adquiridos / iluminados.
oceânicos) e navios de escolta, como terrestres leves, exemplo do SA-8/SA- Nessa coordenação, faz-se necessário
fragatas e corvetas. Há canhões na- N-4 ou SA-7/SA-N-5. Poucos anos de- que haja um link de comunicação di-
vais modernos que fazem uso de mu- pois, surgiram sistemas dedicados a reta, segura e em duas vias, entre os
nições guiadas que permitem a reali- plataformas navais de pouca tonela- meios aéreos / aeronavais e o NPa-
zação do apoio de fogo desejado a gem, como o BARAK I israelense. Al- -MSS. Outro fator limitador é a ade-
distâncias maiores, com redução de guns MSA atuais preveem o uso dual, quação dos paióis existentes nas di-
danos colaterais. ou seja, também poderiam engajar versas Estações e Bases Navais,
Outro sistema de armas que pode- alvos na superfície. Um exemplo é o voltadas a operação de meios distri-
ria ser utilizado pelos NPa seria o mís- RAM, desenvolvido por Estados Uni- tais, para o armazenamento, supri-
sil. O emprego de mísseis por meios de dos e Alemanha. mento e manutenção de MSS/MSA.
Patrulha Naval pode seguir duas ver- Ainda que os MSS/MSA sejam ar- Ainda que haja tais limitações no
tentes: mísseis superfície-superfície mas eficazes e dissuasórias até para uso de mísseis pelos NPa da MB, es-
(MSS) e superfície-ar (MSA). O uso de unidades de maior tonelagem, como pecialmente na atualidade, já que
mísseis por navios do porte de NPa re- fragatas e contratorpedeiros, trata-se nenhum dos navios-patrulha possui
monta à década de 1960, e um dado de sistemas de armas complexos e essas armas instaladas, a doutrina
histórico representativo é o afunda- que não condizem com as hipóteses abrange seu uso em operações bas-
mento do contratorpedeiro Eliat israe- de emprego das patrulhas efetuadas tante específicas. Tais operações se-
lense por mísseis SS-N-2 Stynx lança- cotidianamente pela Marinha do Bra- riam as de defesa territorial / defesa
dos por embarcações egípcias da classe sil. A instalação dos mísseis e dos lan- externa e defesa de portos, atuando
“Komar”. Na década de 1980, houve çadores afeta a estabilidade dos NPa, junto ao tráfego mercante e no perío-
uma profusão de embarcações que pri- especialmente quando o emprego é no do noturno com o apoio da aviação
mavam por ser dotadas de MSS, com mar aberto, assim como ocupam es- em terra. Assim, as limitações ante-
pouca tonelagem e a alta velocidade. O paço e peso que normalmente seriam riormente expostas seriam diminuí-
uso de NPa equipados com MSS pode usados para combustível e víveres, das e os ganhos dissuasórios seriam
ser visto, naquela época, como uma re- conferindo maior autonomia, funda- aumentados, permitindo repelir pos-
edição da ”Jeune École” do Almirante mental para missões de PATNAV no síveis ataques perpetrados por for-
Aube, do final do Século XIX (que advo- nosso cenário. ças opositoras que se aproximem da
gava pelo uso de frotas de pequenos Sistemas de MSS/MSA necessi- costa/portos, numa clara atividade
torpedeiros contra os grandes encoura- tam de capacidades eletroeletrônicas de negação de uso do mar em cená-
çados). Diversos projetos surgiram se- e de refrigeração que não se adequam rios específicos.
Ação de Visita e Inspeção: QQ NPa Macaé, de 500t. Alexandre Galante Vehicles (UUV) e Unmanned Surface
o diferencial e a razão de ser Observar os botes semi-rígidos Vehicles (USV), respectivamente veí-
da PATNAV
na popa usados para busca e culos submarinos não-tripulados e
salvamento e transporte de veículos de superfície não-tripulados.
A PATNAV se efetiva não apenas Grupo de Visita e Inspeção (GVI)
pela presença de um NPa realizando o A atividade do UUV seria na guerra
e Guarnição de Presa (GP)
esclarecimento de uma determinada de minas e o USV atuaria no esclare-
área marítima mas, principalmente, cimento, identificação e ASuW.
pela capacidade efetiva de fiscalizar e As Lanchas de Abordagem / Inter-
fazer valer as legislações brasileiras e ceptação são fundamentais para a AVI,
internacionais no mar sob nossa res- haja vista a necessidade de transpor-
ponsabilidade. Essa fiscalização é con- tar rapidamente o GVI/GP ao contato
duzida pela Ação de Visita e Inspeção de interesse. O meio com a melhor re-
(AVI). As ações que compõem a AVI lação de custo x beneficio é o RHIB.
estão previstas no Direito Internacio- Trata-se de botes infláveis de casco rí-
nal como ferramentas para averiguar gido (a sigla RHIB significa Rigid Hull
e corroborar a passagem inocente e o Inflatable Boat) que dispõem de um
cumprimento das legislações nacio- potente grupo propulsor e equipamen-
nais e internacionais que regulam o tos de navegação adequados, produzin-
uso dos mares, por exemplo: explora- do um meio robusto e de alta velocida-
ção de recursos vivos, recursos mine- de. Essas características são
rais, transporte de cargas e pessoas. É mandatárias, dado que são embarca-
a AVI que diferencia a PATNAV da ções de múltiplo uso. Entre as atribui-
Inspeção Naval, da qual tratamos bre- ções dos RHIB estão: a salvatagem de
vemente na primeira parte deste arti- pessoas e material à deriva, desembar-
go, na edição passada da revista. A A composição e a dimensão do GVI pecíficos a esse cenário. A progressão Patrulha Naval, como lanchas de nha do Brasil, como meio de Patrulha que de Forças Especiais, além de, prin-
AVI é a razão de ser da PATNAV. e da GP estão condicionados à classe de do GVI durante a AVI baseia-se na abordagem e os helicópteros embar- Naval capaz de operar helicópteros, é cipalmente, desembarque, abordagem
A Marinha do Brasil define a AVI NPa da qual se originam. As diferentes Doutrina de Combate em Ambiente cados. Esses elementos, agindo em a nova classe “Amazonas”, de 2.000 to- e extração do GVI/GP. A última tarefa
como sendo aquela de caráter militar classes de NPa presentes na MB (vide Fechado (Close Quarter Combat/ conjunto com os navios-patrulha na neladas, dotada de convoo (que, além é a que mais interessa ao presente tex-
realizada rotineiramente desde os parte 1 do artigo) permitem diferentes CQC), onde os elementos fazem o des- PATNAV, aumentam exponencial- de abordada na primeira parte deste to. A faina (termo naval para tarefa)
tempos de paz, respaldada no Direito arranjos quanto ao pessoal e ao mate- locamento, varredura e inspeção de mente a eficácia e a efetividade desta. artigo, na edição passada, foi objeto de em questão já poderia ter sido aborda-
Internacional, Legislações Nacionais, rial a ser empregado numa AVI. Tam- forma contínua, fluída e em apoio O vetor aéreo, no caso os helicópte- matéria específica e detalhada na re- da anteriormente, mas por escolha
Normas e Doutrinas reconhecidas bém estão condicionados ao nível de mútuo. Essa doutrina permite a se- ros, permite que seja adicionada uma vista Forças de Defesa número 6). deste autor isso é feito agora.
pelo país. A AVI objetiva primeira- ameaça que o Contato de Interesse gurança da equipe frente a possíveis nova dimensão na condução da missão Os cenários futuros vislumbram o A abordagem com o uso de RHIB
mente exercer a soberania do Brasil apresenta ou poderá apresentar, além ameaças, além de uma busca siste- de PATNAV. A associação da rápida uso de Aeronaves Remotamente Pilo- acontece após o Contato de Interesse
pelo controle dos espaços marítimos de outros condicionantes doutrinários mática por irregularidades e uma mobilidade e flexibilidade do vetor aé- tadas (ARP) embarcadas, atuando parar máquinas. Nesse momento, o
sob sua jurisdição (Amazônia Azul) ou táticos. O GVI pode ainda ser com- ação rápida, clara e objetiva. reo com um maior alcance dos eventu- principalmente no esclarecimento, RHIB é posto na água, seja pelos tur-
ou em proveito daqueles do interesse posto por servidores de outros órgãos O uso de armamento não-letal ais sensores aeroembarcados, faz com identificação e ASuW. As capacida- cos ou por uma rampa traseira do NPa
nacional em manobras de crises/con- federais e/ou estaduais quando assim pelo GVI/GP encontra-se em estudo. que o mesmo seja o meio ideal na fase des de operação por longos períodos e dedicada a essa função, que vem se
flitos armados, colaborar com a re- for demandado, haja vista as qualifica- Para este autor, o uso do spray de pi- de esclarecimento e identificação. Ou o baixo custo são especialmente atra- tornando mais comum em novos pro-
pressão de ilícitos transnacionais e ções técnicas dos mesmos em proveito menta, armamento elétrico e grana- seja, os helicópteros embarcados per- tivos às marinhas de orçamentos li- jetos, embora os meios de PATNAV da
colaborar com os serviços de preser- da fiscalização e implementação das das de luz e som seriam exemplos de mitem realizar o esclarecimento em mitados, reservando o emprego de MB não contém com essa facilidade.
vação dos mares e seu uso. Ela pode legislações vigentes. Fuzileiros Navais ferramentas consoantes com os prin- uma área maior que o NPa efetuaria helicópteros embarcados para navios No caso de descida pelos turcos, geral-
ser exercida por qualquer navio da e Mergulhadores de Combate também cípios da proporcionalidade e de gra- no mesmo espaço de tempo e a identi- de escolta e outros meios de maior mente o GVI embarca com o meio já
MB, desde que seguidas as normas poderão formar o GVI/GP. dação do uso da força. ficação dos contatos com maior preci- porte, nos quais se incluem também na água. O RHIB se desloca até as
próprias da atividade que definem Os militares devem contar com ar- Caso a embarcação tenha infringi- são e a maiores distâncias. os navios-patrulha oceânicos, como proximidades do contato, iniciando a
seu emprego e dimensionamento. mamento portátil (principalmente do alguma lei brasileira, a mesma Os helicópteros embarcados tam- mostramos há pouco (sendo que todos abordagem, e, nessa fase, o RHIB com
A AVI é normalmente efetivada pistolas) próprio da MB, e o emprego pode ser apresada pelo Grupo de Pre- bém podem agir como extensões do esses meios maiores, por sua vez, o GVI deve realizar algumas mano-
pelo Grupo de Visita e Inspeção (GVI) das armas obedecerá à regra de auto- sa (GP). Se for observado que a embar- sistema de armas, atuando na desig- também podem empregar ARP). De- bras no entorno do contato, visando
que pode ser reforçado pela Guarni- defesa às reações da tripulação do cação não possui os requisitos míni- nação de alvos para os armamentos vido às reduzidas dimensões da maio- demonstrar força, além destas prove-
ção de Presa (GP). O GVI é um grupo Contato de Interesse que exponham mos de segurança para navegação, ela embarcados, como MSS, ou configura- ria dos navios-patrulha, essas ARP rem maior segurança ao GVI, que as-
composto por militares previamente os membros do GVI a grave lesão cor- deve ser escoltada até o porto mais dos para ASuW (com metralhadoras, tendem a ser plataformas de asas ro- sim pode avaliar taticamente o em-
designados pelo comandante do navio poral ou à morte. Devem portar capa- próximo. Caso seja constatado um fla- foguetes e mísseis ar-superfície). As- tativas (como o Camcopter S-100), de barque/infiltração que ocorrerá em
e que estão doutrinária, mental e fisi- cete balístico, colete balístico, joelhei- grante delito de algum membro da tri- sim, realizariam fogos coordenados configuração semelhante à dos atuais seguida. Ato contínuo, o RHIB aproxi-
camente adestrados e preparados ras, cotoveleiras, luvas, cordas e pulação, os executores da PATNAV com NPa sobre o contato hostil. Du- helicópteros embarcados, porém de ma-se do costado avaliado como de
para, numa única ação, efetuarem a andainas. Se necessário, a GP, no poderão se comportar como polícia ju- rante a abordagem do contato, o heli- menor porte. Alguns projetos dão menor risco ao GVI e mais efetivo
AVI. Se necessário, eles deverão navio-patrulha ou meio orgânico, po- diciária, efetuando a prisão dos infra- cóptero pode atuar como plataforma conta de plataformas de asa fixa reco- para se tomar o controle do contato.
apresar o Contato de Interesse, assu- derá se utilizar do armamento de pre- tores e encaminhando-os posterior- de desembarque do GVI, plataforma lhidas por redes ou içadas pelos tur- Com o RHIB junto ao costado, o
mindo o controle da embarcação, de cisão ou de apoio de fogo para garan- mente às autoridades responsáveis ao de apoio de fogo e como plataforma de cos após um pouso na água (como o GVI embarca/infiltra-se utilizando
seus tripulantes e passageiros. A GP tir a segurança e a progressão do chegar ao porto mais próximo. extração. Porém, o uso de helicóptero Boeing ScanEagle). uma escada quebra-peito com gancho
é um grupo de militares destinado a GVI. O GVI/GP também poderá atu- como meio orgânico de um navio-pa- O futuro aponta para o uso de ou- na ponta para fixação, permitindo
reforçar o GVI, quando os riscos à se- ar no período noturno. Nesse caso, os Meios orgânicos dos navios-patrulha trulha pressupõe que este seja de por- tras soluções robóticas a serem incor- uma ação segura. Após o embarque/
gurança ou sua capacitação técnica militares utilizam NVG/OVN (óculos A legislação cita que meios orgânicos te adequado a receber um convoo e poradas aos meios orgânicos dos NPa. infiltração do GVI, o RHIB deve reali-
assim demandarem o emprego. de visão noturna) e procedimentos es- dos NPa poderiam ser utilizados na eventual hangar. Exemplo na Mari- Seriam os Unmanned Underwater zar outro conjunto de manobras no
Marinha do Brasil
exfiltração do GVI, dirigindo-se de
volta ao NPa para ser recolhido. Caso
haja apresamento, o RHIB pode pro-
ver o transporte da GP do NPa ao na-
vio apresado, ou apenas ser recolhido
pelo NPa.
Conclusão
O presente texto buscou demons-
trar, ainda que brevemente, a grande
complexidade da atividade de PAT-
NAV e a sua importância para o Bra-
sil e para a Marinha. Diante do ex-
posto, é possível afirmar que a
COMUNICAÇÃO SATELITAL
PATNAV é uma atividade tipicamen-
te militar.
A necessidade de meios como o
DE MÁXIMA CONFIABILIDADE
navio-patrulha oceânico (NPaOc) é
urgente, ao passo que a atual dotação
de apenas três unidades recentemen-
PARA AS FORÇAS ARMADAS
te adquiridas por oportunidade (clas-
se “Amazonas”) é aquém das deman- Através de constante esforço inovador e de A Indra conta com as tecnologias e capacidades de
das da missão. De fato, a atual estreito contato com o usuário final, a Indra engenharia necessárias para a implementação de
dotação de navios-patrulha de menor
proporciona todos os elementos necessários sistemas de comunicação via satélite destinados
porte também é aquém da necessá-
ria, sendo que o acréscimo de duas para a elaboração de redes seguras, confiáveis a atender plenamente às necessidades de
unidades de 500 toneladas (classe e potentes, que permitam a troca de informação comunicação das Forças Armadas.
“Macaé”) em anos recentes, havendo QQ Nas fotos acima, o treinamento de GVI/GP da Marinha do Brasil com a Guarda em forma de voz, imagem, vídeo, dados e fax,
mais três em construção, contribui Costeira de Cabo Verde
para amenizar, mas não solucionar,
em qualquer ponto de cobertura dos satélites
essa carência. A aquisição por “lea- NPaOc, haveria um impacto menor dos GVI/GP, em conjunto com arma- utilizados.
sing” de 20 NPa classe “Macaé” pre- em outras características dos navios, mento não-letal, é importante adequar
tendida pela MB, cuja construção se- como a autonomia, em comparação a habitabilidade dos referidos meios,
ria custeada pelo arrendador, com esse impacto em navios de menor haja vista o decréscimo da efetividade
deslocamento. Para este autor, dois laboral ocasionada por stress relacio-
TERMINAIS MÓVEIS TERMINAIS TERRESTRES TERMINAIS MARÍTIMOS
eventualmente poderá se tornar um
divisor de águas na aquisição de ma- lançadores de MSS da categoria do nado às condições ambientais de habi- • Bandas Ka, X & Ku para Ambientes • Bandas Ka, X & Ku • Sistemas de multibanda (X/Ku e X/Ka)
terial e poderia responder de forma MM-40 Exocet (categoria esta que tação. Esses pontos deveriam passar Móveis • Estações Fixas • Terminais SATCOM Banda X e Ku
efetiva à necessidade de meios, com conta hoje com um projeto nacional por estudos mais aprofundados.
em desenvolvimento) e um reparo du- Um último ponto a ser levantado
• Satcom On the Move (SOTM) • Fly-Away tático para Submarinos
mais rapidez.
A contínua modernização da plo de MSA do tipo Simbad (mísseis seria o das atuais Estações Navais e • Satcom On the Pause (SOTP) • Alta Capacidade e Links Múltiplos • Terminais de Antena Single/ Dual
PATNAV é uma necessidade, assim Mistral) seria a configuração ideal Bases Navais que são sedes de Gru- • Todas as redes IP-DAMA • Interfaces Multiusuário • Portadora simples ou multiportadora
como a atualização dos meios em im- para um NPaOc em eventual situa- pamento de Patrulha Naval – no
plantação e dos projetos em constru- ção de conflito em que uma ameaça caso, os Distritos Navais. É impres- Integralmente Automatizadas • Operações Multibanda • Comunicações Seguras EoIP
ção ou modernização, para que ope- aérea como helicóptero esteja entre cindível verificar como podem prestar • Antenas Estabilizadas nos Três Eixos
rem com meios robóticos e meios as possibilidades, ou mesmo uma be- apoio aos meios oceânicos e ao cresci- • Rádio Definido por Software (SDR)
aéreos (tripulados ou não), o que au- lonave de porte semelhante. mento da força de NPa com suas atu-
mentaria a eficácia do controle de A constante atualização da doutri- ais infraestruturas, e adequá-las • Modem com roteador de IP
nossas Águas Jurisdicionais. Dotá- na de GVI/GP é uma meta a ser sem- para tanto. Porém, isso já é um as-
-los com as capacidades para opera- pre perseguida, dado que a atividade sunto para um futuro estudo.
ção de sistemas de armas modernos, de AVI é a que realmente caracteriza a
tais como emissor sonoro de alta po- PATNAV. Atenta a essa questão, a NOTA: reiteramos os agradecimentos
tência e reparos automatizados, seria Marinha do Brasil realiza intercâm- especiais já conferidos na primeira A Indra colabora desde 2006 com o Sistema de
desejável. E, no caso dos meios oceâ- bios anuais com marinhas amigas e parte do artigo ao capitão de corveta Comunicação Militar por Satélite (SISCOMIS),
nicos com provisões para instalação envia militares para a realização de Giovani Correa e ao capitão-tenente fornecendo sistemas terminais táticos e móveis
de MSS e/ou MAS, o recebimento des- cursos no exterior. Para dotar os NPa e Matias Nunes, assim como a seus co- para as Forças Armadas Brasileiras contatobrasil@indracompany.com
tes seria uma vantagem estratégica, NPaOc com adequadas instalações mandados, pela atenção dispensada indracompany.com
sendo que, devido ao maior porte dos para militares dedicados à atividade para a elaboração deste trabalho.
GSG-9,
pelo Governo Israelense. Um outro é grenschutz” era operacionalmente di- e ameaçava explodir a aeronave.
considerado como ainda vivo. Todo o vidida em quatro divisões, cada uma Aquela foi apenas a primeira parte
episódio, incluindo os seus desdobra- com dois grupos (“Gruppen”). de uma nervosa viagem que incluiu se-
mentos, foi objeto de vários livros e quencialmente Damasco (Síria), Bag-
filmes, o mais recente deles o pre- Batismo de fogo dá (Iraque) e Cidade do Kuwait
miado “Munique”, de 2005. Em 13 de outubro de 1977, logo (Kuwait), cidades nas quais o pouso da
a pronta-resposta
após a decolagem de Palma de Mallor- aeronave, batizada “Landshut” em ho-
Nasce o GSG-9 ca, Espanha, para Frankfurt, Alema- menagem a uma localidade na Bavá-
Com a divulgação mundial do fra- nha, um Boeing 737-230C da Lufthan- ria, foi negado. O Boeing finalmente
casso da missão, o Governo Alemão sa com 86 passageiros e cinco aterrissou no Bahrain, de onde partiu
alemã ao terrorismo
apressou-se em estabelecer uma for- tripulantes foi tomado de sequestro para Dubai (Emirados Árabes Unidos),
ça antiterrorismo, a fim de evitar a por quatro militantes palestinos do lá pousando na manhã do dia 14. Em
repetição de tragédias em situações auto-intitulado “Comando Mártir Ha- Dubai, o avião permaneceu por três
semelhantes – vale lembrar que ou- lime”. Os sequestradores, que incluí- dias, tempo suficiente para que uma
Juergen Schwarz
tra ação terrorista aconteceu meros am duas jovens, queriam levar a aero- equipe do GSG-9 chegasse aos Emira-
XX Sérgio Santana 21 dias depois do massacre, como nave a Larnaca, no Chipre, mas foram dos e cogitasse uma retomada do avião
mostramos acima. convencidos a pousar em Roma para em conjunto com o SAS (regimento bri-
A
partir desta edição, a revista O oficial escolhido para criar a força reabastecimento, de onde partiram na tânico de forças especiais que prestou
Forças de Defesa inicia uma antiterrorista foi o tenente-coronel tarde daquele dia. O grupo queria a assessoria nas opções de resgate, mas
seção periódica sobre Forças Es- Ulrich Wegener da Polícia de Fronteira libertação de prisioneiros da “Facção não se envolveu diretamente na opera-
peciais, visando preencher uma lacu- (Bundesgrenzschutz), que durante a do Exército Vermelho” (organização ção). Um exercício para a operação foi
na sobre um assunto de interesse crise atuou ao lado do ministro do Inte- comunista alemã, também conhecida iniciado e o “Landshut” decolou para
permanente dos leitores. rior da Alemanha, Hans-Dietrich Gens- como “Gangue Baader-Meinhof”, devi- Aden, no Iêmen, onde executou um
Como daqui a poucos meses o Bra- cher. Antes mesmo de receber a ordem, do ao nome de dois dos seus fundado- pouso de emergência em uma faixa de
sil sediará um grande evento esporti- Wegener já analisava a criação de um res), de dois palestinos. Também exi- areia, porque a pista principal estava
vo – a Copa do Mundo de 2014 – não grupo para esse tipo de emprego. gia a quantia de 15 milhões de dólares bloqueada pelas autoridades do país.
há grupo de elite mais indicado para Em entrevista para o livro “Um dia Reprodução
inaugurar esta seção do que o alemão em setembro: a história completa do
GSG-9, forjado por trágicos aconteci- massacre das Olímpiadas de Munique
mentos durante a Olímpiada de Mu- de 1972 e a operação de vingança isra-
nique em 1972. elense ‘Ira de Deus’” (One Day in Sep-
tember: The Full Story of the 1972 Mu-
O ‘Massacre de Munique’ nich Olympics Massacre and the
Para compreender o surgimento QQ Comandos do GSG-9 desembarcam de helicópteros em Bonn, durante as Israeli Revenge Operation “Wrath of
do GSG-9, é necessário descrever bre- celebrações dos quarenta anos da tropa, em setembro de 2012 God”), escrito por Simon Reeve e publi-
vemente a sequência de ações inicia- cado em 2005, Wegener opinou que a
da com o ataque terrorista do grupo contudo, foi armada a primeira tenta- cionados na base e armados com sim- operação foi uma sequência de erros,
palestino “Setembro Negro” contra tiva de retomar os reféns, quando um ples fuzis HK G3, a arma longa incluindo o de ser diretamente geren-
atletas israelenses, alojados na Vila contingente policial federal tentou padrão do Exército Alemão. ciada pela mais alta autoridade alemã
Olímpica de Munique. surpreender os terroristas por um Quando o líder dos terroristas di- na ocasião, Genscher, quando este de-
Na madrugada de quatro de se- dos lados do alojamento. Porém, ce- rigiu-se ao Boeing, verificou que o via ser o último degrau na negociação,
tembro de 1972, oito membros daque- nas das ações desses policiais acaba- mesmo estava vazio, e por isso gritou o que permitiria ganhar tempo e des-
la organização terrorista lograram ram sendo involuntariamente mos- para os demais que se tratava de uma gastar os sequestradores.
penetrar no alojamento da delegação tradas pela TV, que acompanhava emboscada. Desencadeou-se um tiro- Assim, Wegener tratou de selecio-
israelense. Para isso, estavam disfar- todo o acontecimento, e foram vistas teio, que resultou na morte de um dos nar seus melhores homens, iniciando
çados como corredores, porém arma- pelos palestinos, que ordenaram a re- policiais envolvidos, de cinco dos pa- um processo de avaliação dos elemen-
dos com fuzis, pistolas e granadas. O tirada imediata do contingente sob a lestinos terroristas e de todos os re- tos necessários a um grupo especializa-
primeiro obstáculo vencido foi a resis- ameaça de morte de dois dos reféns. féns. Destes, alguns foram mortos do no combate ao terrorismo, o que in-
tência de alguns membros da delega- A aeronave que levaria os terro- por disparos dos terroristas, enquan- cluiu a avalição dos métodos utilizados
ção, despertados por ruídos dos terro- ristas e seus reféns para o Cairo, um to outros morreram quando ainda por tais organizações (como o seques-
ristas forçando a entrada nas Boeing 727, deveria partir da Base amarrados em um dos helicópteros, tro de aviões, cuja retomada foi treina-
acomodações. Seguiram-se disparos Aérea da OTAN (Organização do Tra- que explodiu devido a uma granada da exaustivamente por dois anos em
que resultaram em dois israelenses tado do Atlântico Norte) em Fürsten- arremessada por um dos palestinos. quase todo tipo de aeronave), além de
mortos e na apreensão de outros nove feldbruck, onde todos chegaram a Os remanescentes dos terroristas treinamentos conjuntos com o já des-
como reféns, que deveriam ser troca- bordo de dois helicópteros Bell UH-1. foram aprisionados, mas tiveram crito SAS britânico (ver Forças de
dos por 236 terroristas palestinos, No Boeing havia, inicialmente, poli- que ser soltos por exigência de outro Defesa número 4) e o Sayeret Mat’kal,
alemães e de outras nacionalidades, ciais vestidos como tripulantes, po- grupo terrorista que sequestrou um do Exército Israelense.
então presos. O prazo inicial para a rém estes resolveram abandonar o voo da Lufthansa, no final de outu- A nova tropa, designada “Grens-
troca era até nove horas daquela ma- jato antes que os helicópteros chegas- bro daquele ano. Acabaram sendo chutzgruppe-9”, grupo 9 de polícia de
nhã, prazo que mudou repetidas ve- sem, sem comunicar essa saída ao co- recebidos na Líbia como heróis. En- fronteira, ou simplesmente GSG-9,
zes, até que os terroristas concorda- mando da operação e nem aos cinco tretanto, nos anos seguintes, dois foi oficialmente apresentada em abril
ram em voar para a capital egípcia, policiais comuns, que foram encarre- deles foram “justiçados” pela “Ope- de 1973. A designação devia-se ao QQ As imagens mostram as consequências da desastrosa tentativa de resgate dos
Cairo, na noite do dia 5. Antes disso, gados de servir como “snipers” posi- ração Ira de Deus” desencadeada fato de que, na época, a “Bundes- reféns do “Massacre de Munique” em 1972
M24 uruguaios
Os últimos
‘Chaffee’
A
pesar de ser um pequeno país, o Mundial: um lote de 40 carros de das. As negociações resultaram na
venerável carro de combate leve M24 Chaffee, que está Uruguai sempre manteve uma combate leves M-3A1 Stuart, que compra de material novo e o Exército
força modesta, mas interessan- equiparam o Regimiento de Caballe- Uruguaio (Ejército Nacional Uru-
deixando o serviço operacional para dar lugar aos M41 te, de veículos blindados e carros de ría N°4 de Montevidéu e, mais tarde, guayo) adquiriu, entre outros itens,
combate, fornecidos principalmente o Regimiento N° 2 em Durazno. um lote de 17 carros de combate leves
doados pelo Brasil pelos Estados Unidos e pela Europa Sete anos após a guerra, em 1952, M24 Chaffee para aumentar o poder
Oriental. Os primeiros carros foram o Uruguai assinou com o governo dos de suas unidades blindadas. Vale di-