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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 00ª VARA CRIMINAL DA

COMARCA DE TEIXEIRA DE FREITAS-BA

João Canabrava, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do CPF/MF nº


000000000 com Documento de Identidade de n° 000000000 residente e
domiciliado na Rua 00000000, nº 000000000, bairro, Teixeira de Freitas/BA CEP
0000000, através de sua advogada infra-assinada e constituída pela procuração
em anexo, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, ajuizar

PEDIDO DE RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE

Com fulcro no art. 5.º, LXV, da Constituição da República c/c art. 310, I, do CPP,
pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

l- DOS FATOS

O requerente, foi abordado por policiais No dia 01º de janeiro de 2021, quando
trafegava do Prado a Teixeira de Freitas, quando chegava ao município de
Teixeira de Freitas, João foi surpreendido por uma equipe da Polícia Rodoviária
Estadual. Contudo, após ser abordado pelos policiais, o requerente saiu de seu
veículo trôpego e exalando forte odor de álcool, oportunidade em que, de
maneira incisiva, os policiais lhe compeliram a realizar um teste de bafômetro
(alcoolemia), que registrou 1mgL por exalação em aparelho de ar alveolar.

Em ato contínuo, conduziram-no a delegacia de polícia, e a autoridade policial


judiciaria lavrou auto de prisão em flagrante, como incurso no crime do artigo
306 da Lei 9.503/1997, c/c artigo 2º, inciso II, do Decreto 6.488/2008, sendo-lhe
mesmo após dois dias da prisão foi vedado entrevistar-se pessoal e
reservadamente com sua advogada ou com seus familiares, encontrando-se
preso até o presente momento.

ll-DOS FUNDAMENTOS
ll.l- DA ILEGALIDADE DA PRISÃO

Excelência, conforme já mencionado no caso em comento, houve uma


incontestável discricionariedade da Autoridade policial e um total descaso em
relação as garantias fundamentais, pertencentes ao requerente, e previstas em
nossa Carta Magna e no Código de Processo Penal. Tratando-se de flagrante
ilegal, devendo ser imediatamente relaxado.

Contudo, em uma primeira análise, é possível verificar que o requerente foi


incisivamente compelido a realizar um teste de bafômetro (alcoolemia),
descaracterizando sua vontade direta em realiza-lo, desse modo, a prisão há de
ser considerada nula, sob a ótica do princípio constitucional de que ninguém é
obrigado a produzir prova contra si mesmo.

Portanto Excelência, trata-se de meio de prova bastante invasiva, ou seja,


depende da participação ativa do agente, a sua produção só é permitida no
ordenamento jurídico de forma voluntária. No caso em tela, o requerente foi
compelido a produzir prova contra si mesmo, vejamos o art. 5º, incisos LXlll e
LVl, da CF/88.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de


permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e
de advogado;

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios


ilícitos.
Nessa senda, é importante ressaltar o Código de Processo Penal que em seu
artigo 6º, inciso V, juntamente com o artigo 185, resguardam o direito ao acusado
de estar presente do seu advogado no momento do interrogatório, vejamos:

Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a


autoridade policial deverá:

V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto


no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo
ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;

Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária,


no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença
de seu defensor, constituído ou nomeado.

Portanto, diante desses dispositivos, impedir a comunicação entre o acusado e


a sua advogada no momento do interrogatório torna a prisão ilegal.

Ademais, é constatado outra ilegalidade, devido a não comunicação ao juiz


competente sobre o flagrante, conforme o artigo 306 do Código de Processo
Penal, mostrado a seguir:

Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão


comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso
ou a pessoa por ele indicada.
§ 1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será
encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso
o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a
Defensoria Pública.

ll.l- DO DIREITO

Excelência, a prisão em flagrante não merece prosperar, haja vista que


evidentemente foi ilegal.

Conforme relatado, o requerente foi compelido a realizar o chamado teste de


bafômetro contra a sua vontade, em violação ao art. 5º, LXlll, da CF/88, que
prevê o direito de não produzir provas contra si.
Portanto, a prova que ensejou a prisão em flagrante do requerente é ilícita,
conforme nos termos do art. 5º, LVl, da CF/88 e do art. 157 do CPP, inexistindo
razão para que a prisão subsista.

Ademais, como se não bastasse a ilegalidade da prisão por ilicitude de prova, a


autoridade policial impôs a incomunicabilidade ao requerente, que está
inacessível aos seus familiares e a sua advogada, ficando claro a violação ao
art. 5 º. LXll, da CF/88.

Por fim, ficou demonstrado que a autoridade policial não realizou a comunicação,
no prazo previsto no art. 306, 1º §, do CPP, da Defensoria Pública, configurando
mais uma mácula do auto de prisão em flagrante.

Dessa forma, a prisão em flagrante é ilegal por três razões:

a) a ilicitude da prova;

b) a incomunicabilidade;

c) a ausência de comunicação á Defensora Pública.

lll- DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer á Vossa Excelência,

a) o imediato relaxamento da prisão em flagrante ilegal e arbitrária pelas razões


de fato e de direito acima apresentadas, e, em especial, pelo que preconiza o
artigo 5, LXV da CF;

b) proceda a expedição do ALVARÁ DE SOLTURA, encaminhando


imediatamente para a autoridade policial coatora.

Termos em que, Pede e espera Deferimento.


Teixeira de Freitas, 00, 00, 2021

ADVOGADA
OAB/BA

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