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CURSO DE DIREITO
NATAL-RN
2016
SARITA ALVES DE SOUZA CASTRO
NATAL-RN
2016
SARITA ALVES DE SOUZA CASTRO
COMISSÃO DE AVALIAÇÃO
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Coordenador Dr.
George Hilton Lemos Neves
____________________________________________
Prof. Dr.
Hilana Beserra da Silva Silveira
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Prof. Dr.
Lídio Sânzio Gurgel Martiniano
Dedico à Deus, por ter-me proporcionado fé,
força e esperança, suficientes para
conseguir vencer os desafios de uma
jornada acadêmica e, por me ter feito
compreender que os animais não humanos
são seres especiais, que nos ensinam o que
é amor, carinho, respeito e admiração para
com outro ser, independente de possuir
característica diferenciada.
AGRADECIMENTOS
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 8
6. CONCLUSÃO ................................................................................................................................................31
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................34
A PROTEÇÃO JURÍDICO-CONSTITUCIONAL DOS ANIMAIS NÃO HUMANOS E
RESUMO
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO
possibilidade dos animais serem considerados como sujeito de direitos, pois são
constitucionalmente protegidos.
A Constituição Federal de 1988 em seu art. 225, § 1º, inciso VII, ao impor a
coletividade, e em especial o Poder Público, o dever de proteger os animais,
demonstra o quanto ser evoluída e comprometida com os direitos dos animais. E,
este instituto para ser aplicado com eficiência, necessita de uma interpretação sob
uma visão não antropocêntrica.
Deste modo, este capítulo tem por objetivo apresentar parte essencial na
origem do conceito antropocêntrico concedido aos animais, compreendendo as
relações do homem contra o animal não humano que, influenciou na sua exploração
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e sofrimento, e cuja aderência pela legislação brasileira de tal conceito, vem sendo
antagônica com a não discriminação contida na Constituição Federal de 1988
almejada por todos.
Sem embargo, quase um século depois de Aristóteles, Crisipo vai afirmar que
os cavalos e os bois existem apenas para trabalhar para o homem, da
mesma forma que o porco existe para ser abatido e servido como alimento.
Panécio de Rodes e Posidônio de Apaméia (Estoicismo Intermediário),
Epicteto, Sêneca e Marco Aurélio (Estoicismo do Último Período), porém, vão
introduzir estas idéias no mundo romano, e elas acabam por exercer uma
grande influência nas ciências, na ética e no direito romano, [...], essa
herança filosófica passa a ser da Igreja Católica, de modo que os seus
principais representantes, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, a partir
da teoria da grande cadeia da vida vão ressaltar que a capacidade de pensar
é um atributo espiritual exclusivo do homem, e portanto, é a diferença
fundamental entre ele e os demais seres animados. É que para os cristãos na
ordem natural o imperfeito deve sempre servir ao perfeito, do mesmo modo
que o irracional deve estar a serviço do racional.
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Tendo em vista, que este racionalismo iluminista foi posto como o ideal para a
humanidade, a ser seguido pelos homens e posteriormente inserido ao Direito. “Em
síntese, Descartes influenciou a positivação do Direito pela crença de que um exato
conhecimento da física e da matemática pode fornecer fundamentos seguros para o
Direito.” (HUPFFER, 2011,p. 2). Logo, se consolida uma natureza jurídica
antropocêntrica dos animais não humanos, que proporcionou a sua exploração, bem
como o sofrimento destes.
“Se um ser sofre, não pode haver nenhuma justificativa de ordem moral para
nos recusarmos a levar esse sofrimento em consideração.” (SINGER, 1993, p. 67).
Assim, não se deve discriminar por qualquer motivo o sofrimento alheio, pois todos
são possuidores de iguais considerações de interesses.
“Se a Filosofia é uma invenção dos gregos, o Direito procede de Roma. Sob
este aspecto, o sistema jurídico ocidental está quase todo ele sedimentado em
bases antropocêntricas.” (LEVAI, 2006, p.171). É diante deste contexto jurídico
antropocêntrico que a sociedade foi sendo desenvolvida ao longo dos tempos e,
como vimos se incorporando ao Direito.
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Deste modo, animal pela legislação citada, não é sujeito de direito, uma vez
que o considera como bem de uso ou apropriação, argumentando que não possuem
a característica para serem sujeitos de direitos, que é a personalidade jurídica,
contudo, certifica-se FIUZA (2014, p.150): ”Como regra, os sujeitos de direitos têm
como característica fundamental, a personalidade. Mas nem sempre é assim. Há
sujeitos de direito despedidos de personalidade.” (Grifo nosso).
Para Tartuce (2014, p.168), afirma que “os direitos de personalidade são
herança da Grande Revolução (Revolução Francesa). À medida que o ser humano
evolui vão se desdobrando as gerações de direitos.” Neste aspecto, é necessário
evoluir no reconhecimento dos animais como sujeitos de direitos, pois os homens já
evoluíram o suficiente para ter a consciência que os animais não são coisas e que
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Os seres vivos devem ter direitos legais assim como são os direitos
humanos. Na realidade, como observa o brilhante filósofo Michel Serres,
esse direito sempre existiu como uma idéia abstrata, da mesma forma da
idéia do contrato social que fundou a Democracia. Ou seja, mesmo aqueles
que não possuíam direitos legais, como as mulheres, as crianças, os povos
indígenas, os escravos, em verdade os tinham abstratamente, mas só
passaram a tê-los legalmente com a evolução do sistema jurídico. Assim
ocorrerá com os direitos dos Animais.
animais humanos e os não humanos, interagem de algum modo entre si, pois vivem
em um mesmo ambiente, portanto, necessário se faz reconhecer um mínimo de
dignidade de vida a ambos.
Para Medeiros (2013, p. 154) “os animais não humanos são capazes de
aprender, de sentir, de se comunicar, de si transmitir cultura, de se relacionar, seja
com seres de sua própria espécie, seja com seres de espécies distintas[...]”. Dessa
maneira, o status de “coisa”, não condiz com a realidade dos animais, bastando uma
simples observação para o ser humano se certificar que os animais não apenas
conseguem interagir com os humanos, mas realizam atividades que ao homem seria
praticamente impossível de conseguir, como exemplo, os cães-guia, que consegue
ser com perfeição os olhos do seu “tutor”, haja vista ser animais treinados para
laborar, interagir e conviver com o humano, atendendo as ordens que lhe foram
ensinadas, sem qualquer oposição. Porém, apesar das qualidades inerentes a sua
espécie, estes como os demais animais não humanos, não possuem o mínimo
direito reconhecido para terem uma vida digna.
Portanto, não somente uma parte da sociedade (aquela que luta pelo
combate à crueldade contra os animais) consegue ver características igualitárias aos
humanos, mas, outras áreas do conhecimento científico também reconhecem a
igualdade existente em certos aspectos dos humanos com os animais não humanos,
ou seja, mesmo sob uma visão antropocêntrica ao estudar os animais, sempre em
comparação ao humano, as teorias apresentadas já seriam suficientes em
reconhecer os animais não humanos como sujeitos de direitos e não como um mero
objeto existente no meio ambiente.
Este, embora seja o último capítulo, seu contexto é primordial, porque a Carta
Magna possui um enorme avanço na proteção dos animais não humanos, e vem
26
A relevante proteção jurídica concedida aos animais não humanos pela Carta
Magna promove uma perspectiva de serem reconhecidos como sujeitos de direito.
Em harmonia com o entendimento de José Robson da Silva, apud Rodrigues, 2009,
p.184:
O homem não pode mais dispor dos animais, conforme lhe convêm pelo fato
de não serem mais somente uma "coisa”, pois os mesmos são protegidos
constitucionalmente, reconhecendo que possuem valores intrínsecos e interesse em
viverem sem crueldades, portanto, são merecedores do reconhecimento jurídico de
terem o direito a uma vida com o mínimo de dignidade.
O inciso VII, do art. 225 da CF/88 é bem claro, direto e objetivo quando
ordena que os animais não devam ser submetidos à crueldade, bastando uma
singela compreensão que o artigo está direcionado especificamente aos animais não
humanos reconhecendo o direito que possuem em não sofrerem.
6. CONCLUSÃO
A Constituição Federal de 1988 em seu art. 225, § 1º, inciso VII, ao impor a
coletividade, e em especial o Poder Público, o dever de proteger os animais,
demonstra ser evoluída e comprometida com os direitos dos animais. E, este
instituto para ser aplicado com eficiência, necessita de uma interpretação sob uma
visão não antropocêntrica, para ser possível uma efetiva transformação das
tradições arcaicas, das quais sempre sofreram os animais, reconhecendo-os como
sujeitos de direitos, pois a proteção jurídico-constitucional dos animais reconhece
que os animais possuem valores intrínsecos dos quais merecem o devido
reconhecimento, tendo em vista que, nem aquele que supostamente, detém o
animal como sua propriedade, não pode contrariar o seu direito estabelecido
constitucionalmente, assim, todo ato humano ou qualquer norma ou conceitos
doutrinários deve se adequar a respectiva proteção jurídico-constitucional do animal.
REFERÊNCIAS
CHUECCO, Fátima. Crianças perversas: um mal que precisa ser cortado pela
raiz. Disponível em: http://www.anda.jor.br/05/06/2012/criancas-perversas-um-mal-
que-precisa-ser-cortado-pela-raiz . Acesso em: 03 out. 2016.
DIAS, Edna C. A Defesa dos Animais e as Conquistas Legislativas do
Movimento de Proteção Animal no Brasil. Disponível em:
http://ambientes.ambientebrasil.com.br/fauna/artigos/a_defesa_dos_animais_e_as_c
onquistas_legislativas_do_movimento_de_protecao_animal_no_brasil.html . Acesso
em: 13 out. 2016.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional – 30ª ed. – São Paulo: Atlas, 2014.