Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Diretora
Ana Maria Coutinho Paixão
Coordenador Adjunto
Leandro Fernandez
Conselho Editorial
Aldemiro Dantas Joyceane Bezerra de Menezes
Anderson Schreiber Lorena Miranda
Antônio Cabral Márcia Cristina Xavier de Souza
Carlos Eduardo Pianovsky Marcos Catalan
Cláudia Mara de Almeida Rabelo Viegas Marcos Ehrhardt
Daniel Assumpção Neves Mônica Aguiar
Dierle Nunes Nelson Rosenvald
Fabíola Albuquerque Lôbo Pablo Malheiros da Cunha Frota
Fernanda Tartuce Paula Sarno Braga
Flávio Tartuce Pastora Leal
Fredie Didier Jr. Rodrigo Toscano de Brito
Giselda Hironaka Zeno Veloso
José Fernando Simão
REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Porto Alegre - RS - Brasil ISSN 2595-895X
ISSN 2595-895X
CDU347(05)
CDU 347.9(05)
7 Palavra do Coordenador
Doutrina
Opinião
103 Alimentos
116 Concessão
117 Covid-19
119 Débito
127 Desconto
142 Privacidade
Prática Processual
- 7 -
8 Palavra dos Coordenadores REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
Leandro Fernandez
Coordenador Adjunto
- 9 -
O Código Civil Brasileiro e a
Pandemia
Eugênio Kruschewsky
Advogado, Membro da Academia de Letras Jurídicas da Bahia,
Procurador do Estado da Bahia, Professor de Direito da UFBA.
Gabino Kruschewsky Advogados Associados
1
A História é grande companheira do Direito Civil, afinal, é lição antiga que a unidade do
direito civil é histórica, e não lógica, o que justifica tantas matérias diversas reunidas sob o
mesmo manto.
- 9 -
10 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
2
Há quem sustente, com José Fernando Simão, forte em Pontes de Miranda, que a força
maior não se caracterizaria por um fato necessário transitório, mas permanente. Com efeito:
“Se é de prever-se que a impossibilidade pode passar, a extinção da dívida não se dá. Enquanto
tal mudança é de esperar-se, de jeito que se consiga a finalidade do negócio jurídico, nem
incorre em mora o devedor, nem a fortiori, se extingue a dívida. Mas, ainda aí, é de advertir-se
que a duração da impossibilidade passageira, ou de se supor passageira, pode ser tal que se
tenha de considerar ofendida a finalidade, dando ensejo a direito de resolução” PONTES DE
MIRANDA, Francisco. Tratado de Direito Privado. T. XXV. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2012, p. 289. De todo modo, no próprio ensinamento ressalva-se a possibilidade de um fato
provisório afetar decisivamente as bases do contrato, gerando o mesmo efeito.
12 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
3. Os Princípios Orientadores
4. Exemplos
2020, (ii) o show do cantor renomado marcado para ser realizado em Howan,
na China, não ocorrerá.
De outra banda, fere a dignidade da pessoa humana pensar que o sa-
lário do empregado possa ser suspenso sem que se garanta as condições de
subsistência.
A empresa que vende álcool gel e máscaras não pode fechar as portas
nem tampouco cobrar valor excessivo para o seu produto, uma vez que isto
feriria os princípios da função social da empresa e dos contratos, ao seu modo.
Age com má-fé a empresa que mesmo tendo caixa, mesmo não sendo
atingida pela pandemia, aproveita-se do momento para não pagar os servi-
ços que lhe foram prestados, como no caso de laboratórios e prestadores
de serviços de saúde.
6. Últimas Exortações
Seja para revisar, seja para suspender ou extinguir, não abram mão da
prerrogativa de serem os solucionadores das suas perplexidades e dúvidas,
sejam os prolatores de suas sentenças, mas, se isto não for possível, vale
lembrar que o Poder Judiciário não é a única solução, podendo-se optar pela
mediação ou arbitragem. Um terceiro escolhido pelas partes pode ajudá-las
a encontrar a solução ou mesmo arbitrá-la, tudo se fazendo para conservar
os contratos e readaptá-los ao momento atual, que haverá de ser vencido.
Bibliografia
PONTES DE MIRANDA, Francisco. Tratado de Direito Privado. T. XXV. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2012.
Alimentos, Irrepetibilidade
e Enriquecimento Sem Causa:
Uma Proposta de Convergência de
Figuras Aparentemente Excludentes 1
Eliza Cerutti
Especialista em Direito Processual pela Academia Brasileira de Direito
Processual Civil. Especialista em Direito de Família pela ESADE.
Advogada em Porto Alegre.
Marcos Catalan
Doutor summa cum laude em Direito pela Universidade de São
Paulo. Mestre em Direito pela Universidade Estadual de Londrina.
Professor nos cursos de Direito da Unisinos, da Unilasalle e em
cursos de Especialização pelo Brasil. Parecerista e consultor jurídico.
1
Este trabalho foi publicado originalmente na RTDC n. 42 e foi revisto para essa publicação.
2
BECK, Ulrich. La sociedad del riesgo: hacia una nueva modernidad. Trad. Jorge Navarro.
Barcelona: Paidós, 1998. p. 25-195.
- 15 -
16 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
3
FACHIN, Luiz Edson. Direito de família: elementos críticos à luz do novo código civil
brasileiro. 2 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. p. 283. LEITE, Eduardo de Oliveira. Direito civil
aplicado: direito de família. São Paulo: RT, 2005, v. 5. p. 377. WELTER, Belmiro Pedro. Alimentos
no código civil. Porto Alegre: Síntese, 2003. p. 32.
4
Pode-se mesmo perceber o surgimento de um paradoxo nessa argumentação, haja vista
que, em muitas hipóteses, o dever de prestar alimentos (cerne do presente estudo), nascendo
do rompimento do convívio familiar, surge dessa problemática.
5
HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Responsabilidade civil na relação pater-
no-filial. In: CANEZIN, Claudete Carvalho (Coord.). Arte jurídica. Curitiba: Juruá, 2005, v. 1.
p. 162-170. Lealdade, mútua assistência, afeto e sustento são deveres impostos enquanto a
entidade familiar estiver agregada.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 17
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
6
O dever de alimentar se estende, em linha reta, aos limites fáticos possíveis no caso
concreto, e na colateral, até o segundo grau, obrigando os devedores, ao menos em nível
dogmático, em caráter sucessivo e complementar.
7
Com isso não se pretende dizer que seja aceitável a presença de quaisquer espécies de
erros ou injustiças – e os que escoram a presente reflexão versam desde questões que per-
passam pela inadequação do valor fixado até a imputação da obrigação alimentar a devedor
meramente aparente. Por isso, uma vez detectado, impõe-se a correção do desvio entre a
realidade e os comandos jurídicos que a desvirtuam.
18 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
É possível pensar, ainda, que a causa que justifica o pagamento dos ali-
mentos desapareceu porque outra pessoa assumiu tal encargo na concretude
dos fatos, pois, inegável é que diante do adimplemento de uma obrigação8
sem causa pretérita ou atual justificando-a, haverá transmissão patrimonial
sem fundamento de ordem pessoal, sociológica e jurídica e, por consequên-
cia, quem paga nessas condições, estará sujeito à indevida redução do seu
patrimônio, problema que ganha contornos relevantes no Brasil, ressalte-se
uma vez mais, em razão da pobreza crônica que assola o país.
O presente estudo se propõe a estimular o debate. Almeja-se colaborar
com a construção de respostas que possam solucionar o problema apontado.
Ao contrário do que é sustentado por setor conservador do direito brasileiro9,
parte da premissa de que o direito de família, apesar de orientar-se por alguns
princípios e regras que somente irradiam efeitos em seu interior, não pode
ser analisado como se envolto em uma couraça impenetrável a influxos de
ordem sistêmica e às balizas hermenêuticas dos tempos atuais. Fica aqui o
convite para que cada olhar que tenha vindo até este momento arrisque-se
a transpor mais esse parágrafo.
8
A expressão é usada aqui em sentido amplo, haja vista que o débito alimentar não pode
ser concebido como obrigação em sentido estrito, sendo mais adequado classificá-lo como
hipótese de dever jurídico.
9
STJ. REsp 757411/MG. 4ª T. Min. Fernando Gonçalves. DJ 27/03/2006, p. 299. Com des-
taque para parte do voto do Min. Cesar Asfor Rocha ao salientar que “Penso que o Direito
de Família tem princípios próprios que não podem receber influências de outros princípios
que são atinentes exclusivamente ou – no mínimo – mais fortemente - a outras ramificações
do Direito. Esses princípios do Direito de Família não permitem que as relações familiares,
sobretudo aquelas atinentes a pai e filho, mesmo aquelas referentes a patrimônio, a bens e
responsabilidades materiais, a ressarcimento, a tudo quanto disser respeito a pecúnia, sejam
disciplinadas pelos princípios próprios do Direito das Obrigações. Destarte, tudo quanto dis-
ser respeito às relações patrimoniais e aos efeitos patrimoniais das relações existentes entre
parentes e entre os cônjuges só podem ser analisadas e apreciadas à luz do que está posto
no próprio Direito de Família.”
REVISTA DE DIREITO Doutrina 19
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
10
WELTER, Belmiro Pedro. Alimentos no código civil. Porto Alegre: Síntese, 2003. p. 33.
“Quanto à causa jurídica, os alimentos podem derivar da lei, em virtude das relações de pa-
rentesco, norteado pelo princípio da solidariedade, quando então se denominam legítimos e
estão inseridos no direito de família; de testamento ou de contrato, denominados voluntários
e inseridos no campo do direito das sucessões e das obrigações, respectivamente; ou de
sentença condenatória por decorrência da prática de ato lícito, denominados ressarcitórios.”
11
ANGELUCI, Cleber Affonso. Alimentos gravídicos: avanço ou retrocesso? Revista CEJ,
Brasília, v. 13, n. 44, p. 65-71, jan./mar. 2009, p. 66-67. “Presentes as partes, resta a fixação
do quantum, que é aferido [enquanto regra] mediante análise concreta, tanto da necessidade
de quem postula, quanto da possibilidade do obrigado, dentro do razoável, pois não se pode
permitir que esta obrigação se transforme em fonte de enriquecimento ou mesmo empobre-
cimento dos envolvidos, uma vez que a manutenção da vida requer a ponderação de valores.”
12
PORTO, Sérgio Gilberto. Doutrina e prática dos alimentos. Rio de Janeiro: Aide, 1991. p.
11. Segundo o autor é importante frisar que o custeio da educação não se restringe aos filhos
menores, vez que também os que não se encontram, em razão da maioridade, sob a égide da
autoridade parental, tem direito aos alimentos enquanto estudantes, até a conclusão do curso
superior. Pensamos que tal premissa é válida, desde que, salvo melhor juízo, os credores não
possam manter-se por meio de esforços próprios, não haja abuso de direito ou amor ao ócio.
13
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Direito civil: famílias. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 344. Segundo
o autor, “o descumprimento dos deveres jurídicos de sustento (aos filhos), assistência (em
relação aos cônjuges/companheiros) e amparo (aos idosos), faz nascer a pretensão e a cor-
relativa obrigação de alimentos, de caráter pessoal.”
20 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
14
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Direito civil: famílias. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 344.
15
LEITE, Eduardo de Oliveira. Direito civil aplicado: direito de família. São Paulo: RT, 2005,
v. 5. p. 377.
16
CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 2. ed. São Paulo: RT, 1993. p. 14. Consoante o autor
a ideia de vida digna deve ser construída no caso concreto “a partir de parâmetros mínimos
[de modo a] realizar o direito à vida, tanto física (sustento do corpo) como intelectual e moral
(cultivo e educação do espírito, do ser racional) [salientando-se, ainda, que] constituem os
alimentos uma modalidade de assistência imposta por lei, de ministrar os recursos necessários
à subsistência, à conservação da vida, tanto física como moral e social do indivíduo.”
17
BITTAR, Carlos Alberto. Direito de família. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1991. p.
252.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 21
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
18
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Direito civil: famílias. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 345. É evidente
que o salto não se deu entre os momentos relatados acima no texto. Consoante explica o
autor, “no século XX, com o advento do Estado social, organizou-se progressivamente o siste-
ma de seguridade social, entendendo-se ser de inarredável política pública, com os recursos
arrecadados dos que exercem atividade econômica, a garantia de assistência social, de saúde
e de previdência; [entretanto,] a rede pública de seguridade social não cobre a necessidade
de todos os que necessitam de meios para viver, especialmente as crianças e os adolescentes,
mantendo-se os familiares e parentes responsáveis por assegurar-lhe o mínimo existencial,
especialmente quando as entidades familiares se desconstituem ou não chegam a se constituir.”
19
A assertiva não ignora que o fenômeno da denominada constitucionalização do direito
privado seja, ainda hoje, após quase uma década de século XXI, refutado por respeitável
doutrina no Brasil.
20
Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança,
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados
[...]
21
TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito civil: direito de família. 3 ed. São Paulo:
Método, 2008. p. 394.
22
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Princípio da solidariedade familiar. Revista Brasileira de Direito
das Famílias e Sucessões, Porto Alegre, n. 0, p. 144-159, out./nov. 2007, p. 154. “Outra di-
mensão normativa fundamental da aplicabilidade direta do princípio é a interpretação em
conformidade com a Constituição, das normas infraconstitucionais, ou seja, da interpretação
dessas normas que melhor realiza os fins do princípio. E não apenas naquelas hipóteses de
22 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
no mínimo, são tão importantes quanto o eu. Parece estar justificado, assim,
o matiz constitucional do direito ora explorado.
Daí porque os alimentos são considerados de ordem pública, inderro-
gáveis por convenção entre os particulares23 e protegidos de modo especial
pelo Estado24; a ponto do Brasil ser um dos poucos países a prever, no texto
constitucional, a possibilidade de prisão civil do devedor de alimentos25 e a
criar um tipo penal para o crime de abandono material.26 Mais que isso. Tendo
como ponto de partida a perspectiva acima e o conteúdo que emana dos
princípios constitucionais que pautam a realização do direito aos alimentos,
parece claro o interesse, daquele mesmo Estado que se furta a cumprir seu
papel na consecução dos direitos fundamentais da pessoa humana, em dar efi-
cácia aos comandos que balizam a obrigação alimentar. Isso se dá não apenas
27
GONÇALVES. Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. 4 ed. São Paulo:
Saraiva, 2007, v. 4. p. 450.
28
GOMES, Orlando. Direito de família. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994. p. 408. DINIZ,
Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 23 ed. São Paulo: Saraiva,
2008, v. 5. p. 566-577. LÔBO, Paulo Luiz Netto. Direito civil: famílias. São Paulo: Saraiva, 2008.
p. 347. Assevere-se que a partir da expressão boleana “alimentos e indébito” foram localizados
8 julgados no STJ, sendo que desses, apenas a metade versava sobre o assunto em foco e de
modo uníssono ressaltam ser vedada a repetição do que foi adimplido. São eles: REsp 662754/
MS. 3ª T. Min. Carlos Alberto Menezes Direito. DJ 18/06/2007, p. 256; REsp 209098/RJ.
3ª T. Min. Nancy Andrighi. DJ 21/02/2005, p. 169; AgRg no Ag 435297/RJ. 3ª T. Min. Carlos
Alberto Menezes Direito. DJ 11/11/2002, p. 213; REsp 264789/MG. 3ª T. Min. Ari Pargendler.
DJ 02/06/2003, p. 295. Já a partir da expressão “alimentos e repetição” foram localizados 16
julgados, 11 versando sobre o assunto. Todos balizam-se pelo paradigma já delineado.
24 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
29
Contra o aspecto imaterial da verba alimentar, por exemplo: GAMA, Guilherme Calmon
Nogueira da. Direito civil: família. São Paulo: Atlas, 2008, p. 485. O autor embasa seu pensa-
mento na premissa de que se os alimentos não forem vistos a partir de perspectiva exclusi-
vamente patrimonial não seriam juridicamente exigíveis. Tal reflexão ignora ou parece ignorar
que direitos de caráter extrapatrimonial também são objeto de tutela jurídica.
30
Impende destacar que consoante a situação concreta o dever que lhe é imposto por força
da relação de parentalidade ou de conjugalidade pode mesmo adentrar em seu patrimônio
mínimo; situação que deverá ser solucionada mediante recurso ao paradigma judicativo-deci-
sório como método e utilização da técnica da ponderação como instrumento de sopesamento
de direitos fundamentais em choque.
31
MADALENO, Rolf. Alimentos entre colaterais. Revista Brasileira de Direito de Família,
Porto Alegre, n. 28, p. 105-112, fev./mar. 2005, p. 110.
32
SARLET, Ingo. Mínimo existencial e direito privado: apontamentos sobre algumas dimen-
sões da eficácia dos direitos fundamentais sociais no âmbito das relações jurídico privadas.
In: SILVA FILHO, José Carlos Moreira da; PEZZELLA, Maria Cristina Cereser (Coord.). Mitos e
rupturas no direito civil contemporâneo. Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2008. p. 9-49. FACHIN,
Luiz Edson. Estatuto jurídico do patrimônio mínimo. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. p. 173-
311. ALVES, Jones Figueirêdo. Alimentos de pessoas desprovidas de vínculo parental ou de
parentes em condições de prestá-los: o discurso inicial do código civil em favor dos alimentos
de dignidade ou humanitários. In: DELGADO, Mário Luiz; ALVES, Jones Figueirêdo. (Coord.).
Questões controvertidas. São Paulo: Método, 2005, v. 3. p. 182-200.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 25
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
33
FACHIN, Luiz Edson. Direito de família: elementos críticos à luz do novo código civil
brasileiro. 2 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. p. 286.
34
MADALENO, Rolf. Obrigação, dever de assistência e alimentos transitórios. In: PEREIRA,
Rodrigo da Cunha (Coord.). Afeto, ética, família e o novo código civil. Belo Horizonte: Del Rey,
2004. p. 566.
35
CPC. Art. 733. Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais,
o juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez
ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. § 1o Se o devedor não pagar, nem se escusar, o
juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
36
Lei 8009/90. Art. 3º. A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução
civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: [...] III - pelo
credor de pensão alimentícia.
37
LÔBO, Paulo Luiz Netto. A repersonalização das relações de família. Revista Brasileira de
Direito de Família, Porto Alegre, n. 24, p. 136-156, jun./jul. 2004. p. 156.
26 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
38
A matéria não é tão pacífica quanto a afirmação faz acreditar e por isso será abordada
no último item desse estudo.
39
CARVALHO. Dimas Messias. Direito de família. 2 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2009. p.
424.
40
TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito civil: direito de família. 3 ed. São Paulo:
Método, 2008. p. 408-411.
41
FACHIN, Luiz Edson. Questões do direito civil brasileiro contemporâneo. Rio de Janeiro:
Renovar, 2008. p. 129.
42
Como pode ocorrer nas hipóteses em que o réu, após intimado para o cumprimento de
decisão proferida a partir de um juízo de cognição sumária, demonstra não ser parte na relação
jurídica de direito material.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 27
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
43
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das obrigações. 34. ed.
Atual. Carlos Alberto Dabus Maluf e Regina Beatriz Tavares da Silva. São Paulo: Saraiva, 2003,
v. 5. p. 439.
44
NEVES, José Ricardo de Castro. O enriquecimento sem causa: dimensão atual do prin-
cípio no direito civil. In: MORAES, Maria Celina Bodin de (Coord.). Princípios do direito civil
contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p.196.
45
GOMES, Orlando. Obrigações. 9 ed. Atual. Humberto Theodoro Júnior. Rio de Janeiro:
Forense, 1994. p. 251. MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das
obrigações. 34. ed. Atual. Carlos Alberto Dabus Maluf e Regina Beatriz Tavares da Silva. São
Paulo: Saraiva, 2003, v. 5. p. 439.
46
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes. O enriquecimento sem causa no novo código civil
brasileiro, Revista CEJ, Brasília, v. 8, n. 25, p. 24-33, abr./jun. 2004. p. 25-28.
47
ALVIM, Agostinho. Do enriquecimento sem causa. Revista dos Tribunais, São Paulo, n. 259,
p. 3-36, 1957. p. 10-12. Dentre outros podendo ser lembrados segundo o autor: a equidade, o
risco criado, a moral (posição, aliás, sustentada no texto), os princípios gerais, a necessidade
de segurança das fortunas, os costumes, e a justiça.
28 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
48
ALVIM, Agostinho. Do enriquecimento sem causa. Revista dos Tribunais, São Paulo, n.
259, p. 3-36, 1957. p. 3. Ao discorrer sobre o assunto, salienta o autor ser inquestionável que
a condenação de enriquecimento injustificado é princípio geral de direito, haja vista ter sido
recomendada, com maior ou menor extensão, por todos os sistemas, no tempo e no espaço.
49
A matéria é tratada nos arts. 884 a 886 nos seguintes termos:
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir
o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. Parágrafo único. Se o
enriquecimento tiver por objeto coisa determinada quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se
a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.
Art. 885. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o
enriquecimento, mas também se esta deixou de existir.
Art. 886. Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado outros meios
para se ressarcir do prejuízo sofrido.
50
GOMES, Orlando. Obrigações. 9 ed. Atual. Humberto Theodoro Júnior. Rio de Janeiro:
Forense, 1994. p. 250.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 29
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
51
ALVIM, Agostinho. Do enriquecimento sem causa. Revista dos Tribunais, São Paulo, n.
259, p. 3-36, 1957. p. 18.
52
AGUIAR JUNIOR, Ruy Rosado de. Os contratos nos códigos civis francês e brasileiro,
Revista CEJ, Brasília, v. 9, n. 28, p. 05-14, jan./mar. 2005. p. 13.
53
Como pode ocorrer quando outro, que não aquela pessoa que deveria figurar no pólo
passivo da relação jurídica, é responsabilizado pelo pagamento de danos causados ou pelo
cumprimento de deveres jurídicos de outras ordens.
54
ALVIM, Agostinho. Do enriquecimento sem causa. Revista dos Tribunais, São Paulo, n.
259, p. 3-36, 1957. p. 21.
30 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
55
Como pode ocorrer quando o prêmio de uma loteria que deveria ser dividido entre vários
credores é pago apenas a um deles.
56
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das obrigações. 34. ed.
Atual. Carlos Alberto Dabus Maluf e Regina Beatriz Tavares da Silva. São Paulo: Saraiva, 2003,
v. 5. p. 441.
57
ALVIM, Agostinho. Do enriquecimento sem causa. Revista dos Tribunais, São Paulo, n.
259, p. 3-36, 1957. p. 23.
58
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das obrigações. 34. ed.
Atual. Carlos Alberto Dabus Maluf e Regina Beatriz Tavares da Silva. São Paulo: Saraiva, 2003,
v. 5. p. 441.
59
GOMES, Orlando. Obrigações. 9 ed. Atual. Humberto Theodoro Júnior. Rio de Janeiro:
Forense, 1994. p. 251.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 31
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
60
Como pode ocorrer na usucapião.
61
Os exemplos aqui lembrados são o contrato de doação e a remissão de dívidas
62
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: contratos, declaração unilateral
de vontade, responsabilidade civil. 11 ed. Atual. Regis Fichtner. Rio de Janeiro: Forense, 2004,
v. 3. p. 237/238.
63
AGUIAR JUNIOR, Ruy Rosado de. Os contratos nos códigos civis francês e brasileiro,
Revista CEJ, Brasília, v. 9, n. 28, p. 05-14, jan./mar. 2005. p. 13.
64
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das obrigações. 34. ed.
Atual. Carlos Alberto Dabus Maluf e Regina Beatriz Tavares da Silva. São Paulo: Saraiva, 2003,
v. 5. p. 441.
32 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
65
Como pode ocorrer na intimação do devedor para que pague os alimentos liminarmente
fixados e que consegue demonstrar, finda a instrução probatória, que não era o pai do credor.
O problema se agrava no momento atual com a regulamentação dos alimentos gravídicos.
66
Como se depreende da hipótese em que, apesar da presunção de paternidade que deriva
do casamento e do registro de nascimento lavrado com base nela, comprova-se mais tarde
que o pai registral não é o biológico nem o socioafetivo.
67
Como quando o empregador que promove desconto em folha equivoca-se e transfere
valor maior que o que deve ser pago.
68
Como quando aquele que recebe alimentos encontra novo núcleo de conjugalidade e não
mais precisa da verba alimentar.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 33
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
69
GONÇALVES. Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. 4 ed. São Paulo:
Saraiva, 2007, v. 4. p. 471.
70
MARMITT, Arnaldo. Pensão alimentícia. Rio de Janeiro: Aide, 1993. p. 21-22.
71
TARTUCE, Fernanda. Alimentos indevidos: exoneração e repetição. Revista Brasileira de
Direito das Famílias e Sucessões, Porto Alegre, n. 9, p. 101-124, abr./mai. 2009. p. 116.
72
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2008. p.
356.
73
WELTER, Belmiro Pedro. Alimentos no código civil. Porto Alegre: Síntese, 2003. p. 36-38.
74
MADALENO, Rolf. Alimentos e sua restituição judicial. Revista Jurídica, Porto Alegre, n.
211, p. 5-13, mai/2005, p. 7-12.
34 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
75
TARTUCE, Fernanda. Alimentos indevidos: exoneração e repetição. Revista Brasileira de
Direito das Famílias e Sucessões, Porto Alegre, n. 9, p. 101-124, abr./mai. 2009. p. 120-121. A
autora sugere que nas demandas exoneratórias (e isso poderia se estender a outras deman-
das (?)) o valor dos alimentos (ou parte dele) poderia ser consignado em juízo até decisão
final. De fato, se o pedido de exoneração for provido, não haverá problema algum, diante do
conteúdo declaratório que essa decisão parece carregar. Ocorre que há de se indagar quais as
conseqüências caso esse mesmo pedido de exoneração não for deferido e o dever alimentar
for mantido? Nesse caso poderão ser nefastas, já que o prejuízo será de ordem imaterial. As-
sim, impende refletir que se nos pleitos exoneratórios (e nos demais) houver prova verossímil
do direito material sustentado, nada impedirá decisões lastreadas em juízos antecipados. É
evidente que isso exigirá maior responsabilidade de todos que estão envolvidos no processo,
mas não é essa uma necessidade atual?
76
E os alimentos aparentemente preenchem essa noção diante dos objetivos que se propõe
a realizar.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 35
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
77
SARLET, Ingo Wolfgang. Os direitos fundamentais sociais na constituição de 1988, Revista
de Direito do Consumidor, São Paulo, n. 30, p. 97-124, abr./jun. 1999. p. 117-118.
78
TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito civil: direito de família. 3 ed. São Paulo:
Método, 2008. p. 408-411. Os autores defendem essa última perspectiva.
79
MADALENO, Rolf. Direito de família: aspectos polêmicos. Porto Alegre: Livraria do Ad-
vogado, 1998. p. 47-61. Justifica que em relação aos filhos maiores e capazes, porque já não
existe mais o poder familiar e as necessidades já não são mais presumidas nem absolutas, de
sorte que o crédito pensional passa a ser exceção.
80
COLTRO, Antônio Carlos Mathias. Alimentos e maioridade: a súmula STJ 358. Revista
Brasileira de Direito das Famílias e Sucessões, Porto Alegre, n. 06, p. 102-108, out./nov. 2008.
p. 103-108.
36 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
81
O STJ consolidou a orientação de vedação à exoneração automática dos alimentos com
a maioridade do filho, com a edição da Súmula 358: “O cancelamento da pensão alimentícia
de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda
que nos próprios autos”.
82
MADALENO, Rolf. Alimentos e sua restituição judicial. Revista Jurídica, Porto Alegre, n.
211. p. 5-13, mai/2005. p. 11-12. Como discorre o autor, aos cônjuges ou conviventes impõe-se
dever social de buscar pessoalmente a própria subsistência com seu trabalho, provendo o
sustento corporativo dos filhos por eles gerados, conclusão que advém, também, da isonomia
conjugal.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 37
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
de injustiça.83 Yussef Said Cahali entende, a seu turno, que eventuais exce-
ções devem ser pensadas ponderadamente, nada impedindo que os valores
pagos a mais sejam computados nas prestações vincendas, operando-se a
compensação dos créditos, desde que essa não comprometa a subsistência
do credor84, o que, reflexamente, autoriza a repetição de valores pagos a
título de alimentos.
Os argumentos são interessantes e a adesão aos mesmos é tentadora.
Porém, como o tema carece de sistematização, a mera alusão à injustiça do
caso concreto ou ao comprometimento da subsistência do credor são balizas
por demais variáveis, o que dificulta o transplante de tais noções para a reali-
dade dos fatos. Nunca é demais lembrar, que decorrentes do preenchimento
do conteúdo do que seja dignidade da pessoa humana, a despatrimonializa-
ção e a repersonalização das relações jurídicas, mormente das relações de
direito de família, são marcadas pela valorização de aspectos existenciais em
detrimento da elevada importância dada outrora ao viés patrimonial85 como
diretriz do processo de realização do direito.
Portanto, desconstruídos os argumentos tecidos pela doutrina em favor
da possibilidade teórica de repetir verba alimentar indevidamente paga, em
quaisquer casos, independentemente das intersubjetividades inerentes às
83
PEREIRA, Sérgio Gischkow. Ação de alimentos. 4 ed. Porto Alegre: Livraria do Advoga-
do, 2007. p. 31-33. “O direito não pode trabalhar com teses definitivas e inquestionáveis. É
verdade que, em questão alimentar, as interpretações devem sempre ter em vista o prestígio
da verba alimentar, pois diz com a própria existência da pessoa e com a vida com dignidade;
mas, em algumas hipóteses, vetor mais elevado da justiça pode operar, como o de se evitar o
enriquecimento ilícito do credor de alimentos.”
84
CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 2. ed. São Paulo: RT, 1993. p. 106. A perspectiva do
autor, ainda que elaborada em razão de argumentos de ordem mais filosófica, parece pautada
como as antes destacadas no paradigma voluntarista, como se extrai do exemplo utilizado:
“em casos como o da mulher que oculta dolosamente seu novo casamento, continuando a
receber alimentos do ex-esposo”; que apesar de previsto como hipótese de exoneração do
dever de prestar alimentos imposto ao ex-cônjuge, é regra de constitucionalidade, no mínimo,
duvidosa.
85
CARVALHO. Dimas Messias. Direito de família. 2 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2009. p. 9.
38 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
86
O problema é bastante atual se analisada a questão dos alimentos gravídicos. Arnaldo
Rizzardo chama a atenção para o fato de que os alimentos devidos ao nascituro se justifi-
cam na proteção da personalidade desde a concepção do ser humano. Para concessão dos
alimentos gravídicos, os requisitos são a gravidez e indícios de quem seja o pai. RIZZARDO,
Arnaldo. Direito de família. 4 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. p. 760.
87
Como na hipótese de demanda dirigida a pai meramente aparente ou assumida por erro
do devedor, comprovados ulteriormente.
88
Como pode ocorrer quando o credor de alimentos constitui relação de conjugalidade e
o cônjuge ou o companheiro tem condições e passa a exercer o dever de sustento em sua
amplitude, sem que seja necessária a manutenção dos alimentos até então devidos.
89
WALD, Arnoldo. Curso de direito civil brasileiro: o novo direito de família. 14 ed. São Paulo:
Saraiva, 2002. p. 47.
90
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 23 ed. São Paulo:
Saraiva, 2008, v. 5. p. 573.
91
WELTER, Belmiro Pedro. Alimentos no código civil. Porto Alegre: Síntese, 2003. p. 47.
92
CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 2. ed. São Paulo: RT, 1993. p. 117.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 39
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
93
KONDER, Carlos Nelson. Enriquecimento sem causa e pagamento indevido. In: TEPEDINO,
Gustavo (coord.). Obrigações: estudos na perspectiva civil-constitucional. Rio de Janeiro:
Renovar, 2005. p. 369.
94
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes. O enriquecimento sem causa no novo código
civil brasileiro, Revista CEJ, Brasília, v. 8, n. 25, p. 24-33, abr./jun. 2004. p. 30. “No âmbito do
enriquecimento por pagamento de dívidas alheias, está em causa o fato de alguém pagar uma
dívida alheia sem se enquadrar nas hipóteses em que se admite a transmissão do crédito, o
reembolso da despesa ou a restituição com base no enriquecimento por prestação. [...] Essa
fundamentação reside na existência de um incremento no patrimônio do enriquecido, que
não é conscientemente nem finalisticamente orientado pelo empobrecido, mas é suportado
economicamente pelo seu patrimônio. Esse sacrifício econômico determina a restituição do
enriquecimento. Assim, ao contrário do que se passa no enriquecimento por prestação, no
qual a frustração do fim visado com a prestação dá lugar à restituição, nessa categoria de
enriquecimento sem causa, determina a restituição o fato de o incremento patrimonial do
enriquecido ter origem em despesas suportadas pelo empobrecido, sendo por esse motivo
considerado tal enriquecimento “à custa de outrem”. Não se põe por isso um problema de
frustração do fim da prestação, inerente ao conceito de “ausência de causa jurídica”, mas
antes de sacrifício patrimonial, inerente ao conceito “à custa de outrem”.”
95
Se o reembolso será total ou parcial é um outro problema a ser enfrentado logo à frente.
40 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
alguém que deve ocupar essa posição jurídica. Enquanto exemplos, além
das já destacadas hipóteses de pagamento por quem não é parte na relação
jurídica de parentalidade, como é o caso da figura do pai aparente; e, da
redistribuição do dever de sustento, como no caso de ex-cônjuge que forma
novo núcleo de conjugalidade com quem tenha condições de assumir o dever
de sustento; vale ser lembrada ainda a situação dos devedores subsidiários.
Pensando em situações comuns nos núcleos de parentalidade, não são
apenas os pais que respondem pelos alimentos em prol da prole. Avós, bisa-
vós e mesmo irmãos, ainda que isso ocorra em caráter subsidiário, sucessivo
e complementar96, poderão ser compelidos ao pagamento de alimentos. E
isso ocorre em razão de explícita lógica: as necessidades existenciais do
alimentando. Pode se afirmar, assim, que tais parentes assumem a posi-
ção de garantidores existenciais, o que se dá sem que sejam responsáveis
diretos. Ora, parece razoável, portanto, sendo compelidos a complementar
parcial ou integralmente os alimentos devidos pelos pais, que os parentes
aqui denominados garantidores existenciais possam postular, daqueles, os
valores destinados ao alimentando, mormente quando quem tem o dever
de alimentar tenha melhor situação patrimonial ou patrimônio oculto. Nas
hipóteses pensadas, se como demonstrado acima97, o elemento subjetivo é
dispensado, bastando demonstrar que existe um devedor por força da re-
lação de direito material instituída ex lege e que outro fez o pagamento. No
que tange ao valor, esse deverá ser integral ou parcialmente reembolsado. O
paradigma aqui deve pautar-se pelas possibilidades do verdadeiro devedor e
nunca acima daquilo que foi efetivamente pago pelo falsus solvens. Há prazo
96
Consoante orientação extraída do Enunciado 342 da IV Jornada de Direito Civil do CJF:
“Observadas as suas condições pessoais e sociais, os avós somente serão obrigados a prestar
alimentos aos netos em caráter exclusivo, sucessivo, complementar e não-solidário, quando
os pais destes estiverem impossibilitados de fazê-lo, caso em que as necessidades básicas
dos alimentandos serão aferidas, prioritariamente, segundo o nível econômico-financeiro dos
seus genitores.”
97
Vide item 04 desse estudo.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 41
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
Referências
AGUIAR JUNIOR, Ruy Rosado de. Os contratos nos códigos civis francês e brasileiro, Revista
CEJ, Brasília, v. 9, n. 28, p. 05-14, jan./mar. 2005.
98
Ou assuma voluntariamente esse dever.
42 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
ALVIM, Agostinho. Do enriquecimento sem causa. Revista dos Tribunais, São Paulo, n. 259,
p. 3-36, 1957.
ANGELUCI, Cleber Affonso. Alimentos gravídicos: avanço ou retrocesso? Revista CEJ, Brasília,
v. 13, n. 44, p. 65-71, jan./mar. 2009.
BECK, Ulrich. La sociedad del riesgo: hacia una nueva modernidad. Trad. Jorge Navarro.
Barcelona: Paidós, 1998.
BITTAR, Carlos Alberto. Direito de família. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1991.
CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 2. ed. São Paulo: RT, 1993.
CARVALHO. Dimas Messias. Direito de família. 2 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2009.
COLTRO, Antônio Carlos Mathias. Alimentos e maioridade: a súmula STJ 358. Revista Brasileira
de Direito das Famílias e Sucessões, Porto Alegre, n. 06, p. 102-108, out./nov. 2008.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 23 ed. São Paulo:
Saraiva, 2008, v. 5.
FACHIN, Luiz Edson. Direito de família: elementos críticos à luz do novo código civil brasileiro.
2 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.
_______. Questões do direito civil brasileiro contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2008.
GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Direito civil: família. São Paulo: Atlas, 2008.
GOMES, Orlando. Obrigações. 9 ed. Atual. Humberto Theodoro Júnior. Rio de Janeiro: Fo-
rense, 1994.
GONÇALVES. Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. 4 ed. São Paulo: Sa-
raiva, 2007, v. 4.
KONDER, Carlos Nelson. Enriquecimento sem causa e pagamento indevido. In: TEPEDINO,
Gustavo (coord.). Obrigações: estudos na perspectiva civil-constitucional. Rio de Janeiro:
Renovar, 2005.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 43
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes. O enriquecimento sem causa no novo código civil
brasileiro, Revista CEJ, Brasília, v. 8, n. 25, p. 24-33, abr./jun. 2004.
LEITE, Eduardo de Oliveira. Direito civil aplicado: direito de família. São Paulo: RT, 2005, v. 5.
LÔBO, Paulo Luiz Netto. A repersonalização das relações de família. Revista Brasileira de
Direito de Família, Porto Alegre n. 24, p. 136-156, jun./jul. 2004.
MADALENO, Rolf. Direito de família: aspectos polêmicos. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
1998.
_______. Alimentos e sua restituição judicial. Revista Jurídica, Porto Alegre, n. 211, p. 5-13,
mai/2005.
_______. Alimentos entre colaterais. Revista Brasileira de Direito de Família, Porto Alegre,
n. 28, p. 105-112, fev./mar. 2005.
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das obrigações. 34. ed. Atual.
Carlos Alberto Dabus Maluf e Regina Beatriz Tavares da Silva. São Paulo: Saraiva, 2003, v. 5.
NEVES, José Ricardo de Castro. O enriquecimento sem causa: dimensão atual do princípio no
direito civil. In: MORAES, Maria Celina Bodin de (Coord.). Princípios do direito civil contem-
porâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: contratos, declaração unilateral de
vontade, responsabilidade civil. 11 ed. Atual. Regis Fichtner. Rio de Janeiro: Forense, 2004, v. 3.
PEREIRA, Sérgio Gischkow. Ação de alimentos. 4 ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007.
PORTO, Sérgio Gilberto. Doutrina e prática dos alimentos. Rio de Janeiro: Aide, 1991.
TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito civil: direito de família. 3 ed. São Paulo:
Método, 2008.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2008.
WALD, Arnoldo. Curso de direito civil brasileiro: o novo direito de família. 14 ed. São Paulo:
Saraiva, 2002.
WELTER, Belmiro Pedro. Alimentos no código civil. Porto Alegre: Síntese, 2003.
Notas Sobre o Direito à Privacidade
E o Direito ao Esquecimento no
Ordenamento Jurídico Brasileiro 1
Introdução
- 45 -
46 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
2
SOLOVE, Daniel J. Understanding Privacy. Cambridge, Massachusetts: Harvard University
Press, 2008, p. 1-2.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 47
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
3
BRENNAN, T. Cooley. The Praetorship in the Roman Republic. Nova York: Oxford University
Press, 2000, passim.
4
Sobre a etimologia da palavra privacidade, cf. DONEDA, Danilo. Da Privacidade à Proteção
de Dados Pessoais. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p. 107.
5
POSNER, Richard. The Right of Privacy. Georgian Law Review. Athens, Geórgia, v. 12, n. 3,
1978, p. 395-396.
48 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
6
Neste sentido, a jurista Dorothy J. Glancy comenta que o artigo de Samuel Warren e Louis
Brandeis seria responsável pela própria “invenção” do direito à privacidade nos Estados Uni-
dos. GLANCY, Dorothy J. The Invention of the Right to Privacy. Arizona Law Review, Tucson,
Arizona, v. 21, n. 1, 1979, passim.
7
Para mais comentários e detalhes sobre o referido caso, cf. EHRHARDT JR., Marcos; PEI-
XOTO, Erick Lucena Campos. Breves Notas sobre a Ressignificação da Privacidade. Revista
Brasileira de Direito Civil. Belo Horizonte, v. 16, abr./jun. 2018, p. 38-41.
8
WARREN, Samuel; BRANDEIS, Louis. The Right to Privacy. Civilistica.com. Rio de Janeiro,
a. 2, n. 3, jul.-set./2013.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 49
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
9
Conforme citação do próprio texto de Warren e Brandeis (Op. cit., p. 2-3), no original:
“Recent inventions and business methods call attention to the next step which must be taken
for the protection of the person, and for securing to the individual what Judge Cooley calls the
right “to be let alone”. Instantaneous photographs and newspaper enterprise have invaded
the sacred precincts of private and domestic life; and numerous mechanical devices threaten
to make good the prediction that what is whispered in the closet shall be proclaimed from
the house-tops”.
10
No original: “the claim of individuals, groups, or institutions to determine for themselves
when, how, and to what extent information about them is communicated to others”. WESTIN,
Alan. Privacy and Freedom. Nova York: Ig Publishing, 2015, p. 5.
50 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
11
RODOTÀ, Stefano. A Vida na Sociedade de Vigilância: A Privacidade Hoje. Trad. Maria
Celina Bodin de Moraes. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 129.
12
EHRHARDT JR., Marcos; PEIXOTO, Erick Lucena Campos. Breves Notas sobre a Ressignifi-
cação da Privacidade. Revista Brasileira de Direito Civil. Belo Horizonte, v. 16, abr./jun. 2018,
p. 45-46.
13
Sobre a relação entre visão americana e visão europeia de privacidade, cf. WERRO, Franz.
The Right to Inform v. The Right to be Forgotten: A Transatlantic Clash. In: CIACCHI, Aurelia
Colombi et al (orgs.). Liability in the Third Millennium: Liber Amicorum Gert Bruggemeier.
Bade-Bade: Nomos Verlagsgesellschaft, 2009, p. 292.
14
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interes-
sado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta
norma.
15
Art. 5º [...] X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
REVISTA DE DIREITO Doutrina 51
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
16
Neste sentido, cf. EHRHARDT JR., Marcos; PEIXOTO, Erick Lucena Campos. Breves Notas
sobre a Ressignificação da Privacidade. Revista Brasileira de Direito Civil. Belo Horizonte, v.
16, abr./jun. 2018, p. 47.
17
Importante salientar que para alguns juristas europeus, o direito à proteção dos dados
pessoais é um direito autônomo em relação ao direito à privacidade. Esta interpretação de
juristas europeus é reflexo da Carta de Direitos Fundamentais da União, que trata em separado
da vida privada, em seu artigo 7º, e do direito à proteção de dados pessoais, no artigo 8º.
Nesse sentido: “Se tutela el cuerpo ‘físico’ afirmando que todos tienen derecho al respeto a
la integridad física y psíquica prohibiendo en consecuencia la eugenesia masiva, la clonación
reproductiva, los usos mercantiles del cuerpo. Se tutela el cuerpo ‘electrónico’ considerando la
protección de los datos personales como un autónomo derecho fundamental, diferente a la
tradicional idea de privacidad”. (Cf. RODOTÀ, Stefano. El Derecho a Tener Derechos. Madrid:
Editoria Trotta, 2014, p. 81).
18
RODOTÀ, Stefano. A Vida na Sociedade de Vigilância: A Privacidade Hoje. Trad. Maria
Celina Bodin de Moraes. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 134-135.
52 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
19
EHRHARDT JR., Marcos. Direito Civil: LINDB e Parte Geral, Vol. 1. Salvador: Juspodivm,
2011, p. 246.
20
RODOTÀ, Stefano. A Vida na Sociedade de Vigilância: A Privacidade Hoje. Trad. Maria
Celina Bodin de Moraes. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 93.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 53
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
2. O Direito ao Esquecimento
Em definição bem sintética, o direito ao esquecimento pode ser conceituado
como “o direito de uma determinada pessoa não ser obrigada a recordar, ou ter
21
“A tutela da privacidade da pessoa humana compreende os controles espacial, contextual
e temporal dos próprios dados, sendo necessário seu expresso consentimento para o trata-
mento de informações que versem especialmente sobre o estado de saúde, a condição sexual,
a origem racial ou étnica, as convicções religiosas, filosóficas e políticas”.
22
BUCAR, Daniel. Controle Temporal de Dados: o Direito ao Esquecimento. Civilistica.com.
Rio de Janeiro, a. 2, n. 3, jul.-set./2013, p. 7.
23
Para uma visão mais aprofundada das três dimensões da privacidade, cf: EHRHARDT JR.,
Marcos PEIXOTO; Erick Lucena Campos. Breves Notas sobre a Ressignificação da Privacidade.
Revista Brasileira de Direito Civil. Belo Horizonte, v. 16, abr./jun. 2018, p. 47 e ss.
54 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
24
CORREIA JR., José Barros; GALVÃO, Luís Holanda. Direito Civil: Da Memória ao Esquec-
imento. In: CORREIA JR., José Barros; GALVÃO, Vivianny (orgs.). Direito à Memória e Direito
ao Esquecimento. Maceió: Edufal, 2015, p. 22.
25
Neste sentido: SCHREIBER, Anderson. Direitos da Personalidade. São Paulo: Atlas, 2014,
p. 170.
26
Para comentários sobre estes dois julgados do STJ, o caso da chacina da Candelária, Resp
nº 1.334.097/RJ, e o caso Aída Curi, Resp nº 1.335.153/RJ, cfr: EHRHARDT JR., Marcos; ACIOLI,
Bruno de Lima. Uma Agenda para o Direito ao Esquecimento no Brasil. In: HIRONAKA, Giselda;
SANTOS, Romualdo Baptista dos (coord.). Direito Civil: Estudos - Coletânea do XV Encontro
dos Grupos de Pesquisa – IBDCivil. São Paulo: Blucher, 2018, p. 130-134.
27
RODRIGUES JUNIOR, Otávio Luiz. Brasil debate Direito ao Esquecimento desde 1990.
Revista Consultor Jurídico, Coluna de Direito Comparado. São Paulo, 27 nov. 2013. Disponível
em: <http://www.conjur.com.br/2013-nov-27/direito-comparado-brasil-debate-direito-esquec-
imento-1990>. Acesso em: 01 abr. 2018.
28
ARAÚJO, Luiz Alberto David. A Proteção Constitucional da Própria Imagem: Pessoa Física,
Pessoa Jurídica e Produto. São Paulo: Verbatim, 2013.
29
DOTTI, René Ariel. Proteção da Vida Privada e Liberdade de Informação. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 1980.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 55
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
30
Como bem salienta Pablo Dominguez Martinez, o assim chamado “direito ao esquecimento”
“[...] não diz respeito aos aspectos macro do ‘esquecimento’. Não se trata de apagar os grandes
eventos, principalmente aqueles de extrema violência e com implicações diretas aos direitos
humanos”. MARTINEZ, Pablo Dominguez. Direito ao Esquecimento: A Proteção da Memória
Individual na Sociedade de Informação. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2014, p. 70.
31
O mesmo argumento é sustentado por Ingo Sarlet e Arthur Ferreira Neto: “[...] não se
pode também perder de vista que, em determinados casos, a convenção de uma nomenclatura
específica encontra-se tão arraigada no senso comum, é reproduzida de forma tão reiterada
pela doutrina e é utilizada com tamanha freqüência pelos tribunais que a tentativa de sua
substituição por outros termos – mesmo que sabidamente mais adequados e precisos – poderá
ser inútil, excessiva e até arbitrária”. SARLET, Ingo Wolfgang; FERREIRA NETO, Arthur M. O
Direito ao “Esquecimento” na Sociedade da Informação. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2019, p. 175.
32
Como sustenta Sérgio Branco: “Tratando-se a privacidade contemporânea como a pos-
sibilidade de controle sobre dados pessoais, em cujo debate se inserem fortemente conceitos
como consentimento para coleta e tratamento de dados e sua finalidade, parece-nos que a
definição é suficiente para abarcar o que se considera como direito ao esquecimento. Ou seja,
apesar da nomenclatura distinta, deveria estar circunscrito ao direito de privacidade, sendo
um aspecto dele. Afinal, se até mesmo dados que pouco ou nada revelam sobre seu titular são
objeto de proteção pelo direito de privacidade, com igual razão devem ser tutelados, sob o
mesmo direito, dados pretéritos que podem vir a causar dano ao titular caso sejam revelados
56 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
tempos depois” (BRANCO, Sérgio. Memória e esquecimento na internet. Porto Alegre: Arqui-
pélago Editorial, 2017, p. 171).
33
Para mais comentários, ver: SZEKELY, Ivan. The Right to be Forgotten and the New Archival
Paradigm. In: GHEZZI, Alessia et al (orgs.). The Ethics of Memory in a Digital Age: Interrogating
the Right to be Forgotten. Basingstoke: Palgrave Macmillan Memory Studies, 2014, p. 32.
34
LINS, Thiago. Análise da aplicação do direito ao esquecimento no julgamento do REsp
nº 1.631.329-RJ. Revista Brasileira de Direito Civil – RBDCilvil, Belo Horizonte, v. 15, p. 177-197,
jan./mar. 2018, p. 178.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 57
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
para a qual foram coletadas ou, ainda, depois de transcorrido algum tempo
após estes dados serem originalmente coletados ou divulgados.35
Dito isso, os adeptos do direito ao esquecimento defendem a criação e a
utilização de mecanismos legais para que se possa contestar a permanência
de dados antigos na internet, assim como para restringir a transmigração de
informações do meio analógico para os arquivos digitais em rede, visto que
“[...] não caberia ao indivíduo ver novamente fatos, que já havia há muito
superados, trazidos à tona por uma mera atualização de arquivos para o
sistema digital, gerando um dano à sua personalidade”.36
Devido ao advento da Internet e seu novo paradigma de arquivamento
de dados, a ideia de direito ao esquecimento na era digital se sustenta, prin-
cipalmente, em ofertar a possibilidade jurídica de uma pessoa requerer às
páginas de Internet que retirem de seus arquivos ou sistemas determinadas
informações antigas ou descontextualizadas de caráter pessoal que se en-
contram publicamente acessíveis na rede.37
35
RODOTÀ, Stefano. A Vida na Sociedade de Vigilância: A Privacidade Hoje. Trad. Maria
Celina Bodin de Moraes. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 134-135.
36
CORREIA JR., José Barros; GALVÃO, Luís Holanda. Direito Civil: Da Memória ao Esquec-
imento. In: CORREIA JR., José Barros; GALVÃO, Vivianny (orgs.). Direito à Memória e Direito
ao Esquecimento. Maceió: Edufal, 2015, p. 40.
37
CASTELLANO, Pére Simon. El Régimen Constitucional del Derecho al Olvido Digital. In:
PEÑA-LOPEZ, Ismael et al. (orgs.). La Neutralidad de la Red y outros Retos para el Futuro de
Internet. Barcelona: Hyugens Editorial, 2011, p. 395.
58 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
A) Direito à Reabilitação
38
VOSS, W. Gregory; CASTETS-RENARD, Céline. Proporsal for an International Taxonomy
on the various forms of the “Right to be Forgotten”: A study on the convergence of norms.
Colorado Technology Law. Boulder, v. 14, n. 2, 2016, p. 298-299.
39
VOSS, W. Gregory; CASTETS-RENARD, Céline. Céline. Proporsal for an International Tax-
onomy on the various forms of the “Right to be Forgotten”: A study on the convergence of
REVISTA DE DIREITO Doutrina 59
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
Este direito é bem reconhecido no âmbito das legislações penais que de-
terminam o apagamento do nome do ex condenado dos cadastros criminais,
em uma relação típica entre indivíduo e o Estado persecutor.
Como comentado por José Barros e Holanda Galvão40, as ciências crimi-
nais, há algum considerável tempo, “[...] têm trabalhado com certa facilidade
com o trânsito entre a memória e o esquecimento”. É típico, pois, das ciências
criminais, por se encontrarem no campo do Direito Público e lidarem com o
“direito de punir” exercido pelo Estado contra o indivíduo, que formas jurídicas
de esquecimento – ou de perdão – sejam implementadas para que se possa
facilitar a reinserção da pessoa em sua comunidade.
Por sua vez, no campo das relações privadas, o histórico de aplicação
de um “direito à reabilitação” é mais recente e, também, mais controvertida,
justamente por recair sobre uma área do Direito que historicamente se baseia
na autonomia e na horizontalidade.
Dois casos icônicos, neste sentido, merecem alguns comentários: o caso
Melvin v. Reid, nos EUA, e o caso Lebach, na Alemanha.
Embora Voss e Castets-Renard sequer citem tais casos em seu traba-
lho, a associação entre estes famosos julgamentos e o conceito de direito à
reabilitação proposto pelos autores é quase imediata, de forma que é válido
lhes traçar algumas linhas.
O caso Melvin v. Reid, julgado pela Suprema Corte da Califórnia no início
dos anos 1930, enfrentou a questão da lembrança do passado criminal de
uma ex prostituta no filme Red Kimono, exibido nos cinemas no ano de 1929.
A prostituta Gabrielle Darley foi notícia nos principais jornais america-
nos no início dos anos 1910 ao responder pelo crime de matar seu alcovi-
teiro, sendo absolvida em júri desta acusação em 1915. Anos mais tarde, ela
41
FRIEDMAN, Lawrence. Guarding Life’s Dark Secrets: Legal and Social Controls over Rep-
utation, Property, and Privacy. Palo Alto: Stanford University Press, 2007, p. 216-217.
42
MANTELERO, Alessandro. The EU Proposal for a General Data Protection Regulation and
the Roots of the ‘Right to be Forgotten’. Computer Law and Security Review, Amsterdã, v. 29,
n. 3, 2013, p. 230.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 61
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
43
CHOERI, Raul Cleber da Silva. O direito à identidade na perspectiva civil-constitucional.
Rio de Janeiro: Renovar, 2010, p. 264.
62 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
44
Cf. LINS, Thiago. Análise da aplicação do direito ao esquecimento no julgamento do REsp
nº 1.631.329-RJ. Revista Brasileira de Direito Civil – RBDCilvil, Belo Horizonte, v. 15, p. 177-197,
jan./mar. 2018, p. 178.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 63
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
B) Direito ao Apagamento
No exercício de taxonomia de Voss e Castets-Renard, o direito ao
apagamento aparece como mais uma das subclassificações do direito ao
esquecimento.
Na história recente, a questão do “direito ao apagamento” costuma apa-
recer conjuntamente com o conceito mais amplo de privacidade enquanto
um direito à autodeterminação informativa. Trata-se, pois, do direito de
uma pessoa retomar e exercer o controle sobre suas informações pessoais
que estão em mãos do governo ou de particulares – instituições públicas,
empresas, associações etc.
Ademais, este problema da perda do controle sobre dados pessoais não é um
fenômeno exatamente do século XXI, da assim chamada era digital. A preocupação
com o uso e o destino das informações sobre pessoas naturais existe desde a
formação do aparato jurídico e administrativo do Welfare State nas democracias
ocidentais, o qual, em razão de suas políticas sociais, ampliou maciçamente a
coleta e a abrangência dos cadastros dos usuários de serviços públicos.
45
ANDRADE, Manuel da Costa. Liberdade de Imprensa e inviolabilidade pessoal: uma
perspectiva jurídico-criminal. Coimbra: Coimbra, 1996, p. 64-65.
46
SCHWABE, Jürgen. Cinquenta Anos Jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal
Alemão. Berlin: Konrad-Adenauer-Stiftung E.V., 2005, p. 487-492.
64 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
47
VOSS, W. Gregory; CASTETS-RENARD, Céline. Proporsal for an International Taxonomy
on the various forms of the “Right to be Forgotten”: A study on the convergence of norms.
Colorado Technology Law. Boulder, v. 14, n. 2, 2016, p. 141.
48
VOSS, W. Gregory; CASTETS-RENARD, Céline. Proporsal for an International Taxonomy
on the various forms of the “Right to be Forgotten”: A study on the convergence of norms.
Colorado Technology Law. Boulder, v. 14, n. 2, 2016, p. 302.
49
CARO, María Álvarez. Derecho al Olvido en Internet: El Nuevo Paradigma de la Privacidad
en la Era Digital. Madrid: Editorial Reus, 2015, p. 75.
50
EUROPA. Regulamento (UE) 2016/679 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de
abril de 2016. Relativo o à proteção das pessoas singulares no que diz respeito ao tratamento
REVISTA DE DIREITO Doutrina 65
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
pontos, uma das grandes novidades deste novo regulamento é que, além de
tratar das habituais hipóteses de direito ao apagamento, esta vem a tratar,
pela primeira vez na legislação européia, do direito ao apagamento – também
chamado de direito a ser esquecido – de forma expressa em seu artigo 17º.
Fora do continente europeu, nos Estados Unidos, Voss e Castets-Re-
nard51 destacam o Children’s Online Privacy Protection Act (Ato de Proteção
da Privacidade Online das Crianças)52, uma lei federal americana de 1998,
posteriormente atualizada pela Children’s Online Privacy Rule (Lei de Priva-
cidade Online das Crianças), que possibilita que os pais ou responsáveis de
crianças com idade inferior a treze anos possam requerer o apagamento de
informações pessoais recolhidas sobre seus filhos ou menores protegidos
aos sites e aplicativos de Internet.
Lei em sentido semelhante, a Erase Law53 (literalmente, lei de apagamento),
aplicável no estado americano da Califórnia, permite que as pessoas menores
de idade possam requisitar aos provedores de Internet o apagamento de seus
dados compartilhados na rede.
Enquanto isso, no Brasil, Voss e Castets-Renard54 reconhecem haver
um “direito ao apagamento” previsto no artigo 7º, inciso X do Marco Civil da
de dados pessoais e à livre circulação desses dados e que revoga a Diretiva 95/46/CE (Regu-
lamento Geral sobre a Proteção de Dados). Jornal Oficial da União Europeia, Bruxelas, n. 119,
04 mai. 2016. Disponível em: <http://eur-lex.europa.eu/legal-content/pt/TXT/PDF/?uri=CEL-
EX:32016R0679&from=EN>. Acesso em: 16 nov. 2017.
51
VOSS, W. Gregory; CASTETS-RENARD, Céline. Op. cit., p. 311.
52
UNITED STATES OF AMERICA. Children’s Online Privacy Protection Act of 1998. Disponível
em: <https://www.ftc.gov/enforcement/rules/rulemaking-regulatory-reform-proceedings/
childrens-online-privacy-protection-rule>. Acesso em: 07 abr. 2017.
53
CALIFORNIA. Senate Bill nº 568, Chapter 336, 23 set. 2013. Disponível em: <http://leginfo.
legislature.ca.gov/faces/billNavClient.xhtml?bill_id=201320140SB568>. Acesso em: 07 abr.
2017.
54
VOSS, W. Gregory; CASTETS-RENARD, Céline. Proporsal for an International Taxonomy
on the various forms of the “Right to be Forgotten”: A study on the convergence of norms.
Colorado Technology Law. Boulder, v. 14, n. 2, 2016, p. 317-318.
66 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
55
SARLET, Ingo Wolfgang. Tema da moda, direito ao esquecimento é anterior à internet.
Revista Consultor Jurídico, São Paulo, 22 mai. 2015. Disponível em: < http://www.conjur.com.
br/2015-mai-22/direitos-fundamentais-tema-moda-direito-esquecimento-anterior-internet>.
Acesso em: 13 nov. 2017
56
BRANCO, Sérgio. Memória e Esquecimento na Internet. Porto Alegre: Arquipélago Editorial,
2017, p. 179.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 67
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
57
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações
existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre
ele, bem como sobre as suas respectivas fontes. [...] § 5° Consumada a prescrição relativa
à cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas de
Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou dificultar novo acesso
ao crédito junto aos fornecedores.
58
BRANCO, Sérgio. Memória e Esquecimento na Internet. Porto Alegre: Arquipélago Editorial,
2017, p. 179.
68 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
chamar de direito ao esquecimento, mas sua origem tem uma razão de ser
explicável.
Esta razão, aliás, coloca o direito à desindexação como a forma mais atua-
líssima e de direito ao esquecimento na contemporaneidade, uma alternativa
ao gravame de se apagar dados da Internet de forma menos discriminada,
uma tentativa de solução mais branda, que implique em menor perda no
fluxo (livre) de informações na rede.
C) Direito à Desindexação
59
VOSS, W. Gregory; CASTETS-RENARD, Céline. Proporsal for an International Taxonomy
on the various forms of the “Right to be Forgotten”: A study on the convergence of norms.
Colorado Technology Law. Boulder, v. 14, n. 2, 2016, p. 325.
60
EPSTEIN, Robert; ROBERTSON, Ronald E. The Search Engine Manipulation Effect
(SEME) and Its Possible Impact on the Outcome of Elections. Proceedings of the National
Academy of Sciences, Washington D.C., v. 112, n. 33, ago. 2015. Disponível em: <http://www.
pnas.org/content/112/33/E4512.full.pdf>. Acesso em: 04 jan. 2018.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 69
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
links para páginas que exponham seus dados pessoais, quando essas infor-
mações possam ser consideradas imprecisas, inadequadas ou irrelevantes. 61
Esta decisão é tida, em geral, como um grande marco para o debate
contemporâneo acerca do direito ao esquecimento, o qual outros juristas
preferem por vezes chamar, tão-somente, de “direito à desindexação” de dados.
A decisão europeia repercutiu no Direito brasileiro, embora não haja no
Brasil legislação expressa permitindo o “direito à desindexação”. Os tribunais
brasileiros vêm aplicando, o artigo 19 do Marco Civil da Internet62 para obri-
gar os obrigar provedores de pesquisa a retirarem de suas listas os dados
da parte autora63, emulando-se a notável decisão proferida no caso Google
Spain, e aplicando-se no país, por tais vias, o direito ao esquecimento nos
domínios online.
Em bem verdade, o Marco Civil da Internet é deficitário no que diz res-
peito às ferramentas de controle de dados pessoais por parte dos usuários,
razão pela qual é de considerável avanço a edição da Lei Geral de Proteção
de Dados Pessoais (Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018), a qual entrará
totalmente em vigor apenas em agosto de 2020, mas que pretende gerar
“micro revoluções” na relação jurídica entre o Direito e a Internet, trazendo
61
VOSS, W. Gregory; CASTETS-RENARD, Céline. Proporsal for an International Taxonomy
on the various forms of the “Right to be Forgotten”: A study on the convergence of norms.
Colorado Technology Law. Boulder, v. 14, n. 2, 2016, p. 325-327.
62
Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o pro-
vedor de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos
decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as
providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado,
tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais
em contrário.
63
A Terceira Turma do STJ, no entanto, vem afastando a aplicação do artigo 19 do MCI para
fins de desindexação de informações pessoais dos resultados exibidos pelos provedores de
pesquisa na internet. Neste sentido, ver: BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Interno
no Recurso Especial nº 1.593.873/SP, Relatora: Min. Nancy Andrighi. Órgão Julgador: Terceira
Turma. Data de Julgamento: 10 nov. 2016. Disponível em: <http://www.internetlab.org.br/
wp-content/uploads/2017/02/STJ-REsp-1.593.873.pdf>. Acesso em: 4 nov. 2017.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 71
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
64
Art. 18. O titular dos dados pessoais tem direito a obter, em relação aos seus dados:
I – confirmação da exigência de tratamento; II – acesso aos dados; III – correção de dados
incompletos, inexatos ou desatualizados; IV – anonimização, bloqueio ou eliminação de da-
dos desnecessários, excessivos ou tratados em desconformidade com o disposto nesta Lei;
V – portabilidade, mediante requisição, de seus dados pessoais a outro fornecedor de serviço
ou produto; VI – eliminação, a qualquer momento, de dados pessoais com cujo tratamento o
titular tenha consentido; e VII – aplicação das normas de defesa do consumidor, quando for
o caso, na tutela da proteção de dados pessoais.
65
Para um leitura complementar que aborde de maneira bastante satisfatória a questão da
proteção de dados na legislação brasileira, recomenda-se: BIONI, Bruno Ricardo. Proteção de
Dados Pessoais: A Função e os Limites do Consentimento. São Paulo: Forense, 2018.
72 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
66
VOSS, W. Gregory; CASTETS-RENARD, Céline. Proporsal for an International Taxonomy
on the various forms of the “Right to be Forgotten”: A study on the convergence of norms.
Colorado Technology Law. Boulder, v. 14, n. 2, 2016, p. 335-337.
67
MAYER-SCHÖNBERGER, Viktor. Delete: The Virtue of Forgetting in the Digital Age. Nova
Jersey: Princenton University Press, 2009.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 73
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
68
VOSS, W. Gregory; CASTETS-RENARD, Céline. Proporsal for an International Taxonomy
on the various forms of the “Right to be Forgotten”: A study on the convergence of norms.
Colorado Technology Law. Boulder, v. 14, n. 2, 2016, p. 334-336.
74 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
69
Tal fenômeno foi nomeado de “efeito Streisand” pelo jornalista Mike Masnick, em re-
ferência à Barbra Streisand, que venceu uma disputa judicial com um site de Internet que
publicou fotos de sua mansão em uma tomada aérea da praia de Malibu, mas não “venceu”
os usuários da Internet, que passaram a replicar ativamente pela rede as fotos alvo da polê-
mica. Para saber mais: MASNICK, Mike. Since when Is It Illegal to Just Mention a Trademark
Online?. Techdirt. Redwood City, 5 jan. 2005. Disponível em: <https://www.techdirt.com/
articles/20050105/0132239.shtml>. Acesso em: 18 mai. 2019.
70
SOLOVE, Daniel J. The Future of Reputation: Gossip, Rumor and Privacy on the Internet.
New Haven: Yale University Press, p. 126-127.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 75
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
71
COSTA, André Brandão Nery. Direito ao esquecimento na Internet: a scarlet letter digital,
cit., p. 186. In: SCHREIBER, Anderson (Org.). Direito e Mídia. São Paulo: Atlas, 2013, p. 187-188.
72
RODRIGUES JUNIOR, Otávio Luiz. Direito Comparado: Não há tendências na proteção
do Direito ao Esquecimento. Revista Consultor Jurídico, São Paulo, 25 dez. 2013. Disponível
em: <<https://www.conjur.com.br/2013-dez-25/direito-comparado-nao-tendencias-protecao-
-direito-esquecimento>. Acesso em: 25 nov. 2018.
73
Thiago Lins menciona que no Tribunal de Justiça de São Paulo, um magistrado já recusou
o pedido por remoção global de conteúdo por afirmar que ‘este juízo não detém jurisdição
para determinar que o vídeo indicado na inicial não seja divulgado em território estrangeiro,
tal como Colômbia e Alemanha sob pena de transportar o âmbito de sua competência e incidir
em violação da soberania dos demais países.’ (TJSP, Agravo de Instrumento nº 2.059.415-
21.2016.8.26.0000) (Cf. LINS, Thiago. Análise da aplicação do direito ao esquecimento no
76 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
julgamento do REsp nº 1.631.329-RJ. Revista Brasileira de Direito Civil – RBDCilvil, Belo Hori-
zonte, v. 15, p. 177-197, jan./mar. 2018).
74
SCHAUER, Frederick. Free Speech: A Philosophical Enquiry. Cambridge: Cambridge Uni-
versity Press, 1982, p. 35-36.
75
SOLOVE, Daniel J. Op. cit., p. 128.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 77
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
76
BARROSO, Luis Roberto. Colisão entre Liberdade de Expressão e Direitos da Personalidade.
Revista de Direito Administrativo. Brasília, v. 235, jan./mar., 2004, p. 25.
77
LINZER, Peter. The Carolene Products Footnote and the Preferred Position of Individual
Rights: Louis Lusky and John Hart Ely vs. Harlan Fiske Stone. Constitutional Commentary,
Minneapolis, v. 12, n. 2, 1995, p. 278-281.
78
SARMENTO, Daniel. Liberdades Comunicativas e “Direito ao Esquecimento” na ordem
constitucional brasileira. Revista Brasileira de Direito Civil. Rio de Janeiro, v. 7, jan.-mar./2016,
p. 198.
78 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
79
SARMENTO, Daniel. Liberdades Comunicativas e “Direito ao Esquecimento” na ordem
constitucional brasileira. Revista Brasileira de Direito Civil. Rio de Janeiro, v. 7, jan.-mar./2016,
p. 199.
80
SARLET, Ingo Wolfgang; FERREIRA NETO, Arthur M. O Direito ao “Esquecimento” na
Sociedade da Informação. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2019, p. 76-78.
81
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4.815/DF.
Relatora: Min. Carmen Lúcia. Data de julgamento: 10 jun. 2015. Disponível em: <http://s.
conjur.com.br/dl/acordao-biografias-nao-autorizadas.pdf>. Acesso em: 07 out. 2017.
82
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção
da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a ex-
posição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento
e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeit-
abilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. Parágrafo único. Em se tratando de morto ou
de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os
descendentes. Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento
do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário
a esta norma.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 79
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
83
BARCELLOS, Ana Paula de. Intimidade e Pessoas Notórias. Liberdade de Expressão e de
Informação e Biografias. Conflito entre Direitos Fundamentais. Ponderação, Caso Concreto e
Acesso à Justiça. Tutelas Específicas e Indenizatórias. Revista Direito Público, Brasília, v. 11,
n. 55, 2004, p. 90.
84
CANOTILHO, José Joaquim Gomes; MACHADO, Jónatas Eduardo Machado; GAIO JÚNIOR,
Antônio Pereira. Biografia Não Autorizada versus Liberdade de Expressão. Curitiba: Juruá,
2017, p. 85.
80 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
85
SARLET, Ingo Wolfgang; FERREIRA NETO, Arthur M. O Direito ao “Esquecimento” na
Sociedade da Informação. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2019, p. 79.
86
Disponível em: <https://www.jota.info/artigos/as-tres-correntes-do-direito-ao-esqueci-
mento-18062017>. Acesso em: 16 dez. 2017. Sobre o Direito ao esquecimento Scheiber sustenta
que “(...) não atribui a ninguém o direito de apagar fatos ou de reescrever a História (ainda
que se trate tão somente da sua própria história). O que o direito ao esquecimento assegura
é a possibilidade de se discutir o uso que é dado aos fatos pretéritos, mais especificamente o
modo e a finalidade com que são lembrados. E não raro o exercício do direito ao esquecimento
impõe ponderação com o exercício de outros direitos, como a liberdade de informação, sendo
certo que a ponderação nem sempre se resolverá em favor do direito ao esquecimento. O caso
concreto deve ser analisado em suas peculiaridades, sopesando-se a utilidade informativa
na continuada divulgação da notícia com os riscos trazidos pela recordação do fato à pessoa
envolvida (SCHREIBER, Anderson. Direitos da Personalidade, cit., p. 165-166).
REVISTA DE DIREITO Doutrina 81
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
Conclusão
87
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Repercussão Geral no Recurso Extraordinário com
Agravo nº 833.248/RJ. Relator: Min. Dias Tofolli, Data do Julgamento: 9 dez. 2014. Disponível
em: <http://www.internetlab.org.br/wp-content/uploads/2017/02/STF-RG-no-REx-com-
Ag-833248.pdf>. Acesso em: 15 nov. 2017.
82 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
Referências
ANDRADE, Manuel da Costa. Liberdade de Imprensa e inviolabilidade pessoal: uma perspectiva
jurídico-criminal. Coimbra: Coimbra, 1996
ARAÚJO, Luiz Alberto David. A Proteção Constitucional da Própria Imagem: Pessoa Física,
Pessoa Jurídica e Produto. São Paulo: Verbatim, 2013.
BARCELLOS, Ana Paula de. Intimidade e Pessoas Notórias. Liberdade de Expressão e de
Informação e Biografias. Conflito entre Direitos Fundamentais. Ponderação, Caso Concreto
e Acesso à Justiça. Tutelas Específicas e Indenizatórias. Revista Direito Público, Brasília, v.
11, n. 55, 2004.
BARROSO, Luis Roberto. Colisão entre Liberdade de Expressão e Direitos da Personalidade.
Revista de Direito Administrativo. Brasília, v. 235, jan./mar., 2004.
BIONI, Bruno Ricardo. Proteção de Dados Pessoais: A Função e os Limites do Consentimento.
São Paulo: Forense, 2018.
BRANCO, Sérgio. Memória e Esquecimento na Internet. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2017.
BRENNAN, T. Cooley. The Praetorship in the Roman Republic. Nova York: Oxford University
Press, 2000.
BUCAR, Daniel. Controle Temporal de Dados: o Direito ao Esquecimento. Civilistica.com.
Rio de Janeiro, a. 2, n. 3, jul.-set./2013. Disponível: <http://civilistica.com/wp-content/
uploads/2015/02/Bucar-civilistica.com-a.2.n.3.2013.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2018.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes; MACHADO, Jónatas Eduardo Machado; GAIO JÚNIOR,
Antônio Pereira. Biografia Não Autorizada versus Liberdade de Expressão. Curitiba: Juruá, 2017.
CARO, María Álvarez. Derecho al Olvido en Internet: El Nuevo Paradigma de la Privacidad en
la Era Digital. Madrid: Editorial Reus, 2015.
CASTELLANO, Pére Simon. El Régimen Constitucional del Derecho al Olvido Digital. In: PEÑA-
-LOPEZ, Ismael et al. (orgs.). La Neutralidad de la Red y outros Retos para El Futuro de Internet.
Barcelona: Hyugens Editorial, 2011, p. 395.
CHOERI, Raul Cleber da Silva. O direito à identidade na perspectiva civil-constitucional. Rio
de Janeiro: Renovar, 2010.
CORREIA JR., José Barros; GALVÃO, Luís Holanda. Direito Civil: Da Memória ao
Esquecimento. In: CORREIA JR., José Barros; GALVÃO, Vivianny (orgs.). Direito à
Memória e Direito ao Esquecimento. Maceió: Edufal, 2015.
DONEDA, Danilo. Da Privacidade à Proteção de Dados Pessoais. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 85
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
DOTTI, René Ariel. Proteção da Vida Privada e Liberdade de Informação. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 1980.
EPSTEIN, Robert; ROBERTSON, Ronald E. The Search Engine Manipulation Effect (SEME)
and Its Possible Impact on the Outcome of Elections. Proceedings of the National Academy
of Sciences, Washington D.C., v. 112, n. 33, ago. 2015. Disponível em: <http://www.pnas.org/
content/112/33/E4512.full.pdf>. Acesso em: 04 jan. 2018.
FRIEDMAN, Lawrence. Guarding Life’s Dark Secrets: Legal and Social Controls over Reputation,
Property, and Privacy. Palo Alto: Stanford University Press, 2007.
GLANCY, Dorothy J. The Invention of the Right to Privacy. Arizona Law Review, Tucson, Ari-
zona, v. 21, n. 1, 1979. Disponível em: < https://digitalcommons.law.scu.edu/cgi/viewcontent.
cgi?referer=https://www.google.com.br/&httpsredir=1&article=1318&context=facpubs>. Acesso
em: 20 nov. 2018.
EHRHARDT JR., Marcos; ACIOLI, Bruno de Lima. Uma Agenda para o Direito ao Esquecimento
no Brasil. In: HIRONAKA, Giselda; SANTOS, Romualdo Baptista dos (coord.). Direito Civil: Estu-
dos - Coletânea do XV Encontro dos Grupos de Pesquisa – IBDCivil. São Paulo: Blucher, 2018.
EHRHARDT JR., Marcos; PEIXOTO, Erick Lucena Campos. Breves Notas sobre a Ressignificação
da Privacidade. Revista Brasileira de Direito Civil. Belo Horizonte, v. 16, p. 35-56, abr./jun. 2018.
Disponível em: <https://rbdcivil.ibdcivil.org.br/rbdc/article/view/230> . Acesso em: 10 jun. 2018.
EHRHARDT JR., Marcos. Direito Civil: LINDB e Parte Geral, Vol. 1. Salvador: Juspodivm, 2011.
LINS, Thiago. Análise da aplicação do direito ao esquecimento no julgamento do REsp nº
1.631.329-RJ. Revista Brasileira de Direito Civil – RBDCilvil, Belo Horizonte, v. 15, p. 177-197,
jan./mar. 2018.
LINZER, Peter. The Carolene Products Footnote and the Preferred Position of Individual
Rights: Louis Lusky and John Hart Ely vs. Harlan Fiske Stone. Constitutional Commentary,
Minneapolis, v. 12, n. 2, 1995.
MANTELERO, Alessandro. The EU Proposal for a General Data Protection Regulation and the
Roots of the ‘Right to be Forgotten’. Computer Law and Security Review, Amsterdã, v. 29, n.
3, 2013. Disponível em: <https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2473151>.
Acesso em: 2 jun. 2018.
MARTINEZ, Pablo Dominguez. Direito ao Esquecimento: A Proteção da Memória Individual
na Sociedade de Informação. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2014.
MASNICK, Mike. Since when Is It Illegal to Just Mention a Trademark Online?. Techdirt. Redwood
City, 5 jan. 2005. Disponível em: <https://www.techdirt.com/articles/20050105/0132239.
shtml>. Acesso em: 18 mai. 2019
MAYER-SCHÖNBERGER, Viktor. Delete: The Virtue of Forgetting in the Digital Age. Nova Jersey:
Princenton University Press, 2009.
86 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
POSNER, Richard. The Right of Privacy. Georgian Law Review. Athens, Geórgia, v. 12, n. 3, 1978.
Disponível em: < https://chicagounbound.uchicago.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=2803&-
context=journal_articles>. Acesso em: 25 nov. 2018.
RODOTÀ, Stefano. A Vida na Sociedade de Vigilância: A Privacidade Hoje. Trad. Maria Celina
Bodin de Moraes. Rio de Janeiro: Renovar, 2008.
RODOTÀ, Stefano. El Derecho a Tener Derechos. Madrid: Editoria Trotta, 2014.
RODRIGUES JUNIOR, Otávio Luiz. Brasil debate Direito ao Esquecimento desde 1990. Revista
Consultor Jurídico, Coluna de Direito Comparado. São Paulo, 27 nov. 2013. Disponível em:
<http://twww.conjur.com.br/2013-nov-27/direito-comparado-brasil-debate-direito-esqueci-
mento-1990>. Acesso em: 25 nov. 2018.
RODRIGUES JUNIOR, Otávio Luiz. Direito Comparado: Não há tendências na proteção do
Direito ao Esquecimento. Revista Consultor Jurídico, São Paulo, 25 dez. 2013. Disponível em:
< https://www.conjur.com.br/2013-dez-25/direito-comparado-nao-tendencias-protecao-di-
reito-esquecimento>. Acesso em: 25 nov. 2018.
SARLET, Ingo Wolfgang; FERREIRA NETO, Arthur M. O Direito ao “Esquecimento” na Sociedade
da Informação. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2019.
SARMENTO, Daniel. Liberdades Comunicativas e “Direito ao Esquecimento” na ordem cons-
titucional brasileira. Revista Brasileira de Direito Civil. Rio de Janeiro, v. 7, jan.-mar./2016.
SCHAUER, Frederick. Free Speech: A Philosophical Enquiry. Cambridge: Cambridge University
Press, 1982.
SCHREIBER, Anderson. Direitos da Personalidade. São Paulo: Atlas, 2014.
SCHREIBER, Anderson (Org.). Direito e Mídia. São Paulo: Atlas, 2013.
SCHWABE, Jürgen. Cinquenta Anos Jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal Alemão.
Berlin: Konrad-Adenauer-Stiftung E.V., 2005.
SOLOVE, Daniel J. The Future of Reputation: Gossip, Rumor and Privacy on the Internet. New
Haven: Yale University Press, 2007.
SOLOVE, Daniel J. Understanding Privacy. Cambrigde, Massachussets: Havard University
Press, 2008.
SZEKELY, Ivan. The Right to be Forgotten and the New Archival Paradigm. In: GHEZZI, Alessia
et al (orgs.). The Ethics of Memory in a Digital Age: Interrogating the Right to be Forgotten.
Basingstoke: Palgrave Macmillan Memory Studies, 2014.
WARREN, Samuel; BRANDEIS, Louis. The Right to Privacy. Civilistica.com, Rio de
Janeiro, a. 2, n. 3, jul.-set./2013. Disponível em: <http://civilistica.com/wp-content/
uploads/2015/02/Warren-e-Brandeis-civilistica.com-a.2.n.3.2013.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2018.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 87
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
UNITED STATES OF AMERICA. Children’s Online Privacy Protection Act of 1998. Disponível
em: <https://www.ftc.gov/enforcement/rules/rulemaking-regulatory-reform-proceedings/
childrens-online-privacy-protection-rule>. Acesso em: 07 abr. 2017.
A Transação Tributária e a
Possibilidade de se Conceder
Desconto Sobre o Montante
Principal do Débito
- 88 -
REVISTA DE DIREITO Doutrina 89
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
1
Strumenti deflativi del contencioso, disponibilità dell´obbligazione tributaria e discreziona-
lità dell´amministrazione finanziaria 16299 – 6308. Disponível no seguinte endereço eletrônico
<https://www.academia.edu/15149904/Strumenti_deflativi_del_contenzioso_disponibilit%-
C3%A0_dellobbligazione_tributaria_e_discrezionalit%C3%A0_dellamministrazione_finan-
ziaria?email_work_card=interaction_paper> Acesso em 08 de fevereiro de 2020
2
“Insolvenza, fallimento e dispozione del credito tributario”, editora Ancona, 2006, p. 457.
Indisponibilità e transazione fiscale. Disponível no seguinte endereço eletrônico <http://www.
treccani.it/magazine/diritto/approfondimenti/diritto_tributario/2_marini_transazione_fiscale.
html>Acesso em 06 de fevereiro de 2020.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 91
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
3
“Insolvenza, fallimento e dispozione del credito tributario”, editora Ancona, 2006, p. 457.
Indisponibilità e transazione fiscale. Disponível no seguinte endereço eletrônico <http://www.
treccani.it/magazine/diritto/approfondimenti/diritto_tributario/2_marini_transazione_fiscale.
html>Acesso em 06 de fevereiro de 2020.
92 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
4
Il Messaggero.It. Effetto mini-condono: cancellate cartelle per oltre 32 miliardi, azzerate
quelle sotto 1.000 euro. Disponível no seguinte endereço eletrônico: <https://www.ilmessag-
gero.it/pay/edicola/mini_condono_cartelle_cancellate_oggi_ultime_notizie-4541580.html>.
Acesso em 05 de fevereiro de 2020.
94 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
5
Dados obtidos por meio de declaração pública assinada pelas procuradoras Ângela dos
Santos Farias e Cleide Regina Furlani Pompermaier, Coordenadoras do Programa, membros da
Câmara de Transação de Blumenau e Autoras do Projeto de Lei que resultou na Lei Municipal
nº 8.532/2017.
REVISTA DE DIREITO Doutrina 95
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
6
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS PARA A PRÁTICA DA TRANSAÇÃO TRIBUTÁRIA: DA DIS-
CRICIONARIEDADE COMPARTILHADA E DA COOPERAÇÃO DO CONTRIBUINTE. CAMINHO
PARA A EFICIÊNCIA DA ATIVIDADE TRIBUTÁRIA. Disponível no seguinte endereço eletrônico:
<file:///C:/Users/199605/Downloads/Estudo+importante+sobre+transa%C3%A7%C3%A3o+-
tribut%C3%A1ria.+Dia+31+de+janeiro+de+2020%20(3).pdf>. Acesso em 05 de fevereiro de
2020.
7
Disponível no seguinte endereço eletrônico: <http://dspace.unive.it/bitstream/hand-
le/10579/3113/806309-1164171.pdf?sequence=2>. Acesso em 05 de dezembro de 2019.
96 Doutrina REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
Referências Bibliográficas
MARINI. Giuseppe, citando LUPI “Insolvenza, fallimento e dispozione del credito tributario”,
editora Ancona, 2006, p. 457.
Downloads/sa%C3%A7%C3%A3o+tribut%C3%A1ria.+Dia+31+de+janeiro+de+2020%20(3).
pdf>. Acesso em 05 de fevereiro de 2020.
- 99 -
100 Opinião REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
Uma situação que não deveria ser comum, mas infelizmente é frequen-
temente utilizada. A venda casada em bancos ocorre quando, para contratar
um produto financeiro, um correntista é informado que tem de pagar também
por outro serviço, e nesse momento que o banco se aproveita do correntista
que perante o banco é hipossuficiente e se encontra num momento de vul-
nerabilidade diante a uma pandemia.
Aproveitando da triste situação mundial para aumentar o valor do em-
préstimo, dando assim a novação, o cliente sai com algum valor a mais,
contrata uma venda casa, muitas vezes sem saber, e o banco desconsidera
o que já foi pago do empréstimo anterior, que será considerado tão-somente
para pagamentos das taxas jurus e demais despesas do contrato anterior,
abarcando esse valor em um novo empréstimo que o início de pagamento se
dará incialmente em sessenta dias.
Em concordância com a boa-fé objetiva e a função social do contrato,
o grande volume de causas julgadas no STJ fez surgir, no âmbito interno do
Tribunal, a uniformização do seu entendimento quanto ao tema, culminando
na edição, em 2004, da súmula nº 286, assim ementada:
Alimentos
- 103 -
104 Jurisprudência REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
ser fixado com termo certo, salvo em hipóteses específicas em que um dos
cônjuges não possa por seus próprios meios suprir sua subsistência. 4 - Cabe
a alimentanda o ônus de provar seu estado de necessidade, bem como as
suas limitações ou incapacidades para prover o próprio sustento, que venha
a caracterizar a situação de excepcionalidade. 5 - No caso, o juízo monocrá-
tico julgou procedente o pedido autoral, exonerando o apelado da obrigação
alimentar em razão da reinserção da alimentanda no mercado de trabalho,
aliada a possibilidade da mesma de manter seu próprio sustento, bem como
o lapso temporal em que recebeu a pensão alimentícia discutida, suficiente
para se restabelecer. 6 - A parte ré não trouxe aos autos demonstração dos
fatos articulados em sua defesa, no que se refere à sua impossibilidade
de prover seu próprio sustento. 7 - Apelação cível conhecida e improvida.
Sentença mantida. (Tribunal de Justiça do Estado do Ceará - APL 0091425-
25.2007.8.06.0001 - Quarta Câmara de Direito Privado - Raimundo Nonato
Silva Santos - Julg. 14/04/2020 - DJCE 20/04/2020)
Concessão
Covid-19
Débito
Desconto
Empréstimos Consignados
Artigo 15, § 3º, Lei nº 8.906/1994, dado que foram acostados aos autos as
procurações originalmente outorgadas pelos Autores da Ação de Conheci-
mento principal (processo nº 0039307-75.1989.4.02.5101 em favor de dois
advogados que, subsequentemente (28.04.1994), substabeleceram os poderes
assim outorgados em favor de um dos sócios da R&B Advogados. que, por
sua vez, subscreveu, em 23.07.2013, instrumento particular de cessão de
direitos de créditos de honorários advocatícios em favor da referida socie-
dade, ora Apelada, que lhe autoriza a executar os honorários advocatícios
em questão. 4. Assiste razão à União Federal quando alega que ¿não seria
viável a execução, considerando a necessidade de prévia execução do crédito
principal¿, porquanto os presentes honorários decorrem de condenação nos
autos da Ação de Conhecimento nº 0039307-75.1989.4.02.5101, sendo que
o valor total da execução. de cuja determinação depende a fixação do valor
dos honorários advocatícios (fixados no acórdão transitado em julgado em
10% sobre o valor total da condenação). foi objeto de discussão nos autos
do Agravo de Instrumento nº 0012238-63.2017.4.02.0000, e que ora se
encontra pendente de julgamento de embargos declaratórios, e sendo que
o índice de correção monetária aplicável foi objeto de discussão nos autos
do Agravo de Instrumento nº 0106798-02.2014.4.02.0000, sendo certo que
ainda não há notícia de trânsito em julgado também nesses autos. 5. Não
se pode autorizar a execução dos honorários advocatícios enquanto não for
efetivamente fixado, mediante título judicial transitado em julgado, o exato
valor da condenação, que depende de cálculos a serem efetuados nos autos
do Agravo de Instrumento nº 0012238-63.2017.4.02.0000, após o trânsito
em julgado desse recurso, e com a aplicação do índice de correção monetária
definido nos autos do Agravo de Instrumento nº 0106798-02.2014.4.02.0000.
6. Impõe-se reformar o decisum atacado, com vistas a evitar eventual paga-
mento de honorários a maior ou a menor. o que inevitavelmente ocorreria
se esta verba fosse executada antes do montante principal da execução.
7. Apelação da União Federal provida, anulada a sentença atacada, para
determinar que a execução dos honorários só pode se dar após o cálculo
do montante correto da condenação, após o trânsito em julgado dos dois
142 Jurisprudência REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
Privacidade
e vivem em paz uns com os outros; unem forças para manter a paz na rua,
no prédio, no bairro, na cidade, onde quer que estejam. 12. Preliminares re-
jeitadas. Recurso conhecido e não provido. (Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e dos Territórios - APC 07123.47-88.2019.8.07.0001 - Oitava Turma
Cível - Diaulas Costa Ribeiro - Julg. 01/04/2020 - Publ. PJe 16/04/2020)
Verba Alimentar
DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Informações Gerais
- 149 -
150 Prática Processual REVISTA DE DIREITO
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
II – ilegitimidade de parte;
§ 3º Aplica-se a este Capítulo, no que couber, o disposto nos arts. 534 e 535.
REVISTA DE DIREITO Prática Processual 153
CIVIL E PROCESSUAL
Nº 18 - Abril 2020
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em con-
junto, ativa ou passivamente, quando:
II – ilegitimidade de parte;
(...).