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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFACID

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA - UNIFACID

DIOVANNE GEORGE BARBOSA SOBREIRA AMORIM DOS SANTOS

BOBINA DE TESLA: DIMENSIONAMENTO E FENÔMENOS RESULTANTES

TERESINA-PI

2020
DIOVANNE GEORGE BARBOSA SOBREIRA AMORIM DOS SANTOS

BOBINA DE TESLA: DIMENSIONAMENTO E FENÔMENOS RESULTANTES

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial
para obtenção de grau de
Bacharelado em Engenharia Elétrica,
pelo Centro Universitário UniFacid.

Orientador: Prof Brenno Avelar


Rodrigues de Andrade

TERESINA-PI

2020
Dados Internacionais de Catalogação na
Publicação Centro Universitário
Facid Wyden
Gerado automaticamente mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

B238b dos Santos, Diovanne George Barbosa Sobreira Amorim.


Bobina de Tesla: dimensionamento e fenômenos resultantes / Diovanne George
Barbosa Sobreira Amorim dos Santos. - 2020.
50 f.: il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Centro Universitário Facid


Wyden, Engenharia Elétrica, Campus Horto Florestal, Teresina, 2020
Orientador: Prof. Me. Brenno Avelar Rodrigues de Andrade.

1. Engenharias. 2. Eletromagnetismo. 3. Bobina de Tesla . 4. Energia sem fio.


RESUMO

dos Santos, Diovanne G. B. S. A. Bobina de Tesla: Dimensionamento e


fenômenos resultantes.53. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Engenharia Elétrica) – Centro Universitário UniFacid, Teresina-PI, 2020

Este trabalho apresenta um estudo sobre o desenvolvimento


tecnológico usando o aparato da bobina de Tesla. Foi apresentado uma pequena
biografia dos experimentos efetuados por Nikola Tesla em Colorado Springs,
revisou-se conceitos acerca do acoplamento indutivo em transformadores,
circuitos RLC, que são ministradas na disciplina de eletromagnetismo e além
disso há uma pequena exposição sobre as tecnologias sem fio. Após isso há
uma descrição do funcionamento da bobina de Tesla e uma secção acerca da
segurança de sua montagem. Por fim foi apresentado os fenômenos obtidos e
observados com esse equipamento e assim como uma recente pesquisa
envolvendo um fenômeno apelidado de Teslaphoresis.

Palavras-chave: Bobina de Tesla, equacionamento, acoplamento indutivo


ABSTRACT

This work presents a study on technological development using the Tesla coil
apparatus. A short biography of the experiments carried out by Nikola Tesla in
Colorado Springs was presented, concepts about the inductive coupling in
transformers, RLC circuits were reviewed, which are taught in the discipline of
electromagnetism and in addition there is a small exhibition about wireless
technologies. After that there is a description of the operation of the Tesla coil
and a section on the safety of its assembly. Finally, the phenomena obtained and
observed with this equipment were presented, as well as a recent research
involving a phenomenon called Teslaphoresis

Keyword: Tesla coil, equation, inductive couplin


LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Nikola Tesla dentro de seu laboratório em Colorado Springs .......... 15

Figura 2. Torre Wardenclyffe ........................................................................... 15

Figura 3. Ilustração mostrando o acoplamento indutivo entre duas bobinas ... 17

Figura 4. Esquema simplificado dos circuitos primário(1) e secundário (2) ..... 19

Figura 5. Regiões de campo segundo a distância da fonte emissora ............. 23


Figura 6. Demonstração da técnica de acoplamento indutivo ressonante ...... 24

Figura 7. Drone recarregável por acoplamento indutivo .................................. 25

Figura 8. Diagrama esquemático de uma bobina de Tesla ............................. 28

Figura 9. Geometria da bobina primária. (1)Plana concêntrica (2) Cônica (3)


Cilíndrica .......................................................................................................... 31

Figura 10. Desenho mostrando um centelhador.............................................. 32

Figura 11. Confecção de um capacitor de vidro com placas de alumínio ........ 33

Figura 12. Esquema mostrando o processo de montagem do MMC ............... 34

Figura 13.Desenho da geometria da antena. Toroidal (à esquerda) e esférico


(à direita) .......................................................................................................... 35

Figura 14. Apresentador Ernesto Paglia experimentando a gaiola de Faraday


em entrevista para o Fantástico ....................................................................... 37

Figura 15. Demonstração da criação de plasma ............................................. 38

Figura 16. Demonstração da emissão de cor gerada pela excitação dos gases.
Os gases em sequência são: Hidrogênio (H), Hélio (He), Neônio (Ne), Argônio
(Ar), Kriptônio (Kr), Xenônio (Xe) e Nitrogênio (N) .......................................... 39

Figura 17. Representação do campo não uniforme gerado pela antena ......... 40

Figura 18.Desenho 3D mostrando o processo de automontagem dos


nanotubos de carbono através da Teslaphoresis ............................................. 41

Figura 19. Resultado do primeiro experimento usando Teslaphoresis ............ 42

Figura 20.Resultado da experiência envolvendo LED’s usando Teslaphoresis.


Note a rapidez de montagens dos CNT’s ......................................................... 42

Figura 21. Esquema de oscilador Hartley +Flyback de TV para construção de


um gerador de alta tensão................................................................................ 48
Figura 22. Ilustração do gerador de alta tensão do esquema da figura 21 ...... 48
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Listas dos efeitos fisiológicos causados por diferentes valores de


corrente ............................................................................................................ 27
Tabela 2. Fórmulas para o cálculo da indutância seguindo as geometrias plana
concêntrica e cilíndrica e cônica....................................................................... 31

Tabela 3. Fórmulas para o cálculo do capacitor secundário ............................ 35

Tabela 4. Características das bitolas dos fios de cobre segundo o padrão

AWG ................................................................................................................. 49
LISTA DE SIGLAS

AWG - American Wire Gauge

BT – bobina de Tesla

CNT – nanotubo de carbono

DEP – dieletroforese

LED - light-emitting diode

MIT - Massachusetts Institute of Technology

MMC - multiminicapacitor

NST – néon-sign transformer

RF – radiofrequência

RLC – circuito resistor indutor capacitor

SciELO - Scientific Electronic Library Online

SG – spark-gap

WPT – wireless power transfer


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 12

2. DESENVOLVIMENTO ................................................................................. 14

2.1 Pequena história sobre Nikola Tesla .......................................................... 14

2.2 Teoria do acoplamento indutivo ................................................................. 16

2.3 Circuitos RLC ............................................................................................. 18

2.4 Teoria da tecnologia WPT .......................................................................... 23

2.5 Segurança .................................................................................................. 25

2.6 Descrição e equacionamento da bobina de Tesla ...................................... 27

2.6.1 Escolha do trafo ...................................................................................... 29

2.6.2 Equacionamento das bobinas ................................................................. 29

2.6.3 Fabricação do centelhador ...................................................................... 31

2.6.4 Capacitor primário e capacitor secundário .............................................. 32

2.7. Fenômenos observados ............................................................................ 36

2.8 Teslaphoresis ............................................................................................. 39

3.CONCLUSÃO ............................................................................................... 44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 45

ANEXOS .......................................................................................................... 48
12

1. INTRODUÇÃO

Os fenômenos eletromagnéticos sempre foram alvo de grande


curiosidade humana. Na época pré-histórica, os raios foram considerados
deuses e durante a Grécia Antiga, deuses como Zeus foram representados como
mestre dos raios. O filósofo Tales de Mileto foi o primeiro a observar que, ao
esfregar o âmbar em pele de cordeiro atraia pedaços de palha. Apesar disso, no
mundo antigo, foram feitos poucos avanços no que tange ao estudo do
eletromagnetismo.

Somente no século XIX com os estudos de Michael Faraday, o


eletromagnetismo toma seus primeiros passos para ser compreendido. Em
1831, Faraday descobriu a indução eletromagnética e em 1833, Heinrich Lenz
formulou sua Lei de Lenz. Em 1873, James Clerk Maxwell estudou as ondas
eletromagnéticas e comprovou que a força elétrica e a força magnética possuem
a mesma natureza. Somam-se a isso, as descobertas de Albert Einstein em 1905
para explicar o efeito fotoelétrico. Com essas enormes contribuições, o ser
humano finalmente conseguiu compreender o fenômeno da eletricidade e do
magnetismo.

Entretanto, como o eletromagnetismo está diretamente ligado à


estrutura eletrônica da matéria, a absorção dos conceitos em sala de aula se
torna maçante e bastante desmotivadora. Para isso, há uma solução: os inventos
de engenheiros nesse ramo. E destacam-se em especial dois nomes, Thomas
Edison, famoso inventor da lâmpada incandescente e árduo defensor da
corrente contínua e Nikola Tesla, cujas criações se baseavam em corrente
alternada. Ambos de gênio brilhante e magnífico, verdadeiros mestres que
inspiram engenheiros eletricistas mundo a fora.

Nesta dissertação será explorada uma das tecnologias inventadas por


Nikola Tesla que leva o seu nome: a bobina de Tesla. Esse equipamento era o
protótipo para o sonho do referido engenheiro de transmitir energia sem fio pela
Terra. O propósito original não pôde ser efetuado, pois a teoria apresentada por
Tesla apresentava diversas falhas e erros físicos. Entretanto, a bobina de Tesla
possui o seu valor não apenas histórico, mas também cientifico; a construção de
13

um protótipo em sala de aula pode ser bastante interessante para visualizar


fenômenos da física eletromagnética e contribuir para chamar a atenção dos
estudantes, acadêmicos e universitários nessa disciplina.

Observa-se que a modelagem e equacionamento desse instrumento


podem ser bastante úteis bem como a compreensão mais detalhada dos
fenômenos eletromagnéticos. O entendimento da tecnologia da bobina de Tesla
permite entender os rudimentos e evolução do atual sistema de
telecomunicações de rede celulares e wi-fi. Contribui para estimular os
estudantes a envolverem-se nos estudos das equações de Maxwell. Além disso,
geradores de alta tensão são bastante explorados para estudos acerca do
plasma, estado esse da matéria encontrado em 99% do universo observável.

A presente dissertação bibliográfica visa apresentar um estudo mais


detalhado sobre a bobina de Tesla versão clássica, ou seja, um modelo sem
componentes de estado sólido como transistores, e tem como objetivo levar o
acadêmico de engenharia elétrica, eletrônica e afins a conhecer todo o
mecanismo utilizado para a construção da bobina de Tesla bem como despertar
o interesse na área de telecomunicações e nas construções de tecnologias
utilizando energia sem fio ou bobinas.

A fim de alcançar os objetivos dessa revisão de literatura, foram


utilizados livros, além de ferramentas de pesquisas de artigos e trabalhos
científicos como SciELO e Google Acadêmico. Alguns sites também foram
utilizados como fonte de pesquisa.
14

2. Desenvolvimento

2.1 Pequena história sobre Nikola Tesla


O nascimento da bobina de Tesla se dá quando o engenheiro Nikola
Tesla se depara com os estudos de Lorde Kelvin acerca da teoria de descarga
do condensador. Sem aplicabilidade dessa teoria, Tesla com sua mente criativa
conseguiu criá-la em 1891 e seu primeiro protótipo resultava em faíscas de cinco
polegadas (aproximadamente 13 centímetros). Tesla então imaginou que se
construísse uma bobina gigante poderia transmitir eletricidade sem necessidade
de um fio condutor, algo parecido com as redes wi-fi de hoje em dia só que ao
invés de ondas de rádio, seriam os elétrons que viajariam pelo ar e transmitiriam
essa energia.

Em 1899 foi construído um laboratório em Colorado Springs para o


inventor fazer experimentos de transmissão elétrica com suas bobinas.
Basicamente era um galpão de 15x 18 m com inúmeras bobinas e uma antena
transmissora de 43 metros de altura, e na sua ponta havia com uma esfera de
madeira de 76 cm envolvida por uma folha de cobre. Ele conduziu seus
experimentos nesse laboratório para:

Primeiro, para desenvolver um transmissor de grande poder; segundo,


para aperfeiçoar os meios para individualizar e isolar a energia
transmitida; e, em terceiro lugar, para determinar as leis de propagação
de correntes através da terra e a atmosfera (TESLA; CHILDRESS,
1993).

Para tanto, Tesla lançou duas hipóteses para transmissão de energia


elétrica sem fio: A primeira contida na patente de 1900 afirmava ser possível
enviar descargas elétricas para a atmosfera tornando os gases rarefeitos
condutores de energia elétrica que seria captada por balões atmosféricos. A
segunda lança a ideia de ressonância da Terra. Ele observou que os raios caiam
em direção a Terra, e pensou que o raio seria um fenômeno vibratório que criava
ondas estacionárias dentro na crosta terrestre a uma frequência ressonante
equivalente a capacitância da Terra. Ou seja, Tesla queria transformar a Terra
em um grande capacitor armazenando a energia descarregada pela sua Torre
Tesla e captando através de estacas condutoras.
15

Figura 1. Nikola Tesla dentro do seu laboratório em Colorado


Springs

Fonte: Minhas Invenções- uma autobiografia, Nikola Tesla

Dentro da estrutura foi construída uma bobina de Tesla. O


equipamento possuía um transformador Westinghouse de 50.000 volts, o
capacitor era uma banheira galvanizada contendo água salgada. Inúmeros
experimentos foram realizados, as bobinas secundárias geram raios de 20 a 30
pés de alturas. Um experimento em especifico fascinou Tesla: 200 lâmpadas de
50 watts foram eletrizadas através do solo a uma distância de 42 km isso sem a
utilização de fio; da estação saia uma potência de 10.000 watts.

Figura 2. Torre Wardenclyffe

Fonte: NUNES (2015, pg.30)


16

Entre 1901 e 1905, Tesla mudou para Long Island para dar início à
construção da Torre Wardenclyffe com apoio financeiro de 150 mil dólares do
banqueiro John Pierpont Morgan. Essa torre possuía 57 metros de altura
fabricada de madeira e no seu pico existia uma esfera de aço pesando 55
toneladas com barras removíveis. Devido aos avanços de George Marconi na
transmissão de ondas de rádio pelo Atlântico, Morgan se interessou mais por
Marconi do que pelas criações de Tesla e por causa disso, Tesla perdeu o apoio
financeiro de Morgan e abandonou o projeto. A torre de Wardenclyffe foi
desmontada em 1917.

Os ensaios de Tesla, embora fascinantes, eram muito inviáveis devido


ao grande desperdício de energia. Entretanto o grande inventor que inspira
muitos engenheiros eletricistas não deixou de contribuir no legado cientifico e
tecnológico. Sua bobina de Tesla permanece bastante útil, embora não para o
fim que Tesla desenvolveu. A literatura nos elenca várias aplicabilidades: criação
de plasma, criação de música por centelhamento, criação de ozônio,
demonstração de gaiolas de Faraday, auxílio no processo de diatermia, e para a
aplicação da técnica de Teslaphoresis.

2.2 Teoria do acoplamento indutivo

Os transformadores são elaborados a partir da teoria do acoplamento


indutivo, cuja técnica é resultado da indutância mútua entre bobinas. “A
indutância mútua é a indutância que surge entre dois sistemas quando os
mesmos apresentam certa proximidade” (ABREU, 2012, p. 23). A bobina 1,
chamada transmissora ou primária recebe corrente alternada e induz uma
tensão sobre a bobina 2, apelidada de bobina receptora ou secundária.
Considerando um transformador ideal, a razão entre as tensões estão
inversamente proporcionais à razão do número de espiras (MARTIGNONI, 1991,
p. 5):

𝑉2 𝑁2 (1)
=
𝑉1 𝑁1
17

Em que: V1 é a tensão aplicada sobre a bobina 1, V 2 é a tensão


induzida na bobina 2, N1 é o número de espiras da bobina 1, N2 é o número de
espiras da bobina 2.

Figura 3. Ilustração mostrando o acoplamento indutivo entre duas


bobinas

Fonte: MUSEU DAS COMUNICAÇÕES(2020)

As indutâncias individuais L1 e L2 podem ser determinadas da


seguinte forma:

𝑑ϕ1 (2)
𝐿1 = 𝑁1
𝑑𝑖1
𝑑ϕ2 (3)
𝐿2 = 𝑁2
𝑑𝑖2

Em que: 𝜙1 𝑒 𝜙2 são os fluxos magnéticos das bobinas 1 e 2, 𝑖1 𝑒 𝑖2


são as correntes que passam nas bobinas 1 e 2.

A indutância mútua (M) entre as bobinas é expressa por duas


equações:

𝑑𝜙12 𝑑𝜙21 (4)


𝑀 = 𝑁2 𝑒 𝑀 = 𝑁1
𝑑𝑖1 𝑑𝑖2

Em que: 𝜙12 = 𝑘𝜙1 e 𝜙21 = 𝑘𝜙2 e k é o coeficiente de acoplamento

Pode-se então relacionar a indutância mútua com as indutâncias


individuais usando (2), (3) e (4):
18

𝑘𝑑𝜙1 𝑘𝑑𝜙2
𝑀2 = 𝑁2 𝑋 𝑁1
𝑑𝑖1 𝑑𝑖2
𝑑𝜙1 𝑑𝜙2
𝑀2 = 𝑘 2 𝑁1 𝑋 𝑁2
𝑑𝑖1 𝑑𝑖2
𝑀2 = 𝑘 2 𝐿1 𝐿2 (5)

𝑀 = 𝑘√𝐿1 𝐿2

A equação (5) é encontrada em Alexander e Sadiku (2013, p. 503) e


o coeficiente apresenta valores segundo o intervalo 0 < k < 1. Os estudos de
Mur-Miranda et al. (2010) mostram que o acoplamento indutivo é ineficiente para
distâncias longas. A eficiência de transmissão cai para 0.1% com uma distância
igual ao diâmetro das bobinas. Além disso, o acoplamento magnético depende
da orientação relativa das bobinas e de sua geometria.

O coeficiente de acoplamento ideal para a bobina de Tesla está na


faixa de 0,15 a 0,3. “Um coeficiente de acoplamento muito alto fará com que
faíscas ou arcos pulem entre as espiras do circuito secundário” (GARNICA,
2018, p.14).

2.3 Circuitos RLC

Quando se trabalha com circuitos RLC é muito importante sabermos


a frequência de ressonância. Segundo Gondim (2010, p.4):

A frequência de ressonância pode ser definida como a frequência


natural que permite transferência máxima de energia a um sistema
oscilante. A ressonância em um sistema composto por dois indutores
ocorre quando a frequência natural de oscilação do campo magnético
das mesmas é idêntico.

Dados que L é a indutância do circuito e C é a capacitância do circuito,


a frequência de ressonância (f) e frequência angular (𝜔 = 2𝜋𝑓) do circuito RLC
pode ser calculada através da fórmula:

(6)
1 1
𝑓= √
2𝜋 𝐿𝐶
19

(7)
1
𝜔= √
𝐿𝐶

Considere o circuito RLC da figura 4 que simula os circuitos de bobina


de Tesla com o primário cujos parâmetros são R1, C1, L1, e o secundário de
parâmetros R2, C2, L2. M é a indutância mútua entre os circuitos.

Figura 4. Esquema simplificado dos circuitos primário (1) e


secundário (2)

Fonte: AUTOR

Aplicando a lei de Kirchhoff em ambos os circuitos temos:

➢ No circuito primário: 𝑉𝐶1 + 𝑅1𝐼1 + 𝑉𝐿1 + 𝑉𝑀 = 0


➢ No circuito secundário: 𝑉𝐶2 + 𝑅2𝐼2 + 𝑉𝐿2 + 𝑉𝑀 = 0
Escrevendo em notação diferencial obtemos as expressões:

𝐼1 (𝑡) 𝑑𝐼1 (𝑡) 𝑑 2 𝐼1 (𝑡) 𝑑 2 𝐼2 (𝑡) (8)


+ 𝑅1 + 𝐿1 + 𝑀 =0
𝐶1 𝑑𝑡 𝑑𝑡 2 𝑑𝑡 2

𝐼2 (𝑡) 𝑑𝐼2 (𝑡) 𝑑 2 𝐼2 (𝑡) 𝑑 2 𝐼1 (𝑡) (9)


+ 𝑅2 + 𝐿1 +𝑀 =0
𝐶2 𝑑𝑡 𝑑𝑡 2 𝑑𝑡 2

As condições iniciais do circuito são (CHIQUITO; LANCIOTTI JR.,


2000, p.71):

𝑖1 (0) = 0;
𝑖2 (0) = 0;
𝑑𝑖1 (0) 𝑉𝐶1
= ;
𝑑𝑡 𝐿1(1 − 𝑘 2 ) (10)
20

𝑑𝑖2 (0) −𝑘𝑉𝐶1


= ;
𝑑𝑡 √𝐿1𝐿2(1 − 𝑘 2 )
Transformando as expressões 8 e 9 para notação de Laplace resulta
em:

𝐼1 (𝑡)
+ 𝑠𝑅1𝐼1 (𝑡) + 𝑠 2 𝐿1𝐼1 (𝑡) + 𝑠 2 𝑀𝐼2 (𝑡) = 0 (11)
𝐶1
𝐼2 (𝑡)
+ 𝑠𝑅2𝐼2 (𝑡) + 𝑠 2 𝐿2𝐼2 (𝑡) + 𝑠 2 𝑀𝐼1 (𝑡) = 0 (12)
𝐶1
Rescrevendo as equações em função de 𝐼1 (𝑡) e 𝐼2 (𝑡) obtem-se o
sistema de equações homogêneo que aceita a solução não trivial pois as
correntes são funções que variam em relação ao tempo:

1
𝐼1 (𝑡) [ + 𝑠𝑅1 + 𝑠 2 𝐿1] + 𝐼2 (𝑡)[𝑠 2 𝑀] = 0
𝐶1

1
𝐼1 (𝑡)[𝑠 2 𝑀] + 𝐼2 (𝑡) [ + 𝑠𝑅2 + 𝑠 2 𝐿2] = 0
𝐶2

Rescrevendo o sistema linear homogêneo em notação matricial:

1
+ 𝑠𝑅1 + 𝑠 2 𝐿1 𝑠2𝑀 𝐼 (𝑡)
𝐶1 0
[ ][ 1 ] = [ ]
1 𝐼2 (𝑡) 0
𝑠2𝑀 + 𝑠𝑅2 + 𝑠 2 𝐿2
𝐶2

Por aceitar a solução não trivial, o determinante dos coeficientes


equivale a zero e com isso é possível realizar o cálculo abaixo:

1
+ 𝑠𝑅1 + 𝑠 2 𝐿1 𝑠2𝑀
| 𝐶1 |=0
2
1 2
𝑠 𝑀 + 𝑠𝑅2 + 𝑠 𝐿2
𝐶2

𝐿1 𝐿2 𝑅1 𝑅2 1
(𝑀2 − 𝐿1𝐿2)𝑠 4 − (𝑅1𝐿2 + 𝑅2𝐿2)𝑠 3 − ( + 𝑅1𝑅2 + ) 𝑠 2 − ( + ) 𝑠 − =0
𝐶2 𝐶3 𝐶2 𝐶1 𝐶1𝐶2

Considerando as resistências R1 e R2 desprezíveis obtemos a


equação biquadrática:

𝐿1 𝐿2 2 1
(𝑀2 − 𝐿1𝐿2)𝑠 4 − ( + )𝑠 − =0
𝐶2 𝐶3 𝐶1𝐶2
21

Para resolver a expressão consideremos que x = s2. É conveniente


substituir os coeficientes da equação pela frequência angular e coeficiente de
acoplamento:

𝐴 = 𝑀2 − 𝐿1𝐿2 = 𝑘2 𝐿1𝐿2 − 𝐿1𝐿2 = 𝐿1𝐿2(𝑘2 − 1)

𝐿1 𝐿2
𝐵= + = 𝜔12 𝐿1𝐿2 + 𝜔22 𝐿1𝐿2 = 𝐿1𝐿2(𝜔12 + 𝜔22 )
𝐶2 𝐶3

1
𝐶= = 𝐿1𝐿2𝜔12 𝜔22
𝐶1𝐶2

Reescrevendo a equação, dividindo os coeficientes por L1L2 e


calculando o determinante de Bháskara, obtemos:

𝐿1𝐿2(𝑘 2 − 1)𝑥 2 − 𝐿1𝐿2(𝜔12 + 𝜔22 )𝑥 − 𝐿1𝐿2𝜔12 𝜔22 = 0

(𝑘 2 − 1)𝑥 2 − (𝜔12 + 𝜔22 )𝑥 − 𝜔12 𝜔22 = 0

∆ = (𝜔12 + 𝜔22 )2 + 4𝜔12 𝜔22 (𝑘 2 − 1)𝑥 2

2
𝜔12 + 𝜔22 4(𝑘 2 − 1)𝑥 2
∆= 𝜔14 𝜔24 ( ) +
𝜔12 𝜔22 𝜔12 𝜔22

Para a solução das incógnitas x e s temos:

2 (13)
1 2 2√
𝜔12 + 𝜔22 4( 𝑘 2 − 1) 𝑥 2
𝑥= [𝜔12 + 2
𝜔2 ± 𝜔1 𝜔2 ( 2 2 ) + ]
2( 𝑘 2 − 1) 𝜔1 𝜔2 𝜔21 𝜔22

(14)
2
1 𝜔12 + 𝜔22 4( 𝑘 2 − 1) 𝑥 2
𝑠 = ±√ [𝜔12 + 𝜔22 ± 𝜔21 𝜔22 √( ) + ]
2
2( 𝑘 − 1) 𝜔21 𝜔22 𝜔21 𝜔22

Considerando que a transferência de energia seja máxima temos que


𝜔1 = 𝜔2 = 𝜔 cuja solução da equação se expressa abaixo:

𝜔 𝜔 (15)
𝑠++ = 𝑗 𝑒 𝑠+− = 𝑗
√1 − 𝑘 √1 + 𝑘
Ou seja, as expressões fornecem as frequências características do
sistema:

𝜔 𝜔 (16)
𝜔01 = 𝑒 𝜔02 =
√1 − 𝑘 √1 + 𝑘
22

Essas equações são extremamente importantes para o cálculo da


corrente elétrica circulante nos circuitos. As correntes em circuitos RLC são
senoidais e podem ser escritas segundo mostrado em (CHIQUITO; LANCIOTTI
JR., 2000, p.72):

1 (17)
𝐼1 = 𝑄 [𝜔 𝑠𝑒𝑛(𝜔01 𝑡) + 𝜔02 𝑠𝑒𝑛(𝜔02 𝑡)]
2 𝑂 01
1 (18)
𝐼2 = 𝑄𝑂 [𝜔01 𝑠𝑒𝑛(𝜔01 𝑡) − 𝜔02 𝑠𝑒𝑛(𝜔02 𝑡)]
2
A carga 𝑄𝑂 é calculada segundo as condições iniciais dada em 10.
Portanto as expressões da corrente assumem a forma:

𝑉𝐶1 1 1 (19)
𝐼1 = 𝑋[ 𝑠𝑒𝑛(𝜔01 𝑡) + 𝑠𝑒𝑛(𝜔02 𝑡)]
𝜔√𝐿1𝐿2 √1 − 𝑘 √1 + 𝑘
𝑉𝐶1 1 1 (20)
𝐼2 = 𝑋[ 𝑠𝑒𝑛(𝜔01 𝑡) − 𝑠𝑒𝑛(𝜔02 𝑡)]
𝜔√𝐿1𝐿2 √1 − 𝑘 √1 + 𝑘

Nota-se que a tensão do circuito primário depende da tensão


acumulada pelo capacitor, portanto podemos dizer que a tensão do circuito
primário (V1) equivale à tensão do capacitor primário (VC1). Da mesma forma, a
tensão que nos interessa no secundário é a tensão que será induzida na bobina
secundária (VL2 = V2). A tensão se relaciona com a indutância pela expressão:

𝑑𝑖 (21)
𝑉2 = 𝐿
𝑑𝑡
Derivando a expressão da corrente, obtemos:

𝑉1 𝐿2 1 1
𝑉2 = 𝑋[ 𝑐𝑜𝑠(𝜔01 𝑡) + 𝑐𝑜𝑠(𝜔02 𝑡)]
√𝐿1𝐿2 √1 − 𝑘 √1 + 𝑘
𝑉1 𝐿2
𝑉𝐿 =
√𝐿1𝐿2
(22)
𝐿2
𝑉2 = 𝑉1 √
𝐿1

Concluí-se pela expressão (20) que a tensão induzida na bobina


secundária é proporcional tanto à tensão do circuito primário quanto à razão
quádrica entre a indutância na bobina secundária e a indutância na bobina
primária.
23

2.4 Teoria da tecnologia WPT

A teoria da tecnologia WPT (Wireless Power Transfer) baseia-se em


conceitos ligados a indução eletromagnética, ressonância, e ondas
eletromagnéticas. Segundo a distância de múltiplos comprimentos de onda da
fonte emissora, podemos classificar as regiões de emissão em duas: campo
próximo e campo distante. Murliky (2017, p. 20) diz que:

Em transmissão de campos próximos a energia é preferencialmente


transmitida através da indução de campos variáveis no tempo, sejam
estes campos magnéticos ou campos elétricos, utilizando os
fenômenos descritos pelas equações de Maxwell. Já para a
transmissão em campos distantes a energia _e preferencialmente
transmitida de forma irradiada, ou seja, por ondas eletromagnéticas, o
que permite alcances na transmissão para distâncias maiores

A Figura 5 ilustra as regiões de campo distante (far-field region), a


zona de transição (transition zone) e as regiões de campo próximo (near-field
region):

Figura 5. Regiões de campo segundo a distância da fonte emissora

Fonte: (UMENEI, 2011)

Campo distante é a região que se estende a mais de dois


comprimentos de onda de distância da fonte de emissão da onda. Entre o campo
distante e o campo próximo existe a região de transição que possuem
características de ambos os campos. O campo próximo é a região que possuí
menos de um comprimento de distância da fonte (ABREU, 2012).
24

A primeira tecnologia de campo próximo construída foi o


transformador de Michael Faraday e posteriormente aperfeiçoado por Ottó
Bláthy. O fenômeno de ressonância de campo próximo nos é muito útil para
criação de diversas tecnologias como, por exemplo: bobinas bifiliares de Tesla
usadas em biotelemetria; recarregamento de marca-passos, aplicações em
veículos elétricos; recarregamento de dispositivos portáteis com bateria tais
como celulares, notebooks.

Figura 6. Demonstração da técnica de acoplamento indutivo


ressonante

Fonte: (KURS, 2008)

Alguns estudos nessa área se devem aos pesquisadores do MIT


(Massachusetts Institute of Technology). A Figura 6 ilustra os experimentos.
Utilizando uma teoria de acoplamento mais adaptada, o acoplamento indutivo
ressonante, eles conseguiram acender uma lâmpada incandescente conectada
a bobina receptora a uma distância de 2 metros da bobina transmissora e com
uma eficiência de 60% (KURS, 2008).
Em 2016 pesquisadores do Imperal College London, usaram a teoria
de acoplamento indutivo para recarregar um drone enquanto ele ainda está
sobrevoando. Eles adaptaram um drone quadcóptero de 12 centímetros de
diâmetro, removeram suas baterias e fizeram um anel de cobre que circula a
carcaça do drone funcionando como antena receptora. O transmissor fica no solo
e constituía de uma placa de circuito que emitia campo magnético. O drone
25

conseguiu sobrevoar apenas 10 centímetros da fonte transmissora, mas ainda


assim é um excelente resultado para uma fase experimental.
Figura 7. Drone recarregável por acoplamento indutivo.

Fonte: Imperial College London

A bobina de Tesla é uma espécie rudimentar de tecnologia WPT de


campo próximo, por isso estudar seus mecanismos de construção e fenômenos
gerados é importante para entender como a tecnologia wireless e o sistema de
telecomunicações funciona, e como ela pode ser mais bem adaptada ao mundo.

2.5 Segurança

Um tópico bastante relevante quando trabalhamos com eletricidade


em altas tensões é o fator segurança. A bobina de Tesla merece certa cautela
no seu manuseio e, além disso, há certas variáveis que pode representar riscos
à saúde humana: a tensão de saída do transformador NST, a carga acumulada
no capacitor primário e a produção de gás ozônio. O documento Tesla Coils
Safety Information presente em Silva (2012, p.33) enumera 10 precauções para
se ter com a bobina de Tesla:

1. Nunca ajuste as bobinas de tesla quando a energia é ligada.


2. Os capacitores de alta tensão podem reter uma carga muito tempo depois
que a energia é desligada. Sempre descarregue os capacitores antes de
ajustar um circuito primário.
26

3. Verifique se as caixas de metal dos transformadores, motores, painéis de


controle e outros itens associados às bobinas de tesla estão
adequadamente aterrados.
4. Certifique-se de estar longe o suficiente da descarga corona para que ela
não possa atingir você. Não entre em contato com objetos de metal que
possam estar sujeitos a um golpe do secundário.
5. O circuito primário de baixa tensão é extremamente perigoso! Essas
tensões são especialmente letais para os seres humanos. Verifique se
esses circuitos estão bem isolados para que os usuários não possam
entrar em contato com a tensão de linha em corrente elétrica alternada.
6. Uma chave de segurança deve ser usada no circuito de baixa tensão para
impedir o uso não autorizado.
7. Use fusível adequado da energia primária e / ou disjuntores para limitar a
corrente máxima ao seu painel de controle. NÃO conte com o seu painel
de circuito doméstico para fornecer proteção adequada!
8. Nunca opere uma bobina de tesla em uma área onde haja água parada
ou onde exista um risco de choque significativo.
9. Não opere uma bobina de tesla quando houver animais de estimação ou
crianças pequenas.
10. Passe algum tempo organizando seus circuitos. Cola quente, fita isolante
e fiação exposta são rápidas e fáceis, mas podem ser letais.

Cuidados redobrados devem ser tomados com transformadores NST.


Não é aconselhado fazer ajustes com o transformador conectado à rede. A
corrente elétrica de 30 mA gerada pelo transformador é suficiente para gerar
paralisia muscular e síndromes respiratórias (BRAGA, 2005).
A corrente de pico no circuito primário é alta devido à descarga do
capacitor. Uma bobina de Tesla pequena gera correntes de 100 A no circuito
primário, portanto, não é aconselhável tocar nos circuitos desencapados de
cobre como a bobina primária, ou tocar no capacitor primário durante o
funcionamento da bobina de Tesla (BOLAÑOS; RIVERA, 2013). No secundário
embora a tensão seja na ordem de 30kV a 40 kV, a intensidade da corrente da
bobina são de algumas centenas de microampères não sendo letal mas pode
gerar pequenos choques (BARRETO, 2014).
27

Tabela 1. Lista dos efeitos fisiológicos causados por diferentes valores


de corrente.
Efeitos fisiológicos da corrente elétrica
Corrente elétrica (mA) Efeito sobre o corpo humano

1 mA Limiar da sensação

8 mA Sensação desagradável

10 mA Sensação de pânico

20 mA Paralisia muscular

40 mA Pertubações na respiração

70 mA Dificuldade extrema em respirar

90 mA Fibrilação ventricular

100 mA Morte
Fonte: Braga, 2005

Outro fenômeno que ocorre no secundário é a ionização do ar e


reações químicas onde moléculas de gás oxigênio (O2) recebem íons e se
transformam em gás ozônio (O3). O ozônio troposférico é bastante prejudicial a
saúde humana, sendo:

Os efeitos da exposição aguda mais importantes são: lesões celulares


(principalmente na região alveolar), morte das células pulmonares e
aumento das taxas de replicação (hiperplasia), decréscimo na
atividade pulmonar, inflamação das vias respiratórias e sintomas como
tosse, dor no peito, dificuldade em realizar movimentos inspiratórios
profundos e, em alguns casos, dores de cabeça e náuseas. (POLLI,
2011, p. 32)

Silva (2012, p.32) enfatiza que a bobina deve ser operada em um


ambiente com ventilação adequada para dissipar e prevenir o acúmulo de gás
ozônio, ter extintores de incêndio a disposição, e óculos de segurança.
Portadores de marca-passo devem permanecer longe da bobina.

2.6 Descrição e equacionamento da bobina de Tesla

A bobina de Tesla (BT) é um transformador elevador de alta


frequência (acima de 100kHz) e núcleo de ar composto de dois circuitos básicos:
28

o primário e o secundário (CHIQUITO & LANCIOTTI JR., 2000; SILVA, 2012).


Além disso, o aterramento é acoplado no circuito secundário. O secundário da
bobina consegue produzir uma tensão de até 1 milhão de volts e é “devido sua
alta frequência que a bobina de Tesla provém uma maneira relativamente segura
para demonstrações de altas tensões” (Netto, 2020).

Os componentes que constituem o circuito primário são: o


transformador elevador (T), o capacitor primário (C1), o centelhador ou spark-
gap (SG) e a bobina primária. O circuito secundário possui apenas dois
componentes: a bobina secundária e a antena ou capacitor secundário.

Figura 8. Diagrama esquemático de uma bobina de Tesla

Fonte: SILVA, (2012, p.60), modificada pelo autor

O funcionamento desse equipamento inicia-se com o transformador T


que eleva a tensão da rede (110-220 volts) para uma faixa de milhares de volts,
cuja energia será captada e armazenada pelo capacitor primário. Para a energia
do capacitor passar para a bobina primária faz-se uso do centelhador, que
somente deixará a corrente passar quando romper a rigidez dielétrica do ar
dentro dele. Na bobina primária, a energia elétrica é convertida em energia
magnética que induz uma tensão na bobina secundária. Essa tensão induzida
tem faixa de valores em milhões de volts e oscila em alta frequência. A energia
do circuito primário é transferida para o secundário de forma pulsada
(CHIQUITO; LANCIOTTI JR., 2000). Finalmente a energia acumulada na bobina
secundária é descarregada no ar através da antena que funciona como um
capacitor.
29

2.6.1 Escolha do transformador

Antes de partir para o equacionamento, a escolha do transformador


elevador é essencial para o projeto, pois os dados fornecidos por ele gerarão os
parâmetros necessários à construção da bobina primária e do capacitor primário,
o custo de fabricação e o tipo de material a ser escolhido. Existem três opções
de transformadores a disposição: o transformador de néon (NST), o trafo de
micro-ondas, e o flyback de TV de tubo associado a um oscilador Hartley (Ver
ANEXO 1). Dentre os três, o mais indicado é o transformador de néon devido a
praticidade e o custo.

2.6.2 Equacionamento das bobinas

Na escolha do fio de cobre das duas bobinas é muito importante saber


o tamanho do fio seguindo o padrão AWG (American Wire Gauge). Para a bobina
primária usam-se fios de numeração 10, 12 ou 14, fios ideais para altas tensões;
para a bobina secundária usam-se fios ideais para altas frequências como 22,
24, 25, 26 e 31. A escolha dos fios fica a cargo do projetista e na tabela 4
encontrada no Anexo 2 tem-se as especificações de cada bitola. É interessante
saber a resistência por metro, a corrente máxima e a frequência máxima de cada
bitola.

A parte mais complicada consiste na construção da bobina secundária


pois geralmente ela costuma ter 1000 voltas, os fios não podem ser sobrepostos
e deve-se tomar cuidado para não esticar muito o fio afim de não rompê-lo e
acabar inutilizando todo o cobre já enrolado. Silva (2012, p. 38) enfatiza uma
proporção ideal entre diâmetro do secundário (D) e comprimento da altura (H) é
1:4,8. Gallo e Corredor (2019, p.20) fornece uma fórmula para calcular o
comprimento total do fio condutor (l) usado para enrolamento atentando-se que
a fórmula é correta apenas se obedecer a relação H> 0,67r:

𝑙 = 0.02𝜋𝑟𝑁 [𝑚] (21)

A bobina secundária é um solenoide com núcleo de ar. Para o cálculo


da indutância no solenoide existem três fórmulas na literatura
30

(THOMPSON,1999), (NAGAOKA,1909) e (WHEELER 1928). A fórmula de


Wheeler é a mais indicada para fabricação de bobinas que trabalham com alta
frequência:

𝑅2 𝑋 𝑁 2 (23)
𝐿= 𝑚𝐻
2540(9𝑅 + 10𝐻)
Em que: L é a indutância do secundário (mH); R é o raio da bobina
secundária (cm); N é número de espiras; H é a altura da bobina (cm).

A capacitância parasita da bobina (𝐶𝑝𝑎𝑟𝑎𝑠𝑖𝑡𝑎 ) produzida na bobina


secundária por meio da equação de Medhurst (GALLO; CORREDOR, 2019,
p.20):

𝐻 (24)
𝐶𝑝𝑎𝑟𝑎𝑠𝑖𝑡𝑎 = (0,100976 𝑋 + 0,30963) 𝑋 𝐷 𝑝𝐹
𝐷
Ainda é útil sabermos a capacitância distribuída (Cs) na bobina
secundária (CHIQUITO; LANCIOTTI JR., 2000 p.75):
(25)
𝑅3
𝐶𝑆 = 0,29𝐻 + 0,41𝑅 + 1,94√ 𝑝𝐹
𝐻

A bobina primária possui menos espiras que a secundária.


Basicamente para o cálculo da indutância primária (Lp) deve-se considerar a
frequência de oscilação do secundário (fs) e a capacitância primária (Cp). Para
se obter a frequência de oscilação do secundário basta utilizar a equação dada
em 6 considerando a indutância secundária e como capacitância secundária, a
soma das capacitâncias parasita, capacitância distribuída e capacitância da
antena. Calculado a frequência de oscilação do secundário, usamos a expressão
dada por Rana e Pandit (2014, p.17) para o cálculo da indutância primária:
1 1 2 (26)
𝐿𝑝 [𝜇𝐻] = ( )
𝐶𝑝 2𝜋𝑓𝑠

Quanto à geometria da bobina primária, a Figura 9 ilustra três


formatos: bobina plana concêntrica (1), tem alto poder de dissipação, mas não
realiza uma indução suficiente; bobina cônica (2), tem menor dissipação de calor
que a bobina plana mas gera uma indução melhor entre o primário e o
secundário; bobina cilíndrica (3): tem menos dissipação que as anteriores porem
31

gera a melhor indução dentre as três (BERASATEGUI; BOBINO, 2019). Na


tabela 2 estão as fórmulas para cálculo das bobinas segundo suas geometrias.

Figura 9. Geometria da bobina primária

Fonte: (BERASATEGUI; BOBINO, 2019)

Tabela 2. Fórmulas para o cálculo das indutâncias seguindo as


geometrias plana concêntrica, cilíndrica e cônica.

Plana concêntrica Cilíndrica (fórmula de Wheeler)


21,5 𝑥 𝑁 2 𝑥 2𝑅 𝑁 2 𝑥 𝑅2
𝐿[𝜇𝐻] = 𝑊 𝐿[𝜇𝐻] =
1 + 2,72 22,86𝑅 + 25,4𝐻
2𝑅

Em que: N é o número de voltas da Em que: N é o número de


bobina, R é o raio em (cm), W é a largura espiras, R é o raio da bobina (cm)
da área de enrolamento (cm2). e H é a altura da bobina (cm).

Cônica
2 2
𝑅2 𝑥 𝑁 2 𝑅2 𝑥 𝑁 2

𝐿[𝜇𝐻] = [ 𝑠𝑒𝑛(𝑥)] + [ 𝑐𝑜𝑠(𝑥)]
22,8𝑅 + 25,4𝐻 22,8𝑅 + 27,94𝑊
Em que: R é o raio médio da cônica (cm), N é o número de espiras, H é a
altura da cônica (cm) e W é a largura da área de enrolamento (cm2).

Fonte: Autor adaptado de (BERASATEGUI; BOBINO, 2019)

2.6.3 Fabricação do centelhador

O centelhador ou spark-gap é o componente capaz de transmitir a energia


para a bobina primária em forma de pulsos, assim maximizando a transferência,
pois o centelhador só transmite a corrente quando a diferença de potencial do
capacitor atinge a intensidade máxima. Não é necessário fazer cálculos para
32

sua fabricação, mas é aconselhado fazer ajustes para melhorar a potência


transferida. Segundo (NETTO, 2020):

O centelhador é formado por dois terminais metálicos (cobre ou latão)


montados em isoladores de pé, os quais se fixam numa base isolante
(plástico, acrílico, madeira etc.) de (1 x 6 x 15) cm. E a distância de
centelhamento poderá variar de 2 a 4 cm, dependendo do tamanho
(capacitância) do capacitor.

Figura 10. Desenho mostrando um centelhador

Fonte: NETTO, 2020

2.6.4 Capacitor primário e secundário

O capacitor primário armazena a tensão do transformador NST e


transmite a energia acumulada para o indutor através do centelhador, e ajuda na
frequência de ressonância da bobina de Tesla. Silva (2012 p. 35) aponta certos
requisitos para uma boa escolha do capacitor: uma resistência dielétrica à alta
tensão, baixa perda em altas frequências, capacidade para suportar pulsos
elevados de corrente e variação de temperatura. A capacitância ideal está na
faixa de 0,01µF a 0,05µF (RANA; PANDIT, 2014, p. 16).

A equação 27 fornece o cálculo da capacitância segundo os


parâmetros do transformador escolhido (CASTRO; PINTO & AMAYA, 2014,
p.68):

𝐼 (27)
𝐶𝑝 = [𝜇𝐹]
2𝜋𝑓𝑉
Em que: 𝐶𝑝 é a capacitância primária, f é a frequência da rede em
hertz (costuma ser 60Hz), I é a corrente emitida pelo transformador dada em
miliampères (A) e V é a tensão gerada pelo transformador dado em kilovolts (V)
33

Existem três formas de se produzir o capacitor primário: garrafa de


Leyden, capacitor de vidro com placas paralelas, método multiminicapacitor
(MMC). O método da garrafa de Leyden (capacitor de garrafa de cerveja) não é
muito recomendável pelo fato de se tratar de um dielétrico pobre e que gera
grandes perdas (SILVA, 2012). Os dois melhores métodos de construção do
capacitor primário são: o capacitor de vidro e o MMC.

Figura 11. Confecção de um capacitor de vidro com placas de alumínio

Fonte: (NETTO, 2020)

O capacitor de vidro trata-se de um capacitor de placas paralelas cujo


dielétrico é uma lâmina de vidro e as duas armaduras são folhas de alumínio ou
chapas de zinco. A constante dielétrica do vidro pyrex equivale a 5,6. A fórmula
o cálculo da capacitância de uma célula de placas paralelas é (GNOATTO, 2013,
p.16 adaptado):

𝐴 (28)
𝐶 = 𝑘𝜀𝑂 [𝑝𝐹]
𝑑
Em que: k é a constante dielétrica do dielétrico, 𝜀𝑂 é a permissividade
elétrica do vácuo (𝜀𝑂 = 0,085𝑝𝐹/𝑐𝑚), A é a área da placa (cm), d é a distância
entre as armaduras (cm).

Podemos associar mais placas para adicionar mais capacitância ao


condensador. Para determinar o número de armaduras (N) e capacitância total
(𝐶𝑇 ) usamos a fórmula:

𝑘𝜀𝑂 𝐴 (29)
𝐶𝑇 = (𝑁 − 1) [𝑝𝐹]
𝑑
34

O MMC (multiminicapacitor) é o melhor método para se conseguir um


capacitor de alta tensão com baixas perdas dielétricas. Basicamente é uma
construção que utiliza capacitores ligados em serie e em paralelo afim de
aumentar a tensão máxima armazenada e capacitância necessária para o pulso
de energia. Segundo Silva (2012, p. 36) consiste no processo de usar vários
capacitores de pulso de alta tensão colocados em série e em paralelo, afim de
alcançar a tensão de isolamento e a capacitância desejada. Em cada capacitor
individual se associa um resistor de 1MΩ ou 10MΩ para melhor dissipar o calor
e impedir o MMC de reter uma carga perigosa (WILSON, 2020).

Figura 12. Esquema mostrando o processo de montagem do MMC

Fonte: HV Tesla

Rana e Pandit (2014, p.16) recomenda capacitores de polipropileno


protegidos com envoltório de poliéster e vedação epóxi por terem um dielétrico
de perda muito baixa, além de suportar pulsos de tempo de subida rápida e ter
bom desempenho de alta frequência. Os capacitores individuais feitos para
suportar uma tensão de 1,6KV a 2KV são os mais ideais para a construção do
MMC. Recomenda-se criar um MMC que suporte 2 ou 3 vezes a tensão do
transformador da fonte (WILSON, 2020).

Para realizar o cálculo do MMC, primeiro associa-se capacitores em série


para aumentar a tensão até a faixa desejada. Esse processo vai dividir a
capacitância pelo número de capacitores associados em série. Então, a
35

associação em paralelo é utilizada para aumentar a capacitância até a faixa


calculada pela equação 25.

A Figura 12 exemplifica o procedimento de cálculo, escolhendo um


capacitor de 5µF/1000V associando em série 5 capacitores para multiplicar a
tensão obtendo 5000 volts e dividindo a capacitância por 5; após isso realiza-se
a associação em paralelo para aumentar a capacitância dividida na associação
em série resultando nos valores 5µF/1000V para o MMC

A antena é um capacitor que descarrega a energia induzida na bobina


secundária para o ar ou para a terra criando raios devido ao centelhamento. Não
é um elemento crucial podendo ser substituído por uma haste metálica que
amplifica o poder das pontas. Se o projetista tiver interesse em colocar a antena,
duas formas são ideais: a toroidal e a esférica. Cada geometria possui uma
fórmula própria para o cálculo da capacitância (CT). Segue-se a tabela 3 com as
informações para o cálculo:

FIGURA 13. Desenho da geometria da antena. Toroidal (à esquerda) e


esférico (à direita)

Fonte: GEOCITIES

Tabela 3. Fórmulas para o cálculo do capacitor secundário

Formato Toroidal Formato Esférico

𝑑 64,516 𝑋 𝑅
𝐶𝑇 = 2,8[1,2781 − ]√0,1217𝑑(𝑑 − 𝐷) [𝑝𝐹] 𝐶𝑇 = 𝑝𝐹
𝐷 9
Em que: Em que: R é o raio da esfera
d é o diâmetro da secção transversal do toroide (cm)
(cm), D é o diâmetro exterior do toroide (cm).

Fonte: (GALLO; CORREDOR, 2019 adaptado, p. 27; RANA; PANDIT, 2014, p. 17)
36

2.7 Fenômenos observados

Nessa secção foi mostrado um pequeno resumo dos efeitos,


fenômenos e reações gerados pela bobina de Tesla. Segundo (Netto, 2020):

Uma bobina de Tesla, de bom tamanho, é provavelmente a mais


espetacular de todas as demonstrações elétricas. Descargas
semelhantes a relâmpagos, brilhantes descargas coronas,
proporcionam um efeito espetacular devido ao campo eletromagnético
formado, podendo acender lâmpadas fluorescentes e lâmpadas néon
até a dois metros de distância do aparelho.

O primeiro fenômeno bastante perceptível na bobina é o


centelhamento. Este ocorre devido à quebra da rigidez dielétrica do ar que
equivale a 3 x 10-6 V/m, valor esse que caracteriza o ar como isolante. A alta
tensão do secundário consegue facilmente gerar um campo elétrico maior que a
rigidez dielétrica do ar, transformando-o num condutor com grande quantidade
de elétrons livres, ou seja, nesse processo o ar foi ionizado e passa a gerar raios
que se dispersam pela terra ou região onde o campo elétrico da bobina não
consiga atuar.

Quando a corrente elétrica passa pelo ar, este é aquecido devido ao


efeito Joule, causando dilatação e expansão brusca que gera uma onda de
pressão de ar que é traduzido por um som ou ruído. (BARRETO, 2014, p.17). O
ruído gerado pelo centelhamento é aproveitado para gerar música na bobina de
Tesla. Destaca-se nessa área o engenheiro Fabrício Franzoli, cujo trabalho é
divulgado na plataforma de vídeos, Youtube.

Outro equipamento que pode ser bem ilustrado com o centelhamento


é a gaiola de Faraday. Essa gaiola é um equipamento feito de material condutor
e foi construída por Michael Faraday para provar a blindagem eletrostática, onde
o campo elétrico no interior do condutor é nulo e as cargas recebidas pelo
condutor são distribuídas em sua superfície, o nome desse efeito chama-se
blindagem eletrostática (ALBERGUINI, 2015, p. 28). Com isso, a bobina de
Tesla pode gerar raios que serão atraídos pela gaiola de Faraday e esta
dispersará a energia em sua superfície. Esse aparato é muito utilizado em feiras
de ciências, onde voluntários são colocados dentro da gaiola de Faraday e ao
receberem descargas não sofrem nenhum dano graças ao efeito blindagem. O
37

apresentador Ernesto Paglia do programa de televisão Fantástico participou


desse experimento.

Figura 14. Apresentador Ernesto Paglia experimentando a gaiola de


Faraday em entrevista para o Fantástico

Fonte: página do Facebook Tesla Coil - Bobina de Tesla

A bobina de Tesla também pode ser utilizada para criação de plasma.


Este representa o quarto estado da matéria gerado a partir do aquecimento de
um gás até o estágio de ionização (perda de elétrons), com isso o gás se
transforma numa sopa de elétrons e íons positivos. O plasma pode ser gerado a
partir de geradores de alta tensão e em linhas de transmissão, é o responsável
pelo efeito corona. Sabe-se também que:

Os plasmas têm partículas carregadas livres e, por isso, têm a


propriedade de conduzir eletricidade e gerar campos magnéticos. Além
disto, absorve certos tipos de radiação que passariam sem interagir em
um gás formado de moléculas neutras. (REIS, 2020)

Através da equação de Saha (BITTENCOURT, 2004, p.184) podemos


perceber que a razão entre a concentração iônica (𝑛𝑖 ) e a concentração de
átomos neutros (𝑛𝑛 ) no plasma está relacionada com a temperatura do gás, isso
considerando um sistema de equilíbrio termodinâmico:

𝑛𝑖 3 1 −𝑈 (30)
= 2,405 𝑋 1024 𝑇 2 exp ( )
𝑛𝑛 𝑛𝑖 𝑘𝑇
38

A concentração iônica corresponde a quantidade de átomos que se


converteram em íons. T é a temperatura do gás e k é a constante de Boltzmann
com valor equivalente a 1,38 x 10-23 J/K. U representa a primeira energia de
ionização, ou seja, a primeira energia para retirar um elétron da camada de
valência do átomo presente no gás.

Figura 15. Demonstração da criação de plasma por uma bobina de


Tesla.

Fonte: http://www.electricstuff.co.uk/bulb.html

A criação de plasma é mais bem observada em gases inertes, tipo


argônio ou neônio, sob baixa pressão. A bobina de Tesla é usada como fonte de
aquecimento para excitar os elétrons desses gases; os famosos globos de
plasma são construídos assim. Observam-se os efeitos do plasma acoplando-se
uma lâmpada incandescente, que possui gás argônio sob pressão de 0,08 atm,
na antena da BT.

Também é possível visualizar a ionização de gases aproximando


lâmpadas fluorescentes na bobina. Lâmpadas fluorescentes usam tubos de vidro
T4 ou T5 com revestimento de tri-fósforo e apresentam vapor de mercúrio em
seu interior. Barreto (2014, p. 19) elucida que:

No caso do mercúrio, ocorre emissão, principalmente, na faixa do


ultravioleta. Para converter o ultravioleta em luz visível, há um
39

revestimento de fósforo na parte interna da lâmpada. O fósforo absorve


o ultravioleta e decai aos poucos emitindo luz na faixa do visível.

Portanto, graças ao campo magnético ao redor da bobina, é


possível observar que as lâmpadas fluorescentes acendem mesmo sem nenhum
fio devido à excitação eletrônica no gás de vapor de mercúrio. A Figura 16 ilustra
que não somente em lâmpadas fluorescentes, o fenômeno da luminescência é
observado, mas também em qualquer gás contido em um tubo de vidro.
Interessante notar que dependendo do gás, a emissão de luz varia de coloração.
Os gases ionizados em sequência são: Hidrogênio (H), Hélio (He), Neônio (Ne),
Argônio (Ar), Kriptônio (Kr), Xenônio (Xe) e Nitrogênio (N)

Figura 16. Emissão de cor gerada pela excitação dos gases.

Fonte: UNILAD TECH

2.8 Teslaphoresis

No ramo da engenharia química existe uma área chamada


microfluídica que é:

a ciência e tecnologia que envolve o estudo do comportamento dos


fluidos, manipulação controlada de fluidos e o design de dispositivos
ou sistemas que possa executar de forma confiável tarefas em
microcanais com dimensões típicas de dezenas a centenas de
micrômetros” (LO, 2013, p. 1).

Uma das técnicas estudadas na microfluídica é a dieletroforese (DEP)


que “é um mecanismo de transporte eletrocinético que ocorre na presença de
um campo elétrico não-uniforme” (ALMEIDA, 2016, p. 18). A dieletroforese:

Promove o transporte tanto de partículas eletricamente carregadas


quanto de partículas neutras. Isso ocorre, pois quando uma partícula
neutra é submetida a um campo elétrico, seja ele uniforme ou não
uniforme, essa partícula se polariza, ou seja, há distribuição de cargas
40

positivas e negativas em lados opostos da partícula (ALMEIDA, 2016,


p.18).

Os sistemas convencionais tipo capacitor de dieletroforese são


limitados a volumes de pequena escala (faixa de micro a mililitro) e pequenas
áreas (micro a milímetro ao quadrado) devido a restrições físicas impostas pelos
dois eletrodos. Essa dificuldade foi superada com o uso do campo não uniforme
gerado pelo capacitor secundário da bobina de Tesla. Ao fenômeno de
dieletroforese realizado por uma bobina de Tesla deu-se o nome de
Teslaphoresis (Teslaforese). Com essa técnica é possível alinhar material
particulado em nano escala (BORNHOEFT; CASTILLO; et al, 2016).

Figura 17. Representação do campo não uniforme gerado pela antena

Fonte: (BORNHOEFT; CASTILLO; et al, 2016)

Observe o campo elétrico gerado pela bobina de Tesla representado


na Figura 17. As linhas amarelas são as superfícies equipotenciais de campo
elétrico, a região vermelha representa a gradiente de maior potencial elétrico, a
azul representa a gradiente de menor potencial elétrico. As linhas verdes são os
vetores da força elétrica resultante.

A teslaphoresis foi desenvolvida por pesquisadores do Rice University


em 2016. As pesquisas indicaram que a energia de radiofrequência (RF) liberada
pela antena é capaz de alinhar e montar grandes quantidades de nanotubos de
carbono (CNT’s) transformando-os em condutores de energia (BORNHOEFT;
CASTILLO; et al, 2016).
41

Os pesquisadores fizeram adaptações no modelo clássico retirando o


capacitor primário e o centelhador transformando a bobina em um transmissor
de radiofrequência com modulação em amplitude de banda estreita, acionado
continuamente em sua frequência ressonante de 2 MHz por um gerador de
plasma. O acoplamento mútuo das bobinas primária e secundária serve para
amplificar o sinal de radiofrequência.

Figura 18. Desenho 3D mostrando o processo de automontagem dos


nanotubos de carbono através da Teslaphoresis

Fonte: (BORNHOEFT; CASTILLO; et al, 2016)

A energização da bobina primária por um gerador de plasma cria um


campo magnético (B-field) que se acopla à bobina secundária resultando num
sinal de radiofrequência de alta tensão transmitido pela antena toroidal oca. O
campo elétrico (E-field) resultante será o responsável pela polarização e
automontagem dos nanotubos de carbono.

Em um dos experimentos (Figura 19), 1 mg de nanotubos de carbono


em pó foi colocado em solução de 20ml com 1% de água plurônica contidas em
um disco de Teflon localizados à 8 cm de distância da superfície da antena. Após
o sistema ser ligado, as partículas giravam rapidamente e alinhavam-se
paralelarmente ao campo elétrico da bobina de Tesla a uma velocidade de 2
cm/s resultando no final do processo, um fio automontado de 10 cm de
comprimento.
42

Figura 19. Resultado do primeiro experimento usando


Teslaphoresis

Fonte: (BORNHOEFT; CASTILLO; et al, 2016)

Em um segundo experimento, a equipe conseguiu excitar os CNT’s e


fazer dois LED’s em solução plurônica acenderem com a automontagem dos
nanotubos em cerca de 1 segundo após a exposição da energia de
radiofrequência. Foi estimado que a corrente transportada pelos nanotubos de
carbono foi de 1µA a uma potência de transmissão de 5 W.

Figura 20. Resultado da experiência envolvendo LED’s usando


Teslaphoresis. Note a rapidez de montagens dos CNT’s

Fonte: (BORNHOEFT; CASTILLO; et al, 2016

A Figura 20 mostra as etapas dos experimentos com os nanotubos de


caborno. A etapa (a) é onde não há campo magnético emitido sobre os CNT’s.
Aos 0,3s (b) é possível notar emissão de luz no LED 1 ainda fraca. Aos 0,5 s (c)
é possível observar fios de nanotubos se automontando e acendendo o LED 2.
43

Em um segundo (d) é possível observar que os nanotubos se automontaram e


construíram um fio transmissor.
44

3. CONCLUSÃO

Com o presente estudo, espera-se estimular acadêmicos em


engenharia, técnicos de eletrônica e professores de física de nível médio ou
superior à construir um protótipo de bobina de Tesla, pois esse equipamento se
mostra bastante útil para o ensino do eletromagnetismo.

O modelo clássico é a base para entender o processo de fabricação


das bobinas de estado sólido e demais modelos modificados. Portanto é de
grande valia o conhecimento das fórmulas e equações que modelam seus
componentes.

Ao acadêmico de engenharia espera-se incentivá-lo a estudar os


assuntos de eletromagnetismo principalmente porque essa matéria envolve
conhecimento de cálculo vetorial e física teórica o que dificulta a compreensão;
o envolvimento na construção de um protótipo de bobina de Tesla servirá para
por em prática os conhecimentos estudados. A construção da bobina de Tesla
pode ainda ajudar a melhorar a técnica de fabricar bobinados e capacitores de
vidro.

Para o professor de física, a bobina de Tesla lhe será útil para explicar
os fenômenos eletromagnéticos aos alunos, tomando entretanto, as devidas
medidas de segurança para evitar acidentes aos discentes e a si mesmo.

Como o campo de tecnologia wireless é um ramo em crescimento e


bastante promissor, o estudo dos diferentes tipos de acoplamento indutivo é
interessante para fabricação e aprimoramento de várias tecnologias; o
profissional nesta área poderá se beneficiar tendo compreensão do
equacionamento da bobina de Tesla, da medição dos parâmetros e do
acoplamento de bobinas.
45

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48

ANEXOS

ANEXO 1

Figura 21. Esquema de oscilador Hartley +Flyback de TV para construção


de um gerador de alta tensão

Fonte: (CAMBOIM; NASCIMENTO & CALVACANTI, 2019)

Figura 22. Ilustração do gerador de alta tensão do esquema da figura 21

Fonte: < https://www.loneoceans.com/labs/flyback/>


49

ANEXO 2

Tabela 4.Características das bitolas de fio de cobre segundo o padrão


AWG

Numeração Secção Diametro Número de Peso g/m Resistência Maxima


AWG (mm2) (mm) espiras por Ω/m frequência
cm (Hz)
0 53.48 8,252 1.21 474 0.000317 250 Hz
1 42.41 7,348 1.36 375 0.0004 325 Hz
2 33.63 6,544 1.52 295 0.0005 410 Hz
3 26.67 5,827 1.71 237 0.00063 500 Hz
4 21.15 5,189 1.93 188.40 0.000815 650 Hz
5 16.76 4,620 2.16 149.35 0.001028 810 Hz
6 13.23 4,115 2.43 118.48 0.001296 1100 Hz
7 10.55 3,665 2.73 93.99 0.001634 1300 Hz
8 8,367 3,264 3.06 74.54 0.002061 1650 Hz
9.. 6,633 2,906 3.44 59.09 0.002600 2050 Hz
10 5,260 2,588 3.86 46.86 0.003278 2600 Hz
11 4,169 2,304 4.34 37.14 0.004135 3200 Hz
12 3,307 2,052 4.87 29.46 0.005213 4150 Hz
13 2,627 1,829 5.44 23.41 0.006562 5300 Hz
14 2,081 1,628 6,14 18,54 0.008283 6700 Hz
15 1,651 1,450 6.90 14.71 0.010441 8250 Hz
16 1,307 1,290 7.75 11.64 0.013192 11 k Hz
17 1,040 1,151 8.69 9,270 0.016570 13 k Hz
18 0.8235 1,024 9.76 7,337 0.020935 17 kHz
19 0.6533 0.912 10.9 5,820 0.026393 21 kHz
20 0.5191 0.813 12.3 4,625 0.033212 27 kHz
21 0.4117 0.724 12.8 3,668 0.041880 33 kHz
22 0.3247 0.643 15.5 2,893 0.053096 42 kHz
23 0.2588 0.574 17.4 2,305 0.066628 53 kHz
24 0.2051 0.511 19.6 1,827 0.084070 68 kHz
25 0.1626 0.455 22.0 1,449 0.106037 85 kHz
26 0.1282 0.404 24.7 1,142 0.134499 107 kHz
27 0.1024 0.361 27.7 0.912 0.168449 130 kHz
28 0.0804 0.320 31.2 0.716 0.214379 170 kHz
29 0.0647 0.287 34.8 0.576 0.266513 210 kHz
30 0.0507 0.254 39.3 0.451 0.340263 270 kHz
31 0.0401 0.226 44,2 0,357 0,429799 340 kHz
32 0.0324 0,203 49,2 0,288 0.532709 430 kHz
33 0.0254 0,180 55,5 0,227 0.677543 540 kHz
34 0.0201 0,160 62,5 0,179 0.857516 690 kHz
35 0.0158 0.142 70.4 0.141 1,088693 870 kHz
36 0.0127 0.127 78.7 0.113 1,361052 1100 kHz
37 0.0102 0.114 87.7 0.0909 1,689166 1350 kHz
38 0.0082 0.102 98.0 0.0728 2,109997 1750 kHz
39 0.0062 0.089 112 0.0554 2,771419 2250 kHz
40 0.0049 0.079 126 0.0437 3,517450 2900 kHz
Fonte: (BERASATEGUI; BOBINO,2019, pg. 9)
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