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CURSO TÉCNICO EM ELETROTÉCNICA

APOSTILA
ELETROTÉCNICA I

2012/I

Prof.: Eng. Nelson Knak Neto

1
Plano de aula

DATA DIA HORAS ASSUNTO


16/03/201
2 SEX 4 Introdução e revisão; Fundamentos de eletricidade e eletrostática
23/03/201
2 SEX 4 Fundamentos da eletricidade e eletrostática; Circuitos elétricos
30/03/201 Grandezas fundamentais dos circuitos elétricos e sistemas de unidades;
2 SEX 4 exercícios em aula
13/04/201
2 SEX 4 Lei de Ohm; exercícios em aula (Liberação do Trabalho B)
20/04/201
2 SEX 4 Lei de Ohm; exercícios em aula
27/04/201
2 SEX 4 Resistividade e Resistores; exercícios em aula
04/05/201
2 SEX 4 Resistividade e Resistores; exercícios em aula
11/05/201
2 SEX 4 Correção Trabalho 1, revisão para prova (Entrega do Trabalho B)
18/05/201
2 SEX 4 PROVA A
25/05/201
2 SEX 4 Correção prova, Resistividade e Resistores
01/06/201
2 SEX 4 Associação de resistores; exercícios em aula
08/06/201
2 SEX 4 Associação de resistores; Leis de Kirchhoff; Capacitores; exercícios em aula
15/06/201
2 SEX 4 Geradores, Potência CC; exercícios em aula (Liberação do Trabalho B)
22/06/201
2 SEX 4 Magnetismo e Eletromagnetismo; exercícios em aula
29/06/201
2 SEX 4 Magnetismo e Eletromagnetismo; exercícios em aula
06/07/201
2 SEX 4 Correção Trabalho 2, revisão para prova (Entrega do Trabalho B)
13/07/201
2 SEX 4 PROVA B
20/07/201
2 SEX 4 Prova de recuperação

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Capítulo 1- Fundamentos de eletricidade e Eletrostática

Conceitos fundamentais de eletricidade

Ao longo dos anos, vários cientistas descobriram que a eletricidade parece se comportar
de maneira constante e previsível em dadas situações, ou quando sujeitas a determinadas
condições. Estes cientistas, tais como Faraday, Ohm, Lenz e Kirchhoff, para citar apenas alguns,
observaram e descreveram as características previsíveis da eletricidade e da corrente elétrica,
sob a forma de certas regras. Estas regras recebem comumente o nome de “leis”. Pelo
aprendizado das regras ou leis aplicáveis ao comportamento da eletricidade você terá “aprendido”
eletricidade.

Matéria- Estudo do Átomo

Há séculos um filósofo grego observou que ao esfregar uma barra de âmbar, essa barra
atraía determinados objetos como: pena, fios de palha, pedaços de papel etc. Por esse motivo a
palavra eletricidade originou da palavra grega electron, que quer dizer âmbar.

Atualmente se sabe que a carga elétrica é uma propriedade de certas partículas


elementares como o próton e o elétron, os quais são componentes dos átomos.

Um átomo é uma partícula presente em todo matéria do universo. O universo, a terra, os


animais, as plantas, o ar... tudo é composto de átomos.

Os átomos são tão pequenos, que 100 milhões deles, um ao lado do outro, formarão uma
reta de 10 mm de comprimento.

Até o início do século XX admitia-se que os átomos eram as menores partículas do


universo e que não poderiam ser subdivididas. Hoje, sabe-se que o átomo é constituído de
partículas ainda menores. Estas partículas são:

PRÓTONS

NEUTRONS PARTÍCULAS SUBATÔMICAS

3
ELÉTRONS

Elétrons

São partículas subatômicas que possuem cargas elétricas negativas.

Prótons

São partículas subatômicas que possuem cargas elétricas positivas.

Nêutrons

São partículas subatômicas que não possuem cargas elétricas.

Núcleo

É o centro do átomo, onde se encontram os prótons e nêutrons.

Eletrosfera

São as camadas ou órbitas formadas pelos elétrons, que se movimentam em trajetórias


circulares em volta do núcleo. Existe uma força de atração entre o núcleo e a eletrosfera,
conservando os elétrons nas órbitas definidas camadas, semelhante ao sistema solar.

A eletrosfera pode ser composta por camadas, identificadas pelas letras maiúsculas K, L,
M, N, O, P e Q.

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Cada camada da eletrosfera é formada por um numero máximo de elétrons, conforme a
tabela abaixo.

CAMAD Nº MÁXIMO DE ELÉTRONS


A
K 2
L 8
M 18
N 32
O 32
P 18
Q 2

É possível observar que nem todo átomo possui a mesma quantidade de camadas e é
exatamente isso que os diferencia em suas características.

A partir dessas informações, pode-se questionar: O que faz uma matéria tão diferente da
outra? Quais são as semelhanças entre os átomos?

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Todos eles possuem prótons, nêutrons e elétrons em sua estrutura, mas é a distribuição de
desses elementos é que de fato diferenciará um material do outro.

− Mais camadas

− Menos força de atração exercida pelo núcleo.

QUANTO MAIS ELÉTRONS − Mais livres os elétrons da última camada.

− Mais instável eletricamente.

− Mais condutor o material.

− Menos camadas

− Mais força de atração exercida pelo núcleo.

QUANTO MENOS ELÉTRONS − Menos elétrons livres.

− Mais estável eletricamente.

− Mais isolante o material.

Entre as principais diferenças entre os átomos está a distribuição de elétrons na última


camada, chamada camada de valência.

Alguns metais, como o cobre e o ferro, possuem a sua última camada eletrônica instável,
ou seja, essa última camada possui uma grande facilidade para perder elétrons. Esses elétrons
livres ficam vagando de átomo para átomo, sem direção definida. Como os elétrons não têm
direção definida, o átomo que perdeu elétrons volta a readquiri-los com facilidade dos átomos
vizinhos.

Por possuírem uma grande facilidade de perder elétrons, os metais são utilizados largamente na
fabricação de fios condutores de eletricidade e eletroeletrônicos. Tal fato de perder elétrons nos permite
dizer que os metais possuem um bom fluxo de elétrons em seu interior.

Outros materiais, como o plástico e a borracha, não possuem a mesma característica que os
metais, ao contrário do cobre e do ferro, não permitem a passagem dos elétrons. Os seus átomos possuem
grande dificuldade em ceder ou receber elétrons em sua camada de valência.

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Assim, podemos concluir que isolantes são os materiais que possuem grande dificuldade em ceder
ou receber elétrons livres. Tal fato ocorre porque na última camada dos átomos que compõem o material,
chamada de camada de valência, os elétrons estão fortemente ligados ao átomo. Condutores são os
materiais que possuem muita facilidade em ceder e receber elétrons, pois em sua camada de valência os
elétrons têm uma fraca ligação com átomo.

CONDUTORES ISOLANTES
Prata Ar Seco
Ouro Vidro
Cobre Mica
Alumínio Borracha
Zinco Amianto
Latão Baquelite
Ferro Água pura (H20)1

E os Semicondutores?

Semicondutores são materiais que não sendo bons condutores, não são tampouco bons
isolantes. O germânio e o silício são semicondutores. Esses materiais, devido às suas estruturas
cristalinas, podem, em certas condições, se comportar como condutores e sob outras como
isolantes.

REFERÊNCIAS

[1]- BOCAFOLI, Francisco. Física 3: Eletrodinâmica e Eletrostática. São Paulo: FTD, 1990.
201 p.

[2]- EDMINISTER, J. A.; NAHVI, M. Teoria e Problemas de Circuitos Elétricos. 2ª Edição.


Tradução por: RIBEIRO, G. M. Porto Alegre: Editora Bookman, 2005. 447 p.

[3]- http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gua_%28subst%C3%A2ncia
%29#Propriedades_el.C3.A9tricas

[4]-http://www.coladaweb.com/quimica/eletroquimica/condutores-e-isolantes-
semicondutores

1
A água pura e sem íons é um excelente isolante elétrico, mas nem mesmo a água “deionizada” é completamente sem íons.
A água sofre auto ionização a qualquer temperatura acima do zero absoluto (0K). Além disso, por ser um solvente de grande eficiência,
quase sempre apresenta algum soluto dissolvido, mais frequentemente um sal. Se a água contiver mesmo uma pequena quantidade
de tal tipo de impureza, poderá conduzir eletricidade, pois as impurezas como o sal se separam em íons livres numa solução aquosa
pela qual uma corrente elétrica pode fluir.

7
[5]-http://www.alunosonline.com.br/fisica/isolantes-e-condutores.html

Capítulo 2- Circuito Elétrico

Circuito

É todo o percurso que representa um caminho fechado.

Para melhor entendimento, pode-se observar na figura abaixo, um “rádio à pilha” aberto,
no qual é possível observar o caminho por onde passa a corrente elétrica.

A corrente elétrica:
− Sai da pilha;
− Passa pelo condutor de saída;
− Passa pelo interruptor;
− Caminha pelos componentes do rádio;
− Retorna à pilha pelo condutor de entrada; e;
− Continua o percurso, num processo contínuo.

Observe, agora, o percurso da corrente numa lanterna:

8
Note que a corrente tem que percorrer o mesmo caminho, continuamente. Sai da pilha,
passa pelos condutores, pela lâmpada e então chegando até a pilha novamente, através de
condutores. É um caminho fechado. Nesse caso, um circuito elétrico.

Circuito Elétrico

É um caminho fechado por condutores elétricos ligando uma carga elétrica a uma fonte
geradora. No exemplo da lanterna, você pode observar os diversos componentes do circuito
elétrico:

FONTE GERADORA DE ENERGIA PILHA

CONSUMIDOR DA ENERGIA (CARGA) LÂMPADA

CONDUTORES TIRA DE LATÃO

Elementos de Circuitos Elétricos

Fonte Geradora de Energia Elétrica

É a que gera ou produz Energia Elétrica, a partir de outro tipo de energia. A pilha da
lanterna, a bateria do automóvel, um gerador ou uma usina hidrelétrica são fontes geradoras de
energia. As fontes geradoras (fontes de tensão ou corrente) podem ser chamadas também de
elementos ativos do circuito.

Pilha Bateria Gerador

Elemento consumidor de energia (carga elétrica)

O aparelho consumidor de energia é o elemento do circuito que emprega a energia elétrica


para realizar trabalho. A função do aparelho consumidor no circuito é transformar a energia
elétrica em outro tipo de energia. Estamos nos referindo a alguns tipos de Consumidores
Elétricos. Eles utilizam a energia elétrica para realizar trabalhos diversos; ou seja, eles

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transformam a energia elétrica, recebida da fonte geradora, em outro tipo de energia. Esses
elementos podem ser chamados de elementos passivos do circuito.

Trenzinho Elétrico

Transforma a energia elétrica em energia mecânica (imprime movimento).

Ferro de Soldar

Transforma a energia elétrica em energia térmica (transmite calor).

Televisor

Transforma a energia elétrica em energia luminosa e sonora (transmite sons e imagens).

Lâmpada

Transforma a energia elétrica em energia luminosa e energia térmica (transmite luz e


calor).

Dispositivo de Manobra

Para avaliar a importância do último componente do circuito, imagine um consumidor (por


exemplo, uma lâmpada) ligado a uma fonte geradora (uma pilha).

Pense! - Uma vez fechado o circuito, a lâmpada ficaria permanentemente acesa.

Para que a lâmpada se apague, é necessário interromper o caminho da corrente elétrica. A


corrente pode ser interrompida das seguintes formas:

• no consumidor (quando a lâmpada queima, a corrente não pode prosseguir seu


caminho, retornando à fonte).

• na fonte geradora (por exemplo, quando a pilha ou bateria se esgota e não há mais a
D.D.P.).

• no condutor (emprega-se um dispositivo de manobra).

O dispositivo de manobra é um componente ou elemento que nos permite manobrar ou


operar um circuito. O dispositivo de manobra permite ou impede a passagem da corrente elétrica
pelo circuito. Acionando o dispositivo de manobra, nós ligamos ou desligamos os consumidores
de energia.

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Interruptor de Chave
Interruptor Soquete com Chave tipo
embutir botoeira
externo chave Faca

Função do dispositivo de manobra

Operar ou manobrar o circuito. Interromper, ou permitir, a passagem da corrente elétrica.

Variações do circuito elétrico

Circuito aberto - É o que não tem continuidade; onde o consumidor não funciona.

Circuito fechado - É o circuito que tem continuidade. Por ele a corrente pode circular.

Circuito desligado - É o que o dispositivo de manobra está na posição desligado.

Circuito desenergizado - É o que a fonte geradora está desconectada do circuito ou não


funciona.

Condutor Elétrico

Observe as ilustrações abaixo.

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O condutor elétrico faz a ligação entre o consumidor e a fonte geradora, permitindo a
circulação da corrente.

Cada tipo de condutor pode ser preparado com características variadas, dependendo de
sua aplicação.

Podem ser rígidos ou flexíveis, isolados ou não, com proteção adicional (além da isolação)
ou outras características.

Rede externa: Condutor elétrico rígido, com ou


sem proteção.

Furadeira: Condutor elétrico flexível, com


adicional.

Ferro elétrico: Condutor elétrico flexível, com isolação de


plástico e proteção térmica.

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Como se pode ver, cada aplicação exige tipos diferentes de condutores elétricos. Mas sua
função no circuito será sempre a mesma.

Função do Condutor

O condutor liga os demais componentes do circuito elétrico, conduzindo a corrente: da


fonte ao consumidor e de retorno à fonte.

REFERÊNCIAS

[1]- IRWIN, J. D. Análise de Circuitos em Engenharia. 4ª edição. Traduçao por: Luiz


Antônio Aguirre; Janete Furtado Aguirre. São Paulo: Person Makron Books, 2000. 848 p.

[2]- EDMINISTER, J. A.; NAHVI, M. Teoria e Problemas de Circuitos Elétricos. 2ª Edição.


Tradução por: RIBEIRO, G. M. Porto Alegre: Editora Bookman, 2005. 447 p.

13
Capítulo 3- Grandezas elétricas e unidades no SI

Al

GRANDEZAS

Assim como tudo que é físico, a eletricidade também possui grandezas.

Grandezas elétricas

São as grandezas que provocam ou são provocadas por efeitos elétricos; ou ainda, que
contribuem ou interferem nesses efeitos.

Carga Elétrica

Toda vez que houver desequilíbrio elétrico num material haverá deslocamento de elétrons.
A esse fluxo de elétrons dar-se-á o nome de carga elétrica, cuja unidade de medida será o
Coulomb [C]. 1 Coulomb é igual a 6,25 x 1018 de elétrons ou
6250000000000000000 (seis quintilhões e duzentos e cinquenta quatrilhões) de elétrons.

Quando circularem 6,25 x 1018 de elétrons por um condutor, dir-se-á que está circulando
uma corrente elétrica de 1 Coulomb.

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Corrente elétrica

O Coulomb não é, porém, uma unidade muito prática, uma vez que esta carga pode variar.
Pode-se constatar, por exemplo, uma carga com intensidade de 1 Coulomb percorrendo um
condutor em um segundo, bem como essa mesma intensidade de carga percorrendo outro
condutor em 10 segundos.

Então, para que fosse realmente possível medir e comparar a corrente elétrica houve a
necessidade de se medir a intensidade da corrente em relação ao tempo.

Assim, obtém-se a corrente resultante de cargas em movimento, ou seja, o AMPÈRE, que


equivale a carga de 1 Coulomb atravessando uma determinada superfície em 1 segundo.

1 Coulomb/s [C/s] 1 Ampère [A]

Agora podemos comparar dois condutores:

No condutor (A), a intensidade da corrente é muito maior que no condutor (B).

Calculando o número de elétrons que circulam pelos condutores, teremos:

No Condutor A:

15
3 x 6,25 x 1018 = 18750000000000000000 elétrons por segundo.

No Condutor B:

1 x 6,25 x 1018 = 6 250 000 000 000 000 000 elétrons por segundo.

Exemplo 1. Um condutor é percorrido por uma corrente constante de cinco Ampères.


Quantos elétrons passam por um ponto fixo no condutor em um minuto?

Tensão Elétrica (F.E.M)

Antes de ser definido o que é tensão elétrica, é necessário definir o que é potencial
elétrico. Potencial elétrico é a capacidade que um corpo energizado tem de realizar trabalho, ou
seja, atrair ou repelir outras cargas elétricas.

Já Tensão elétrica é a diferença de potencial elétrico entre dois pontos. Por analogia, a
tensão elétrica seria a "força" responsável pela movimentação de elétrons, também chamada de
Força Eletro Motriz (F.E.M.). O potencial elétrico mede a força que uma carga elétrica experimenta
no seio de um campo elétrico, expressa pela lei de Coulomb. Portanto a tensão é a tendência que
uma carga tem de ir de um ponto para o outro. Normalmente, toma-se um ponto que se considera
de tensão=zero e mede-se a tensão do resto dos pontos relativamente a este. Para facilitar o
entendimento da tensão elétrica pode-se fazer uma analogia entre esta e a pressão hidráulica.
Quanto maior a diferença de pressão hidráulica entre dois pontos, maior será o fluxo, caso haja
comunicação entre estes dois pontos.

As fontes geradoras (pilhas, baterias, ...) produzem, por um determinado espaço de tempo,
uma f.e.m. constante. Portanto, será constante também o movimento de elétrons do extremo B
para o extremo A do material, o que manterá o desequilíbrio elétrico do material. O desequilíbrio
elétrico é uma grandeza elétrica chamada Diferença de Potencial (d.d.p.) e seu símbolo gráfico é
a letra E.

Vamos analisar agora os seguintes casos:

Dois materiais com potencial elétrico neutro

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Os materiais (E) e (F) têm o mesmo potencial elétrico neutro (sem carga); não há
Diferença de Potencial entre eles. Para existir Diferença de Potencial entre dois materiais, é
preciso que haja uma diferença na quantidade de elétrons que eles possuem.

Um material com potencial negativo e outro com positivo

O material (G) está com potencial negativo e o material (H) está com potencial positivo;
portanto, existe Diferença de Potencial entre eles.

Um material com carga e outro neutro

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O material (I) está com carga elétrica negativa. O material (J), com carga neutra. Portanto,
existe d.d.p. entre eles. De forma semelhante, o material (L) está com carga elétrica neutra. O
material (M), com carga elétrica positiva. Portanto, existe d.d.p. entre eles.

CARGAS ELÉTRICAS DIFERENTES EXITE DDP

Materiais com a mesma carga em quantidades diferentes

Existirá também Diferença de Potencial entre dois materiais que possuem excesso ou falta
de elétrons, mas em quantidade diferente:

A partir dessa análise pode-se dizer que a diferença de potencial (d.d.p.) será sempre a
comparação entre duas cargas elétricas.

A Diferença de Potencial é uma grandeza. Portanto, pode ser medida. A unidade de


medida da Diferença de Potencial é o VOLT. A Diferença de Potencial pode ainda ser chamada
de voltagem e tensão elétrica.

Resistência e Condutância Elétrica

Como já visto anteriormente, as cargas elétricas deslocam-se sob forma de corrente


elétrica através das diferentes substâncias existentes, todavia sob aspectos diversos. Observe as
figuras abaixo:

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Na qual G representa a condutância do material e R a resistência do mesmo. Qual o
sentido da corrente em ambos os materiais?

A facilidade que a corrente elétrica encontra, ao percorrer é chamada CONDUTÂNCIA


elétrica. Essa grandeza é representada pela letra G. Em contrapartida, esse mesmo material
também oferece uma dificuldade à passagem de corrente elétrica. Essa dificuldade que a corrente
elétrica encontra ao percorrer um material é a RESISTÊNCIA elétrica, normalmente representada
pela letra R.

Todo o material condutor de corrente elétrica apresentada certo grau de condutância e de


resistência. Quanto maior for a condutância do material, menor será sua resistência. Se o material
oferecer grande resistência, proporcionalmente apresentará pouca condutância.

A condutância é o inverso da resistência.

A condutância e a resistência elétrica se manifestam com maior ou menor intensidade nos


diversos tipos de materiais.

Exemplo: No cobre, a condutância é muito maior que a resistência. Já no plástico, a


resistência é muito maior que a condutância.

Tanto a condutância quanto a resistência são grandezas, portanto podem ser medidas.

A unidade de medida da resistência é o OHM, representada pela letra Ω (ômega).

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Por ser o inverso da resistência, inicialmente a condutância foi denominada MHO, e

representada pela letra ômega invertida .

Atualmente, a unidade empregada para medir condutância é denominada SIEMENS e é


representada pela letra S.

Unidades do SI

O SI – Sistema Internacional de Unidades- é um conjunto sistematizado e padronizado de


definições para unidades de medida, concebido em torno de sete unidades básicas de medida e
da conveniência do número 10. É utilizado em quase todo o mundo moderno, com o objetivo de
uniformizar e facilitar as medições e as relações internacionais daí decorrentes. As sete unidades
básicas são: comprimento (m), massa (kg), tempo (s), corrente (A), temperatura (K), a quantidade
de substancias em moles (mol) e a intensidade luminosa em candelas (cd). Todas as outras
unidades podem ser derivadas dessas sete unidades básicas.

A tabela abaixo apresenta as quantidades básicas do SI e também as quantidades


elétricas e o seus símbolos, comumente utilizados em análise de circuitos elétricos.

Quantidade Símbolo Unidade de SI Abreviação


Comprimento
Massa
Tempo
Corrente
Carga elétrica
Potencial elétrico
Resistência
Condutância
Indutância
Capacitância
Frequência
Força
Energia, trabalho
Potência
Fluxo Magnético
Densidade de Fluxo

A utilização dos múltiplos e submúltiplos de 10 também faz parte do Sistema Internacional


de Unidades. Em relação às grandezas elétricas, os múltiplos e submúltiplos são muito
empregados, uma vez que se trabalha tanto com grandezas muito pequenas quanto com
grandezas muito grandes. A tabela abaixo apresenta os principais múltiplos e submúltiplos
aplicados em grandezas elétricas.

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Prefixo Símbolo Fator de multiplicação
Pico
Nano
Micro
Mili
Centi
Deci
Hecto
Kilo
Mega
Giga
Tera
Exercícios

De acordo com o que se aprendeu sobre os múltiplos e submúltiplos, marque a alternativa


que se apresenta mais correta para cada questão:

1) 500 d= a) 0,005 h b) 0,05 k c) 500000 m


2) 6000 p= a) 60 n b) 0,006 n c) 0,000006 m
3) 2070 M= a) 2,07 k b) 20700000000000 m c) 2070000 k
4) 135 m= a) 135000 µ b) 13500 µ c) 0,000135 µ
5) 10 G= a) 100 M b) 1000 M c) 10000 M
6) 47 k= a) 0,0047 M b) 0,047 M c) 0,47 M
7) 1 n= a) 0,00001 m b) 0,000001 m c) 0,0001 m
8) 5 mm= a) 500 µm b) 500000 nm c) 5000 µm
9) 399 p= a) 0,0399 n b) 0,00399 n c) 0,000399 µ
10) 0,1 M= a) 100 k b) 10000 h c) 0,01 k

G M k h da Unidad d c m µ n p
e
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

REFERÊNCIAS

[1]- http://pt.wikipedia.org/wiki/Tens%C3%A3o_el%C3%A9trica

[2]- http://pt.wikipedia.org/wiki/Potencial_el%C3%A9trico

21
[3]- http://www.tecnologiadoglobo.com/2009/03/grandezas-unidades-polegadas/

[4]- http://www.ipem.sp.gov.br/5mt/unidade.asp?vpro=multiplo

[5]- IRWIN, J. D. Análise de Circuitos em Engenharia. 4ª edição. Traduçao por: Luiz


Antônio Aguirre; Janete Furtado Aguirre. São Paulo: Person Makron Books, 2000. 848 p.

[6]- EDMINISTER, J. A.; NAHVI, M. Teoria e Problemas de Circuitos Elétricos. 2ª Edição.


Tradução por: RIBEIRO, G. M. Porto Alegre: Editora Bookman, 2005. 447 p.

Capítulo 4- Leis de Ohm

1ª Lei de Ohm

Como já dito em capítulos anteriores, existe uma relação matemática entre a tensão
elétrica, a corrente elétrica e a resistência elétrica.

E I

No século XIX, um filósofo alemão, Georg Simon Ohm, demonstrou experimentalmente a


constante de proporcionalidade entre a corrente elétrica, a tensão e a resistência. Essa relação é
denominada Lei de Ohm e é expressa literalmente como:

Na forma de equação, a Lei de Ohm é expressa como:

22
V
I=
R

Onde:

I= corrente [A];

E= tensão [V];

R= resistência [Ω].

Assim, para cada valor de tensão aplicada num circuito,


teremos um resultado de corrente elétrica, tendo em vista um valor de resistência elétrica.

Para todo o componente que existir essa proporcionalidade entre tensão e corrente, ou
seja, se a esse componente se aplica a Lei de Ohm, pode-se dizer que esse componente é
linear.

Existe uma regra muito simples e útil que ajuda na solução de cálculos envolvendo a Lei
de Ohm conhecida como o Triângulo da Lei de Ohm.

O processo consiste em desenhar um triângulo e subdividi-lo em tres partes e, então


escrever a palavra REI. Observe a figura abaixo:

E
R . I
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A partir do desenho acima, você deve cobrir o elemento do triângulo que é desconhecido e
assim, obtém-se a equação necessária para o cálculo.

Cálculo da tensão

Se você pretende saber o valor da tensão, cubra a letra (E) no triângulo:

- O que sobrou? __________________


?
- Essa é equação para obter o valor de tensão!
R . I

Exemplo: Supondo uma resistência R=10Ω e uma corrente I=5A, Calcule o valor da
tensão. (desenhe o triângulo)

Cálculo da Resistência

Se você pretende saber o valor da resistência, cubra então a letra (R) no triângulo:

- O que sobrou? __________________


E
- Essa é equação para obter o valor da resistência!
? . I

Exemplo: Supondo que o valor da tensão seja E= 220V e a corrente seja I= 25A, qual o
valor da resistência?

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Cálculo da Corrente

Se você pretende saber o valor da corrente, cubra então a letra (I) no triângulo:

- O que sobrou? __________________


E
- Essa é equação para obter o valor da corrente!
R . ?

Exemplo: Supondo que o valor da tensão seja E=90V e a resistência seja R=47Ω,
determine o valor da corrente.

O triângulo da Lei de Ohm é muito útil, todavia procure utilizar o seu raciocínio para obter a
equação necessária. Nem sempre o circuito vai se apresentar dessa forma, o que vai exigir maior
atenção na hora dos cálculos matemáticos.

2ª Lei de Ohm

Ohm verificou também, através de inúmeros experimentos, que a resistência elétrica de


um resistor é diretamente proporcional ao comprimento do resistor e inversamente proporcional à
sua área de secção transversal. A constante de proporcionalidade recebe o nome de resistividade
elétrica. A resistividade elétrica é característica do material de que é feito o resistor.

l
R=ρ∙
A
25
Onde:

R = resistência do condutor, [Ω]

l = comprimento do fio, [m]

A = área da seção reta do fio, [cm2]

ρ = resistência específica ou resistividade, [cm2.Ω/m]

O fator ρ permite a comparação da resistência de diferentes materiais de acordo com


natureza, independentemente de seus comprimentos ou áreas. Valores mais altos de ρ
representam maior resistência.

Os valores de resistência elétrica variam de acordo com certos fatores. Esses quatro
fatores são: natureza, comprimento, seção transversal e temperatura do material.

Natureza Comprimento Seção Transversal Temperatura

Material

Natureza

Você deve lembrar que a resistência oferecida pelo cobre é bem menor que a resistência
oferecida pelo plástico.

Observe os átomos de alguns materiais:

26
Note que, os átomos que constituem o carbono, alumínio e cobre são diferentes entre si. A
diferença nos valores de resistência e condutância oferecidas pelos diferentes materiais deve-se
principalmente ao fato de que cada material tem um tipo de constituição atômica diferente.

Por isso, para a determinação dos valores de resistência e condutância, é importante


levarmos em consideração a constituição atômica, ou seja, a natureza do material.

Comprimento do Material

2Ω Maior que 2Ω

Cobre Cobre

3m 8m

Na figura acima, temos dois materiais da mesma natureza; porém, com comprimento
diferente:

Comprimento do material (m) Resistência (Ω)


3 2Ω
8 >2Ω

Os valores apresentados servem apenas para exemplificar. A partir dai você pode concluir
que em dois ou mais materiais da mesma natureza...

Seção Transversal do Material

O que é a seção transversal de um material?

Seção transversal
do material

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Seção Transversal é a área do material, quando este é cortado transversalmente.

Sabendo-se o que é seção transversal, vamos agora ver qual é a sua interferência nos
valores de resistência:

5Ω 2mm2 Menor que 5Ω 3mm2

Na figura acima, vemos dois materiais de mesma natureza e de igual comprimento, porém,
com seção transversal diferente:

Seção transversal (mm2) Resistência (Ω)


2 5Ω
3 <5Ω

Concluímos então que:

Temperatura do Material

O último fator que pode influenciar no valor da resistência e condutância dos materiais é a
temperatura.

Essa variação ocorre de acordo com algumas características do material em questão. Ou


seja, para um mesmo material, com mesma seção e comprimento, caso haja uma variação de
temperatura pode ocorrer os seguintes casos: a resistência aumentar, diminuir ou permanecer a

28
mesma. É observado para os materiais condutores que com o aumento da temperatura há um
aumento da resistência, porém não tome como regra.

A variação de resistência do material é definida pelo coeficiente de temperatura desse


material. O coeficiente de temperatura da resistência, α, indica a quantidade de variação da
resistência para uma variação na temperatura. Um valor positivo de α, indica que R aumenta com
a temperatura, um valor negativo de α significa que R diminui, e um valor zero para α indica que
R é constante, isto é, não varia com a temperatura. A variação na resistência do material
produzida por uma variação de temperatura pode ser determinado a partir da equação:

R1=R 0+ R 0 (α ∙ ∆ T )

Onde:

R1 = resistência mais alta à temperatura mais alta, Ω ;

R0 = resistência a 20oC (ou T0);

α = coeficiente de temperatura Ω/oC;

∆T = acréscimo de temperatura acima de 20oC (T1 – T0).

Exemplo: Um fio de tungstênio tem uma resistência de 10 Ω a 20 oC. Calcule a sua


resistência a 120oC. Dado α = 0,005 Ω/oC.

EXERCÍCIOS

1) Uma lâmpada possui as seguintes especificações: Tensão: 220 V; Corrente: 2 A.


Calcule o valor da resistência da lâmpada.

29
2) Determine a ddp que deve ser aplicada a um resistor de resistência 6Ω para ser
atravessado por uma corrente elétrica de 2A.
3) Um chuveiro elétrico é submetido a uma ddp de 220V, sendo percorrido por uma
corrente elétrica de 10A. Qual é a resistência elétrica do chuveiro?

4) Nos extremos de um resistor de 200Ω, aplica-se uma ddp de 24V. Qual a corrente
elétrica que percorre o resistor? (Apresentar a resposta utilizando submúltiplo de 10 – mili).
5) Uma lâmpada incandescente é submetida a uma ddp de 110V, sendo percorrida
por uma corrente elétrica de 5,5A. Qual é, nessas condições, calcule:
a) O valor da resistência elétrica do filamento da lâmpada;
b) Considerando que essa seja a resistência do material a uma temperatura de
100ºC, qual seria a resistência desse material em 25ºC, dado α=0,003 Ω/ ºC.
c) Considerando a letra b, qual a relação entre a variação de temperatura e a
variação da resistência.

REFERÊNCIAS

[1] - http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Ohm

[2] - http://educacao.uol.com.br/fisica/leis-de-ohm-resistencia-eletrica-resistividade-e-leis-
de-ohm.jhtm

[3]- IRWIN, J. D. Análise de Circuitos em Engenharia. 4ª edição. Traduçao por: Luiz


Antônio Aguirre; Janete Furtado Aguirre. São Paulo: Person Makron Books, 2000. 848 p.

[4]- EDMINISTER, J. A.; NAHVI, M. Teoria e Problemas de Circuitos Elétricos. 2ª Edição.


Tradução por: RIBEIRO, G. M. Porto Alegre: Editora Bookman, 2005. 447 p.

30
Capítulo 5 – Leis de Kirchhoff e associação de resistores

Os circuitos considerados até o memento continham somente um resistor cada e foram


analisados utilizando as Leis de Ohm. A partir de agora, expandiremos o conhecimento para redes
mais complexas, que resultam da interconexão de dois ou mais desses componentes.

Serão utilizadas algumas definições, conceitos e termos apropriados para facilitar as


análises. A figura abaixo é utilizada para identificar os termos nó, malha (laço) e ramo.

Um nó, como se pode ver, é simplesmente um ponto de conexão de dois o mais


componentes do circuito. Já uma malha ou laço é, simplesmente, qualquer caminho fechado
através do qual nenhum nó é encontrado mais de uma vez. Por fim, um ramo representa uma
porção de um circuito a qual contém apenas um elemento e os nós conectados aos terminais
desse elemento.

Dadas essas definições, estamos em condições de considerar as leis de Kirchhoff, assim


chamadas para homenagear o cientista alemão Gustav Robert Kirchhoff. São duas leis
extremamente simples, porém muito importantes, como veremos a seguir.

Leis de Kirchhoff

Lei de Kirchhoff das Tensões

A Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT) define que para qualquer caminho fechado em um
circuito a soma algébrica das tensões é zero.

31
∑ V =0
Na lei de Kirchhoff das tensões deve-se considerar o sinal algébrico (+ ou -) para indicar a
polaridade da tensão. Em outras palavras, ao percorrer o circuito é necessário cancelar os
aumentos e as diminuições nos níveis de energia. Por tanto, é importante indicar se o nível de
energia está aumentando ou diminuindo à medida que passarmos por cada elemento. Através do
exemplo a seguir entenderemos melhor a LKT e a importância da indicação das polaridades.

Exemplo: Escreva a equação da LKT para o circuito mostrado abaixo.

Lei de Kirchhoff das Correntes

A Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC) define que para qualquer nó em um circuito a
soma algébrica das correntes é zero.

∑ I =0
Assim como na LKT, na Lei de Kirchhoff das Correntes é necessário também adotar um
referencial. Nesse casso, assume-se que os sinais algébricos das correntes entrando no nó são
positivos e, portanto, os sinais das correntes deixando o nó são negativos.

Vamos tentar entender melhor a LKC a partir do exemplo abaixo.

Exemplo: Escreva a equação de LKC para o nó principal mostrado abaixo.

32
Associação de resistores

Em um circuito é possível organizar conjuntos de resistores interligados, chamada


associação de resistores. O comportamento desta associação varia conforme a ligação entre os
resistores, sendo seus possíveis tipos: em série, em paralelo e mista. Esses meios de unir
resistores são muito usados em eletricidade quando se pretende obter uma resistência elétrica
adequada para certo trabalho e, consequentemente, ajustar um valor de tensão e/ou corrente
adequado.

As associações de resistores podem ser reduzidas a três tipos básicos:

1- Associação de resistores em série;


2- Associação de resistores em paralelo;
3- Associação de resistores mista.

Associação em série

Associar resistores em série significa ligá-los em um único trajeto, ou seja:

Como existe apenas um caminho para a passagem da corrente elétrica esta é mantida por
toda a extensão do circuito. Já a diferença de potencial entre cada resistor irá variar conforme a
resistência deste, para que seja obedecida a 1ª Lei de Ohm, assim:

V 1=i ∙ R1

V 2=i ∙ R2

V 3=i ∙ R 3

V 4 =i∙ R4

Esta relação também pode ser obtida através da análise do circuito:

Sendo assim a diferença de potencial entre os pontos inicial e final do circuito é igual à:

33
V T =V 1 +V 2+ V 3+ V 4 +…+V n

Assim, consequentemente:

V T =i∙ R1 +i∙ R2 +i∙ R 3 +i∙ R 4 +…+ i∙ R n

V T =i∙(R 1+ R2 + R3 + R 4 +…+ R n)

V T =i∙ RT

n= é o número de resistores associados em série no circuito analisado.

Note que no circuito série, o RT sempre será maior que qualquer outro resistor do circuito.

Um modo de resumir e lembrar-se das propriedades de um circuito em série é:

Propriedade O que acontece


Tensão (ddp) Divide-se proporcionalmente entre os
resistores
Corrente Conserva-se a mesma em todo o circuito
Resistência total Soma algébricas das resistências

Associação em paralelo

Ligar um resistor em paralelo significa basicamente dividir a mesma fonte de corrente, de


modo que a ddp em cada ponto seja conservada. Ou seja:

Usualmente as ligações em paralelo são representadas por:

34
Como mostra a figura, a intensidade total de corrente do circuito é igual à soma das
intensidades medidas sobre cada resistor, ou seja:

i=i 1+ i2 +i 3 +…+i n

Pela 1ª lei de ohm:

V V V V
i= + + + …+
R1 R2 R3 Rn

E por esta expressão, já que a intensidade da corrente e a tensão são mantidas, podemos
concluir que a resistência total em um circuito em paralelo é dada por:

V
i=
RT

i=V ∙ ( R1 + R1 + R1 + …+ R1 )
1 2 3 n

1 1 1 1 1
= + + +…+
R eq R1 R2 R3 Rn

Um modo de resumir e lembrar-se das propriedades de um circuito em paralelo é:

Propriedade O que acontece


Tensão (ddp) Conserva-se a mesma em todo o circuito
Corrente Divide-se proporcionalmente entre os
resistores
Resistência total O inverso da soma algébricas das
condutâncias

Observa-se que a Resistência total, ou equivalente, de um circuito em paralelo sempre


será menor que a menor resistência desse mesmo circuito.

35
Um caso particular da associação de resistores e o mais comumente utilizado é a
associação de dois resistores. Particularizando a equação temos:

1 1 1
= +
R eq R1 R2

1 R +R
= 2 1
R eq R1 ∙ R2

R 1 ∙ R2
Req =
R 2+ R 1

Outra particularização é em relação a associação em paralelo de resistências de mesmo


valor. Considerando a equação:

1 1 1 1 1
= + + +…+
R eq R1 R2 R3 Rn

Onde R1= R2= R3= Rn, temos então:

R
Req =
n

Onde R é a resistência do resistor [Ω] e n é número de resistores em paralelo.

Associação mista

Uma associação mista consiste em uma combinação, em um mesmo circuito, de


associações em série e em paralelo, como por exemplo:

Em cada parte do circuito, a tensão V e intensidade da corrente I serão calculadas com


base no que se conhece sobre circuitos série e paralelos, e para facilitar estes cálculos pode-se
reduzir ou redesenhar os circuitos, utilizando resistores resultantes para cada parte.

36
Aconselha-se que a decomposição do circuito seja realizada por etapas de forma que se
obtenha no final apenas um resistor equivalente.

EXERCÍCIOS

1) Encontre RH e RO para o divisor de tensão da figura abaixo, de forma que a corrente I


seja limitada a 0,5 A quando V0= 100V.

2) Usando a divisão de tensão, calcule V1 e V2 no circuito mostrado abaixo

3) Encontre a tensão da fonte V e a sua polaridade


no circuito mostrado abaixo, se:
a) I= 2 A
b) b) I= -2 A.

4) Encontre Req para o circuito abaixo quando:


a) R=∞
b) R=0
c) R= 5Ω

5) No circuito da figura abaixo R=0 e i 1 e i2

37
6) Calcule a resistência equivalente entre os pontos A e B:
a) b)

c) d)

7) Determine I0 I1 e I2 do circuito da figura abaixo.

8) Determine I1, I2, I3 e I4 no circuito da figura abaixo.

38
DIVISORES DE TENSÃO

A técnica do divisor de tensão consiste num conjunto de resistores em série a partir do


qual é possível obter uma tensão de saída que seja proporcional a tensão de entrada aplicada a
esse conjunto série. A figura abaixo ilustra um divisor de tensão.

Assim podemos definir, através da Lei de Ohm, as


duas tensões como:

v=( R1 + R2 + R3 ) ∙i

v1 =R1 ∙ i

Então, a relação de proporção entre as duas tensões é dada por:

v1 R1∙ i
=
v ( R 1+ R 2 + R 3 ) ∙ i

Por se tratar de um mesmo circuito e, este estar em série, sabemos que a corrente é a
mesma, logo, nesse caso, é possível eliminá-la. Manipulando a equação, chegamos à relação
entre as tensões v e v1:

R1
v1 =v ∙
( R 1 + R2 + R 3 )

39
Exemplo: Um circuito divisor de tensão de dois resistores é projetado com uma resistência
total igual a 50Ω. Se a tensão de saída é 10% da tensão de entrada, obtenha os valores dos dois
resistores.

DIVISORES DE CORRENTE

Um arranjo em paralelo de resistores resulta em um divisor de corrente, do qual é possível


obter, nos diferentes ramos, correntes proporcionais a corrente de entrada do circuito. A figura
abaixo ilustra um divisor de tensão.

Podemos definir, através da Lei Ohm, as correntes


como:

i=i 1+ i2

v
i 1=
R1

v
i 2=
R2

Logo,

v v 1 1
i= + =v
R1 R2 (+
R1 R2 )

Assim, a relação entre as correntes i e i1, é dada por:

40
1
i1
=
v ( ) R1
i
v
( R1 + R1 )
1 2

Por se tratar de um circuito em paralelo, sabemos que a tensão é a mesma, logo, nesse
caso, é possível eliminá-la. Manipulando a equação, chegamos à relação entre as correntes i e i1:

R2
i 1=i∙
R 1+ R 2

Potência

A potência é uma grandeza, assim como a resistência elétrica, a diferença de potencial, ou


a intensidade da corrente, sendo representada pela letra “P”. Assim como as demais grandezas, a
potência pode ser medida. A unidade da potência é o Watt, este nome em homenagem a James
Watt, pelas suas contribuições para o desenvolvimento do motor a vapor e foi adotada a partir de
1889.

1 Watt é definido por:

J
1W=
s

Em que:

J= energia, em Joules;

s= tempo, em segundos.

Ou seja, potência nada mais é do o trabalho realizado por uma energia num instante de um
segundo. Em outros termos, potência é a rapidez com a qual certa quantidade de energia é
transformada ou é a rapidez com que o trabalho é realizado.

CURIOSIDADE

Você sabe qual é a potência consumida/dissipada pelo ser humano?

41
A potência consumida/dissipada por um ser humano é em torno de 100 watts, variando de
85 W durante o sono a 800 W ou mais enquanto pratica desporto. Ciclistas profissionais tiveram
medições de 2000 W de potência realizada por curtos períodos de tempo.

Potência elétrica

A potência elétrica é um tipo de potência, a qual equivale ao trabalho realizado pela


energia potencial da fonte de alimentação de um circuito dentro de um intervalo de tempo.

A unidade da potência elétrica também é Watt, para a qual pode ser atribuída a seguinte
definição:

A partir de dessa definição, pode-se dizer que a potência está relacionada a duas
grandezas já conhecidas:

1-

2-

Dessa forma, a equação que define potência elétrica é dada por:

Exemplo:

Dado um motor, o qual apresenta em seus terminais uma diferença de potencial de 225 V
e registra uma corrente de 12 A, calcule a potência consumida pelo motor.

Por ser uma grandeza, os múltiplos e submúltiplos também são usuais, sendo os mais
utilizados kW (quilowatt), MW (megawatt) e GW(gigawatt).

42
A transformação de watt para quilowatt, pode ser realizada através da tabela do capítulo 3.
Uma forma alterativa é a seguinte:

1 kW =1000W

1 W =0,001 kW

Ou seja:

 W kW
 kW W

Exemplo:

Uma potência de 3500 watts equivale a quanto em kW?

Existem duas variantes para a fórmula da potência.

Considere o seguinte circuito:

Observe que temos a resistência da carga e a tensão. Com essas grandezas não é
possível obter o valor da potência do circuito, pois não temos o valor de I.

Considerando que:

E a lei de Ohm é dada por:

Primeiramente, calculamos a corrente:

43
Então a potência é dada por:

Todavia, pode-se calcular diretamente, sem precisar calcular o valor da corrente:

Assim, a primeira variante da equação da potência é:

Exemplo:

Para o circuito abaixo é dada uma diferença de potencial E=240V e uma resistência R=6Ω.
Calcule a potência através da fórmula variante e depois confira através da fórmula fundamental da
potência.

Agora, considere o seguinte circuito:

44
Nesse caso, temos a resistência da carga e a corrente que passa pela carga. Somente
com essas grandezas não é possível obter o valor da potência do circuito, pois não temos o valor
de E. Da mesma forma, considerando a equação para calcular a potência:

Através da Lei de Ohm, é possível obter o valor da tensão:

Então, a potência é dada por:

Porém, pode-se calcular a potência sem precisar calcular o valor da tensão:

Assim, a segunda variante da equação da potência é:

Exemplo:

Para o circuito abaixo, calcule a potência consumida no resistor R. (Calcule primeiramente


através da equação fundamental e depois aplique a variante).

45
Cálculo da potência parcial e total de um circuito misto

No cálculo da potência total no circuito misto, segue-se o mesmo raciocínio seguido nos
circuitos em série e em paralelo. Apenas os circuitos mistos se apresentam com outra
configuração.

Calcule as potências parciais do circuito e a potência total.

46
Perdas

Aquecimento da rede:

Considere o circuito elétrico de um prédio. Com ampliação dos escritórios e consequente


aumento de consumidores, tais como: computadores, impressoras, calculadoras, lâmpadas, etc.,
é comum o aumento da potência instalada e, consequentemente, o de energia consumida.

O circuito do prédio, se considerarmos a resistência dos condutores, é um circuito misto.

Vamos imaginar as consequências da perda de potência na rede do prédio, com base na


análise que faremos de um circuito simples.

Analise o circuito sequente. Da mesma maneira que o circuito do prédio, se considerarmos


a resistência dos condutores, ele é um circuito misto. Vamos calcular sua perda de potência na
rede.

Com esse aumento, a corrente passa de 20 A para 24 A. E a perda na rede será também
aumentada em 20 %?

47
Exemplo:

Por um condutor de 2Ω circula uma corrente de 10 A. A potência perdida será:

Se a corrente for elevada para 20 A, a perda será:

Nesse caso, a temperatura do condutor aumenta proporcionalmente ao aumento de


potência. Ou seja, com um aumento de potência na ordem de ______, se a temperatura do
condutor para a corrente de 10A fosse 30ºC, para a corrente de 20A a temperatura do condutor
seria de _____.

Um aumento na corrente provoca um aumento bem maior na temperatura isso gera maior
risco quanto à segurança, maior risco de incêndio.

Potência na Rede

Potência em rede é aquela que o sistema elétrico fornecer. O sistema elétrico tem uma
potência instalada que congrega: tomadas, transformadores e hidrelétricas. Em resumo, a
potência da rede é aquela que as Hidroelétricas conseguem gerar e as instalações se possibilitam
transportar até os consumidores. Sempre a potência de uma fonte geradora terá que ser maior
que a dos seus consumidores somadas as perdas possíveis nas instalações.

Potência Mecânica

48
As bombas d’água da ilustração acima encheram caixas iguais. Portanto, realizaram o
mesmo trabalho. Porém, examine novamente os relógios da ilustração. A bomba d’água A gastou
15 minutos para encher a caixa. A bomba B precisou de 25 minutos para realizar o mesmo
trabalho. Se o trabalho realizado foi o mesmo, a bomba mais eficiente foi aquela que gastou
menos tempo. Portanto foi a bomba A, que tem maior potência que a bomba B.

Para o seu estudo é, importante o conhecimento de potência mecânica e potência elétrica.


Como você já estudou a potência elétrica resta o estudo da potência mecânica. Portanto, Potência
Mecânica é o resultado do trabalho realizado, pelo tempo gasto para realizá-lo.

As unidades de potência mecânica mais comumente utilizadas – e não fazem parte do SI -


são CV (Cavalo Vapor) e HP (Horse-Power). Horse-power (HP ou cavalo-de-força) é uma unidade
de origem inglesa, aproximadamente equivalente ao CV, porém não são iguais, sendo o HP
1,38% maior que o CV. Como o CV não pertence ao Sistema Internacional de Unidades,
atualmente tem um uso desigual e frequentemente impreciso, já que se lhe confunde com o HP
(inglês). Assim, segue sendo habitual referir à potência dos motores de automóveis, embarcações
etc. em cavalos; mas sem aclarar que nos países onde o Sistema Internacional é o único legal, se
utiliza o kW como unidade de potência, ainda que se acompanhe de sua equivalência em CV ou
HP. Abaixo, segue a tabela de conversão entre as unidades de potência:

1 CV 0,9863 HP 745,7 W
1,0138
1 HP 735,5 W
CV

EXERCÍCIOS

1- Dados os circuitos abaixo, calcule a resistência equivalente total (vista pela fonte),
Potência total fornecida pela fonte e a potência dissipada em cada carga:

49
a) b)


Ω Ω
c)



Ω Ω

2 – Dado o circuito abaixo, calcule o valor de V0 através do divisor de tensão e calcule o


valor da potência dissipada no resistor R0. (Não é necessário calcular corrente)

Ω Ω

Ω Ω


+

R0 Ω V0

-

3 - A tomada de sua casa produz uma d.d.p. de 120V. Você vai ao supermercado e
compra duas lâmpadas, uma de 60W e outra de 100W. Essas especificações correspondem à
situação em que a lâmpada é conectada isoladamente à voltagem considerada. Considerando
que as lâmpadas estão conectadas em série. Calcule:

a) A corrente total do circuito, considerando que nessa situação (120V) elas estejam
dissipando ¼ da potência máxima;.
b) A resistência de cada uma das lâmpadas,
c) Conectando as duas lâmpadas em paralelo à tomada, calcule a potência dissipada em
cada uma das lâmpadas e a potência total do circuito.

50
4- Um resistor para chuveiro elétrico apresenta as seguintes especificações:
Tensão elétrica: 220 V.
Resistência elétrica (posição I): 20,0 Ω
Resistência elétrica (posição II): 11,0 Ω
Potência máxima (posição II): 4 400 W.
Uma pessoa gasta 20 minutos para tomar seu banho, com o chuveiro na posição II. Qual o
consumo de energia elétrica, em kWh, em um mês (30 dias)? Determine a economia em R$ que
essa pessoa faria, se utilizasse o chuveiro na posição I. Considere o custo do kWh de R$ 0,40.

5- Dado um gerador cuja potência máxima é 5HP, o qual alimenta 3 cargas (em
paralelo) numa tensão de 220V, as quais possuem resistências de 18Ω, 12Ω e 7,2Ω. Calcule a
potência consumida por cada carga, considerando que, nessa situação o gerador opera a 80% de
sua capacidade máxima.

51
Associação de Geradores

Tal como acontece com as cargas, também os geradores podem ser associados de
três modos diferentes: série, paralelo e misto.
Vamos diferenciar apenas as ligações série e paralelo considerando elementos de
pilha, que são os geradores de corrente continua mais conhecidos.

Ligação em série

A ligação em serie de pilhas obtém-se ligando o polo negativo de uma ao polo


positivo de outra, e assim sucessivamente, conforme se pode verificar na figura seguinte.
Se ligarmos um voltímetro aos terminais do conjunto (polo + da "primeira" pilha e
polo - da "última"), verificamos que a leitura nos indica um valor igual à soma dos volts de
cada pilha.

Nesse tipo de associação, a corrente elétrica que passa em todos os geradores é a


mesma. Assim, i = i1 = i2 = i3 ++...+in. O gerador equivalente terá força eletromotriz igual à
soma das forças eletromotriz dos geradores: E eq = E1 + E2 + E3 +... +En . A resistência
interna do gerador equivalente é calculada como se fosse uma associação de resistores
em série: Req = R1 + R2 + R3+ …+Rn.
Logo, a tensão (ddp) equivalente dos geradores será dada pela fórmula:

52
V eq =Eeq −Req ∙ i

Este tipo de ligação utiliza-se sempre que uma determinada carga tem uma
tensão de funcionamento superior à oferecida por um só gerador. Por exemplo:
aparelhos receptores de radio, telecomandos de televisor, lanternas de mão, etc.,
onde varias pilhas em serie (normalmente de 1,5 V) são ligadas de forma a obter-
se a tensão de funcionamento necessária ao respectivo circuito.

Ligação em paralelo

Uma associação em paralelo de geradores consiste em ligar, entre si, os


polos do mesmo nome desses geradores. Os geradores devem ter os mesmos
valores de f.e.m. quando os ligamos em paralelo. Caso contrário, os geradores de
menor f.e..m. comportam-se como receptores desvirtuando o funcionamento do
circuito.
Um voltímetro ligado aos terminais do conjunto de pilhas em paralelo vai
naturalmente ler o valor da f.e.m. de cada pilha.

Na associação em paralelo, é fundamental que todos os geradores tenham força


eletromotriz IGUAIS, caso contrário, os geradores de menor f.e.m. se comportariam

53
receptores, o que não é o que queremos. Assim, E eq = E1 + E2 + E3+…+ En . Como na
associação de resistores em paralelo, a corrente equivalente será igual à soma das
correntes que passam pelos geradores: i eq = i1 + i2 + i3+ …+ in . Quanto às resistências
internas, utilizamos a fórmula 1/Req = 1/R1 + 1/R2 + 1/R3 …+ 1/Rn .

Com base nas equações dadas acima, é possível construir a equação da d.d.p do
gerador equivalente:

V eq =Eeq −Req ∙ i

Verifica-se que neste tipo de ligação apesar de não aumentar a f.e.m., a


intensidade de corrente fornecida 6 a soma das intensidades de corrente de cada
gerador, o que vai originar uma maior capacidade do conjunto. Por isso, a associação em
paralelo de geradores e utilizada sempre que se exijam correntes superiores a que e
fornecida por cada um deles.

A potência fornecida pelos geradores segue a mesma ideia das cargas. Seja em
série ou paralelo, o cálculo dá potência total fornecida é o somatório das potências
individuais de cada gerador.

Exemplo: Uma bateria de 50 pilhas ligadas em série, cada uma das quais com
f.e.m de 2,3V e resistência interna de 0,1 ohms, deve ser ligada a um resistor de
resistência R, de modo que a intensidade da corrente que circula no circuito seja de 23/3
A. Qual o valor de R? Calcule a potência dissipada no resistor R.

54
Capítulo 6- Magnetismo

Introdução

Dá-se o nome de magnetismo à propriedade de que certos corpos possuem de


atrair pedaços de materiais ferrosos.

Em época bastante remota os gregos descobriram que um certo tipo de rocha,


encontrada na cidade de Magnésia, na Ásia Menor, tinha o poder de atrair pequenos
pedaços de ferro.

A rocha era construída por um tipo de minério de ferro chamado magnetita e por
isso o seu poder de atração foi chamado magnetismo. Mais tarde, descobriu-se que
prendendo-se um pedaço dessa rocha ou imã natural na extremidade de um barbante
com liberdade de movimento o mesmo gira de tal maneira que uma de suas extremidades
apontará sempre para o norte da terra. Esses pedaços de rochas, suspensos por um fio
receberam o nome de “pedras-guia” e foram usadas pelos chineses, há mais de 2 mil
anos, para viagens no deserto e também pelos marinheiros quando dos primeiros
descobrimentos marítimos.

Assim sendo a terra é um grande ímã natural e o giro dos ímãs em direção ao norte
é causado pelo magnetismo da terra.

55
O polo norte geográfico da terra é na realidade o polo sul magnético e o polo sul
geográfico é o polo norte magnético. Esta é a razão pelo qual o polo norte da agulha de
uma bússola aponta sempre para o polo sul geográfico.

Imãs artificiais

São aqueles feitos pelo homem. Quando se imanta uma peça de aço temperado,
seja pondo-a em contato com outro ímã ou pela influência de uma corrente elétrica,
observa-se que o aço adquire uma considerável quantidade de magnetismo e é capaz de
reter indefinidamente. Estes são chamados ímãs artificiais permanentes. Este ímã oferece
uma vantagem sobre os naturais, pois além de possuir uma força de atração maior, pode
ser feito de tamanho e formato de acordo com as necessidades. As ligas de aço contendo
níquel e cobalto constituem os melhores ímãs.

Polos dos Ímãs

Os polos dos ímãs localizam-se nas suas extremidades, locais onde há a maior
concentração de linhas magnéticas. Eles são chamados norte e sul.

Polo magnético é toda superfície nas quais saem ou entram linhas magnéticas.

Linha Neutra

A força magnética não se apresenta uniforme no ímã. Na parte central do ímã, há


uma linha imaginária perpendicular à sua linha de centro, chamada linha neutra. Neste
ponto do ímã não há força de atração magnética.

Linha Neutra

56
Linhas de Força Magnética

Linha de força magnética é uma linha invisível que fecha o circuito magnético de
um ímã, passando por seus polos. Para provar praticamente a existência das linhas de
força magnética do ímã podemos fazer a experiência do espectro magnético.

Para tal coloca-se um ímã sobre uma mesa; sobre o ímã um vidro plano e em
seguida derramam-se limalhas, aos poucos, sobre o vidro. As limalhas se unirão pela
atração do ímã, formando o circuito magnético do ímã sobre o vidro, mostrando assim as
linhas magnéticas.

Imã sob vidro plano

A linha de força magnética é a unidade do fluxo magnético. Podemos notar através


do espectro magnético que as linhas de força magnética caminham dentro do ímã: saem
por um dos polos e entram por outro, formando assim um circuito magnético.

Observa-se também a grande concentração de linhas nos polos dos ímãs, ou seja,
nas suas extremidades.

Sentido das Linhas de Força de um Ímã

O sentido das linhas de força num ímã é do polo norte para o polo sul, fora do ímã.

Fragmentação de um Ímã

57
Se um ímã for quebrado em três partes, por exemplo, cada uma destas partes
constituirá um novo ímã.

Campo Magnético do Ímã

Damos o nome de campo magnético do ímã ao espaço ocupado por sua linha de
força magnética.

Lei de Atração e Repulsão dos Ímãs

Nos ímãs observa-se o mesmo princípio das cargas elétricas. Ao aproximarmos um


dos outros, polos de nomes iguais se repelem e polos de nomes diferentes se atraem.

Densidade Magnética

Densidade magnética é o número de linhas magnéticas ou força produzida por um


ímã numa unidade de superfície. A unidade prática da densidade magnética é o gauss.

Um gauss é igual a uma linha / cm2.

Relutância Magnética

Dá-se o nome de relutância magnética à propriedade de certas substâncias se


oporem à circulação, das linhas de força. Pode-se comparar o circuito elétrico à
resistência se opondo a passagem da corrente elétrica.

Teoria Molecular da Magnetização

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Esta teoria ensina que cada molécula de um material magnetizável constitui um
diminuto ímã cujo eixo encontram-se desalinhado em relação as outras moléculas.

Barra de aço não Magnetizada

Colocando-se esta barra sob os efeitos de


um campo magnético, as moléculas alinha-se polarizando assim a barra.

Barra de aço sob ação de um campo


magnético.

Permeabilidade Magnética

As linhas magnéticas atravessam qualquer substância; não há isolantes para elas.


Existem substâncias que facilitam a passagem das linhas magnéticas assim como,
existem outras que dificultam a sua passagem. Permeabilidade magnética é o mesmo que
condutibilidade magnética, ou seja, a facilidade que certos materiais oferecem à
passagem das linhas magnéticas. Os metais ferrosos em geral são bons condutores das
linhas magnéticas.

Os materiais magnéticos estão classificados da seguinte maneira:

a) Paramagnéticas - são materiais que tem imantação positiva porém constante


ex.: alumínio, platina e ar.

b) Ferromagnéticas - são materiais que tem imantação positiva, porém não


constante, a qual depende do campo indutor. Ex.: ferro, níquel, cobalto, etc.

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O desenho demonstra a atração sofrida pelos corpos ao se aproximarem do imã.

c) Diamagnéticos - são materiais que tem imantação negativa e constante como:


bismuto, cobre, prata, zinco e alguns outros que são repelidos para fora do campo
magnético.

Fluxo Magnético

O fluxo de um campo magnético é o número total de linhas de força que


compreende esse campo. Ele é representado pela letra ϕ (que se pronuncia Fi). A
unidade do campo magnético é o Maxwell. Um Maxwell é iguala uma linha de força.

Densidade do Fluxo Magnético

A densidade magnética representa o número de linhas por cm 2. É representada


pela letra B e sua unidade é o Gauss.

φ
B= =Gauss
A

em que:

Bé a densidade do fluxo, em Gauss;

φ é o fluxo magnético total, em Maxwell;

A é a área, em cm2

Capítulo 7 – Eletromagnetismo

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Introdução

Uma corrente elétrica pode ser produzida pelo movimento de uma bobina em um
campo magnético fato este da maior importância na eletricidade. Este é o modo mais
geral de produção de eletricidade para fins domésticos, industriais e marítimos.

Como o magnetismo pode gerar eletricidade, bastaria um pouco de imaginação


para que se fizesse uma pergunta: será que a eletricidade pode gerar campos
magnéticos? A seguir, veremos que isto realmente acontece.

Observamos anteriormente que a corrente elétrica é movimento de elétrons no


circuito. Analisemos agora as linhas de força eletrostática e as linhas magnéticas
concêntricas ao condutor, produzidas pelo elétron imóvel e em movimento.

Linhas de força eletrostática

O elétron parado contém linhas de força eletrostática no sentido radial.

Em experimentos tais como a garrafa eletrostática, é observado que lâminas de


alumínio se atraem por possuírem cargas contrárias e, consequentemente, repelem
cargas elétricas do mesmo nome. As linhas de força eletrostática são a manifestação do
campo eletrostático do elétron.

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Quando o elétron percorre um condutor, ele cria um campo magnético concêntrico
ao condutor, cujas linhas de força giram no sentido dos ponteiros do relógio, quando o
sentido do movimento do elétron é da direita para a esquerda.

O elétron em movimento tem os dois campos; o elétrico e o eletromagnético. O


espaço em que atuam as força de atração e repulsão tem o nome de “campo de força”;
assim, tem-se um “campo eletrostático” ou simplesmente “campo elétrico” na figura da
esquerda e tem-se “campos magnéticos” na figura à direita.

(a) (b)

(a) - campo elétrico de duas esferas eletrizadas (corpos isolantes).

(b) - campo magnético de dois polos do imã (corpos magnéticos)

Nota: A concepção dos elétrons esclarece todos os efeitos observados em


Eletrotécnica. Para demonstrar a existência de um campo magnético ao redor de um
condutor percorrido por uma corrente, liga-se por intermédio de uma chave, um fio grosso
de cobre em série com uma pilha ou acumulador. O fio de cobre é introduzido em um
orifício de uma folha de cartolina que é mantida na posição horizontal, perpendicular ao
condutor. Com a chave ligada espalha-se limalha de ferro. A seguir, bate-se levemente na
cartolina para ajudar o alinhamento da limalha. A figura chama-se espectro magnético.

Campo Magnético do Condutor Retilíneo


Obtém-se a direção da corrente no condutor segurando-o com a mão direita; o
polegar indica a direção da corrente e a curvatura dos dedos o sentido de rotação das
linhas de força magnética, concêntrica ao condutor.

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A experiência de Oersted demonstra que, estando o condutor acima da agulha com
a corrente na direção N, a ponta da agulha desvia-se para a esquerda.

Na falta da bússola, aplica-se o processo do Voltâmetro; com um pouco d’água


salgada (1% sal) num prato de louça, mergulham-se as pontas dos fios como mostra a
figura abaixo, sendo que no polo negativo formam-se bolhas de gás hidrogênio.

Campo Magnético da Espira

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Dando-se ao condutor retilíneo a forma de anel ou espira, as linhas magnéticas
concêntricas dão uma resultante S-N, perpendicular ao plano da espira. A posição do polo
N depende do sentido da corrente no condutor.

Campo magnético ao redor de uma espira e de uma bobina.

A indicação da entrada e saída da corrente num condutor ou numa bobina são


representado as como mostra a figura ao lado. A cruzeta na entrada representa a cauda
da seta e o ponto de saída representa a ponta da seta.

Solenóide
Para conhecer a polaridade de bobinas, aplicamos as seguintes regras:

Regra da mão esquerda

Tomando-se o solenoide na mão esquerda, como na figura, o polegar indica a


posição do polo N e a curvatura dos dedos a direção, a entrada e a saída da corrente
quando os terminais do solenoide são visíveis.

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Regra da bússola
Conhece-se a polaridade de uma bobina encadarçada ou em carretel, usando a
bússola; faz-se passar na bobina uma corrente suficiente para produzir o desvio da
agulha. Um fio de cobre enrolado em espiral, com muitas voltas, chama-se solenóide.
Com a passagem da corrente elétrica os campos magnéticos da cada espira somam-se
produzindo efeitos muito mais fortes.
Os efeitos magnéticos produzidos pela corrente elétrica chamam-se “efeitos
eletromagnéticos”. A passagem da corrente no solenoide cria um campo magnético com
as mesmas propriedades do imã permanente. As linhas de força podem ser vistas no
espectro magnético.
Aproximando-se o polo S do ímã ao polo N do solenoide, há atração e, se
aproximarmos o polo N do ímã ao polo N do solenoide, haverá repulsão.
Conclusão: “os polos de nomes diferentes se atraem e os pólos de mesmo nome
se repelem”.

Colocando-se dentro da solenóide um núcleo de ferro batido, as linhas magnéticas,


antes dispersas no ar, nele se concentram, resultando um campo magnético fortíssimo. É
fácil constatar o grau de concentração das linhas no núcleo de ferro, provocando o desvio
da agulha magnética colocada a certa distância do solenoide operando-se sem o núcleo e
com o núcleo.

A densidade do campo magnético do solenoide, com núcleo de ar, obtém-se


com a fórmula:

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1,25 ∙ N ∙ I
B=
L
Em que:
B= Gauss (nº de linhas magnéticas/cm2)
N= Número de espiras ou voltas de fio
I = Corrente, em A;
L = Comprimento do solenoide.

Exemplo: Calcule o campo magnético resultante de um solenoide de L = 10 cm de


comprimento, N = 10 espiras para uma corrente I = 40 A.

Os mesmos efeitos de atração e repulsão que se verificam entre ímãs permanentes


podem ser obtidos com solenoides. O esquema mostra com se realiza a experiência.

Em condutores paralelos obtém-se igualmente efeitos da atração e repulsão


quando são percorridos por correntes do mesmo sentido ou de sentidos contrários, como
se vê na figura.
Força Magneto-Motriz
A força magneto-motriz (abrevia-se f.m.m.) é a força (agente) devido a qual se
reproduz o fluxo, as linhas de força ou o magnetismo num circuito magnético. Num
circuito elétrico deve haver uma f.e.m. aplicada no circuito antes que se possa fazer
circular os elétrons pelo circuito. Igualmente num circuito magnético deve existir um f.m.m.
antes que possa haver fluxo magnético. A f.m.m. é a causa e o fluxo é o efeito. É
evidente, então, que f.m.m. num circuito magnético é análoga a f.e.m., pressão ou tensão
num circuito elétrico.

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A unidade prática e racional da f.m.m é o ampère-volta, isto é, a capacidade para
produzir um fluxo de linhas de força num circuito eletromagnético; é determinada pelo
número de ampères-voltas, que magnetizam este circuito. Determinando
matematicamente ou experimentalmente o número de linhas de força produzidas por uma
certa bobina verificamos que o número dessas linhas são proporcionais a dois fatores:
 A corrente que flui, em ampères;
 O número de voltas dessa bobina.

Considerando, por exemplo, uma bobina de 5 voltas, na qual circula uma corrente
de 20 A, a f.m.m. desta bobina em ampères-voltas é 20 x 5 = 100 ampères-voltas.
Passando 10 ampères numa bobina de 10 voltas, a f.m.m. será 10 x 10 = 100 ampères-
voltas.

Assim, as equações para calcular os ampères-voltas são dadas:

M =I ∙ N

M
I=
N

M
N=
I

M = f.m.m., em ampères-voltas;

I = Intensidade da corrente em ampères;

N = número de voltas.

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