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Efeito BTS apresenta:

HYYH The Notes


[ 1º semestre do ano 22 ]
Tradução para Português

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Esse arquivo contém as nossas traduções em Português para as HYYH The Notes dos álbuns
“Love Yourself: Her”, “Love Yourself: Tear”, “Love Yourself: Answer”, “Map of the Soul:
Persona” e “Map of the Soul: 7”, além dos livros “THE NOTES 1” e “THE NOTES 2”.

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*Todas as notas serão organizadas ​em ordem de acordo com a data​ de seu registro.

*As notas serão ​acrescentadas semanalmente​ a esse arquivo compilado a medida em que
forem publicadas em nossas demais redes sociais.

*​Atenção!​ As notas, por vezes, passam por menções a conteúdos sensíveis como suicídio,
depressão, abuso, violência e alcoolismo. Deixaremos um aviso no início de notas que
apresentarem tais tópicos.

*​Compartilhe​ o arquivo com amigos e familiares! Vamos tornar o BTS Universe, bem como o
próprio BTS, ainda mais conhecidos!

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DATA: ​01 de fevereiro do ano 22
PERSONAGEM:​ SeokJin
ÁLBUM ou LIVRO:​ Map of the Soul: 7

O anúncio de que estávamos prestes a pousar foi feito. Eu ainda só conseguia ver
nuvens nebulosas fora da janela. Eu pensei no meu tempo em Los Angeles. Era bom
ter o mar ali. Além disso, nada mais me veio à mente. Parecia que o avião estava
fazendo um grande círculo e logo a cidade apareceu.

Retornar a Songju foi um fato abrupto. Por telefone, meu pai disse “volte”. Claro, havia
um motivo. Meu pai não é uma pessoa que move as peças do jogo sem motivo. Mas
ele não me disse o motivo. Já que eu vou descobrir se for, não perguntei. Não, talvez
eu voltar para Songju não seja tão repentino. Talvez tudo já estivesse decidido e eu era
o único que não sabia.

“Essa é a nossa casa?”, ouvi a voz da criança sentada à minha frente. Eu olhei para
fora da janela. “Não, a nossa casa fica do outro lado daquele rio”, respondeu alguém
que devia ser o pai. “Casa”, repeti interiormente. Não parecia que eu estava voltando
para casa. Mas isso não significa que Los Angeles era minha casa também. LA e
Songju. Ambos os lugares eram meus endereços, mas nenhum deles era o meu lar.
DATA: ​25 de fevereiro do ano 22
PERSONAGEM:​ HoSeok
ÁLBUM ou LIVRO:​ Map of the Soul: Persona

Quando o meu aniversário de 19 anos passou, meu mundo mudou completamente


mais uma vez. Eu não podia mais ser uma criança protegida e permanecer no orfanato.
Eu comprei uma casa com o dinheiro que recebi depois de deixar o sistema e o
dinheiro que guardei trabalhando meio período. Eu não podia nem pensar em ficar na
área perto do Two Star Burger. Eu procurei perto da estação de Songju, mas não havia
muita diferença. No fim, tudo o que eu podia fazer era subir uma rua que era uma
ladeira. A casa na cobertura que encontrei ficava bem na parte de dentro de uma rua
sem saída.

Eu puxei a minha mala pela escada de ferro. Eu havia deixado o orfanato que morei
por 12 anos, mas não tinha muitos pertences. Por isso, eu já havia terminado apenas
ao organizar algumas peças de roupa e tênis, bem como pequenas mobílias que eu
havia comprado de um centro de reciclagem.

Ainda assim, mudança é mudança e, quando eu endireitei minhas costas, já era noite.
Mesmo com o tempo de fevereiro, minhas costas estavam suando. Conforme abri a
porta de ferro com um rangido, o ar gelado do fim de inverno entrou com tudo. Eu saí e
me apoiei no corrimão. Eu olhei para Songju abaixo de mim. Eu tentei adivinhar aonde
ficava o orfanato apenas com os meus olhos. Indo junto ao rio pela esquerda e deixado
abaixo do sinal em formato de trevo que eu podia ver. Mas, com as placas de neon e
as luzes, eu não conseguia ver bem o orfanato.

Eu virei a cabeça e olhei para essa casa da cobertura. Um pequeno cômodo que mal
era um cômodo, na verdade. Um cômodo gasto que seria tão quente quanto um
vaporizador no verão e, no inverno, o vento gelado entraria pelas frestas. Mas era o
único lugar no mundo para mim. Um lugar onde eu podia ser eu mesmo. Um lugar
onde eu podia ter medos bobos ou esperança para os outros rirem. Um lugar onde eu
posso rir ou chorar o quanto o meu coração quiser. "Vamos fazer isso bem", eu gritei
enquanto encarava aquele cobertura. A casa mais alta da cidade. Esse lugar que
estava tão perto de tocar o céu da noite era meu a partir de hoje.
DATA: ​02 de março do ano 22
PERSONAGEM:​ HoSeok
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Answer

Eu gosto de estar perto de pessoas. Depois que deixei o orfanato e comecei a viver por
conta própria, eu comecei um trabalho de meio período em um restaurante de fast
food. Era um trabalho que requeria que eu visse muitas pessoas, sempre sorrindo e
tendo energia. Eu gostava desse trabalho. Sinceramente, na minha vida não há muito
do que rir ou ter energia. Certamente já vi mais pessoas más do que boas. Talvez seja
por isso que eu gostava ainda mais desse trabalho. Mesmo que eu me obrigue a sorrir
amplamente, falar em voz alta e conversar agradavelmente, eu tenho a ilusão de que
realmente me sinto assim. Enquanto sorria muito, meus sentimentos ficavam bons e,
enquanto falava gentilmente, eu me tornava uma pessoa gentil. Também houve dias
difíceis. Quando eu limpava a loja e voltava para casa, era difícil dar sequer um passo.
Também houve muitos dias em que clientes que fizeram uma cena. Mesmo assim,
quando eu tinha amigos, era mais fácil suportar essas coisas do que agora.

Às vezes, quando olho para os clientes que preenchem a loja, penso em meus amigos.
SeokJin, que foi transferido para outra escola sem dizer uma palavra; NamJoon, que
desapareceu numa manhã; YoonGi, de quem não recebi contato depois que ele foi
expulso; TaeHyung, que eu não sabia se ele estava passando por algum problema; e
JiMin, que não voltou para a escola depois que eu o vi pela última vez na sala de
emergência. Eu vi JungKook vestindo seu uniforme escolar e indo para a escola várias
vezes pela janela, mas, por algum motivo, ele não parou no restaurante nenhuma vez.
Pensei comigo mesmo que esses tempos realmente devem ter acabado.

Ao som de um cliente entrando pela porta, eu dou as boas-vindas. Então eu me virei e


olhei para a porta com um sorriso brilhante.
DATA: ​29 de março do ano 22
PERSONAGEM:​ TaeHyung
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Answer

O dono do posto de gasolina cuspiu no chão e então saiu. Eu estava deitado no chão.
Enquanto eu estava grafitando a parede de trás do posto de gasolina, fui pego pelo
dono e atingido enquanto ele me perguntava o que eu estava fazendo com a parede de
outra pessoa. Eu rolei no chão. Ser atingido era algo que eu estava acostumado, mas é
algo com o qual não consigo me acostumar.

Eu comecei a grafitar muito tempo atrás. Eu tentei jogar spray em uma parede com
uma lata de spray que alguém havia jogado fora. Acho que era amarelo. Eu apenas
pintei sem cuidado e olhei. Enquanto olhava para o contraste da tinta amarela na
parede cinza, eu peguei um spray diferente. Por um tempo, eu grafitei meus
sentimentos desconhecidos na parede. Eu esvaziei todas as latas de spray e parei
minha mão. Peguei a lata, joguei fora e dei um passo para trás. Eu estava sem fôlego,
como se eu tivesse corrido.

Eu não sabia que significados tinham as cores na parede. Eu não sabia o que eu tinha
feito ou por que. Apenas uma coisa eu conseguia imaginar que eram meus
sentimentos. Eu desabafei meus sentimentos em uma parede. A princípio, eu achei
que era feio. Era também achei que era sujo. Era estúpido, inútil e patético. Eu não
gostei. Eu esfreguei a tinta que estava menos seca com a palma da minha mão. Eu
queria apagar tudo. Ao invés de apagar, eu esmaguei cores diferentes e fiz um purê
delas com diferentes formas. Eu encostei contra a parede. O problema não era eu não
gostar. O problema também não era não ser bonito. Era apenas eu.

Eu tossi quando levantei. A parte de dentro da minha boca tinha explodido e sangue se
espalhou pela minha palma. Então, eu vi a mão de alguém pegar a lata de spray. Eu
segui a mão e olhei para o rosto da pessoa. Era NamJoon. Eu sorri. Eu achei que
estava vendo uma aparição. Mas o hyung estendeu sua mão. Eu fiquei apenas olhando
para cima. Hyung me levantou pela minha mão. Aquela mão era quente.
DATA: ​07 de abril do ano 22
PERSONAGEM:​ YoonGi
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Her

Parei de andar ao som de um piano desajeitado. No meio da noite, no canteiro de


obras vazio, se ouvia apenas o som do fogo que alguém acendeu num tambor. Eu
conhecia a música que estava tocando, mas não pensei muito nela. Meus passos
bêbados vacilaram. Fechei meus olhos e caminhei mais descuidadamente de
propósito. A medida em que o calor que o fogo estava emitindo ficava mais forte, o som
do piano, o ar noturno e a minha embriaguez ficavam mais fracos.

Abri os olhos ao som repentino de uma buzina e um carro passou de raspão por mim.
Com a confusão da embriaguez, o brilho dos faróis e o vento do carro passando, eu
cambaleei desamparado. Eu ouvi o motorista soltar um xingamento. Parei de andar
com a intenção de xingar de volta mas percebi que não conseguia ouvir o barulho do
piano. O som do fogo queimando, o som do vento e as marcas deixadas pelo carro...
Eu não conseguia ouvir o som do piano com clareza. Eu pensei que tinha parado. Por
que iria parar? Quem estava tocando o piano?

Com um barulho forte, as faíscas do fogo no tambor surgiram na escuridão. Eu encarei


aquela imagem vagamente por algum tempo. Meu rosto corou com o calor. Foi então
que ouvi o som do punho de alguém batendo nas teclas do piano. Eu olhei para trás
instintivamente. Por um breve momento, meu sangue ferveu e minha respiração se
tornou irregular. Meu pesadelo de infância. Era o mesmo som que eu ouvi naquele
lugar.

No momento seguinte, eu estava correndo. Não foi pela minha vontade, meu corpo se
virou sozinho e correu na direção da loja de instrumentos. De alguma forma, parecia
ser algo que eu já havia repetido inúmeras vezes. Não sei o que era, mas parecia que
eu estava esquecendo algo urgente.

A loja de instrumentos com a janela quebrada. Alguém estava sentado em frente ao


piano. Vários anos se passaram, mas eu pude reconhecer imediatamente quem era.
Ele estava chorando. Eu cerrei meu punho. Eu não queria me envolver na vida de
ninguém. Eu não queria consolar a solidão de ninguém. Eu não queria me tornar
alguém que significasse algo para ninguém. Eu não podia ter certeza de que eu
poderia protegê-lo. Eu não tinha confiança de que eu poderia estar ao seu lado até o
fim. Eu não queria machucá-lo. E eu não queria me machucar.
Eu me movi devagar. Pensei em me virar e ir embora, mas, sem perceber, me
aproximei dele. Então eu apontei a nota que estava errada. JungKook virou sua cabeça
e olhou para mim. “Hyung.” Foi a primeira vez que nos encontramos depois que eu
larguei os estudos no ensino médio.
DATA: ​11 de abril do ano 22
PERSONAGEM:​ SeokJin (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Her

Quando eu abri os meus olhos, era 11 de Abril de novo. A luz do sol entrava pelas
cortinas abertas.

Quando eu levantei, senti tontura então fechei os olhos. As coisas ao meu redor se
tornaram carmesim, e eu me lembrei da imagem de TaeHyung. Ele ficou de pé sozinho
no topo da plataforma no mar. Era 22 de Maio. O passado e o futuro, era algo que já
havia acontecido no passado e poderia acontecer no futuro.

Era um momento em que eu achei que tudo tinha sido resolvido. Era perto do por do
sol quando eu vi o TaeHyung subir a plataforma. O céu ainda estava azul, mas uma
atmosfera vermelha-escura começou a se espalhar. Eu virei a cabeça e vi o TaeHyung
no alto da plataforma. TaeHyung alcançou o topo e olhou para baixo até nós
brevemente. Então ele pulou. Como um pássaro, como se ele tivesse asas, ele saltou.
Então pareceu que ele parou no ar por um momento, e eu senti como se um espelho
estivesse se quebrando, como se o vento frio estivesse entrando através das cortinas
abertas. E quando eu abri meus olhos, era 11 de Abril.
DATA: ​11 de abril do ano 22
PERSONAGEM:​ SeokJin (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Tear

Eu vim para o mar sozinho. Pelo retrovisor, o mar estava tão largo, azul e aberto como
sempre. A luz do sol que batia e se dispersava na superfície e o vento que soprava
pela floresta de pinheiros também estavam da mesma forma de sempre. Se havia algo
diferente, era que eu estava realmente sozinho. Quando apertei o botão do câmera, a
visão na minha frente piscou como um flash, aquele dia de 2 anos e 10 meses atrás
apareceu por um momento e desapareceu. Naquele dia, nos sentamos lado a lado em
frente a esse mar. Estávamos exaustos, não tínhamos nada, estávamos
desamparados, mas estávamos juntos.

Virei o carro e pisei no acelerador. Passei pelo túnel e pela parada de descanso. Abri a
janela do carro quando cheguei nas proximidades da escola que todos nós
frequentamos juntos. Era uma noite de primavera. O ar estava quente e as flores de
cerejeira flutuavam em torno das árvores que delineavam a parede da escola.
Deixando a escola para trás, passei por vários cruzamentos e fiz várias voltas à
esquerda e à direita. A alguma distância, comecei a ver as luzes do posto de gasolina
em que NamJoon trabalha.
DATA: ​11 de abril do ano 22
PERSONAGEM:​ SeokJin (Versão 3)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Answer

Com um barulho muito forte, o carro quase não parou. Eu estava perdido em
pensamentos e não vi a luz do semáforo mudar. Estudantes em uniformes familiares
atravessaram na faixa de pedestres e olharam para mim através da janela do carro.
Também tinha pessoas apontando para mim. Eu fiz um esforço para sorrir e baixar
minha cabeça.

Eu sabia o que eu tinha que fazer. No entanto, não era algo que não trazia medo. Eu
conseguiria acabar com toda essa infelicidade e essas feridas? Todas essas tentativas
falhas não significam que eu definitivamente não vou ter sucesso? Não significa que eu
deveria desistir? A felicidade é apenas uma esperança em vão para nós? Vários
pensamentos iam e vinham na minha cabeça.

Sem pensar, eu alcancei o cruzamento onde o posto de gasolina ficava, e a imagem do


NamJoon colocando gasolina veio à mente. Eu inalei profundamente e exalei devagar.
O rosto do YoonGi, HoSeok, JiMin, TaeHyung e JungKook vieram à minha mente, um a
um. Então eu troquei de faixa e entrei no posto de gasolina. Eu não podia desistir.
Mesmo que haja apenas 1% de chance, eu não poderia desistir. Através da janela do
carro, eu vi o NamJoon se aproximar.
*Alerta: Essa nota possui conteúdo sensível com menções à morte.

DATA: ​11 de abril do ano 22


PERSONAGEM:​ SeokJin (Versão 4)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Map of the Soul: 7

Abri os meus olhos novamente sob a luz do sol. As imagens do container, ainda em
chamas, e Namjoon, que morreu, permaneceram presas atrás das minhas pálpebras.
Desta vez também foi um fracasso. Eu levantei meu braço, cobrindo meus olhos e
pensei. Que método restou para eu salvar NamJoon? Refleti sobre a situação da data
de 30 de setembro. Não senti nenhum sentimento em particular. Eu não estava
impaciente ou assustado.

Após o primeiro acidente na vila de containers, passei por inúmeros loops. Mas eu
ainda não consegui descobrir por que continuo passando por loops ou o que devo fazer
para resolver isso. Não, mais do que isso! Eu não consegui descobrir o que era essa
pista, o "mapa da alma", que acabaria com tudo isso. O mapa da alma. A primeira vez
que ouvi essa frase, eu já havia falhado várias vezes. "Encontre o mapa da alma. Ele
pode acabar com tudo isso.” “O mapa da alma? O que é isso?", eu pressionei por um
resposta, mas a resposta não veio. Em vez disso, foram deixadas estas palavras: “Uma
dica terá um preço.”

A alguma distância, vi o posto de gasolina onde NamJoon trabalha. Eu lentamente


liguei minha seta e mudei de pista. Eu pensei apenas em uma coisa. Se eu interromper
o acidente de 30 de setembro, o loop irá chegar ao fim. Me vi diante apenas desse
objetivo e fui em direção a ele. Mesmo que nesse processo surja um problema, mesmo
se alguém se machucar ou ficar de fora, não há nada que possa ser feito. Se eu ficar
preso a isso ou ficar intimidado por esse pensamento, eu não vou alcançar o meu
objetivo. Mais importante do que salvar a todos era eu sobreviver e escapar. Essa foi a
lição que a repetição de incontáveis ​loops me deu.
DATA: ​11 de abril do ano 22
PERSONAGEM:​ SeokJin (Versão 5)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 1

Com um barulho muito agudo, o carro mal parou a tempo. Eu não vi a luz do semáforo
mudar, distraído por outros pensamentos. Alunos vestidos em uniformes escolares
familiares me encararam através da janela do carro enquanto atravessavam a rua.
Alguns me olharam com raiva, alguns riram vivamente como se fazendo piadas com os
amigos, alguns andaram com os olhos fixos nos livros, e alguns deram uma olhada ao
redor enquanto conversando no celular. Todos eles formavam uma cena pacífica.

Quando o sinal de "ande" começou a piscar, carros impacientes se mexeram e se


agitaram. Aqueles que pularam para a faixa de pedestres no último minuto se
apressaram para atravessar. Eu pisei no acelerador.

Eu cheguei no cruzamento do posto de gasolina rapidamente. Eu vi o NamJoon


enchendo o tanque de um carro ao longe. Eu apertei o volante. Eu sabia o que fazer,
mas isso não significa que eu não estava amedrontado. Eu seria capaz de por um fim
nessa linha de má sorte e dor? Falhar repetidamente não significa que não há
possibilidade de sucesso? Não significa que a gente deve desistir? A felicidade é
realmente uma esperança em vão para nós? Minha cabeça estava latejando com
esses pensamentos. Eu inalei profundamente e exalei devagar. Eu pensei nos rostos
do YoonGi, HoSeok, JiMin, TaeHyung e JungKook, um após o outro. Eu mudei de faixa
e parei no posto de gasolina. O NamJoon estava se aproximando. Eu abaixei a janela
do carro. "Há quanto tempo!"
DATA: ​11 de abril do ano 22
PERSONAGEM:​ SeokJin (Versão 6)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 1

A luz que entrava pela janela estreita do container parecia algum tipo de sinal. Um sinal
que nos guia quando estamos perdidos, um sinal que aponta para um abrigo quando
não temos para onde ir e um sinal que ilumina os amigos que estão ao nosso lado.
Estacionei o meu carro em uma esquina um pouco longe da ferrovia e observei os
outros se reunirem seguindo o sinal. HoSeok foi o primeiro a entrar no container,
seguido por YoonGi, JungKook, TaeHyung e NamJoon. Qual é a aparência deles
agora? Do que eles estão falando agora? Não é que eu não quisesse ver eles. Mas
isso era apenas o começo. O tempo ainda não havia chegado. Algum dia, todos nós
estaremos juntos novamente. Vamos rir juntos em meio a esse sinal. Mas isso é o mais
longe que eu irei hoje. Então, virei o meu carro.
*Alerta: Essa nota possui conteúdo sensível com menções à morte.

DATA: ​11 de abril do ano 22


PERSONAGEM:​ SeokJin (Versão 7)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Eu abri meus olhos novamente em meio à luz do sol. A visão do container ardente e do
NamJoon morrendo ainda estava vívida em meus olhos. Eu cobri os meus olhos com o
meu braço e pensei, "O que eu poderia ter feito para salvá -lo?" Na minha cabeça, eu
rebobinava tudo o que havia acontecido em 30 de Setembro. Eu não tinha nenhuma
emoção em relação à isso, e não me sentia com medo ou impaciente.

Desde que o fogo estourou na vila de containers, eu passei por incontáveis loops do
tempo. Mas eu ainda não sabia por que o loop começou naquele momento ou como
acabar com ele. Mais importante, eu ainda não tinha ideia sobre o mapa da alma que
poderia acabar com esse loop do tempo.

O mapa da alma. A primeira vez que ouvi sobre foi após falhar o loop várias vezes.
"Encontre o mapa da alma. Então tudo isso pode acabar." "O mapa da alma? O que é
isso?" Eu pressionei por uma resposta. Mas tudo o que eu consegui foram algumas
palavras, "Eu te dei uma pista, então você deveria pagar o preço por isso."

O posto de gasolina que o NamJoon trabalha começou a aparecer ao longe. Eu


lentamente empurrei a alavanca da seta para baixo e mudei de faixa. Eu pensava em
apenas uma coisa: "Eu tenho que prevenir o acidente de 30 de Setembro e acabar com
o loop do tempo. Esse é o único objetivo que eu tenho. Se algo acontecer, se alguém
se machucar ou for deixado para trás, não há nada que eu possa fazer. Se eu me
preocupar ou afligir sobre isso, eu não vou perceber o meu objetivo. O que é mais
importante do que salvar todo mundo, é que ao menos eu devo sair dessa vivo." Essa
foi a lição que eu aprendi dos intermináveis loops do tempo.
DATA: ​11 de abril do ano 22
PERSONAGEM:​ YoonGi
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Answer

Eu andei prestando atenção em JungKook, que estava me seguindo. Os containers


apareciam continuamente ao longo dos trilhos de trem que se estendiam. É o quarto
container da parte de trás. HoSeok disse que ele planejava encontrar NamJoon e
TaeHyung e ele disse que eu também deveria ir. Eu concordei, mas não pensei que
realmente iria. Eu odiava me envolver com outras pessoas e é uma verdade que
HoSeok também sabia. Ele provavelmente pensou que eu realmente não apareceria.

Quando abri a porta, pude ver o rosto surpreso de HoSeok. E quando ele viu
JungKook, ele se aproximou com uma expressão de emoções misturadas em seu jeito
exagerado de costume. Passei pelos dois e encarei o interior do container. "Há quanto
tempo, hein?", eu podia ouvir o som irritante de HoSeok tentando abraçar um
JungKook envergonhado.

Logo depois, NamJoon entrou, trazendo TaeHyung. Um lado da camiseta de TaeHyung


estava rasgado. Quando questionado sobre como isso aconteceu, NamJoon fingiu que
tinha acertado TaeHyung. Ele estava atrasado porque teve que pegar TaeHyung na
delegacia de polícia, porque o garoto foi levado por fazer pichação. Enquanto
exagerava fingindo estar arrependido e tremendo, TaeHyung disse que rasgou a
camiseta enquanto tentava fugir da polícia.

Eu me sentei no canto. NamJoon deu a TaeHyung uma camiseta para vestir e HoSeok
estava pegando algumas coisas como hambúrgueres e bebidas. No meio de tudo isso,
JungKook estava de pé sem jeito, sem saber o que deveria fazer. Olhando para o
passado, o tempo que passávamos no ensino médio também era assim. Em algum
lugar na sala de aula, NamJoon era provocado enquanto tentava argumentar com
TaeHyung. HoSeok estava ocupado movendo coisas e JungKook pairava sem saber
onde era seu lugar.

Já fazia muito tempo que não nos reuníamos assim. Eu não me lembrava bem. O que
aconteceu com SeokJin e JiMin? Em seguida, eu pensei algo que não era comum para
mim. Mesmo o container sendo um lugar que eu vim hoje pela primeira vez, meu
coração estava estranhamente à vontade e confortável.
DATA: ​11 de abril do ano 22
PERSONAGEM:​ NamJoon (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Her

Eu terminei de encher o tanque de gasolina e me virei, e alguma coisa roçou meu rosto
e caiu. Como foi inesperado, eu dei um passo para trás e quando olhei para baixo, uma
nota amassada havia caído aos meus pés. Eu abaixei instintivamente e estiquei a mão.
As pessoas sentadas no sedan riram ruidosamente. Eu parei momentaneamente. Há
alguma distância, SeokJin estava assistindo. Eu não conseguia levantar minha cabeça.
O que eu deveria fazer se eu olhasse para as pessoas que dirigem por aí em grupos
em carros caros, ignorando os outros e fazendo piada deles? Eu deveria me opor a
isso. Se as ações deles são injustas, eu deveria me opor. Não é um problema de
coragem, auto-respeito ou igualdade. Claro, é algo que deveria ser feito.

No entanto, esse lugar era um posto de gasolina e eu era um trabalhador de


meio-período. Se um cliente jogasse lixo, eu deveria limpar, se eles xingassem, eu
deveria ouvir, e se eles jogassem dinheiro, eu deveria recolher.

Meu corpo tremeu de desprezo. Eu fechei minha mão em um punho. Minhas unhas se
afundaram na minha pele.

Naquele momento, alguém pegou o dinheiro. Então, me entregou. As pessoas no carro


murmuraram por baixo de suas respirações como se eles tivessem perdido interesse e
deixaram o posto de gasolina. Eu não conseguia levantar a cabeça mesmo depois de
eles saírem. Eu não tinha confiança o suficiente para olhar nos olhos do SeokJin.
Minha covardia, minha pobreza, minhas circunstâncias, não eram coisas que o SeokJin
não sabia. Mesmo assim, eu não queria mostrar isso pra ele tão francamente. O Hyung
ficou parado no canto do meu campo de visão e não se mexeu. Ele não se aproximou e
também não disse nada.
DATA: ​11 de abril do ano 22
PERSONAGEM:​ NamJoon (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Answer

Eu procurei entre algumas camisetas, mas TaeHyung estendeu a mão por trás e pegou
uma. Era uma camiseta com a mesma frase impressa da camiseta que eu estava
vestindo. Com um sorriso inquieto, TaeHyung tirou sua camiseta rasgada. Sob a luz
fraca pendurada no container, eu momentaneamente vi as suas costas machucadas.
HoSeok olhou para mim com olhos surpresos. TaeHyung vestiu minha camiseta e se
olhou no espelho sujo. Ele riu.

“Esse moleque estava grafitando e fugindo por aí, estou atrasado porque fui tirá-lo da
delegacia.” Eu fingi bater em TaeHyung e ele exagerou fingindo estar arrependido.
YoonGi, sentado no canto do container, se aproximou de TaeHyung lentamente e deu
um tapa em seu ombro.
DATA: ​11 de abril do ano 22
PERSONAGEM:​ NamJoon (Versão 3)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

À distância, eu vi as luzes do container. Eu andei em silêncio assim como o TaeHyung


que estava andando atrás de mim. Ninguém nos pediu, mas nós dois andávamos
devagar. Como se estivéssemos indo na direção errada, nós continuamos olhando
para trás. Nós diminuímos ainda mais o passo conforme as luzes se aproximavam.

"Você vai contar para eles sobre o SeokJin?" Quando TaeHyung perguntou, eu hesitei.
"Só que ele voltou dos Estados Unidos." Eu lembrei de como o SeokJin parecia quando
ele apareceu no posto de gasolina de repente. Seu rosto parecia vazio e sua voz seca.
E eu me lembrei do que o TaeHyung havia dito: "Foi nossa escolha nos tornarmos o
que somos agora, ou..." TaeHyung não terminou sua pergunta. Ele provavelmente ia
dizer destino. Se eu acreditava em destino.

Destino. Eu nunca realmente pensei sobre isso. Eu pensava que destino era ou o
ambiente em que alguém nasceu, ou a personalidade que alguém tinha. Mas quando o
TaeHyung me perguntou aquilo, eu não quis que o destino existisse. Eu não queria que
nada tivesse sido decidido. Eu queria que tudo fosse possível ou que fosse decidido
pela escolha das pessoas.

Nós abrimos a porta do container e vimos YoonGi, HoSeok e JungKook. Fazia dois
anos.
DATA: ​11 de abril do ano 22
PERSONAGEM:​ TaeHyung (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Map of the Soul: Persona

Eu desenhei uma linha com uma lata de tinta spray preta. Um rosto magro, uma boca
que se esqueceu como falar, cabelos completamente ressecados. O rosto que eu tinha
visto em meus sonhos começou a se revelar na parede cinza em linhas grosseiras.
Agora era hora de desenhar os olhos. Estendi minha mão, mas dei um passo para trás
e fiquei ali parado.

Na minha cabeça, o rosto era distinto. Os olhos eram claros o suficiente para me dar
arrepios. Mas eu não sabia como eu devia expressar isso. Nos olhos só havia
indiferença e frieza, e alegria e tristeza haviam se tornado voláteis. Muitas cores se
esmagadas em apenas uma cor e os olhos pareciam não dizer mais nada. Peguei a
lata de spray várias vezes, mas no final, eu não consegui desenhar os olhos.

Dois anos se passaram desde que eu vi SeokJin pela última vez. Ouvi dizer que ele foi
para os Estados Unidos, mas eu não sabia de mais nada. Também foi a primeira vez
que ele apareceu em meus sonhos. Houve alguns momentos em que eu me perguntei
como ele estava. Me lembrei das coisas que aconteceram na nossa sala de aula e da
sua conversa com o diretor. Eu tinha boas lembranças sobre ele e também coisas que
eu não entendia sobre ele. Mas, mesmo naquele momento, ele não estava tão frio
como parecia em meus sonhos.

Eu olhei para cima novamente para o rosto que eu desenhei na parede. Era
definitivamente SeokJin. Mas não era a pessoa que eu conhecia. Por que de repente
eu tive um sonho assim? Esse sonho foi sinistro e teve uma sucessão de cenas
horrendas. Hyung assistia toda aquela miséria sem nenhuma expressão em seu rosto.
Larguei a mão que segurava a lata de spray. A frieza daquele sonho parecia estar
agarrando a minha nuca. Ao longe, ouvi o som das sirenes da polícia.
*Alerta: Essa nota possui conteúdo sensível com menções à morte.

DATA: ​11 de abril do ano 22


PERSONAGEM:​ TaeHyung (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 1

SUBTÍTULO:​ Epílogo - Pesadelo

Estava amanhecendo quando eu acordei. O cheiro familiar de meu pai e seu ronco se
transmitiam do seu quarto. O ar turvo do outro lado do pedaço de vidro translúcido
inserido na porta da frente balançou. Precisou de apenas três passos da entrada
estreita onde sapatos estavam espalhados por todo o chão do quarto principal. Eu tinha
começado a dormir lá desde não sei quando.

Eu senti uma pressão nas minhas costas e ombro enquanto me levantava. Eu pisei do
lado de fora com um copo de água na mão. Eu calcei qualquer sapato sem me importar
e andei devagar. Eu passei a delegacia de polícia, o beco e a passarela de pedestres,
e a ferrovia de além veio à vista. Era antes do nascer do sol, e a rua estava
mergulhada em silêncio sem nenhum carro ainda. O vômito de alguém de mais cedo
da noite fedia.

Eu andei junto da ferrovia. Um, dois, três, quatro. Eu parei em frente ao quarto
contêiner do final. Era do NamJoon. Eu alcancei a maçaneta e hesitei. O NamJoon
deve estar dormindo agora. E o que eu vi noite passada no meu sonho não deve ser
nada além de um pesadelo.

Eu tomei um gole d'água e me virei. A estação em ruínas e a ferrovia, casas


abandonadas, e as árvores e as sementes que estavam crescendo no meio ao acaso.
Uma sacola plástica preta rolou em minha direção e então voou no ar. Era uma
vizinhança pobre.

No meu sonho, essa área estava envolvida em chamas. Toda a cena parecia cintilar e
ondular. Talvez fosse por causa do calor ou talvez fosse porque eu estava sonhando. O
grito de alguém, um som de algo que parecia quebrar, o som de choro, e o som de algo
desmoronando todos vieram juntos e inundaram minha mente. As imagens que
brilhavam à distância de repente apareceu perto à toda velocidade. Eu me senti
enjoado e fechei os olhos, mas era um sonho. Eu não conseguia me livrar dele ao
fechar os olhos.
Meu olhar, a princípio bloqueados pelas chamas, passou por pessoas paradas de
costas para mim no minuto seguinte, e então parou de repente. Um, dois, três, quatro.
O quarto contêiner era do NamJoon. A porta havia caído. Havia manchas de sangue.
Chamas apareceram de dentro. As pessoas deram um passo para o lado uma após a
outra. O chão apareceu à vista. NamJoon estava deitado lá. Alguém soltou: "Ele está
morto."

Eu abri os olhos para encontrar o teto da minha casa. Eu podia ouvir o ronco de meu
pai. Foi tudo um sonho. Minha palma doía de repente. Eu liguei a água fria da torneira
e estendi minha palma. Parecia dormente debaixo do jato d'água. Eu enchi um copo
com água e bebi. Foi um sonho. Um pesadelo.
DATA: ​11 de abril do ano 22
PERSONAGEM:​ TaeHyung (Versão 3)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

“NamJoon, foi nossa escolha nos tornarmos o que somos agora ou...”

NamJoon e eu estávamos em um beco estreito em algum lugar de Songju. As luzes da


rua piscaram e apagaram de uma forma sinistra sobre a parede pintada com o meu
grafite. O rosto de SeokJin que eu desenhei na parede pela manhã - seu rosto esguio,
lábios silenciosos, cabelo pronto para se desfazer em pó e olhos vazios.

Eu tive um pesadelo na noite passada. Meus amigos da época do colégio estavam lá e


coisas terríveis e cruéis aconteceram. E SeokJin estava observando tudo, com o rosto
indiferente. Desenhei aquela cara sombria porque, de outra forma, eu não poderia
afastar o medo que enchia meu coração.

Quando fui encontrar NamJoon, ele disse algo inesperado. "SeokJin está de volta." Eu
me virei e olhei para NamJoon. Foi uma coincidência? A última vez que vi SeokJin foi
há dois anos. Ouvi dizer que ele foi para os Estados Unidos, mas foi só isso. “SeokJin
parece ter mudado muito. Quer dizer, sua aparência é a mesma, mas algo está
estranho. Não consigo colocar em palavras, mas parece que algo nele se desfez e
desapareceu.” Ouvindo isso do NamJoon, eu agarrei seu braço e corri para esse beco.

NamJoon ficou quieto na frente do meu grafite. Ele realmente não ouviu minhas
perguntas e não me perguntou por que eu não desenhei as pupilas nos olhos do
SeokJin. Talvez porque o rosto que NamJoon tinha visto em SeokJin parecia o rosto
que eu desenhei.

Eu disse: “Eu estava com muito medo de desenhar as pupilas”. Eu podia ver
claramente o rosto de SeokJin em minha mente, incluindo suas pupilas que eram
impossíveis de esquecer. Mas eu não sabia desenhá-los. Seus olhos frios e
indiferentes dos quais os sentimentos de tristeza ou alegria se evaporaram
completamente. Seus olhos que pareciam ter tantas cores diferentes ou todas as cores
combinadas em uma só. Ou ainda que pareciam ter tantas histórias para contar, mas
eram incapazes de contar sequer uma. Peguei uma lata de tinta spray de novo e de
novo, mas não consegui desenhar seus olhos.

"Você sabe o número do SeokJin?" NamJoon se virou e me perguntou por quê. "Para
perguntar algo a ele." "Sobre o que?" "Eu não sei o quê, mas eu quero vê-lo e talvez
perguntar a ele." De repente, o telefone do NamJoon tocou. "Por que vocês ainda não
estão aqui?" Era HoSeok. Ele disse que YoonGi e JungKook estavam esperando por
nós no container. Saímos do beco como se estivéssemos fugindo.
*Alerta: Essa nota possui conteúdo sensível com menções a suicídio.

DATA: ​11 de abril do ano 22


PERSONAGEM:​ JungKook (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Her

Eu caminhei no beiral do telhado. O prédio que estava no meio da construção. A


escuridão subiu pela ponta do meu pé quando eu o coloquei no ar. Abaixo do beiral, a
noite da cidade se espalhava vertiginosamente. Placas de néon, buzinas de carro e
uma poeira esfumaçada rodopiava na escuridão. Por um momento, eu cambaleei por
causa da tontura. Eu abri meus braços para manter o balanço. Então eu pensei. É
apenas um passo. Mais um passo, e tudo iria acabar. Eu encarei a escuridão e tentei
inclinar o meu corpo um pouco.

A escuridão que havia começado na ponta do meu pé logo consumiu todo o meu
corpo. Quando eu fechei meus olhos, a cidade estonteante, o barulho e meus medos
desapareceram. Eu parei de respirar. Então eu inclinei devagar. Eu não pensei em
nada. Ninguém veio à minha mente também. Eu não queria deixar nada para trás. Eu
também não iria me lembrar de nada. Esse apenas seria o fim, assim.
Foi naquele momento que o meu telefone tocou. Minha mente voltou para mim como
se eu estivesse acordando de um sonho distante. Meus sentidos vagos também
voltaram ao normal em um instante. Eu peguei o meu celular.

Era o YoonGi.
*Alerta: Essa nota possui conteúdo sensível com menções a suicídio e violência.

DATA: ​11 de abril do ano 22


PERSONAGEM:​ JungKook (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Answer

No final das contas, tudo aconteceu de acordo como que eu queria. Eu esbarrei de
propósito nos caras delinquentes que eu encontrei na rua e fui espancado o quanto
quis. Eu sorria ao ser atingido, então eles me chamaram de louco enquanto me batiam
ainda mais. Eu me encostei na porta e olhei para o céu. Já era noite. Não havia nada
naquele céu negro como azeviche. A alguma distância, pude ver um pouco de relva em
pé. O vento soprou mas ele parou. Era como eu. Achei que eu fosse chorar, mas eu
sorri propositalmente.

Fechei os olhos e pude ver a imagem do meu padrasto limpando a garganta. Meu
meio-irmão me chutou e riu de mim. Os membros da família do meu padrasto olharam
para o outro lado e falaram coisas sem sentido. Como se eu não estivesse lá, eles
agiam como se a minha existência não fosse nada. Diante dessas pessoas, a minha
mãe se intimidava. Me levantei do chão, a poeira subiu e eu tossi. A boca do meu
estômago doía como se eu tivesse sido esfaqueado por uma faca. Eu subi até o
telhado do canteiro de obras. A cidade na noite se estendeu com uma cor horrível. Eu
subi no beiral do telhado e caminhei, abrindo meus dois braços. Por um momento,
minhas pernas tremeram e eu quase perdi o equilíbrio. Eu pensei como, com apenas
um passo, eu morreria. Se eu morrer, tudo isso acabaria. Ninguém ficaria triste se eu
partisse.

*Curiosidade: Azeviche é uma substância mineral de coloração negra profunda e luminosa, que
se pode cortar e polir para confeccionar joias. É também conhecido como âmbar negro.
DATA: ​20 de abril do ano 22
PERSONAGEM:​ HoSeok
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

O Two Star Burger ficou lotado de gente em um piscar de olhos. As pessoas que
pularam pra dentro da lanchonete para evitar a chuva repentina pareciam perdidas
enquanto olhavam para fora pela janela escura. A chuva que começou do céu limpo e
azul logo se tornou um aguaceiro. Ficou escuro como a noite lá fora através da janela,
com os raios cortando através das nuvens negras. O ar ficou pesado e molhado com a
umidade vinda da chuva e das pessoas dentro da lanchonete.

Houve um som afiado de alerta. A princípio, parecia como algo caindo do outro lado da
lanchonete. E algo rolou pelo chão com pessoas se desculpando e dando um passo
para o lado. Um som similar veio do outro lado. Então veio "beep", "beep-beep", um
som metálico estridente. Desanimadas, as pessoas se viraram, com o beep ainda
apitando aqui e ali. O meu celular dentro do bolso vibrou. Era um alerta de texto.

E de repente eu vi o JiMin do outro lado do cômodo. Ou um estudante que parecia o


JiMin. "Park JiMin!" Eu gritei o seu nome, mas ele não deve ter ouvido, porque ele
simplesmente sumiu atrás de um pilar. Eu pulei por cima do balcão e segui atrás dele.

Uma semana atrás eu havia encontrado com meus amigos de escola. Vê-los
novamente era inesperado já que com o tempo cada um havia seguido seu caminho.
Eu estava feliz em vê-los, mas isso não era tudo. Alguém perguntou, "Você tem tido
contato com o JiMin?" A última vez que eu vi o JiMin foi quando ele teve um colapso e
foi levado ao hospital.

O menino se virou. Ele era um estudante jovem em um uniforme escolar. Eu olhei para
fora pela janela e vi o meu próprio reflexo. Eu estava parado no meio da chuva. Eu
estava no meio das pessoas, mas eu estava sozinho ao mesmo tempo. Todos
pareciam assustados com o ar pesado e escuro pairando sob nós.
DATA: ​21 de abril do ano 22
PERSONAGEM:​ TaeHyung
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

SeokJin não atendeu novamente. Desde que eu soube que ele voltou, tenho ligado
todos os dias. Eu olhei para o meu telefone. Kim SeokJin. Seu nome parecia
estranhamente desconhecido. O que eu devo fazer? Eu pensei nisso e comecei a
caminhar. Meu pesadelo continuou voltando depois daquele dia e eu acordava
encharcado em suor. Achei que eu poderia aliviar a minha ansiedade se eu pudesse
falar com ele.

Já tinha escurecido quando eu passei pelo Parque Joongang e cheguei ao lugar em


frente ao Centro Cultural de Songju. Uma área chique na qual eu geralmente não teria
razão para estar. Parei em frente ao portão da frente da casa do SeokJin. Eu estava lá,
mas eu não tinha nenhum plano. Carros com faróis acesos passavam zunindo por mim.

Eu fui para o beco próximo ao portão. Era um pouco íngrime, de onde eu podia olhar
para o jardim da casa do SeokJin. O jardim parecia exuberante com grama verde e
árvores frondosas. Eu não sei quanto tempo fiquei lá. Eu vi a luz sendo acesa em um
quarto no segundo andar da casa. E alguém andando atrás da cortina branca. Era
SeokJin.

Peguei o meu telefone. Eu esperei para que a chamada fosse conectada. Mas SeokJin
ficou imóvel, olhando para a parede do outro lado da janela. Eu ouvi a mensagem de
voz automática e SeokJin se afastou, desaparecendo da minha vista. Quando ele deu
um passo para o lado, pude ver a parede que estava escondida atrás dele.

Eu estava muito longe para ver claramente, mas havia um mapa na parede. Um mapa
de Songju com o meu bairro, Joongang-dong e Yeongsan-dong. O mapa tinha vários
post-its e algumas áreas destacadas com um marcador. Eu estiquei meu pescoço para
ver melhor. Quando percebi o que eu estava olhando, pude ver melhor - a escola, o
Hospital Gyeongil no lado direito e os apartamentos Mokryeon onde eu morava.

SeokJin voltou ao mapa e marcou um lugar nele. Eu pensei sobre onde ele havia
marcado. Ao lado direito da delegacia de polícia de Songju. A área planejada para
demolição. Por que ele estava marcando aquele lugar? Pensei em ligar para ele
novamente, mas decidi não ligar. Eu não sabia o que ele estava fazendo, mas, fosse o
que fosse, eu tinha certeza de que ele não queria me contar sobre isso.
DATA: ​25 de abril do ano 22
PERSONAGEM:​ JungKook
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Eu olhei para cima quando alguém colocou o braço em meus ombros. "Você têm
subido aos lugares altos esses dias?" TaeHyung perguntou. Assustado, eu olhei em
volta. Eu sempre estava sozinho depois da escola e, como sempre, eu estava andando
com a cabeça baixa. "O que você quer dizer?" Ele apontou para o local da obra e
disse, "Não vá para um lugar como aquele lá. Principalmente a noite. Entendeu?" Eu
permaneci quieto e andei no meio da rua cheia de estudantes. TaeHyung me lançou
longos olhares de lado e disse, "Esse lugar com certeza mudou muito. Mas aquilo
ainda está lá."

Eu olhei para ele. Lugares altos? Por que ele havia me perguntado aquilo? Ele ouviu
sobre isso de alguém? Eu não tinha contado para ninguém, mas eu vinha subindo em
lugares altos. Eu descia pelo riacho Yangji o mais rápido que eu podia de bicicleta, ou
às vezes eu começava brigas com bandidos na rua sem motivo e apanhava. Havia
momentos perigosos. Eu podia ter caído, ou pior, caído dentro do riacho. Mas eu não
conseguia parar de fazer isso.

Quando eu encontrei com os meninos de novo, todos eles pareciam mudados. O único
ainda em um uniforme escolar era eu. Eles devem ter pensado que eu ainda era uma
criança. Então quando eu estava em volta deles, eu apenas escutava. E eu estava bem
com isso, mas irritado ao mesmo tempo. Eu me sentia deslocado e feliz também.
"Para onde você vai?" TaeHyung perguntou. "Para o trabalho do YoonGi." Ouvindo
minha resposta, ele me olhou como se isso fosse inesperado. "Sério? Você não tem
medo do YoonGi? Ele é quieto, e quando você pede para ele fazer alguma coisa, ele
diz que não quer incomodar e sai."

TaeHyung de repente lembrou de algo e me puxou de lado e perguntou, "Ele ainda fica
acendendo o isqueiro?"
DATA: ​26 de abril do ano 22
PERSONAGEM:​ JiMin
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Quando eu saí de uma sessão de terapia em grupo, o sol estava se pondo. Eu me


perguntei que horas seriam, mas eu não estava muito interessado em descobrir.
Ninguém olhava para o tempo aqui. Data ou dia não faziam sentido. Não era
importante se terça-feira era depois de segunda-feira ou de sexta-feira ou se domingo
era depois de quarta-feira. Parecia que tinha sido ontem que eu havia sido internado na
ala psiquiátrica - ontem ou vários anos atrás.

Ao passar pelo saguão, ouvi um barulho alto. "Isso é uma loucura. Ninguém está em
seu juízo perfeito aqui. Quantas vezes tenho que te dizer? Eu não sou louco!" Fui para
o meu quarto, finalmente percebendo que devia ser sexta-feira hoje.

"Eu não sou louco." Isso é o que todo mundo diz quando chega aqui. Depois de algum
tempo, todos nós aceitamos o fato de que somos. Os únicos que insistem do contrário
são os novos pacientes. A única exceção era aquele homem que estava gritando
agora. Aquele homem alto com uma expressão vazia que parecia mais louco do que o
resto de nós. Ele resmungava constantemente que não era louco e que tinha vindo
para cá por vontade própria. Era uma coisa estúpida de se fazer. Eu poderia dizer que
ele não era louco, mas isso não mudaria nada. Todos nós estávamos presos aqui.

Sexta-feira foi o dia em que ele teve uma sessão no ambulatório. Naquele dia, ele
gritou mais alto, como se estivesse se sentindo mais desequilibrado e acabou deixando
todo mundo irritado ou em dúvida. Duvidando da sua sanidade e se perguntando o
quão loucos eram e por que haviam ficado loucos.

Ouvindo seus gritos, virei a esquina do corredor apenas para esbarrar em alguém com
força. Tentei amortecer a minha queda no chão com a minha mão, o que enviou uma
dor latejante ao meu ombro. Quando agarrei meu pulso com a outra mão por conta da
dor, alguém pronunciou meu nome com raiva. Eu olhei para cima e era aquele idiota.
"Tudo foi bagunçado por sua culpa." Indignado, o idiota apontou para a porta da ala
proibida. A porta de ferro estava sendo fechada com um estrondo.
DATA: ​28 de abril do ano 22
PERSONAGEM:​ NamJoon
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Answer

Eu suspeitava que tinha alguma coisa errada com o TaeHyung há muito tempo. Mesmo
que por fora ele agisse como se não tivesse nada, suas ações monetárias ou
expressões ou o seu jeito de falar implicava em uma inquietação desconhecida que eu
não sabia o que fazer sobre. Ele frequentemente entrava e saía da delegacia, e
machucados eram visíveis no seu corpo. Ele também tinha pesadelos.

O motivo pelo qual eu não perguntava o que havia de errado ou o pressionava para
confessar era porque eu estava esperando para que o próprio TaeHyung me contasse.
E por outro lado, eu duvidava que eu teria as qualificações para ouvir essas
preocupações. Eu fingia ser um hyung, ser um adulto, mas na verdade quando os
meus amigos tinham momentos difíceis, eu não conseguia ficar e protegê-los. Todos
me admiram por ser como um adulto, mas eu não sou um adulto de verdade. Eu
apenas hesito e não encaro a realidade em frente aos meus olhos.

YoonGi morreu. TaeHyung teve o pesadelo hoje também. Ele acordou surpreso
enquanto eu agarrava seus ombros e balançava, então sentou vagamente um pouco.
Ele não se preocupou em limpar as lágrimas dos olhos, e murmurou algumas palavras
incoerentes.

YoonGi morreu, JungKook se envolveu em um acidente, e eu fui pego em uma briga.


Ele disse que ele tem esses sonhos constantemente, e que os sonhos são tão vívidos
que parecem reais, e que é como se ele estivesse em um sonho agora. "Hyung, não vá
a lugar algum." A voz do TaeHyung tremeu ansiosa.
DATA: ​30 de abril do ano 22
PERSONAGEM:​ TaeHyung (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Map of the Soul: Persona

Não consegui me mover por um momento devido ao choque. SeokJin estava sentado
ali no carro. Ouvi do NamJoon que ele havia retornado, mas foi a primeira vez que vi o
seu rosto diretamente. Ele estava carrancudo enquanto procurava por algo em seu
celular. Isso em si não era estranho. Não que seu rosto tivesse mudado muito desde
antes. Eu mesmo não conseguia explicar por que estava chocado. Frio. Seco. Vazio.
Não importa a palavra, não era o suficiente para descrever o seu rosto. Não, nenhuma
delas chegava perto. Era um dia de primavera, mas de repente senti frio. Sem
perceber, eu estremeci. O rosto que eu vi no meu sonho era definitivamente aquele
rosto.

Virei minha cabeça quando JungKook dobrou a esquina. JungKook olhou em volta com
uma expressão urgente enquanto cruzava um beco e corria. Com isso, SeokJin abriu a
porta do carro e saiu com gestos irritados. Como eu estava longe, não consegui ouvir
com precisão, mas pelo formato de seus lábios parecia que ele murmurava "Esquece!"
enquanto estava irritado. Ele foi mais longe para um motel e na entrada ele deixou cair
algo, olhando na direção para a qual JungKook havia fugido.
*Alerta: Essa nota possui conteúdo sensível.

DATA: ​30 de abril do ano 22


PERSONAGEM:​ TaeHyung (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

O YoonGi não voltou do seu trabalho naquele dia. JungKook e eu não conseguíamos
descobrir por que ele estava tão irritado. Nós éramos bagunceiros, mas não tínhamos
ultrapassado o limite. Sem contar que o YoonGi não teria deixado a gente ultrapassar o
limite para começar.

Eu saí de casa com um coração pesado, pensando que eu deveria trocar uma palavra
com ele. Eu andei chutando os tijolos de pavimentação que estavam fora do lugar. Eu
tentei acender o isqueiro que eu peguei na sua sala de trabalho. Na luz, eu vi o rosto
de YoonGi do meu sonho. O seu rosto distorcido na chama esperando pela morte.

A sala de trabalho do YoonGi era na área que havia sido evacuada e agendada para
demolição. Quando eu estava virando a esquina, eu o vi saindo do trabalho. Eu gritei o
seu nome, mas ele não deve ter me ouvido, pois ele desapareceu na esquina da rua.
Eu chamei o seu nome e corri, mas ele não estava em nenhum lugar.

Onde ele foi? Eu olhei ao redor apenas para encontrar o SeokJin sentado em seu carro
a distância. Eu congelei no lugar. O mundo de repente ficou insuportavelmente quieto.
Tudo entrou em uma pausa brusca. Menos a batida alta do meu coração. Era o rosto
que eu havia visto em meu sonho. E eu lembrei. O mapa na parede do SeokJin. O
caminho pelo lado direito da estação policial de Songju em direção a Estação Songju.
O lugar que ele marcou no mapa. Era aqui.

Eu andei em direção ao seu carro. SeokJin estava conversando ao telefone, "Detetive,


sou eu, Kim Seokjin. Nos encontramos da última vez." Eu o ouvi dizer pela janela
aberta do quarto. "Sim, Kim TaeHyung, eu acho que você o conhece. Se ele se meter
em problemas de novo, por favor contate Jung HoSeok. Sim, Jung HoSeok. Seu
número para contato é..."

Eu abri a porta do carro. "O que você está falando?" SeokJin me olhou surpreso. Ele
murmurou alguma coisa e olhou para baixo para o seu relógio e para mim. Eu fiquei
confuso também e soltei a porta do carro. SeokJin não tinha nenhuma expressão,
como se alguém houvesse apagado de seu rosto. E eu senti um calafrio de repente. Eu
senti tanto frio que os meus dentes bateram. Era primavera. Não havia vento, mas
parecia um frio congelante.
"O que você quer dizer?" SeokJin disse enquanto saía do caro. "Você disse o meu
nome no telefone agora pouco. E por que você está aqui?" SeokJin começou a andar e
disse, "Venha comigo." Eu o segui para um beco. No beco, sem luz solar entrando,
SeokJin me encarou encoberto com a sombra do prédio. Eu disse, "Fale de uma vez.
Eu vi você marcando esse lugar no seu mapa. Por que você está aqui?"

Ele fez uma careta. Ele olhou para trás de mim e olhou para baixo, para o seu relógio
novamente. "Você vê as mesmas coisas que eu nossas sonhos? JungKook caindo e
NamJoon..." SeokJin passou as mãos no rosto como se estivesse cansado. "Kim
TaeHyung, você não sabe de nada." Foi então que eu ouvi o som de pés correndo
atrás de mim. SeokJin olhou naquela direção e correu para fora do beco, carrancudo.

"Onde você está indo?" Enquanto eu gritava, eu vi a fumaça subindo. Naquele


momento, eu lembrei do que eu vi no meu sonho: YoonGi morrendo cercado por
fumaça e fogo, e a cena do lado de fora da janela do YoonGi. Aquele lugar era aqui. A
fumaça se tornou mais densa. Eu olhei ao redor e comecei a correr. YoonGi pode estar
lá.

Quando eu saí do beco, eu vi JungKook correndo para o local. JungKook também deve
estar aqui procurando o YoonGi. "Jeon JungKook!" Eu caí enquanto o chamava e torci
meu tornozelo. Meus cotovelos bateram forte no chão. Quando eu tentei levantar, meu
tornozelo falhou. Eu não conseguia correr. A fumaça ficou mais grossa, e eu vi a
chama subindo pela janela. Eu tranquei a mandíbula e andei, arrastando meu tornozelo
dolorido. Mas alguém puxou meu braço e me empurrou para um carro. Era o SeokJin.
"O que você está fazendo? O YoonGi está lá!" Eu tentei empurrá-lo, mas ele não se
movia. "Espere. A ambulância vai estar aqui logo."

"JungKook! Jeon JungKook!" Eu gritei, mas ele não me ouviu. Depois de um tempo,
JungKook virou como se ele tivesse se lembrado de algo. Ele voltou e pegou o que
parecia um rascunho de papel do chão na frente da porta do motel. "JungKook! YoonGi
está lá dentro!" Eu gritei novamente. JungKook levantou a cabeça e olhou na minha
direção. Ele correu para dentro do motel.

Eu me virei ao som da respiração do SeokJin. Só então eu notei que ele ainda estava
segurando forte o meu braço. Ele estava agarrando com tanta força que doía. Eu me
puxei para fora do seu alcance e saí do carro. Dessa vez ele me deixou ir sem uma
briga. Eu ouvi a sirene vindo nessa direção. JungKook pulou para fora do motel com
YoonGi nas suas costas, com um caminhão de bombeiros e uma ambulância chegando
logo em seguida.
*Alerta: Essa nota possui conteúdo sensível como suicídio.

DATA: ​02 de maio do ano 22


PERSONAGEM:​ SeokJin
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 1

Eu estava tão nervoso que meus dedos enrijeceram. Eu cerrei e abri meus punhos. E
se eu falhar? Eu tinha feito isso várias vezes, mas me sentia apavorado a cada vez.
Respirei lenta e profundamente e pensei no YoonGi. Ele deve estar bêbado agora,
acendendo o isqueiro com uma das mãos e segurando o celular com a outra. Ele pode
estar deitado no sofá, contemplando os motivos pelos quais ele deveria continuar
vivendo. Ou as razões para não o fazer.

Como YoonGi vê o mundo e a si mesmo? Eu enfrentei essa questão toda vez que
tentei salvar ele. Eu não conseguia entender como ele podia continuar tentando se
destruir. Não significa que eu estava muito feliz de viver nesse mundo ou que todos os
dias da minha vida foram cheios de felicidade. Na verdade, eu nunca fui cativado por
nada, nem mesmo pela vida ou pela morte.

Olhando para trás, não era diferente quando eu comecei tudo isso. Eu seria capaz de
corrigir os erros e salvar a todos nós? Eu não entendi a profundidade e o peso dessa
pergunta. Era verdade que eu queria desesperadamente salvar a todos nós. Ninguém
merece morrer, se desesperar, ser reprimido e desprezado. Além disso, eles eram
meus amigos. Podíamos ter nossas falhas e cicatrizes e ter sido distorcidos. Podíamos
ser ninguém. Mas nós estávamos vivos. Tínhamos dias para viver, planos para seguir e
sonhos para realizar.

No começo, eu não pensei muito nisso. Achava que tudo dependeria de quanto esforço
eu colocasse depois de descobrir quem eu precisava salvar e de quê. Foi o que eu
pensei. Eu acreditava que poderia resolver tudo persuadindo eles e mudando as
coisas. Eu era tão simples e ingênuo. Mas não era nada mais do que uma tentativa de
salvar a minha própria pele. Após uma série de tentativas e erros, cheguei a uma
conclusão. Não era tão simples salvar os outros.

YoonGi não era fácil de lidar. Ele era provavelmente o mais difícil de todos. Ele estava
sempre mudando a hora e o lugar das suas tentativas de suicídio. Tive que abordá-lo
de forma diferente dos outros. Uma solução que funcionava bem da última vez não
funcionava da próxima vez. Justamente quando pensei que finalmente havia
desvendado um mistério, isso me levava a outro obstáculo.
No início, eu não conseguia identificar os seus motivos. Depois de tudo, tudo que eu
conseguia adivinhar era que a angústia de YoonGi estava conectada aos seus conflitos
internos. NamJoon foi pego em uma briga por causa daqueles clientes rudes no posto
de gasolina. Mas YoonGi era diferente. Ele não tinha um alvo definido e nenhuma
causa definida. Ele tinha muitas variáveis.

Tentei imaginar o que estava acontecendo na mente do YoonGi. Uma vez, eu o segui
secretamente por horas. Seus passos eram inseguros e imprevisíveis. Ele cambaleou
pelas ruas noturnas e tentou se jogar no fogo. Ele, às vezes, se agachava no chão e
ouvia a música que fluía de algum lugar dentro de uma galeria de compras
subterrânea. Depois de uma noite seguindo ele, percebi como a minha vida era seca e
monótona. Não que eu invejasse o YoonGi. O sofrimento que ele deve ter suportado,
indo de um extremo ao outro, estava além da minha imaginação. Tudo o que pude
fazer foi ver ele cambalear.

Um revés sempre foi seguido por outro. Uma nova camada de desespero descia antes
mesmo que a anterior fosse retirada. Talvez eu não consiga salvar YoonGi, afinal. Não
conseguia encontrar um avanço. Mas, naquele momento, uma esperança voou. Uma
vez, eu ouvi que a esperança tinha asas. Era um passarinho com asas.

Um pássaro voou para dentro da sala de trabalho do YoonGi que ficava em um prédio
abandonado no meio de um bairro em reconstrução. Decidiu-se demolir esse bairro há
muito tempo, mas ele ficou deserto quando o plano de reconstrução foi paralisado. O
pássaro entrou voando por uma janela quebrada. YoonGi estava parado no meio da
sala com um isqueiro na mão. Todo o ambiente cheirava fortemente a gasolina. Eu
estava parado do lado de fora da porta. Eu estava prestes a pular quando ouvi um som
forte e o bater de asas. A porta estava meio aberta, então eu espiei. YoonGi estava de
costas para mim.

O pássaro caiu no chão. Ele bateu as asas novamente, mas não conseguiu se levantar
no ar. YoonGi ficou completamente imóvel e olhou para o pássaro. Eu ainda não
conseguia ver seu rosto. O pássaro voou pela sala em busca de uma saída. Ele bateu
com as asas na parede e na cadeira, e as penas que caíram flutuaram pelo chão.
YoonGi estava apenas olhando para ele. Sua mão segurando o isqueiro ainda pairava
no ar. Ele finalmente soltou o braço, caiu ao chão e cobriu a cabeça com as duas
mãos.

Eu fui para a sala dele naquela noite. Era espaçosa, mas desolado. Um sofá, uma
cadeira e um piano sujos foram tudo que pude encontrar lá. Pedaços de papel
amassados ​estavam espalhados por todo o chão. Ele deve ter tentado iniciar um
incêndio. Alguns deles pareciam versos de músicas, com frases de letras rabiscadas
neles.

Eu olhei em volta e o encontrei. O pássaro estava atrás do piano, com sangue seco ao
redor das feridas nas asas. Parecia petrificado e encolhido de medo quando cheguei
perto. Minúsculas gotas de sangue se espalharam pelo chão. Mas migalhas de pão e
água foram colocadas na frente do piano.

Eu dei um passo para trás. Mesmo se eu o jogasse pela janela, ele ainda não poderia
voar. Quanto tempo demoraria para as feridas cicatrizarem? YoonGi permaneceria são
e salvo enquanto o pássaro estivesse aqui? Então, um pensamento veio à minha
mente. YoonGi deve ter se contido por causa disso. Esse passarinho ferido. Uma coisa
frágil que não conseguia se proteger ou se salvar. Um minúsculo ser que confiou sua
vida ao YoonGi.

Depois daquele dia, eu percebi algo. Se todas as variáveis ​relacionadas às tentativas


de suicídio do YoonGi existiam com o YoonGi, por que não fazer com que pelo menos
uma delas ficasse de fora? Eu teria que buscar o alvo certo e criar a situação ideal.
Uma variável que pudesse dar ao YoonGi um motivo para parar de se destruir. Alguém
que pudesse compartilhar das suas cicatrizes e desejos. Esse alguém não era eu. “Não
é algo que você pode fazer sozinho.” Assim, eu me tornei dolorosamente ciente do
significado dessas palavras que eu ouvi não muito depois de tudo isso ter começado.

Eu percebi que JungKook tinha a mesma expressão em seus olhos que YoonGi
quando NamJoon disse isso. “JungKook ainda tem aquela foto.” Ele se referia à foto
que tiramos juntos na praia na época do colégio. NamJoon aparentemente queria me
deixar saber que JungKook ainda estava pensando em mim, mas eu me lembrei de
uma cena completamente diferente.

No dia em que fomos procurar aquela rocha que tornava os sonhos realidade, nós
rimos, reclamamos e brincamos sob o sol escaldante. E, devastado ao descobrir que a
rocha havia desaparecido, eu gritei o meu sonho, que nem eu conseguia ouvir, para o
mar.

Naquele momento, eu vi JungKook gritando alguma pergunta para o YoonGi. Eu não


conseguia ouvir o que ele estava dizendo, mas podia sentir que era importante para o
JungKook. O que ele perguntou ao YoonGi? Por que ele? Eu não tinha pensado sobre
isso duas vezes antes. YoonGi não era tão animado quanto HoSeok, não era tão
amigável quanto JiMin e não era tão confiável quanto NamJoon. Por que foi para o
YoonGi? Eu percebi de repente. Foi o YoonGi quem salvou JungKook. Os dois tinham
o mesmo olhar.

Não foi difícil enviar o JungKook para o YoonGi. JungKook estava sozinho na escola e
em casa. Ele não tinha para onde ir depois da aula. Ele geralmente passava seu tempo
na lanchonete com o HoSeok ou vagava pelo container do NamJoon. Eu tranquei a
porta do container e fiz HoSeok sair da lanchonete antes que o JungKook aparecesse.
Depois de vagar por um bom tempo, JungKook finalmente foi para a sala de trabalho
do YoonGi. Ele parecia ter sentimentos mistos. Será que eu devo entrar? E se ele
achar que sou irritante? Expectativa e medo rodavam no rosto do JungKook. Mas,
desde aquele dia, ele visitou a oficina do YoonGi todos os dias. No início, YoonGi disse
categoricamente para ele ir embora, mas ele não quis dizer isso, na verdade.

Uma sombra apareceu em breve. Era o JungKook. Eu me enterrei mais fundo no banco
do carro. Eles ainda não sabiam que eu estava de volta. Exceto NamJoon, que eu
encontrei no posto de gasolina. NamJoon disse que todos ficariam felizes, mas eu me
recusei a encontrar com eles. Eu estava esperando o momento certo. Eu tinha que
esperar até que todos nós estivéssemos juntos.

Talvez estivéssemos amarrados como com cordas e sustentando uns aos outros. Não
foi fácil rastrear essa teia de cordas. Era como um labirinto intrincado. Quando algumas
cordas e nós eram descobertos, outras partes quebravam. Quando uma corda era
puxada com muita força, tudo desmoronava em um instante. Eu tive que ligar os
pontos, um fio ao outro, observando de perto os outros, para que eles salvassem uns
aos outros sem perceber.

JungKook parou na frente da sala de trabalho do YoonGi e olhou para o segundo


andar. Ele não parecia muito alegre. YoonGi havia passado por um momento difícil nos
últimos dez dias. Ele estava bebendo muito e se atormentado. Eu empurrei JungKook
para essa profunda agonia. O sofrimento do YoonGi deve ter sido muito pesado para o
JungKook. Uma vez, JungKook desistiu do YoonGi. Naquela época, YoonGi se jogou
nas chamas. Mas, cruelmente, YoonGi não morreu. E JungKook nunca se perdoou por
não conseguir impedi-lo.

Cerca de dez minutos se passaram desde que JungKook entrou na sala de trabalho do
YoonGi. O som de algo se estilhaçando saiu da janela do segundo andar e YoonGi,
com os lábios arrebentados, apareceu na entrada do prédio, cambaleando. Ele desceu
correndo a rua inclinada. Eu olhei para a janela no segundo andar. JungKook deve
estar sentado ali perto do espelho quebrado. Ele deve estar pensando que não poderia
salvar o YoonGi. Ele deve estar pensando que não há esperança.
Eu liguei o carro depois de ver o JungKook sair correndo do prédio. YoonGi deve estar
indo para o motel no fim do quarteirão. Eu tinha que deixar uma pista para o JungKook
sobre onde YoonGi estava. Isso era tudo que eu podia fazer. Eu deixei um pedaço de
lenço manchado de sangue perto do portão do motel.

Sentado no carro, eu vi o JungKook subindo as escadas do motel. Deixei uma foto em


frente ao espelho da sala de trabalho de YoonGi esta manhã. Era a foto de todas nós,
tirada naquele dia em que fomos à praia. Será que o JungKook viu a foto? Eu não
poderia saber se JungKook seguiu YoonGi por causa da foto, se JungKook decidiu
tentar ver uma pequena semente de esperança ou se JungKook foi motivado por outra
coisa.

Eu não tinha certeza de como o JungKook poderia salvar o YoonGi. Aquele momento
decisivo na vida, aquele último momento, para cada um de nós, incluindo JungKook e
YoonGi, não pode ser interferido. Só pode ser compartilhado por aqueles que sofrem
da mesma ferida, entendem os medos, sonhos e derrotas uns dos outros e, portanto,
enxergam um ao outro até o âmago.

Eu olhei para a janela do motel. Eu imaginei sobre o que JungKook e YoonGi estariam
falando lá. E eu desejei desesperadamente que aquela coisa com asas pudesse
decolar para o céu a partir daí.
*Alerta: Essa nota possui conteúdo sensível como suicídio.

DATA: ​02 de maio do ano 22


PERSONAGEM:​ YoonGi (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Answer

O lençol no qual o fogo se agarrou queimou rapidamente. No calor que era difícil de
aguentar, a presença de tudo que era velho se perdeu. Eu não conseguia mais sentir
coisas como o cheiro azedo de mofo, a umidade não identificável, ou a luz fraca. Ao
invés disso, a única coisa que sobrou foi a agonia. Uma agonia física como o calor. A
pele na ponta dos meus dedos estava tão quente, que parecia que estava empolando e
derretendo. Só então o rosto sem expressão do meu pai e o som da música
dissiparam.

Meu pai e eu éramos diferentes de muitas maneiras. Meu pai não conseguia me
entender, e eu não conseguia entendê-lo. Se eu tivesse me esforçado, eu teria
conseguido persuadi-lo? Provavelmente não. As únicas coisas que eu conseguia fazer
era me esconder, rebelar e fugir. Houve um tempo em que eu pensei que meu pai não
era do que eu estava tentando fugir. Então, eu fui tomado por medo como uma parede.
Do que eu tinha começado a fugir, então? O que eu deveria fazer para fugir de mim
mesmo? Tudo parecia impossível.

Parecia que alguém estava me chamando, mas eu não levantei minha cabeça. Por
causa do calor, ou por causa da agonia, eu não conseguia respirar. Eu não tinha forças
para me mover. Mesmo assim, eu sabia. Era o JungKook. Ele com certeza estava
bravo. Ele provavelmente ficaria triste por mim. Eu só queria afundar. Fumaça e calor,
agonia e medo, eu queria que tudo acabasse aqui. JungKook gritou algo para mim
novamente, mas eu ainda não o ouvi. Meu campo de visão colapsou. Por fim, eu
levantei o meu olhar. O último cenário que eu veria no mundo era o quarto sujo e
isolado, as chamas escarlates e o calor em ondas e o rosto do JungKook.
*Alerta: Essa nota possui conteúdo sensível como suicídio e ferimentos.

DATA: ​02 de maio do ano 22


PERSONAGEM:​ YoonGi (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Map of the Soul: Persona

Disseram que era uma cicatriz que duraria um bom tempo. Disseram para dar tempo e
para eu me recuperar, mas mesmo assim o alcance de recuperação não seria muito
amplo. Apenas se eu recebesse um tratamento constante, ela ficaria muito melhor. No
terceiro dia da minha internação, quando o médico retirou a gaze, as marcas de
queimadura foram reveladas. A pele do meu braço esquerdo estava vermelha, quase
preta. Era o meu corpo, mas era como se não fosse o meu corpo. Não era familiar.
Naquele momento em que eu soltei o isqueiro, eu estava preparado para aceitar ainda
mais do que isso. Mas eu só vou carregar cicatrizes nesse pequeno grau. Eu me sentia
contraditório comigo mesmo.

"Vai doer um pouco." Quando começaram a fazer o curativo, o sangue jorrou das
feridas. O sangue que encharcou a gaze branca era como o fogo. Naquele dia, chamas
vermelhas brilhantes balançaram como se fossem me engolir. Eu pretendia suprimir
isso, mas um gemido de dor escapou. O médico disse que o sangue saindo era um
bom sinal. Que era uma evidência de pele nova por baixo da pele morta. Mesmo em
meio à dor, eu fingi rir. Por que algo novo só é possível após a morte? Como teria sido
se eu tivesse morrido naquele momento? Talvez esse fosse o único método de
recomeçar.

Eu olhei para o meu braço. O sangue escorria levemente na gaze recém colocada. Eu
havia chamado aquelas manchas de sangue de fogo e o médico as havia chamado de
regeneração. Quem estava dizendo as palavras certas?
*Alerta: Essa nota possui conteúdo sensível como suicídio e ferimentos.

DATA: ​02 de maio do ano 22


PERSONAGEM:​ YoonGi (Versão 3)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

"Vai doer um pouco." Quando o médico começou a vestir o meu braço esquerdo,
sangue vazou da queimadura. Ele disse que a cicatriz começaria a sumir em seis
meses. Eu olhei para a ferida vermelha enegrecida. A pele queimada ao redor parecia
lambida de fogo.

O médico disse, "O fato de você estar sangrando é um bom sinal. Significa que a pele
por baixo está viva." Eu assenti lentamente. O sangue estava vazando pela vestimenta,
seguido por uma sensação de queimação no meu braço.

A dor trouxe de volta um sonho sobre a minha infância. No sonho estou correndo,
suando baldes debaixo do sol escaldante. Eu me sinto tonto e com sede. Sinto uma
sensação de queimação e pinicando em todo o meu corpo.

Quando eu era pequeno, era um garoto doente e meu pai não gostava nada disso.
Então ele me fazia correr toda manhã, faça chuva ou faça sol. Eu tinha que correr no
calor escaldante e no frio congelante. No sonho, eu mal consigo respirar e penso que
morrer seria melhor do que isso.
*Alerta: Essa nota possui conteúdo sensível como suicídio.

DATA: ​02 de maio do ano 22


PERSONAGEM:​ JungKook
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Tear

Quando eu olhei para cima, eu estava na frente do container de NamJoon. Abri a porta
e entrei. Juntei as roupas que estavam espalhadas e me enrolei para deitar. Um arrepio
desceu sobre mim. Eu senti como se eu quisesse chorar quando meu corpo inteiro
começou a tremer. Mas as lágrimas não saíam.

Quando eu abri a porta e entrei, YoonGi estava sobre a cama. As chamas subiam
pelas bordas dos lençóis. Naquele momento, raiva e medo insuportáveis ​encheram o
meu corpo inteiro. Eu não sou bom com palavras. Não sou hábil em expressar as
minhas emoções e em persuadir alguém. Eu estava coberto de lágrimas, então uma
tosse escapou mas as palavras não saíam. Enquanto eu corria na direção das chamas,
as únicas palavras que eu consegui soltar foram "Nós todos decidimos que íamos para
o mar juntos!"

"O que está errado? Você teve um sonho ruim?” Alguém sacudiu os meus ombros e eu
abri os meus olhos. Era NamJoon. Me veio uma sensação de alívio. Ele encostou na
minha testa e disse que eu estava com febre. Eu realmente sentia que estava. Era
como se minha boca estivesse fervendo, mas eu estava com tanto frio que não podia
suportar. Senti uma dor de cabeça muito forte e minha garganta doeu. Mal tomei o
remédio que ele me trouxe. "Durma
um pouco mais. Vamos conversar mais tarde." Eu balancei a cabeça. Então eu disse:
"Será que eu vou ser capaz de me tornar um adulto como você, hyung?" Namjoon se
virou.
DATA: ​10 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ HoSeok
ÁLBUM ou LIVRO:​ Map of the Soul: Persona

Eu voltei aos meus sentidos e estava andando na ponte. A luz do sol estava ofuscante
e era difícil abrir os olhos direito. "Por que eu vim aqui?" Pensei, e por causa da tontura
a minha visão estava embaçada. Eu pensei que meus joelhos estavam falhando, e as
buzinas dos carros passando pela ponte atingiu meus ouvidos. Em um lado, eu vi as
águas profundas e negras do rio Yangji.

A tia do orfanato foi a primeira pessoa que eu, como uma criança que havia perdido a
mãe, pude contar com. O amanhecer em que acordei sofrendo de uma febre, o meu
beliche que estava vazio após mandar um amigo para a adoção, as vezes em que eu
vim para o hospital depois de uma convulsão narcoléptica, minha cerimônia de entrada
no ensino fundamental, por todo o caminho até a minha graduação no ensino médio,
aquela tia esteve ao meu lado.

Ela desenvolveu uma doença. A voz na ligação familiar era de um amigo mais novo do
orfanato. Eu não lembro de como cheguei até a casa dela. Tudo o que eu lembro é da
casa dela e o rosto que eu vi através da janela. Ela irrompeu em risos enquanto
conversava com alguém.

Toda a conversa sobre estar doente, precisar de uma cirurgia, e não ter esperanças
pareciam mentiras. Quando nós quase fizemos contato visual por um momento, eu mal
consegui me esconder. Eu pensei que eu iria irromper em choro se eu visse seu rosto.
Eu pensei que eu iria cuspir palavras de ressentimento e perguntar até se ela estava
me deixando e indo embora. Eu comecei a andar. Eu pensei que alguém havia me
chamado, mas eu não olhei para trás.

Um ônibus grande levantou um vento ao passar por mim. "Mãe." Eu olhei para o ônibus
ficando cada vez mais distante e murmurei. O dia em que me separei da minha mãe,
aquele dia também eu andei em um ônibus como esse. A minha tia vai me deixar como
minha mãe fez? Eu serei privado de uma pessoa preciosa mais uma vez? Eu levantei
minha cabeça e a luz do sol me atingiu. Então, o mundo começou a colapsar. O som
de pneus atingindo o asfalto e o vento soprando ao longo do rio, as muitas memórias
que eu tinha com a minha tia desmoronaram na luz do sol. Eu caí no chão.

*Tia não quer dizer literalmente tia no sentido familiar, mas alguém que trabalhava no orfanato
e cuidava de HoSeok.
DATA: ​11 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ HoSeok
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Acordei com o som de uma mensagem chegando no meu celular. Onde eu estou? Eu
levantei depressa apenas para perceber que eu estava no Hospital Gyeongil. E eu
deitei novamente. O sol da manhã entrava pela janela. A mensagem de texto era da
minha “tia” do orfanato.

Ontem eu recebi um telefonema de um dos amigos do Lar de Crianças Yangji. Ele me


disse que ela tinha uma doença grave. Entre tantos voluntários do orfanato, a minha tia
era uma pessoa particularmente especial para mim. Não me lembro como eu cheguei à
casa dela. A única coisa que eu me lembro é de ver a sua casa e ver ela pela janela
aberta.

Ela estava conversando com alguém e caiu na gargalhada. O fato de ela estar doente,
de ter que fazer uma cirurgia e de ter poucas chances de sobreviver parecia uma
mentira. Ela quase me viu antes de eu me abaixar. Se eu visse ela, eu temia que ia
começar a chorar. Eu poderia deixar escapar um certo ressentimento sobre se ela iria
me abandonar também. Eu comecei a me afastar. Parecia que alguém estava
chamando o meu nome, mas eu não olhei.

A última coisa que eu lembro é de olhar para o céu enquanto estava na ponte. Fiquei
tonto e a minha visão ficou embaçada de repente. Meus joelhos se dobraram e meus
ouvidos zumbiram com o barulho das buzinas dos carros que passavam pela ponte. A
narcolepsia me atingiu novamente.

“HoSeok, você está bem? Eu sinto muito." Era uma mensagem da minha tia. Eu
sempre gostei de pessoas - meus irmãos e irmãs do orfanato, as tias que cuidavam de
nós, meus amigos da escola e professores, os clientes e as pessoas com quem eu
trabalhava na lanchonete. Eu não era querido por todos e, às vezes, a gentileza não
era retribuída com gentileza. Na maioria das vezes, atenção e amor eram retribuídos
com mágoa e dor. Mas eu conseguia aguentar por causa das pessoas que eram
importantes para mim.

A minha tia me deixaria como a minha mãe fez? Eu perderia alguém importante para
mim novamente? Eu senti vontade de chorar. “Quem está preocupado com quem aqui?
Se você está realmente preocupada comigo e sente muito, por favor, fique viva”, eu
murmurei.
Eu abri a cortina ao redor da cama e os meus olhos encontraram os de alguém que
estava do lado de fora. “Park JiMin.” Parecendo pálido e assustado, JiMin deu um
passo para trás.

*Detalhe muito importante: Narcolepsia é um distúrbio do sono caracterizado por sonolência


excessiva, paralisia do sono, alucinações e, em alguns casos, episódios de cataplexia (perda
parcial ou total do controle muscular, muitas vezes desencadeada por uma emoção forte). A
princípio, esse distúrbio seria o motivo pelo qual HoSeok teria esses episódios de “apagão”
súbito. Porém, durante o Short Film de “MAMA”, da era WINGS, descobrimos que talvez não
seja essa a realidade do personagem. Em breve falaremos sobre isso

*Novamente, “tia” aqui não se refere no sentido familiar, mas sim no sentido carinhoso da
palavra, pois era a mulher que cuidava de HoSeok no orfanato.
DATA: ​11 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ JiMin
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 1

Eu fui transferido da ala cirúrgica por volta de duas semanas atrás. Primeiro, pareceu
estranho ver pessoas entrando e saindo tão livremente. Logo eu descobri que era só
uma outra parte do hospital. Havia pacientes, enfermeiros e médicos. Me deram drogas
e injeções. No geral, era a mesma coisa que a ala psiquiátrica. A única diferença era
que a ala cirúrgica tinha um corredor mais longo com uma recepção no meio do
caminho. Claro, havia uma diferença principal. Eu podia vagar livremente pela ala. De
noite, eu saí furtivamente do meu quarto e corri para o corredor do primeiro andar a
toda velocidade. Essas eram pequenas alegrias que não eram permitidas na ala
psiquiátrica.

Um dia, eu descobri algo estranho sobre mim mesmo enquanto eu estava correndo
pelo corredor. Em algum ponto além da pequena cozinha e escada de emergência,
meu corpo parou subitamente sem motivo. Eu ainda tinha mais cinco passos para
chegar até o fim, mas eu parei e era incapaz de dar mais um passo. No fim do corredor
havia uma porta. A porta se abriu para o mundo a fora. Fora do hospital. A porta não
tinha nenhuma placa de "Passagem proibida", e ninguém veio correndo para me parar.
Mas eu não conseguia ir além. Eu logo descobri o por quê. Aquele trecho do corredor
era igual o da ala psiquiátrica. Como se houvesse uma linha desenhada no chão, eu
parei exatamente naquele ponto, onde o corredor da ala psiquiátrica teria acabado.

Eles me chamavam de um bom garoto na ala psiquiátrica. Eu às vezes tinha


convulsões, mas a maior parte do tempo eu era obediente. Eu sorri e voltei a mentir
sem ninguém notar. E eu sabia o meu limite. O corredor da ala psiquiátrica poderia ser
percorrido em 24 passos iguais. Quando eu fui hospitalizado pela primeira vez, eu tinha
8 anos. Eu chorei e exigi ir para casa com a minha mãe, segurando na porta de ferro
no fim daquele corredor. Eu tentei freneticamente abrir a porta até que os enfermeiros
vieram correndo e me deram uma injeção. Por um tempo, os enfermeiros ficavam
tensos toda vez que eu pisava no corredor. Agora, ninguém prestava atenção em mim
mesmo que eu corresse pelo corredor e alcançasse a porta. Eu já sabia que aquela
porta estava sempre trancada, mesmo. Eu apenas continuava correndo pelo corredor e
voltando. Eu não implorava mais para eles abrirem a porta ou chorava.

Mas o mundo é cheio de pessoas mais idiotas do que eu. Eles seguravam e
balançavam a porta infinitamente. Eles eram suprimidos pelos técnicos, tomavam
injeções, e amarrados na cama. Se eles tivessem se comportado só um pouco mais de
maneira aceitável, suas vidas poderiam ser muito mais confortáveis. Aqueles idiotas
não sabiam melhor.

Eu não era assim no começo. Eu também era largado sem sentido pelos sedativos
injetados de maneira forçada pelos enfermeiros e fui pego tentando escapar do hospital
nos primeiros dias. Eu liguei para minha mãe, chorando tão violentamente que eu fiquei
rouco várias vezes. "Eu não estou doente. Eu estou OK agora. Por favor venha e me
leve pra casa." Eu fiquei acordado a noite toda por vários dias, mas minha mãe não
veio.

Quando eu fui levado para o hospital depois de eles me encontrarem inconsciente no


Arboreto de Flores, meus pais não perguntaram nada. Eles ignoraram o fato de que eu
tinha apagado lá. Foi a mesma coisa quando eu desenvolvi convulsões. Eles me
hospitalizaram, me liberaram após algum tempo, e me transferiram para outra escola. A
reputação familiar era mais importante para eles. Um filho com doença mental era
inaceitável.

Eu não me tornei uma boa criança da noite pro dia. Não houve um evento dramático ou
incidente memorável. Eu apenas continuei a desistir de mim mesmo pouco a pouco,
assim como uma unha cresce. Eu parei de chorar e esperar para sair em certo ponto.
Eu parei de correr em direção à porta no fim do corredor.

Eu ia para a escola entre as estadias do hospital, mas eu sabia que eu seria mandado
de volta eventualmente. Era refrescante olhar para o céu e aproveitar a fragrância de
cada estação. Mas eu tentei não manter isso na minha memória. Eles logo iriam me
manter longe de tudo isso de qualquer maneira. Amigos, também. Um histórico de
doença mental não ajudava na hora de fazer amigos.

Havia uma exceção. Eu conheci um grupo que pareciam amigos de verdade. Foi quase
dois anos atrás. Eu tentava não lembrar deles, mas eu não conseguia não lembrar
daqueles dias. Eu tinha que deixá-los depois que eu tive uma convulsão no ponto de
ônibus depois da escola. A última cena que eu lembro era da janela do ônibus de
transporte do Grass Flower Arboretum abrindo. Foi quando eu apaguei.

Quando eu abri meus olhos, eu estava no hospital. Minha mãe estava no canto
conversando no telefone. Minha mente espiralou por um tempo. Eu não sabia onde eu
estava ou como eu cheguei lá. Eu olhei ao redor e descobri janelas com barras de
metal. Então, tudo voltou para mim. O céu azul que eu vi no meu caminho para casa,
os jogos bobos que brincamos no ponto de ônibus, o ônibus do arboreto se
aproximando, e os olhares através das janelas do ônibus.
Eu fechei meu olhos. Mas era tarde demais. O portão da frente do arboreto apareceu
diante dos meus olhos. Era um piquenique escolar na primeira série. Eu estava
correndo pela chuva forte com a minha mochila na cabeça. Um armazém apareceu à
vista. A porta tinha sido deixada aberta. Eu entrei. O cheiro pegajoso e almiscarado, o
som da minha respiração pesada, e o som metálico estridente.

Eu sentei na minha cama e gritei. "Não! Eu não me lembro! Eu esqueci!" Minha mãe
veio correndo, chamando alguém. Eu balancei a cabeça violentamente. Eu balancei os
braços em todas as direções para me livrar daquele cheiro, toque, som e visão. Mas as
memórias me inundaram. A barragem que as segurou pelos últimos dez anos colapsou
e cada detalhe daquele dia surgiu na minha mente, olhos, células e unhas como se
estivesse acontecendo de novo. Eu tive uma convulsão e me deram uma injeção. A
droga fluiu pelos meus vasos sanguíneos e eu rapidamente apaguei. Eu fechei os
olhos e desejei que tudo isso fosse um sonho e que, quando eu acordasse novamente,
eu não seria capaz de lembrar de nada.

Aquele desejo era só um desejo. Ao invés disso, um ciclo de convulsões, injeções e


injeções para induzir o sono que davam a sensação de cair de um penhasco,
continuavam. Depois de eu acordar daquele sono, todo o meu corpo pareceu que
estava coberto de lama. Lama que parecia sangue. Não importava o quanto eu
tentasse lavar, o cheiro daquele armazém permanecia. Eu me esfreguei até sangrar,
mas ainda me sentia sujo.

Quando o médico me perguntou sobre isso em um tom de preocupação, eu tremi e me


desculpei primeiro. Eu disse repetidamente que sentia muito. Que era minha culpa. Por
favor me deixe esquecer tudo sobre isso. Então, eu tentei fingir que nada aconteceu.
Eu não sabia do que ele estava falando. Eu não lembrava de nada. Então eu encarei o
médico e sorri. "Eu não lembro de nada." O médico realmente acreditou em mim? Eu
não tinha certeza. Mas o que era importante era que eu havia me tornado uma boa
criança. Minha vida no hospital era pacífica. Era o lugar ideal para passar um tempo
sem fazer nada. Eu não sentia falta de nada e não me sentia preso, assustado ou
solitário. Isso é, até noite passada. Antes de eu encontrar HoSeok de novo.

Eu fui transferido para a ala da cirurgia porque eu briguei com o idiota que continuava
tentando ir até a porta no fim do corredor apesar da contenção dos enfermeiros. Nós
dois estávamos machucados e fomos colocados em quartos diferentes no quinto andar
da ala cirúrgica. Eu fui colocado em um quarto de seis pessoas. Minha cama era no
meio, e os pacientes em ambos os lados mudavam frequentemente.
Eu acordei no meio da noite. O paciente ao meu lado parecia estar tendo um pesadelo
e continuou a gemer. O som do gemido vinha da cama à minha esquerda. Eu puxei o
cobertor na minha cabeça. Eu estava cansado de pesadelos. Eu não precisava ouvir
isso. Eu tentei aguentar por um tempo, mas o pesadelo dele continuou. Finalmente, eu
levantei e fui até sua cama. Eu cutuquei seu ombro e tentei ajudar. "Está tudo bem. É
só um sonho."

Eu descobri essa manhã que o paciente era o HoSeok. Eu puxei as cortinas para o
meu café da manhã, e o HoSeok estava sentado na cama ao lado da minha. Ele
parecia feliz em me ver de novo. Eu estava feliz, também? Provavelmente, em um
canto da minha mente. Ele saía comigo e cuidava de mim, um transferido que era um
completo estranho na escola. Eu ainda lembro dos dias em que costumávamos andar
para casa com picolés nas mãos. Mas ele também foi quem viu minha convulsão no
ponto de ônibus antes de eu vir pra cá. Foi ele quem me trouxe para este hospital. Ele
deve ter encontrado minha mãe. Eu não queria ter que explicar minha situação para
ele.

Eu saí do quarto sem tocar na comida. HoSeok pareceu me seguir, mas eu conhecia
cada esquina deste hospital. Ele não conseguiria me acompanhar. Eu vaguei pelo
hospital o dia todo. Das escadas, eu vi os outros, até JungKook, quando eles vieram
ver o HoSeok. Eles não haviam mudado muito.

Toda aquela tarde, eu subi e desci as escadas e me mantive nos outros andares. Eu
me apoiei na janela no fim do corredor e contei os carros que passavam. Eu fiquei
chateado. Eu pulei minhas refeições e não havia nenhum lugar para sentar e relaxar
confortavelmente. Era irritante ouvir as gargalhadas vindas do meu quarto. Eu fiquei
mais bravo porque eu não conseguia descobrir o por quê eu estava tão bravo. Eu voltei
para a minha cama tarde da noite. "Onde você esteve?" ele me perguntou
casualmente. Então, ele me entregou um pedaço de pão.

Deve ter sido porque eu estava com fome. O pão estava quente e delicioso. Eu não
consegui não confessar para ele. Que eu estive por muito tempo confinado na ala
psiquiátrica. Que eu fui brevemente transferido para a ala cirúrgica, mas seria mandado
de volta logo. Que eu não seria liberado num futuro próximo. Que, assim como ele
testemunhou, eu era uma pessoa que tinha convulsões na rua. Que eu era um paciente
que podia ser perigoso. Eu não queria adicionar a última parte. Mas eu achei que iria
impedi-lo de me criticar.

Ele parou por um minuto. Então, ele pegou o meu pão de volta. "JiMin, não exagere.
Você não sabe que eu tenho narcolepsia? Eu posso apagar em qualquer lugar a
qualquer momento. Eu também sou perigoso?" Ele mordeu um pedaço do meu pão. Eu
apenas congelei, sem saber o que dizer a ele. Então, ele disse, "O que? Você quer isso
de volta?" Ele mordeu o pão de novo e me devolveu. Eu peguei de volta rapidamente.
Ele me perguntou de novo. "Convulsões são infecciosas? Narcolepsia não é. Não se
preocupe." Ele não havia mudado nada.
DATA: ​12 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ HoSeok
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Answer

Abri a porta de saída de emergência e desci as escadas correndo. Meu coração bateu
rápido e pensei que ele fosse explodir. O rosto que apareceu no corredor do hospital
era definitivamente o da minha mãe. No momento em que eu olhei para trás, as portas
do elevador se abriram e as pessoas saíram. Eu me empurrei freneticamente através
das pessoas e fui em frente, e a alguma distância eu vi a minha mãe passar pela saída
de emergência. Desci os degraus de dois em dois com o coração nervoso. Eu nem
parei para descansar e desci vários andares.

Mãe! Minha mãe parou. Eu dei mais um passo à frente. Minha mãe se virou. Eu
comecei a olhar para o rosto da mãe. Foi naquele momento. Quando meu calcanhar
escorregou na borda do degrau da escada e o meu centro de a gravidade se deslocou
para a frente. Fechei os meus olhos com força, pensando que cairia de cara no chão.
Alguém agarrou o meu braço. Graças a isso, eu consegui manter o equilíbrio. Quando
eu olhei para trás, JiMin estava lá com uma cara surpresa. Sem tempo para dizer
obrigado, eu virei minha cabeça novamente.

Eu pude ver uma mulher. Seu rosto estava surpreso. Ao lado dela, um menininho olhou
para mim com olhos grandes e surpresos. Ela não era a minha mãe. Enquanto eu
olhava para o rosto daquela mulher, eu fiquei sem palavras no topo da escada.

Eu não me lembro que palavras usei para escapar daquela situação. Eu também não
perguntei ao JiMin como ele apareceu lá. Minha cabeça estava cheia demais para ter
curiosidade sobre os detalhes. Aquela mulher não era a minha mãe. Eu não tinha
certeza se sabia disso desde o início ou não. Mais de 10 anos se passaram desde
aquele dia em que eu fui deixado sozinho no parque de diversões. Minha mãe teria
envelhecido também e ela seria diferente da imagem que havia na minha memória.
Mesmo se eu encontrasse a minha mãe, eu não a reconheceria. Eu mal me lembro do
rosto da minha mãe agora.

Eu me virei. JiMin estava me seguindo sem dizer uma palavra. Na época do colégio,
depois que nos separamos na sala de emergência, o JiMin disse que permaneceu
continuamente nesse hospital. Quando eu perguntei se ele queria sair, ele não sabia o
que fazer. Talvez JiMin estivesse, como eu, preso por memória, incapaz de se livrar
delas ou de pegá-las. Eu encarei JiMin e dei um passo mais perto.

JiMin. Vamos sair daqui.


DATA: ​12 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ SeokJin
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Enquanto eu entrava no Hospital Gyeongil, eu olhei para cima para a janela. HoSeok e
JiMin devem estar ali em algum lugar. Era realmente uma coincidência estranha. O
HoSeok havia desmaiado pelos ataques de sono de tempos em tempos, mas ele não
era hospitalizado todas as vezes. Ele foi dessa vez e acabou na cama ao lado do JiMin
que havia sido transferido para a ala dos ambulatórios. Se isso não tivesse acontecido,
eu não teria salvo o HoSeok do acidente ou descoberto que o JiMin estava no hospital.
Eu chequei a hora no meu celular em frente a porta de emergência do segundo andar.
Era 14:15:45. Olhando para a hora, um sorriso apareceu nos meus lábios. Por causa
do que havia acontecido com o YoonGi e o fogo, eu devia ter estado muito tenso.
Porque o TaeHyung apareceu aquele dia, as coisas não foram como o esperado. O
JungKook entrou no motel um pouco tarde, e por causa disso, o YoonGi estava mais
seriamente ferido.

Mas isso não importava. Algo tão trivial assim não colocaria o loop do tempo para
funcionar de novo. Eu havia me tornado descuidado; eu deveria ser mais atento.
Eu olhei na direção do elevador. Eu esperei 15 segundos e chamei o nome do JiMin.
JiMin, que estava perto do elevador, olhou ao redor. Ele não conseguia me ver de onde
estava. Atrás de mim havia uma enorme janela no fim do corredor e a luz do sol da
tarde estava entrando por ela. JiMin deu um passo em minha direção. Com a minha
cabeça baixa, eu abri a porta de emergência. Eu corri escada acima três degraus por
vez.

Uma mulher com um chapéu estava descendo as escadas, de mãos dadas com uma
criança. Eu corri mais perto da parede para não colidir com eles. A mulher parecia
muito jovem para o HoSeok pensar que era a mãe dele. Antes que o HoSeok pudesse
me ver, eu abri a porta de emergência do terceiro andar e fui para o corredor.
Eu deixei a porta de emergência aberta para ver o que aconteceria. Eu ouvi o HoSeok
descer correndo do quarto andar, e passando a porta de emergência do terceiro andar,
seguido pelo JiMin abrindo a porta de emergência do segundo andar. "Mãe!" HoSeok
gritou pela mulher. Quatro ou cinco segundos se passaram, e não havia nada, sem
gritos, mas o som de alguém ofegante.
*Atenção: Essa nota passa por conteúdo sensível.

DATA: ​12 de maio do ano 22


PERSONAGEM:​ YoonGi
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Quando eu abri a porta da minha sala de trabalho, vi JungKook agachado no canto.


Quando ele ouviu a porta sendo aberta, ele saltou de pé. Ele me perguntou se eu
estava bem e deu passos hesitantes para trás.

Eu coloquei minha bolsa no chão e olhei em volta. Era a primeira vez que eu voltava a
esse lugar depois de receber alta do hospital. As partituras de música e os copos
estavam em seus lugares. Talvez JungKook tivesse vindo aqui todos os dias. Percebi
que era a primeira vez que eu via ele desde aquele dia. Ele salvou a minha vida. Eu
deveria agradecê-lo e também pedir desculpas.

Em vez dessas palavras, eu peguei uma garrafa de soju e dei a ele. JungKook pegou e
olhou para mim como se perguntasse o que deveria fazer com aquilo. "Você não
deveria não beber?" Ele apontou para o meu braço esquerdo com o curativo.

“Isso não pode me matar. Seria bom se pudesse.” JungKook alternou entre olhar para
mim e para a garrafa de soju e então ele disse algo inesperado. "Você está certo. Seria
melhor se pudesse matar as pessoas.” Com isso, JungKook começou a beber da
garrafa.

Pensei comigo mesmo “Você quer morrer também?”. Todos devem ter um motivo para
querer morrer. E para querer estar vivo. Por que JungKook queria morrer? E para que
ele vive? Quando eu o conheci, ele estava no ensino fundamental. Ele parecia
intimidado, um solitário. Em vez de se dar bem com as crianças da sua idade, ele se
juntou a nós. Todo mundo tinha a sua razão. Achei melhor não me intrometer na vida
dele. Peguei a garrafa de soju e engoli, mas JungKook a tirou de mim. O tempo
passou. Abrimos uma garrafa nova e mais uma...

“Por que você vive assim?” Eu perguntei como se fosse a bebida falando. “Viver
assim? O que tem de errado com a maneira que eu vivo?” JungKook perguntou e suas
palavras soavam arrastadas. Ele se curvou e parecia mole. "Deixa pra lá. Beba."
Depois de tomar outro gole da garrafa, JungKook perguntou “Você sabe que eu ainda
sou menor de idade? Eu sou um estudante do ensino médio. Quem incentiva um
estudante do ensino médio a beber?” Com isso, ele se deitou no chão.
“Você acha que eu te sigo porque gosto de você? Não estou nem um pouco
preocupado com você. O que há para se preocupar com você? Eu sou aquele que
deveria estar preocupado. Mas você sabe por que eu vim ver você?" Ele resmungou
sobre coisas que eram incompreensíveis.

“É porque eu gosto da sua música. Quando ouço você tocando o piano, eu fico todo
emocionado. Eu fico com lágrimas nos olhos. Eu tenho vontade de morrer uma dúzia
de vezes por dia. Mas quando eu ouço a sua música, eu quero viver. É por isso. É por
isso, eu disse. O que estou dizendo é que a sua música é como o que está dentro do
meu coração.”

JungKook continuou falando, mas ele começou a balbuciar e finalmente adormeceu. Eu


me sentei contra a parede, tomei um gole da garrafa de soju e olhei para o piano.
DATA: ​14 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ NamJoon
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Eu cheguei do trabalho e deitei na cama estreita. Eu olhei para a lua através da janela.
Eu me sentia cansado, mas não conseguia ir dormir. Eu tampei meus olhos com o meu
braço e tentei adormecer.

Thump. Thump. Eu ouvi algo rolando no chão. Quando eu abri meus olhos, eu vi um
menino de dez anos chutando uma bola de futebol. Eu tinha o visto algumas vezes na
vizinhança.

Sem ninguém para juntar junto, ele dava voltas chutando a bola no escuro. O único
lugar que ele podia jogar era o espaço estreito entre os conteiners. Ele levou um tempo
para voltar, depois que ele saiu para encontrar a bola no escuro.

HoSeok nos juntou assim que ele saiu do hospital. Ele disse, "Vamos tirar o JiMin de lá.
Ele está preso lá há dois anos, e nós não podemos fingir que não sabíamos." "Mas nós
não sabemos que doença colocou ele lá." "Pensa nos tempos da escola. Ele parecia
doente pra você?" Nós estávamos conversando sobre isso quando o SeokJin ligou. Ele
não parecia tão inflexível quanto o HoSeok, mas ele disse de maneira decisiva, "Claro,
nós devemos tirar o JiMin de lá."

Eu lembro de o ver no posto de gasolina um mês atrás. Eu tentei me lembrar


vagamente de como o JiMin parecia na escola. Nós decidimos nos encontrar no
estacionamento do Hospital Gyongil às 8 horas da noite. Nós não tínhamos planos, no
entanto. No sono, ouvi a bola de futebol sendo chutada. Eu me perguntei que horas
eram e por que o menino estava jogando futebol sozinho tão tarde da noite.
DATA: ​15 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ JiMin (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Answer

Eu abri os meus olhos e HoSeok estava lá. Aquele teto familiar estava sobre mim na
escuridão familiar. Quando eu me sentei surpreso, ele colocou o dedo indicador em sua
boca. Todos estavam dormindo, nossos arredores estavam quietos. Hyung
prontamente me entregou uma camiseta. Então ele gesticulou para fora do quarto do
hospital com o queixo.

"Todos nós viemos juntos." Ele disse que NamJoon estava vigiando e YoonGi tinha
chamado uma enfermeira para disfarçar. Logo depois, JungKook e TaeHyung nos
encontrariam no elevador. No começo eu não conseguia seguir o que eles estavam
falando. Fiquei confuso e ele estendeu a mão para mim.

O dia em que eu deixei o hospital. Eu tinha sonhado com aquele dia. Eu queria sair do
hospital e passar tempo me encontrando com os meus amigos, rindo e conversando
como fazíamos antes. Mas, agora, eu não sei. Eu me perguntei se era realmente uma
boa ideia sair daqui. Como os meus pais, que me tratam como se eu não estivesse
escondido aqui. As pessoas que sussurram que tenho uma doença mental. Talvez
HoSeok pense assim também. Talvez ele pense, no fundo, que eu sou um cara
estranho ou que é desconfortável me ter por perto
.
"Se apressa, não temos tempo." Talvez por causa da sua insistência, eu podia ouvir o
segundo ponteiro do relógio se movendo estranhamente rápido. O som de passos,
como uma alucinação auditiva, se aproximava do quarto do hospital pouco a pouco.
Hyung e eu olhamos um para o outro ao mesmo tempo, depois de olharmos para a
porta. A mão do hyung ainda estava na minha frente.
DATA: ​15 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ JiMin (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 1

Três dias passaram depois que o HoSeok teve alta do hospital. Eu não queria dizer
tchau, então eu o segui secretamente. Enquanto eu continuava me escondendo e o
seguindo, HoSeok desceu pelo longo corredor em direção à porta. Ele passou
despreocupadamente pela linha perto da saída de emergência, onde eu sempre
parava. Eu o observei por trás. Sem perceber, eu parei bem ali. Eu poderia dar ao
menos cinco passos largos, mas eu apenas fiquei ali.

HoSeok lentamente alcançou e empurrou a porta para abri-la. A luz do sol ofuscante
entrou pela porta aberta junto com o ar de fora. A paisagem do outro lado da porta me
atingiu. Quando HoSeok pisou do lado de fora, a porta começou a fechar. Eu poderia
escorregar por ela se eu corresse agora. Eu olhei para baixo, para o chão. A linha do
limite, que estava visível para ninguém além de mim, ainda estava lá.

Eu me virei. Ou eu estava prestes a me virar quando alguém passou, empurrando meu


ombro com força. Eu caí para frente no chão. Eu ergui minha cabeça, ainda caído no
chão. Eu havia cruzado a linha. O idiota passou correndo por mim, em direção à porta.
Foi ele quem me empurrou. Ele continuou a atropelar os outros em seu caminho. Ele
não prestou atenção à eles. Enquanto ele empurrava a porta o mais forte que ele
podia, a luz do sol entrou novamente. Ele correu para fora. Um enfermeiro o seguiu,
mas ele era mais rápido. A porta começou a fechar de novo. Eu saltei de pé. Um passo
além da minha linha. Eu dei mais um passo para frente. Eram apenas mais três passos
largos para alcançar a porta. Mas eu me virei novamente, bem ciente do meu limite.
Um estranho já ocupava a cama do HoSeok. Eu fechei os olhos, mas não conseguia
dormir. Eu não podia evitar ficar pensando no que ele havia dito antes de ser liberado
"JiMin, vamos sair daqui." Ele usava uma expressão complicada que eu nunca tinha
visto antes. Ele nunca pareceu ou soou desse jeto antes. Eu estava apenas parado lá,
parecendo hesitante, sem saber como responder. Havia um motivo pelo qual eu não
conseguia parar de pensar em suas palavras. Houve um incidente na noite anterior
àquela.

Eu estava esperando o elevador no segundo andar onde eu tinha terapia física. Eu


tropecei enquanto brigava com o idiota, e o meu pulso foi machucado e não curou bem.
Eu estava ficando impaciente já que a alta do HoSeok estava se aproximando, mas o
elevador estava preso no nono andar. Eu pensei que ouvi alguém chamando meu
nome enquanto eu estava pensando em subir as escadas. Esse alguém estava parado
em frente à saída de emergência no fim do corredor. Eu não conseguia ver direito
quem era com a luz do sol entrando pela janela. Quando eu dei um passo para frente,
a pessoa de repente correu pela saída de emergência. O perfil da pessoa ficou visível
momentaneamente, mas eu ainda não conseguia reconhecer quem era. Quem poderia
ser? Eu andei em direção à escada de emergência, me sentindo estranho.

Enquanto eu abria a porta da saída de emergência e colocava a cabeça para dentro,


alguém passou por mim rapidamente. Eu instintivamente puxei a cabeça para trás. Nós
quase colidimos. "Mãe!" Ouvindo o choro desesperado, eu coloquei a cabeça para
dentro de novo. Era o HoSeok, freneticamente pulando escada abaixo. O que era tudo
isso? Eu dei um passo para dentro. HoSeok deu um passo em falso bem naquele
momento. Eu me lancei para frente e estiquei as mãos sem pensar e o peguei. HoSeok
vacilou quando eu o parei abruptamente, e eu mal consegui manter o meu equilíbrio.
Ele não disse nada até que a gente tivesse subido de volta as escadas e alcançado o
corredor do quinto andar. Então, ele parou de repente e olhou para mim. "JiMin, vamos
sair daqui." Eu não conseguia responder. Ele me disse firmemente. "Eu vou voltar para
você." Eu respondi, "Eu vou voltar para a ala psiquiátrica em alguns dias."
Três dias se passaram. Eu voltaria para a ala psiquiátrica no dia seguinte. Eu arrumei
os meus pertences e deitei. Eu me revirei por um tempo, mas logo dormi.

Eu acordei com a sensação de algo caindo. O hospital era um lugar estranho, e era
difícil dormir profundamente. Eu podia sentir tudo ao meu redor com os meus olhos
fechados, e mesmo os menos sons me mantinham acordado. O quarto do hospital
estava um breu. Uma brisa entrava pela janela aberta. As cortinas batiam conforme a
brisa do ar já quente. O teto, o chão, a escuridão, o silêncio. Eram todos familiares.
Eu estava prestes a me virar na maca quando a mão de alguém me segurou. Era o
HoSeok. Eu levantei surpreso, e ele colocou o indicador nos lábios. "Nós viemos todos
juntos." Ele disse que eles estavam esperando por mim lá fora. Ele esticou a mão.
Eu ainda estava enterrado debaixo de tantos medos. Eu era invisível aos meus pais.
Eu seria visto como não mais do que um fugitivo da ala psiquiátrica para o mundo
exterior. Era mais seguro apenas ficar no hospital e ser um paciente obediente. Eu não
tinha certeza de que me ajustaria bem lá fora. Eu poderia pensar em um milhão de
razões para não sair.

HoSeok não hesitou. Ele agarrou minha mão, me levantou e me entregou uma
camiseta. Eu estava fora da cama antes que pudesse pensar. O corredor estava
parado e quieto. Alguns enfermeiros estavam parados na mesa. Eles estavam
ocupados com seu próprio trabalho e nem mesmo olharam em nossa direção, mas
HoSeok e eu andamos o mais silenciosamente possível, tensos. O elevador estava
esperando no quinto andar. Quando as portas se abriram, NamJoon e SeokJin
estavam lá dentro.
Nós descemos no primeiro andar e pisamos no corredor quando o HoSeok me
empurrou abruptamente contra uma porta à esquerda. Era uma área de descanso.
Normalmente estava lotada de pacientes e cuidadores durante o dia, mas a noite era
quieto e escuro com apenas luzes turvas e luzes da rua iluminando. Uma vela estava
acesa e JungKook e TaeHyung saíram da escuridão. O rosto do YoonGi também era
visível atrás deles. Na mesa estavam lanches e latas de refrigerante.

Uma enfermeira entrou pela porta de trás bem quando eu estava tomando um gole do
refrigerante. Antes que eu pudesse terminar de dizer oi para eles, a enfermeira
perguntou o que estávamos fazendo ali, e o YoonGi disse que era uma festa de
aniversário. Ela entrou na sala. "Vocês todos são nossos pacientes internos? Eu acho
que não." Eu era o único usando roupa de hospital. Sem perceber, eu apertei as mãos
ao redor da lata de refrigerante. O alumínio amassou com um som agudo. HoSeok
agarrou o meu ombro. "Está tudo bem." Era o NamJoon. "Quando eu der o sinal,
apenas comece a correr." Deve ser sido o JungKook.

SeokJin, que já estava perto da porta da frente, nos deu um olhar e saiu. HoSeok olhou
ao nosso redor e disse em uma voz baixa. "Corra, JiMIn." Todos nós começamos a
correr. Eu fui pego na excitação e corri com eles. TaeHyung deu um passo em falso e
quase caiu, mas os lanches e garrafas de plástico de refrigerante voaram no ar. Nós
disparamos agilmente pelas mesas e saímos para o corredor do primeiro andar. As
vozes altas e passos dos enfermeiros continuaram a nos seguir. O corredor se esticou
diante de nós assim como aconteceu ontem.

Meu coração batia forte enquanto eu passava a pequena cozinha e alcançava as


escadas de emergência. Sem perceber, o meu passo diminuiu. Minha cabeça foi
bombardeada com perguntas. Ficaria realmente tudo bem? Eu tenho certeza? Pode
ser ainda mais difícil lá fora. Pode ser que eu não tenha ninguém ao meu lado. Seria
mais seguro e mais confortável aqui dentro. Não é tarde demais. Seria melhor eu parar
por aqui. Seria melhor eu admitir meus limites. Seria melhor eu ser um bom garoto.
A minha linha estava apenas a alguns passos de distância. Eu olhei para trás. Agora os
zeladores tinham se juntado e estavam seguindo os outros. Minha mão segurando a
camiseta tremeu violentamente. Eles pareciam estar bem atrás de mim. Talvez eu não
tivesse chance. "Está tudo bem, Park JiMin, corra!" Aquela voz me empurrou para
frente. Eu dei mais um passo.

Eu atravessei a linha. Eu havia dado apenas mais um passo para perto da porta, mas
uma mudança dramática havia acontecido. Algo dentro de mim rolou e se lançou como
se eu tivesse acabado de pular de um penhasco íngreme à outro. Enquanto eu tirava a
minha roupa de hospital e colocava a camiseta, eu dei mais um passo para frente em
direção à porta. O passo seguinte foi mais rápido, e o outro mais ainda. As paredes de
ambos os lados passavam rapidamente por mim, e a porta ficava cada vez mais perto
com passos largos. Apenas cinco passos faltavam para chegar da linha até a porta.
Para qualquer outra pessoa, era apenas uma distância curta de cinco passos. Mas eu
nunca ousei vir tão longe. Essa era a primeira vez que eu passava a linha sozinho. A
porta estava ao meu alcance.

Uma vez que eu passar por essa porta, o ambiente será completamente diferente do
que está ao meu redor. Eu me recuso a pensar no que irá acontecer em seguida. Eu
irei focar em dar um passo de cada vez. Eu empurrei a porta com toda a minha
vontade. Todas as células do meu corpo se colidiram com o ar de fora. Não havia uma
luz do sol opressiva ou um vento forte como eu sempre havia imaginado. Eu queria
chorar. O som do meu coração batendo reverberou em todas as direções.
DATA: ​15 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ JiMin (Versão 3)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

O corredor parecia o mesmo de ontem enquanto se estendia na minha frente. Eu vi o


limite que eu havia traçado na minha cabeça. Meus amigos vieram correndo atrás de
mim, mas as minhas pernas pareciam ter ficado pesadas quando cheguei mais perto
do limite. Eu senti que ia cair a qualquer momento e o limite estava bem na frente dos
meus olhos. As minhas pernas vacilaram.

“Está tudo bem, Park JiMin! Apenas corra!" HoSeok gritou atrás de mim. Fechei os
meus olhos e dei o próximo passo. Eu não precisava ver para saber, eu estava além da
linha do limite. Eu empurrei a porta. O ar de fora entrou e algo no meu coração
começou a bater muito alto.
DATA: ​15 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ SeokJin
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Assim que eu entrei no container, eu engasguei. Eu fiz uma careta e agarrei o meu
pescoço. O que estava entrando em meus pulmões não parecia ar; era gás venenoso
que eu estava sugando para dentro de meus pulmões. Eu não conseguia respirar, e o
meu corpo parecia que estava murchando.

De repente, algo piscou em minha mente e desapareceu. Como um fragmento ou um


flash de luz, algo queimou e desapareceu antes que eu pudesse agarrar ou entender. E
foi seguido por uma dor de cabeça massiva.

Aguentando a enxaqueca, eu mantive o pensamento fixado. Fixado em um pequeno


retalho de memória. Nós estávamos dentro do container sujo do NamJoon, rindo de
algo e nos divertindo. Eu também estava lá. Vendo aquilo, eu me senti estranhamente
triste. O meu coração doeu com sentimentos de desespero e desamparo.

Quando eu tentei me lembrar do por quê, a dor de cabeça se tornou muito pior. Como
se minhas têmporas estivessem sendo cutucadas com algo afiado, ou como se algo
estivesse prestes a explodir na minha cabeça. Eu não conseguia aguentar, então eu
saí do container. Eu pensei que alguém tivesse chamado meu nome, mas eu não tinha
forças para olhar para trás. Eu fui embora o mais rápido que eu pude. Quando mais
longe eu ficava do container, melhor eu me sentia.

Quando eu finalmente olhei para trás, eu estava bem longe. Eu tinha tido dores de
cabeça antes, mas nada desse jeito. Eu não achava que tinha sido de estresse ou
tensão. Não fazia sentido, mas talvez o container fosse o gatilho. Algo lá dentro estava
me atacando.
DATA: ​16 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ HoSeok
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 1

Eu poderia ser o meu eu mais honesto quando estava em casa. Às vezes, eu gritava a
plenos pulmões e cantava na janela. Às vezes, eu tocava música e dançava como um
louco. E, às vezes, eu acordava chorando à noite. Quando isso acontecia, eu ficava
imóvel olhando para o teto. Mas eu nunca desmaiei com narcolepsia em casa.

JiMin não voltou para casa depois que ele saiu do hospital. Ele veio para a minha casa
e agora estava olhando para a cidade encostado no corrimão no telhado. Ele deve
estar procurando pela nossa escola, a lanchonete Two Star Burger e as luzes ao longo
da ferrovia, assim como eu. Ele também deve estar procurando pela sua casa. Isso era
algo em nossos instintos humanos. Todos procuram sua casa quando sobem em
algum lugar alto ou estendem um grande mapa.

Pensei em perguntar por que ele não foi para casa. Mas eu desisti. A sua cabeça devia
estar uma bagunça e eu não queria agravar isso. Além disso, eu poderia adivinhar o
porquê baseado em como a mãe do JiMin reagiu na sala de emergência naquele dia há
tanto tempo. Na verdade, eu raramente fazia perguntas aos meus amigos. Eu senti que
já sabia as respostas para a maioria delas. E eu não queria que eles se sentissem
estranhos. Ou eles podiam achar as minhas perguntas muito curiosas e irritantes.

Para ser honesto, eu sempre estava curioso para saber para onde os outros estavam
indo quando passavam pela lanchonete. Mas eu nunca corri para fora para perguntar a
eles. Para onde JungKook estava indo com as suas feridas? A sala de trabalho do
YoonGi estava nessa direção? Por que o NamJoon deixou a escola? Onde TaeHyung
aprendeu a grafitar pela primeira vez? Pensando bem, eu não sabia muito sobre os
outros.

"Você encontrou?" Eu me aproximei do JiMin e perguntei. “Encontrei o quê?” JiMin


parecia confuso. "Sua casa." JiMin assentiu. “Eu cresci em um orfanato bem ali.”
Apontei para um lugar além da ferrovia. “Você vê o posto de gasolina onde NamJoon
trabalha? Você vê o sinal de neon em forma de trevo atrás dele? O orfanato fica à
esquerda desse letreiro de neon. Eu morei lá por mais de dez anos.” Os olhos de JiMin
pareciam se perguntar por que eu estava dizendo tudo isso para ele. Meus amigos já
sabiam que eu cresci em um orfanato. Eu considerava aquele lugar como a minha
casa. Eu não me forçava a pensar nisso pela minha paz de espírito. Eu realmente
acreditava que era o meu lar. Um lar sem a minha mãe.
"Eu tenho algo a confessar." Algo sobre o qual eu estava mentindo. "A minha
narcolepsia era falsa." Pode ter sido por isso que eu não pude perguntar nada sobre
ninguém. Não era porque eu tinha medo de machucá-los. Foi porque eu menti, porque
eu não tive coragem de ser honesto. Porque, uma vez que eu admitisse, eu também
teria que admitir que eu não tenho ninguém para chamar de “mãe”, não apenas no
orfanato, mas em todo o mundo. Deve ter sido por isso que não perguntei a nenhum
deles sobre seus problemas.

JiMin não era bom em esconder seus sentimentos. Seu olhar assustado era
autoexplicativo. Eu não sabia como me desculpar com ele. JiMin sofreu comigo
inúmeras vezes. Ele deve ter caído em lágrimas quando testemunhou pela primeira
vez. “Eu não fiz de propósito. Eu só devo ter ignorado que havia uma maneira de eu
ficar bem. Eu sei que isso não faz sentido. Não consigo descrever com clareza. ”

"Então, você está bem agora?" JiMin, que estava ouvindo em silêncio por algum tempo,
virou a cabeça para mim e fez a pergunta. Eu estou bem agora? Eu me perguntei.
JiMin ainda estava olhando para mim. Ele não estava me criticando nem se
simpatizando comigo. Eu olhei para a cidade bem iluminada abaixo. “Bem, eu não
sei.Mas seremos capazes de descobrir com o passar do tempo. Estou ansioso por isso.
Não é?" JiMin soltou uma leve risada. Eu ri junto.
DATA: ​16 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ JiMin
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Answer

A casa do HoSeok ficava bem no alto. Depois de andar por um tempo na rua principal,
dando a volta por um beco estreito, o quarto do terraço da última casa era a casa dele.
Enquanto entramos na casa que era de um só cômodo, ele se gabou de que era o
lugar mais alto da cidade, onde os lugares onde crescemos ficavam sob os nossos pés.
Como ele disse, do quarto do terraço, você conseguia ver muito. Não muito longe, uma
estação de trem era visível, e os contêineres que alinhavam os trilhos do trem também
eram visíveis. Entre esses, NamJoon estava vivendo em um. Se você virasse o seu
ponto de vista só um pouco daquele ponto, a escola que todos nós fomos juntos
apareceu.

Quando virei minha cabeça para achar a escola, eu olhei para o lado oposto da cidade.
Acompanhando o pé das montanhas, havia um enorme complexo de apartamentos
alinhado. Aquele lugar era nosso, não, a casa dos meus pais. Eu fugi daquele hospital
sem dizer nada. Eles provavelmente contataram os meus pais. Talvez eles tivessem
me procurando agora. Eu não tinha coragem de encarar meus pais ainda. Eu saí do
hospital, mas não conseguia ir pra casa.

Mesmo assim, eu nunca quis voltar para o hospital. Mas eu não tinha lugar nenhum
para ir, e eu não tinha nenhum dinheiro. Hyung disse para mim, que estava parado de
maneira hesitante, para segui-lo, e ele liderou o caminho. Foi assim que o lugar em que
chegamos foi aqui, na casa do HoSeok.

Erguendo os olhos, eu olhei para o complexo de apartamentos novamente. Algum dia


eu teria que ir para lá. Eu teria que encontrar os meus pais e contar a eles que eu não
voltaria para o hospital novamente. Eu inalei profundamente.

Só de pensar nisso fazia eu me sentir como se fosse ter uma convulsão.


Sinceramente, eu não acreditava que eu pudesse estar em um lugar que não fosse um
hospital. Eu poderia ser levado para o hospital novamente. Eu estava com tanto medo
que não aguentaria.
DATA: ​19 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ JiMin
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Tear

No fim das contas, eu tinha que ir ao Arboreto. Agora eu precisava parar de mentir que
eu não me lembrava do que aconteceu lá. Me esconder no hospital, ter convulsões, eu
precisava parar com tudo isso. E para fazer isso, eu tinha que ir lá. Com isso em
mente, eu vim até esse ponto de ônibus por vários dias. Mas eu não conseguia pegar o
ônibus que ia para o Arboreto.

Foi só hoje, depois de três tentativas, que o YoonGi surgiu do meu lado. Quando eu
perguntei o que ele estava fazendo, ele disse que não tinha nada para fazer e que
estava entediado. Então ele me perguntou por que eu estava sentado lá. Com a
cabeça baixa, bati a ponta dos meus sapatos no chão. Eu pensei sobre por que eu
estava sentado lá. Era porque eu não tinha coragem. Eu queria fingir que eu estava
bem agora, fingir que eu poderia pular sobre isso, mas na verdade eu estava com
medo. Eu estava com medo do que eu encontraria, com medo de conseguir suportar
isso e com medo de ter uma convulsão.

YoonGi parecia despreocupado. Como se não houvesse nada urgente no mundo, ele
se arrastava com conversas inúteis sobre o clima estar bom. Depois de ouvir aquela
conversa, eu percebi que o tempo realmente estava bom. Eu estava tão nervoso que
não havia brecha para que eu olhasse para os arredores. O céu estava muito azul. Às
vezes soprava um vento quente também. O ônibus para o Arboreto estava chegando.
O ônibus parou e a porta se abriu. O motorista olhou para mim. Eu perguntei
impulsivamente: “Hyung, você iria comigo?"
DATA: ​20 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ SeokJin
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 1

A casa do TaeHyung ficava em um dos prédios mais antigos da vizinhança. A pintura


estava descascando aqui e ali, e sementes germinavam de rachaduras nas paredes de
cimento. Parecia degradado. Eu estava esperando pelo TaeHyung e pelo HoSeok no
pequeno parque na colina atrás do prédio. Como ficava na encosta, dava para
enxergar o corredor externo do andar do TaeHyung no prédio.

HoSeok apareceu de uma esquina que dava em um beco à distância. TaeHyung o


seguia. Seu rosto não estava muito visível porque ele estava com o capuz do casaco
baixo na cabeça. TaeHyung e HoSeok trocaram algumas palavras na boca do beco.
TaeHyung parecia estar tentando mandar o HoSeok para casa e o HoSeok estava
dizendo que estava bem. HoSeok voltou a andar de novo primeiro. Os dois vieram para
a frente do prédio sem uma palavra. HoSeok subiu as escadas e parou na frente da
porta do TaeHyung. Ele cutucou o ombro do TaeHyung e fez um gesto para que ele
entrasse em casa. Então, ele se virou e começou a andar em direção à saída.
TaeHyung o encarou de costas por um momento e esticou a mão para a maçaneta da
porta.

Eu liguei para o HoSeok no momento em que o TaeHyung começou a abrir a porta.


Depois que o telefone tocou três vezes, HoSeok pegou o celular no meio do corredor.
TaeHyung estava entrando em casa. "HoSeok, você pode ligar para o TaeHyung?"
HoSeok parou de andar. "Eu acabei de vê-lo." Eu disse que estava planejando uma
viagem para o mar para todos nós e ele deveria perguntar ao TaeHyung para vir
conosco. HoSeok riu, dizendo que com certeza o TaeHyung iria junto. "Mas só para ter
certeza, você poderia perguntar pra ele e me avisar?" Eu desliguei precipitadamente.
Esse era o momento. O HoSeok deveria entrar na casa do TaeHyung agora. HoSeok
virou a cabeça para o lado, olhando para a tela do celular, e se virou. Então, ele foi
para a casa do TaeHyung pela porta ainda aberta.
DATA: ​20 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ HoSeok (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Tear

Eu saí da delegacia de polícia com o TaeHyung. "Trabalhe duro." Eu disse isso


poderosamente com a minha cabeça baixa, mas não era assim que eu me sentia. A
casa do TaeHyung não era muito longe da delegacia. Eu me pergunto se TaeHyung
entraria e sairia da delegacia com tanta frequência se morasse mais longe. Por que os
pais do TaeHyung se estabeleceram tão perto da delegacia? O mundo foi bastante
injusto com um cara tão legal e terno. Eu fingi não saber de nada e coloquei o meu
braço ao redor dos ombros do TaeHyung e perguntei "Você está com fome?"
TaeHyung balançou a cabeça. “Os policiais te receberam bem e te e compraram
comida?” Eu perguntei novamente, mas TaeHyung não respondeu.

Nós dois caminhamos sob o sol. Um vento frio soprou no meu coração. Meu coração é
assim, mas o que ele está sentindo? Quanto o seu coração estava rasgado e partido?
Quanto sofrimento ele tinha em seu coração? Enquanto eu tinha esses pensamentos,
eu olhei para o céu porque não conseguia olhar para o rosto dele. Um avião passou
pelo sol nublado. A primeira vez que vi as cicatrizes nas costas do TaeHyung foi
quando eu encontrei ele no container do NamJoon. Ele pegou uma camiseta e colocou
um sorriso inocente no rosto, então ninguém disse nada. Mas uma parte do meu
coração desabou com esse baque.

Eu não tinha pais. Não tenho lembranças do meu pai e tenho da minha mãe apenas
até os 7 anos de idade. Quando se trata de feridas familiares e da infância, mesmo
quando comparadas a qualquer pessoa, ninguém me invejaria. As pessoas dizem que
você precisa superar as suas feridas. Você tem que aceitar e se acostumar. Você tem
que se reconciliar e perdoar. Eles dizem que se você fizer isso, você pode viver. Não
era que eu não soubesse ou não pudesse fazer isso. Não é que eu tivesse rejeitado
isso porque não gostava. É só que algumas coisas
não são alcançadas com esforço. Ninguém me disse como. Eu sei que não há ninguém
neste mundo sem cicatrizes. Mas por que feridas tão profundas assim são
necessárias? Para o que elas são necessárias? Por que essas coisas acontecem?

“Hyung, eu estou bem. Eu posso ir sozinho.” TaeHyung disse na bifurcação do


caminho. “Eu sei, seu bobo” Eu caminhei na frente sem prestar muita atenção. “Eu
disse que estou bem. Veja, nada aconteceu" TaeHyung sorriu. Eu não respondi. Ele
não poderia estar bem. Ele realmente não estava bem, mas seria insuportável se ele
reconhecesse isso. Era uma evitação. E se tornou um hábito. TaeHyung puxou para
cima o seu capuz e começou a me seguir. "Você realmente não está com fome, certo?"
Eu perguntei quando cheguei ao corredor da casa do TaeHyung. Ele sorriu como um
idiota enquanto assentia. Eu me virei depois de observar as suas costas enquanto ele
caminhava. O corredor em que ele entrou e a estrada para a qual eu me virava eram
ambos estreitos e solitários. Ele e eu estávamos sozinhos. De repente, eu ia olhar para
trás, mas o meu telefone tocou.
DATA: ​20 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ HoSeok (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Eu parei em frente ao espelho. Eu diminuí as luzes e olhei para mim mesmo. Sem a
música, eu dei um giro no estúdio de dança em um sábado a tarde sem ninguém por
perto. O estúdio estava inundado de som por dentro e fora do prédio. Eu repeti o giro
com os meus olhos fixados em mim mesmo no espelho. Eu não queria pensar em
nada. Eu me concentrei na ponta dos meus dedos, o ângulo dos meus pés e joelhos e
a velocidade do giro. Eu me senti quente e suado, e os meus músculos tensos logo
relaxaram.

Meu tornozelo falhou e eu caí enquanto descia de um pulo alto. A mão que eu apoiei
no chão para diminuir a queda ficou dormente. Minha camiseta estava encharcada, e
eu senti um arrepio do chão subindo pelas minhas costas. O som da minha respiração
ofegante era tudo que eu podia ouvir.

Eu gostava de olhar a mim mesmo dançando. Quando eu dançava, eu voava alto sem
meus pés tocarem o chão, liberto dos olhares das pessoas e seu julgamento. Nada
importava além do meu corpo em movimento com a música e expressar o que estava
em meu coração com o meu corpo. Algumas vezes eu era capaz de pular irrealmente
alto, e me tornava o meu eu verdadeiro.

Mas a pessoa que eu via no espelho toda vez que eu virava era eu, o eu da realidade.
Aquele que desmaiou na ponte depois de ouvir que sua querida tia estava seriamente
doente, aquele que quase caiu das escadas tentando perseguir sua mãe, aquele que
se sentiu impotente na frente do TaeHyung enquanto ele se enfureceu e se desesperou
contra seu pai. Mesmo naquele estado, eu me forçava a sorrir, dizendo que tudo ficaria
bem. Quando eu tentava não ver esse meu lado, eu perdia o meu equilíbrio e caía no
chão.

Eu me lembrei do dia da chuva inesperada. As pessoas correndo para a nossa


lanchonete para evitar a chuva. Os toques histéricos dos telefones aquele dia. A chuva
terminou tão de repente quanto havia começado, e as pessoas continuaram seu
caminho como se nada tivesse acontecido, mas o caos e o medo que havia sido
gerado ficou comigo e me aterrorizou por um longo tempo. Eu senti a mesma coisa que
eu senti aquele dia. O mesmo sentimento de desamparo.
*Alerta de gatilho: Essa nota passa por temas sensíveis como morte, violência e suicídio!

DATA: ​20 de maio do ano 22


PERSONAGEM:​ TaeHyung
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Tear

Eu olhei para a minha mão. Ela estava manchada de sangue. De repente, a força
deixou as minhas pernas. Eu estava prestes a cair no chão, mas alguém me segurou
por trás. A luz solar nublada estava entrando pela janela. Minha irmã mais velha estava
chorando e HoSeok estava parado, sem palavras. Os móveis e cobertores sujos
estavam tão espalhados como sempre. Não havia nada onde antes meu pai estava.
Não conseguia lembrar como ou quando ele saiu da sala.

No momento em que eu corri na direção do meu pai, aquela raiva e tristeza


insuportáveis ​permaneceram em mim. No momento em que eu tentei esfaquear o meu
pai, eu não sei o que estava me segurando. Eu não sabia como acalmar o meu
coração agitado. Em vez de matar o meu pai, eu queria morrer. Se eu pudesse, eu
queria morrer naquele momento. Lágrimas não saíam. Eu queria chorar, queria gritar,
queria chutar, quebrar e destruir tudo. Eu queria estragar tudo, mas não sabia como
fazer nada disso.

“Hyung. Eu sinto muito. Eu estou bem, então você pode ir." Ao contrário do meu
coração agitado, a minha voz saiu seca. Não soava como a minha voz. Eu mandei
HoSeok embora, apesar de que ele não quisesse ir, e eu olhei para a palma de minha
mão. O sangue estava escorrendo do curativo branco. Em vez de esfaquear o meu pai,
eu acertei o chão com a garrafa de bebida alcoólica. Quando a garrafa estilhaçou, a
pele da minha palma foi rasgada. Eu fechei os meus olhos e o mundo girou. O que eu
devo pensar? O que eu devo fazer? Como
Eu devo viver? Quando voltei a mim, eu estava olhando para o número de telefone do
NamJoon. Mesmo nesta situação, não, ainda mais porque esta é a situação, eu
precisava desesperadamente dele. Eu queria falar com ele. Hyung. Eu, meu pai, o pai
que me criou, o pai que me bateu como um cachorro todos os dias... Eu quase o matei.
Eu realmente quase o matei. Não, na verdade, eu o matei. Eu o matei inúmeras vezes.
Eu o matei mais vezes do que eu posso contar no meu coração. Eu quero matar ele.
Eu quero morrer. O que eu devo fazer agora, eu não sei de nada. Eu só quero ver o
NamJoon agora.
*Alerta de gatilho: Essa nota passa por temas sensíveis como morte!

DATA: ​21 de maio do ano 22


PERSONAGEM:​ TaeHyung
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Eu cheguei na piscina desativada mais cedo do que o horário combinado. Eu deitei no


colchão no meio da piscina. Poeira se levantou, mas eu não me importei. Eu fiquei lá
deitado encarando o sol batendo em mim. Parecia que eu estava flutuando no oceano
vazio. Eu bloqueei a luz do sol com a minha mão. Eu lentamente virei a mão. Parecia
que o sangue ainda estava saindo do ferimento de ontem.

Fazia apenas um dia. Eu havia aberto a porta e visto algo esperado, mas horrível. Por
um momento, minha mente ficou em branco. Quando eu voltei a mim, minha palma
estava sangrando. Minha irmã estava chorando em um canto e o HoSeok estava me
mandando sair dessa e me balançando como louco.

Com o SeokJin me olhando enquanto eu matava o meu pai - era assim que o pesadelo
sempre acabava. O pesadelo e a realidade se tornaram desordenados e evitaram
colidir um com o outro por um fio de cabelo. Quando eu perguntei ao HoSeok como ele
sabia, ele disse "SeokJin me ligou. SeokJin me disse para ir te ver. Para perguntar se
você gostaria de ir ver o mar."

Eu ainda tinha em mim aquela fúria e arrependimento insuportáveis do momento em


que fui na direção do meu pai. Eu não sabia o que fazer com esse coração em fúria.
Quando eu voltei a mim, eu me lembrei de cena por cena. O SeokJin em pensamento
profundo em frente ao mapa de Songju, SeokJin aparecendo no local do acidente do
YoonGi, a ligação que o SeokJin fez: “Se o Kim TaeHyung se meter em problemas
novamente, por favor, contate Jung HoSeok”.

Era tudo coincidência? No sonho, SeokJin simplesmente assistia tudo, desligado. Mas
na realidade ele sempre interferia quando estávamos com problemas. Como eu poderia
diferenciar o que era sonho e realidade? Eu não conseguia esquecer o rosto do
SeokJin que eu vi em sonho. Ele estava nos ajudando, ou ele estava nos empurrando
para um certo futuro?
DATA: ​22 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ SeokJin (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 1

Eu olhei para os outros novamente. Eles estavam fazendo piadas bobas, rindo,
conversando e rindo de novo quando alguém se levantou e começou a dançar. Eu não
conseguia acreditar no que estava acontecendo diante dos meus olhos. Chegamos
aqui juntos depois de tantas tentativas e erros. Eu sonhei com isso por tanto tempo e
tão desesperadamente que parecia impossível que estivesse realmente acontecendo.

Mas eu me senti inquieto porque eu ainda tinha algo a confessar. Eu continuava


hesitando e não conseguia juntar coragem. Mas eu não podia mais fugir de tudo isso.
Se eu não contasse tudo a eles, eu não seria capaz de olhar na cara dos meus amigos.

Quando o jantar estava quase acabando, eu disse a eles que tinha algo a dizer. Mas
eles não prestaram muita atenção. Apenas TaeHyung estava olhando para mim. Vários
dias atrás, ele veio até mim e me perguntou sobre um sonho que estava tendo. "Você
sabe o que isso significa, certo?" Ele me pressionou por uma resposta, mas eu agi
como se não soubesse. Eu disse “Como posso saber? Foi apenas um sonho."
TaeHyung ficou chateado e se afastou.

Não era completamente mentira, na verdade. Eu não sabia por que TaeHyung estava
tendo esse sonho. Mas eu sabia o quão brutal era. É por isso que eu não pude contar a
verdade para ele. Ainda mais porque eu sabia o que ele estava pensando. Ele não
precisava saber que não era um sonho, ele matando seu pai - mas aconteceu na vida
real repetidamente. Ninguém deve passar pela vida com tanta agonia. Eu não voltaria
atrás na minha decisão, mesmo que isso prejudicasse a nossa amizade.

Eu virei a minha cabeça para evitar os olhos do TaeHyung. Fechei minha boca,
recuperei o fôlego e falei mais claramente dessa vez. "Eu tenho algo para falar para
vocês." NamJoon e HoSeok olharam para mim e os outros também se calaram. “Eu
deveria ter dito isso há muito tempo. Quando estávamos no colégio, no ensino médio...”

TaeHyung interrompeu. “Quando estávamos no colégio? Quando você nos delatava


para o diretor? Ou quando o YoonGi foi chutado da escola por causa disso? De qual
você está falando?" A crítica estava claramente escrita no rosto do TaeHyung.

"TaeHyung!" NamJoon chamou ele em uma tentativa óbvia de contê-lo. TaeHyung


sacudiu a mão de NamJoon com os olhos fixos em mim. "Isso foi tudo culpa sua."
Ninguém disse nada. Todo mundo foi pego de surpresa e ninguém conseguia pensar
em nada para dizer. Eu olhei para o YoonGi. TaeHyung estava certo. YoonGi foi
expulso da escola por minha causa. Murmurei com a minha cabeça baixa. "Eu sinto
muito." TaeHyung começou a falar novamente.
DATA: ​22 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ SeokJin (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Eu não sei por que eu parei. Logo, JungKook diria que ele gostaria de tirar uma foto.
"Na frente do carro do SeokJin." JungKook apontaria para o meu carro, e JiMin iria
escalar o capô seguido pelo TaeHyung, HoSeok, JungKook e YoonGi. Quando o
NamJoon fosse balançar a cabeça como se para dizer que ninguém consegue parar
esses caras, eu prepararia o temporizador da câmera e andaria na frente dela.

De repente, tantos momentos eram como um turbilhão na minha cabeça: a luz do sol
batendo, rostos felizes, risadas, o cheiro de peixe do oceano, o barulho da câmera,
"SeokJin, anda logo", a voz me chamando. Tudo isso surgiu e desapareceu antes que
eu pudesse me prender a isso.

Passando por incontáveis loops do tempo, eu voltei aqui de novo e de novo para tirar
uma foto, mas eu tinha esquecido sobre isso. Eu segurei minha cabeça e me virei. Eu
sentia como se uma tempestade de areia estivesse estourando em minha cabeça.
Todos os momentos na praia eram brilhantes, dolorosos e sofridos. Eu não conseguia
aguentar o tormento e o pesar. Eu não sabia por quê.

Em seguida veio a dor física. A emoção similar e a dor similar que eu tinha sentido no
contêiner do NamJoon. Mas era muito pior e perverso comparado à última vez.
"Haverá um preço." Esse é o preço que a voz quis dizer? A dor de cabeça inesperada
que eu tenho que aguentar? Eu não me importaria se eu pudesse encontrar uma pista
para acabar com esse ciclo. Mesmo que eu soubesse que eu seria sujeito à horríveis
dores de cabeça, eu teria escolhido encontrar uma pista e pagar o preço.

Eu tinha que manter a cabeça fria. Ser mais racional. Assim eu poderia me salvar
desse ciclo do tempo sem fim.
DATA: ​22 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ SeokJin (Versão 3)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

“Eu não preciso da ajuda de ninguém e eu não ajudo ninguém”, eu disse ao TaeHyung.
Eu tinha vindo a esse observatório inúmeras vezes, mas essa foi a primeira vez que
TaeHyung me seguiu até aqui. Cada loop do tempo era inevitavelmente diferente, mas
dessa vez me irritou que TaeHyung estivesse fazendo coisas diferentes.

TaeHyung disse: “Você se lembra de quando viemos aqui quando ainda estávamos no
ensino médio? Procuramos pela pedra que diziam que poderia conceder os nossos
desejos e caminhamos todo o caminho até aqui, suando, apenas para descobrir que
ela havia se despedaçado? Você fez um pedido naquele dia?"

Em vez de responder, tudo o que eu disse foi "Vamos descer. Eu vou descer também."
Eu tentei não parecer muito frio. Se TaeHyung tivesse pulado do observatório, tudo
teria sido em vão.

“Lembra como você e eu saímos procurando pelo YoonGi naquela época? Estávamos
com medo de que ele fosse expulso da escola porque ele estava matando as aulas,
então andamos por toda a cidade procurando por ele”, TaeHyung continuou. “E
NamJoon ficou doente, então tentamos cobri-lo no posto de gasolina e seu chefe nos
deu uma bronca.”

"Por que eu me lembraria dessas coisas?" Eu não conseguia manter a calma e acabei
deixando escapar. TaeHyung olhou para mim e continuou. “Você se lembra do primeiro
dia que nos conhecemos? Chegamos atrasados ​e tivemos que limpar aquela sala de
aula como punição. E a vez em que você comprou jajangmyeon para mim e para o
JiMin no primeiro dia de aula?” TaeHyung falou com uma voz estridente como se
estivesse exigindo uma resposta. Eu disse a ele novamente "Por que eu me lembraria
dessas coisas?"

TaeHyung se lançou sobre mim e agarrou o meu ombro. Pego de surpresa, eu acabei
cambaleando. Por um momento, quase perdi o equilíbrio e quase caí do observatório.
Porque TaeHyung me puxou, eu caí de frente no chão.

TaeHyung quase gritou. “Você vai me esquecer em breve? O JiMin também? E o


JungKook? E o NamJoon? Você sabe quem você é?" Lágrimas estavam prestes a
escorrer dos seus olhos perplexos.
Ele olhou diretamente nos meus olhos e disse: "Eu sei que você está nos ajudando. Eu
não sei como. Eu não consigo explicar isso.” TaeHyung gaguejou e parecia não saber
o que estava dizendo, mas mesmo assim continuou. “O que eu quero dizer é que você
estava lá para ajudar o YoonGi. Você ligou e foi para o hospital. Quero dizer, a porta de
emergência no segundo andar. O que eu quero dizer é: o que há de errado com você?
Por que você mudou tanto? Qual é o problema? Você tem que nos contar para que nós
possamos te ajudar! ”

Eu não desviei o olhar e escutei até TaeHyung terminar. Eu estava triste e com raiva ao
mesmo tempo. TaeHyung disse que eu os ajudei, mas isso não era verdade. Fiz o que
tinha que fazer para me desvencilhar do loop do tempo. Eles querem me ajudar? Isso
quase me fez rir.

TaeHyung deve ter pensado que eu tinha um problema. Eu tinha uma tarefa
importante. Encontrar o mapa da alma. Evitar o acidente do dia 30 de setembro. Mas
eles não podem me ajudar com isso. Eu empurrei TaeHyung e disse: “Eu não preciso
da ajuda de ninguém e eu não ajudo ninguém”.

*Curiosidade: Jajangmyeon é um prato de macarrão coreano de estilo chinês coberto


com um molho grosso feito de chunjang, carne de porco em cubos e legumes.
DATA: ​22 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ SeokJin (Versão 4)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Quando eu não conseguia mais ver a praia, eu tirei o pé do acelerador. O sol havia se
posto há muito tempo. A estrada estava vazia e escura.

A dor de cabeça não ia embora. Nem o sentimento de inquietude. Não era do meu
feitio ficar tão irritado desse jeito. E eu não conseguia sabia como me acalmar.
Eu olhei no espelho retrovisor e me lembrei do rosto do TaeHyung. "Você vai me
esquecer em breve? JiMin também? E JungKook? E NamJoon?" A voz do JungKook
também estava zunindo na minha cabeça. "Vamos tirar uma foto aqui." As incontáveis
fotos que eu tirei lá na praia sacudiram pela minha cabeça, que parecia que iria
explodir.

Eu abri os meus olhos ao som alto de buzina e vi faróis bem na minha frente. Como um
reflexo, eu virei a direção. Os pneus derraparam contra o asfalto e o carro todo
balançou. Eu pisei no freio, mas demorou um tempo para o carro parar. O carro bateu
no trilho de guarda* do lado oposto e finalmente parou. Eu ouvi um som de raspagem,
mas não pensei que tinha sido um acidente sério. Eu abri a porta do carro e saí.

Eu senti a brisa gelada. Fosse da tensão ou da dor de cabeça, o meu pescoço estava
todo suado. A estrada estava vazia de carros. O carro que estava piscando suas luzes
também não estava mais lá. Eu me senti frustrado. Por que eu disse sim para aquele
contrato em primeiro lugar? Por que eu tinha que passar pela minha coisa de novo e de
novo? Como eu poderia salvar NamJoon? E onde estava o mapa da alma?

*Guardrail é uma palavra, originalmente, em inglês que teria como tradução mais
próxima “trilho de guarda”. Apesar disso, muitos chamam de "guarde-reio".
DATA: ​22 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ YoonGi
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Finalmente, vimos a costa fora da janela. Todos nós olhamos para ela, mas ninguém
disse nada. O céu estava claro. Como deveriam estar, o céu estava azul e as nuvens
estavam brancas.

Como estávamos em um carro veloz, o cenário externo parecia parado, mas não sem
vida. Estando naquele espaço onde o céu, o oceano e a costa ​do litoral​ se
encontravam, o meu coração palpitou de entusiasmo. Não importa quanto tempo eu
olhasse para aquilo, eu não conseguia me acostumar com a sua força de vida e
vitalidade. Isso nos mostrou claramente como o mundo era gigantesco e,
inversamente, como éramos insignificantes.

A velocidade mais rápida que nós pudéssemos gerar era provavelmente apenas um
pequeno movimento nesse mundo. E de repente eu tinha uma pergunta: Por que nós
viemos até a praia?
DATA: ​22 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ HoSeok
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Bloqueando a luz do sol com a mão, eu olhei para o observatório. SeokJin escalou
primeiro e TaeHyung o seguiu. E eu de repente tive um déjà vu de que isso já havia
acontecido antes. Não apenas eu, mas todo mundo estava olhando para o
observatório. JiMin disse, "Você se lembra da praia que fomos antes? Com a grande
pedra que realizava desejos. Esse é o mesmo lugar?"

No momento seguinte, TaeHyung e SeokJin cambalearam como se estivessem prestes


a cair do observatório, e a tempestade de areia nos atingiu. Eu cobri o rosto com os
braços e fechei os olhos. Eu queria ver o que estava acontecendo no observatório, mas
eu não conseguia abrir os olhos no redemoinho de areia. Eu ouvi o barulho do vento
rodopiando e senti a areia grossa na pele por um tempo.

Demorou alguns minutos para o vento diminuir. Quando eu finalmente abri os olhos,
SeokJin estava descendo e o TaeHyung ainda estava parado em cima do observatório,
olhando para o SeokJin.
DATA: ​22 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ TaeHyung (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Her

Foi quando eu estava passando pela floresta de pinheiros que eu vi ele ficar para trás
para atender o celular. Isso tem acontecido muitas vezes recentemente. Ele vai para
longe para usar o seu telefone para que outras pessoas não consigam ouvir. Eu
diminuí o ritmo dos meus passos propositalmente e me escondi em direção ao mar.
Hyung passou e não conseguia me ver. “Ele é apenas um ano mais novo que eu. Não,
eu particularmente não me importo. Enfim, não é algo pelo que eu tenha que assumir a
responsabilidade. Por favor, use o seu bom senso.”

Algo frio desceu pela minha espinha. Foi como se tudo no mundo desabasse de
repente. Eu senti como se estivesse flutuando sozinho no fundo do mar. Eu estava
coberto de medo e assustado. Sombrio e insignificante. Eu fiquei bravo. Eu fiquei com
raiva e não conseguia suportar. Eu queria fazer algo ruim. Eu queria quebrar, bater,
para criar uma desordem. Eu sempre estava com medo. O sangue do meu pai também
corre em mim. Eu pensei que eu também não sabia se a violência era inerente. Eu
senti como se algo fosse escapar do escudo firmemente embrulhado e sair.
DATA: ​22 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ TaeHyung (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Answer

"Hyung, isso é tudo? Não há nada mais que você esteja escondendo de nós?" Os
arredores ficaram em silêncio de uma vez. Os olhares de todos se viraram para mim.
Eu encarei SeokJin diretamente. Hyung me olhou também. Naquele olhar, havia um
pouco de exaustão, estranheza e arrependimento. O momento que eu tentei pressionar
mais uma vez, alguém agarrou o meu braço e me parou. Eu não olhei para trás, mas
eu sabia. Era o NamJoon.

"Hyung, por que você se importa? Você não é nem o meu irmão de verdade." Eu senti
o NamJoon me olhando. Sem virar a minha cabeça, eu balancei o meu braço. Eu sabia
também. Eu estava bravo com o NamJoon agora sem razão. Eu estava dizendo que eu
estava bravo e muito magoado, enquanto repetia as palavras do hyung na conversa
que ele teve com outra pessoa. Nada que ele disse estava errado. Eu mal sou um ano
mais novo que ele. E eu não sou o seu irmão mais novo de verdade. E também é
verdade que eu deveria saber e tomar conta das minhas próprias coisas. Mas eu
estava magoado. Eu não tinha nada com o que debater, então eu fiquei mais bravo. Eu
queria que ele entendesse os meus sentimentos desse jeito.

"TaeHyung. Me desculpa. Vamos parar de falar sobre isso aqui." Quem abriu a boca foi
o SeokJin. Foi o SeokJin que disse "TaeHyung-ah," chamou o meu nome e me disse
que sentia muito.

NamJoon não disse nada. "Parar o que? Já que estamos falando, vamos falar sobre
tudo. Hyung, há algo que você está escondendo de nós, certo?"

"Vamos lá fora e conversamos." NamJoon disse enquanto agarrava o meu braço


novamente. Eu me esquivei de novo, mas ele colocou mais força em sua mão e tentou
me puxar para fora. Enquanto eu aguentava no lugar, eu disse "Me solta. Que direito
você tem de me parar? O que você sabe? Já que você não sabe nada, hyung, você
acha que ele é uma pessoa incrível, não é?" Foi nesse momento. Hyung soltou o meu
braço. Eu vacilei um pouco com a sua reação. Não, a razão pela qual eu vacilei não foi
a sua reação. O momento em que ele soltou o meu braço pareceu que o meio do anel
estourou. Foi como se tudo o que me mantinha em pé quebrasse e colidisse. Talvez eu
não quisesse que ele soltasse o meu braço até o fim. Ficasse bravo, me puxasse para
fora. Talvez eu queria que ele me desse mais bronca, como se eu fosse o seu irmão
mais novo de verdade, como se eu fosse uma pessoa muito próxima e importante para
se afastar.
Mas ele soltou o meu braço. Eu apenas ri. "O que é tão importante sobre estar junto? O
que nós somos um para o outro? No fim, você sabe que estamos todos sozinhos." Foi
naquele momento que o SeokJin me acertou.
*Alerta de gatilho: Essa nota passa por temas sensíveis como suicídio!

DATA: ​22 de maio do ano 22


PERSONAGEM:​ TaeHyung (Versão 3)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 1

Eu já tinha visto isso antes. Em um sonho que parecia vívido e real demais, eu vi esse
mar, nós sete e o alto observatório. Eu estava no observatório no final do sonho. Todo
mundo olhou para mim. Eles estavam longe, então era difícil enxergar os seus rostos.
Mesmo assim, eu sorri para eles. Como se eu estivesse me despedindo deles. E então
eu pulei.

"SeokJin?" Ouvindo JungKook, virei a minha cabeça para ver SeokJin escalando o
observatório. No topo, ele virou o seu corpo na nossa direção. Ele parecia estar
tentando nos fotografar ou filmar. Os outros acenaram para ele, mas eu não consegui.
Era como a cena do meu sonho. A única diferença era que SeokJin estava lá em cima
ao invés de mim.

Naquele momento, eu senti como se o chão estivesse afundando sob os meus pés e
como seu o meu corpo flutuasse no ar. Fechei os olhos com força, temendo que o meu
corpo despencasse no chão. Não cerrei meu punho, mas a ferida na palma da minha
mão começou a doer. A ferida parecia profunda, mas sarou mais rápido do que eu
esperava. Ela deixou uma cicatriz vermelha. Às vezes doía intensamente. Como se eu
estivesse sendo punido. Punido por todos os meus erros. Estava doendo agora.
DATA: ​22 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ TaeHyung (Versão 4)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

"Vamos tirar uma foto aqui!" JungKook disse ao SeokJin. Sem esperar pela resposta
dele, ele apontou para o carro do SeokJin. JiMin escalou a carroceria do carro, seguido
pelo YoonGi e HoSeok.

SeokJin ficou onde ele estava, franzindo a sobrancelha. Ele ainda assim pegou sua
câmera e a preparou na nossa frente. HoSeok gesticulou para ele se juntar a nós, mas
o SeokJin balançou a cabeça, parecendo estoico. Depois de pressionar o botão para
tirar a foto, ele desviou o olhar da câmera.

Eu andei em direção ao SeokJin. Não porque eu estava particularmente preocupado


com como ele estava. Enquanto o sol se punha atrás dele, eu vi seu rosto. Em seu
olhar dolorido, muitas outras expressões também apareciam. E em um momento,
nossos olhos se encontraram, mas perdido em um pensamento, ele nem ao menos
notou.

"Você está bem?" Eu cheguei mais perto do SeokJin. Ele era ele mesmo, o SeokJin
que eu conhecia. Esse era o único jeito que eu podia descrevê-lo. Ele era o SeokJin
que eu conheci dois anos atrás, o SeokJin de verdade, aquele que sorria de maneira
estranha quando era provocado por seus amigos mais novos, aquele que ouvia
seriamente os problemas dos amigos, e aquele que sempre hesitou e pensou sobre
qual seria a melhor escolha para nós.

Logo em seguida, eu fiquei de frente com um SeokJin diferente. Aquele com a mesma
expressão que ele tinha quando ele foi pego pelo NamJoon enquanto conversava com
o diretor na sala de aula. Eu lembrava de seus olhos na época. Seus olhos que diziam,
"Eu não sei como isso aconteceu. Eu não sei o que eu estou fazendo. Eu não sei como
sair disso. Me ajude."

Ele puxou a foto polaroid e se virou. Os outros ainda estavam brincando na carroceria.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele se virou. Com a cabeça nas mãos, era
óbvio que ele tinha uma dor de cabeça, e ele amassou a foto e a jogou no chão. E ele
começou a andar em direção ao observatório.

Eu peguei a foto e a desamassei. Eu não queria que o tempo que nós havíamos
passado juntos fosse arruinado. Com a foto em meu bolso, eu o segui.
DATA: ​22 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ NamJoon
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Tear

“É apenas uma diferença de um ano de idade. Não, alguém disse isso. Eu sou o mais
velho. Eu sei. Mas ele não vai ser uma criança para sempre. Só estou dizendo que é
hora de ele saber um pouco mais. Eu entendo. Eu disse que eu entendo. Não, eu não
estou bravo. Eu sinto muito."

Desliguei o telefone e olhei para o chão. Uma brisa morna do mar surgiu pela floresta
de pinheiros. Eu estava com o peito cheio e parecia que ia explodir. As formigas
fizeram fila e foram para algum lugar no chão que era uma mistura de areia e sujeira.
Se fosse alguém com uma existência muito maior que a minha, no sentido físico e
simbólico, será que ele veria para onde estou indo, por que estou indo para lá e como
fica no final?

Não que eu não amasse os meus pais. Não é que eu não me preocupasse com o meu
irmão mais novo. Se eu pudesse, eu gostaria de desconsiderar, mas não poderia evitar
que eu sou eu mesmo, então eu definitivamente não poderia fazer isso. Se esse fosse
esse o caso, qual é o significado dessa batalha, ficar com raiva, ficar frustrado e querer
fugir?

Eu podia ver as suas costas, paralisado lá como eu. Era JungKook. JungKook disse
uma certa vez "Eu quero me tornar um adulto como você." Naquele momento, eu não
consegui dizer nada. Que eu não sou nada disso de “bom adulto”, não, que eu nem sou
um adulto. Parecia cruel dizer isso naquele momento. Eu não podia dizer a um jovem
amigo que não conseguia receber atenção, confiança ou afeto que envelhecer, ficar
mais alto e viver um pouco mais não tornava ninguém um adulto. Eu apenas esperava
que o futuro de JungKook fosse um um pouco mais gentil que o meu, mas eu não
podia prometer que eu ajudaria nesse processo. Me aproximei de JungKook e coloquei
o meu braço em volta dos seus ombros. Ele ergueu os olhos e olhou para mim.
DATA: ​22 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ JiMin (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 1

"Nós deveríamos ir, também." Foi isso o que o HoSeok disse. Eu virei minha cabeça,
olhando para além da porta do nosso alojamento. A mesa, cadeiras, panelas e pratos
estavam todos espalhados. "JiMin, vamos lá." Eu fechei a porta apressadamente. Eles
estavam muito afrente de mim. YoonGi e HoSeok lideravam, com JungKook seguindo
próximo. Nós éramos em sete quando viemos, mas agora só sobraram quatro de nós.

Eu olhei para cima enquanto passávamos o observatório. Não havia luzes na praia
depois do pôr do sol. O observatório e o mar afundavam na escuridão, e nada era
visível. Havia apenas o rugido das ondas quebrando. Eu notei que esse era o local. O
lugar que nós visitamos quando viemos para o mar a primeira vez juntos. A pedra, que
diziam que fazia os sonhos se tornarem realidade. Nós gritamos a plenos pulmões
nesse mesmo lugar onde a pedra foi estourada em pedaços para fazer o caminho para
um novo resort. "JungKook, não foi em algum lugar por aqui?" Eu olhei para trás, mas o
JungKook já estava correndo bem à frente dos outros. Foi então que me ocorreu.
JungKook também está seguindo em frente no seu próprio caminho. JungKook sempre
esteve atrás dos outros. Ele seguia e parava quando os outros paravam. Eu era igual.
Eu olhei em todas as direções na interseção. Eu tinha que virar a esquerda para chegar
à estação de trem ou à direita para pegar o ônibus para casa.

Eu tinha que voltar para casa algum dia. Eu não podia evitar para sempre, Eu tinha que
confessar minhas mentiras e dizer a verdade aos meus pais. Mesmo que eles não
estivessem dispostos a ouvir. Eu tinha que dar o primeiro passo em algum momento.
Eu vi o YoonGi pisar na estrada à esquerda. "JiMin, anda logo." HoSeok virou a cabeça
na minha direção. "HoSeok, eu estou indo para casa agora." Com um olhar confuso,
ele me perguntou, "Casa?" Eu acenei. Então, eu virei à direita.
DATA: ​22 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ JiMin (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Tudo aconteceu de uma vez. SeokJin desceu do observatório e simplesmente foi


embora. HoSeok perguntou ao TaeHyung o que tinha acontecido, mas ele não disse
uma palavra. Não podíamos ficar no alojamento reservado na praia porque a reserva
estava no nome do SeokJin. Mas isso não era importante. Teríamos decidido voltar,
mesmo se isso não tivesse acontecido.

Ninguém disse isso, mas todos nós começamos a voltar para a estação. Eu estava
andando atrás de todos. Eu havia fugido do hospital apenas há alguns dias. Eu me
sentia estranho estando perto de todos, exceto do HoSeok. Eu olhei para TaeHyung,
que estava caminhando ao meu lado. Chamei o nome dele, mas ele não me ouviu.
"Você está bem?" Eu perguntei a ele novamente. TaeHyung olhou para cima e
começou a andar mais rápido. Eu não sabia o que mais fazer a não ser caminhar com
ele.

TaeHyung chamou o NamJoon. "Eu tenho um favor para pedir." NamJoon parou e
disse: "O que?" O rosto dele parecia estranhamente distorcido. TaeHyung se
aproximou dele.

Mas NamJoon de repente se virou e começou a caminhar em passos largos.


Obviamente, ele não tinha ouvido o TaeHyung ou não queria ouvir o que ele tinha a
dizer. Tinha sido uma recusa. TaeHyung apenas ficou lá olhando para ele. E
lentamente abaixou a sua cabeça.
*Alerta de gatilho: Essa nota passa por temas sensíveis como morte!

DATA: ​22 de maio do ano 22


PERSONAGEM:​ JungKook (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Tear

Eu pensei que meu corpo estava no ar, mas rapidamente eu estava no chão duro. Por
um momento, eu não consegui sentir nada. Todo o meu corpo estava pesado então eu
não conseguia abrir meus olhos. Eu também não conseguia engolir ou respirar.

Enquanto minha consciência se desfazia, os meus arredores gradualmente se esvaia.


Então, todo o meu corpo convulsionou como se tomasse um choque. Sem saber, eu
abri meus olhos em uma dor incerta e sede. Algo brilhou no meu campo de visão,
desconfortável como se estivesse cheio de areia. Eu pensei que fosse uma luz, mas
não era. Era brilhante, grande e indistinto. Não se mexia, e flutuava no ar. Depois de
olhar por um tempo, aos poucos foi tomando forma. Era a lua.

Como se minha cabeça estivesse virada para trás, o mundo estava de ponta-cabeça.
Naquele mundo, a lua estava pendurada de ponta-cabeça. Eu tentei tossir e respirar,
mas não conseguia me mexer. Então senti um arrepio. Eu estava assustado. Eu movi
minha boca, mas nenhuma palavra saiu. Sem fechar meus olhos, tudo foi se tornando
cada vez mais escuro. Na minha consciência que estava bem longe, alguém disse
algo. "Apesar de viver ser mais doloroso do que morrer, você ainda quer viver?"
*Alerta de gatilho: Essa nota passa por temas sensíveis como morte!

DATA: ​22 de maio do ano 22


PERSONAGEM:​ JungKook (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 1

Eu senti como se o meu corpo estivesse flutuando no ar, mas, no minuto seguinte, eu
estava deitado no chão duro. Não consegui sentir nada por algum tempo. O meu corpo
inteiro parecia tão pesado que eu não conseguia nem levantar as minhas pálpebras. Eu
não conseguia engolir ou respirar. Quando caí em um estado de semiconsciência, eu
fiquei cada vez mais quente e o meu corpo tremeu de repente. Uma dor indefinível e
sede instintivamente forçaram os meus olhos a se abrirem. Algo cintilante capturou os
meus olhos, que pareciam secos como se estivessem cheios de areia. A princípio, eu
pensei que fosse uma luz, mas não era. Era claro, grande e embaçado. Ficou
suspenso no ar, imóvel. Fiquei olhando para aquilo por um tempo e ela começou a
tomar forma. Era a Lua. O mundo parecia estar de cabeça para baixo. A minha cabeça
devia estar inclinada para trás. Nesse mundo, a Lua também estava de cabeça para
baixo. Tentei respirar tossindo, mas eu não conseguia me mover. Um ataque de frio
passou pelo meu corpo. Foi assustador. Tentei abrir os meus lábios, mas eu não
conseguia pronunciar uma palavra. Minha visão continuou desvanecendo, embora os
meus olhos ainda estivessem abertos. Alguém me fez uma pergunta enquanto a minha
consciência ficava cada vez mais turva.

"Será mais doloroso viver do que morrer. Você ainda quer viver?"
DATA: ​28 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ HoSeok
ÁLBUM ou LIVRO:​ Map of the Soul: Persona

Nós não tivemos contato um com o outro desde que voltamos do mar. Não havia
nenhum motivo em particular. Parecia que o SeokJin e o TaeHyung tinham discutido, e
na volta para casa JungKook foi por um caminho diferente, mas essas não eram as
razões do por quê nós estávamos estranhos. Então, qual o problema? Eu não os
contatei primeiro. O fato de que não havia um motivo em particular talvez parecesse
como um grande motivo.

Quando eu olho para aquele dia, eu sempre me lembro da tempestade de areia que
nos atingiu de repente. SeokJin subiu na plataforma, TaeHyung o seguiu em seguida, e
todos nós bloqueamos a luz do sol com nossas mãos e olhamos em direção à
plataforma. Havia uma estranha ansiedade, como um déjà vu desse evento. "Hyung.
Sobre o mar que nós fomos um tempo atrás. O lugar com as pedras que realizam
desejos. Não é parecido com este lugar?" Com as palavras de JiMin, eu olhei ao redor
por um tempo. Eu acho que foi no exato momento seguinte. Quando o TaeHyung e o
SeokJin oscilaram como se fossem cair da plataforma, a tempestade de areia
começou. Eu cobri o meu rosto com ambas as mãos e fechei os olhos com força. Eu
estava com medo e ansioso sobre o que estava acontecendo na plataforma, mas o
pensamento de abrir meus olhos no meio de uma forte tempestade de areia não
passou pela minha mente.

O vento diminuiu, e quando eu levantei a cabeça, eu vi que o SeokJin estava descendo


da plataforma. Eu vi o TaeHyung na plataforma, com a cabeça pendurada. SeokJin,
que agora já tinha descido da plataforma, deu partida no carro e foi embora. Eu dei um
passo naquela direção, mas não havia mais nada que eu pudesse fazer.

Naquela noite, nós também voltamos para Songju. Como SeokJin foi para casa
primeiro, nós não tínhamos acomodações para a noite e nenhum transporte para
chegar em casa. Foi o NamJoon que disse primeiro vamos voltar. Todos tinham um
olhar de decepção em seus olhos, mas nós começamos a andar contra nossa vontade.
Todos devemos ter desejado que NamJoon nos dissesse para que, de alguma
maneira, continuássemos nossa viagem de praia como planejado. Mas o NamJoon
disse vamos para casa, e nossa viagem acabou assim. A viagem para a praia que nós
estivemos esperando excitadamente estava arruinada.
DATA: ​29 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ JiMin
ÁLBUM ou LIVRO:​ Map of the Soul: Persona

Um feixe fino de luz caiu sobre a mesa. Era uma luz que finalmente entrava pela janela
com o nome da escola escrito nela. Na frente da sala de aula, o professor falava em
um microfone, mas eu quase não ouvia. Me sentei na fileira mais distante com a minha
cabeça baixa, lutando para, de alguma forma, capturar a luz que escorregava por entre
meus dedos.

Sair do hospital não resolveu nada. Em vez disso, parecia que eu estava vários passos
atrás
onde eu comecei. A razão pela qual eu procurei por essa academia privada* foi porque
minha mãe me perguntou: “Sem nem mesmo um diploma do ensino médio, o que você
pode fazer? Você não vai, pelo menos, conseguir o seu GED**?”. Suas palavras me
empurraram. Eu não tinha uma resposta. Não havia nada que eu quisesse fazer agora,
nem nada que eu pudesse fazer.

Enquanto eu ia para a escola, o meu coração estava apertado. Era um fardo começar a
estudar novamente, mas, na verdade, eu tinha medo de ter que estar entre pessoas
desconhecidas mais do que qualquer outra coisa. Se alguém descobrir sobre mim, o
que eu devo fazer? O que devo dizer a eles se me perguntarem por que eu não me
formei no ensino médio? Eu me lembrei assustadoramente de tempos na escola que
foram empurrados para o outro lado da minha memória.

*Academia privada aqui aparece aqui no sentido de uma escola privada.

**GED é uma sigla que se refere a testes de desenvolvimento educacional geral que fornecem
uma certificação de que o participante tem as habilidades acadêmicas necessárias do ensino
médio. É como uma alternativa ao diploma do ensino médio.
DATA: ​30 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ SeokJin
ÁLBUM ou LIVRO:​ Map of the Soul: Persona

Apenas uma pista havia sido dada. O mapa da alma. Era uma frase desconhecida que
Eu não conseguia adivinhar o que era ou o que eu deveria fazer. Mas mesmo assim,
não importa o quê, eu precisava encontrar um lugar para começar. Eu esperava que o
"mapa da alma" fosse aquilo. Mas, não era. Eu estive no loop inúmeras vezes
investigando o mapa da alma, mas eu não descobri nada.

Olhando para trás, mesmo quando tudo isso começou, era assim. "Você acredita que
você pode salvar todo mundo se você corrigir todos os erros e enganos?" Na época
quando eu acenti para essa pergunta, eu não sabia muito sobre as coisas que eu iria
passar.

Eu deixei o sebo, deixando para trás as estantes cheias e livros cobertos em poeira.
Enquanto eu subia as escadas e ia para o beco, flores de cerejeira estavam caindo.
De repente, eu senti como se eu já tivesse estado aqui, e eu me virei. A entrada de
porão para a livraria estava escura, então a placa não era muito visível. Não. Eu
confundi essa com outra livraria? Para procurar pistas sobre o mapa da alma, eu fui
para incontáveis sebos e bibliotecas. Eu passei por todas as referências e
palavras-chave das pesquisas de internet, mas não havia nada a dizer. No meio disto,
eu não sei se eu passei por essa livraria ou não. Se não, poderiam haver livrarias
parecidas com essa.

Eu olhei para o meu carro, parado na entrada do beco. Eu dei partida no carro e
coloquei a mão na direção do carro, mas eu não sabia para onde eu deveria ir agora.
DATA: ​31 de maio do ano 22
PERSONAGEM:​ HoSeok
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Her

Como resultado de repentinamente ficar sem fôlego, eu evitei reflexivamente meu


olhar. Eu pensei que fosse por dançar por um longo tempo e ficar sem fôlego, mas não
era o caso. Eu achava que ela se parecia com a minha mãe. Não, não era uma forma
de pensamento ou reconhecimento, nem poderia ser explicado ou descrito. Eu não
conseguia olhar diretamente para o rosto da minha amiga que eu já conhecia há mais
de 10 anos. Aprendemos a dançar juntos, falhamos juntos, ficamos desanimados e
encorajados juntos. Nós deitamos no chão coberto de suor e brincamos enquanto
jogávamos toalhas. Como se eu tivesse sido tocado por algo que eu jamais conheci a
sensação, eu me levantei rapidamente da cadeira. Eu fiquei contra a parede depois de
virar no canto. Tentei acalmar a minha respiração que não parava, ouvi o som de
"Onde você está indo, HoSeok?" Uma voz. Eu não sabia se era ou não uma voz. Uma
voz que chama "HoSeok". Algo que eu não conseguia me lembrar, uma voz que me
leva de volta a quando eu tinha apenas sete anos.
DATA: ​04 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ SeokJin
ÁLBUM ou LIVRO:​ Map of the Soul: 7

Ao entrar no escritório do meu pai, há uma pintura que chama a atenção. Uma precária
jangada sobre ondas que arrebentam em mar aberto. Pessoas abandonadas sem nada
para comer ou beber, sem bússola e sem esperança. Pessoas que sugam o sangue
umas das outras e matam por sede e fome, ódio e medo, pavor e desejo e, através
disso, se matam.

Quando eu era criança, eu não ia ao escritório porque eu tinha medo dessa pintura. Eu
me perguntei "Por que meu pai pendurou uma pintura tão terrível?" No entanto, com o
passar do tempo, a pintura gradualmente se tornou parte do escritório e não era mais
um objeto de medo ou preocupação.

Em vez disso, um medo diferente se formou. Esse medo era o cômodo além da porta
dentro do escritório do meu pai. Não havia nada de especial naquela porta ou no
cômodo. Não estava trancado com um cadeado ou uma fechadura e além da porta
havia apenas uma extensão do escritório. Se você está procurando pelo que é único,
havia muitos livros lá; estantes cheias de livros e materiais que meu pai tinha coletado
desde seus tempos de ensino médio. Por isso, esse cômodo era chamado de "a sala
interior".

A "sala interior" era onde meu pai organizava seus pensamentos sozinho ou o lugar
onde ele planejava as coisas; ninguém, exceto o meu pai, entrava lá. Houve apenas
uma vez em que eu entrei na “sala interior”. Eu era novo, mas eu sabia. Sabia o fato de
que este não era apenas um escritório com pilhas de livros. Livros sem uma ordem
específica, caixas e papéis empilhados descuidadamente, esses eram apenas
humanos à primeira vista. Não havia sensação de calor dos papéis e as pinturas e
fotos não eram preenchidas com nenhuma emoção. Só de ficar de pé no meio daquela
sala e olhando para as estantes de livros, eu tive uma sensação assustadora de que
meu corpo inteiro iria se despedaçar.

Eu não me lembro de nenhum alvoroço por eu ter entrado naquela sala (não sei ao
certo se houve ou não), mas eu não entrei lá desde então. Eu estive na porta uma ou
duas vezes. No entanto, olhei para cima por um tempo e apenas me virei. Eu não
conseguia nem pensar em girar a maçaneta.
DATA: ​08 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ YoonGi
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Her

Eu tirei a camiseta novamente. O eu no espelho absolutamente não era como eu. A


camiseta com a palavra “SONHO” escrita nela não era o meu tipo de forma alguma. A
cor vermelha, a palavra “sonho”, o ajuste apertado, eu não gostava de nada disso.
Como eu estava irritado, eu peguei um cigarro e procurei por um isqueiro. Não estava
no bolso da minha calça jeans e eu percebi enquanto vasculhava a minha bolsa: Eles
pegaram. Eles o tiraram da minha mão sem qualquer hesitação. Depois, eles jogaram
um pirulito e essa camiseta para mim.

Eu baguncei meu cabelo e me levantei, mas ouvi o som de uma mensagem de texto
chegando. No momento em que eu olhei para os três caracteres do nome na tela do
celular, o meu coração disparou enquanto tudo se iluminou à minha volta. Eu quebrei o
cigarro ao meio e abri a mensagem. No próximo momento, o eu no espelho estava
sorrindo. Vestindo uma camiseta vermelha justa com a palavra “SONHO” escrita, eu
sorri como se houvesse algo bom.
DATA: ​12 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ NamJoon (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Map of the Soul: Persona

Lá estava o vilarejo rural, que não havia mudado nada. Exceto pela mudança de
estações, tudo continuava exatamente igual. Para evitar a loja ao lado do rio, eu
propositalmente dei a volta na vila e fui em direção à área de descanso da vila. A
estrada era em sua maior parte subida. A luz do sol estava queimando quente e eu
estava suando. Uma scooter levantou poeira e passou por nós. TaeHyung tossiu em
seco e resmungou algumas palavras. A alguma distância, eu podia ver a curva na
estrada onde o acidente tinha acontecido.

Agora, era uma estrada sem nenhum sinal deixado. Como se ele houvesse que alguém
havia caído aqui, TaeHyung se abaixou em seus joelhos e olhou para o asfalto. No
ônibus a caminho para cá, eu contei ao TaeHyung sobre a história do que aconteceu
aqui, no inverno, anos atrás. A competição no restaurante na beira do rio, os flocos de
neve que haviam caído do céu nublado, o rosto do "TaeHyung" que tinha sido
marcado, o momento em que minha scooter escorregou e como foi como se todo pêlo
do meu corpo tivesse se arrepiado. O acidente do "TaeHyung" e sua morte. E quão
facilmente aquilo havia sido empacotado e esquecido. Havia também coisas sobre as
quais eu não falei. Como a expressão do "TaeHyung" quando ele me pediu por um
favor, e o fato de que eu, a cada momento que vivi nesse vilarejo rural, me lembrei do
meu amigo pelo nome do TaeHyung.

"Hyung. Vamos não morrer." Olhando para trás, TaeHyung estava olhando para cima
em minha direção com a mão no asfalto. Eu procurei algo para responder a ele, mas
nada me ocorreu. Era como se eu pudesse ver o "TaeHyung", não, a imagem do meu
amigo do vilarejo, deitado nas linhas brancas debaixo da palma do TaeHyung. Não há
ninguém no mundo que possa morrer daquele jeito e ficar bem. Uma pessoa morreu,
ninguém tomou responsabilidade, e nenhum pêsames sinceros foram oferecidos. Eu
era exatamente igual.

"Vamos descer." Com minhas palavras, TaeHyung levantou. "Onde nós vamos agora?"
Ao invés de responder à pergunta de TaeHyung, eu disse isso. "Quando nós fomos
para o mar um tempo atrás, você disse que você tinha um favor, certo? Me conte sobre
isso agora. O que quer que seja, vamos tentar resolver juntos."
*Alerta de gatilho: Essa nota passa por temas sensíveis como morte!

DATA: ​12 de junho do ano 22


PERSONAGEM:​ NamJoon (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Depois da nossa viagem à praia, nós não ligamos uns para os outros. Eu sabia o que
todos estariam fazendo. YoonGi provavelmente estava enfiado na sua sala de trabalho
e HoSeok estava indo e voltando do Two Star Burger para a sala de dança. JungKook
estava esperando o início das férias escolares e JiMin provavelmente deixou de morar
com HoSeok na cobertura e voltou para casa.

Eu também estava tentando manter a minha rotina diária trabalhando duro no posto de
combustível. Todos nós tínhamos as nossas próprias vidas para viver e coisas que
eram urgentes ou importantes para nós. Como se nada tivesse acontecido, estávamos
voltando aos nossos lugares.

De vez em quando, eu me lembrava do que o TaeHyung tinha dito na praia. Para ser
sincero, muitas vezes eu fui lembrado das suas palavras e atormentado por elas. Suas
palavras também trouxeram de volta as memórias da vila rural que eu pensei ter
esquecido. Naquele dia tempestuoso de inverno, o que TaeHyung... Não... O que
JongHun queria me dizer? Se eu tivesse ouvido, as coisas teriam mudado?

O que TaeHyung queria me perguntar naquele dia na praia? TaeHyung não parecia
como de costume, parecendo sério e desesperado. Como se houvesse algo que ele
devesse fazer.

Eu não fiquei para ouvir simplesmente porque eu fiquei com medo, não porque me
lembrei de JongHun. Eu mantive distância porque eu não queria ouvir o seu pedido
desesperado e ser colocado na situação de ter que escolher entre recusar ou ignorar o
pedido. Da forma que eu sempre fiz.

Eu me senti patético. Com a minha cabeça baixa, eu saí do trabalho. Antes de deixar a
vila rural naquele inverno, eu fui à casa de JongHun. Eu não tinha nada a dizer,
nenhuma desculpa a oferecer, nenhuma verdade a transmitir.

Eu apenas senti que deveria. Talvez eu quisesse dizer a eles que não era culpa dele.
Para oferecer minhas condolências e compartilhar sua dor. Eu não acho que isso os
confortaria de qualquer maneira. Talvez eu só quisesse me sentir mais à vontade com
isso.
Quando olhei para cima, vi o graffiti de TaeHyung no ponto de ônibus. TaeHyung foi
preso uma vez por pintar lá. Mesmo na delegacia, TaeHyung continuou sorrindo e
respondendo com gargalhadas e repreensões quentes da polícia mais por causa disso.
Eu perguntei a ele quando saímos da estação “Por que você está tão feliz?”. TaeHyung
disse “Não há razão para não estar feliz. O tempo está ótimo, o graffiti ficou incrível,
corri como o diabo com você e fomos presos juntos e saímos juntos. ”

Eu ri em descrença e vendo que TaeHyung riu bobo. Eu adicionei então "Quando algo
o preocupa, não guarde para você. Provavelmente não posso cuidar disso, mas posso
ser um bom ouvinte. ”

E eu quis dizer isso. Para alguém como TaeHyung, que era gentil e sem sorte, ele
precisava de alguém em quem se apoiar, mesmo que esse alguém não fosse ninguém
como eu. Quando eu disse isso, estou falando sério, mas acabou sendo uma mentira.

Peguei meu telefone. Procurei o número de TaeHyung. "Você está ocupado? Há um


lugar que devemos ir juntos. ”

A vila no campo em plena luz do dia parecia exatamente a mesma. As antigas placas
de sinalização, a estrada vazia e o riacho fluindo para o rio. Apenas a estação mudou.
TaeHyung saiu do ônibus e se espreguiçou. O ônibus partiu, levantando poeira. Uma
scooter estalou a caminho da parte da aldeia com a área de descanso.

Durante a viagem de ônibus, contei ao TaeHyung o que aconteceu. A competição de


entrega que eu participava para ganhar a vida, o acidente no dia da tempestade de
neve e como TaeHyung foi morto e como as pessoas da vila reagiram à sua morte.
Algumas coisas que não pude contar a ele - como fugi, deixando minha família para
trás e as últimas palavras de TaeHyung.

Eu me arrependi do que aconteceu? Não. Não havia nada que eu pudesse fazer. Não
voltei para me desculpar pelo passado. Voltei para ver por mim mesma o que
significava ter sobrevivido, a única coisa que estava em minha mente quando deixei
este lugar.

Fui até a encosta para chegar à área de descanso. “Está quente demais para junho”,
disse TaeHyung. “Vai ficar mais quente.” Conversamos sobre coisas sem importância
no caminho até a encosta. Eu empurrei TaeHyung para continuar quando ele desistiu e
se apoiando em mim, ele inclinou a cabeça para trás. O sol estava muito forte que não
conseguíamos manter os olhos abertos.
Eu parei onde TaeHyung... Não... Onde JongHun morreu. "Esse deve ser o lugar." A
marca na lateral da estrada havia muito sumido. Deitei no local onde JongHun havia
sido morto. Com meus olhos fechados, tentei imaginar seus últimos momentos.

Quando sua scooter derrapou? Já fazia um tempo desde a tempestade de neve, então
a estrada vazia deve ter sido coberta com neve pesada. Quando a scooter derrapou,
JongHun deve ter agarrado com força nela. As rodas da scooter escorregaram no
cloreto de cálcio e ele perdeu o controle.

Quando a scooter caiu e seu corpo foi jogado no ar, o que ele viu? Quando ele caiu na
estrada congelada sem capacete, o que ele pensou? Com sua última respiração, qual
foi a última coisa que ele viu? Com seus lábios trêmulos e baforadas brancas de seus
suspiros, o que ele queria dizer? Quando seu corpo ficou rígido, o sangue de sua
cabeça deve ter ficado quente.

Envolvido no frio daquele dia, meu corpo se contraiu. O espaço negro na frente dos
meus olhos se espalhou na brancura. TaeHyung murmurou algo, mas eu não consegui
ouvir. Eu me sentia frio e pesado como chumbo. Minha mente ficou distante como se
eu tivesse sido enterrado sob a neve.
Eu pensei uma vez: sou como uma pessoa morta. A noite em que voltava para casa
depois da viagem à praia. Quando eu ignorei TaeHyung dizendo que ele tinha um favor
a pedir.
O que significava sobreviver? Estar vivo? Ter um lugar para dormir e comida para
comer? Acordar de manhã e dormir à noite? Passando cada dia assim? Não me
envolver com o medo de não ser capaz de lidar com a responsabilidade?

Ficar cego, com medo de se arrepender mais tarde? Não fazendo nada, ficando preso
dentro de mim? Não fazer nada e não fazer nada e continuar a não fazer nada... Como
isso é diferente de estar morto? Eu devo ter morrido há muito tempo.

A scooter estalando na tempestade de neve, a estrada coberta de folhas mortas e


cloreto de cálcio e as gotas de suor no vento do inverno. As cenas daquele dia na
estrada se desenrolaram como um filme e, como se eu estivesse suspenso no ar, eu
olhei para baixo.

O meu corpo evaporou e apenas a minha consciência permaneceu. Era um dia quente
de verão, mas eu tremia de frio. Parecia que estava nevando. Senti a dor na coxa por
causa do acidente de scooter. JongHun não foi o único que morreu naquele dia de
inverno.
Eu fugi, mas também morri naquele dia. Para sobreviver, eu tive que me matar.

“NamJoon!” Eu ouvi a voz do TaeHyung e alguém balançando meu ombro. Ouvindo


sua voz, eu finalmente saí daquilo. O calafrio que eu estava sentindo sumiu e eu senti o
calor do asfalto. Eu abri meus olhos para ver TaeHyung olhando para mim. "Você
parecia morto."

Eu agarrei a sua mão e me levantei. Tirei o pedaço do farol da scooter do bolso e


coloquei na estrada. Eu o peguei quando vim para cá naquele inverno. Eu disse adeus
na minha cabeça.

De repente, TaeHyung pousou a mão na estrada onde eu estava deitado e disse: "Nós
não deveríamos morrer".

Na descida para a vila junto ao rio, paramos na entrada. O lugar era alto o suficiente
para que pudéssemos ver toda a vila.

TaeHyung pegou uma pedra e jogou no rio. A pedra voou em um arco e caiu na água.
Por um tempo, ficamos ali olhando para as ondulações onde a pedra havia
desaparecido. "O que está na sua mente?" TaeHyung perguntou.

Sem dizer uma palavra, eu apontei para a casa perto de uma árvore zelkova.
TaeHyung não perguntou de quem era a casa. Alguém abriu a porta e saiu da casa.
"Minha mãe."

Minha mãe com uma toalha em volta da cabeça colocou algumas coisas em uma cesta
de palha e desapareceu dentro de casa. Eu conhecia TaeHyung há muito tempo, mas
nunca convidei ele para ir na minha casa. Não apenas o TaeHyung.

Nunca trouxe ninguém para casa por causa do meu pai doente, mas também porque
eu não queria que ninguém soubesse como eu vivia. Talvez porque eu não quisesse
admitir nem para mim mesmo. O estado em que eu estava.

"Você não vai?" Ouvindo a pergunta do TaeHyung, eu balancei a minha cabeça.


Balançando a cabeça, TaeHyung disse "Cara, isso é duro. Se fosse eu... Já que eu
estava aqui e tudo mais... Mas é bem o seu jeito.

Maligno e cruel senhor sabe-tudo que nunca escuta os outros, nunca compartilha as
suas preocupações, tenta resolver as coisas sozinho, faz sacrifícios sozinho, age como
um adulto ao assumir todo o fardo e não consegue nem mesmo contar a outras
pessoas sobre isso... ”

TaeHyung se levantou, ainda me cutucando e fingindo que nada do que eu fizesse o


pararia, e eu o segui. Corremos encosta abaixo. Ao contrário de quando estávamos
caminhando para o local, o sol não parecia muito quente.

Com o vento soprando atrás de nós, foi muito mais fácil descer. O sol estava se pondo
no início do verão.
Depois de passarmos por um pomar nos arredores da vila, eu olhei para a casa com
um portão azul. Era a casa de JongHun.

Ninguém morava lá agora. A última vez que eu vim ver a minha mãe, ela me disse que
eles fugiram do lugar. A pequena aldeia também queria esquecer a morte do JongHun.
Algo parecia estar fervendo dentro de mim.

Puxei a minha camisa com mais força, embora eu não tivesse como abotoá-la.

"Você está bem?" TaeHyung perguntou. Em vez de uma resposta, eu disse “Você
disse que tinha um favor a pedir quando estivemos na praia da última vez.

Me diga agora. Vamos ver se podemos lidar com isso juntos.”

Eu vi o ônibus vindo na nossa direção. Naquele momento, TaeHyung pegou seu


telefone e com um olhar surpreso em seu rosto, ele disse "JungKook..."
DATA: ​13 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ SeokJin (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Map of the Soul: Persona

Depois de voltar da praia, todos nós estávamos sozinhos.

Como se tivéssemos combinado, ninguém entrou em contato com o outro. Apenas


através do graffiti deixado na rua, do posto de gasolina iluminado e do som do piano
vindo do prédio velho nós podíamos notar a existência um do outro. Em cada ocasião,
a impressão daquela noite era revivida como um fantasma. Como chamas pareciam
pingar pouco a pouco dos olhos do Taehyung. Os olhos que me olhavam como se
ouvindo uma história inacreditável. As mãos do NamJoon que pararam o TaeHyung.
Eu, que não conseguia aguentar e deixei meu punho voar em direção ao TaeHyung.
Eu não consegui achar o TaeHyung depois que ele foi embora correndo, e ninguém
tinha ficado no alojamento a beira-mar depois que eu voltei. Um copo de bebida
quebrado, manchas de sangue que tinham começado a secar e pedaços de lanches
em ruínas foram tudo o que restou do que aconteceu algumas horas atrás. Naquele
intervalo de tempo, uma foto havia caído. Naquela foto, com o mar como plano de
fundo, nós estávamos juntos e sorrindo.

Hoje também eu passei pelo posto de gasolina. Algum dia, o dia que nós nos
encontraremos de novo vai chegar. Vai chegar um dia em que iremos sorrir juntos
como naquela foto. Vai chegar um dia em que eu vou ter coragem de encarar a mim
mesmo. Mas, agora, ainda não é o momento. Hoje também, assim como aquele dia,
um vento úmido soprou. No momento seguinte, como se fosse um aviso, meu telefone
tocou. A foto pendurada no meu espelho balançou. O nome do HoSeok estava na tela.
"Hyung, JungKook esteve em um acidente de carro naquela noite."
DATA: ​13 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ SeokJin (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Eu passei pela porta da frente e vi um par de sapatos. Perguntei à governanta e ela


disse que eles eram da fundação de bolsas de estudo. Eu olhei dentro do covil do meu
pai. Eu sabia do que eles deveriam estar falando. Eu sabia o que as pessoas da
fundação, incluindo o meu pai, estavam fazendo. Engraçado como eu sabia o futuro
deles, o que eles próprios não sabiam. O plano de reconstrução sobre o qual eles
estavam tendo uma discussão tão acalorada começaria no dia 20 e a demolição dos
containers começaria no dia 30 de setembro.

Quando eu me aproximei da sala, vi o tio JunHo bisbilhotando pela porta. Eu ouvi uma
voz vindo de dentro dizendo que o plano deveria ser implementado mais rápido. Ele era
o presidente da Youngjin Engenharia & Construção. O plano de redesenvolvimento era
liderado pelos membros da fundação. A fundação buscava o progresso acadêmico e
oportunidades iguais, mas, na verdade, o seu objetivo era obter lucro usando seu poder
e dinheiro.

No processo, eles mantiveram as coisas fora de vista, dando favoritismo ilegal a


alguns. Com a manipulação dos votos, eles conquistaram o direito a uma obra,
mudaram a planta do prédio e assinaram um contrato por baixo dos panos. Nem
preciso dizer que o meu pai estava no meio de tudo isso. O tio JunHo era seu braço
direito, que fechava os negócios e cuidava de todos os detalhes.

Eu o chamava de tio, mas ele não era um parente. Ele tinha sido colega do meu pai na
faculdade. Eu cresci com ele porque o tio JunHo começou a trabalhar para o meu pai
quando ele entrou na política. Tio JunHo era ajudante do meu pai, mas ele ganhou a
nossa confiança cuidando não só do trabalho do meu pai, mas também das coisas da
nossa casa.

Ouvindo a minha tosse seca, tio JunHo se afastou da porta, surpreso. Para esconder
seu constrangimento, ele me perguntou quando eu cheguei em casa. Ele não era
ambicioso ou tinha um grande sonho. Ele só precisava de dinheiro. Em um dos loops
do tempo, ele teve problemas e foi preso por causa de dinheiro. Ele provavelmente já
sabia tudo sobre as coisas que estava ouvindo perto da porta. Ele estava escutando
porque eles estavam decidindo sobre algo que era importante para ele.

Eu vi a mensagem do HoSeok quando me virei de onde o tio JunHo estava e fui para o
meu quarto. Fechei a mensagem. HoSeok tinha descoberto sobre o acidente do
JungKook naquele momento. Não era importante. Eu tentei evitar que o acidente
acontecesse e também me preocupei com quando e como o acidente acontecia.

Mas eu percebi que o acidente do JungKook não tinha nada a ver com o loop. Era
apenas um daqueles acidentes que podem acontecer com qualquer pessoa. Quando
você apenas deixa a sua ferida, ela se cura sozinha e as coisas voltam a ser como
eram. Você ganha cicatrizes ou algumas inabilidades, mas isso é problema seu.
Mesmo se você morrer em um acidente, não há nada que se possa fazer a respeito.
DATA: ​13 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ YoonGi (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Map of the Soul: 7

Eu me lembrei das palavras do JungKook. "Porque eu gosto da sua música, hyung.


Quando eu ouço você tocar o piano, eu choro. Eu. Eu queria morrer várias vezes por
dia. Mas quando eu ouço você tocar piano, eu quero viver. Então é por isso. Estou te
dizendo que é por isso. Sua música é a mesma que o meu coração." Enquanto eu
deitava largado e bêbado no chão, eu me lembrei da expressão do JungKook enquanto
ele repetia essas palavras.
*Alerta de gatilho: Essa nota passa por temas sensíveis!

DATA: ​13 de junho do ano 22


PERSONAGEM:​ YoonGi (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Eu fui ver o JungKook no hospital, mas não consegui entrar no seu quarto. Da porta do
hospital, ele parecia morto. Eu me virei. Eu não suportava olhar para ele.

Desde que voltamos da viagem à praia, JungKook parou de aparecer na minha sala.
Eu tentei me lembrar da última vez que vi JungKook. A última vez foi quando
estávamos voltando da viagem. Eu estava falando com o HoSeok sobre música. Sem
uma palavra para nós, JungKook correu na frente. Achei que ele tinha algo para fazer e
apareceria mais tarde. Mas ele sofreu um acidente.

Muitas coisas passaram diante dos meus olhos. O fogo estalando em um tambor vazio
no canteiro de obras, o quarto da minha mãe sempre sem luzes acesas, o som do
piano vindo das chamas, JungKook tocando o piano desajeitadamente em uma loja de
música, JungKook caído na estrada vazia e o medo e dor que ele deve ter sentido ao
perder lentamente a consciência. JungKook estava deitado lá. Parecendo uma pessoa
morta. Eu cambaleei para fora do hospital.

Eu bebi. Eu tinha que estar bêbado para esquecer esse medo. Fui expulso do bar e
vaguei pelas ruas. E eu caí em algum lugar da rua e dormi.

Quando acordei, eu estava correndo. Não, eu estava tendo aquele sonho em que eu
corria. Mas eu não era criança. Eu era um estudante do ensino médio. Eu estava
correndo nas ruas escuras e era urgente. Eu não olhei em volta. Meus pés corriam
para me levar ao destino. Para onde eu estava indo? Qual era a urgência? Parecia que
isso já tinha acontecido antes, mas eu não conseguia me lembrar. Eu perdi meu
equilíbrio e torci meu tornozelo.

Quando caí de cabeça no sonho, eu acordei chutando meus pés. Era noite. Por causa
da bebida, o meu coração estava batendo forte e as coisas estavam girando ao meu
redor. Quando tentei me levantar da posição enrugada em que eu estava, as minhas
juntas gritaram. Segurando nas paredes para me apoiar, eu consegui andar.

Eu não tinha destino. Eu não me importava para onde eu estava indo. Um pessoa que
passou por mim franziu a testa e me evitou. Eu sempre fui assim. Eu não tinha destino,
nem propósito e não tinha como fugir agora só porque alguém me disse para correr. E
as pessoas ao meu redor me achavam perturbador ou assustador.

Cambaleando, de repente eu olhei em volta. Eu estava naquela rua onde eu tinha


ficado sem fôlego no meu sonho. Para onde eu estava indo com tanta pressa? O que
eu estava procurando? Ninguém me disse para fazer isso e ninguém estava me
perseguindo, mas por que eu estava correndo assim?

Eu vi a luz verde na faixa de pedestres. No sonho, eu atravessei a estrada, embora o


sinal tivesse ficado vermelho. Carros buzinaram e alguns pararam bruscamente.
Ignorei tudo isso e corri com os olhos fixos na minha frente. Como no sonho, eu
comecei a ganhar velocidade. Eu me senti enjoado, mas respirei fundo. Atravessei a
rua.

Sem motivo, eu senti urgência e comecei a correr. Não era nada se comparado com a
velocidade que tive no sonho, mas eu ainda corri. E eu vi diante de mim a mesma cena
do meu sonho. Passei correndo pela escola de ensino fundamental, pela delegacia e
atravessei a rua. E o que eu estava vendo agora se sobrepõe à cena do meu sonho.

Cheguei na frente da escola de ensino médio Songju Jeil. O lugar para onde eu corria
no meu sonho era a minha escola. O lugar onde não coloquei os meus pés depois de
ser expulso. Eu não podia acreditar. Eu olhei para as salas de aula. As luzes estavam
acesas em todas as salas de aula. Salas de aula bem iluminadas não faziam parte das
minhas memórias do ensino médio. No sonho, eu passava correndo pelo playground
escuro e ia até a sala-depósito no antigo prédio.

Quando eu abri a porta, cheirava a poeira e fumaça. As carteiras estavam jogadas no


chão em todos os lugares e uma pilha de caixas estava em um canto. Eu fiquei perto
da porta e olhei para dentro. Se passaram dois anos desde a época em que eu
passava a maior parte dos meus dias aqui. Eu era uma pessoa diferente daquela
época? Ou eu ainda era o mesmo? Eu era a pessoa que veio correndo ofegante aqui
no sonho ou eu era o eu daquela época?

Eu vi o piano no canto oposto. Havia uma fina camada de poeira sobre o piano, que
não era tocado há muito tempo. Limpei a poeira com a minha mão. Quando abri a
tampa, as teclas brancas brilhavam levemente no escuro. Eu trouxe meu celular e usei
ele como uma lanterna. Eu pressionei uma tecla. A tecla fez um som estranho, uma
nota que estava entre as notas. Era o mesmo com todas as teclas. O piano desafinado
perdeu sua voz e se tornou desordenado.
Eu sentei no chão. Meu braço com a ferida da queimadura que ainda não havia
cicatrizado raspava no piano, enviando uma sensação de pontada. Me lembrei do
JungKook na sua cama do hospital. E a casa pegando fogo. E eu ouvi uma melodia de
piano sobre essas imagens. Do que eu estava fugindo? De uma pessoa? De um
anexo? Recordações? Música? Eu mesmo?

Em retrospecto, eu percebi que tive momentos felizes por causa do JungKook,


TaeHyung e os meus outros amigos, momentos que eu não pensei que poderia ter. E
essa sala de aula que foi transformada em um depósito fazia parte disso. Será que eu
ri desde então? Eu queria permanecer vivo desde então? Encostei em uma perna de
piano. A madeira do piano, sendo velha e rústica, parecia áspera para as minhas mãos.
Quando tentei me levantar, subitamente eu me lembrei. Deve haver partituras de
música aqui em algum lugar.

Me inclinei sobre o piano e vasculhei o que estava sob a moldura do piano com as
mãos. As partituras foram escondidas no canto. Eu tinha esquecido. Eu coloquei elas
lá. Eu não poderia jogá-las fora ou guardá-las - música, as partituras, piano e eu.

E eu me lembrei daquela noite. No dia em que eu vim correndo para este lugar, no dia
em que a minha expulsão foi decidida. O dia em que eu recebi o veredicto de que não
tinha mais permissão para entrar nessa sala. Eu fiquei bêbado e, me sentindo
desesperado, vim correndo para cá. Eu não sabia por que me sentia tão desesperado
lá. Era medo. Sem esse lugar, eu nunca faria ou tocaria música novamente. Eu estava
desesperado para descobrir que esse não seria o caso. Então, eu vim correndo para
abrir a porta dessa sala de aula.

Fiquei na frente do piano. Pressionei as teclas com cuidado. E mais algumas teclas. A
estranha melodia se espalhou pela sala escura. O meu coração ainda estava batendo
rápido. O suor escorreu pela minha têmpora e caiu sobre uma tecla. O que eu devo
tocar? Qual era a próxima nota? O meu coração vacilou. A próxima nota deve ser
aguda ou bemol? Ou uma variação da melodia?

Sentindo como se alguém estivesse julgando a minha música, eu me virei. Toquei mais
algumas notas, mas eu não conseguia focar. O que eu estava sentindo? Eu não
conseguia descobrir o que estava me deixando tão confuso. Eu estava com medo de
apertar uma tecla e parecia impossível tocar. O piano estava me empurrando para
longe.
Pressionei as teclas com mais força. Notas sem sentido ecoaram no que costumava
ser o nosso espaço. Eu fiquei bravo e comecei a pressionar qualquer tecla e gritei
“Esse não é o sentimento!”.

De repente, eu parei. Minha mãe tinha dito isso. As palavras que eu mais odiava ouvir.
Tentei tocar a nota que tinha desaparecido da minha vida. Eu não conseguia mover os
meus dedos. Era a nota que estava em toda parte nas minhas partituras musicais, a
nota que eu nem pensava quando tocava piano com os meus amigos e a nota que eu
não conseguia mais tocar depois de ter medo dela.

Não conseguia lembrar o que eu senti naquela noite. Eu poderia ter me sentido
desesperado ou com vontade de desistir. Voltei para a minha casa e joguei fora a tecla
do piano da minha mãe que eu destruí na casa incendiada. E eu decidi que nunca mais
tocaria piano.

Pensando como em uma retrospectiva, foi uma coisa estúpida de se fazer. Nada
mudou só porque eu joguei fora a tecla do piano da minha mãe. Eu não podia parar de
tocar piano ou desistir da música. Mas desde aquele dia, eu não tinha tocado aquela
nota. A nota não estava em nenhuma parte das músicas que eu escrevi.

Percebi por que eu fui tão cruel com o JungKook quando ele veio me ver na minha sala
de trabalho. Ele continuou tocando aquela nota. Por que ele fez isso? Sem saber de
nada...

Olhei para as partituras no piano. Toquei uma melodia que estava nas partituras.
Soava estranho vindo do piano que estava desafinado. O estranho som se tornou uma
estranha melodia e uma música estranha.

Memórias dos meus dias de colégio gotejaram com a melodia. HoSeok estava
brincando, me abraçando por trás enquanto eu tocava piano. Ele disse: “Você devia
tocar o piano corretamente. Com o cabelo repartido bem ao meio e um terno caro!”.
Depois disso, JungKook disse “Eu vou comprar uma gravata borboleta no seu
aniversário”. Quando eu disse a eles para darem o fora, JungKook e HoSeok fingiram
que estavam com medo de mim.

NamJoon, que estava lendo um livro perto da janela, disse “Ei, vão devagar. O YoonGi
é um corredor super lento…”. SeokJin, rindo do que o NamJoon tinha dito, tirou a sua
câmera da sua bolsa. JiMin sorriu enquanto fazia uma pose para a câmera no
banquinho do piano. “Junto com o futuro maestro da música!”
As risadas de todos encheram a nossa sala e SeokJin capturou tudo com a sua
câmera. Eu também gravei aquele dia à minha maneira. O dia em que todos nós rimos
juntos, o dia mais feliz das nossas vidas e o tempo que passamos juntos. Estava na
minha música.

E depois de tocar uma nota, eu me afastei do piano sentindo como se tivesse sido
eletrocutado ou como se as pontas dos meus dedos estivessem pegando fogo. Por um
momento, todas as minhas memórias foram cortadas com as minhas mãos congeladas
no ar. Calafrios percorreram as minhas costas. Era aquela nota - aquela que eu joguei
fora do piano da minha mãe e fiz desaparecer da minha vida.

Eu vasculhei as partituras. A nota estava em toda parte. Naquela época, eu não tinha
dificuldade em escrever aquela nota. Naquela época, eu usava aquela nota sem
pensar, a nota que eu pensei ter desaparecido da minha vida.

Eu me lembrei do que o JungKook disse: “É porque eu gosto da sua música. Quando


eu ouço sua música, eu quero viver. O que eu estou dizendo é que a sua música é
como o que está no meu coração.”

Eu vi uma lanterna do lado de fora da sala. Me abaixei sob o tampo do piano. Um


segurança perguntou "Quem está aí?". Ele entrou e olhou em volta. "Um fantasma
estava tocando o piano ou o quê?". Eu escapei enquanto ele olhava para o outro lado
da sala.

Eu corri para o hospital e entrei no quarto do JungKook. NamJoon e TaeHyung se


viraram e disseram "Você está bêbado?"
DATA: ​13 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ JungKook (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Map of the Soul: 7

Eu tive um sonho. Eu estava olhando para dentro do quarto de hospital de cima, no ar,
e tinha um eu diferente deitado na cama de hospital. Parecia que o eu da cama estava
dormindo. Eu estava sonhando com algo, meus olhos fechados tiveram espasmos, e
então eu abri meus olhos de repente. Naquele momento, eu encontrei meus próprios
olhos.

No momento seguinte, eu estava deitado na cama. Eu sonhei com a noite do acidente.


Os faróis se tornaram a lua, e de repente se tornaram em luzes verde e azul como
miçangas. Mas eu abri meus olhos, e a alguma distância, tinha outro eu no ar. Eu
encontrei os olhos do meu eu no ar. Nossos olhares cruzaram, e nossa consciência se
inverteu. Eu repeti entre ser o eu do ar e o eu na cama. A velocidade da inversão e
troca gradualmente se acelerou. Eu me senti tonto e senti o vômito na garganta.

Então, eu acordei gritando. Os lençóis estavam encharcados com suor. Eu não


conseguia respirar e me senti enjoado. De repente, eu relembrei coisas que eu tinha
esquecido até aquele momento. A voz de alguém. "Viver é mais doloroso do que
morrer, você está bem com isso?" Minha mãe ligou para o médico para checar o meu
estado. O médico disse que como eu estava me recuperando rápido, não havia com o
que se preocupar. Eu tinha sofrido machucados e fraturas, mas havia pouco
sangramento. O médico disse que eu era sortudo para alguém que tinha sido atingido
por um carro. Eu me virei para o médico e perguntei, "Mas quem foi a pessoa que me
atingiu?"
DATA: ​13 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ JungKook (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 1

Eu ouvi algumas vozes fracas e abri os meus olhos para encontrar HoSeok e JiMin
olhando para mim. Cada vez que eu piscava, os seus rostos continuavam
desaparecendo e aparecendo novamente. "Você está machucado? Você está com
dor?”, JiMin perguntou. "Eu estou bem. Eu não estou machucado." Era mentira. Foi um
acidente muito grave e eu quase morri. Os médicos continuaram alertando os outros
por dias que eles deveriam estar preparados para o pior cenário possível. Eu recuperei
a consciência depois de dez dias e comecei a me recuperar em um ritmo
surpreendente.

“Você deveria ter nos ligado. O que nós somos para você?!” HoSeok parecia bravo.
"HoSeok, não é que eu..." Comecei a falar, mas não consegui terminar a frase. Assim
que voltei a mim no hospital, eu pensei neles. Se eu fosse capaz de pensar com
clareza, eu teria ligado para eles primeiro. Mas a minha mente estava em branco e eu
estava com muita dor. O sedativo que me deram era tão forte que a realidade, os
sonhos, as lembranças e as ilusões, tudo parecia se embrulhar na minha cabeça e era
impossível desembaraçá-los.

A dor insuportável finalmente diminuiu. Mas as imagens estranhas que passavam pelos
meus olhos enquanto eu sofria de febre e insônia continuavam voltando. Eu não tinha
certeza se essas cenas realmente aconteceram ou se eram apenas pesadelos
distorcidos desencadeados por uma dor intensa. Eu não conseguia confiar na minha
memória. Mas eu ainda não conseguia entrar em contato com eles. Eu não sabia o que
dizer ou mesmo como começar a falar. Eu apenas sorri para eles. Ou tentei sorrir para
eles. O meu rosto deve ter parecido como se estivesse todo torcido e eu estava prestes
a chorar.
DATA: ​13 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ JungKook (Versão 3)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Quando eu abri os olhos, vi os rostos do HoSeok e do JiMin. Eu pisquei, seus rostos


continuavam aparecendo e desaparecendo de novo. "Você está bem? Você está com
dor?" JiMin perguntou. "Você deveria ter nos ligado. A gente não significa nada pra
você?" HoSeok soava chateado.

Eu tinha acordado no hospital duas semanas atrás. Eles disseram que fazia 10 dias
desde o acidente. Eu acordei, mas com dor. Por causa do sedativo, eu me sentia
dormente e não conseguia lembrar coisas de minutos atrás. Eu não conseguia
diferenciar o que era real, o que era sonho, o que era memória, e o que era ilusão.
Tudo parecia vago.

E eu tive sonhos. Eu flutuava no meio do ar, e quando eu olhava pra baixo na cama de
hospital, eu via outro eu. O eu na cama está dormindo. Ele deve estar sonhando
porque seus olhos se movem debaixo das pálpebras, e de repente ele abre os olhos.
Nossos olhos se encontram. No momento seguinte, eu estou deitado na cama,
sonhando sobre a noite do acidente. Os faróis se tornam a lua e mudam para luzes
azul e verde como bola de gude. Quando eu abro os olhos, eu vejo outro eu flutuando
no ar. E nossos olhos se encontram. Nós trocamos olhares, e nossa consciência troca
de lugar. Eu me torno aquele no ar e aquele na cama. As trocas acontecem mais
rapidamente, e eu fico tonto e enjoado.

E eu acordava ofegante, suando e me sentindo enjoado. E eu me lembrei de algo que


havia esquecido: uma voz dizendo, "Será mais doloroso viver do que morrer."
"Você está bem?" Minha mãe chamou o médico para me ver. O médico disse que eu
estava me recuperando e não havia nada para se preocupar. Eu tinha fraturas e
contusões, mas não sofri nenhum sangramento. Eu tive sorte considerando que foi um
acidente de carro. "Quem me atingiu, no entanto?" Eu perguntei. O policial respondeu a
essa pergunta alguns dias depois. Ele me mostrou a câmera de segurança do acidente.
No vídeo, eu fui jogado no ar após ser atingido pelo carro, e então eu caí no chão. O
carro sumiu da tela, e eu não conseguia dizer se ele parou ou não com as luzes
vermelhas traseiras mal estando visíveis. E alguns segundos depois, as luzes também
sumiram.

O guarda disse que o carro atingiu o guardrail após me atingir. E ele me perguntou se
eu me lembrava de alguma coisa. Naquele exato momento, a voz atingiu minha mente.
"Será mais doloroso viver do que morrer."
E a noite do acidente se repetiu na minha cabeça. Os faróis se aproximando na minha
direção, o carro que eu vi enquanto era jogado no ar, o choque de atingir o asfalto da
pista, e as luzes traseiras sumindo. O policial perguntou, "Você está se sentindo bem?
Você lembrou de alguma coisa?" Eu olhei para ele. Eu percebi que era o carro do
SeokJin. O policial disse "Mesmo que seja alguma coisa pequena..." Eu balancei a
cabeça e disse, "Não, eu apenas estou com dor de cabeça."
DATA: ​13 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ HoSeok
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 1

Saí da sala porque eu senti as lágrimas se juntando. JungKook dizendo que estava
bem era de partir o coração. Eu fiquei sabendo sobre o acidente do JungKook apenas
naquela tarde. A hamburgueria estava lotada de pedestres se abrigando da chuva.
Alguns deles eram colegas de classe do JungKook. “Por que JungKook não aparece
mais?” Não fiz essa pergunta por nenhum motivo em particular. Eu perdi contato com
todos os outros depois que retornamos do mar, incluindo JungKook. Então, uma
resposta inesperada veio na minha direção. "Ah, ele sofreu um acidente, por isso ele
não está aqui." “Um acidente? Ele está muito machucado?" “Nós não sabemos. Ele
não vai à escola há o que... Vinte dias?"

Liguei para ele imediatamente, mas JungKook não atendeu. Eu estava prestes a ligar
novamente, mas decidi abrir o nosso chat em grupo. Nenhuma mensagem nova nos
últimos vinte dias. A última mensagem foi de quando estávamos no mar. Foi lá?
Naquela noite, quando todos nós nos separamos e voltamos para casa. Foi naquela
noite?

Deixei uma mensagem dizendo que JungKook estava gravemente ferido. E que, o que
quer que todos estivessem fazendo, era ridículo não saber o que aconteceu com ele
em vinte dias. O número ao lado da minha mensagem não mudou, o que significava
que nenhum dos outros tinha aberto o grupo para ler a minha mensagem. Os nossos
dias juntos não significaram nada? Éramos amigos apenas nos bons momentos? Eu
fiquei com raiva de mim mesmo. Fiquei bravo por não ter entrado em contato com ele
antes. Bravo por deixá-lo voltar para casa sozinho. JungKook não era uma criança.
Mas ele era o mais novo. Ele ainda era apenas um estudante.

Eu caminhei para cima e para baixo no corredor algumas vezes e parei na frente do
seu quarto. Pela porta quebrada, eu reconheci o rosto do JungKook. Ele claramente
não estava bem. Ele parecia pálido como um lençol. De repente, a imagem do
JungKook entrando pela porta do nosso esconderijo vazio veio à minha mente. Ele
estava apenas no terceiro ano do ensino fundamental. O seu rosto ingênuo mostrava
uma sensação de perda, como se ele tivesse percebido que algo havia chegado ao fim.
A nossa existência o lembrava dessa sensação de perda? Quatro dos outros ainda não
tinham visto a minha mensagem no grupo. Eu mandei outra mensagem: “Isso é
decepcionante”.
"Você? Dançando?" Quando entrei na sala, JiMin e JungKook estavam falando sobre
uma equipe de dança. JiMin disse que fazia apenas cerca de duas semanas desde que
ele tinha se juntado à equipe e virou a cabeça timidamente. "É verdade. Você era um
bom dançarino. Todos nós devíamos ir ver você dançar."

A ligação do TaeHyung veio naquele momento. "O que você anda fazendo? Por que
você não viu a minha mensagem antes?” Eu tentei parecer mais bravo do que eu
realmente estava. TaeHyung gaguejou com uma voz rouca, como se estivesse
chorando.
DATA: ​13 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ TaeHyung
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 1

"Como está o JungKook?” Isso era tudo que eu conseguia dizer. Eu terminei o meu
turno na loja de conveniência e pisei na rua para achar poças de água aqui e ali. Havia
chovido algumas horas atrás. Eu tinha notado a chuva quando virei minha cabeça para
olhar para fora pela porta de vidro quando um dos clientes comprou um guarda-chuva.
O meu resto refletiu de volta para mim em uma poça. Meus olhos se encheram de
lágrimas e minha garganta se apertou.

HoSeok disse que ele estava com o JungKook e o JungKook parecia melhor do que ele
pensava. Eu abaixei. "Eu estou bem." O HoSeok deve ter entregado o seu celular para
o JungKook. Ele parecia estar fingindo que estava bem. "E você?" "Se preocupe
consigo mesmo." Minha resposta foi curta mesmo sem intenção. JungKook riu
timidamente. "Eu estou indo aí agora."

Eu não conseguia manter minha palavra. Eu cheguei no hospital em seguida, subi


correndo as escadas porque eu não conseguia esperar o elevador, e corri pelo
corredor. Eu estava prestes a pular para dentro do quarto do JungKook, mas eu
congelei ali. Eu podia ouvir vozes pela porta entreaberta. Era o NamJoon. SeokJin
estava lá também. Eu dei um passo para trás sem perceber.

"Eu estou sempre igual." NamJoon disse. De fato, ele estava. Ele estava apenas
seguindo em frente com sua vida. Eu sentei em um banco no corredor. Pessoas em
uniformes de pacientes passavam, e algumas estavam chorando. Se alguém tivesse
perguntado, eu teria respondido o mesmo. Que eu estava sempre igual. Essa era a
verdade. Eu apenas ia e voltava entre minha casa e a loja de conveniência. Meu pai
ainda estava bebendo e arranjando encrenca de vez em quando. A luz de dentro ainda
era escura e o ralo entupia frequentemente.

Havia uma coisa diferente. Os pesadelos haviam parado. O pesadelo do YoonGi


morrendo, JungKook caindo e o HoSeok em um frenesi de desespero. Pensando nisso,
o pesadelo deve ter parado depois da noite em que brigamos na praia. Ele foi
substituído por outro sonho. Lágrimas rolavam pelo rosto do SeokJin. Pétalas de flores
azuis rolavam pelo asfalto de noite, estavam pisoteadas, e estavam manchadas com o
sangue de alguém.
Eu dobrei meu passo. O elevador estava subindo do segundo subsolo. Eu olhei de
volta para o quarto de paciente. Eu ainda não estava pronto para encontrar o NamJoon
e o SeokJin.
DATA: ​13 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ NamJoon
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 1

Eu cheguei ao quarto de hospital do JungKook no meio da noite. JungKook parecia


bem. Ele riu muito e falou muito. Eu também. Conversamos sobre o posto de
combustível, sobre o clima e tudo mais para que não tivéssemos que falar sobre o que
era realmente importante. JungKook devia ter perguntado. Mas ele não fez isso. Ele
não perguntou por que os outros brigaram naquela noite, por que saímos e por que não
voltamos. Eu não fiz diferente. Eu não disse a ele por que eu deixei o nosso alojamento
sem dizer nada e não perguntei ao SeokJin quais problemas ele tinha com o
TaeHyung. Nós apenas engolimos as perguntas que deveríamos ter deixado escapar.
No caminho de volta, SeokJin me perguntou se eu estava bem. "Você sabia que ainda
não disse uma palavra?" Eu disse a ele que não sabia e que sentia muito. Eu disse a
ele que estava bem. Nos separamos perto do posto.

Eu olhei ao redor na rua em meio à noite pouco antes de entrar no posto. Estava
deserta. O sinal vermelho de “Não ande” mudou para o sinal verde de “Ande” na faixa
de pedestres. Eu atravessei a rua e caminhei ao longo da ferrovia. O quarto container
no fim. Tínhamos feito um acampamento em torno de uma fogueira aqui antes de
partirmos para o mar. Essa foi a primeira vez que eu vim aqui desde aquele dia.

A poeira subiu quando eu abri a porta do container. Eu fiquei lá por um tempo até que
os meus olhos se acostumassem com a escuridão. Pelo que ouvi do JungKook, os
outros não tinham mantido contato entre si. Ninguém me deu notícias sobre o
TaeHyung, mas nada mudou muito. Este container era o único lugar onde TaeHyung
poderia se abrigar do seu pai. Eu sabia disso, mas eu não apareci. Era cansativo o
suficiente ir e voltar entre a biblioteca e o posto de combustível. Era uma verdade e
uma desculpa ao mesmo tempo. Bem no fundo, eu poderia estar evitando TaeHyung.
Eu não podia me dar ao luxo de enfrentar TaeHyung, era muito desgastante
emocionalmente.

Conforme os meus olhos se adaptaram à escuridão, eu pude ver os diferentes cantos


do container. Eles estavam cheios de memórias de nós compartilhando as nossas
vidas. Eu disse ao SeokJin que eu estava bem, mas eu realmente não estava.
JungKook que sofreu um acidente não poderia estar bem. Eu não poderia estar bem
para simplesmente abafar o que aconteceu naquela noite de uma vez. Se TaeHyung e
SeokJin não tivessem brigado naquela noite, se eu tivesse ficado com os outros, se
alguém tivesse estado com JungKook, então não teria acontecido um acidente.
Mas eu disse que estava bem. Eu casualmente conversei com ele como se nada fosse
minha culpa e bati em seu ombro, dizendo a ele para se recuperar rapidamente. Eu
disse isso como se fosse uma palavra de bênção, de conselho ou de consolo. Eu não
tinha mudado nem um pouco. Eu sempre hesitava antes de fazer perguntas e antes
fazer escolhas em uma bifurcação na estrada.
DATA: ​14 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ JiMin
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

"Como está sendo a volta pra casa?" HoSeok perguntou quando apareceu no estúdio
de dança Just Dance. Ele soava indiferente, mas parecia preocupado. Desde que ele
visitou o JungKook no hospital, ele tem estado para baixo. Atrás dele eu vi carros
passando zunindo com os faróis ligados.

Se nós sete realmente pudéssemos nos tornar um, HoSeok seria nosso guardião,
sempre tomando conta de nós. Mas ele não era realmente tão despreocupado e
extrovertido por dentro quanto ele parecia por fora. Ele agia dessa maneira porque era
como ele achava que ele deveria ou tinha obrigação de ser, por assim dizer. Ele
respondia de maneira mais sensível às dores e mágoas das pessoas ao redor dele, e
sofria por causa disso. E ele tentava melhorar o clima por causa disso.

"Você sabe por que eu voltei para casa?" Quando eu disse isso, o HoSeok se virou.
"Você disse que eu não era sincero sobre a minha narcolepsia, e eu me senti
envergonhado. Mas eu me senti encorajado ao mesmo tempo." HoSeok sorriu. "Você
sorriu!" Ouvindo isso, ele me dispensou com a mão e infalivelmente negou ter feito tal
coisa.

Eu o deixei e entrei no ônibus. Eu o vi ficando para trás e pensei. O que eu disse a ele
era metade verdade e metade não. Ele parecia bem tranquilo quando foi sincero sobre
ter contado mentiras, mas isso não me ajudou a unir coragem.

Fazia um mês que eu havia fugido do hospital. Eu voltei para casa, me inscrevi em uma
Academia para o Programa de Certificado do Ensino Médio, e me tornei um membro do
Just Dance. Enquanto eu lutava para me adaptar ao mundo, o tempo passava. Eu não
havia tido uma convulsão, mas em dias que pareciam chuvosos eu me sentia
aterrorizado.

"Eu estou realmente bem?" Eu pensei olhando para as ruas noturnas de Songju. Eu
estive trancado no hospital por dois anos porque as pessoas decidiram que eu estava
doente. E essa decisão ainda era válida. Depois que eu fugi do hospital, os meus pais
fizeram com que eu tivesse alta oficialmente, mas isso não significava que eu estava
curado. Os sintomas apenas estiveram à espreita dentro de mim como um monstro
tomando fôlego em um beco. Quando eu desci do ônibus e entrei no complexo de
apartamentos, o ar pareceu úmido. Eu esfreguei meus braços e segui em frente.
Eu estou bem? Eu estou realmente bem agora?
DATA: ​15 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ YoonGi (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Tear

Eu não conseguia perceber nada, exceto a música latejando na minha cabeça. Quanto
eu bebi, onde fica esse lugar em que eu estou ou o que eu estava fazendo. Eu não
queria saber e não era importante. Já era noite quando eu cambaleei para fora. Eu
balancei e caminhei. Quer fosse uma pessoa que estivesse passando, uma banca de
jornal, uma parede, eu descuidadamente esbarrava neles. Eu não me importava. Eu só
queria esquecer tudo.

A voz do JiMin ainda se destacava. “Hyung, o JungKook...” A próxima coisa que eu me


lembro é de escalar as escadas do hospital como um louco. O corredor do hospital era
estranhamente longo e escuro. Pessoas vestindo roupas de pacientes passaram. O
meu coração estava disparado. Os rostos de todos estavam tão pálidos e sem qualquer
expressão. Todos pareciam mortos. O som da minha respiração vacilou violentamente
na minha cabeça.

Através de uma porta ligeiramente aberta, JungKook estava deitado. Sem que eu
percebesse, a minha cabeça se virou bruscamente. Eu não conseguia olhar. Naquele
momento, de repente, eu ouvi o som de um piano, fogo, o som de um prédio
desabando. Eu cobri a minha cabeça e caí. Eles disseram "É por sua causa". "Se não
fosse por você". A voz da minha mãe, não, a minha voz, não, a voz de alguém. Aquelas
palavras me atormentaram inúmeras vezes. Eu queria acreditar que não era verdade.
Mas o JungKook estava deitado lá. No corredor onde pacientes com rostos de mortos
entravam e saíam, JungKook estava deitado lá. Eu absolutamente não conseguia
entrar. Eu não podia confirmar. Quando eu me levantei, as minhas pernas vacilaram.
Eu saí, mas as lágrimas caíram. Era ridículo. Eu não conseguia me lembrar da última
vez que eu chorei.

Ao cruzar a faixa de pedestres, alguém agarrou meu braço e eu me virei bruscamente.


Quem foi? Não, eu não me importo. Não importa quem fosse, daria na mesma. Não
chegue perto de mim. Vá. Por favor, me deixe sozinho. Eu não quero te machucar. Eu
também não quero me machucar. Então, por favor, não chegue perto de mim.
DATA: ​15 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ YoonGi (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 1

Eu acordei de um sonho estranho. Eu pensei ter ouvido alguém bater na porta, mas eu
não conseguia ouvir nada depois de levantar. Eu devo ter ouvido no meu sonho. "Que
horas são?" Eu peguei meu celular, mas a bateria tinha acabado. Eu conectei o meu
celular no carregador e saí da cama. Minha cabeça doía e meus ombros estavam
tensos. A peça que eu havia trabalhado até o amanhecer continuava tocando de novo
e de novo. Eu estive acordado a noite toda por vários dias, mas ainda não conseguia
achar a chave para desfazer as notas emaranhadas.

Talvez fosse por causa daquela peça tocando de novo e de novo, mas no meu sonho
eu estava perambulando na neblina seguindo um leve assobio. Depois de um bom
tempo, eu cheguei em um jardim em um complexo de apartamentos. Lá eu achei uma
tecla de piano caída no meio de arbustos densos. A tecla de piano meio queimada
estava coberta com solo e folhas apodrecidas. Eu entrei no jardim e estiquei as mãos
para a tecla. Quando eu estava prestes a alcançá-la, o complexo de apartamentos, a
neblina e o assovio, todos desapareceram de uma vez. No minuto seguinte, eu estava
parado no meio dessa sala de trabalho. Ao longe, eu estava sentado em frente ao
piano com o JungKook. O JungKook disse algo e eu ri. Quando foi isso? Eu não
conseguia lembrar a data exata, mas essa cena estava impressa na minha memória
tão clara quanto o dia. Haviam muitos dias em que eu podia ver claramente a cena. De
repente, ficou escuro lá fora, e eu estava vagando pela rua noturna. Eu estava no meu
caminho de volta da praia. Eu coloquei minhas mãos nos bolsos enquanto eu
conversava sobre o meu trabalho com o HoSeok, e eu senti a tecla de piano com a
ponta dos meus dedos. O sonho continuou dessa maneira desarticulada. Momentos
sobrepunham uns aos outros e fragmentos de memórias se empilhavam em uma
bagunça.

Eu ouvi um som de batida na entrada assim que eu desliguei a música. Quem poderia
ser? Eu abri a porta mas não havia ninguém. Eu bebi um copo de água e deitei no sofá.
As últimas semanas foram um intenso carrossel. As coisas simplesmente não podiam
ser suaves quando compondo música. Era difícil de concentrar no ínicio. E eu também
não estava acostumado a trabalhar com um parceiro.

A mulher era direta e franca. Ela entrava e saia da minha sala de trabalho sempre que
queria. Ela nunca hesitava, ficava dando voltas quando ela avaliava o meu trabalho.
Ela pegou o meu isqueiro quando eu tentei fumar e me jogou um pirulito no lugar. Ela
me importunava para dormir e comer. Eu não conseguia discutir com ela porque suas
peças e performances eram impressionantes. Porque sua avaliação era precisa.
Aquilo me provocou. Eu comecei a passar mais e mais tempo na minha sala de
trabalho. Eu perdi a noção de tempo e me tornei viciado no trabalho. Eu ficava
acordado a noite toda depois que eu começava o trabalho. Eu não atendia ligações ou
checava mensagens. Todos os meus nervos estavam à flor da pele, e eu não queria
falar com ninguém. Eu desliguei as notificações de todos os aplicativos de conversa.
Será que eu teria me tornado tão proficiente e talentoso quanto a mulher se eu não
tivesse perdido meu tempo e tivesse continuado treinando música? Eu me perguntava.
Eu não queria ficar para trás dela.

"Isso é realmente bom." Isso foi o que aquela mulher disse depois de ouvir a uma peça
não finalizada ontem a noite. Era uma versão melhorada do que eu tinha escrito
previamente. "Isso é realmente bom." Parecia que eu tinha ouvido essas mesmas
palavras antes. Eu estava tentando lembrar onde quando ela pegou seu violão. Então,
ela começou a harmonizar e tocar variações da melodia. Eu sentei de frente ao piano e
toquei junto.

"Não se esqueça. Nós iremos nos encontrar no hospital amanhã de manhã." A mulher
guardou seu violão e ficou de pé umas duas horas mais tarde. Eu olhei para ela com
um rosto neutro, e ela rolou os olhos. Então, eu me lembrei. Ela estaria dando
performances solo de graça em hospitais e escolas. Ela tinha me dito semana passada
para ir junto na próxima performance. Eu não tinha respondido, mas ela finalizou o
plano sozinha. Ela disse que ligaria cedo pela manhã e eu deveria ter certeza de que
atenderia.

Depois que ela saiu, eu sentei de frente ao piano novamente. Não era ruim. Mas
parecia que algo essencial estava faltando. Eu lembrava claramente que eu quase
tinha descoberto o que era da última vez que trabalhei nessa peça. Eu fiz mudanças,
mas nada parecia funcionar. Eu levantei do banco do piano, sentindo pressão no meu
peito. Talvez eu estivesse colocando muita ênfase nesse algo porque não vinha até
mim. Talvez fosse melhor fazer pequenos ajustes na peça um pouco mais e parar de
esperar por aquele algo. Eu olhei pela janela. O sol estava nascendo.

O meu celular vibrou quando ele recarregou. Ela ainda não tinha ligado. Eu deitei no
sofá. Meu celular tocou depois de alguns minutos. O nome JiMin apareceu na tela.
Aquilo instantaneamente me lembrou de uma cena do meu sonho na noite passada.
Uma casa estava pegando fogo. Alguém me perguntou. "Tem alguém dentro?" Eu
respondi. "Não, não tem ninguém dentro." A cena mudou, e eu estava sentado no
quarto escuro da minha mãe. Minha mãe estava dizendo, "Se eu não tivesse tido
você... Se você não tivesse nascido..."

Eu não sei como eu cheguei no hospital do meu trabalho. Eu estava subindo as


escadas como louco quando eu me dei conta. O corredor era estranhamente longo e
escuro. Pessoas em uniformes de pacientes deslizavam por ele. Meu coração
continuava palpitando. Seus rostos eram pálidos como papel. E sem expressão. Eles
pareciam mortos. Eu conseguia ouvir minha respiração pesada em minha cabeça.
Eu podia ver JungKook em seu uniforme de paciente deitado na cama pela porta
entreaberta. Ele deve estar dormindo, mas ele parecia morto. "Ele quase morreu. Os
médicos disseram que é um milagre ele estar vivo. Foi naquela noite, na noite em que
voltamos da praia." A voz do JiMin ainda estava tocando nos meus ouvidos.

Eu virei a cabeça. Eu não conseguia mais olhar para ele. Uma multidão de imagens
passavam pelos meus olhos como um panorama. A chama que fazia um barulho
crepitante em um tambor em um local de construção, o quarto da minha mãe que
sempre estava apagado, os sons do pianos que vinham do fogo, as costas do
JungKook enquanto ele tocava sem jeito o piano na loja de música, o JungKook
deitado inconsciente na rua vazia, e a dor e o medo que ele deve ter sentido enquanto
ele perdia a consciência…

Ela disse, "É tudo por sua causa." Ela disse, "Se você não tivesse nascido..." A voz da
minha mãe. Ou era a minha? Ou era de um outro alguém? Eu seria atormentado por
toda a minha vida por causa daquelas palavras. Eu queria acreditar que elas não eram
verdadeiras. Mas o JungKook estava deitado lá. Ele estava deitado em um hospital
onde pacientes vagam como se fossem mortos-vivos. Se eu apenas o tivesse ignorado
e deixado a loja de música, se eu tivesse apenas morrido nas chamas, será que nada
disso teria acontecido?

Naquele momento, as melodias do violão daquela mulher penetraram na minha mente.


O som do violão sobrepôs a crepitação do fogo ardente, o som do piano, e incontáveis
outros sons. Eu cobri minha cabeça e ouvidos com ambos meus braços, mas o som do
violão apenas ficava mais alto. Eu me virei e comecei a escapar pelo corredor. Eu
esbarrei em pessoas passando, mas não tinha tempo para me virar e me desculpar.
Eles gritavam palavrões para mim. Eu não olhei para trás. Eu tinha que correr para
longe daquela voz e da alucinação. Minha cabeça doía. Eu perdi toda a minha
confiança. Eu corri pelo corredor, vacilante e cambaleante, e saí do hospital.
DATA: ​15 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ NamJoon (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Map of the Soul: Persona

Eu olhei para a criança que estava comendo ramen rapidamente. Ele tinha cerca de
oito, não, dez anos de idade? Mesmo enquanto se enchia com o macarrão quente, ele
virava a cabeça ocasionalmente e olhava para mim. Eu perguntei seu nome e ele
respondeu "É Woo-chang, Song Woo-chang”. Antes disso, quando a sopa de ramen
respingou na sua camiseta que estava claramente manchada, ele esfregou com os
dedos e murmurou que a sua avó brigaria com ele novamente.

A primeira vez que vi Woo-chang foi há cerca de dois meses. Eu tinha voltado do posto
de combustível e Woo-chang estava parado na frente do container que ficava atrás do
meu. Naquela época, eu achei que ele estava procurando um atalho para sair da
estação Songju e acabou entrando nesse lugar. A área dos containers não era um
lugar para uma criança morar. Porém, cerca de duas semanas depois, eu o vi chutando
uma velha bola de futebol sozinho no terreno baldio ao lado dos containers. Depois
disso, eu encontrei Woo-chang algumas vezes. Ele estava sempre andando sozinho
até tarde da noite, vestindo a mesma camiseta, calças e tênis. Com apenas um olhar,
era óbvio que não havia nenhum adulto para cuidar dele. Não havia nada que eu
pudesse fazer por ele. Até mesmo cuidar de mim estava além da minha capacidade.
Eu sempre passava por ele, fingindo não conhecer Woo-chang.

Hoje, quando meu trabalho acabou no posto e eu voltei para a vila dos containers, era
um pouco depois das 23h. Enquanto procurava a minha chave no bolso, pude ver uma
sombra agachada. Era o Woo-chang. Como sempre, se eu desligasse a minha
preocupação, pararia. Acabaria se eu encontrasse a minha chave, abrisse a porta do
meu container, comesse ramen sozinho e tentasse dormir. Mas hoje eu não poderia
fazer isso. Eu não queria fazer isso.

Eu olhei para o céu. Ele esteve nublado durante o dia todo. Mesmo no céu noturno,
nuvens cinzentas pesadas pairavam. Você não conseguia ver a luz das estrelas. De
repente, eu fiquei com fome. Mas, se eu me lembrei corretamente, eu tinha apenas um
pacote de ramen restando no meu container. Eu não tinha comprado nenhum e não
teria o poder de comprar nenhum no futuro. Essas eram as minhas circunstâncias. Eu
olhei para a chave que eu tinha tirado do meu bolso. Me lembrei da paisagem que eu
contemplei ao deixar a vila rural. Eu pensei na frase que eu tinha escrito na janela do
ônibus.

Eu caminhei na direção do Woo-chang.


DATA: ​15 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ NamJoon (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Quando eu cheguei aos containers, eu vi uma pequena sombra abaixada ao lado de


um. Era um pouco depois das 11 da noite.

Havia vários tipos de pessoas vivendo nos containers. Algumas eram solitárias como
eu, e uma mãe solteira estava criando seu bebê. Eu ouvi que um homem tinha uma
dívida de apostas e estava se escondendo dos agiotas. Nada propício para criar um
bom ambiente. A área estava bagunçada com garrafas de bebidas e tocos de cigarros,
e mergulhou na escuridão assim que o sol se pôs. Não eram as melhores condições
para crianças crescerem.

No caminho de volta da viagem pro interior, TaeHyung me contou sobre o pesadelo


conosco. E como quase se tornou realidade. SeokJin, impassível e frio, estava nos
ajudando. Mas ele parecia ter se esquecido de nós, também. E TaeHyung adicionou no
fim, "Você não acredita em mim, não é? Eu também não acreditava."

Ninguém sabia por onde andava o SeokJin desde que voltamos da viagem para a
praia. Eu lembro de como ele apareceu no meu posto de gasolina de repente depois de
dois anos. Se o que o TaeHyung disse era verdade, não era coincidência que ele
simplesmente apareceu aquele dia. Ele tinha vindo para me ajudar. E o sonho do
TaeHyung acabou ali. Comigo morrendo no incêndio no container.

Eu andei até a criança. "Sua avó ainda não voltou?" Ele balançou a cabeça. "Então
vamos para a minha casa comer alguns miojos (“ramen”)."

O menino devorou o miojo quente. "O seu nome é WooChang, certo? Song
WooChang?" O menino acenou e perguntou, "Qual o seu nome?" "Kim NamJoon."
"Você aposta, também?" "Eu? Não." "Um alcoólatra?" Eu não conseguia acreditar no
que ele havia acabado de dizer e, com um suspiro, eu disse, "Há muitas pessoas aqui
que vivem honestamente, sabe."
DATA: ​15 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ JungKook
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 1

Um barulho vindo de fora do quarto me despertou do sono. Eu estava tendo um sonho


estranho, mas não conseguia me lembrar dos detalhes. A noite do acidente se repetia
como uma tela borrada de uma TV em preto e branco. Eu podia sentir o meu batimento
cardíaco desacelerar e depois acelerar explosivamente. De repente, a dor aumentava e
alguém estava sussurrando com uma voz baixa. No minuto seguinte, eu acordei me
contorcendo.

O meu corpo inteiro estava encharcado de suor. A luz do sol entrou pela janela e
atingiu o meu rosto. Saí no corredor e fui recebido pela cena usual. Era a primeira vez
que eu usava as muletas. Eu ainda precisava me acostumar com elas, mas eram muito
mais fáceis do que uma cadeira de rodas. Eu saí pela entrada. Estava arejado. Meu
suor esfriou rapidamente e parecia frio na parte de trás do meu pescoço. Não estava
tão quente quanto pensei enquanto ainda estava dentro do meu quarto de paciente.

Quando eu me sentei em um banco e abri meu caderno de desenhos, o médico


responsável veio até mim. Ele disse que era um milagre eu ter me recuperado, ele não
achava que seria possível. Ele me deu um tapinha no ombro, dizendo que eu era a
prova viva de um milagre.

"Você deve ser bom pelo resto da sua vida." Virei a minha cabeça e vi uma garota que
eu conheci ontem no corredor parada ali. A garota disse que era incrível encontrar um
milagre bem ao lado dela e me perguntou como eu me sentia. Eu respondi que eu era
realmente saudável.

Baixei meus olhos novamente para o caderno de desenho. Antes que eu percebesse,
eu estava desenhando o que tinha visto no meu sonho. As minhas memórias estavam
borradas como a tela que descrevi antes. Era difícil me concentrar no desenho ou nas
memórias porque a garota ficava me fazendo perguntas.

Depois de um tempo, ergui os meus olhos. Uma música familiar estava tocando.
Alguém estava fazendo uma apresentação à distância. Eu definitivamente conhecia
essa música. YoonGi, às vezes, a tocava na sua sala de trabalho. Eu me aproximei do
palco com as minhas muletas. Um isqueiro com o escrito YK estava pendurado no
violão.
DATA: ​16 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ HoSeok
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

"Não foi isso o que eu pedi." Quando eu olhei para cima, vi um cliente com um
hamburguer em uma bandeja, parecendo irritado. Envergonhado, eu chequei a nota do
pedido, mas um dos trabalhadores de meio período colocou um hambúrguer diferente
na bandeja e disse, " Eu sinto muito, senhora." Ouvindo isso, eu também me curvei me
desculpando. O trabalhador de meio período me lançou um olhar. "Está acontecendo
alguma coisa com você?" Isso havia acontecido tantas vezes nos últimos tempos, me
deixando envergonhado na frente dos trabalhadores de meio período.

Eu deixei o balcão, e da janela, eu observei estudantes em uniformes escolares


passarem. Eu me lembrei do JungKook na cama de hospital cheio de bandagens. Eu
gritei com ele por não ter nos avisado, mas não foi proposital. Na minha mente, eu
continuava vendo a tia do orfanato que estava com a data da cirurgia se aproximando.
Eu olhei ao redor na lanchonete. Estava cheia de pessoas aproveitando seus
hambúrgueres, conversando e rindo. Mas eu me sentia frustrado e impotente.
DATA: ​17 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ JiMin
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Eu caí no chão depois de colidir com alguém. Eu tinha acabado de sair do hagwon*
para estudar para a certificação do ensino médio. Assustado, um menino olhou para
mim e começou a chorar. Eu o ajudei a se levantar e disse “Está tudo bem, está tudo
bem”. Notei que os seus joelhos estavam arranhados e sangrando. Vendo gotas de
sangue, eu virei a minha cabeça compulsivamente.

Memórias das quais eu não queria me lembrar ocupavam a minha mente. Eu pulei e
me virei. Alguém perguntou se estávamos bem. Eu não sabia se estava perguntando
sobre mim ou sobre o menino. Eu engoli em seco e me concentrei muito. Senti uma
convulsão chegando. Não, eu estava procurando sinais para me dizer que eu estava
prestes a ter um ataque. Fiquei com medo de ter que voltar a como as coisas eram.

Comecei a andar rápido e depois a correr. Corri para escapar daquele local. Eu parei,
sem fôlego. Eu estava em um beco em que eu nunca tinha entrado. Me virei e não
encontrei ninguém lá.

*Curiosidade: *Hagwon é a palavra coreana usada para indicar um instituto, academia,


cursinho ou escola com fins lucrativos na Coreia do Sul.
DATA: ​18 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ NamJoon
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Quando eu perguntei a ele se podíamos nos encontrar, SeokJin demorou um pouco,


mas disse sim. Nós nos encontramos em um bar de rua perto da Estação Songju. O
final de semana estava acabando, e as pessoas no bar de rua não tinham intenções de
ir para casa.

Do bar, eu podia ver um velho e decrépito prédio comercial esperando pelo


redesenvolvimento. Alguns poucos lugares como esse ainda restavam em Songju.
Alguns homens de meia-idade saíram do bar do outro lado da rua e foram embora,
cantando. Nós bebemos as nossas primeiras bebidas antes que eles trouxessem os
pratos que tínhamos pedido.

"Como você vai?" SeokJin respondeu sem nenhum pingo de emoção. Ele não me
contou nada sobre si mesmo, e não perguntou nada sobre mim ou os outros amigos. O
dono do bar nos trouxe nossos pratos, mas nós não tocamos neles. Quando o
TaeHyung me contou aquelas histórias estranhas, eu não conseguia acreditar e tive um
pressentimento. Eu conhecia o SeokJin, e éramos próximos. Mas quem era essa
pessoa na minha frente agora? "Quando foi a primeira vez que você bebeu?" Eu
perguntei a ele com o copo em mãos. SeokJin apenas olhou para mim. Eu comecei a
contar a minha história.

"Quando eu virei a esquina da minha casa, eu vi nossas mobílias e coisas de cozinha


empilhadas no chão. Eu estava carregando o meu pai nas costas, do hospital, quando
eu vi nossas coisas sendo carregadas para fora de casa. 'NamJoon... O que
deveríamos fazer?' Minha mãe disse de maneira desesperada. Aparentemente, o meu
irmão entrou em uma briga com o filho do dono da casa quando eles apareceram para
cobrar o aluguel atrasado."

"Felizmente, o dono do supermercado nos deixou ficar em um cômodo de


armazenamento ao lado do mercado. Eu deitei o meu pai lá dentro e carreguei as
nossas coisas para o cômodo. Quando acabamos, era noite. Minha mãe colocou os
pauzinhos na minha mão e me disse para comer alguma coisa, mas eu não conseguia
engolir nada. Vendo todas as nossas coisas empilhadas em um canto do armazém, eu
só queria morrer."

"Eu saí e sentei no banco do lado de fora do supermercado. Quando minha mãe me
perguntou onde estava NamHyeon, eu gritei com ela. Como eu deveria saber?
NamJoon. NamJoon... NamJoon. Eu estava de saco cheio de tudo. Eu me arrependi de
dizer ao meu irmão que ele deveria sempre manter sua cabeça levantada. Nós
conseguiríamos nos manter alguns dias no armazém, mas eu não sabia o que fazer
depois disso. Eu estava vazio. Então o dono do supermercado me entregou uma lata
de cerveja. Aquela foi a primeira vez que eu experimentei álcool. Eu tinha dezesseis,
eu acho."

SeokJin ouvia apático. "Não é engraçado?" E eu perguntei de novo, "Quando foi a


primeira vez que você bebeu?" "Eu não sei", ele respondeu, não querendo ser
incomodado. Eu disse, "Quando você veio me ver no posto de gasolina pela primeira
vez, por que você me pediu para ver como estava o JungKook?"

SeokJin franziu um pouco as sobrancelhas. Como se perguntasse qual o ponto disso


tudo. Virando a cabeça, ele cuspiu, "Só porque eu achei que seria legal ver todo
mundo." Ele estava mentindo. Aquela noite quando nós todos decidimos nos juntar no
contêiner, ele recusou.
Nossa conversa parou. Quando eu trouxe à tona os nossos dias de ensino médio, ele
mudava de tópico ou reagia com irritação. Ele não era a pessoa que eu conhecia. Ele
não estava interessado em nós e era frio às nossas lembranças juntos.

"Você já ouviu sobre o mapa da alma?" ele perguntou de repente. Era a primeira vez
que ele me perguntava alguma coisa no bar. "O que é isso? Um mapa para algum
lugar?" "Algo que eu tenho que encontrar. Algo que pode acabar com tudo isso..." Ele
não terminou. E ele balançou a cabeça como se ele não devesse ter dito isso.

Quando saímos do bar, era perto da meia-noite. Ele se virou após um curto adeus, e eu
disse para suas costas, "Eu pensei que você era como eu." Ele olhou para trás
brevemente e continuou andando. E eu o observei enquanto ele ia embora.

Eu sabia a primeira vez que o SeokJin tinha bebido. Foi no meu segundo ano de
ensino médio. Nós tínhamos matado aula e saído da escola apenas para acabarmos
brigando com bandidos. Estávamos em quatro: SeokJin, JiMin, TaeHyung e eu. O fim
da briga era óbvio. Nenhum de nós sabia brigar. Nós tivemos nossas bundas chutadas
e quando os bandidos foram embora, nós estávamos ofegantes debaixo da ponte perto
do rio Yangji.

JiMin foi e comprou latas de cerveja. Ou foi o TaeHyung? SeokJin abriu uma
desajeitadamente. Nós brindamos meio com raiva, meio frustrados por termos
apanhado, e bebemos toda a lata em um gole. E nós acabamos passando o resto do
dia bêbados e ruborizados, falando bobagens, dormindo e acordando de novo apenas
para falar mais besteira. "Essa é minha primeira vez bebendo álcool" SeokJin disse
como uma confissão. Alguém perguntou, "Tem mais alguma coisa que você ainda não
experimentou? Você pode fazer tudo hoje." SeokJin tinha dado socos e bebido álcool
pela primeira vez. Mas ele não lembrava de nada daquele dia.
DATA: ​18 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ SeokJin
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Um loop do tempo é engraçado. NamJoon e eu tomamos uma bebida em um dos loops


no pub da rua onde estávamos bebendo agora. Esse tipo de coisa acontecia
frequentemente em loops do tempo. Quando virava em uma esquina, sempre
encontrava a mesma pessoa e quando acordava em um dia, estava sempre chovendo.
Coisas que estavam destinadas a acontecer, aconteciam. Às vezes, tudo se
emaranhava com um pequeno erro. Isso me fez pensar que talvez nós estivéssemos...
Não... Tudo neste mundo estava amarrado com uma corda resistente, sustentando
todo o resto.

Era impossível para uma pessoa descobrir como aquela corda foi amarrada. Eu não
queria saber, em primeiro lugar. Tudo o que eu queria era evitar cometer erros e
enganos e escapar do loop.

Como eu esperava, NamJoon falou sobre algumas coisas inúteis. Talvez tenha sido
isso que TaeHyung disse a ele para fazer. "Eu pensei que você fosse como eu." A
última coisa que NamJoon disse. A minha cabeça doeu novamente.

Me lembrei do que NamJoon me disse aqui em um dos loops: “Agora eu sei tudo sobre
você, mas você não acha que seus amigos ainda estão esperando por você? Sem
entender o que tinha acontecido naquela época...” O que ele quis dizer com “naquela
época” era a época do colégio, quando eu precisava servir de espião para o diretor. Eu
não conseguia acreditar que coisas assim ainda eram importantes. Dois anos se
passaram desde então e eu experimentei incontáveis ​loops do tempo. “Naquela época”
tinha acontecido há muito tempo e não significava nada agora.
DATA: ​20 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ JungKook
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Uma testemunha tinha aparecido. O detetive veio me ver de novo alguns dias atrás. Ele
perguntou pelo meu guardião, mas minha mãe não veio me ver aquele dia. Ele não
teve escolha a não ser me contar que uma testemunha havia aparecido, mas não tinha
dado muitas informações, além de que o carro era importado e que o motorista era um
jovem entre 20 e 25 anos. O detetive me perguntou mais uma vez se eu lembrava de
alguma coisa. Eu disse que nada. Era uma mentira.

"No que você está pensando?" HoSeok disse, em pé ao lado da minha cama. "Eu
passei aqui no caminho para o estúdio. Como você está se sentindo? Se sentindo
melhor?" Ele tinha um olhar preocupado que sempre mantinha. Eu acenei e disse,
"Eles disseram que posso caminhar com muletas amanhã." HoSeok sorriu e tirou da
sacola um hambúrguer. "Um hambúrguer especial feito para você. É chamado de
Tiranossauro Burguer. Sabe, você tem ossos fortes como um." E nossa conversa
começou a ser sobre a vida no hospital e coisas de escola. Ele disse que o NamJoon
rotineiramente parava em uma biblioteca no caminho para o posto de gasolina, mas ele
não sabia por que o TaeHyung estava ocupado.

"E o SeokJin?" Eu esperei o momento certo e perguntei. "SeokJin?" O HoSeok não


mudou desde o ensino médio. Ele não era bom em esconder seus sentimentos. "Está
aconteceu alguma coisa com ele, não está?" HoSeok ficou ruborizado, olhou para outro
lado e disse, "Não... não." Eu pensei que ele soubesse de algo. E que o SeokJin
estivesse de alguma maneira envolvido no meu acidente. Eu me lembrei da primeira
vez que eles vieram me ver no hospital. Mesmo naquele momento, eu senti que eles
soubessem de algo. "Você sente dor? Eu devo chamar a enfermeira?" HoSeok
perguntou de maneira preocupada. Eu não sabia, mas eu estava segurando minha
cabeça.
DATA: ​23 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ YoonGi (Versão 1)
ÁLBUM ou LIVRO:​ Map of the Soul: Persona

Abri meu telefone quando descobri a notificação do grupo de conversa. Em pouco


tempo, escureceu lá fora da janela. Não foi fácil reunir todas as músicas que eu havia
rascunhado até esse ponto. Aleatoriamente, eu coletei e as classifiquei como as que
sobreviveram ao processo de queima e as melodias dentro da minha memória. Para a
minha surpresa, a maioria delas foi feita durante o ensino médio na sala de aula.
Olhando para trás, eu não acho que trabalhava tanto com música naquela época. O eu
daquele momento, não, o eu de qualquer período de tempo sempre fugia da música.

Abri o grupo e muitas conversas estavam acontecendo. Inesperadamente, quem criou


o grupo foi o JiMin e a conversa começou no meio, como se já tivesse começado antes
de eu ser convidado para entrar no grupo. TaeHyung perguntou a todos: "Vocês sabem
o que é o mapa da alma?" HoSeok respondeu um pouco depois disso: "O que é isso?"
TaeHyung respondeu: “Hyung, se eu soubesse o que era, eu teria perguntado?" "Certo.
Mas por que você está falando sobre isso?" Depois dessa conversa continuar por um
tempo, JiMin explicou a história toda. Ao ir para o hospital, ele tinha visto SeokJin por
acaso. SeokJin disse que estava procurando por algo chamado “mapa do alma”.

Um pouco depois, NamJoon apareceu. “SeokJin também me perguntou se eu sabia o


que era o 'mapa da alma' e, naquela época, ele disse isso: ‘O mapa da alma é o
método para acabar com tudo isso’.” Por um tempo, a conversa parou. Talvez todos
estivessem perdidos em seus pensamentos. O que é essa coisa que SeokJin disse que
ele precisava acabar? Todos estavam adivinhando porque SeokJin tinha se tornado
estranho. SeokJin melhoraria se encontrasse o mapa da alma? O que diabos era isso e
onde seria encontrado?

Depois de um tempo, a conversa que continuou foi essa. "Você não convidou o
JungKook para entrar nesse grupo?" JiMin respondeu: “Eu pensei sobre isso. Mas
JungKook ainda está machucado, certo?” JiMin falou vagamente como se ele não
tivesse nenhuma confiança. De repente, me perguntei por que JiMin estava no hospital.
Qual foi a sensação de visitar um hospital depois de passar tanto tempo preso em um?
Eu novamente abri a conversa que eu havia fechado. "Certo. Você fez bem. Vamos
deixar JungKook descansar um pouco mais.”
DATA: ​23 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ YoonGi (Versão 2)
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Eu fechei o chat e olhei para o teto. O mapa da alma, SeokJin, memórias, ajuda... Eu
havia perguntado por que nos preocuparmos em conversar sobre isso quando
podíamos apenas perguntar ao SeokJin, mas não porque eu não sabia a resposta para
minha própria pergunta.

Nós havíamos percebido isso em momentos diferentes, mas todos notamos: havia algo
de errado com o SeokJin. Nós saíamos juntos desde o ensino médio, mas eu não tinha
muitas memórias dele.

Depois que eu fui expulso, eu não o vi ou pensei nele com frequência. Mas ele estava
na minha mente. Como passamos muitas horas juntos e também por muitas
dificuldades juntos. Não apenas com o SeokJin, mas eu me sentia assim com cada um
deles. Com a chuva e a temperatura alta, estava úmido e abafado. Quando eu levantei
para ajustar o vento do ventilador na sala de trabalho, todo o meu corpo doeu.

Eu saí de casa alguns dias atrás. Eu não fiz isso por capricho. Mas era assim que tinha
que começar. Me livrando dos olhares de julgamento do meu pai e do espírito da minha
mãe. Eu queria me ver com os meus próprios olhos. Eu vi o meu pai enquanto eu
estava saindo da casa com uma mala com as minhas coisas. Eu disse a ele que eu
não precisava mais de apoio financeiro, porque eu estava oficialmente indo viver de
maneira independente. Meu pai ficou quieto por um tempo e disse, "Me mande
mensagem de vez em quando para me dizer que você está bem."

Depois de desfazer minha mala na sala de trabalho, eu pensei no que fazer agora. Eu
tinha que ganhar dinheiro. Eu decidi fazer trabalho manual, e eu escolhi o trabalho que
mais demandava fisicamente de propósito. Eu fui trabalhar em uma construção. Eu
decidi me empurrar ao limite. Eu ainda não podia confiar em mim mesmo. Eu pensei
que iria trabalhar de dia e fazer música à noite, mas as coisas não foram do jeito que
eu planejei. Quando eu voltava do trabalho, eu normalmente apagava.

O mapa da alma... Se existisse um mapa da minha alma, como seria? A estrada que
eu caminhei deve ter começado com os meus pais, ficado sinuosa na adolescência
com música e fugas, e ter sido marcada com um ponto de inflexão com o incêndio e a
morte da minha mãe. Depois disso, foi a bebida e o cigarro, me sentindo perdido e o
desejo de morte e... pensando nisso, meus amigos. Como as pequenas coisas que
fizemos juntos apareceriam no mapa da minha alma?
Talvez agora fosse outro ponto de inflexão. E o futuro mapa da minha alma desenharia
minha vida de agora em diante, as decisões e escolhas que eu fizesse. Deitado no
sofá, eu fechei os olhos. Eu ainda não tinha nem encostado na minha música quando
eu fui tomado pelo sono.
DATA: ​23 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ JiMin
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Eu simplesmente tinha meus olhos fixos no meu nome quando ele apareceu na tela da
sala de espera. Com o cheiro de chuva, eu não conseguia me acalmar.

Com medo de esbarrar em alguém que eu conhecesse, eu fiquei de cabeça baixa. A


minha visão foi preenchida por uma linha interminável de sapatos: alguém descalço
com chinelos e uma roupa de paciente, alguém com sapatos molhados e alguém
caminhando com um soro.

Apenas depois de descer correndo as escadas eu respirei e suspirei profundamente.


Eu fiquei na frente da porta de emergência por um tempo. Talvez eu não estivesse
pronto. Quando cheguei ao saguão do primeiro andar, eu vi chuva caindo lá fora e me
lembrei que deixei meu guarda-chuva em um banco da sala de espera. Quando eu me
virei, vi um rosto familiar à distância. Era SeokJin.

Eu me perguntei por que ele estava lá. Me lembrei de como ele fez uma careta e
esfregou a testa o tempo todo no caminho para a praia. Mesmo depois de ficar
sabendo sobre o acidente do JungKook, ele não pôde ir vê-lo no hospital. Será que ele
estava doente demais para fazer uma visita? Quando eu ia dizer oi, ele cumprimentou
alguém, um médico de roupa branca. Eu estava perto o suficiente para ouvir um pouco
da conversa deles.

"Se a sua dor de cabeça for muito séria, você deveria fazer um exame de ressonância
magnética.", o médico disse. SeokJin disse sim movendo a cabeça e disse "Doutor,
você já ouviu falar do mapa da alma?" ''Não tenho certeza. É um termo psicológico?" O
médico se desculpou por não lhe dar uma resposta definitiva e SeokJin disse que
estava tudo bem. E os dois desapareceram numa esquina do corredor.

O mapa da alma? Eu já tinha ouvido isso. Mas onde? Quando? Eu não conseguia me
lembrar.
DATA: ​23 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ HoSeok
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Ao contrário da previsão que dizia que não teria muita chuva, têm chovido por dias. Foi
no dia anterior a semana de provas finais, o momento mais calmo no Two Star Burger.
Com a loja principal em Munhyeon, o Two Star Burger estava crescendo por todo o
país com um plano de abrir algumas lojas em cidades próximas. "Você estaria
interessado em trabalhar em uma nova loja como gerente?" Era uma oferta tentadora.
Eles disseram que por trabalhar na loja gerida pela companhia eu teria a oportunidade
de promoção bem como oportunidades educacionais.
Eu vi a mensagem do JiMin enquanto eu estava pensando na oferta e assistindo a
chuva pela janela.

JiMin
Vocês sabem o que é o mapa da alma?

O mapa do que? O que é isso?

JiMin
Eu não sei. Mas eu ouvi sobre isso em algum lugar. Você já ouviu sobre?

Como eu estava pensando sobre trabalhar na loja operada pela companhia, eu não
conseguia prestar atenção no que o JiMin estava dizendo.

JiMin
Eu vi o SeokJin por acaso. Ele estava perguntando para um médico sobre o mapa da
alma. Eu ouvi sobre isso antes, mas não consigo me lembrar com certeza. O
TaeHyung saberia? E os outros?

JiMin convidou o TaeHyung, NamJoon e YoonGi para o chat.

TaeHyung
O mapa da alma? O que é isso?
JiMin explicou de novo sobre o que ele ouviu no hospital.

NamJoon
SeokJin me perguntou sobre isso alguns dias atrás. Ele disse que tinha que achar o
mapa para poder acabar com tudo.

TaeHyung
Então deve ser algo terrivelmente importante para ele. Mas acabar com o que,
exatamente?

Depois da mensagem do TaeHyung, todos ficaram quietos até que o YoonGi escreveu.

YoonGi
Por que se incomodar em ficar falando sobre isso entre nós quando podemos apenas
perguntar ao SeokJin?
DATA: ​25 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ TaeHyung
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Her

Eu diminuí a velocidade propositalmente e me concentrei em ouvir os pequenos passos


correndo atrás mim. Hoje foi a terceira vez que eu os encontrei na loja de conveniência.
Se algo foi diferente hoje, foram eles correndo assim que me viram. Então, eles
pararam em um pequeno terreno baldio na parte de trás da loja de conveniência e,
quando eu apareci, eles se esconderam novamente. Eles pareciam ter se escondido,
mas as suas sombras se estenderam por muito tempo na frente do terreno baldio. Eu
ri. Quando eu caminhei, fingindo não vê-los, eles começaram a me seguir.

Entrei em um beco estreito. Neste bairro, esse era o único lugar em que os postes de
luz não estavam quebrados. O beco era longo e a luz da rua estava posicionada na
metade do caminho. Quando uma fonte de luz está na frente, uma sombra se forma
atrás de você. Então agora a minha sombra estava lançada atrás de mim. Talvez
chegasse até os pés da pessoa que estava me seguindo enquanto prendia a
respiração. Assim que cheguei ao pé do poste, a minha sombra estava escondida
debaixo de mim. Comecei a andar um pouco mais rápido. Conforme eu me movia além
do poste, a minha sombra começava a me ultrapassar. Não muito depois, uma sombra
que não era minha apareceu na rua de cimento empoeirada. Quando eu parei de
andar, a outra pessoa também parou. As duas sombras que diferiam em altura pararam
e ficaram lado a lado.

"Eu vou esperar até você vir aqui", eu disse. A sombra saltou, surpresa. Eles
prenderam a respiração como se não estivessem lá. "Eu posso ver tudo." Eu apontei
para a sombra. Em breve, o som de passos deliberados começou a se aproximar. Eu ri.
*Alerta de gatilho: Essa nota passa por temas sensíveis como morte!

DATA: ​27 de junho do ano 22


PERSONAGEM:​ SeokJin
ÁLBUM ou LIVRO:​ The Notes 2

Eu estava prestes a sair da escola quando começou a chover. O semestre tinha


acabado, mas eu tinha que entregar os documentos do meu pai para o meu professor,
os documentos a respeito do redesenvolvimento. Todos com algum poder na cidade de
Songju tinham um dedo no projeto. O professor me agradeceu e me perguntou sobre
meu pai.

O que começou como um chuvisco logo se tornou num pé d'água. A rádio disse que a
temporada de chuvas duraria muito. Os limpa-vidros empurravam as gotas de chuva
para longe. Quando eu cheguei na cidade de Songju, eu vi o cruzamento. Na esquina
da mão direita, eu vi um prédio familiar, aquele que ainda estava sob construção. Daqui
dois meses, uma floricultura vai abrir naquele prédio. Vai vender flores raras chamadas
Esmeraldo, a flor sobre a qual eu aprendi apenas por causa dela. Quando eu pensava
nela, incontáveis memórias me inundavam. O primeiro momento em que eu a vi com
uma rajada de vento por causa de um trem passando, o tempo que passamos juntos, e
o momento de sua morte debaixo dos fogos de artifício.

Aquela noite, eu saí de casa exatamente igual a descrição dela no diário, que eu
poderia recitar de olhos fechados. O acidente com o caminhão entregando os
Smeraldos era uma coincidência impossível. Se eu não tivesse pedido o Smeraldo, se
ela não tivesse atravessado a rua depois de me ver, se o dono da floricultura não
tivesse esquecido o cartão que pedi, se eu não tivesse ligado para o dono da loja, se
ele não tivesse feito o retorno, aquele acidente não teria acontecido.

Ela foi atingida na frente dos meus olhos. Ela estava sangrando. Os pneus derrapando
no asfalto continuaram como um grito. O Smeraldo estava destruído debaixo dos meus
pés. E um loop do tempo começou de novo.

Quando eu abri meus olhos era 11 de Abril. Por um tempo, eu não conseguia entender
o que estava acontecendo. Eu pensei que o loop havia acabado na praia em 22 de
Maio. O que aquele gato estranho disse estava certo; eu tinha salvado todo mundo.
Então por quê eu estava em outro loop do tempo? O que era favorável. Eu não sabia
por quê o loop do tempo tinha começado novamente, mas aconteceu, e eu ainda não a
conheci. Ela ainda estava viva, e eu poderia salvá-la.
Não era difícil salvá-la. Eu não tinha que fazer alguém fazer alguma coisa, nem
precisava de um timing perfeito. Tudo o que eu precisava fazer era uma pequena
mudança dentre tantas coincidências. Ainda, eu tomei precauções extras. Eu controlei
tudo e eliminei todas as variáveis. E eu a salvei. Teria sido tão conveniente se isso
tivesse resolvido tudo. O problema veio um mês depois. A noite em que os contêineres
foram forçados a sair, NamJoon foi morto, e o loop começou de novo.

Eu ainda não consegui descobrir por quê o loop começou de novo, nem por quê eu não
consegui salvar NamJoon. Todas as vezes que ele foi morto, o loop começava, e meu
relacionamento com ela se deteriorava por alguma razão estranha.

Eu sempre fazia o que o diário dela dizia - nós saíamos para fazer o que ela gostava,
tomávamos sorvete e fomos dar uma volta no lago, um lugar que ela queria ir. Mas a
cada loop, ela se distanciava mais. Coisas estranhas aconteciam também. Um dia ela e
eu estávamos sentados ao longo do rio Yangji assistindo o pôr-do-sol. Eu estava
prestes a sugerir que nós nos voluntariássemos para trabalhar em um abrigo de
animais.

"Nós deveríamos parar de nos ver. Eu acho que deveríamos.", ela disse sem ao menos
olhar para mim. "Que tal irmos dar uma volta?", eu perguntei como se não tivesse
ouvido. Eu agarrei seu braço e ajudei ela a se levantar.

"Vamos terminar", ela disse, empurrando minha mão. "Qual é o problema?", eu


perguntei. Sentar na beira do rio, assistir o pôr-do-sol, voluntariar para o abrigo de
animais. Tudo estava no diário dela, coisas que ela gostava e eu fazia o que quer que
ela gostasse. Mas acabou assim. Em todos os loops, acabava assim. E ela disse as
mesmas coisas: "Eu não sei mais quem você é" e "Você não é a pessoa pela qual me
apaixonei." Ela se afastava mais. Eu estava ficando cansado disso. Depois de tudo o
que eu fiz, eu não conseguia entender o que mais eu deveria fazer.

Ela levantou. Eu agarrei seu braço. "Você está me machucando. Me solta!" Sem
querer, eu coloquei força na mão. Enquanto ela tentava se soltar de mim, ela perdeu o
equilíbrio e torceu o tornozelo. Eu finalmente me toquei e soltei a mão. Agarrando o
tornozelo, ela sentou no chão e disse "Quer saber? Você está ficando estranho. Eu não
te conheço mais."
DATA: ​30 de junho do ano 22
PERSONAGEM:​ NamJoon
ÁLBUM ou LIVRO:​ Love Yourself: Her

Eu observei maravilhado enquanto a minha mão pressionava o botão de abrir por sua
própria vontade. Foi esse momento. Foi um momento que eu senti como se tivesse se
repetido inúmeras vezes, mas era definitivamente a primeira vez. A porta do elevador,
que estava prestes a fechar, se abriu novamente quando mais pessoas entraram. Os
meus olhos encontraram uma pessoa cujo cabelo estava amarrado com um elástico
amarelo. Não era que eu tivesse apertado o botão sabendo que aquela pessoa estava
lá, mas eu achei que aquela pessoa estava lá. Eu andei para trás passo a passo.
Cheguei à parede fria do elevador e, ao levantar a cabeça, pude ver um prendedor de
cabelo amarelo.

As costas de uma pessoa dizem muito. Eu só entendi parte disso naquela época.
Algumas coisas só podem ser adivinhadas vagamente e outras não são entendidas no
final. Eu achava que, apenas quando você pode ler tudo pelas costas, você pode dizer
pela primeira vez que realmente conhece uma pessoa. Se fosse o caso, não haveria
uma pessoa que pudesse ler tudo nas minhas costas? Quando olhei para cima, os
nossos olhares se encontraram no espelho. Evitei os meus olhos por um instante. Isso
acontecia com frequência. Quando levantei a minha cabeça de novo, a única coisa que
eu pude ver no espelho foi o meu rosto. Eu não conseguia ver a minha aparência por
trás.

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