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O movimento antimanicomial no Brasil

ARTIGO ARTICLE
The anti-asylum movement in Brazil

Lígia Helena Hahn Lüchmann 1


Jefferson Rodrigues 1

Abstract This study reviews the history of the Resumo O presente trabalho visa resgatar a tra-
national anti-asylum struggle in Brazil. It analyzes jetória histórica do movimento nacional da luta
some of the movement’s difficulties, achievements antimanicomial no Brasil, bem como analisar al-
and challenges. The theory of social movements is gumas de suas dificuldades, realizações e desafi-
used here as an important analytical tool to os. A teoria dos movimentos sociais é aqui consi-
understand this collective action, to the degree in derada como importante chave analítica para se
which theory allows an appraisal of this type of compreender esta ação coletiva, na medida em que
social action rooted in its many configurations, possibilita a avaliação deste tipo de ação social a
evidencing the complexity of the contemporary partir de suas múltiplas configurações, atestando
world. The anti-asylum movement is composed o grau de complexidade do mundo contemporâ-
of many stakeholders whose struggles and conflicts neo. O movimento antimanicomial constitui-se
have been developed through different social- como um conjunto (plural) de atores, cujas lutas
political-institutional dimensions. It encompasses e conflitos vêm sendo travadas a partir de dife-
at different moments and to different degrees, a rentes dimensões sócio-político-institucionais.
movement which articulates solidarity and conflict Trata-se de um movimento que articula, em dife-
relations and social denunciations in an attempt rentes momentos e graus, relações de solidarieda-
to transform relations and conceptions that are de, conflito e de denúncias sociais tendo em vista
discriminatory and which are intended to control as transformações das relações e concepções pau-
the “insane” and “insanity” in our country. tadas na discriminação e no controle do “louco” e
Key words Social movements, Madness, Anti- da “loucura” em nosso país.
asylum movement Palavras-chave Movimentos sociais, Loucura,
Movimento anti-manicomial
1
Centro de Filosofia e
Ciências Humanas,
Departamento de
Sociologia e Ciência
Política, Universidade
Federal de Santa Catarina.
Campus Universitário
Trindade, Trindade.
88040-900 Florianopolis SC.
ligia@cfh.ufsc.br
1
Universidade Federal de
Santa Catarina.
400
Lüchmann, L.H.H. & Rodrigues, J.

Introdução fios parecem se dramatizar frente ao grau de dis-


criminação e controle cultural e institucional
Iniciamos este artigo com uma constatação: a acerca do “louco” e da “loucura” em nosso país.
quase ausência, no vasto campo da produção te- Neste artigo, pretende-se apresentar as dife-
órica sobre os movimentos sociais no Brasil, de rentes dimensões do movimento da luta antima-
estudos sobre o movimento da luta antimanico- nicomial, mostrando algumas dificuldades e de-
mial. Não é apenas retornando o olhar para a rica safios dessa dinâmica movimentalista que acom-
produção entre os fins dos anos de 1970 a fins panha as contradições e exigências do mundo
dos 80 – período “áureo” das ações movimenta- social. Nesses novos tempos, a complexidade das
listas no país – que se constata este silêncio, pois ações coletivas segue à risca a complexificação das
o mesmo se reproduz no conjunto da literatura relações sociais.
contemporânea que procura atualizar e incorpo-
rar outros eixos temáticos das lutas e demandas
coletivas no campo da produção teórica das Ciên- Conceituando movimentos sociais
cias Sociais1,2 .
Embora de significativa relevância analítica, Para os propósitos deste artigo, apresentamos um
esta ausência não se constitui em objeto de refle- conjunto de características que, ao nosso ver, con-
xão no presente artigo. Ao contrário, busca-se formam um conceito analítico acerca dos movi-
aqui registrar a importância, ou a presença deste mentos sociais bastante frutífero para pensarmos
movimento social, na luta pela transformação das estes atores coletivos no mundo contemporâneo.
práticas e concepções sobre a loucura em nosso Alberto Melucci3,7 constitui-se aqui como refe-
país. O registro dessa presença vem marcado por rência central, na medida em que suas análises
uma compreensão teórica que coloca a ação mo- buscam atualizar e apreender este fenômeno a
vimentalista no centro da mudança social. partir de suas múltiplas configurações. Para o
Desafiar os códigos dominantes3, romper com autor, os movimentos sociais são, acima de tudo,
as invisibilidades e os silêncios, trazer à luz do dia os profetas do presente: “anunciam a mudança
as realidades ancoradas em relações de poder e possível, não para um futuro distante, mas para
dominação envernizadas por discursos compe- o presente da nossa vida. Obrigam o poder a tor-
tentes4: eis os principais méritos e desafios dos nar-se visível e lhe dão, assim, forma e rosto. Fa-
movimentos sociais na contemporaneidade. Por- lam uma língua que parece unicamente deles, mas
tadores de solidariedade e agentes de conflito, os dizem alguma coisa que os transcende e, deste
movimentos sociais são considerados portadores modo, falam para todos” 7
privilegiados das denúncias às variadas formas de Melucci3,7 traz, ao nosso ver, de forma origi-
injustiça social. nal e profunda, uma abordagem teórica sobre os
No interior da literatura brasileira, encontra- movimentos sociais que procura romper com
mos pelo menos duas dimensões acerca da impor- perspectivas reducionistas e dicotomizadas. Ao
tância dos movimentos sociais: seus impactos na incorporar, para além dos atores propriamente
esfera cultural, buscando alterar padrões de soci- ditos, o contexto, os recursos e as interações so-
abilidade com traços autoritários, discriminató- ciopolíticas, oferece pistas analíticas inovadoras
rios e opressivos; e as investidas (e impactos) no para a compreensão das inter-relações (objetivas
campo da institucionalidade, tendo em vista de- e subjetivas) do agir coletivo.
mocratizar as agências e instituições político-so- Assim, uma das características centrais deste
ciais. Nesta perspectiva, amplia-se a própria no- quadro analítico diz respeito à compreensão de
ção de política que, muito além dos espaços e apa- que os movimentos sociais não se constituem
ratos público-estatais, diz respeito a uma prática como fenômenos coletivos homogêneos ou como
inscrita no cotidiano das relações sociais5,6. personagens dotados de vontades, projetos e sen-
Dentre o conjunto de atores, temas e deman- tidos independentes dos impulsos, pressões e res-
das (problemática urbana, rural, gênero, etnia, trições do contexto societal – como puras subje-
raça, sexualidade, violência, etc.) que busca in- tividades. Muito menos constituem-se como re-
terferir no plano da sociabilidade e da institucio- flexos ou efeitos automáticos e necessários da re-
nalidade, trazendo a público inúmeras denúnci- alidade objetiva. Antes de mais nada, os movi-
as, questionamentos e reflexões, ampliando, por- mentos sociais são ações coletivas de caráter frag-
tanto, as fronteiras e limites da política e recrian- mentário e heterogêneo que destinam boa parte
do o conceito de cidadania, ressalta-se o movi- de suas energias e recursos para o gerenciamento
mento da luta antimanicomial. Suas lutas e desa- de sua complexidade.
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Diferente de um sujeito dotado de interesses ação se refere”7. É na combinação (convém res-
e de racionalidade própria, “a ação coletiva é um saltar as diferentes combinações e configurações
sistema de ação multipolar que combina orien- desses [e outros] fatores no plano empírico, já que
tações diversas, envolvendo atores múltiplos e os diferentes movimentos sociais apresentam di-
implica um sistema de oportunidades e de vín- ferentes significados quanto aos objetivos, estru-
culos que dá forma às suas relações”7. Trata-se de turas e mecanismos de organização; assim, apre-
um processo de construção de identidades que sentam caráter mais ou menos reivindicativo e/
depende da inter-relação entre as oportunidades ou mais ou menos antagonista, entre outros) des-
(materiais e simbólicas) e o grau de oposição en- sas três características que está assentada, no pla-
tre orientações diversas. Os objetivos da ação (o no analítico, a especificidade dos movimentos
sentido da mesma para o ator), os meios (possi- sociais frente a outros tipos de ação ou organiza-
bilidades e limites da ação) e o ambiente (o cam- ção coletiva.
po em que a ação se realiza) conformam os três O caráter conflitante e antagonista está rela-
eixos básicos que operam na constituição – dinâ- cionado às alterações nos mecanismos e nas res-
mica e complexa – das identidades, das escolhas significações do sentido da produção nas socie-
e dos resultados da ação movimentalista. dades complexas: combatem a dominação e o
Além do que, os movimentos sociais, nas so- controle (político, técnico, mercantil) através da
ciedades complexas, são redes de ações que dese- defesa do sujeito e de princípios universalistas de
nham uma estrutura submersa, um mosaico for- liberdade e igualdade10. Assim, produzir não sig-
mado por indivíduos e grupos que, em estado de nifica mais (e apenas) um processo voltado para
latência, gestionam, no cotidiano, as lutas, refle- a produção e circulação de mercadorias, mas, fun-
xões e os questionamentos acerca da realidade damentalmente o controle de sistemas simbóli-
social. A visibilidade ocorre nas ocasiões de mo- cos, da produção das informações, dos sentidos e
bilizações coletivas que trazem à esfera pública, das relações sociais: “Os conflitos se movem, en-
a partir de manifestações, protestos, encontros, tão, rumo à apropriação do sentido contra os
eventos, a condensação, socialização, os conflitos aparatos distantes e impessoais que fazem da ra-
e recriações deste mundo latente. cionalidade instrumental a sua ‘razão’ e sobre esta
Pode-se inferir, seguindo análise de Doimo8, base impõem identificação. As questões antago-
que estas redes conformam um campo ético-po- nistas não se limitam a atingir o processo produ-
lítico enquanto compartilhamento de relações tivo em sentido estrito, mas consideram o tem-
interpessoais e de atributos culturais, capazes de po, o espaço, as relações, o si-mesmo dos indiví-
influir nos padrões culturais e nas formas de or- duos. Surgem questões relacionadas com o nas-
ganização político-institucional. Dito de outra cimento, com a morte, com a saúde, com a doen-
forma, a idéia de redes vai além de uma dimen- ça, que colocam, em primeiro plano, a relação
são estratégica, caracterizada, entre outros, pela com a natureza, a identidade sexual e afetiva, do
capacidade de articulação, organização e mobi- agir individual. Nessas áreas, aumenta a interven-
lização, na medida em que comporta, de forma ção dos aparatos de controle e de manipulação,
nuclear, uma noção de solidariedade pautada no mas se manifesta, também, uma reação difusa às
compartilhamento de princípios e valores. Se- definições externas de identidade, surgem ques-
gundo Scherer-Warren a solidariedade apresen- tões de reapropriação que reivindicam o direito
tará um “caráter emancipatório, ou em direção de ser eles mesmos.”7
à realização de uma cidadania plena, à medida O que está em jogo, portanto, é a reapropria-
que for acompanhada por um pensamento crí- ção do sujeito; do sentido e da motivação huma-
tico e auto-reflexivo em relação as suas práticas na; reapropriação da capacidade de forjar sua
e experiências”9. própria identidade, capacidade esta historica-
A articulação em forma de redes e o caráter mente amputada pelos processos de manipula-
multipolar dos movimentos sociais são elemen- ção e controle dos aparatos de gestão dos siste-
tos centrais na análise das ações coletivas contem- mas complexos. Esse controle se dramatiza no que
porâneas. Porém, há um conjunto de caracterís- diz respeito aos códigos e sentidos dominantes
ticas que fundamentam – e especificam analiti- acerca do louco e da loucura e de sua “adminis-
camente – este tipo de ação coletiva. De acordo tração” institucional. É neste campo que entra em
com Melucci7, “um movimento social é uma ação cena o movimento da luta antimanicomial.
coletiva cuja orientação comporta solidariedade,
manifesta um conflito e implica a ruptura dos li-
mites de compatibilidade do sistema ao qual a
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Contexto e trajetória do movimento que o homem, ideológica e idealisticamente, consi-


antimanicomial no Brasil dera como normal. E louco é o sujeito destas vivên-
cias (“erlebenis”) e destas experiências. (Depoi-
Louco, loucura e manicômio mento pessoal. Paulo Amarante, pesquisador da
Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ)
Dentre as diferentes práticas e mecanismos de
exclusão e controle que vêm operando – e se so-
fisticando – em nossas sociedades, sobressai-se, Breve trajetória do movimento
em seus múltiplos aspectos, a realidade do “lou- antimanicomial
co e da loucura”. Transformada, pelos saberes
médicos, em doença, alienação, desajuste, irraci- Este início está detalhado no livro Loucos pela Vida:
onalidade e perversão, a loucura carrega um con- a trajetória da reforma psiquiátrica no Brasil11.
junto de práticas, concepções e saberes que, an- Seguindo a trajetória de muitos outros movi-
corados em uma moralidade ditada pelos bons mentos sociais do país, é no contexto da abertura
costumes, pela ordem e pelo trabalho produtivo, do regime militar que surgem as primeiras mani-
faz desligar, de forma explicitamente violenta, os festações no setor de saúde, principalmente atra-
diferentes laços de construção e pertencimento vés da constituição, em 1976, do Centro Brasilei-
humanos. Legitimado pelo saber, esse desliga- ro de Estudos de Saúde (CEBES) e do movimento
mento opera através de um discurso que “subtrai de Renovação Médica (REME) enquanto espaços
a totalidade subjetiva e histórico-social a uma lei- de discussão e produção do pensamento crítico
tura classificatória do limite dado pelo saber mé- na área. É basicamente no interior destes setores
dico [...] uma leitura produtora da redução, ex- que surge o Movimento dos Trabalhadores de Saú-
clusão e morte social.”11 de Mental, movimento este que assume papel re-
O manicômio é a tradução mais completa levante nas denúncias e acusações ao governo mi-
dessa exclusão, controle e violência. Seus muros litar, principalmente sobre o sistema nacional de
escondem a violência (física e simbólica) através assistência psiquiátrica, que inclui práticas de tor-
de uma roupagem protetora que desculpabiliza a tura, fraudes e corrupção. As reivindicações giram
sociedade e descontextualiza os processos sócio- em torno de aumento salarial, redução de núme-
históricos da produção e reprodução da loucura. ro excessivo de consultas por turno de trabalho,
A ruptura com o modelo manicomial signifi- críticas à cronificação do manicômio e ao uso do
ca, para o movimento, muito mais do que o fim eletrochoque, melhores condições de assistência
do hospital psiquiátrico, pois toma como ponto à população e pela humanização dos serviços. Este
de partida, de acordo com Abou-Yd & Silva12, a movimento dá início a uma greve (durante oito
crítica profunda aos olhares e concepções acerca meses no ano de 1978) que alcança importante
deste fenômeno. Significa a “contraposição à ne- repercussão na imprensa.
gatividade patológica construída na observação Com a realização do V Congresso Brasileiro
favorecida pela segregação e articuladora de no- de Psiquiatria, em outubro de 1978, testemunha-
ções e conceitos como a incapacidade, a pericu- se o início de uma discussão política que não se
losidade, a invalidez e a inimputabilidade”. “Sig- limita ao campo da saúde mental, estendendo-se
nifica ainda mirar a cidade como o lugar da in- para o debate sobre o regime político nacional.
serção”; a possibilidade de ocupação, produção e Importante se faz destacar, neste processo, a vin-
compartilhamento do território a partir de uma da ao Brasil de Franco Basaglia, Felix Guattari,
cidadania ativa e efetiva. Robert Castel e Erving Goffman para o I Con-
Seguindo concepção de Foucault, militantes gresso Brasileiro de Psicanálise de Grupos e Ins-
do movimento, a exemplo de Paulo Amarante, tituições no Rio de Janeiro. Em 1979 ocorre, em
utilizam os termos louco e loucura numa pers- São Paulo, o I Encontro Nacional do Movimento
pectiva mais ampla e geral: dos Trabalhadores em Saúde Mental, cujas dis-
Talvez sem definição precisa, mas que se opõe à cussões centraram na necessidade de um estrei-
doença mental, conceito construído pela psiquia- tamento mais articulado com outros movimen-
tria que reduz a complexidade daquela concepção tos sociais, e (em Belo Horizonte), o III Congres-
mais geral, inespecífica, inexplicável em sua tota- so Mineiro de Psiquiatria que, afinado com o
lidade, que é a de loucura, e que a reduz a apenas MTSM11, propõe a realização de trabalhos “alter-
um distúrbio biológico ou psicossocial (ou ambos). nativos” de assistência psiquiátrica. O ano de 1987
Então loucura se refere a esta experiência humana se destaca pela realização de dois eventos impor-
de estar no mundo de uma forma diversa daquela tantes: a I Conferência Nacional de Saúde Men-
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tal e o II Congresso Nacional do MTSM11 (em te em direção à ruptura radical com uma pers-
Bauru/SP). Este segundo evento vai registrar a pectiva tecnificista sobre a loucura.
presença de associações de usuários e familiares, No espaço de seis anos, compreendidos entre
como a “Loucos pela Vida” de São Paulo e a Soci- 1987 e 1993, várias articulações foram realizadas,
edade de Serviços Gerais para a Integração Soci- diversos núcleos do movimento foram se consti-
al pelo Trabalho (SOSINTRA) do Rio de Janeiro, tuindo e, no ano de 1993, consolidando o Movi-
entre outras. Com a participação de novas asso- mento Nacional da Luta Antimanicomial
ciações, passa a se constituir em um movimento (MNLA)13, foi realizado o I Encontro Nacional
mais amplo, na medida em que não apenas tra- da Luta Antimanicomial em Salvador/BA (neste
balhadores, mas outros atores se incorporam à encontro, é elaborada a carta sobre os direitos dos
luta pela transformação das políticas e práticas usuários e familiares dos serviços de saúde men-
psiquiátricas11. tal), cujo eixo principal das discussões girava em
Esse momento marca uma renovação teórica torno da organização do movimento. De acordo
e política do MTSM11, através de um processo de com o Relatório Final do I Encontro do Movi-
distanciamento do movimento em relação ao mento Nacional da Luta Antimanicomial13: “O
Estado e de aproximação com as entidades de movimento da luta antimanicomial é um movi-
usuários e familiares que passaram a participar mento social, plural, independente, autônomo
das discussões. Instala-se o lema do movimento: que deve manter parcerias com outros movimen-
por uma sociedade sem manicômios. Este lema tos sociais. É necessário um fortalecimento atra-
sinaliza um movimento orientado para a discus- vés de novos espaços de reflexões para que a so-
são da questão da loucura para além do limite ciedade se aproprie desta luta. Sua representação
assistencial, concretizando a criação de uma uto- nos conselhos municipais e estaduais de saúde,
pia que passa a demarcar um campo de crítica à nos fóruns sociais, entidades de categorias, mo-
realidade do “campo” da saúde mental, principal- vimentos populares e setores políticos seriam al-
mente do tratamento dado aos “loucos”. Atual- gumas formas de fortalecimento”.
mente, esta discussão é retomada, principalmen-
te em Santa Catarina, sob a égide “por uma vida
sem manicômios”, já que a sociedade pode tam- As investidas e conquistas do movimento
bém ser o manicômio.
Tendo em vista uma significativa aproxima- A busca por uma radical transformação nas rela-
ção dos usuários e dos familiares, é criado, neste ções sociedade/louco/loucura é desenhada pelo
II Congresso, o Manifesto de Bauru que, segundo MLA com base em várias dimensões do processo
Silva14, constitui-se como uma espécie de docu- da Reforma Psiquiátrica. Amarante17 conceitua
mento de fundação do movimento antimanico- Reforma Psiquiátrica (RP) como um processo
mial que marca a afirmação do laço social entre social complexo que se configura na e pela arti-
os profissionais com a sociedade para o enfren- culação de várias dimensões que são simultâneas
tamento da questão da loucura e suas formas de e inter-relacionadas, que envolvem movimentos,
tratamento. atores, conflitos e uma transcendência do objeto
A partir deste manifesto, surge a Articulação de conhecimento que nenhum método cogniti-
Nacional da Luta Antimanicomial que, segundo vo ou teoria podem captar e compreender em sua
Lobosque15, significa: “Movimento – não um par- complexidade e totalidade. O processo da RP, só
tido, uma nova instituição ou entidade, mas um pode ser discutido dentro de quatro dimensões:
modo político peculiar de organização da socie- dimensão epistemológica ou teórico-conceitual
dade em prol de uma causa; Nacional – não algo - referente a novas categorias para pensar o fazer
que ocorre isoladamente num determinado pon- e dar-lhe suporte: “Uma prática a espera de teo-
to do país, e sim um conjunto de práticas vigen- ria”, como dizia Saraceno18 . Neste campo, não há
tes em pontos mais diversos do nosso território; uma teoria produzida pelo MLA, mas teorias que
Luta – não uma solicitação, mas um enfrentamen- se aproximam deste e que o instrumentalizam, a
to, não um consenso, mas algo que põe em ques- exemplo dos livros: Princípios para uma clínica
tão poderes e privilégios; Antimanicomial – uma antimanicomial19; Experiências da Loucura15; Clí-
posição clara então escolhida, juntamente com a nica em Movimento20; Loucura, ética e Política: es-
palavra de ordem indispensável a um combate critos militantes21; Dialética dos Movimentos soci-
político, e que desde então nos reúne: por uma ais no Brasil: Por que Reforma Psiquiátrica?22; di-
sociedade sem manicômios”. mensão técnico-assistencial – o cuidado em saú-
Para a autora15, abre-se e publiciza-se o deba- de mental é o elemento motivador para esta di-
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Lüchmann, L.H.H. & Rodrigues, J.

mensão23; dimensão jurídico-politico – ênfase nos cada Estado, o espaçamento dos encontros de dois
direitos24; e dimensão sociocultural - modificar a para três anos, a continuidade dos encontros de
concepção e o estereótipo que se mantém sobre usuários e familiares, também para três anos, e a
o louco e a loucura. realização de feiras culturais, nos espaços vagos,
para pessoas a fim de conhecer e participar das
atividades do movimento - o encontro terminou
Atores, dificuldades e limites sem que se conseguissem deliberar a composição
do movimento da luta antimanicomial da próxima Secretaria Executiva Nacional e os
representantes para a Comissão Intersetorial de
Os atores sociais da reforma psiquiátrica nas dé- Saúde Mental. Após este V encontro, e devido a
cadas de 1970 e 1980 vêm constituindo um cam- sua inconclusão, houve duas plenárias nacionais26,
po de ações e lutas sociais, a partir de um con- sendo que da participação da I plenária nacional
junto de sujeitos e setores11, quais sejam: o Movi- para a II, houve uma ruptura, ou um desmem-
mento dos Trabalhadores em Saúde Mental, hoje bramento de algumas lideranças do MLA, resul-
MLA, por se constituírem em um sujeito político tando na configuração de uma outra forma or-
privilegiado na conceituação, divulgação, mobi- ganizativa em virtude dos conflitos acerca das
lização e implantação de práticas transformado- formas organizativas e estruturantes do MLA. “O
ras, na fundação de uma reflexão profunda e crí- comparecimento à plenária de São Paulo, em
tica ao modelo da psiquiatria, fazendo surgir, des- 2002, foi nosso derradeiro esforço no sentido de
ta forma, uma nova política de saúde mental; a solucionar tais problemas: lamentavelmente, se-
Associação Brasileira de Psiquiatria, por esta en- quer conseguimos pautar sua discussão. A partir
tidade estar preocupada com aspectos de aprimo- daí, decidimos não comparecer ao último Encon-
ramento científico no campo da psiquiatria; o tro de Usuários e Familiares, ocorrido em Xerém,
setor privado, representado pela Federação Bra- em setembro deste ano” (este trecho faz parte do
sileira de Hospitais, que disputa verbas da previ- manifesto intitulado: Fundação da Rede Nacio-
dência social; a indústria farmacêutica, que di- nal Internúcleos da Luta Antimanicomial – Ma-
vulga a ideologia do medicamento como recurso nifesto pela luta antimanicomial em boa compa-
fundamental, senão único, no tratamento dos nhia, enviado ao Conselho Nacional de Saúde em
transtornos mentais; as associações de usuários e março de 2003). Segue ainda: “Não permanece-
familiares, que deixam de ser objeto de interven- remos como reféns em nosso próprio campo,
ção psiquiátrica para tornarem-se agentes de imobilizados em nome de uma unidade suposta,
transformação da realidade. Assim, são estes ato- ou de uma falsa aparência: retiramo-nos, pois, de
res que, com suas ideologias, perspectivas e prá- um espaço organizativo que já rompeu há mui-
ticas diferentes constituem um cenário conflitan- to, a nosso ver, com o pacto de Fundação do Mo-
te, de enfrentamento e que conferem o principal vimento Nacional da Luta Antimanicomial, em
campo das tensões na área da saúde mental e psi- Salvador”.
quiátrica no Brasil. Constituiu-se, a partir de março de 2003, a
Em um plano geral, os conflitos referentes à Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimani-
questão do louco e da loucura se tornam mais comial, que realizou o seu primeiro encontro
evidentes entre os setores que estão localizados nacional em dezembro de 2004 no estado do Ce-
em campos antagônicos: os antimanicomialistas ará (CE). Este novo movimento no campo anti-
versus os manicomialistas. manicomial reúne lideranças expressivas de pro-
Além desses conflitos, percebe-se importantes fissionais, usuários e familiares organizados em
diferenças e disputas no interior do próprio mo- vários estados do país através de associações que
vimento de luta antimanicomial. Exemplo disso reúnem estes segmentos. Possuem espaços e fó-
foram os desgastes que ocorreram no V Encontro runs organizados que visam discutir a clinica an-
Nacional. Para Lobosque25, o limite do insuportá- timanicomial, a Reforma Psiquiátrica e a militân-
vel atingiu sua extremidade no V encontro do cia política, entre outros.
MLA, já que o crescimento numérico de partici- O mais antigo destes atores, o Movimento
pantes torna-se inversamente proporcional a sua Nacional da Luta Antimanicomial realizou sua
preparação e formação política que emana pobre- segunda plenária em Outubro de 2002 em São
za de debates e propostas sem reflexão. Paulo e teve como pautas: avaliação da conjun-
Tendo em vista os conflitos e impasses – en- tura nacional e sua relação com o Movimento da
tre os impasses, destaca-se: a constituição de um Luta Antimanicomial; formato da Secretaria Exe-
colegiado nacional com dois representantes de cutiva Nacional colegiada gestão 2002/2004; VI
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encontro de usuários e familiares; participação monia de uma política de reforma do Estado ca-
do MLA no Fórum Social Mundial/2003, em Por- racterizada por medidas de privatização, tercei-
to Alegre. rização e redução dos direitos sociais.
c) As diferenças de recursos, de interesses e de
poder entre os diferentes segmentos que com-
Alguns impasses e desafios põem o movimento antimanicomial. De acordo
com Vasconcelos27, [o MLA vem] “reivindicando
As diferenças de propostas no interior do movi- um reconhecimento das características particu-
mento expressam algumas divergências e confli- lares dos usuários e familiares enquanto atores
tos neste campo. A existência de três segmentos - políticos. Seria necessário, por exemplo, reconhe-
usuários, familiares e profissionais - é um ingre- cer os parcos recursos econômicos e culturais da
diente importante no aumento da complexidade maioria dos militantes usuários e familiares para
identitária e na formulação de interesses. a plena participação na vida associativa e políti-
Apresentando um perfil mais cuidadoso acer- ca”. Há que se ressaltar a importância de medidas
ca do quadro associativo que atua no campo da e estratégias de ampliação da qualificação dos
saúde mental no Brasil, Vasconcelos27 analisa al- militantes.
gumas dificuldades e conflitos no interior deste Assim, parece oportuno apresentarmos aquilo
campo. Interessa aqui destacar: que nos parece constituir alguns dos principais
a) As divergências acerca da constituição iden- desafios do movimento:
titária do movimento. Se para alguns tornou-se 1. A relação ou articulação entre os diferentes
cada vez mais necessária a autonomização dos atores, interesses e identidades. Em vez de nos
segmentos, para outros, essa autonomização perguntarmos se o movimento deve ser autôno-
implicaria em polarizar artificialmente e de for- mo, de usuários, de familiares e /ou de trabalha-
ma desnecessária conflitos dentro dos serviços e dores, já que os usuários e familiares vêm reali-
grupos, como também no risco de aumentar a já zando seus encontros nacionais, parece mais
frágil situação econômica do movimento para oportuno refletirmos acerca do reconhecimento
bancar a própria organização e os encontros. da pluralidade e das diferenças e da constituição
Além disso, aumentaria a fragmentação e isola- de um campo ético político comum. Para Lobos-
mento político do movimento como um todo, em que25, a ética diz respeito à constituição de um
um contexto (neoliberal) de forte competição por coletivo político capaz de falar em seu próprio
recursos escassos entre os diversos ramos das po- nome. Assim, reconhecer as diferentes identida-
líticas sociais e de saúde27. des pode, ao invés de implicar em fragmentações,
Vasconcelos28 mostra como estas diferenças se fazer valer o princípio da pluralidade e da cons-
dão também nos movimentos de usuários em saú- trução de espaços públicos que respeitem as di-
de mental dos países do norte europeu e dos Es- ferentes falas e lugares dos diferentes sujeitos. O
tados Unidos. Nestes, há muita discussão sobre a tratamento igual dos diferentes requer um con-
representação e a organização autônoma dos usu- junto de ações direcionadas para o “empodera-
ários em relação a familiares e trabalhadores. Por mento”31 dos segmentos e o respeito às suas espe-
exemplo, conforme Vasconcelos28, uma grande li- cificidades. Trata-se, de maneira geral, do reco-
derança sueca chamada Maths Jesperson defen- nhecimento das diferenças e do combate às desi-
de o movimento próprio dos usuários “para não gualdades, no fortalecimento de um campo éti-
misturar profissionais e famílias falando em nos- co-político pautado nos valores da solidarieda-
so nome. Há interesses diferentes. O diálogo en- de, democracia e justiça social.
tre os três deve se iniciar com este reconhecimen- 2. A combinação de diferentes estratégias de
to e nós temos de lutar para afirmar nossa expe- organização e luta, rompendo com perspectivas
riência e pontos de vista próprios” maniqueístas que optam ou pela inserção insti-
b) Os embates acerca da polarização entre tucional ou pela mobilização social. Afinal, estas
prática institucional versus mobilização social. dimensões constituem diferentes espaços da vida
Seguindo orientação mais geral do associativis- social que se impactam mutuamente. Quanto aos
mo no país em direção a um processo de institu- conflitos sobre a organização do movimento – o
cionalização29, tais embates vêm pautando os de- modo como está estruturado e organizado (a se-
bates no interior da sociedade civil brasileira30 e cretaria executiva, sua composição, suas subse-
estão marcados não apenas pelo contexto demo- cretarias) – parece que ainda não se tem uma for-
crático, que abriu diferentes canais de participa- ma organizativa que contemple uma ação “mais”
ção e controle social, como também pela hege- conjunta e articulada.
406
Lüchmann, L.H.H. & Rodrigues, J.

3. Além da luta institucional (no interior das criam, possibilitam e marcam a presença da lou-
instituições de saúde, a ocupação de espaços con- cura na cidade”.
selhistas, a articulação com a política partidária O MLA constitui-se como um importante
e com os atores governamentais, etc.) e da ação movimento social na sociedade brasileira, na me-
sociocultural (tendo em vista transformar as re- dida em que se organiza e se articula tendo em
presentações sociais), há que se preocupar com a vista transformar as condições, relações e repre-
formação política dos militantes e com a amplia- sentações acerca da loucura em nossa sociedade.
ção de seus quadros. A articulação em forma de Suas ações e lutas estão direcionadas e vêm im-
redes, a utilização da mídia, a realização de cur- pactando as diferentes dimensões da vida social.
sos e projetos de qualificação são, entre outros, Como vimos, os movimentos sociais não se
importantes medidas neste sentido. Além disso, constituem como fenômenos coletivos homogê-
problema também recorrente nos movimentos neos ou como personagens dotados de vontades,
sociais de maneira geral, a questão do financia- projetos e sentidos independentes dos impulsos,
mento requer a discussão de como captar recur- pressões e restrições do contexto societal – como
sos para campanhas, encontros e realização de puras subjetividades. Muito menos constituem-
projetos, entre outros. E, por último, a necessida- se como reflexos ou efeitos automáticos e neces-
de de estabelecer um processo de avaliação da sários da realidade objetiva. Antes de mais nada,
ação coletiva, já que os rumos do movimento os movimentos sociais são ações coletivas de ca-
necessitam ser mais discutidos entre si, suas pers- ráter fragmentário e heterogêneo que destinam
pectivas e suas responsabilidades. boa parte de suas energias e recursos para o ge-
renciamento de sua complexidade.
Resgatando análise de Melucci7, pode-se di-
Considerações finais zer que o [Movimento de Luta Antimanicomial]
é uma ação coletiva cuja orientação comporta
Para Lobosque15, o movimento nacional da luta solidariedade, manifesta conflitos e implica a rup-
antimanicomial é uma instância política inscrita tura dos limites de compatibilidade do sistema
num processo mais amplo de transformações so- de saúde mental no país. A configuração dos ato-
ciais, cujo front consiste no combate às formas de res e instituições (trabalhadores, profissionais,
exclusão que tomam a loucura como objeto – políticos, empresários, usuários e familiares) con-
front radical, na medida em que estas formas de forma um quadro multipolar deste campo que,
exclusão relativas à loucura resumem formas embora atravessado por diversos conflitos e am-
muito poderosas de exclusão operantes em nosso bigüidades, vem promovendo alterações signifi-
cultura. Para Soalheiro16, o movimento antima- cativas nas quatro dimensões apontadas, quais
nicomial é “um conjunto de estratégias que exi- sejam: epistemológica, técnico-assistencial, polí-
gem iniciativas políticas, jurídicas, culturais que tico-jurídica e sociocultural.

Colaboradores

LHH Lüchmann e J Rodrigues participaram


igualmente de todas as etapas da elaboração do
artigo.
407

Ciência & Saúde Coletiva, 12(2):399-407, 2007


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Artigo apresentado em 18/06/2005


Aprovado em 20/05/2006
Versão final apresentada em 04/07/2006

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