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azeda estava parada ao lado deles, seus braços cruzados.

Quando o trem já havia deixado


a estação completamente, a menina ruiva se sentou de frente para Remus, suspirando
profundamente. Ela o olhou com grandes olhos verdes, molhados de lágrimas. “É tão
horrível dizer adeus, não é?” Ela possuía um sotaque de alguém da classe média.
“Hm, sim, eu acho.” Remus concordou, se sentindo autoconsciente. Ele não gostava muito
de meninas. St Eddy era uma instituição apenas para meninos, e o único contato que
tinham com mulheres era a diretora e a enfermeira da escola – ambas vadias velhas e
malvadas. A menina o olhava curiosamente. “Você também veio de uma família trouxa?
Meu nome é Lily.” “Remus,” ele respondeu “Meu pai era bruxo, mas eu não o conheci...
bem, eu cresci com trouxas.” “Eu não consegui acreditar quando recebi a minha carta,” ela
sorriu calorosamente, se animando, “mas eu não posso esperar para ver como a escola é,
também está ansioso?” Remus não conseguia pensar em como responderia ela – mas ele
não precisou. A porta se abriu mais uma vez e um garoto colocou a cabeça para dentro. Ele
tinha cabelos longos e pretos, como o menino para quem tinha feito careta, mas estes eram
incrivelmente lisos. Tinha um longo nariz e uma expressão carrancuda.
“Aí está você, Lily, estou te procurando a tempos.” Disse enquanto lançava a Remus um
olhar enojado, o tipo de olhar que ele já estava acostumado a receber.
“Sev!” Lily pulou de seu assento e jogou seus braços em torno do menino, “Estou tão feliz
em ver você!” Ele lhe deu tapinhas no ombro timidamente, suas bochechas ficando rosa.
“Venha se sentar no meu vagão, há bastante espaço.” “Ah...” Lily olhou para trás, “Remus
pode vir? Ele está sozinho.” “Eu não tenho certeza,” O outro menino, Sev, olhou para
Remus de cima a baixo, o investigando pedaço por pedaço. O corte de cabelo de bandido,
seu jeans desgastado, a camiseta surrada, a mala de segunda mão. “Talvez não haja tanto
espaço assim.” Remus se ajeitou desleixadamente no banco, jogando seus pés no assento
oposto.
“Sai daqui, então. Eu não quero ir para o seu vagão idiota.” Então, olhou para fora da janela
de propósito.
Lily e o outro menino saíram. Remus deixou seus pés escorregarem de volta para o chão.
Ele suspirou. Estava barulhento do lado de fora. Ele podia ouvir gritos, risos, corujas piando
e alguns estudantes mais jovens ainda chorando. Mais uma vez, ele se viu trancado longe
de todos os outros. Estava começando a pensar que talvez esse seria o fardo da sua vida.
Talvez, quando chegassem a Hogwarts, eles o forçariam a dormir em uma cela sozinho
também.
Houve uma batida repentina na porta – um som curto e animado – e então ela se abriu mais
uma vez. Remus afundou ainda mais em seu assento, enquanto um menino de rosto
amigável com cabelos escuros bagunçados e óculos redondos entrou, sorrindo.
“Eaí!” Ele estendeu sua mão para Remus, “Primeiro ano? Eu também, sou James.” Ele
acenou sua cabeça para trás na direção de um menino baixinho que o seguia. “Este é
Peter.” Ele apertou a mão de James. Fora fácil e confortável. Pela primeira vez, o forte nó
de seu estômago começou a se desatar.
“Remus.” “Podemos sentar aqui? Todos os outros vagões estão cheios e Peter está ficando
enjoado por causa da viagem de trem.” “Não estou não.” Peter murmurou, se sentando do
lado oposto a Remus, o olhando com cautela.
Ele parecia um pouco verde enquanto esfregava suas mãos em seu colo e encarava o
chão.
“Sabe em qual casa você vai entrar?” James perguntou a Remus, diretamente. Ele
balançou a cabeça. Não sabia nada sobre casas. Seria o lugar onde eles dormiriam? “Seus
pais eram de qual casa?” James insistiu. “Eles estudaram em Hogwarts?” Remus acenou,
vagarosamente.
"Meu pai estudou sim, mas eu não sei de qual casa ele era. Minha mãe não. Ela era norm—
trouxa.” Peter olhou para ele de repente. “Você é mestiço?” Remus encolheu os ombros,
impotente.
“Cala a boca, Pettigrew.” James brigou com o menino ao seu lado, “Como se isso se quer
fosse importante.” Remus ia perguntar o que era um mestiço, quando a porta se abriu de
novo. Era o menino bonito que havia lhe dado o dedo na estação. Ele encarou todos
furtivamente.
“Nenhum de vocês é meu parente, certo?” Perguntou pausadamente. Ele tinha o mesmo
sotaque de classe alta que Peter e James tinham. Remus odiou eles todos ao mesmo
tempo, sabendo que o achariam comum – e um mestiço, o que quer que isso seja.
“Acho que não.” James respondeu, sorrindo, “James Potter.” Ele estendeu sua mão
novamente. O outro a apertou.
“Ah ótimo, um Potter. Meu pai me disse para não falar com você.” Se sentou ao lado de
Remus, rindo, “Sirius Black.”Remus coçou sua cabeça, depois o nariz, que ainda estava
escorrendo. Isso estava o incomodando desde o jantar na noite passada, quando um outro
menino o socou. Para ser sincero, ele o tinha chutado primeiro, mas o menino – Malcolm
White – tinha quatorze anos e duas vezes o tamanho de um Remus, de onze. Malcolm tinha
feito alguma piada sobre ele estar indo para uma escola especial para crianças atrasadas, e
ele não podia deixar barato. Agora ele tinha um olho roxo, cujo se arrependia. Todos na
nova escola iriam achar que ele era um valentão, mas então, talvez ele realmente fosse um.
A diretora afastou com um tapa a mão de Remus de sua cabeça e ele lhe lançou uma
careta.
Estavam parados na enorme plataforma de King’s Cross, encarando os números das duas
plataformas. Havia uma de número nove, e então dez. A diretora olhou para a carta em sua
mão de novo.
“Pelo amor de deus.” Ela resmungou.
“Nós temos que correr em direção a parede.” Remus diz, “Eu te disse.” “Não seja ridículo.
Eu não vou correr em direção a nada.” “Eu vou, então. Me deixa aqui.” Remus não tinha
acreditado muito em Dumbledore quando ele explicou como acessar a plataforma 9 ³/4. Mas
então, pacotes começaram a ser entregues por corujas, contendo livros estranho, roupas
esquisitas e todo tipo de bugigangas como penas e pergaminhos. Dumbledore foi
extremamente generoso ao longo do mês anterior, presenteou Remus com uma lista de
itens que precisaria em sua nova escola, e prometeu enviar o máximo que pudesse dos
suprimentos de segunda mão de Hogwarts. A essa altura, estava disposto a acreditar em
qualquer coisa que o velho falasse.
Ele nunca havia tido tantos pertences, e, na verdade, ficou até feliz quando a diretora
trancou tudo em seu escritório para que nada fosse pego por outros meninos. Agora, todas
suas coisas estavam amontoadas em uma velha mala surrada que havia sido doada.
Remus tinha que segura-la de um jeito bem específico para que não desmontasse.
"Eu não vou te deixar em lugar nenhum, Lupin. Só espere aqui enquanto eu tento achar um
guarda.” A diretora saiu andando na direção da bilheteria, seu grande traseiro balançando
enquanto ela avançava. Remus olhou ao redor furtivamente, então lambeu seus lábios.
Aquela poderia ser sua única chance. Ele correu na direção a parede em velocidade
máxima, fechando seus olhos com força quando começou a se aproximar. Mas ele não
bateu em nada. A atmosfera havia mudado, e ele abriu os olhos, se vendo de pé em uma
estação completamente diferente, cercado de pessoas. Não pessoas.
Bruxos. O trem em si era enorme, lindo e antiquado. ‘O expresso de Hogwarts.’ Ele se
agarrou a sua mala com ambas mãos, mordendo seu lábio. Haviam várias crianças, da sua
idade e mais velhas, mas todas estavam com as suas famílias, algumas delas choravam
enquanto eram abraçadas e beijadas por mães protetoras. Remus se sentiu muito pequeno
e muito sozinho, e pensou que seria melhor se ele só se apressasse e subisse no trem.
Lá dentro, ele não conseguia alcançar o bagageiro para guardar suas coisas, então entrou
em um compartimento vazio e colocou a mala ao seu lado no banco. Observou as pessoas
na plataforma pela janela, pressionando sua testa sobre o vidro frio. Se perguntou se todas
aquelas crianças vinham de famílias bruxas. Se perguntou se alguma delas tinham
episódios como ele tinha.
Provavelmente não, já que nenhuma delas pareciam ter cicatrizes. Muitas crianças estavam
vestindo roupas normais, como ele (embora com menos buracos e manchas), mas algumas
vestiam longas vestes escuras e chapéus pontudos. Muitas delas tinham corujas, ou
carregavam gatos em cestas. Ele até viu uma menina com um pequeno lagarto pendurado
no ombro.
Remus estava começando a se sentir ainda mais nervoso, o estômago revirando ao realizar
que, mesmo com Dumbledore dizendo tudo aquilo sobre ‘estar entre pessoas como ele’,
estaria tão fora do lugar em Hogwarts como em qualquer outro colégio ou instituição.
Só então que percebeu que alguém o encarava da estação. Outro menino, da sua idade.
Ele era alto e esguio, mas não magro como Remus. Tinha cabelos pretos, mais longos que
o de qualquer menino que ele já tinha visto, que se enrolavam graciosamente em seus
ombros. As maçãs de seu rosto eram salientes, os lábios grossos e olhos
surpreendentemente azuis. Quando o menino percebeu que o encarava, arqueou uma
sobrancelha perfeita em um gesto que claramente significava ‘o que você está olhando?’
Remus colocou sua língua por debaixo de seu lábio inferior, fazendo seu queixo inchar em
uma careta feia. O outro menino sorriu levemente, levantando os dois dedos para ele.
Remus quase gargalhou.
“Sirius, o que você pensa que está fazendo? Venha para cá de uma vez.” Uma mulher
severa, com as mesmas sobrancelhas angulares que o garoto, apareceu em sua visão,
arrancando seu filho da frente da janela. O menino rolou os olhos, mas obedeceu,
desaparecendo plataforma a dentro.
Remus jogou suas costas sobre o estofado de couro batido e suspirou. Estava ficando com
fome, esperava que a viagem não fosse ser tão longa. A diretora havia empacotado dois
sanduíches dea neve, e possuía uma barba incrivelmente longa que devia chegar no
umbigo. Estranho como era, Remus não se sentiu intimidado como sentia com a maioria
dos adultos. O homem tinha olhos gentis que sorriam para ele por trás do óculos meia-lua
conforme eles se aproximavam.
"Sr. Lupin." O senhor disse, calorosamente. "É um prazer conhece-lo."
Remus encarou, em transe. Ninguém nunca havia se dirigido a ele com tanto respeito
antes. Ele se sentiu quase envergonhado. Apertou a mão do homem, sentindo um choque
ao fazê-lo. Como tocar uma cerca elétrica.
"Oi." Respondeu, ainda o fitando.
"Eu sou o Professor Dumbledore. Gostaria de me acompanhar num passeio pela área? O
dia está tão bonito."
Remus olhou para a diretora, que acenou com a cabeça. O que fez valer a pena ter que
conversar sobre escola com um desconhecido vestido de forma tão diferente - já que ela
nunca o deixava sair nas luas cheias, nem mesmo com supervisão.
Eles passaram por mais alguns corredores, apenas os dois. Remus tinha certeza que nunca
vira Dumbledore em St Edumunds antes, mas ele certamente parecia saber o caminho.
Quando finalmente chegaram ao lado de fora, o garoto inspirou profundamente, os raios de
sol quentes o encobrindo. A “área”, como o homem havia dito, não era muito grande. Um
pedaço de grama amarelada na qual os meninos jogavam futebol e um pequeno pátio com
ervas daninhas crescendo nas rachaduras do concreto.
"Como está se sentindo, Sr. Lupin?" O senhor perguntou. Remus deu de ombros. Se sentia
igual a todas as outras vezes. Machucado e cansado. Dumbledore não o repreendeu por
sua insolência, apenas continuou a sorrir enquanto eles rodeavam lentamente a cerca que
demarcava o perímetro do terreno.
"O que você quer?" Remus finalmente perguntou, chutando uma pedrinha de seu caminho.
"Eu suspeito que você tenha alguma noção." Dumbledore respondeu. Ele alcançou o bolso,
de onde tirou um saco de papel marrom. Remus sentiu o cheiro de balinha de limão, e como
esperado, Dumbledore o ofereceu uma. Ele aceitou e a chupou.
"Você é mágico." Disse seco. "Como meu pai."
"Você se lembra de seu pai, Remus?"
Ele deu de ombros novamente. Não se lembrava muito bem. Tudo que sua memória era
capaz de recordar era a figura alta e magra de um homem que vestia uma capa longa,
enquanto se debruçava sobre o corpo do menino, chorando. Assumiu que tinha sido a noite
que foi mordido, se lembrava disso bem o suficiente.
"Ele era mágico." Remus disse. "Fazia coisas acontecerem. Minha mãe era normal."
Dumbledore sorriu gentilmente à ele.
"Foi isso que sua diretora te contou?"
"Algumas coisas, outras eu já sabia. Ele está morto, de qualquer forma, se matou."
Dumbledore parecia ter sido pego de surpresa com isso, o que agradou Remus. Era algo a
se orgulhar, ter uma história trágica. Ele não pensava no pai com frequência, a não ser para
considerar caso teria se matado se ele não tivesse sido mordido. Remus continuou;
"Mas minha mãe não morreu, ela só não me quis. Então to aqui." Olhou ao redor.
Dumbledore tinha parado de andar. Estavam na parte mais afastada do terreno agora, perto
das cercas altas.
Uma delas tinha uma tábua solta que ninguém sabia sobre. Remus conseguia passar por
ela se quisesse e ir em direção a cidade pela estrada principal. Nunca fazia nada em
particular, só vagava por aí esperando a polícia o encontrar e o levar de volta. Era melhor
que não fazer nada.
"Você gosta daqui?" Dumbledore estava perguntando. Remus bufou.
"Claro que não, cacete." Observou Dumbledore pelo canto do olho, mas não ficou em
problemas por falar um palavrão.
"Não, não imaginei." O senhor reconheceu. "Me contaram que você é um pouco
encrenqueiro, está correto?"
"Não sou pior que os outros." Remus retrucou. "Somos todos garotos problemáticos."
"Sim, eu vejo." Dumbledore esfregou sua barba como se Remus tivesse dito algo
extremamente significativo.
"Tem mais uma bala?" Remus estendeu a mão com expectativa. Dumbledore entregou à ele
o saco e ele quase não acreditou em sua sorte. O velhote era fácil de manipular. Ele
mastigou o quadradinho dessa vez, sentindo ele quebrar como vidro entre seus dentes. O
gostinho de limão explodindo em sua língua como fogos de artifício.
"Eu sou diretor de uma escola, você sabia. A mesma que seu pai frequentou."
Isso desnorteou Remus. Ele engoliu o docinho e coçou a cabeça. Dumbledore continuou;
"É uma escola especial. Para bruxos, como eu. E como você. Você gostaria de aprender
magia Remus?"
Remus balançou a cabeça fervorosamente.
"Eu sou muito burro." Disse firme. "Não vou conseguir entrar."
"Tenho certeza que isso não é verdade."
"Pode perguntar pra ela." Remus virou a cabeça em direção ao grande edifício cinzento na
qual a diretora os esperava. "Eu mal consigo ler. Não sou nada inteligente."
Dumbledore o olhou por um longo tempo.
"Você não teve uma vida muito fácil, Sr. Lupin, e eu sinto muito por isso. Eu conheci seu pai
– apenas um pouco – e tenho certeza que ele não iria querer que... De qualquer forma,
estou aqui para te oferecer algo diferente. Um lugar com pessoas como você. Talvez até
alguma forma de canalizar toda essa raiva que há dentro de você."
Remus o encarou. Que diferença faria, se estivesse numa casa ou outra? A diretora nunca
lhe dava doces, e não cheirava à magia. As crianças da escola de Dumbledore não
poderiam ser piorres que os meninos de St Edmunds, e se fossem, ele pelo menos
conseguia se virar em uma briga. Porém, sempre tinha um porém.a neve, e possuía uma
barba incrivelmente longa que devia chegar no umbigo. Estranho como era, Remus não se
sentiu intimidado como sentia com a maioria dos adultos. O homem tinha olhos gentis que
sorriam para ele por trás do óculos meia-lua conforme eles se aproximavam.
"Sr. Lupin." O senhor disse, calorosamente. "É um prazer conhece-lo."
Remus encarou, em transe. Ninguém nunca havia se dirigido a ele com tanto respeito
antes. Ele se sentiu quase envergonhado. Apertou a mão do homem, sentindo um choque
ao fazê-lo. Como tocar uma cerca elétrica.
"Oi." Respondeu, ainda o fitando.
"Eu sou o Professor Dumbledore. Gostaria de me acompanhar num passeio pela área? O
dia está tão bonito."
Remus olhou para a diretora, que acenou com a cabeça. O que fez valer a pena ter que
conversar sobre escola com um desconhecido vestido de forma tão diferente - já que ela
nunca o deixava sair nas luas cheias, nem mesmo com supervisão.
Eles passaram por mais alguns corredores, apenas os dois. Remus tinha certeza que nunca
vira Dumbledore em St Edumunds antes, mas ele certamente parecia saber o caminho.
Quando finalmente chegaram ao lado de fora, o garoto inspirou profundamente, os raios de
sol quentes o encobrindo. A “área”, como o homem havia dito, não era muito grande. Um
pedaço de grama amarelada na qual os meninos jogavam futebol e um pequeno pátio com
ervas daninhas crescendo nas rachaduras do concreto.
"Como está se sentindo, Sr. Lupin?" O senhor perguntou. Remus deu de ombros. Se sentia
igual a todas as outras vezes. Machucado e cansado. Dumbledore não o repreendeu por
sua insolência, apenas continuou a sorrir enquanto eles rodeavam lentamente a cerca que
demarcava o perímetro do terreno.
"O que você quer?" Remus finalmente perguntou, chutando uma pedrinha de seu caminho.
"Eu suspeito que você tenha alguma noção." Dumbledore respondeu. Ele alcançou o bolso,
de onde tirou um saco de papel marrom. Remus sentiu o cheiro de balinha de limão, e como
esperado, Dumbledore o ofereceu uma. Ele aceitou e a chupou.
"Você é mágico." Disse seco. "Como meu pai."
"Você se lembra de seu pai, Remus?"
Ele deu de ombros novamente. Não se lembrava muito bem. Tudo que sua memória era
capaz de recordar era a figura alta e magra de um homem que vestia uma capa longa,
enquanto se debruçava sobre o corpo do menino, chorando. Assumiu que tinha sido a noite
que foi mordido, se lembrava disso bem o suficiente.
"Ele era mágico." Remus disse. "Fazia coisas acontecerem. Minha mãe era normal."
Dumbledore sorriu gentilmente à ele.
"Foi isso que sua diretora te contou?"
"Algumas coisas, outras eu já sabia. Ele está morto, de qualquer forma, se matou."
Dumbledore parecia ter sido pego de surpresa com isso, o que agradou Remus. Era algo a
se orgulhar, ter uma história trágica. Ele não pensava no pai com frequência, a não ser para
considerar caso teria se matado se ele não tivesse sido mordido. Remus continuou;
"Mas minha mãe não morreu, ela só não me quis. Então to aqui." Olhou ao redor.
Dumbledore tinha parado de andar. Estavam na parte mais afastada do terreno agora, perto
das cercas altas.
Uma delas tinha uma tábua solta que ninguém sabia sobre. Remus conseguia passar por
ela se quisesse e ir em direção a cidade pela estrada principal. Nunca fazia nada em
particular, só vagava por aí esperando a polícia o encontrar e o levar de volta. Era melhor
que não fazer nada.
"Você gosta daqui?" Dumbledore estava perguntando. Remus bufou.
"Claro que não, cacete." Observou Dumbledore pelo canto do olho, mas não ficou em
problemas por falar um palavrão.
"Não, não imaginei." O senhor reconheceu. "Me contaram que você é um pouco
encrenqueiro, está correto?"
"Não sou pior que os outros." Remus retrucou. "Somos todos garotos problemáticos."
"Sim, eu vejo." Dumbledore esfregou sua barba como se Remus tivesse dito algo
extremamente significativo.
"Tem mais uma bala?" Remus estendeu a mão com expectativa. Dumbledore entregou à ele
o saco e ele quase não acreditou em sua sorte. O velhote era fácil de manipular. Ele
mastigou o quadradinho dessa vez, sentindo ele quebrar como vidro entre seus dentes. O
gostinho de limão explodindo em sua língua como fogos de artifício.
"Eu sou diretor de uma escola, você sabia. A mesma que seu pai frequentou."
Isso desnorteou Remus. Ele engoliu o docinho e coçou a cabeça. Dumbledore continuou;
"É uma escola especial. Para bruxos, como eu. E como você. Você gostaria de aprender
magia Remus?"
Remus balançou a cabeça fervorosamente.
"Eu sou muito burro." Disse firme. "Não vou conseguir entrar."
"Tenho certeza que isso não é verdade."
"Pode perguntar pra ela." Remus virou a cabeça em direção ao grande edifício cinzento na
qual a diretora os esperava. "Eu mal consigo ler. Não sou nada inteligente."
Dumbledore o olhou por um longo tempo.
"Você não teve uma vida muito fácil, Sr. Lupin, e eu sinto muito por isso. Eu conheci seu pai
– apenas um pouco – e tenho certeza que ele não iria querer que... De qualquer forma,
estou aqui para te oferecer algo diferente. Um lugar com pessoas como você. Talvez até
alguma forma de canalizar toda essa raiva que há dentro de você."
Remus o encarou. Que diferença faria, se estivesse numa casa ou outra? A diretora nunca
lhe dava doces, e não cheirava à magia. As crianças da escola de Dumbledore não
poderiam ser piorres que os meninos de St Edmunds, e se fossem, ele pelo menos
conseguia se virar em uma briga. Porém, sempre tinha um porém.a neve, e possuía uma
barba incrivelmente longa que devia chegar no umbigo. Estranho como era, Remus não se
sentiu intimidado como sentia com a maioria dos adultos. O homem tinha olhos gentis que
sorriam para ele por trás do óculos meia-lua conforme eles se aproximavam.
"Sr. Lupin." O senhor disse, calorosamente. "É um prazer conhece-lo."
Remus encarou, em transe. Ninguém nunca havia se dirigido a ele com tanto respeito
antes. Ele se sentiu quase envergonhado. Apertou a mão do homem, sentindo um choque
ao fazê-lo. Como tocar uma cerca elétrica.
"Oi." Respondeu, ainda o fitando.
"Eu sou o Professor Dumbledore. Gostaria de me acompanhar num passeio pela área? O
dia está tão bonito."
Remus olhou para a diretora, que acenou com a cabeça. O que fez valer a pena ter que
conversar sobre escola com um desconhecido vestido de forma tão diferente - já que ela
nunca o deixava sair nas luas cheias, nem mesmo com supervisão.
Eles passaram por mais alguns corredores, apenas os dois. Remus tinha certeza que nunca
vira Dumbledore em St Edumunds antes, mas ele certamente parecia saber o caminho.
Quando finalmente chegaram ao lado de fora, o garoto inspirou profundamente, os raios de
sol quentes o encobrindo. A “área”, como o homem havia dito, não era muito grande. Um
pedaço de grama amarelada na qual os meninos jogavam futebol e um pequeno pátio com
ervas daninhas crescendo nas rachaduras do concreto.
"Como está se sentindo, Sr. Lupin?" O senhor perguntou. Remus deu de ombros. Se sentia
igual a todas as outras vezes. Machucado e cansado. Dumbledore não o repreendeu por
sua insolência, apenas continuou a sorrir enquanto eles rodeavam lentamente a cerca que
demarcava o perímetro do terreno.
"O que você quer?" Remus finalmente perguntou, chutando uma pedrinha de seu caminho.
"Eu suspeito que você tenha alguma noção." Dumbledore respondeu. Ele alcançou o bolso,
de onde tirou um saco de papel marrom. Remus sentiu o cheiro de balinha de limão, e como
esperado, Dumbledore o ofereceu uma. Ele aceitou e a chupou.
"Você é mágico." Disse seco. "Como meu pai."
"Você se lembra de seu pai, Remus?"
Ele deu de ombros novamente. Não se lembrava muito bem. Tudo que sua memória era
capaz de recordar era a figura alta e magra de um homem que vestia uma capa longa,
enquanto se debruçava sobre o corpo do menino, chorando. Assumiu que tinha sido a noite
que foi mordido, se lembrava disso bem o suficiente.
"Ele era mágico." Remus disse. "Fazia coisas acontecerem. Minha mãe era normal."
Dumbledore sorriu gentilmente à ele.
"Foi isso que sua diretora te contou?"
"Algumas coisas, outras eu já sabia. Ele está morto, de qualquer forma, se matou."
Dumbledore parecia ter sido pego de surpresa com isso, o que agradou Remus. Era algo a
se orgulhar, ter uma história trágica. Ele não pensava no pai com frequência, a não ser para
considerar caso teria se matado se ele não tivesse sido mordido. Remus continuou;
"Mas minha mãe não morreu, ela só não me quis. Então to aqui." Olhou ao redor.
Dumbledore tinha parado de andar. Estavam na parte mais afastada do terreno agora, perto
das cercas altas.
Uma delas tinha uma tábua solta que ninguém sabia sobre. Remus conseguia passar por
ela se quisesse e ir em direção a cidade pela estrada principal. Nunca fazia nada em
particular, só vagava por aí esperando a polícia o encontrar e o levar de volta. Era melhor
que não fazer nada.
"Você gosta daqui?" Dumbledore estava perguntando. Remus bufou.
"Claro que não, cacete." Observou Dumbledore pelo canto do olho, mas não ficou em
problemas por falar um palavrão.
"Não, não imaginei." O senhor reconheceu. "Me contaram que você é um pouco
encrenqueiro, está correto?"
"Não sou pior que os outros." Remus retrucou. "Somos todos garotos problemáticos."
"Sim, eu vejo." Dumbledore esfregou sua barba como se Remus tivesse dito algo
extremamente significativo.
"Tem mais uma bala?" Remus estendeu a mão com expectativa. Dumbledore entregou à ele
o saco e ele quase não acreditou em sua sorte. O velhote era fácil de manipular. Ele
mastigou o quadradinho dessa vez, sentindo ele quebrar como vidro entre seus dentes. O
gostinho de limão explodindo em sua língua como fogos de artifício.
"Eu sou diretor de uma escola, você sabia. A mesma que seu pai frequentou."
Isso desnorteou Remus. Ele engoliu o docinho e coçou a cabeça. Dumbledore continuou;
"É uma escola especial. Para bruxos, como eu. E como você. Você gostaria de aprender
magia Remus?"
Remus balançou a cabeça fervorosamente.
"Eu sou muito burro." Disse firme. "Não vou conseguir entrar."
"Tenho certeza que isso não é verdade."
"Pode perguntar pra ela." Remus virou a cabeça em direção ao grande edifício cinzento na
qual a diretora os esperava. "Eu mal consigo ler. Não sou nada inteligente."
Dumbledore o olhou por um longo tempo.
"Você não teve uma vida muito fácil, Sr. Lupin, e eu sinto muito por isso. Eu conheci seu pai
– apenas um pouco – e tenho certeza que ele não iria querer que... De qualquer forma,
estou aqui para te oferecer algo diferente. Um lugar com pessoas como você. Talvez até
alguma forma de canalizar toda essa raiva que há dentro de você."
Remus o encarou. Que diferença faria, se estivesse numa casa ou outra? A diretora nunca
lhe dava doces, e não cheirava à magia. As crianças da escola de Dumbledore não
poderiam ser piorres que os meninos de St Edmunds, e se fossem, ele pelo menos
conseguia se virar em uma briga. Porém, sempre tinha um porém.Sábado 7 de agosto ,
1971.
Ele acordou no escuro. Estava muito quente no quartinho que o colocaram, sendo começo
de agosto. Embora, supôs que pudesse ser a febre. Ele sempre ficava com a temperatura
alta na manhã seguinte. Costumavam o deixar em um quarto com uma janelas, mas há uns
meses ele quebrara uma delas, e se não fossem as barras de ferro, teria escapado. Havia
os escutado falar sobre o conter quando ele ficasse mais velho. Estava tentando não pensar
sobre isso.
Se lembrou da sensação de fome, tão intensa que se tornava fúria. Lembrou uivar e
lamentar por horas, circulando a cela de novo e de novo. Talvez o deixassem de fora das
aulas hoje e, então, poderia dormir. Era férias de verão de qualquer jeito, e não era justo
que tivesse aulas enquanto os outros meninos ficavam o dia todo descansando, jogando
futebol ou assistindo televisão. Sentando, se espreguiçou com cuidado, prestando atenção
a cada dor e estalo de suas juntas. Havia um corte novo, feito por uma garra afiada, atrás
de sua orelha esquerda, e uma mordida profunda na sua coxa direita.
Esfregou a mão na cabeça, onde seu cabelo estava raspado bem perto do couro cabeludo
e era espetado sobre seus dedos .Ele odiava, mas todo os meninos do abrigo tinham a
mesma careca espetada. O que significava que, quando podiam ir a cidade nos fins de
semana, todos sabiam que eram rapazes de St. Edmund – o que muito provavelmente era a
intenção. Os donos das lojas sabiam em quem ficar de olho. Não que os garotos tentassem
subverter as expectativas. Tinham lhe falados tantas vezes que eram a escória da
sociedade; tinham sido deixados para trás e ignorados -então porque não causar um pouco
de problema?
Remus ouviu passos no fim do corredor. Era a diretora; podia sentir seu cheiro, escutar as
batidas de seu coração. Seus sentidos sempre estavam mais aguçados após um de seus
episódios. Ele se levantou, puxando o cobertor ao seu redor de si apesar do calor, e foi em
direção a porta para escutar melhor. Ela não estava sozinha, havia um homem em sua
companhia. O cheiro dele era antigo e, de alguma forma, diferente. Um odor forte de ferro
que vagamente lembrava Remus de seu pai. Era magia.
"Você tem certeza que não está perdendo seu tempo?" Ela perguntou ao estranho. "Ele é
um de nossos piores casos."
"Ah, sim." O homem respondeu. Sua voz era rica e calorosa como chocolate quente. "Nós
temos certeza. É aqui que vocês o mantém durante...?"
"Os episódios." A diretora completou em sua voz esganiçada e nasalada. "Para sua própria
proteção. Ele começou a morder, depois de seu último aniversário."
"Entendo." O homen soava pensativo, ao invés de preocupado. "Se me permite perguntar,
senhora, o que é que você sabe da condição do jovem garoto?"
"Tudo que eu preciso saber." Respondeu friamente. "Ele está aqui desde os cinco anos. E
sempre nos deu trabalho - não só porque é um do seu tipo."
"Meu tipo?" O homem respondeu, calmo e impassível. A voz da Matrona ficou quase tão
baixa quanto um sussurro, mas Remus ainda era capaz de escutar.
"Meu irmão era um. Não o vejo há anos é claro, mas ocasionalmente ele ainda me pede
favores. St Edmunds é uma instituição muito especial. Somos equipados para casos
problemáticos. " Remus escutou o chacoalhar de chaves. "Agora, eu preciso vê-lo primeiro,
geralmente tenho de fazer curativos. Eu não entendo porque você decidiu visitá-lo após a
lua cheia em primeiro lugar, se já sabia o que ele era."
O senhor não respondeu, e a diretora se dirigiu ao quarto de Remus, seus saltos de couro
envernizado estalando no piso de pedra. Ela bateu na porta três vezes.
"Lupin? Está acordado?"
"Estou." Ele respondeu, puxando a coberta para mais perto de seu corpo. Suas roupas
eram retiradas para evitar que voltassem em pedaços.
"Estou, diretora." Ela o corrigiu, através da porta.
"Estou, diretora." Remus murmurou, enquanto a chave girava na fechadura. A porta abriu
com um rangido – antes era de madeira simples, e ele sabia que podia esmagá-la
facilmente durante um episódio, mas após o incidente da janela, tinha sido reforçada com
uma chapa de prata. Só o cheiro já o deixava nauseado e com dor de cabeça. A luz invadiu
o quarto como uma onda e ele piscou, desconfortável. Deu um passo para trás,
automaticamente, quando a mulher entrou no quarto.
Ela era uma mulher pontuda, semelhante a um pássaro, com um nariz fino e alongado e
lustrosos olhos escuros.
"Precisa de alguma atadura, dessa vez?"
Ele lhe mostrou as feridas. Não estavam mais sangrando. Havia percebido que os
ferimentos infringidos por si, apesar de profundos, se curavam mais rápido que qualquer
outro corte ou arranhão; nunca nem precisava de curativos. Contudo, as cicatrizes nunca
desapareciam, elas desbotavam e deixavam marcas esbranquiçadas por todo seu corpo. A
diretora ajoelhou, passando antisséptico e o envolvendo com uma gaze que pinicava. Isto
feito, o entregou suas roupas e ele se vestiu rapidamente na frente dela.
"Você tem visita." Ela disse, finalmente, enquanto Remus passava a camiseta sobre a
cabeça. Era cinza, como a de todos os outros.
"Quem?" Ele perguntou, olhando-a nos olhos, pois sabia que ela não gostava.
"Um professor. Está aqui para conversar sobre uma escola."
"Não to afim." Respondeu, ele odiava a escola. "Fala pra ele dá o fora."
A diretora lhe deu um puxão de orelha. Já esperava, então nem se encolheu.
"Controle a língua." Brigou. "Vai fazer como foi mandado ou vou te deixar aqui pelo resto do
dia.
Agora vamos." A mulher agarrou seu braço e o puxou para frente.
Ele franziu a sobrancelha, pensou em se livrar dela, mas não tinha motivo. Poderia ser
trancafiado novamente, e agora estava curioso sobre o estranho. Principalmente porque o
cheiro de magia ficava cada vez mais forte à medida que avançavam pelo corredor sombrio.
O homem que os esperava era bem alto e estava vestido no terno mais estranho que
Remus já tinha visto. Era de um marrom profundo, e as mangas e lapela possuíam um
bordado dourado caprichoso.
Sua gravata era azul meia noite. Ele deveria ser bem velho de fato — seu cabelo era branco
comoDraw 50 @vitoriaaugustalaufeyson:Richard II
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