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ACIDENTE DE GOIÂNIA

No dia 13 de setembro de 1987, ocorreu em Goiânia o maior acidente radioativo em área


urbana; a população mundial ainda não havia se recuperado do acidente radioativo que
ocorreu na usina nuclear de Chernobyl, em razão da explosão de um dos reatores, no ano
de 1986. Nessa época já havia em Goiânia a radioterapia, que tem como principal
ferramenta as radiações ionizantes.

As radiações ionizantes, dentro do serviço de radioterapia, são altamente energizadas,


pois possuem pequeno comprimento de onda e alta frequência, e essas podem ser
obtidas através do acelerador linear ou de elementos radioativos.

Em 1987, o IGR (Instituto Goiano de Radiologia) estava fechado e no local havia um


aparelho abandonado utilizado para fazer radioterapia, em seu interior havia o isótopo
césio 137 dentro de uma cápsula, que até então era blindada. O césio 137 é um isótopo
do césio por possuir mesmo número de prótons e diferente número de nêutrons, e é um
radioisótopo por ser emissor de radiação.

Catadores de papel, em busca de sucatas que pudessem ser vendidas a um ferro velho,
invadiram o antigo IGR e levaram para casa a cápsula que continha o césio 137. O
problema surgiu quando eles violaram a cápsula e tiveram acesso ao elemento radioativo
que lá estava.

Após a violação da cápsula, pessoas, animais, superfícies e quase tudo o que estava nas
adjacências sofreram irradiação (receberam incidência de radiação) e foram
contaminadas (presença de elemento radioativo em qualquer superfície que cause risco
potencial de saúde) pelo césio 137.

A radiação emitida por esse isótopo é ionizante, ou seja, possui a capacidade de remover
elétrons da eletrosfera e essa remoção em seres vivos ocasiona alterações genéticas que
podem resultar em câncer, síndrome de down, albinismo, anemia, dentre outras.
Esse acidente gerou cerca de 13,4 toneladas de rejeitos radioativos, várias pessoas com
problemas de saúde e uma ferida incicatrizável na população goiana em razão da
irresponsabilidade de poucos.

https://www.google.com/amp/s/m.brasilescola.uol.com.br/amp/fisica/o-acidente-radioativo-
goiania.htm

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HISTÓRIA
O acidente radiológico de Goiânia, amplamente conhecido como acidente com o
césio-137, foi um grave episódio de contaminação por radioatividade ocorrido no Brasil. A
contaminação teve início em 13 de setembro de 1987, quando um aparelho utilizado em
radioterapias foi encontrado dentro de uma clínica abandonada, no centro de Goiânia, em
Goiás. Foi classificado como nível 5 (acidentes com consequências de longo alcance) na
Escala Internacional de Acidentes Nucleares, que vai de zero a sete, em que o menor
valor corresponde a um desvio, sem significação para segurança, enquanto no outro
extremo estão localizados os acidentes graves.
O instrumento foi encontrado por catadores de um ferro-velho do local, que entenderam
tratar-se de sucata. Foi desmontado e repassado para terceiros, gerando um rastro de
contaminação, o qual afetou seriamente a saúde de centenas de pessoas. O acidente
com césio-137 foi o maior acidente radioativo do Brasil e o maior do mundo ocorrido fora
das usinas nucleares.

Descrição da fonte contaminadora


A contaminação em Goiânia originou-se de uma cápsula que continha cloreto de césio —
um sal obtido a partir do radioisótopo 137 do elemento químico césio. A cápsula radioativa
era parte de um equipamento radioterapêutico onde, dentro deste, encontrava-se
revestida por uma caixa protetora de aço e chumbo. Essa caixa protetora possuía uma
janela feita de irídio, que permitia a passagem da radiação para o exterior.
Esquema do cilindro que continha o césio, composto por: A.) um detentor de fonte
radioativa (geralmente chumbo), que retém a radiação excedente; B.) um anel de
retenção; C.) a fonte do composto que continha o núcleo de césio; D.) duas tampas de
aço inoxidável; E.) tampas de aço inoxidável; F.) um escudo interno (geralmente de uma
liga de tungstênio), que impede a grande saída de radiação; G.) um cilindro de material
radioativo, muitas vezes, mas nem sempre de cobalto-60 . No caso do incidente era
césio-137 . O diâmetro da "fonte" é cerca de 30 mm.
A caixa contendo a cápsula radioativa estava, por sua vez, posicionada num contentor
giratório que dispunha de um colimador. Este servia para direcionar o feixe radioativo,
bem como para controlar a sua intensidade.
Não se pôde conhecer ao certo o número de série da fonte radioativa, mas pensa-se que
ela tenha sido produzida por volta de 1970 pelo Laboratório Nacional de Oak Ridge, nos
Estados Unidos. O material radioativo dentro da cápsula totalizava 0,093 kg, e a sua
radioatividade era, à época do acidente, de 50,9 TBq (= 1375 Ci).
O equipamento radioterápico em questão era do modelo Cesapam F-3000. Foi projetado
nos anos 1950 pela empresa italiana Barazetti e Cia. e comercializado pela empresa
italiana Generay SpA.
O objeto que continha a cápsula de césio foi recolhido pelo Exército e encontra-se
exposto como troféu no interior da Escola de Instrução Especializada, no Rio de Janeiro,
em forma de agradecimento aos que participaram da limpeza da área contaminada.

A ORIGEM DO ACIDENTE
O Instituto Goiano de Radioterapia (IGR) era um instituto privado, localizado na Avenida
Paranaíba, no Centro de Goiânia. O equipamento que gerou a contaminação na cidade
entrou em funcionamento em 1971, tendo sido desativado em 1985, quando o IGR deixou
de operar no endereço mencionado. Com a mudança de localização, o equipamento de
teleterapia foi abandonado no interior das antigas instalações. A maior parte das
edificações pertencentes à clínica foi demolida, mas algumas salas — inclusive aquela em
que se localizava o aparelho — foram mantidas em ruínas.

O DESMONTE DO
EQUIPAMENTO RADIOLÓGICO
Foi no ferro-velho de Devair Ferreira que a cápsula de césio foi aberta para o
reaproveitamento do chumbo. O dono do ferro-velho expôs ao ambiente 19,26 g de
cloreto de césio-137 (CsCl), um sal muito parecido com o sal de cozinha (NaCl), mas que
emite um brilho azulado quando em local desprovido de luz. Devair ficou encantado com o
pó que emitia um brilho azul no escuro. Ele mostrou a descoberta para sua esposa Maria
Gabriela, bem como o distribuiu para familiares e amigos. O irmão de Devair, Ivo Ferreira,
levou um pouco de césio para sua filha, Leide das Neves, que tocou na substância e
ingeriu as partículas do césio junto com um ovo cozido que sua mãe havia preparado para
o jantar. Outro irmão de Devair também teve contato direto com a substância. Pelo fato de
esse sal ser higroscópico, ou seja, absorver a umidade do ar, ele facilmente adere à
roupa, à pele e aos utensílios, podendo contaminar os alimentos e o organismo
internamente. No dia 23 de outubro morreram Leide e Maria Gabriela. Devair Ferreira
passou pelo tratamento de descontaminação no Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de
Janeiro, e morreu sete anos depois.

A EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO
Tão logo expostas à presença do material radioativo, em algumas horas as pessoas
começaram a desenvolver sintomas: náuseas, seguidas de tonturas, com vômitos e
diarreias. Alarmados, os familiares dos contaminados foram inicialmente a drogarias
procurar auxílio, alguns procuraram postos de saúde e foram encaminhados para
hospitais.

A DEMORA NA DETECÇÃO
Os profissionais de saúde, observando os sintomas, pensaram tratar-se de algum tipo de
doença contagiosa desconhecida, medicando os doentes em conformidade com os
sintomas descritos. Maria Gabriela desconfiou que aquele pó que emitia um brilho azul
era o responsável pelos sintomas que ocorriam na sua família. Ela e um empregado do
ferro-velho levaram a cápsula de césio para a Vigilância Sanitária, que ainda permaneceu
durante dois dias abandonada sobre uma cadeira. Durante a entrevista com médicos, a
esposa do dono do ferro-velho relatou para a junta médica que os vômitos e diarreia se
iniciaram depois que seu marido desmontou aquele "aparelho estranho". Só então, no dia
29 de setembro de 1987, foi dado o alerta de contaminação por material radioativo de
milhares de pessoas. Maria Gabriela foi um dos pacientes tratados no Hospital Naval
Marcílio Dias, no Rio de Janeiro e foi uma das primeiras vitimas da contaminação.
O governo da época tentou minimizar o acidente escondendo dados da população, que foi
submetida a uma "seleção" no Estádio Olímpico Pedro Ludovico; os governantes da
época escondiam a tragédia da população, que aterrorizada procurava por auxílio,
dizendo ser apenas um vazamento de gás. Outra razão é que Goiânia sediava, na época,
o GP Internacional de Motovelocidade no Autódromo Internacional Ayrton Senna e o
governador do estado Henrique Santillo não queria que o pânico fosse instalado nos
estrangeiros.

A CONTAMINAÇÃO
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) mandou examinar toda a população da
região. No total 1000 pessoas foram expostas aos efeitos do césio, muitas com
contaminação corporal externa revertida a tempo. Destas, 129 pessoas apresentaram
contaminação corporal interna e externa concreta, vindo a desenvolver sintomas e foram
apenas medicadas. Porém, 49 foram internadas, sendo que 21 precisaram sofrer
tratamento intensivo; destas, quatro não resistiram e acabaram morrendo.
Muitas casas foram esvaziadas, e limpadores a vácuo foram usados para remover a
poeira antes das superfícies serem examinadas para detecção de radioatividade. Para
uma melhor identificação, foi usada uma mistura de ácido e tintas azuis. Telhados foram
limpos a vácuo, mas duas casas tiveram seus telhados removidos. Objetos como
brinquedos, fotografias e utensílios domésticos foram considerados material de rejeito. O
que foi recolhido com a limpeza foi transferido para o Parque Estadual Telma Ortegal.
Até hoje todos os contaminados ainda desenvolvem enfermidades relativas à
contaminação radioativa, fato este muitas vezes não noticiado pela mídia brasileira.
Após trinta anos do desastre radioativo, as várias pessoas contaminadas pela
radioatividade reclamam por não estarem recebendo os medicamentos, que, segundo leis
instituídas, deveriam ser distribuídos pelo governo. E muitas pessoas contaminadas ainda
vivem nas redondezas da região do acidente, entre as Ruas 57, Avenida Paranaíba, Rua
74, Rua 80, Rua 70 e Avenida Goiás; essas pessoas não oferecem, contudo, mais
nenhum risco de contaminação à população.
Em uma casa em que o césio foi distribuído, a residente, esposa do comerciante vizinho à
Devair, jogou o elemento radioativo no vaso sanitário e, em seguida, deu descarga. O
imóvel ficou conhecido como "casa da fossa". Entretanto, a Saneago alegou que a casa
não possuía fossa, sendo construída com cisterna, para a população não pensar que a
água da cidade estaria hipoteticamente contaminada.
VÍTIMAS FATAIS E SEUS NÍVEIS
DE RADIAÇÃO (Gy)
▪ Leide das Neves Ferreira, de 6 anos (6,0 Gy, 600 REM), era filha de Ivo Ferreira e
foi a vítima com a maior dose de radiação do acidente. Inicialmente, quando uma
equipe internacional chegou a tratá-la, ela estava confinada a um quarto isolado no
hospital porque os funcionários estavam com medo de chegar perto dela. Ela
desenvolveu gradualmente inchaço na parte superior do corpo, perda de cabelo,
danos nos rins, pulmões e hemorragia interna. Ela morreu em 23 de outubro de
1987 de septicemia e infecção generalizada no Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio
de Janeiro. Ela foi enterrada em um cemitério comum em Goiânia, em um caixão
especial de fibra de vidro revestida com chumbo para evitar a propagação da
radiação. Apesar destas medidas, ainda houve um início de tumulto no cemitério,
onde mais de 2 000 pessoas, temendo que seu cadáver envenenasse toda a área,
tentaram impedir seu enterro usando pedras e tijolos para bloquear a rua do
cemitério. Depois de dias de impasse, Leide foi enterrada em um caixão de chumbo
lacrado, erguido por um guindaste, devido às altas taxas de radiação e para que
esta fosse contida.
▪ Maria Gabriela Ferreira, de 37 anos (5,7 Gy, 570 REM), esposa do proprietário do
ferro-velho Devair Ferreira, ficou doente cerca de três dias depois de entrar em
contato com a substância. Seu estado de saúde piorou e ela desenvolveu
hemorragia interna, principalmente nos membros, nos olhos e no trato digestivo,
além da perda de cabelo. Ela morreu em 23 de outubro de 1987, cerca de um mês
após a exposição.
▪ Israel Baptista dos Santos, de 22 anos (4,5 Gy, 450 REM), foi um empregado de
Devair Ferreira que trabalhou na fonte radioativa principalmente para extrair o
chumbo. Ele desenvolveu doença respiratória grave e complicações linfáticas.
Acabou por ser internado no hospital e morreu seis dias depois, em 27 de outubro
de 1987.
▪ Admilson Alves de Souza, de 18 anos (5,3 Gy, 530 REM), também foi funcionário
de Devair Ferreira, que também trabalhou na fonte radioativa. Ele desenvolveu
lesão pulmonar, hemorragia interna e danos ao coração. Morreu em 28 de outubro
de 1987
▪ ▪ Devair Alves Ferreira, o dono do ferro-velho sobreviveu em primeira mão à
exposição, apesar de ter recebido 7 Gy de radiação. Os efeitos corporais incluíram
a perda de cabelo e problemas em diversos órgãos. Sentindo-se culpado por abrir a
cápsula, tornou-se alcoólatra e contraiu câncer pela radiação, morrendo 7 anos
depois, em 1994.
▪Ivo Ferreira, pai da menina Leide das Neves Ferreira, teve baixa contaminação. No
entanto, tornou-se depressivo depois da morte da filha e passou a fumar em torno de
seis maços de cigarro por dia, falecendo por enfisema pulmonar em 2003, 16 anos
depois.

A Associação das Vítimas do Césio 137 afirma que até o ano de 2012, quando o
acidente completou 25 anos, cerca de 104 pessoas morreram nos anos seguintes pela
contaminação, decorrente de câncer e outros problemas, e cerca de 1 600 tenham sido
afetadas diretamente. Os resultados para as 46 pessoas com maior nível de
contaminação estão mostrados no gráfico de barras abaixo. Várias pessoas
sobreviveram, apesar das altas doses de radiação. Isto pode ter acontecido, em alguns
casos, porque receberam doses fracionadas. Com o tempo, os mecanismos de reparo do
corpo poderão reverter o dano celular causado pela radiação.

Gráfico de barras mostrando o resultado para as 46 pessoas mais contaminadas e uma


estimativa de dose. As pessoas são divididas em sete grupos de acordo com a dose.
LIXO ATÔMICO
A limpeza produziu 13 500 quilogramas de lixo atômico, que necessitou ser
acondicionado em 14 contêineres que foram totalmente lacrados. Dentro destes estão
1 200 caixas e 2 900 tambores, que permanecerão perigosos para o meio ambiente por
180 anos[7]. Para armazenar esse lixo atômico e atendendo às recomendações do
IBAMA, da CNEN e da CEMAM, o Parque Estadual Telma Ortegal foi criado em Goiânia,
hoje pertencente ao município de Abadia de Goiás, onde se encontra uma "montanha"
artificial onde foram colocados no nível do solo, revestida de uma parede de
aproximadamente 1 (um) metro de espessura de concreto e chumbo.

CONSEQUÊNCIAS
Após o acidente, os imóveis em volta do acidente radiológico tiveram os seus valores
reduzidos, pois quem morava na região queria sair daquele lugar, mas o medo da
população da existência de radiação no ar impedia a compra e construção de novas
habitações. Além da desvalorização dos imóveis, por muito tempo a população local
passou por uma certa discriminação devido ao medo de passar a radiação para outras
pessoas, dificultando o acesso aos serviços, educação e viagens. Muitas lojas e o
comércio que existiam antes do acidente acabaram fechando ou mudando de endereço,
sobrando alguns poucos comerciantes que ainda resistiam em continuar na região.

REVITALIZAÇÃO DA REGIÃO
Mercado Popular da Rua 57 após a reforma.

Somente no final dos anos 90, a região começou a passar uma imagem menos
"assustadora" para os novos inquilinos, através de ações do município e do governo
estadual para a revitalização da região, revalorizando as casas que estavam nas
imediações do acidente.
Em questão de poucos anos, o valor das casas da região central já era entre duas a três
vezes maior do que na época do acidente. No início de 2006, a prefeitura de Goiânia
resolveu revitalizar o antigo Mercado Popular, sendo reinaugurado em novembro de 2006
com a edição 2007 da Casa Cor Goiás, com a presença de autoridades municipais e
estaduais. Em fevereiro de 2007, o Mercado Popular passou a ser um ponto turístico da
cidade, por possuir uma feira gastronômica todas as sextas-feiras à noite, sempre
acompanhada de música ao vivo.
Aos poucos, a região atingida pelo acidente vem sendo valorizada, aumentando o
interesse de grandes empreiteiras construírem prédios de luxo, onde antes eram apenas
casebres abandonados.

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Acidente_radiol%C3%B3gico_de_Goi
%C3%A2nia

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A HISTÓRIA
No dia 13 de setembro de 1987, um aparelho contendo uma peça radioativa foi achado e
aberto por catadores de papel, em Goiânia. O equipamento estava num prédio
abandonado onde funcionava uma clínica desativada.  Os homens acharam que se
tratava de sucata e venderam o fragmento a um ferro-velho. A cápsula projetava uma luz
brilhante que despertou curiosidade, e muita gente acabou manuseando o material.
O acidente foi descoberto duas semanas depois. Após os primeiros sinais de contágio
pela radioatividade, a peça foi levada à Vigilância Sanitária, que constatou tratar-se de
material tóxico. A partir de então, casas e ruas foram isoladas, e a cidade foi invadida por
especialistas e técnicos em radiação. Moradores fizeram testes para saber se estavam
contaminados. Os primeiros atendimentos foram no Estádio Olímpico de Goiânia, e os
casos mais graves foram transferidos para o Rio de Janeiro.
Mais de mil pessoas foram contaminadas por radiação de césio-137. Na ocasião, quatro
morreram. Mas, estima-se que dezenas de pessoas faleceram em consequência de
complicações desenvolvidas a partir da contaminação pelo césio 137.

A tragédia causou uma comoção nacional, mas também gerou, na época, uma
discriminação contra os goianos. Ainda hoje, uma associação de vítimas luta para
resgatar a cidadania dessas pessoas que foram contaminadas.

http://memoriaglobo.globo.com/mobile/programas/jornalismo/coberturas/acidente-
radioativo-em-goiania-cesio-137/acidente-radioativo-em-goiania-cesio-137-a-historia.htm

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ACIDENTE GOIÂNIA E CÉSIO 137


Antes de setembro de 1987, a idéia de um acidente nuclear em território brasileiro era
uma possibilidade remota envolvendo, no máximo, especulações pessimistas sobre as
usinas de Angras dos Reis, no Rio de Janeiro ou, talvez, o IPEN, Instituto de Pesquisas
de Energia Nuclear da Universidade de São Paulo, onde existe um pequeno reator
atômico destinado a pesquisas.
A surpresa e tragédia vieram de lugar e modo completamente inesperados. Quando
explodiram as manchetes relatando casos de morte por envenenamento radiativo,
dezenas de casos confirmados de contaminação e outros milhares sob suspeita, todas as
atenções se voltaram para Goiânia.
A discreta capital de Goiás, no centro do Brasil, colocava em evidência o protagonista
daquele episódio, uma cápsula violada de césio 137, que, negligentemente abandonada,
indevidamente removida, imprudentemente aberta e inadvertidamente manipulada,
espalhou o terror entre uma população que nem desconfiava da existência de tal risco tão
próximo de seus lares.
No abalo causado pelas quatro mortes e dezenas de vítimas graves, o césio 137 passou
a ser visto como um perigoso assassino, por conta de uma desastrosa sucessão de erros
que levou à remoção daquele estranho material de belo brilho azulado da segurança de
seu invólucro de chumbo, onde foi enclausurado para cumprir a missão de ajudar a salvar
vidas, não tirá-las.

Radioterapia
O acidente de Goiânia começou quando uma cápsula de chumbo contendo por volta de
20 gramas de cloreto de césio-137 (CsCl) foi removida de um aparelho de radioterapia
abandonado.
Essa cápsula era uma fonte radiativa, um emissor de radiações utilizado para bombardear
com precisão cellulose cancerígenas e destruí-las sem afetar os tecidos próximos. Dentro
do aparelho e da blindagem, usado sob as condições especificadas, não há contato direto
entre o paciente e o material radiativo, apenas um feixe de partículas oriundo da fonte é
milimetricamente direcionado à área afetada.
Materiais radiativos como césio 137 emitem radiações ionizantes, feixes de partículas ou
de ondas eletromagnéticas capazes de atravessar corpos sólidos, afetando durante o
trajeto suas estruturas atômicas. Radiações ionizantes de alta intensidade podem
provocar lesões nas células e tecidos vivos, causando uma série de efeitos nocivos que
caracterizam o chamado envenenamento por radiação.
Isso aconteceu em Goiânia porque as vítimas tiveram contato físico direto com o material
radiativo removido da cápsula protetora. Assim, não só foram expostas à intensidade
máxima de radiação sem nenhum controle, como a exposição se deu por tempo
prolongado, fatores decisivos para que o envenenamento radiativo se dê.
Na radioterapia, intensidade, tempos de exposição e direcionamento do feixe radiativo
são cuidadosamente controlados de modo que apenas as células cancerígenas sejam
atingidas e destruídas. Nos equipamentos modernos de radioterapia o Cobalto-60
substitui o césio-137 como fonte radiativa por apresentar melhores resultados técnicos e
terapêuticos.

O que é césio-137?
O césio-137 é um radioisótopo, ou seja, um isótopo radiativo do césio. Isótopos de um
elemento químico são as variações de massa atômica que este elemento pode
apresentar. Assim, os isótopos de um mesmo elemento têm o mesmo número atômico e
diferentes números de massa.
O número de massa é a soma dos prótons e nêutrons presentes no núcleo do átomo. Na
maioria dos elementos o número de prótons e nêutrons é igual ou próximo, mas alguns
isótopos possuem muito mais nêutrons do que prótons, e em virtude disto seus núcleos
se tornam instáveis e emitem radiações. Por isto são chamados de isótopos radiativos ou
radioisótopos.
Descoberto em 1860, por Kirchhoff e Bunsen, o elemento químico césio tem número
atômico 55 e seus isótopos mais relevantes são o 133 e o radiativo 137. Assim, o césio-
137 é um radioisótopo do césio que tem em seu núcleo 55 prótons e 82 nêutrons.
Sua meia-vida, o tempo necessário para que sua atividade radiativa caia pela metade, é
de trinta anos e, conforme se desintegra pela emissão radiativa, forma Bário-137. Na
natureza apresenta-se como um metal alcalino, mas pode ser obtido da fissão nuclear do
urânio ou plutônio.
Como em sua forma alcalino-metálica o césio se apresenta no estado líquido à
temperatura ambiente, sua utilização era feita no formato de sais, como o cloreto de
césio, muito parecido com o sal de cozinha, mas que no escuro emite o brilho cristalino
azulado que fascinou e contaminou em Goiânia.

Fonte: https://www.mundovestibular.com.br/articles/4580/1/O-
CESIO-137-E-O-ACIDENTE-NUCLEAR-EM-
GOIANIA/Paacutegina1.html
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VIDEOS
https://youtu.be/pH-8NRIQFMw

https://youtu.be/63UWTcXDdpA

https://youtu.be/4xcZQ9ufxfk
IMAGENS

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