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Questão 1.

Explique a figura abaixo e responda qual o possível papel do


hiperandrogenismo e da hiperinsulinemia na fisiopatologia da Síndrome do
Ovário Policístico (SOP).

Primeiramente ocorre uma alteração da pulsatilidade na liberação do hormônio


GnRH pelo hipotálamo. Entretanto, não se sabe se essa disfunção da pulsação no
GnRH é um distúrbio primário ou secundário a regulação de outros produtos alterados
na SOP. De qualquer forma, com a alteração do GnRH, há um aumento da liberação do
LH e uma diminuição da liberação do FSH, ambos produzidos pela hipófise anterior. O
papel do LH é de estimular as células da teca a produzirem androgênios. Portanto, se
há mais LH, haverá também maior produção de androgênio, principalmente testosterona
e androstenediona. Já o FSH estimula a produção da enzima aromatase nas células da
granulosa. Essas enzimas convertem os androgênios em estrogênios. Sendo assim,
como há uma diminuição da liberação de FSH, ocorre também a redução da produção
de estrogênios, propiciando um acúmulo de androgênios.
O aumento de androgênios ovarianos prejudica o desenvolvimento folicular
normal, fazendo com que os folículos fiquem imaturos e se transformem em múltiplos
folículos subdesenvolvidos na periferia ovariana. Além disso, níveis elevados de
androgênios causam alterações no perfil lipídico das pacientes com SOP e também
predispõem ao surgimento de acne. Na periferia, sob ação da enzima 5-alfa-redutase a
testosterona é transformada em Di-hidrotestosterona, hormônio que causa hirsutismo.
Os androgênios circulantes são convertidos em estrogênios no tecido periférico,
sobretudo nas células do tecido adiposo, sendo assim, pacientes obesas com SOP têm
maior produção de estrogênio. Devido ao não desenvolvimento folicular, a paciente não
ovulará, levando ao quadro de anovulação crônica e por consequência, oligo ou
amenorreia. Como não há ovulação, também não há formação de corpo lúteo, que é o
responsável pela produção de progesterona. Com isso, o endométrio dessa paciente
será estimulado somente pelo estrogênio produzido, sem a oposição da progesterona,
levando ao risco de sangramento uterino anormal, hiperplasia endometrial e câncer de
endométrio.
Devido ao aumento de androgênios e resistência à insulina presentes em algumas
mulheres com SOP, ocorre a diminuição da produção da Globulina Ligadora de
hormônios sexuais (SHBG, de sex hermone-binding globulin) proteína produzida pelo
fígado e responsável pelo carreamento dos esteroides sexuais. Com a redução dessa
proteína, ocorre o aumento da concentração de androgênios livres e disponíveis para
se acoplarem aos receptores nos orgãos-alvo. A resistência insulínica pode ser
responsável por levar a atresia folicular dos ovários, aumento da produção de
androgênios pelos ovários, diminuição da produção de SHBG e na pele leva ao
surgimento de acantose nigricans. Além disso, está associada ao surgimento de DM
tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemia e doença cardiovascular (DCV). Cerca de 45%
das pacientes com SOP possuem síndrome metabólica.

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