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CDD: 658.

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A INFLUÊNCIA DE TRAÇOS DA CULTURA BRASILEIRA SOBRE A


COMUNICAÇÃO INTRA E INTERCULTURAL NO SETOR
AUTOMOTIVO DO PARANÁ

THE INFLUENCE OF BRAZILIAN CULTURAL TRAITS UPON


INTRA AND INTERCULTURAL COMMUNICATION
IN THE AUTOMOTIVE SECTOR OF PARANÁ
Carolina Scalise Taques Fonseca1, Belmiro Valverde Jobim Castor2
1
Autor para contato: Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG, Departamento de
Administração, Ponta Grossa, PR, Brasil; (42) 3220-3399; e-mail: cfonseca@uepg.br
2
UniFAE Centro Universitário, Curitiba, PR

Recebido para publicação em 05/11/2004


Aceito para publicação em 21/03/2005

RESUMO

O presente trabalho teve por escopo identificar o modo pelo qual a cultura
brasileira influencia a atividade de comunicação entre gerentes (tanto brasileiros
quanto estrangeiros) e seus subordinados brasileiros, em multinacionais do setor
automotivo do Estado do Paraná. A influência da cultura brasileira foi analisada
com base em seus traços mais característicos: a receptividade ao estrangeiro, a
orientação para o curto prazo, a aversão à sistematização do trabalho, o
protecionismo, a aversão à incerteza, o individualismo, a valorização das
relações, o formalismo, “o jeitinho” e o personalismo. O delineamento de
pesquisa utilizado foi o estudo comparativo de casos, tendo os dados sido
coletados por meio de fontes primárias (questionários, entrevistas em
profundidade e observações não-participantes e não-sistemáticas) e secundárias
(documentos institucionais). Neste sentido, foram empregados, para a análise dos
dados, procedimentos descritivo-qualitativos, utilizando métodos de análise de
conteúdo e documental. Os dados coletados permitiram conhecer as
características do processo de comunicação nas organizações estudadas,
identificar os traços que nelas estão mais presentes e apontar aqueles que
facilitam ou dificultam a atividade gerencial.

Palavras-chave: cultura, diversidade cultural, traços culturais brasileiros, processo


de comunicação

ABSTRACT

Publ. UEPG Ci. Hum., Ci. Soc. Apl., Ling., Letras e Artes, Ponta Grossa, 13 (2) 79-92, dez. 2005
This research tried to identify the way Brazilian culture influences the
communication process among managers, Brazilian and foreign, and their
Brazilian subordinates, in multinational organizations in the state of Paraná. The
influence of Brazilian culture was analyzed in relation to its more characteristic
traits, such as openness to what is foreign, short term orientation, aversion to
systematic work, protectionism, aversion to uncertainty, individualism,
relationship valorization, formalism, “jeitinho” and personalism. The research
design was a comparative case study, and data was obtained from primary
(questionnaires, in-depth semi-structured interviews, and direct, assistematic, and
non-participant observation) and secondary sources (institutional documents).
Thus, for the data analysis, descriptive-qualitative procedures were used, by
means of document and content analysis. The collected data allowed the
identification of the characteristics of the communication process inside the
organizations being studied, as well as to point out the Brazilian traits that are
most commonly present in them and to identify the traits that most facilitate or
complicate the managerial activity.

Key words: culture, cultural diversity, Brazilian cultural traits, communication process
1. Introdução quanto a organizacional estão envolvidas.
(Hofstede, 1991). Propomos, neste trabalho,
O mundo atravessa um processo cada uma pesquisa em multinacionais tendo como
vez mais intenso de globalização. Esta base a cultura brasileira porque, de acordo
transição envolve, entre outros aspectos, a com Motta e Caldas (1997), não é possível
queda de barreiras entre as nações, o estudar a cultura de empresas inseridas em
surgimento de organizações multinacionais e o uma determinada sociedade, sem estudar a
aumento do fluxo de informações a que se tem cultura desta sociedade.
acesso. Estes fatores têm contribuído para que Assim, é em um ambiente globalizado,
o mundo se torne um “único mercado” que exige relações interpessoais cada vez mais
(Hofstede, 1991, p. 225). Tendo em vista o diversificadas e que carece de estudos que
impacto produzido por essas mudanças no enfoquem a multiculturalidade no nível
contexto empresarial, verificamos que o gerencial dentro do contexto brasileiro, que
mercado global em que vivemos “demanda desenvolvemos este estudo.
um gerenciamento mais sensível
culturalmente” (Harris e Moran, 1991, p. 7).
Portanto, ao trazermos para dentro das
empresas as discussões sobre 2. Referencial teórico-empírico
multiculturalidade, percebemos que seu
impacto recai, principalmente, sobre aqueles
que nelas trabalham. A expatriação de gerentes 2.1.Cultura
é uma das maneiras pelas quais empresas Em tempos de globalização, percebemos
internacionais coordenam suas atividades a importância de se ter sensibilidade cultural,
(Hofstede, 1991; Freitas, 2000). Desta forma, que consiste na capacidade de integrar
as empresas se expandem cada vez mais para características culturais gerais com
além de suas fronteiras nacionais, implicando características culturais específicas como, por
uma crescente valorização das relações exemplo, aquelas de uma organização, de um
interculturais em que tanto a cultura nacional outro país ou de um grupo minoritário. (Harris

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e Moran, 1991). Com o aumento da Toda a diversidade de etnias e de costumes


mobilidade internacional, tanto de pessoas que deu origem ao povo brasileiro, se
quanto de organizações, que expandem suas manifesta em seus traços culturais mais
atividades para além de fronteiras nacionais e característicos que “representam aqueles
geram exposição a diferentes culturas e pressupostos básicos que cada indivíduo usa
adoção de diferentes normas, hábitos e para enxergar a si mesmo como brasileiro”.
valores, a própria cultura se torna cada vez (Freitas, 1997, p. 39). Estabelecemos,
mais sem fronteiras. (Parker, 1999). Portanto, portanto, dez principais traços culturais
podemos afirmar que “a noção de cultura está brasileiros (Oliveira, 2000; Azevedo, 1958;
na base dos estudos que tratam de Holanda, 1971; Freyre, 1984; DaMatta, 1997).
expatriações”. A receptividade ao estrangeiro, reação
(Fonseca, Medeiros e Cleto, 2000). de um povo frente ao desconhecido, ou a
O tema da diversidade cultural vem relação que estabelece com o estrangeiro, é
ganhando notoriedade no âmbito dos estudos uma característica que se mostra muito distinta
que tratam de organizações (Dourado Filho, entre os povos, que revela muito de sua alma e
2000; Freitas, 2000) e a maior preocupação que, no Brasil, se apresenta na forma de um
reside em como gerenciar a diversidade sentimento positivo. (Oliveira, 2000). No
cultural no local de trabalho. (Nkomo e Cox âmbito organizacional esta receptividade ao
Jr., 1999; Fleury, 1999). O problema da que “vem de fora” pode ser identificada nas
diversidade no contexto organizacional está no importações de técnicas e ferramentas
fato de que, apesar de os expatriados gerenciais que, por não serem adaptadas ao
geralmente terem o conhecimento técnico contexto brasileiro, acarretam problemas para
necessário para obter sucesso no exterior, o as organizações. (Carvalho Jr e Vergara, 1996;
que lhes falta é “a habilidade para ajustar-se a Caldas, 1997; Oliveira, 2000).
diferentes costumes, perspectivas e práticas Outra característica marcante do
gerenciais”. (Black e Gregersen, 1999, p. 5). brasileiro é a orientação para o curto prazo,
Esses autores afirmam que os funcionários ou seja, a importância do presente em
mandados ao exterior são, em geral, detrimento do futuro. Nessa cultura, não se
analfabetos culturalmente [culturallyiliterate]. destacam nem a avidez do ganho nem a
preocupação com o futuro; o que está além do
presente praticamente não existe, de modo que
2.2. Cultura brasileira o cálculo não é parte da essência deste povo.
O conhecimento da cultura do local em (Azevedo, 1958). Em outras palavras, o
que as empresas estão inseridas é brasileiro limita seu foco às “perspectivas de
imprescindível, a fim de melhor compreendê- proveito material que dêem retorno a curto
las (Hofstede, 1994; Carvalho Jr. e Vergara, prazo”. (Freitas, 1997, p. 53). Desta forma,
1996; Schneider e Arruda, 1996; Freitas, podemos dizer que este traço se relaciona,
1997). Para Caldas (1997, p. 81), a cultura dentro das organizações, com o enfoque dado
brasileira é “plural, complexa e multifacetada” ao planejamento. (Dourado Filho, 2000;
e o povo é paradoxal e ambíguo, devido às Oliveira, 2000). Ocorre, portanto, que o
influências externas que sofreu. Por outro planejamento de longo prazo é negligenciado,
lado, o Brasil é uma “terra de contrastes” dando espaço ao improviso que, segundo
(Freyre, 1984; Motta, 1997, p. 37), e a Dourado Filho (2000, p. 11), “é uma
sociedade brasileira, híbrida desde o início de verdadeira instituição brasileira”.
sua formação (Freyre, 1984; Freitas, 1997). A aversão à sistematização do

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trabalho, outro importante traço cultural e para o privativismo, ao contrário da senzala
brasileiro, é uma conseqüência de o processo que originou sentimentos coletivistas. Nas
de formação de nossa sociedade ter sido organizações, este traço causa dificuldades em
conduzido por ‘aventureiros’, no sentido se trabalhar em equipes.
elaborado por Holanda (1971). O brasileiro A valorização das relações é outro
prefere “deixar o que é trabalho e metódico traço herdado dos nossos colonizadores
para amanhã”. (Freitas, 1997, p. 53). No portugueses e está relacionado com o modo
Brasil, o trabalho manual consistia em tarefa como acontecia o trabalho coletivo naquela
exclusiva dos escravos, que eram vistos como época. (Holanda, 1971). Neste sentido,
animais que existiam para servir o senhor. DaMatta (1997) afirma que a sociedade
Verificamos que este traço se apresenta brasileira possui uma lógica relacional, cujas
refletido dentro das organizações na forma de características são a busca constante pela
desvalorização do trabalho operacional, do inclusão, pela maximização das relações e
que é metódico e que não oferece espaço à pela crença maior nas relações sociais do que
criatividade. Por outro lado, o trabalho nos próprios indivíduos que lhes dão forma.
criativo, que exige raciocínio e algum talento Nas organizações, este traço cultural pode
natural, é exaltado, o que leva as pessoas a facilitar o desenvolvimento de um grupo de
aceitarem, e até mesmo a buscarem dentro da trabalho mais coeso visto que a ajuda mútua e
empresa, atividades em que possam utilizar a busca de integração são aspectos
seus talentos. considerados importantes.
O protecionismo consiste em uma A aversão à incerteza é uma
decorrência do fato de nossa sociedade ser característica que parece ter as mesmas
fundamentada em relações pessoais. (Oliveira, origens do protecionismo, mas é tratada de
2000). A autora destaca, como reflexos deste forma diferenciada porque suas
traço, a postura de espectador do brasileiro, conseqüências, principalmente no âmbito
que espera por soluções externas, geralmente organizacional, têm importância especial.
vindas do ‘estrangeiro’ ou do governo. Nas (Oliveira, 2000). A necessidade de
organizações, o protecionismo se apresenta na estabilidade e de segurança pode se manifestar
postura de dependência em que os tanto no protecionismo e na dependência
subordinados se colocam em relação aos seus quanto no formalismo, ou seja, na necessidade
superiores, transferindo para eles as de regras, mesmo que elas não sejam
responsabilidades e esperando que deles venha condizentes com a realidade. Nas
proteção e solução para seus problemas. organizações, este traço se reflete na
O individualismo, característica com origem dificuldade para assumir riscos, para tomar a
nos três primeiros séculos após o iniciativa e para aceitar mudanças.
descobrimento, desenvolveu-se devido ao fato O formalismo é uma característica
de as grandes propriedades de terra terem cultural brasileira que também tem origem em
condições de se auto sustentarem por nosso passado colonial (Ramos, 1983; Castor,
produzirem a maioria dos artigos de consumo 2000; Oliveira, 2000) e, mesmo assim,
de que necessitavam. (Azevedo, 1958). A esse apresenta-se como um tema “atual no âmbito
individualismo, provocado pelas distâncias e da teoria administrativa” (Ramos, 1983, p.
pelo isolamento, o autor atribui a ausência do 271). O formalismo é, também, uma estratégia
espírito de cooperação. Este traço tem origem de articulação da sociedade periférica com o
na casa-grande das fazendas de escravos, onde mundo exterior, tendo sido um fator facilitador
os sentimentos tendiam para o individualismo da inserção do Brasil na comunidade

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internacional. (Ramos, 1983; Castor, 2000). Por fim, o personalismo é outro traço
De acordo com Prates e Barros (1997, p. 63), cujas raízes podem ser encontradas na
o que acontece no Brasil é uma “aceitação influência das culturas ibérica (Holanda, 1971;
tácita das normas e regras, mas com uma Lopes, 1998) e silvícola. A primeira trazendo a
prática distorcida, apoiada por outros cultura da personalidade que “parece
elementos culturais mais vivos e presentes no constituir o traço mais decisivo na evolução da
comportamento brasileiro”. Dentro das gente hispânica” (Holanda, 1971, p. 4); e, a
organizações, este traço se reflete em um segunda, trazendo o uso do cunhadismo, que
exagerado apego às leis e normas escritas. consiste na incorporação de estranhos a uma
Principalmente no caso de empresas comunidade (Ribeiro, 1995, p. 81). Além
estrangeiras, ocorre a aplicação de leis que, disso, por sermos uma sociedade baseada em
por não serem baseadas nos costumes locais, relações, desenvolvemos a necessidade de
incitam a busca de formas de contorná-las. tornar nossos relacionamentos mais próximos
O jeitinho, por sua vez, é uma prática e afetuosos, comportamento que pode ser
oriunda do formalismo e consiste no genuíno atribuído às raízes africanas, mesmo que
processo brasileiro de resolver dificuldades, indiretamente. (Freitas, 1997). Verificamos,
independentemente do conteúdo das normas, mesmo no cotidiano organizacional, decisões
códigos e leis. (Ramos, 1983). Como afirma e relações baseadas nos relacionamentos
Castor (2000, p. 47), o que ocorre é que “o pessoais, em detrimento de aspectos
Brasil real se defende da camisa-de-força que profissionais e objetivos. (Oliveira, 2000).
lhe é imposta pelo Brasil oficial, redefinindo Por fim, ressaltamos que, tanto a cultura
seus códigos legais a partir da prática social da organização quanto aquela trazida pelos
para reduzir as desigualdades que estão neles membros da organização, são relevantes.
implícitas, ao invés de confrontar aberta e Neste sentido, Hofstede (1994) afirma que o
desafiadoramente os códigos e leis que quer gerenciamento de negócios internacionais
derrogar”. Neste sentido, o jeitinho “é uma envolve, ao mesmo tempo, a administração de
prática cordial que implica personalizar diferenças entre culturas, tanto nacionais
relações” por meio de algum interesse comum. quanto organizacionais.
(Motta, 1997, p. 34). Segundo o autor, por um
lado, o jeitinho se diferencia da “arrogância
em apelar para um status mais alto de um 2.3.Cultura organizacional
parente ou de um conhecido importante”, que O conceito de cultura organizacional tem
DaMatta (1983, p. 139) chama de “rito do origem em estudos antropológicos (Smircich,
‘Você sabe com quem está falando?”’ e, por 1983), segundo os quais, existem mais de 164
outro, aproxima-se da malandragem, apesar de definições diferentes para esse termo
esta implicar predisposição para tirar (Schneider e Arruda, 1996). Adotamos aqui a
vantagem, característica que o jeitinho não definição elaborada por Schein (1985)
tem. Encontramos, portanto, seja no nosso dia- segundo a qual, cultura organizacional
a-dia, seja no ambiente organizacional, consiste em
manifestações do jeitinho por meio do
desrespeito a normas universais. Por outro um conjunto de pressupostos básicos que
lado, este comportamento é muitas vezes um grupo inventou, descobriu ou
responsável por flexibilidade e rapidez nas desenvolveu ao aprender a lidar com os
soluções, criatividade e improvisação. problemas de adaptação externa e
integração interna, e que funcionaram bem o
(Oliveira, 2000).
suficiente para serem considerados válidos e

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ensinados a novos membros, como a forma não há consenso quando se trata de definir o
correta de perceber, pensar e sentir em significado de comunicação. Contudo, para
relação a esses problemas. (Schein, 1985, p. fins desse trabalho, seguiremos os autores que
9). definem comunicação como “a utilização de
qualquer meio pelo qual um pensamento é
O papel da cultura organizacional na transmitido de pessoa a pessoa sem perder,
comunicação e nas relações de dominação é tanto quanto possível, a sua intenção original:
destacado por Fleury (1991; 1996), quando a comunicação (do latim communicare)
define como sendo “um conjunto de valores e significa tornar comum, partilhar, repartir,
pressupostos básicos expressos em elementos associar, trocar opinião”. (Sartini, apud
simbólicos que, em sua capacidade de ordenar, Wanderley et al., 1995, p. 118; Aranguren,
atribuir significações, construir a identidade 1975).
organizacional, tanto agem como elementos de A comunicação pode ser entendida como
comunicação e consenso, como ocultam e um processo (Amoureux, 1996; Robbins,
instrumentalizam as relações de dominação”. 1999), um fluxo formado por sete partes: a
(Fleury, 1991, p. 6). fonte de comunicação, a codificação, a
mensagem, o canal, a decodificação, o
receptor e o retorno. Entretanto, pelo fato de a
2.4. Atividade gerencial comunicação ser um fenômeno complexo,
As sociedades que nos antecederam nem sempre ocorre assim, linearmente. (Porter
possuíam organizações, mas a sociedade e Samovar, 1976). Os problemas acontecem
moderna é uma “sociedade das organizações”. quando o fluxo é interrompido ou bloqueado e
(Etzioni, 1974, p. 166). Tendo em vista as aparecem barreiras em qualquer uma de suas
características da sociedade atual e as etapas, tais como: filtragem, percepção
exigências quanto às qualificações exigidas seletiva, reação defensiva e linguagem.
dos executivos, adotamos o conceito que De acordo com McLuhan (apud Ferrara,
define atividade gerencial como sendo aquela 1986, p. 14), existem dois tipos de meios de
constituída pelo conjunto de práticas comunicação: o quente e o frio. O meio quente
executadas por um gerente com a finalidade é aquele que, como o rádio e o cinema,
de um esforço de sistema cooperativo. estimula um único de nossos sentidos e em
(Barnard, 1968). Sua importância para este alta definição (alta saturação de dados que não
estudo está no fato de que “todas as práticas deixa espaço para ser completada pela
gerenciais são passíveis de ser influenciadas audiência). O meio frio, ao contrário, permite
pela cultura”. (Rodrigues e Duarte, 1999, p. que a audiência use seus sentidos para
52). Tratamos, neste estudo, da atividade completar os dados, como ocorre no caso do
gerencial e de um de seus principais elementos telefone, da televisão e do correio eletrônico.
constitutivos: o processo de comunicação. A comunicação não precisa ser verbal
para transmitir uma mensagem. Os
movimentos corporais, o tom de voz, a
Comunicação entonação dada às palavras, a expressão facial
Existe concordância entre os autores, e a distância física entre emissor e receptor são
quando se afirma que todas as pessoas se exemplos de maneiras de se transmitir
comunicam à medida que interagem, pois todo mensagens de forma não-verbal (Moran,
comportamento emite significado (Porter e Harris e Stripp, 1996). A importância de se
Samovar, 1976, Amoureux, 1996). Entretanto, conhecer as peculiaridades da comunicação

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não-verbal, está no fato de que ela transmite variação de percepção social podem ser
mais da metade de tudo o que comunicamos. reduzidas se houver conhecimento e
(Singer, 1976; Rector e Trinta, 1985; Moran, compreensão dos fatores culturais sujeitos a
Harris e Stripp, 1996; Lynn, 1999). variação, aliados ao desejo sincero de se
As pessoas utilizam pistas não-verbais comunicar com sucesso apesar das barreiras
para interpretar a linguagem verbal e, quando culturais”.
são detectadas incongruências entre o verbal e Segundo Barna (1976), as quatro
o não-verbal, é atribuída maior credibilidade variáveis que constituem os maiores
ao que é comunicado de forma não-verbal. empecilhos, quando se trata de comunicação
Isso é útil quando interagimos com uma intercultural, são: linguagem (vocabulário,
pessoa que utiliza padrões não-verbais cujo sintaxe, expressões, gírias, dialetos e,
significado conhecemos, do contrário se torna principalmente, o significado das palavras);
difícil sua interpretação correta. (Porter e símbolos não-verbais (gestos, posturas e tom
Samovar, 1976). de voz); preconceitos, estereótipos, tendência
Em geral, as pessoas gastam mais de de avaliar (aprovação ou desaprovação); e
50% do tempo se comunicando (Robbins, ansiedade, causada pelas incertezas.
1999; Soares e Costa, 1999), seja por meio da
escrita, da leitura, da fala ou da audição.
Portanto, a comunicação deficiente se torna a Comunicação intercultural
principal fonte de conflito interpessoal e A comunicação intercultural é um
também uma inibidora do bom desempenho processo antigo, surgiu com a humanidade.
profissional. (Porter e Samovar, 1976). É possível que esse
A comunicação entre pessoas que têm a interesse tenha ocorrido devido (entre
mesma cultura é relativamente simples pois, inúmeros outros fatores que tornaram o
de forma geral, usam a mesma linguagem, têm contato intercultural algo inevitável) ao
o mesmo estilo de vida e reconhecem o crescente contato político e comercial entre os
mesmo conjunto de normas nos negócios. Já países, ao aumento da mobilidade de pessoas
não é o mesmo quando a comunicação pelo mundo, ao desenvolvimento das
acontece entre pessoas culturalmente tecnologias de informação. De acordo com
diferentes. (Moran, Harris e Stripp, 1996). Isto Porter e Samovar (1976, p. 4), “[a]
porque, segundo Ferrara (1986), é o código comunicação intercultural ocorre toda vez que
que garante a comunicação eficaz entre o emissor de uma mensagem for membro de
emissor e receptor, fazendo com que a uma cultura e o receptor, membro de outra”.
preocupação apenas com os meios técnicos Assim, a relação entre cultura e comunicação
seja insuficiente. formam a base da comunicação intercultural.
De acordo com Porter e Samovar A eficácia da comunicação é difícil de
(1976), problemas de comunicação podem ser ser obtida, principalmente em situações onde
mais bem compreendidos se forem há diferenças culturais. Segundo Munter
considerados como oriundos, pelo menos em (apud Robbins, 1999, p. 209), existem quatro
parte, de diferenças culturais. É a cultura que problemas especificamente ligados à
condiciona e estrutura o processo de linguagem que estão relacionados às
percepção social que consiste na atribuição de dificuldades na comunicação entre pessoas de
significado a um objeto ou evento. De acordo diferentes culturas. O primeiro consiste na
com Porter e Samovar (1976, p. 9), “as barreira causada pela semântica, pois algumas
barreiras para a comunicação causadas pela palavras além de terem significados diferentes

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para cada pessoa, não têm tradução em outras A escolha do setor automotivo se deve ao fato
culturas. O segundo refere-se às barreiras de ser localizado no Paraná o segundo pólo
causadas pelas conotações das palavras, automotivo do país e à acessibilidade dos
novamente por dificuldade de se traduzir dados para a pesquisa. A amostra é intencional
corretamente expressões específicas de uma e formada por quinze elementos sendo: um
cultura. O terceiro diz respeito às barreiras gerente nacional de cada organização; um
causadas pelas diferenças de tom, porque gerente estrangeiro de cada organização; um
existem diferenças culturais sobre o uso das gestor da área de recursos humanos de cada
linguagens formal e informal, sobre o modo de organização e um funcionário subordinado a
se comunicar familiar, social ou cada gerente entrevistado.
profissionalmente. Finalmente, o quarto O presente trabalho consiste em um
problema consiste nas barreiras causadas pelas estudo comparativo de casos onde o interesse
diferenças de percepção, pois, em geral, “reside na ultrapassagem da unicidade e na
pessoas que falam idiomas diferentes vêem o evidenciação de regularidades ou de
mundo de forma diferente. A fim de que esta constantes entre várias organizações cujas
barreira seja evitada, deve-se pressupor que as semelhanças e dessemelhanças são
diferenças existam até que as semelhanças analisadas.” (Bruyne, Herman e Schoutheete,
sejam comprovadas, adotar um estilo mais 1991, p. 228). Adotamos uma abordagem
descritivo e menos interpretativo ou descritivo-qualitativa e amplitude transversal.
avaliativo, ter empatia e tratar as O nível de análise é o organizacional e a
interpretações apenas como hipóteses unidade de análise, o grupo de executivos dos
funcionais. (Robbins, 1999). O desafio que níveis estratégico e tático.
surge com a diversidade cultural é o de Para a realização desta pesquisa,
construir condições favoráveis para que ela se utilizamos dados primários e secundários.
manifeste de forma “equilibrada, colaborativa Estes foram coletados por meio de uma
e complementar” (Freitas, 2000, p. 3). pesquisa documental, enquanto aqueles foram
Por fim, destacamos que, no cenário obtidos por meio de entrevistas em
mundial em que estamos inseridos, conhecer profundidade, semi-estruturadas. Na coleta
as diferenças culturais, principalmente no que dos dados primários, também realizamos
se refere à comunicação, constitui um observação não-participante e nãosistemática.
elemento-chave no sucesso de qualquer O tratamento dos dados primários
relação intercultural. Isto porque tal coletados nas entrevistas foi realizado por
conhecimento pode gerar sentimentos de meio da técnica de análise de conteúdo
empatia e respeito pela diversidade, o que (Richardson, 1989; Godoy, 1995) e o
certamente trará reflexos positivos no contexto tratamento dos dados secundários foi realizado
organizacional. por meio de análise documental (Bardin,
1977). Por fim, utilizamos a técnica de
triangulação a fim de obtermos uma melhor
compreensão do fenômeno em estudo, por
3. Metodologia meio da busca de consistências e
inconsistências entre os dados.
A população desta pesquisa é formada
por gerentes nacionais e estrangeiros e por
gestores da área de Recursos Humanos de
empresas multinacionais do Estado do Paraná. 4. Apresentação e análise de dados

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4. 1.Influência dos traços culturais a gente tem que formalizar mais algumas
brasileiros na comunicação coisas. (...)
Verificamos que, de modo geral, os Gerente brasileiro
traços culturais brasileiros que mais afetam a
comunicação entre gerentes brasileiros e seus Empresa 2
subordinados são:
(a) para facilitar: valorização das Para o gerente brasileiro, a facilidade de
relações (“facilidade de relacionamento”, relacionamento do brasileiro (valorização das
“informalidade no relacionamento relações) é uma característica que facilita o
interpessoal”); trabalho, mas afirma que não se deve abusar.
(b) para dificultar: personalismo Colocou da seguinte forma:
(“informalidade”), falta de comprometimento,
Eu acho que o ideal é você saber dosar um
falta de objetividade.
pouco, da maneira ... você ser um pouco
mais duro e um pouco mais... é como aquele
Empresa 1 ditado: você bate com uma mão e acaricia
com a outra, então, vamos dizer assim, você
O gerente brasileiro destacou, como uma tem que saber ser um pouco duro quando
característica que facilita a comunicação com você precisa e ser também aquela pessoa
os seus subordinados, a facilidade de bem comunicativa. O brasileiro gosta muito
relacionamento interpessoal e o jeito que o disso.
brasileiro tem para lidar com as pessoas, que Gerente brasileiro
correspondem à valorização das relações,
conforme mostra seu depoimento: Já em relação ao que dificulta seu
Eu tive uma experiência interessante nesta trabalho, afirmou ser a falta de
área que estou trabalhando agora, quando a comprometimento com a empresa, o fato dos
gente instalou esta fábrica, fizemos uma brasileiros não “vest[irem] a camisa da
parceria: veio um gerente [estrangeiro] que empresa”. Barbosa (1996) explica que no
ficou aqui 3 anos e eu fiquei trabalhando Brasil a empresa “fornece emprego e trabalho,
com ele durante estes 3 anos. Ele ficou mas não identidade”, como acontece nas
responsável pela parte tecnológica e eu
sociedades norte-americana e japonesa.
fiquei responsável pela parte de pessoal
O grande problema do brasileiro é... a falta
porque eles têm uma dificuldade enorme de
de comprometimento. Isso você precisa
montar times, de gerenciar pessoas. (...)
trabalhar muito... o brasileiro não tem o ...
Gerente brasileiro
essa característica bem familiarizada no seu
perfil, que é o comprometimento, ele às
Por outro lado, afirmou que o que mais vezes acha que dá para fazer assim. (...)
dificulta é a informalidade no trabalho, no Gerente brasileiro
sentido de, por exemplo, confiar nas pessoas e
não deixar certas ordens ou decisões Por fim, quando questionado sobre as
documentadas, que consideramos como diferenças na maneira como brasileiros e
indicadores do personalismo: estrangeiros gerenciam seus subordinados,
destacou o fato do brasileiro ser mais
Que dificulta o meu trabalho... talvez a cuidadoso no relacionamento interpessoal, em
maneira informal que a gente trabalhe.
contraposição ao fato do estrangeiro ser mais
Talvez a gente tenha que aprender um pouco
direto e objetivo, o que vem ao encontro do
mais, com os europeus principalmente, que
que afirmou o gerente brasileiro da Empresa 1.

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[existem] diferenças na forma como são igual, se não tiver essa união essa equipe
pedidas as coisas... informadas... um não vai trabalhar igual aí vai ser o primeiro
brasileiro sempre conversa mais, os problema.
estrangeiros são mais diretos. Subordinado de gerente brasileiro
Gerente brasileiro
Para o gerente brasileiro, uma
Empresa 3 característica que pode dificultar a
comunicação é a falta de objetividade do
De acordo com o gerente brasileiro brasileiro. Segundo ele,
entrevistado, as características do brasileiro
que facilitam seu trabalho são a informalidade às vezes as pessoas não são suficientemente
no relacionamento e a facilidade de claras e acham que ficou subentendido
relacionamento. alguma coisa e aí o interlocutor fica com
aquela dúvida e ele por alguma razão ele
Olha eu vejo que o brasileiro é mais aberto, não esclarece esse ponto...
ele tem um relacionamento mais informal, Gerente brasileiro
eu acho que isso daí facilita muitas vezes
nesse contato com o [estrangeiro], porque Verificamos que, os traços culturais
ele é mais fechado na administração (...) brasileiros que mais afetam a comunicação
Gerente brasileiro entre gerentes estrangeiros e seus
subordinados brasileiros são:
A facilidade de relacionamento, agora (a) para facilitar:
destacando a amizade que se forma entre o comunicabilidade, facilidade
funcionários, de modo a parecer que a derelacionamento, afetividade, honestidade;
empresa é a sua segunda família, também é (b) para dificultar: sensibilidade
uma característica que facilita o trabalho. Este (levar críticas parao lado pessoal),
comportamento é descrito da seguinte informalidade no relacionamento,
maneira: personalismo, falta de objetividade.

(...) por ser um grupo pequeno, onde todo Empresa 1


mundo se conhece, então todo mundo é
muito amigo um do outro, é muito amigo, O gerente estrangeiro afirma que a
então até quando você vê que sai uma comunicabilidade do brasileiro facilita muito o
pessoa daqui, a equipe toda sente, é aquela
relacionamento cotidiano mas, por outro lado,
união.... tanto que a gente trabalha em
equipe, então queira ou não você forma
a sua sensibilidade, a tendência de levar
aquela união... porque você fica 8 horas críticas profissionais para o plano pessoal
aqui dentro e isso se torna sua segunda prejudica o bom andamento do trabalho.
família (...) Afirma que,
Subordinado de gerente brasileiro
Falar para um brasileiro “você está errado”,
Explica, ainda, o motivo pelo qual assim direto é uma coisa que não dá para
fazer... (...) Uma crítica profissional o
afirma que isto facilita o trabalho.
brasileiro leva para o lado pessoal.
Gerente estrangeiro
Facilita, com certeza. Bom, o trabalho em
equipe já diz: uma equipe tem que ser
homogênea, todo mundo tem que trabalhar Apesar do brasileiro levar as críticas

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para o pla- É uma arma nossa... você sabendo usar,


no pessoal, esse gerente estrangeiro continua você consegue quebrar o gelo, que é uma
lançando mão de sua forma objetiva de se coisa importante, muito importante... para
comunicar, pois acredita que a sinceridade você melhorar o relacionamento com a
pessoa. Isso aí eu acho que é uma
gera uma comunicação melhor. Afirmou que a
característica muito nossa, sabe? (...) Você
sua maneira de liderar,
tem que aproveitar esta arma para, melhorar
o relacionamento. (...)
desde o início, foi: quando tem coisa errada
Subordinado de gerente estrangeiro
eu falo já. Não vou esperar seis meses, não
vou esperar, falo já, então já explico,
comento, convenço, mesmo se precisar Segundo ele, algumas pessoas podem
repetir dez vezes, vou repetir dez vezes até a gostar e se adaptar, mas outras não, portanto,
pessoa ficar convencida que a maneira que destaca que
ele falou, se comportou, escreveu estava
errada. Com o meu chefe não posso correr este
Gerente estrangeiro risco, então você tem que saber como usar
esse caminho.
Relatou que seu subordinado ainda não Subordinado de gerente estrangeiro
se adaptou a este tipo de relacionamento pois a
hierarquia influencia muito, conforme atesta A afetividade do brasileiro, ou seja, a
no seguinte depoimento: tendência de criar vínculos pessoais no
trabalho, é algo muito presente e que traz
Meu subordinado está com dificuldade para benefícios para este entrevistado, entretanto,
entrar neste tipo de liderança. Porque “é o adverte que
chefe”... Mas para mim, o chefe está escrito
no papel, mas entre nós, esquece isso. (...) o Você não pode é começar a deixar que estes
objetivo é de chegar lá a um resultado, e vínculos pessoais interfiram no teu
juntos vamos conseguir, não é o chefe lá e profissional. Se for pra interferir a favor, do
você aqui. tipo, fica mais fácil para você pedir alguma
Gerente estrangeiro coisa para a outra pessoa, ótimo. Agora se,
por ser teu amigo você ficar encobrindo... aí
A informalidade do brasileiro foi eu acho que não, aí já é perigoso.
destacada por um entrevistado como um fator Subordinado de gerente estrangeiro
que, enquanto o estrangeiro não está
acostumado, pode dificultar as relações Em relação à facilidade de
interculturais. relacionamento do brasileiro, outro
entrevistado comentou que há uma grande
Brasileiro querendo ou não, se toca, bate nas diferença na maneira como brasileiros e
costas... Enquanto que lá... isso talvez possa estrangeiros gerenciam seus subordinados,
ser, com certeza já foi, uma coisa mal vista segundo ele,
por eles porque eles não estavam
acostumados com isso... eles [estrangeiros] são mais especialistas, ou
Subordinado de gerente estrangeiro seja, não têm esta maneira mais flexível da
gente trabalhar. Eles não tratam as pessoas
Na seqüência, afirma que esta mesma da mesma maneira que a gente trata aqui,
informalidade, se bem utilizada, pode ajudar não porque não querem, mas porque não
muito na comunicação pois conhecem nossa cultura... não sabem o jeito

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do brasileiro ser. melhorar a qualidade.
Gerente brasileiro Gerente estrangeiro

Empresa 2 Para este entrevistado, o comportamento


que mais dificulta a comunicação é o fato do
A falta de objetividade do brasileiro, a brasileiro, para tomar uma decisão, consultar
prolixidade, foi lembrada como uma muita gente. Afirmou que viu no Brasil
característica que dificulta a comunicação. Um
entrevistado diz ter aprendido com os que quando o brasileiro tem algum
estrangeiros a ser mais direto. problema, vai procurar outras pessoas... Um
outro supervisor, um funcionário vem,
Digamos assim, a gente... você faz um escuta um pouco e discute em conjunto.
relatório completo e você só precisa dizer Mesmo que não seja o trabalho dele, ele vai
duas palavras, então esse eu acho que é um discutir também. Isso não é bom, porque
problema e isso foi uma coisa que eu quando você faz isso, as decisões demoram
aprendi muito com eles [estrangeiros] aqui: muito...
a objetividade. O meu chefe falava : não Gerente
fale mais do que 5 minutos [risos].
Subordinado de gerente estrangeiro estrangeiro Empresa 3

Verificamos que, tanto o gerente A informalidade do brasileiro, assim


estrangeiro quanto seu subordinado, percebem como foi mencionada nas demais empresas,
o brasileiro como sendo muito afetivo no parece ser um fator que facilita a comunicação
trabalho. Estes dois entrevistados concordam, com um estrangeiro.
também, com o fato de que a afetividade pode Olha eu vejo que o brasileiro é mais aberto,
facilitar ou dificultar a comunicação de acordo ele tem um relacionamento mais informal,
com a situação. Para um dos entrevistados, eu acho que isso daí facilita muitas vezes
esta característica pode ajudar porque nesse contato com o [estrangeiro] (...).
Gerente brasileiro
é bom ter uma família, um team que se
organiza como família. (...) Isso é bom Para o gerente estrangeiro desta
porque quando você precisa organizar empresa, a característica brasileira que mais
coisas bem rápido, quando você é uma facilita a comunicação é a sua honestidade.
grande família a organização é bem rápida Afirma que
também. (...)
Gerente estrangeiro eu acho que os brasileiros são muito
honestos, se eles cometem um erro (...) eu
Mas, destaca que esta característica só não quero que o façam mais de uma vez.
dificulta o trabalho quando as pessoas passam Gerente estrangeiro
a não querer fazer uma crítica a um amigo, o
que pode caracterizar o personalismo. Afirma Quando questionado sobre
que características brasileiras que dificultam a sua
comunicação com seus subordinados o gerente
é ruim quando tem um problema de uma estrangeiro afirmou:
pessoa com outra pessoa e não querem
brigar... as peças que eu recebo de você são eu realmente não consigo pensar em nada
muito ruins, nunca vou ver se você vai que dificulte a comunicação além da própria

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questão do idioma. Na Empresa 2, foram destacados problemas de


Gerente estrangeiro ansiedade causados por incertezas, diferenças
entre percepções e normas de negócios
diferentes. Na Empresa 3, as principais
barreiras são as de idioma e de diferenças de
5. Considerações finais percepção.

Verificamos que, nas empresas


pesquisadas, a cultura brasileira é respeitada, Os traços culturais brasileiros
de modo que não há uma tentativa de presentes nas organizações
imposição da cultura da matriz estrangeira e Ao partirmos do princípio de que “as
uma conseqüente repressão da cultura organizações são parte de uma sociedade e,
nacional. Ocorre o surgimento de uma cultura portanto, parte de sua cultura” (Motta, 1997,
híbrida dentro da organização, sendo que p. 40), estávamos assumindo o conceito de
alguns traços brasileiros permanecem e outros que a cultura brasileira exerceria influência
são extintos. sobre qualquer organização, inclusive as
Em relação às características da estrangeiras. Esse pressuposto foi corroborado
atividade de comunicação nas empresas no decorrer da realização da pesquisa, ao
estudadas, nas três empresas, os subordinados identificarmos a presença dos traços culturais
entrevistados afirmaram não ter medo de falar brasileiros nas organizações estudadas e sua
para seu chefe tanto coisas que lhes agradam influência no processo de comunicação.
quanto as que lhes desagradam no trabalho. Nesse sentido, identificamos que os
Em geral, os subordinados fazem questão de traços mais presentes nas organizações
expor seus sentimentos sobre o que os afeta estudadas foram: a valorização das relações e
profissionalmente. Neste ponto apresentamos a aversão à sistematização do trabalho
uma hipótese (H1) para ser testada em (presentes nas três empresas); a receptividade
trabalhos futuros: o grau de escolaridade ao estrangeiro (presente nas Empresas 1 e 3) e
influencia na quantidade e na qualidade da o jeitinho e o personalismo (presentes apenas
participação dos funcionários na gerência. na Empresa 1). Neste momento, emerge a
O principal problema de comunicação seguinte hipótese (H2): o tempo que a
citado pelos entrevistados das Empresas 1 e 2 empresa está instalada no Brasil influencia no
foi a diferença de idioma. Já os entrevistados número de traços culturais brasileiros
da Empresa 3 destacaram como causadores de presentes em uma organização estrangeira.
problemas na comunicação tanto o fato de os Identificamos, por ocasião das
gerentes utilizarem intermediários para entrevistas, outras características dos
transmitir suas mensagens quanto a falta de brasileiros que complementam o fenômeno
tempo para se dedicarem a uma comunicação que tratamos. Na Empresa 1 foram citados:
com maior qualidade. facilidade de relacionamento; sensibilidade;
Por fim, o último aspecto relacionado à dedicação; preocupação com o futuro; alegria
comunicação que investigamos trata-se da e impessoalidade. Na Empresa 2, foram
comunicação intercultural. Entrevistados da mencionados: abertura, flexibilidade,
Empresa 1 disseram que a forma direta e adaptabilidade, criatividade, pouca
objetiva que o estrangeiro usa para se objetividade. Na Empresa 3 foram citados:
comunicar pode ser mal interpretada pelos honestidade, sinceridade, dedicação,
brasileiros, constituindo uma barreira de tom. flexibilidade, adaptabilidade, rapidez de

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aprendizagem, comunicabilidade e abertura. a sua segunda família.
Percebemos que alguns traços Em relação às características que
considerados negativos no âmbito dificultam a atividade de comunicação entre
profissional, não foram citados como os gerentes brasileiros e seus subordinados
presentes nas organizações. São exemplos identificamos o personalismo na Empresa 1, a
desses traços: a orientação para o curto prazo falta de comprometimento com a empresa, na
pois tem estreita relação com o imediatismo e Empresa 2, e a falta de objetividade, na
com a falta de planejamento; o Empresa 3. Ao fazer estas perguntas aos
individualismo, oposto ao que se prega hoje gerentes estrangeiros, percebemos uma
sobre trabalho em equipe; o formalismo e o tendência similar: a facilidade de comunicação
protecionismo, que são considerados e de relacionamento vem facilitar a
comportamentos distantes do profissionalismo comunicação entre o gerente estrangeiro da
tão exigido especialmente dentro de grandes Empresa 1 e seus subordinados. Em relação ao
organizações. Surge neste momento nossa que dificulta a comunicação, citou o fato do
terceira hipótese (H3): quanto mais alto o brasileiro interpretar críticas profissionais
nível de profissionalização da empresa e de como sendo pessoais. Para o gerente
seus funcionários, menos presentes estarão os estrangeiro da Empresa 2, a afetividade do
traços de orientação para o curto prazo, brasileiro facilita a comunicação quando as
individualismo, formalismo e protecionismo. pessoas se organizam como uma família e
Nas Empresas 2 e 3, nenhum entrevistado dificulta quando se transforma em
comentou o traço de aversão à incerteza; na personalismo, levando as pessoas a evitarem
Empresa 1, ele não está presente. criticar seus amigos. Para ele, o que mais
dificulta a comunicação é o fato de o brasileiro
consultar muita gente antes de tomar uma
Os traços culturais brasileiros que decisão. Já o gerente estrangeiro da Empresa
facilitam ou dificultam a comunicação 3, destaca como características brasileiras que
Nas entrevistas realizadas com os facilitam a comunicação, a honestidade e a
gerentes brasileiros das três empresas, informalidade. Nessa empresa, não foi citado
identificamos um consenso em relação ao nenhum traço que dificulta a comunicação
traço cultural brasileiro que mais facilita a entre o gerente estrangeiro e seus
atividade de comunicação com seus subordinados.
subordinados: a valorização das relações. Na Verificamos que, apesar de muitas
Empresa 1, o gerente destacou características técnicas gerenciais serem implantadas no
como a facilidade de relacionamento Brasil sem a devida adaptação à nossa cultura,
interpessoal e a habilidade para lidar com as características pessoais necessárias a uma
pessoas. Na Empresa 2, o gerente brasileiro postura mais profissional são incorporadas e
também citou a facilidade de relacionamento adaptadas ao modo de ser brasileiro.
interpessoal como um facilitador da Por fim, registramos nossa crença na
comunicação, mas alertou que é preciso saber capacidade de superação do brasileiro e
dosar a comunicabilidade e um reafirmamos a importância de conhecermos
comportamento mais rígido. Já na Empresa 3 a nossa cultura nacional a fim de
expressão “facilidade de relacionamento” foi potencializarmos nossos pontos fortes e
explicada pela característica da informalidade; desenvolvermos maiores conhecimentos para
além disso, foi destacada a amizade que surge administrarmos e reduzirmos os pontos fracos,
entre os funcionários levando-os a considerar possibilitando a condução de processos de

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