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Ano XI • Edição 71 • Janeiro a Março de 2020

TECNOLOGIA
A SERVIÇO DO
SANEAMENTO
Como os avanços tecnológicos estão
ajudando o desenvolvimento do setor.

MULHER MUSEU ÁGUA FENASAN


As conquistas das mulheres AESabesp premia os melhores Vem aí o 31º Encontro Técnico
que atuam no setor de projetos arquitetônicos AESabesp/Fenasan 2020!
saneamento
PROMOÇÃO ESTANDE PLUS DIVULGAÇÃO DE MARCA APOIO INSTITUCIONAL
EXPEDIENTE EDITORIAL

Associação dos Engenheiros da Sabesp


Rua Treze de Maio, 1642
Tecnologia, conhecimento
e engajamento pelo
Bela Vista - 01327-002 - São Paulo/ SP
Fone: (11) 3263 0484
Fax: (11) 3141 9041
www.aesabesp.org.br
aesabesp@aesabesp.org.br
Órgão Informativo da Associação
dos Engenheiros da Sabesp
Fundada em 15/09/1986
Tiragem: 6.000 exemplares
avanço do saneamento
Diretoria Executiva
Presidente: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges
Diretor Administrativo: Nizar Qbar
Diretor Financeiro: Hiroshi Ietsugu
Diretora Socioambiental e Cultural: Márcia de Araújo Barbosa Nunes
Diretor de Comunicação e Marketing: Agostinho de Jesus
Prezados associados (as), conselheiro (as), diretores (as) e
Gonçalves Geraldes amigos da AESabesp:
Diretoria Adjunta
Diretoria Técnica: Olavo Alberto Prates Sachs
Diretoria de Esportes e Lazer: Evandro Nunes de Oliveira
Diretoria de Polos Regionais: Antônio Carlos Gianotti É um prazer apresentar a todos vocês a primeira edição da Saneas em 2020, que traz
Diretoria Social: Tarcísio Nagatani
Diretoria Inovações: Luciomar Santos Werneck um tema apaixonante: a tecnologia a serviço do saneamento.
Conselho Deliberativo
Presidente: Reynaldo Eduardo Young Ribeiro
Membros: Abiatar Castro de Oliveira, Alceu Sampaio de Araujo, Na reportagem de capa, apresentamos alguns exemplos de como a Sabesp evolui
Alexandre Domingues Marques, Alzira Amancio Garcia, Carlos
Alberto de Carvalho, Choji Ohara, Cid Barbosa Lima Junior,
Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Alves Martins, Gilberto junto aos avanços tecnológicos mundiais – em IoT, BIM, Modelagem Matemática e
Margarido Bonifácio, Helieder Rosa Zanelli, Ivo Nicolielo Antunes
Junior, João Augusto Poeta, Maria Aparecida Silva de Paula, uso de aplicativos, com o empenho de todas as equipes, e também em outras empre-
Richard Welsch e Walter Antonio Orsatti
Conselho Fiscal sas, além da atuação das startups, mostrando como os avanços tecnológicos ajudam
Aurelindo Rosa dos Santos, Ivan Norberto Borghi e Yazid Naked
Coordenadores
o saneamento na melhoria dos serviços e rumo à tão sonhada universalização.
Conselho e Fundo Editorial: Nélson César Menetti
Membros: Ana Paula Vieira Rogers, Antônio Carlos Roda
Menezes, Benemar Movikawa Tarifa, Débora Soares, Luciomar Esta matéria especial traz ainda uma entrevista com o Prof. Maurício Pazini Brandão,
Santos Werneck, Sandreli Droppa Leta e Suely Matsuguma.
Polos da RMSP: Eduardo Bronzatti Morelli engenheiro aeronáutico, formado pelo ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica e
Assuntos Institucionais: Ester Feche Guimarães
Contratos Terceirizados: Abiatar Castro de Oliveira Diretor Regional do Escritório de São Paulo do MCTIC – Ministério da Ciência, Tecno-
Cursos: Walter Antonio Orsatti
Inovação: Luis Felipe Macruz logia, Inovações e Comunicações. O especialista detalha as iniciativas em tecnologia
Comissão Organizadora do 31º Encontro Técnico
AESabesp - Fenasan 2020 que estão em curso no país.
Presidente da Comissão: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges
Diretor do Encontro Técnico AESabesp: Olavo Alberto Prates Sachs
Diretor da Fenasan: Luciomar Santos Werneck
Membros da Comissão
Março é o mês das mulheres e a Saneas não poderia deixar de homenagear as profis-
Alisson Gomes de Moraes, Alzira Amancio Garcia, Antonio Carlos Roda
Menezes, Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Alves Martins, Iara Regina sionais do Saneamento do Brasil, por meio de histórias de algumas dessas mulheres.
Soares Chao, Maria Aparecida Silva de Paula, Mariza Guimaraes Prota,
Nélson César Menetti, Nilton Gomes, Nizar Qbar, Paulo Ivan Morelli A homenagem se estende à coluna “Vivências”, que apresenta uma trajetória dedi-
Franceschi, Rosangela Cássia M. de Carvalho, Sonia Maria Nogueira e
Silva, Tarcisio Luis Nagatani, Walter Antonio Orsatti cada ao voluntariado. Durante todo o mês, estamos realizando ações para homena-
Equipe de apoio
Ana Rogers, Bruno Bolívia, Maria Flávia da Silva Baroni, Monique Funke, gear as mulheres, como a campanha Mulher AESabesp, que está em nossas redes
Paulo Oliveira, Suely Melo, Vanessa Hasson
Polos AESabesp da Região Metropolitana - RMSP sociais, além da criação de uma Comissão que reúne mulheres atuantes da AESabesp
Polo AESabesp Centro: Patrícia Barbosa Taliberti
Polo AESabesp Coronel Diogo: Rodrigo Pereira Mendonça voltada à promoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Polo AESabesp Costa Carvalho: Patricia de Fatima Goularth
Polo AESabesp Leste: Eduardo Alves Pereira
Polo AESabesp MT: Edmilson Barbosa Prado Estamos preparando a 31ª edição do Encontro Técnico AESabesp/Fenasan 2020,
Polo AESabesp Norte: Eduardo Bronzatti Morelli
Polo AESabesp Oeste: Bendito Silva mais uma grande realização da nossa Associação para o setor, e já trazemos algu-
Polo AESabesp Ponte Pequena: Rogério Welsel
Polo AESabesp Sul: Antonio Ramos Batagliotti
mas novidades para vocês. Deixamos também aqui o convite para visitar a Feira,
Polos AESabesp Regionais
Polo AESabesp Baixada Santista: Zenivaldo Ascenção dos Santos participar do Encontro Técnico e ainda um chamado especial aos profissionais para
Polo AESabesp Botucatu: Leandro Cesar Bizelli
Polo AESabesp Caraguatatuba: Pedro Rogério de Almeida Veiga
Polo AESabesp Franca: José Chozem Kochi que inscrevam seus trabalhos técnicos e participem do Prêmio Jovem Profissional. É
Polo AESabesp Itatiba: Carlos Alberto Miranda Silva
Polo AESabesp Itapetininga: Jorge Luis Rabelo a AESabesp atuando intensamente para valorizar o setor de saneamento, em toda
Polo AESabesp Lins: Carlos Toledo da Silva
Polo AESabesp Presidente Prudente: Gilmar José Peixoto sua cadeia produtiva, o compartilhamento de conhecimento e o desenvolvimento
Polo AESabesp Vale do Paraíba: Sérgio Domingos Ferreira
Polo AESabesp Vale do Ribeira: Jiro Hiroi dos profissionais para que todos tenham mais saúde
Produção Editorial
Foco21 Comunicação e qualidade de vida.
Jornalista Responsável
Ana Paula Vieira Rogers - MTB 27666
anarogers@foco21comunicacao.com Um bom trimestre a todos, boa leitura e até a
Colaboradores
Jéssica Marques e Suely Melo próxima edição!
Fotos
Equipe Estevão Buzato e acervo AESabesp
Projeto visual gráfico e diagramação
Neopix DMI
contato@neopixdmi.com.br
www.neopixdmi.com.br

Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges


A AESabesp não se responsabiliza pela veracidade
de conteúdo de anúncios e de artigos assinados. Presidente da Gestão 2019-2021
ÍNDICE

Tecnologia a Serviço
do Saneamento
Entrevista

Como os avanços
tecnológicos Tecnologia e meio
ambiente
estão ajudando o Entevista com o
desenvolvimento
06
Prof. Maurício
do setor. Pazini Brandão 07

Inteligência Inovação
IoT no Saneamento:
a novidade da
Sabesp que reduz
perdas, contribui Tecnologia BIM na
com o meio Sabesp: melhorias
ambiente e melhora para a empresa
o relacionamento e para o setor de
com o cliente 13 saneamento 16

Tecnologia Visão de futuro Ponto de vista

Modelos
Matemáticos no
Saneamento, Startups no
As novidades do com o especialista saneamento: inovar
setor 20 Kamel Zahed Filho 22 para universalizar 24

Mulher
Artigo Técnico
Eficiência
As conquistas das Energética: Modelo de Sistema
mulheres que distribuição do operação automatizado de
atuam no setor de Sistema São otimizada para detecção e gestão
saneamento 25 Lourenço 29 produção de água 36 de vazamentos 42

Museu Água Fenasan Vivências

Museu Água: Vem aí o


AESabesp premia os 31º Encontro
melhores projetos Técnico AESabesp/ Voluntariado que
arquitetônicos 47 Fenasan 2020! 48 aquece o coração 50
JNS Engenharia, Consultoria e Gerenciamento NA ERA BIM
Tecnologia e Inovação Aliadas à Experiência na Engenharia Consultiva
Parceira da SABESP, a JNS se destaca pela constante busca por aplicação de tecnologias e
proposição de metodologias inovadoras aliadas à excelência técnica na Engenharia Sanitária.

Revisão e Coordenação de projetos


Integração de disciplinas e
Análises de engenharia
verificação de interferências
Simulação de cronogramas / 4D

A JNS possui amplo Know-How nos segmentos de Saneamento, Meio Ambiente, Recursos Hídricos,
Desenvolvimento Urbano e Gerenciamento de Projetos e Empreendimentos, reconhecida pela
experiência, seriedade e qualidade de seus serviços.
Pioneira no desenvolvimento de metodologias para os projetos em BIM no saneamento, oferece
soluções para obras localizadas e lineares. Desde 2014 desenvolve para a SABESP estudos e projetos
de estações de tratamento de água e euentes com base em modelagem paramétrica e adoção
de práticas de interoperabilidade e colaboração intensa entre disciplinas.
Uso de BIM/VDC - desde a
fase de concepção, projetos
de sistemas novos e retrots,
Modelagem das com informação de alta
condições existentes qualidade e nível para apoio
a gerenciamento de obras e
operação.

Criação e concepção em BIM Levantamento e


Quantitativos e estimativas de custos análises por laser scanner 3D

JNS
Avenida Pedroso de Morais, 433 10º e 11º andares - Pinheiros ENGENHARIA,
CEP 05419-902 - São Paulo - SP - Brasil Telefone: +55 11 3039-1166 CONSULTORIA E
Tel.: +55-11-3039-1166 - site www.jnsengenharia.com.br GERENCIAMENTO LTDA
MATÉRIA DE
CAPA

TECNOLOGIA
A tecnologia vem revolucionan-
do diversos aspectos do nosso
planeta, auxiliando no desenvol-

A SERVIÇO DO
vimento de vários setores e na
melhoria da qualidade de vida.
Com o saneamento não é dife-
rente. Internet das Coisas (ou

SANEAMENTO
Internet of Things - IoT), BIM,
funcionalidades via aplicativo de
celular e Modelagem Matemáti-
ca, entre outras, têm contribuído
para o objetivo maior em nosso
país, que é tornar realidade a
universalização.
Nesta reportagem especial, você
conhecerá os avanços que a
tecnologia tem impulsionado na
Sabesp e no setor pelo Brasil.
E ainda uma entrevista especial
com o Prof. Maurício Pazini
Brandão, engenheiro aeronáuti-
co, formado pelo ITA - Instituto
Tecnológico de Aeronáutica e
Diretor Regional do Escritório de
São Paulo do MCTIC - Ministério
da Ciência, Tecnologia, Inovações
e Comunicações.
Leia a seguir.

6 Saneas
ENTREVISTA

Tecnologia e meio ambiente:


Por Prof. Maurício Pazini Brandão aborda as iniciativas do
Suely Melo
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

N
a escala mundial de inovação, com forte centrada na pessoa do brasileiro. O MCTIC é o
129 países, o Brasil ocupa a 66ª po- único ministério que tem um poder de ação transversal,
sição e uma forma de mudar este ce- que atua em todas as áreas. Podemos colaborar com
nário é criando produtos inovadores qualquer ministério. O nosso papel não é resolver pro-
com selo brasileiro e alcance global. É com esta blemas e sim gerar soluções que os outros ministérios
visão que o MCTIC - Ministério da Ciência, Tecno- podem empregar para resolver problemas. Colocadas
logia, Inovações e Comunicações MCTIC trabalha, essas três políticas do ministro Marcos Pontes, uma das
Maurício Pazini Brandão
Engenheiro aeronáutico, hoje, em 5 startups “que vão mudar o mundo. Vão novas secretarias que foram criadas é a do Planejamen-
formado pelo ITA - Instituto gerar produtos brasileiros em escala global e que to, cujo objetivo é gerar estratégias (como executar a
Tecnológico de Aeronáutica,
onde atua como irão trazer riquezas de bilhões de dólares e dinhei- política). Nessa estratégia, serão gerados programas e
professor desde 1979.
É militar, cientista, com ro novo para o Brasil”. As afirmações são de Mau- projetos que não vão ser executados pelo MCTIC, mas
mestrado e doutorado.
Carreira militar, científica rício Pazini Brandão, engenheiro aeronáutico, que por todas unidades vinculadas às instituições de Ciência
e de gestão na área de integra o ministério, formado pelo ITA - Instituto e Tecnologia - públicas e privadas -, por todos os órgãos
Tecnologia e Inovação.
Tecnológico de Aeronáutica (há 42 anos), onde do país que têm interesse na área. Esta secretaria busca
atua como professor desde 1979. o Funding [captação de recursos para investimento] pú-
Com carreira militar, científica e de gestão na área blico ou privado. Para isso, existem instituições e meca-
de Tecnologia e Inovação, além de ser empreendedor nismos em todos os estados, as Fundações de Amparo
e inovador, o professor é Diretor Regional Sul/ Sudes- à Pesquisa: FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos),
te do MCTIC. Na entrevista a seguir, ele fala sobre o CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cien-
panorama do Brasil em relação à tecnologia e às ino- tífico e Tecnológico), EMBRAPII (Empresa Brasileira de
vações voltadas às questões ambientais, bem como Pesquisa e Inovação Industrial); CAPES (Coordenação
outros temas que o novo ministério abrange. O espe- de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior); BN-
cialista destaca, entre outros tópicos, as tecnologias DES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
disruptivas, avanços em Inteligência Artificial e iniciati- Social), falando em termos de governo. E tem todas as
vas que visam solucionar o problema hídrico da região entidades privadas que podem investir também. A Se-
Nordeste, como a dessalinização. cretaria vai atrás do Funding para ajudar os programas
Leia a entrevista na íntegra. e projetos avançarem, e também coleta os resultados,
que são indicadores para serem acompanhados ao lon-
Revista Saneas: Quais os planos do governo para go do tempo. Não temos uma estatística muito clara
ampliar as oportunidades de inovação no país? Que da mortalidade das startups brasileiras, por exemplo.
setores estão mais avançados nesta questão? Então, este é um indicador que está sendo criado. Va-
Prof. Maurício Pazini Brandão: O MCTIC tem por po- mos dizer que no futuro, daqui há uns 10 anos, iremos
lítica um tripé baseado em produzir conhecimento, ge- ver a evolução disso. Se a mortalidade caiu é porque
rar riqueza e melhorar a qualidade de vida do brasileiro. estamos fazendo um bom trabalho, mas enquanto não
O produzir conhecimento faz um elo do nosso trabalho tivermos números para criar um gráfico, não vamos ter
com a área da educação. O gerar riqueza nos liga à área uma percepção se estamos fazendo um bom trabalho
econômica e o melhorar a vida do brasileiro nos liga ou não. Isso não existia, esse trabalho está começando
com o poder psicossocial do país. Há uma preocupação agora no Governo Bolsonaro. Então, veja, nós estamos

Janeiro a Março de 2020 7


ENTREVISTA

atacando todos os temas possíveis, principalmente, aqueles que o uma fábrica no Brasil, consequentemente, vai gerar empregos, es-
mercado nos aborda e considera prioritários. Certamente, alguns já colas e hospitais. E temos ainda as ações militares, que demandem
estão avançando mais que os outros. Estamos avançando agora na obter água. Estamos jogando essas soluções e queremos acabar no
área de Inteligência Artificial (AI). Lançamos editais para isto. Avan- Nordeste com a distribuição de água por meio do carro pipa - uma
çamos bastante na área de águas. Uma das nossas estratégias é solução que não é definitiva, que está politicamente entranhada,
resolver o problema hídrico do Nordeste. Isso é muito amplo. Outra gasta muito tempo/dinheiro e pega pouca água, muitas vezes de
área é a de Tecnologia Assistiva [promove assistência e reabilitação má qualidade. Queremos resolver esse cenário definitivamente. E
com o objetivo de melhorar a qualidade de vida de pessoas com isto está atrelado a duas coisas fundamentais: dar água potável e
deficiência]. Se incluirmos os idosos e quem tem dificuldade de mo- fazer o tratamento dos esgotos. Com isso, virão melhores condi-
bilidade, temos 40 milhões de brasileiros com alguma deficiência ções sanitárias, menos problemas de saúde, menos gastos e mais
(audição, visão, fala...). Materiais estratégicos, incluindo grafeno, felicidade. Com 100 dias do Governo Bolsonaro, foi inaugurado um
nióbio, terras raras, estamos atacando também. A princípio, não laboratório para testar as máquinas prontas de dessalinização, em
vamos abandonar nenhum tema que seja reconhecido como inte- Campina Grande, na Paraíba. A máquina entra na segunda-feira,
ressante para o desenvolvimento nacional. testa até quinta e sai na sexta-feira com o laudo. Todas as máquinas
estão recebendo a mesma água salobra, e o laudo aponta qual é a
Revista Saneas: Em sua visão, qual é o panorama do meio am- água que está saindo, se está boa e potável e qual foi o desempe-
biente no Brasil no âmbito das tecnologias e inovações? nho da máquina, quanto gastou de energia. Podemos chegar no
Prof. Maurício Pazini Brandão: Há um ano, fui com o Ministro Ministério do Desenvolvimento Regional e dizer que temos soluções
Marcos Pontes a Israel para, entre outras coisas, olhar a questão para isso.
da dessalinização. É parte de um problema maior em que pode-
mos resumir basicamente o seguinte: existe todo um manejo de Revista Saneas: A questão do meio ambiente (sobretudo o sa-
água que precisamos tratar. Questão número 1, todos os brasileiros neamento ambiental - água, esgoto, drenagem pluvial e resíduos
precisam ter acesso à água potável. Focando no Nordeste, que é a sólidos) e as condições de saúde da população estão intimamente
região mais carente, há lugares onde se perfura o poço e sai água ligadas. De que forma as novas tecnologias e inovações estão con-
potável. Então, tudo que é necessário é alguma forma de energia tribuindo para melhorar esta relação? Quais são os avanços, neste
para tirar essa água de lá. A energia pode ser solar, eólica, elétrica, sentido? Quais são os maiores desafios?
a que vem de rede. Nesses lugares, a solução existe, não é nada di- Prof. Maurício Pazini Brandão: Deus me deu esse privilégio de
fícil. Em outros lugares, a água sai salobra. Precisamos de máquinas executar a estratégia [do MCTIC]. Atualmente, trabalho com 5 star-
para dessalinizar a água e gerar água potável. Descobrimos há um tups que vão mudar o mundo, vão gerar produtos brasileiros em
ano que há mais de 20 empresas no Brasil com tecnologia própria escala global. Produtos que irão trazer riquezas de bilhões de dóla-
ou importada, que têm máquinas prontas para isso. O resultado res e dinheiro novo para o Brasil. Nessas 5 tecnologias, 4 são ligadas
da dessalinização é uma água salgada, podemos fazer criação de à nanotecnologia. Uma delas é na área de combustíveis e vai fazer
peixe, de camarão e de uma erva que a Embrapa descobriu - a qualquer combustível ser usado de maneira mais eficiente e poluin-
Sálvia, que cresce, absorve o sal da água e serve como comida para do menos, o que vai contribuir enormemente para a saúde. Das
gado. O gado come a fibra e o sal. Em todo lugar, se há solução outras três tecnologias, uma é na área de grafeno. Não sabemos
de energia, é possível resolver o problema da água. Outra coisa ainda quais produtos serão obtidos a partir dele. Mas, por exemplo,
que estamos atacando é pegar esgoto e separar a água do esgoto, já se fala em membranas de dessalinização, se forçar água salobra
isso é feito em Israel. A princípio a água não é potável, mas que é a passar por uma membrana de grafeno, do outro lado sairá água
perfeitamente utilizável na agricultura. Estamos preocupados com potável. Hoje, temos uma série de membranas para obter água po-
o tratamento da água industrial para aumentar o reúso. Ainda em tável, mas que gastam muita energia. Talvez com uma única lâmina
Israel, visitamos uma empresa chamada Watergen [empresa global de grafeno já se consiga o resultado. A maior fonte de água que
sediada no país], que doou 11 máquinas de transformação de va- temos acesso é a água do mar. Podemos pegá-la e tirar água potá-
por de água da atmosfera em água potável. O mercado em Israel vel, que é o que Israel faz. As outras duas tecnologias são nanotec-
é pequeno e no Brasil é grande. Então, a empresa resolveu instalar nologias também, uma é para a agricultura, estamos caminhando

8 Saneas
para eliminar a necessidade de adubo químico. São novos adubos
chamados bioestimulantes, que são alimentos para as plantas. As
plantas comem esse produto, agregam à sua estrutura e não sobra
rejeito nenhum para o meio ambiente. São orgânicos. Temos resul- O produzir conhecimento faz
tados de testes: a planta melhora a fotossíntese, cresce 20% a mais, um elo do nosso trabalho
torna-se mais produtiva e gasta 40% a menos de água. O maior
consumidor de água é a agricultura. Vai melhorar estupidamente o com a área da educação. O
mundo. A outra classe é de biodefensivos. Estamos encaminhando
gerar riqueza nos liga à área
para acabar com os agrotóxicos. Não vai sobrar nada para contami-
nar o meio ambiente. É o material orgânico que a planta absorve. econômica e o melhorar a vida
Temos testes positivos para controle de fungos agrícolas, como é
do brasileiro nos liga com o
o caso do café, do cacau e outros que estão sendo desenvolvidos.
Dentro da mesma linha, essa startup é capaz de criar nanocontro- poder psicossocial do país”
ladores de vetores de doença, como o Aedes aegypti, ou seja, a
larva do Aedes come esse material e morre. Então, o mosquito não
nasce. Ao invés de combater ineficazmente acúmulos de água, que e gasta-se muita coisa - podem gerar novas indústrias no país. Tem
muitas vezes não conseguimos identificar e que são os criadores uma área de Normatização e Inteligência Artificial que pode ajudar
do mosquito, se espalharmos essa substância por aí, o mosquito na gestão das atividades de medicina na área de fármacos. É um
simplesmente não nascerá. Isso é só um exemplo. A mesma tec- trabalho grande de integração de tecnologias aplicadas na área de
nologia entra na área de fármacos. Tudo isso é novidade, inovação medicina. Criamos no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) um
brasileira feita por brasileiros no Brasil. Essas tecnologias vão decolar laboratório de engenharia que está desenvolvendo meios para levar
em escala global trazendo riqueza e qualidade de vida para o povo mais engenharia para a medicina. Estamos trabalhando também na
brasileiro. Dessas 5 tecnologias que estou trabalhando, 2 já estão área de telemedicina. Com a facilidade de comunicação que obte-
entrando no mercado; uma está em fase de certificação (agrícola), e mos, podemos levar especialistas a aconselharem online um agente
2 (grafeno e nanodefensivos/biodefensivos) ainda vão demorar um de medicina, que não necessariamente precisa ser um médico espe-
pouco mais. O grande desafio é fazer tudo acontecer com pouca cialista, pode ser um clínico ou até alguém da área de enfermagem,
gente e pouco dinheiro. Precisa ter equipes muito boas e compe- para prover um atendimento remoto em uma situação que deman-
tentes alinhadas com a filosofia do MCTIC. Mas dinheiro não é o daria até em óbito. O Exército está muito interessado nisso, temos
grande problema, fazendo o envolvimento e a articulação correta, pelotões de fronteira no meio da Floresta Amazônica. Às vezes, na
dinheiro não vai faltar. comunidade, tem um agente de saúde e com essas ferramentas,
um médico clínico, que está lá no meio do mato, vai ter contato
Revista Saneas: Além das Câmaras da Indústria 4.0, Agro 4.0 e online com especialistas dos melhores hospitais.
Cidades Inteligentes 4.0, o MCTIC e Ministério da Saúde lançaram,
em janeiro deste ano, a Câmara da Saúde 4.0, com o objetivo de Revista Saneas: Nunca se debateu tanto como agora sobre os te-
melhorar o uso da tecnologia no setor. Quais são as perspectivas da mas ambientais - tanto os veículos de imprensa quanto a sociedade,
Secretaria para o desenvolvimento desta iniciativa? que ganha cada vez mais voz por meio das redes sociais. Poderia
Prof. Maurício Pazini Brandão: Saúde é uma área que tem um apontar os pontos positivos e negativos deste cenário?
orçamento muito grande, da ordem de centenas de bilhões de re- Prof. Maurício Pazini Brandão: É excelente que todas as pessoas
ais, por ano. Essa é uma área que precisa ser devidamente mapea- possam falar. Temos hoje um sistema político representativo. Ele-
da. Se inserirmos novas tecnologias às iniciativas de engenharia que gemos pessoas que a princípio irão defender nossos interesses no
já existem no país, vamos poder gastar melhor esse dinheiro. Para Legislativo. No futuro, como isso vai evoluir? Creio que continuare-
isso, temos a estratégia transversal de levar mais engenharia para mos tendo representantes, mas eles estarão diretamente conecta-
a área da medicina. Muitos dos insumos usados em medicina são dos aos seus eleitores e serão cobrados pelo que está sendo discu-
importados. Fazer a nacionalização deles - porque eles têm escala tido no Senado ou na Câmara, mesmo que não queira, os eleitores

Janeiro a Março de 2020 9


ENTREVISTA

vão online passar qual é a visão deles. Isso estará público, ele [o haja um grupo de pesquisa formado por professores e alunos, que
político] não vai poder esconder. Não que ele não possa ter vontade a partir dessas ideias surgiu algo que possa dar origem a um novo
própria, mas vamos supor que a maior parte das ações realmente produto, processo ou serviço. E essa ideia mereça ser investigada
represente o eleitor, certamente será eleito. Agora, se contrariar os mais profundamente, ela passará para o ambiente de trabalho de
interesses dos eleitores, provavelmente não será reeleito. Não vai interesse do MCTIC. Resumindo, se os assuntos estiverem muito
ter como escapar disso. O cenário até hoje é que o político se ele- imaturos, no âmbito do conceito e da ideia, devem ser explorados
ge e a princípio não se importa com o eleitorado, age de acordo nas escolas. Quando tiver amadurecido, conceitualmente fortaleci-
com a cabeça dele, com a pressão dos lobbys. E chegaremos a um do e teoricamente verificado para que possa entrar no laboratório,
momento em que poderá ter pressão de lobby econômico, mas os aí sim, é o ambiente de trabalho do MCTIC. Nosso trabalho é rece-
eleitores vão falar o que querem e se ele não contentar os eleitores, ber, verificar e, se tiver futuro, vamos apoiar. Temos as ferramentas
eles vão ficar sabendo. Estamos inaugurando a rede da representa- de apoio do governo, que devem ser usadas com critério porque
tividade online e com total transparência. Isso é maravilhoso. Temos o dinheiro é limitado. Muita gente acha que é dever do governo
que agradecer aos engenheiros eletrônicos, de computação e de apoiar a sua ideia. Mas precisa ver primeiro se a ideia tem viabilida-
telecomunicações, que produziram essas tecnologias todas, aos en- de, se está madura o suficiente, porque estamos investindo dinheiro
genheiros aeronáuticos, aeroespaciais, que colocaram satélites em público nisso. Não impede que ninguém busque dinheiro privado.
órbita, permitindo que as comunicações se exerçam em escala am- Dessas 5 tecnologias apresentadas, algumas delas evoluíram com
pla. A engenharia muda o mundo. É assim que eu enxergo. dinheiro público, mas pelos menos duas foram com dinheiro pri-
vado e zero participação do governo. É possível ter solução, em
Revista Saneas: Qual é o papel da Internet das Coisas (IoT) na termos de desenvolvimento, totalmente privada, do governo ou
saúde? Como podem ser realizadas as melhorias na área por meio público privado. Montamos uma estrutura para atender qualquer
desta tecnologia? caso que aparecer. Vamos ouvir qualquer cidadão brasileiro que
Prof. Maurício Pazini Brandão: Preferimos trabalhar com a figura queira ter isso. A entrada na página (Programa Centelha: http://
da Indústria 4.0, que engloba 9 tecnologias. Dentro dela, encon- www.mctic.gov.br/) já está aí e aquelas que identificarmos que
tramos Inteligência Artificial e IoT. A IoT é um pedaço da chamada merecem uma atenção especial, vão receber apoio. Esse pipeline
da Indústria 4.0. Só vai existir, se tivermos diversos sistemas que de tratamento científico e tecnológico também não existia. Foi
conversem entre si, em tempo real, tomem decisões e as executem criado neste governo.
automaticamente. Precisamos avançar a Inteligência Artificial, a ca-
pacidade de cada sistema de perceber o que está acontecendo e Revista Saneas: Qual é a situação das comunicações no país? Quais
conversar com outros sistemas. IoT, Inteligência Artificial, robótica são os pontos que precisam ser melhorados? Em que avançamos?
avançada, manufatura avançada, manufatura aditiva, integração Prof. Maurício Pazini Brandão: Os números da telecomunicações
de tecnologias estão todas dentro da Indústria 4.0, que já tem a sua variam rapidamente com o tempo. Já vi chegar a 60% e foi evoluin-
Câmara no MCTIC. do. Hoje, 70% da sociedade brasileira está conectada. O ministro
Marcos Pontes verificou que usando a capacidade do satélite de
Revista Saneas: Como a sociedade brasileira em seus diversos se- comunicações, que está em órbita, poderia levar diretamente do
tores pode participar dos avanços tecnológicos e inovação? satélite internet para lugares remotos. Para celebrar os 400 dias
Prof. Maurício Pazini Brandão: Primeiro, estamos abertos para do Governo Bolsonaro (5 de fevereiro) foi divulgado um filme do
receber qualquer pessoa que tenha interesse para interagir conos- MCTIC comemorando quantas mil escolas remotamente foram co-
co. Já formamos uma doutrina porque somos poucos, temos uma nectadas. Nas telecomunicações tem-se: links baseados em terra
capacidade limitada de trabalho e de atendimento. Gostaria que o ou oriundos do espaço. Um lugar remoto, não tem links terrestres
povo percebesse todos os assuntos que estejam no âmbito do TRL suficientes para o sinal chegar, mas o do satélite chega. Isso está
do 1 ao 3 (saiba mais na página 11). O ambiente de desenvolvimen- sendo muito explorado e comemorado porque o satélite tinha uma
to disso é a universidade. As universidades hoje estão no âmbito do capacidade de atender o que não estava sendo explorado. Agora,
MEC. E enquanto as coisas estiverem no âmbito das ideias isso deve devido ao agronegócio e utilização de máquinas bastante inteligen-
ser desenvolvido nas escolas públicas e privadas. Vamos supor que tes, precisamos levar comunicações: WI-FI, internet para a área ru-

10 Saneas
ral. Resumindo o cenário, podemos ter 70% dos brasileiros conec-
tados, mas isso corresponde à área urbana. Dos 8.500.000 km² do
Brasil, a área rural coberta é apenas de alguns % porque a conexão Na visão do MCTIC
é fortemente urbana. Temos agora empresas que estão surgindo
CIÊNCIA: é o principal insumo para a to-
para levar conexão para a área rural, ou seja, ampliar a conexão dos
mada de decisões. Quanto mais acesso a
brasileiros em qualquer lugar do país. Inicialmente, essas empresas Ciência tiver o decisor, melhor será a qua-
irão começar com 4G e à medida que o 5G chegar também [será lidade de suas decisões e melhor o impacto
delas na sociedade. “É importante perceber
utilizada]. Além das redes terrestres de elo de comunicações, da isso porque tem muita gente no Brasil hoje,
conexão direta do satélite, estamos trabalhando também com links grandes autoridades, tomando decisões e
não necessariamente tem nas mãos conheci-
aéreos - são veículos aéreos não tripulados de altitude, que poderão
mento do fato para tomar decisão.”
colaborar nessa cobertura. Eles podem ser links com o satélite e
com as bases terrestres. Em relação ao setor automotivo (participei TECNOLOGIA: a instrumentalização da Ci-
ência no caminho da Inovação.
recentemente de uma reunião com a ANFAVEA - Associação Na-
cional dos Fabricantes de Veículos Automotores e as provedoras de INOVAÇÃO: um novo produto, um novo
processo, um novo serviço ou uma nova es-
conexões) e a ANFAVEA já está reocupada com a mobilidade urba-
trutura organizacional colocados à disposi-
na e com os veículos autônomos, que que vão usar tecnologia IoT, ção da sociedade. “Enquanto não tiver ge-
5G, mas para isso tem que ter rede. Enquanto é urbano, tudo bem, rando nota fiscal e retorno econômico, não
é inovação.
e se um caminhão autônomo precisar ir daqui para a Colômbia?
Precisamos ter cobertura o tempo todo. Estamos trabalhando nisso. EMPREENDEDORISMO: é qualquer ação
que possa ser feita para amadurecer uma
dada tecnologia, transformá-la em inovação,
Novo ministério abrange todos os temas particularmente fazê-la escapar ao Vale da
inerentes à sociedade brasileira, Morte e virar um negócio. “O caminho é
longo, no meio tem o Vale da Morte, que é
inclusive saneamento onde a maioria das inovações morrem por-
O professor Maurício Brandão explica que o ministério anterior fo- que não conseguem passar nos critérios”.
cava fortemente em três assuntos: Radiodifusão, Telecomunicações
e Tecnologia da Informação. O novo mudou a identidade com o
objetivo de abranger todos os assuntos inerentes à sociedade bra-
sileira, como o saneamento, que não era abordado, segundo ele.
“Precisávamos de uma nova estrutura”, conta. Como é professor De acordo com o professor, o ministério está estruturado para
de Engenharia Aeroespacial e o ministro Marcos Pontes é astronau- ter 7 secretarias, 4 são dedicadas à Gestão, Regulação e Opera-
ta, encontraram em numa ideia da NASA a forma para organizar ção, e 3 são voltadas para a Ciência, Tecnologia e Inovação. A
o ministério. Sefae (Secretaria de Políticas para Formação e Ações Estratégicas)
Trata-se de um conceito chamado Technology Readiness Levels trata dos assuntos da TRL 1 a 6; a Setap (Secretaria de Tecnologias
- TRL [método desenvolvido pela NASA para avaliar a maturidade Aplicadas), inaugurada em Brasília pelo professor Brandão, cuida
das tecnologias durante a fase de aquisição de um programa], da TRL de 7 a 9, e a SEMPI (Secretaria de Empreendedorismo e
publicado em 1995, passando a ser usado pelas organizações. TRL Inovação), que cuida de qualquer assunto de 1 a 9, mas sob o viés
é uma escala que vai de 1 a 9 (1 é Ciência pura e 9 é inovação). de startups, incubadoras, impactos tecnológicos e transformação
Desta forma, tem-se: 1) Pesquisa Básica; 2) Pesquisa Aplicada; 3) de uma inovação em negócio.
Concepção de Aplicações; 4) Prova de Conceitos; 5) Prototipação; “Colocada nessa visão”, detalha o professor, “o ambiente tí-
6) Ensaios Ambientais; 7) Qualificação Operacional; 8) Demonstra- pico da universidade trabalha a TRL 1, 2 e 3; os Centros de P&D
ção de Requisitos; 9) Emprego Operacional. O conceito, de acordo (Pesquisa e Desenvolvimento) trabalham tipicamente TRL 4, 5 e 6;
com o especialista, tornou-se uma NORMA ISO, em 2013, e foi e a indústria está interessada em 7, 8 e 9. A indústria quer uma
traduzida pela ABNT, em 2015. “Encontramos a inspiração para resposta rápida. Existe interação entre a indústria e a universidade,
estruturar o novo MCTIC”, sublinha Maurício Brandão. mas será melhor se tiver um Centro P&D no meio”, reforça.

Janeiro a Março de 2020 11


ENTREVISTA

Vale da morte Isso acontece, de acordo com o professor, porque o país não
Conforme o especialista, o Vale da Morte está no TRL 4 a 6. “É tem produtos inovadores de escala global. Ele novamente recorre
quando tem que entrar no laboratório e isso começa a ficar caro. ao exemplo da Apple, o iPhone está no mundo inteiro. “Preci-
Se não tiver investidor, morre. Estamos atacando o Vale da Morte samos criar produtos inovadores com selo brasileiro. Usamos o
com as 3 Secretarias (Sefae, Setap e Sempi). Continuamos com Ra- Waze (israelense). Precisamos usar produtos brasileiros”, diz.
diodifusão, Telecomunicações e a Secretaria Executiva e Secretaria Pensando nisso, foi criado o Programa Centelha. “Qualquer
de Planejamento”, informa. As tecnologias foram divididas em 4 pessoa com uma boa ideia pode cadastrá-la no site do ministério
grupos, de acordo com Brandão: e isso vai sendo filtrado. Isso é novo, começou em 2019”, escla-
1) Tecnologias Estratégicas (são civis e militares); rece. E lembra que o maior disruptor brasileiro é o avião - levado
2) Tecnologias da Economia de primeiro, segundo e terceiro nível; ao TRL9, criado por Santos Dumont - o que muitos países não
3) Tecnologia ligadas ao Meio Ambiente e Sustentabilidade; e querem reconhecer.
4) Tecnologias Sociais. “Essa é a nova identidade do MCTIC. São políticas de Estado,
Segundo Maurício Brandão, as três maiores razões para uma não tem nada de política partidária. Não importa quem esteja no
startup desaparecer são: a não absorção do produto pelo mer- governo. É o que queremos implementar, criar uma cultura que
cado, ele não está preparado para aquilo; não ter dinheiro, uma se daqui 3 ou 7 anos, a esquerda voltar ao poder, terá que usar. A
startup precisa de investimento; e briga da equipe devido às di- esquerda pode focar mais a área social, a redistribuição da rique-
ficuldades que aparecem. “Conhecemos essas razões e estamos za, mas o cerne que está estabelecido aqui, esperamos que seja
estudando os meios de minimizar a morte das startups, ou seja, imutável e perene”.
fazer com que a taxa de sucesso dela seja ampliada”, diz. “Temos
nesse trabalhos três objetivos a atingir: fazer com que as inova- Tecnologias disruptivas
ções aconteçam. Se elas costumam morrer, vamos tentar mini- O professor diz que o MCTIC trabalha diversas estratégias, mas des-
mizar isso e fazer acontecer; fazer com que a decolagem dessas taca uma. Para contextualizar, ele salienta que o que mais falta no
tecnologias seja feita no Brasil - é a única forma de trazer dinheiro Brasil hoje é dinheiro novo. “Vemos políticos brigando para tirar
para o país, gerar emprego, renda, melhorar a qualidade de vida, dinheiro de um lugar e colocar em outro. Achamos que a solução
dar ao governo a chance de alavancar economia e o recolhimento para esse problema é dinheiro novo. E dinheiro novo vem de ino-
de impostos; e quando houver a identificação de quem vai ser vação, que se for boa, vai entrar em operação e vai mudar o cená-
impactado negativamente, ao invés de fazer uma estratégia de rio econômico, gerar novas riquezas. Esta é a ideia”, frisa, citando
confronto, temos que fazer uma estratégia de transição. Convidar Roberto Campos, a quem chama de guru econômico: “se a gente
os impactados a se reajustarem à onda que virá”, acentua. quiser grandes riquezas, temos que investir em alto valor agregado,
Ele reafirma que as startups precisam de dinheiro para decolar, aquilo que vem da educação e da tecnologia”.
pois encontram dificuldades e cabe ao governo criar um cenário “A estratégia”, prossegue o especialista, “é privilegiar as tec-
favorável ao desenvolvimento. “Em termos econômicos, falamos nologias disruptivas de interesse da sociedade brasileira. Se colo-
em economia circular, que não produz rejeitos. Vamos trabalhar carmos novidade versus impacto, a grande maioria das inovações
com trocas de tecnologia. Se as novas tecnologias que chegarem, será revolucionária, que se caracteriza por pegar algo que já existe
reduzirem o custo Brasil, melhorarem produtividade, competivi- e melhorar alguns % (um dígito por cento). Uma inovação disrup-
dade, sustentabilidade, segurança e ambiente de trabalho, tudo tiva muda radicalmente o cenário, traz melhorias de indicadores
isso será bom”, avalia o engenheiro. Ele acrescenta que o ideal é na casa dos 2 dígitos por cento”, exemplifica. Ele lembra de um
atrair investidor do setor privado porque o governo hoje não tem paper que escreveu há alguns anos sobre as características da ino-
dinheiro. “Não adianta uma startup ter a melhor solução do mun- vação disruptiva, entre as quais estão “ter uma ideia maluca, caso
do e achar que o governo precisa investir na empresa. A princípio típico do iPhone. O Steve Jobs não saiu perguntando, ele criou a
tem que buscar investimento privado”, frisa. “Há uma escala de coisa”, reitera, “o mercado não é o protagonista, não dita o que
inovação mundial de 129 países, e o Brasil está na 66ª posição. É vai ser feito, o negócio é feito e o mercado se adapta àquele pro-
uma posição ruim”, complementa. duto; a quebra de paradigmas entre outros”.

12 Saneas
INTELIGÊNCIA

IoT no Saneamento: a novidade da


Sabesp que reduz perdas, contribui
com o meio ambiente e melhora o
relacionamento com o cliente

E
Por m mais uma iniciativa precursora na uma empresa do porte da Sabesp necessita cada vez
Suely Melo área de saneamento, que traz inova- mais de tecnologias que permitam atuação à distân-
ção e eficiência para o setor, a Sabesp cia. Ao longo dos anos se fez o monitoramento de
iniciou um projeto de IoT (Internet das consumo por meio de equipamentos de GPRS [Gene-
Coisas) para medir o consumo de água. De baixo ral Packet Radio Service], que permitia acompanhar o
custo, a tecnologia garante redução de perdas de consumo dos principais clientes, mas limitava o nú-
água, contribuindo para o meio ambiente, com- mero de instalações devido ao alto custo dos equipa-
bate a fraudes e melhora no relacionamento com mentos e da comunicação. Com a oportunidade de
os clientes. realização deste monitoramento através da utilização
Para explicar sobre o IoT no Saneamento, a Revista de equipamentos de menor custo, aliado a um custo
Marcello Xavier Veiga
Superintendente Saneas entrevistou Marcello Veiga, Superintendente de comunicação acessível, a diretoria não hesitou, em
de Planejamento e
Desenvolvimento da de Planejamento e Desenvolvimento da Sabesp. “Um 2018, em realizar um projeto piloto visando avaliar
Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo projeto desta magnitude é importante não só para São a cobertura das redes de IoT [Internet da Coisas] na
- Sabesp Paulo, mas para todo o setor de saneamento”, destaca. região onde atua. A ação foi bastante positiva e per-
Marcello Veiga é o principal
executivo da Superintendência Confira a entrevista: mitiu que, em 2019, a Sabesp realizasse a primeira lici-
de Planejamento e
Desenvolvimento, área Revista Saneas: Como surgiu a ideia de trazer a ino- tação voltada ao monitoramento de consumo através
que atende toda a Região
Metropolitana de São Paulo. vação da Internet das Coisas para o Setor de Sane- de redes de IoT.
Bacharel em Administração amento? E qual a importância desta iniciativa para Um projeto desta magnitude é importante não só
e pós-graduado em
Finanças.  Atuou na área de São Paulo? para São Paulo, mas para todo o setor de saneamento,
Controladoria e atualmente
coordena as áreas de Marcello Veiga: A Diretoria Metropolitana da Sabesp uma vez que permite aprimorar as estratégias, focando
Planejamento, Gestão
sendo responsável pelo atua constantemente na busca pela inovação. E a atu- principalmente o combate às perdas e a prestação de
desenvolvimento de novas
tecnologias para o setor de ação em monitoramento e controle de equipamentos um melhor serviço aos nossos clientes, de forma eficaz
saneamento. sempre trouxe grandes oportunidades, uma vez que e financeiramente viável.

Janeiro a Março de 2020 13


INTELIGÊNCIA

relativamente altos, o que dificulta a aplicação em larga escala, mas


Mais sobre a IoT
acreditamos que, a médio prazo, os preços devem reduzir, tornan-
A tecnologia IoT permite a conexão de dispositivos do coti- do viável a aplicação em clientes com menor consumo.
diano, como geladeiras, fechaduras, câmeras de segurança
e TVs, com a internet.
O novo sistema foi testado com êxito, em 2018. Diante dis- Revista Saneas: Quais são os principais benefícios para os clientes?
so, a Companhia iniciou a instalação de 100 mil hidrôme- Marcello Veiga: Uma vez que a Sabesp passa a monitorar o con-
tros inteligentes nos maiores clientes da Grande São Paulo.
sumo diário dos imóveis, o cliente também tem acesso a estas in-
Eles terão seu consumo de água medido diariamente de
maneira remota. formações por meio do APP Sabesp, podendo realizar a gestão de
seu consumo. Isso facilita a identificação de possíveis vazamentos e
CONTRATAÇÃO POR DESEMPENHO
Outra novidade neste cenário é a contratação por desem- até evita surpresas na conta, já que o APP apresenta ao cliente, ao
penho. Neste caso, o fornecedor opera o sistema e é re- longo do mês, uma projeção de consumo baseada em seu histórico.
munerado com base na comunicação dos dados. Segundo
A Sabesp também faz uso de ferramentas que permitem identificar
a empresa, no projeto-piloto, em operação desde maio de
2018, foram instalados 500 pontos. Nessa etapa, a Sabesp anomalias nos medidores e apontar possíveis vazamentos internos
verificou, por exemplo, anomalias de consumo. Foi o que no imóvel, condição que melhora muito o relacionamento entre a
aconteceu em uma escola em São Paulo, que se livrou de
um vazamento (que causava prejuízos) após a detecção de Companhia e clientes.
alta incomum de consumo no período noturno.
De acordo com a empresa, 5 hidrômetros inteligentes desta
Revista Saneas: Em relação à sustentabilidade, de que forma o
nova etapa foram instalados em prédios da Universidade
de São Paulo e já estão em ação. A implantação na Grande projeto vai impactar positivamente o meio ambiente?
São Paulo será gradativa ao longo de 12 meses em consu- Marcello Veiga: Por se tratar de um projeto de combate às perdas,
midores como shoppings centers, condomínios e indústrias.
ele já tem todo o impacto positivo voltado ao meio ambiente, pois
VANTAGENS PARA O CONSUMIDOR permite à Companhia atuar rapidamente no controle de desperdí-
O próximo passo da iniciativa é disponibilizar as medições cio de água e estimula os clientes ao uso racional e eficaz da água.
diretamente para o consumidor, por meio do aplicativo Sa-
besp Mobile, que vai possibilitar que ele faça a gestão diária Mas vai além. Esses são medidores com maior vida útil, condição
de seu consumo (em vez de mensal) e verifique com muito que aumenta o tempo de troca, reduzindo o descarte de materiais.
mais facilidade eventuais aumentos e reduções do gasto.
E, indiretamente, ajudamos na redução da emissão de poluentes
com automóveis, uma vez que o número de vistorias em imóveis
ou de visitas para substituição de medidores diminuem. Além dis-
Revista Saneas: Quais são os desafios na implantação do projeto? so, em um futuro breve, o cliente poderá receber suas contas por
Marcello Veiga: Mesmo trabalhando, atualmente, somente com e-mail, evitando a impressão.
100 mil clientes, que representam aproximadamente 2% dos clien-
tes da Região Metropolitana de São Paulo, este é um projeto gran- Revista Saneas: IOT no Saneamento já está em operação desde
de. São mais de 8.000 trocas de hidrômetros por mês, sendo a meados de 2018. Qual é a avaliação sobre os impactos gerados?
maior parte delas de grande diâmetro. Requer uma logística bem Quais os principais problemas detectados?
elaborada por parte do contratado, além de atuação forte das áreas Marcello Veiga: A avaliação é bastante positiva e desde que a Sa-
comerciais em comunicar todos os clientes que vão receber a tecno- besp iniciou este trabalho percebemos que o mercado voltado a IoT
logia em seus imóveis. enxergou a oportunidade existente no saneamento. Desde então
diversas opções de uso estão surgindo e a tendência é que a adoção
Revista Saneas: A iniciativa é voltada por enquanto somente a desta tecnologia cresça no segmento. Isso vai permitir uma gestão
grandes consumidores como prédios universitários, shoppings e cada vez mais estratégica, elevando os resultados das companhias e
condomínios, por exemplo. Qual é a perspectiva para que serviço prestando um serviço mais eficaz aos clientes. Até o momento não
chegue ao consumidor em geral? foram identificados problemas, vamos avaliar o desenvolvimento
Marcello Veiga: Como o foco principal do projeto é reduzir perdas, deste projeto inovador ao longo dos 60 meses do contrato.
trabalharemos nos 100 mil clientes de maior consumo da diretoria.
Ou seja, comércios, indústrias, órgãos públicos e condomínios resi- Revista Saneas: Sobre contratação por desempenho, poderia ex-
denciais. Hoje os medidores inteligentes ainda apresentam custos plicar sobre esta questão? Como é feita? Quais são as vantagens?

14 Saneas
Marcello Veiga: A contratação por performance ou desempenho
é o modelo utilizado pela Sabesp. Neste modelo de contratação,
a Companhia paga pelos resultados. O fornecedor realiza todo o
investimento em equipamentos e mão de obra no início do con-
trato e é remunerado, mensalmente, pelos dados entregues ao
longo dos meses de contrato, mediante o cumprimento de metas.
Se isso não ocorrer, os valores medidos serão menores, condição
que leva ao empenho do fornecedor ao longo de todo o contrato
para atingir 100% dos resultados e garantir o recebimento total.
A grande vantagem deste contrato é o fato de o investimento
inicial partir do fornecedor, antecipando assim a execução e pos-
tergando o desembolso por parte da Sabesp.

Revista Saneas: Como funcionam os hidrômetros inteligentes?


Marcello Veiga: Os medidores utilizados são ultrassônicos, estes
hidrômetros não possuem partes móveis, o que faz com que não APP Sabesp
sofra desgaste ao longo da sua vida útil. Ele ainda tem a capacida-
de de informar eventuais anomalias como: fluxo reverso, tentativa
de violação, falta de água, vida útil da bateria e possui uma inteli-
gência eletrônica que protege o aparelho em caso de uso indevido,
além da alta sensibilidade para medir em baixas vazões.

Revista Saneas: Qual a sua visão sobre o papel da tecnologia e da


inovação no setor de saneamento?
Marcello Veiga: A inovação se faz necessária no dia a dia de qual-
quer organização e não só no setor saneamento. A tecnologia é
uma grande aliada: ao adotar as ferramentas corretas e contratar de
forma adequada, podemos obter excelentes resultados. Um ponto
de atenção é a questão do emprego, algumas funções certamente
deixarão de existir e outras surgirão. No entanto, empresas e profis-
sionais devem estar atentos às constantes evoluções e preparados
para as grandes oportunidades resultantes das novas tecnologias.

Revista Saneas: Em sua opinião, a tecnologia pode, de alguma


forma, acelerar a universalização do saneamento?
Marcello Veiga: Sim, a tecnologia permite uma atuação mais in-
teligente e eficaz, gerando melhor planejamento, ganhos de pro-
dutividade, redução de manutenções e melhoria da qualidade na
execução do serviço com menor custo.

Revista Saneas: Algo que queira acrescentar?


Marcello Veiga: Vale destacar que, em 90 dias de contrato, já
foram instalados mais de 18.000 equipamentos e o APP já está
acessível a todos os clientes atendidos.

Hidrômetros, IoT e Lacre

Janeiro a Março de 2020 15


INOVAÇÃO

Por Suely Melo


Tecnologia BIM na Sabesp:
melhorias para a empresa e
para o setor de saneamento

P
ara entender sobre como o uso deste mo- lhoria da eficiência e performance, apresentando grande
Silvio Leifert delo está impactando a Sabesp, seus pro- potencial de ganhos nos seguintes aspectos:
Engenheiro civil, superintendente
de Gestão de Empreendimentos fissionais e o setor de saneamento no Bra- • Maior facilidade na definição das soluções de projeto, já
da Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo - sil, a Saneas conversou com a Companhia. que se trabalha com um modelo digital e não simples-
Sabesp. Veja a seguir o que falam os profissionais: Silvio Leifert, mente com um desenho ou representação gráfica;
superintendente de Gestão de Empreendimentos – TE, e • Maior controle da qualidade do projeto, pois o BIM geren-
Márcia Arce Parreira Martinelli, gerente do Departamento de cia a integração entre as diferentes disciplinas envolvidas
Desenvolvimento da Gestão de Empreendimentos (TED); com (hidromecânica, elétrica, civil, automação), permitindo a
colaboração de Francimar N. Rocha, gerente do Departamen- identificação de inconsistências ou conflitos no projeto;
to Técnico e de Qualidade da Implantação – MEQ, e Silvana • Maior controle no gerenciamento das versões de proje-
Corsaro Candido da Silva de Franco, gerente de Departamen- to, incluindo cada disciplina envolvida;
Márcia Arce Parreira Martinelli to de Planejamento Gestão e Operação da Produção – MAG. • Maior padronização do projeto, através do uso de biblio-
Engenheira civil, gerente
do Departamento de “O processo de implantação de um método tão abran- tecas de objetos;
Desenvolvimento da Gestão de gente quanto o BIM, em uma empresa como a Sabesp, • Maior facilidade do entendimento do projeto, quando
Empreendimentos da Companhia
de Saneamento Básico do Estado leva tempo e exige persistência e comunicação. Ainda es- da verificação e aceite por parte do contratante;
de São Paulo – Sabesp.
tamos no início deste processo que tem o potencial de im- • Integração direta com a orçamentação, permitindo que
pactar profundamente nossas atividades e alterar a cultura alterações em projeto possam se refletir automatica-
da organização”, frisam os entrevistados. mente na planilha orçamentária;

O papel da tecnologia BIM no Impactos positivos para a empresa


Saneamento e melhorias para o e para os seus profissionais em sete
setor anos do uso da ferramenta
Francimar Nóbrega Rocha A Modelagem da Informação na Construção ou BIM, na Desde 2013 a Sabesp vem implementando o BIM em ações
Engenheiro civil, gerente do
Departamento Técnico e de sigla em inglês (Building Information Modeling), é conside- isoladas de empreendimentos. A partir de 2015 uma equi-
Qualidade da Implantação - MEQ
da Diretoria Metropolitana da rada como “a atual expressão da inovação na indústria da pe da Sabesp, ainda não dedicada exclusivamente ao as-
Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo construção” (Succar, 2016). sunto começou um processo de entendimento de todo o
- Sabesp. Talvez sua contribuição mais importante seja a possibilida- contexto BIM e de potencialidades e possibilidades de uso
de de reunir no principal produto de planejamento do setor para o mercado do saneamento e mais especificamente
da construção, o desenho (ou o modelo, no caso do BIM), para a atuação da Sabesp de maneira corporativa.
todas as informações necessárias para o desenvolvimen- Durante esse período, a Sabesp observou que a maturi-
to dos processos construtivos e de operação de um ativo. dade do BIM para a infraestrutura ainda se encontrava bai-
Como resultado, há a centralização de informações em um xa, quando comparada aos processos para o mercado da
mesmo local, o que permite o exercício antecipado e virtua- construção predial, em que a maturidade já encontrava-se
Silvana Corsaro Candido lizado do processo de construção, mitigando problemas no bastante alta. Nesse sentido, por uma opção estratégica,
da Silva de Franco
Engenheira civil, atua na área de momento real da construção e possibilitando a manutenção decidiu acompanhar os movimentos do mercado, até que
Saneamento, Geoprocessamento, atualizada das características do ativo durante sua duração. no segundo semestre de 2018 criou o primeiro grupo re-
Automação Industrial,
Treinamento da Companhia de De forma mais ampla para o setor de saneamento, o presentativo da organização para discussão do tema.
Saneamento Básico do Estado de
São Paulo – Sabesp BIM surge como um fator contribuinte à busca pela me- A partir de então a Sabesp deu os primeiros passos para

16 Saneas
definir a estratégia de atuação corporativa da empresa com relação ao à adequada implantação do BIM, integrando pessoas, processos e
BIM e iniciou um trabalho mais amplo e abrangente de disseminação sistemas no mesmo fluxo de trabalho; e
de conceitos e potencialidades quanto ao uso do método, direcionando • A resistência à mudança, natural ao ser humano em qualquer pro-
a capacitação do corpo técnico para um olhar específico na atuação da cesso de alteração de um status quo há muito tempo estabelecido
Sabesp enquanto proprietária e operadora do sistema. e consolidado.
Esta ação proporcionou um ganho exponencial do entendimento do O BIM deve ser entendido pela comunidade técnica da empresa
corpo técnico quanto às funções e possibilidades de aplicação do BIM como uma mudança de procedimentos e não apenas uma mudança
nas atividades da empresa, bem como as dificuldades a serem supe- tecnológica e de software. Para tanto é fundamental o incentivo ao
radas e necessidades a serem supridas para uma implantação plena, desenvolvimento de competências técnicas específicas, que possam dar
essenciais à realização da discussão colaborativa e corporativa a ser re- o suporte ao desenvolvimento de sua implantação da companhia.
alizada para o direcionamento dos próximos passos do BIM na Sabesp. Também deve-se considerar que, no caso da Sabesp, nossos projetos
são desenvolvidos por empresas contratadas, sendo que estas têm pa-
Principais vantagens do BIM em relação pel fundamental no entendimento e na aplicação do BIM.
aos modelos convencionais utilizados na Já de um ponto de vista governamental, de alto nível podem ser co-
elaboração de projetos locadas como grandes desafios:
Como principais pontos que podem ser apontados como benefícios da • O barateamento do processo de industrialização do setor da construção,
utilização do BIM, podemos citar: que, por vezes, quando comparado aos processos tradicionais de exe-
• Aumento da qualidade do projeto (desenho); cução, inviabilizam a utilização de ferramentas e métodos emergentes;
• Diminuição do tempo de execução da obra; • A criação de padrões e normas que proporcionem a integração de
• Diminuição do custo total do empreendimento; processos e a interoperabilidade dos modelos tridimensionais, tão
• Facilitação/aprimoramento da gestão; perseguida dentro dos processos BIM.
• Aumento da transparência. Para além desses níveis de organização, vale destaque para o papel
• Para tanto, as principais funcionalidades a serem utilizadas do BIM das associações de representação das empresas que compõem o setor,
que contribuem com o alcance desses benefícios, são: no sentido de proporcionar um ambiente mais propício à troca e cola-
• Visualização em 3D do projeto; boração entre suas associadas, promovendo um avanço mais consisten-
• Ensaio da obra no computador (ambiente virtual); te e homogêneo do ecossistema.
• Extração automática de quantitativos;
• Realização de simulações e ensaios virtuais; Adesão de empresas de saneamento
• Identificação automática de interferências; Quando falamos no segmento de construção os padrões e processos para
• Geração de documentos mais consistentes e íntegros; BIM, já estão mais bem estabelecidos e consolidados, incluindo a forte
• Viabilização da industrialização do processo construtivo; adesão dos fabricantes, projetistas e construtoras. Entretanto esse cenário
• Complementação do uso de outras tecnologias emergentes que utili- não se repete para a infraestrutura, apesar de termos tido grandes avan-
zam o BIM como base essencial, por exemplo: captação de realidade ços com o BIM, principalmente em transportes sobre trilhos e rodoviários.
(nuvem de pontos), internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), dese- Especificamente para o setor de saneamento, os casos de uso ainda
nho generativo, dentre outras; são raros, mesmo quando falamos do cenário internacional.
• Colaboração entre as partes interessadas no projeto. A contextualização nesse caso, portanto, é essencial. Apesar de ser
longo o caminho a ser percorrido, acredito que os movimentos do se-
Desafios no uso da ferramenta no Brasil tor estão sendo feitos. São várias as prestadoras de serviço coirmãs à
Existem dois níveis principais decisórios que devem ser abordados para Sabesp com iniciativas em BIM e o aprofundamento no assunto vem
responder essa questão, sendo hierarquicamente: nível governamental claramente acontecendo.
(estadual e federal) e o nível corporativo. Não considero como um entrave, mas talvez uma das principais di-
Do ponto de vista corporativo, podem ser ditos como principais desa- ficuldades para a adoção plena em todos os níveis e fases dos empre-
fios que impactam na adoção do método BIM: endimentos no setor, seja a melhoria da comunicação e a melhoria da
• A falta de maturidade e conhecimento sobre o novo método; interlocução entre as empresas do setor para que haja um movimento
• A superação da visão competitiva para outra colaborativa, essencial homogêneo e conjunto. Por esse viés, destaque deve ser dado às asso-

Janeiro a Março de 2020 17


INOVAÇÃO

ciações representantes do saneamento e aos próprios poderes públicos templates, foi feita aquisição de equipamentos, treinamento de pro-
estaduais e federal, no sentido de melhorar a articulação entre os di- fissionais e desenvolvimento de fornecedores, ou seja, infraestrutura.
versos agentes, organizando, orientando e harmonizando as decisões Em relação a trabalhos elaborados, podem ser citados: ETE Perus (700
necessárias a serem tomadas. l/s), Reservatórios Santa Cecília, Mirante e Vale do Sol (3 x 5.000 m³) e
18 km de adutoras, Recuperação do CT Mombaça e linha de recalque,
Construtoras Recuperação do Dique Biritiba Mirim, Ampliação da ETA Rio Grande
Algumas construtoras já incorporaram o BIM aos seus processos de tra- (6,5 m³/s), ETE Mairiporã (150 l/s), Reservatório Centro Suzano (10.000
balho e, em alguns casos, independentemente da exigência dos clientes m³), Reservatório Distribuição Suzano (5.000 m³), Estação de Remoção
pela utilização da metodologia. Elas entendem que a utilização dos mo- de Nutrientes (3,25 m³/s), Unidade de Recuperação da Qualidade (URQ)
delos para planejamento, acompanhamento e validação dos orçamentos de Guarulhos (1,0 m³/s) entre outros.
geram ganhos suficientes nos seus processos internos que justificam a
produção de modelos BIM, mesmo que não haja a exigência contratual. Resultados: destaques
Novos métodos e práticas requerem, invariavelmente no início, a dis-
Exemplos da utilização da tecnologia seminação do conhecimento e a capacitação do corpo técnico, dire-
dentro da Sabesp? cionando o olhar para a amplitude das possibilidades e convergência
Existem algumas experiências ocorrendo em áreas específicas da em- das diversas unidades impactadas em um sentido único e corporativo.
presa com a utilização do BIM para usos específicos. Podem ser citados É isso que a Sabesp vem fazendo para fomentar o avanço da utiliza-
como exemplos: ção desse método, investindo fortemente na formação e capacitação
• O uso de ferramentas para o desenvolvimento de estudos prelimi- de seus profissionais, tendo abrangido em 2019 aproximadamente 200
nares para implantação das obras, possibilitando a análise de alter- oportunidades além da participação em eventos nacionais e internacio-
nativas técnico-econômicas e uma maior assertividade quando do nais sobre o tema.
detalhamento; Nesse sentido, o ganho de maturidade do corpo técnico a respeito
• A elaboração de projetos de reservatórios utilizando softwares de do que é o BIM e como ele deve ser aplicado dentro do contexto cor-
modelagem para qualificar e padronizar o resultado final do projeto. porativo da Sabesp, podem ser indicados como os principais destaques
O principal objetivo da aplicação nesse caso foi o ganho de tempo e palpáveis até o momento.
escala (replicabilidade) no desenvolvimento do projeto; Outro fato relevante foram os primeiros editais para contratação de
• A utilização de processos BIM ligados a fase de projeto e obra para projetos em BIM com vistas às futuras contratações das obras, amplian-
empreendimento com estrutura de captação e adução de água e co- do os níveis de sucesso na oferta de benefícios propostos à população.
leta de esgotos. São explorados a projetação com modelagem 3D, a Simultaneamente, as empresas privadas de projeto e consultoria em
inserção de informações de ativos em objetos do modelo e a digita- saneamento, nossa parceiras, estão investindo igualmente em seu corpo
lização do canteiro de obras utilizando princípios e conceitos BIM; técnico visando o alinhamento da metodologia BIM junto a companhia.
• Exercício interno de modelagem de edifícios administrativos aplican-
do e executando processos de usos vinculados à: modelagem 3D de Perspectivas da empresa no âmbito do
projetos de arquitetura, estrutura e complementares; e quantificação projeto BIM para os próximos anos
e orçamentação do projeto. O objetivo deste caso, foi o entendimen- A estratégia da Sabesp vem seguindo as diretrizes da Estratégia BIM
to das dificuldades para o exercício do projeto, visando a melhoria da
Objetivo: Qualidade dos projetos
experiência de solicitação dos serviços utilizando BIM, processo cor- Caderno de Orientação para Contratação com amplitude de
Curto
Projetos – exigência em BIM
Prazo
riqueiro na Sabesp, enquanto contratante de serviços e proprietária (3 anos)
• Domínio das informações recebidas
• Detecção de interferência
dos empreendimentos. • Extração de quantidades para orçamento
A Superintendência de Gestão de Empreendimentos da Metropo- Objetivo: Qualidade da Construção
Médio Caderno de Orientação para Contratação com amplitude de
litana (ME), por exemplo, tem desenvolvido suas principais infraes- Prazo Projetos e Obras – exigência em BIM
(5 anos) • Planejamento da Construção
truturas em BIM. Atualmente, está trabalhando na automação dos • Estimativa de custos
modelos com o orçamento e já tem empreendimentos acompanhados Objetivo: Qualidade da Operação e Manutenção
Longo Caderno de Orientação para Contratação com amplitude de
pela metodologia.
Prazo Projetos, Obras, Operação e Manutenção – exigência em BIM
No âmbito da ME, são desenvolvidas diversas bibliotecas, famílias, (9 anos) • Manutenção de ativos
• Rastreamento de ativos

18 Saneas
BR elaborada pelo governo federal e publicada em 2018. Nesse con- pelos clientes. Já na Unidade de Negócio de Produção de Água
texto, tem por objetivo: da Metropolitana (MA), há outra frente de atuação: a implantação
Neste contexto, a visão de futuro da ME é desenvolver as infraes- de um software BIM, o ProjectWise, para o compartilhamento de do-
truturas necessárias à operação dos sistemas pelos seus clientes com cumentação técnica e de projetos (2D e 3D) do empreendimento, em
agilidade, qualidade, confiabilidade e menor custo de implantação e todas as fases do seu Ciclo de Vida. Este recurso permitirá aumento
operação. Para a Diretoria, a utilização da metodologia BIM é funda- da integração entre as equipes de engenharia e facilitará o fluxo de
mental para alcançar estes objetivos bem como preparar as infraestru- informações entre elas.
turas para serem geridas com maior nível de automação e eficiência

Estrutura de captação e adução de água Modelagem interna de edifícios ETE Mairiporã – Ampliação da Estação de
administrativos Tratamento em Módulos para 150 l/s

ETA Rio Grande – Ampliação da Estação de ETE Riacho Grande – Ampliação da ETE Centro de Reservação Suzano –
Tratamento para 6,5 m³/s Riacho Grande para 35 l/s Reservatório de 10.000 m³

SES de Santana de Parnaíba - Estação SES de Santana de Parnaíba - Estação SES Guarulhos – Unidade de Recuperação
Elevatória de Esgotos Fazendinha 2 - 31 l/s Elevatória de Esgotos Fazendinha 1 - 14 l/s da Qualidade (URQ), 1,0 m³/s

Reservatório
Mirante 5.000 m³ –
Estação de Remoção de Nutrientes (ERN), Acompanhamento
3,25 m³/s da Execução

Janeiro a Março de 2020 19


TECNOLOGIA

Outros avanços tecnológicos do setor


Usina Solar Fotovoltaica • GRATT INDUSTRIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL à distribuição de água. Eles permitem, por exemplo, o controle automá-
“Em um mundo cada vez mais preocupado com a sustentabilidade e a tico dos níveis dos reservatórios, além do controle ótimo de vazão para
preservação do meio ambiente, evitar a poluição, economizar recursos equilíbrio e proteção do sistema contra possíveis faltas de água para a
naturais e criar alternativas para manter a qualidade de vida são atitudes distribuição. Os aplicativos inteligentes possibilitam ainda a visualização
fundamentais para o futuro das próximas gerações”. Foi com esta visão de toda a rede de distribuição da Sabesp em displays gráficos de alta
que a Gratt Industria e Tecnologia Ambiental, em parceria com a Efall qualidade, além do envio de comandos de controle remotos, sem que
Engenharia, decidiu implantar nos barracões da sua fábrica, em Capin- haja a necessidade de deslocamento da equipe de operação.
zal, Santa Catarina, uma Usina Solar Fotovoltaica. Este pode ser considerado o primeiro passo para a ampliação dos
Iniciada em março do ano passado, a implantação foi realizada devido a sistemas de distribuição de água em um mercado em constante cresci-
necessidade de minimizar o custo operacional e os impactos ambientais mento. A partir deste fornecimento, os investimentos pretendidos pela
causados pelas formas tradicionais de geração de energia. No mês de Sabesp nos próximos anos visando a satisfação total de seus clientes,
maio foi dado início ao processo de geração, que formado por 3618 quanto ao abastecimento de água tratada, poderão ser diretamente
placas gera em torno de 130248 kWh/mês. incorporados ao novo sistema, uma vez que a tecnologia nele utilizada
Destaque no mercado por produzir equipamentos para setores que está alinhada com o que se tem de mais moderno no mercado.
necessitem processar ou isolar resíduos, a Gratt visa a conservação em Para mais informações, acesse:
sua totalidade. Hoje a Usina Solar Fotovoltaica da empresa Gratt é con- www.siemens.com/infrastructure-cities
siderada a segunda maior (em telhado) da América Latina.
Funcionamento Soluções tecnológicas de alto nível para processo de
O sistema de energia solar fotovoltaica é interligado com a rede elétrica clarificação - Veolia Water Technologies • ACTIFLO E MULTIFLO
da concessionária local através de painéis fotovoltaicos. Opera gerando A Veolia Water Technologies possui um portfólio de mais de 350 solu-
energia durante o dia. Toda energia gerada a mais que o próprio con- ções especializadas e efetivas, dentre as quais Actiflo e Multiflo, com-
sumo da propriedade vai para a rede elétrica e acumula créditos para provadas com mais de 1500 instalações em todo o mundo.
serem utilizados em troca da energia consumida enquanto a geração Actiflo®
está inoperante (noite). A energia solar pode ser utilizada por qualquer Com 25 anos de experiência operacional e mais de 1.000 referências
tipo de equipamento que necessite energia elétrica. em todo o mundo fazem da Actiflo uma das tecnologias mais univer-
Para mais informações, acesse: www.gratt.com.br sais e da mais alta performance no processo de clarificação. A espe-
cificidade da Actiflo reside no uso de microsand, que atua como um
Projeto Novo SCOA • SIEMENS lastro para a matéria floculada e acelera seu assentamento. A tecno-
Com o objetivo de garantir mais qualidade ao serviço e melhorar o tem- logia recebe melhorias e inovações constantes para se enquadrar nos
po de resposta na distribuição de água tratada para os consumidores novos requisitos ambientais das autoridades públicas e da indústria.
da cidade de São Paulo, a Siemens, por meio do Projeto Novo SCOA, Principais vantagens:
atualizou o Sistema de Supervisão e Controle do Abastecimento de • Excepcional desempenho de tratamento, independente do campo
Água da Sabesp. de aplicação.
A empresa já possuía a tecnologia Siemens para Centros de Opera- • Estabilidade operacional: sem impacto na eficácia do tratamento
ção dedicados à distribuição de água desde 2006, e com a conclusão durante as flutuações súbitas de fluxo ou qualidade da água bruta.
deste projeto, uma nova versão do sistema entrou em operação em • Resposta rápida a ajustes de tratamento.
abril de 2012. • Flexibilidade operacional: possibilidade de paradas frequentes e reini-
O foco principal do novo sistema de supervisão e controle foi a aqui- cializações sem afetar a qualidade da água tratada.
sição de novas funcionalidades e a preparação do sistema para amplia- • Redução dos custos de construção graças à compacidade do processo.
ções maciças nas instalações da Sabesp para distribuição de água, o que • Redução no consumo de produtos químicos: economias de até 50%
permitirá o aumento da confiabilidade e agilidade nos serviços. em relação aos clarificadores convencionais.
No âmbito da supervisão e controle do fornecimento de água tratada • O processo pode ser adaptado e integrado a todos os esquemas de
a Siemens possui os aplicativos inteligentes, ou smart water, destinados tratamento que requerem uma etapa de clarificação.

20 Saneas
• Automação completa e possibilidade de controle remoto de moni- rantir uma vazão mínima de 300 L/s durante as operações, a aQuamec
toramento. especificou e recomendou a aplicação de um pacote de motobombas
Multiflo™ de transferência série S da Selwood, composto por três bombas S100,
A tecnologia Multiflo é um processo de clarificação universal que pode do tipo Vortex e uma do modelo S150M, com rotor semiaberto em aço
ser adaptado para atender às diversas necessidades de nossos clientes AISI 316.
municipais e industriais. As bombas Selwood foram recomendadas devido à capacidade de
Com mais de 500 fábricas equipadas com Multiflo™ em todo o mun- autoescorva a seco, à alta vazão de bombeamento e à excelente ca-
do, a Veolia Water Technologies oferece um amplo e eficiente conhe- pacidade de manipulação de sólidos com diâmetro de até 100 mm,
cimento de aplicação para melhorar e otimizar o processo e atender às principais características da linha.
suas necessidades operacionais de clarificação e tratamento de água. Com um portfólio completo de soluções para descontaminação e tra-
A tecnología Multiflo™ pode também ser instalada como tratamen- tamento de água e efluentes, as empresas aLBriggs e aQuamec comercia-
to primário, secundário ou terciário de águas residuais e águas pluviais lizam e operam as bombas Selwood há mais de 25 anos, sendo a aQua-
para remoção parcial, normal ou avançada de sólidos em suspensão, mec a responsável pelo centro de distribuição para toda a América Latina.
bem como contaminantes carbonosos e fósforos. Para mais informações, acesse: www.aquamecbrasil.com.br
Principais vantagens:
• Efluente de alta qualidade: Baixas concentrações de sólidos totais em Analisador Multiparâmetro até 05 canais e duplo
suspensão (<10 ppm), Dureza (<20 ppm como CaCO3), Sílica (<10 canal • INSTRUMENTO MAX5 E LD
ppm) e Ferro (<0,5 ppm). A EMEC Brasil possui uma ampla e completa linha de instrumentos de
• Pegada compacta: A pegada do sistema é 10 a 20 vezes menor que medição e controle de parâmetros da água. Na SABESP, os mais utiliza-
a de um sistema de precipitação por amaciamento convencional. As dos são da Série MAX5 (até 05 parâmetros simultâneos) e Série LD (até
taxas de carga hidráulica variam entre 5-15 gpm / ft2. 02 parâmetros).
• Tecnologia pré-moldada: Pacotes modulares fabricados, montados e Os instrumentos da Série MAX5 e LD estão instalados e em funciona-
cabeados de fábrica estão disponíveis até 1.000 gpm (35.000 bpd). É mento em diversas unidades da Sabesp. Foram realizados testes prelimi-
necessário projetar configurações em campo para maiores capacidades. nares para comprovação de sua eficiência em regiões como Alto da Boa
• Lodo denso: A cinética de crescimento de cristais promovida no pro- Vista, Bragança Paulista, Biritiba-Mirim, Caraguatatuba, Franca, Itape-
cesso gera um lodo denso (5-20%) que pode ser desidratado de for- tininga e Registro, demonstrando excelente performance e resultados.
ma fácil e direta. Está sendo realizado teste em São José dos Campos. Em todas as
• Flexível: operação muito flexível com capacidade para lidar com gran- situações, os equipamentos são destinados a leitura de pH, Cloro,
des variações no fluxo de influentes e na qualidade da água. Flúor e Turbidez da água em ETAs e Poços, visando redução de tem-
• Robusto: o design hidráulico dos componentes do sistema promove po, custo, aumento da confiabilidade, histórico de dados e nível de
uma distribuição ideal de fluxo e operação consistente, resultando automatização.
em uma alta qualidade da água. Além das regiões citadas acima, também há equipamentos insta-
• Início rápido: o sistema pode ficar totalmente operacional dentro de lados em Assis, Botucatu, Osvaldo Cruz, e Presidente Prudente. No
30 a 60 minutos. total, são mais de 125 equipamentos distribuídos nessas regiões, in-
• Automação do sistema: o processo é totalmente automatizado para cluindo fornecimento no 2° semestre de 2019 de 10 unid. de MAX5
facilitar a operação com a capacidade de integrar alimentações quí- para Botucatu e 27 unid. de LD para Presidente Prudente. Na unida-
micas e sistemas de desidratação de lodo. de, está em fase de testes um novo instrumento multiparâmetro Plug
Para mais informações, acesse: www.veoliawatertech.com and Play da EMEC, denominado CENTURIO PRO, que é capaz de ana-
lisar, monitorar e controlar simultaneamente até 10 parâmetros da
Bomba de transferência para bypass em rede coletora água. Este equipamento apresenta uma série de inovações que visam
e coletor tronco • AQUAMEC ALBRIGGS melhorar o gerenciamento, controle e comunicação com o usuário,
Recentemente, uma concessionária de água e esgoto precisava de equi- tais como amplo display multicolorido e sensível ao toque, amplitude
pamentos de bombeio para a realização de bypass de esgoto não filtra- do número de canais e informações geradas, melhorias nos modos de
do, durante os serviços de manutenção e reparo em redes coletoras e controle das bombas dosadoras, entre outros.
coletor tronco de 1200 mm. Para mais informações, acesse www.emecbrasil.com.br/
Após avaliar o cenário emergencial e constatar a necessidade de ga-

Janeiro a Março de 2020 21


VISÃO DE
FUTURO

Modelos Matemáticos
no Saneamento
“A essência dos modelos matemáticos é criar a possibilidade de se experimentar
Kamel Zahed Filho
possui graduação em soluções em um ambiente virtual para depois implantar aquela que se mostra
Engenharia Civil pela
Universidade de São Paulo mais adequada”, Kamel Zahed Filho, engenheiro da Sabesp (desde 1985) e
(1978), mestrado em Engenharia
Hidráulica e Sanitária pela Professor Doutor da Universidade de São Paulo - USP.
Universidade de São Paulo -
USP (1984) e doutorado em A seguir, o especialista explica as possibilidades de aplicação desta tecnologia
Engenharia Hidráulica e Sanitária no saneamento e sua importância.
pela Universidade de São
Paulo - USP (1990), sob o título

O
“Previsão de Consumos em
Tempo Real no Desenvolvimento
conceito de modelagem matemática Os modelos de simulação permitem que se alterem es-
Operacional de Sistemas de
Distribuição de Água”, com consiste na representação de qualquer ses dados de entrada variáveis e se obtenha os resultados
orientação de Kokei Uehara.
Tem experiência na área de fenômeno, por meio de equações ma- dessas decisões (representados por gráficos, tabelas, indi-
Engenharia Civil, com ênfase em
Engenharia Hidráulica, atuando temáticas. Existem inúmeros modelos cadores entre outros). A busca de uma solução adequada é
principalmente nos seguintes
temas: previsão de consumos, em várias áreas do conhecimento humano, como a feita de maneira iterativa por simulações exaustivas. Exem-
distribuição de água, consumo meteorologia, a física, a economia dentre outros. plos desses modelos são aqueles utilizados em projetos ou
de água, saneamento, controle
operacional por computador e Até haver a possibilidade de cálculos rápidos com com- em operação de sistemas hidráulicos das redes de adução
operação de reservatórios.
Áreas de pesquisa putadores, os fenômenos eram estudados por técnicas ou distribuição de água. Em uma fase de projeto, pode-se
acadêmica: Hidrologia,
Gerenciamento de Recursos gráficas (ábacos) ou por modelos físicos (modelos reduzi- variar as dimensões das tubulações e se avalia a capacidade
Hídricos, Dimensionamento dos) ou analógicos (como circuitos elétricos servindo para de transporte de uma dada tubulação. Em uma fase de
e Operação de Reservatórios,
Modelos matemáticos, representar escoamentos em tubulações sob pressão). A operação, a dimensão está imutável, mas o modelo pode
Operação de Sistemas de
Abastecimento de Água, partir da chegada dos computadores, diversos fenômenos simular diversos cenários de vazões transportadas e buscar
Sistemas de Informações
Geográficas e Sistemas de passaram a utilizar os modelos matemáticos. Uma linha uma regra de operação adequada. Na Sabesp, utiliza-se
Suporte à Decisão.
Em 2018, foi um dos
de modelos que se popularizou foi a dos modelos de si- modelos de simulação hidráulica há mais de 30 anos.
homenageados pela mulação. Nestes, trabalha-se com uma série de dados de Os modelos de simulação em saneamento também são
AESabesp na premiação
“Destaque Profissional entrada, alguns imutáveis (como séries históricas de con- utilizados para avaliar, hidraulicamente, as condições de re-
do Ano”.
sumos, temperaturas, vazões) e outros variáveis (como des de esgoto, os processos de operação de represas, ou
vazão a ser descarregada de um reservatório, carga de po- sistemas de drenagem urbana, as condições de qualidade
luentes a ser lançada em um ponto de uma rede hidráulica de água de mananciais de superfície ou de redes.
ou de um canal).

22 Saneas
Sistemas de Suporte à Decisão (SSD) Na Sabesp, utiliza-se modelos
Uma evolução dos modelos matemáticos são os denominados Siste-
mas de Suporte à Decisão (SSD), que são, de acordo com ele, a utili-
de simulação hidráulica há
zação dos mesmos modelos já descritos, mas com uma interface muito mais de 30 anos.
mais amigável, que permite maior interação com o decisor. Exemplos
são os sistemas de operação de represas, os modelos de operação de
Estações de Tratamento (Água e Esgoto) e os sistemas de controle de algoritmos é a operação de reservatórios em tempo real, onde o tempo
redes de distribuição de água. Uma outra característica desses SSD é a de processamento não pode ser muito grande, pois as condições do
possibilidade de processarem dados em tempo real. Desta forma, com processo mudam com certa volatilidade.
o usos de telemetria (transmissão de dados de algum ponto de amos-
tragem para uma central de processamento), os modelos são alimenta- Análises de probabilidades
dos em tempo real e as simulações podem servir para apoiar decisões Um outro aspecto importante de se salientar é a consideração de aspec-
operacionais de curto prazo, como é o caso de um Centro de Controle tos de probabilidades envolvidos nos processos. Uma série de modelos
de Distribuição de água para uma municipalidade ou a operação de comerciais e outros desenvolvidos em centros de pesquisa já utilizam há
represas em situações críticas de extravasamento. muito tempo esses conceitos. Assim, questões de riscos e probabilida-
des podem ser considerados nas análises.
Modelos de otimização
Uma outra vertente da modelagem matemática, que são os modelos Modelos inteligentes
de otimização. Estes modelos procuram uma melhor solução, baseados Na definição das chamadas funções objetivo, que definem as metas
em uma definição de uma função meta a ser atingida, como mínimo de otimização e nas equações do processo, que envolvem algumas
custo de uma obra ou o máximo benefício que pode ser obtido de regras de decisão, é muito comum a utilização das experiências dos
um sistema de reservatórios, com a maximização da vazão fornecida. técnicos para alimentar os critérios. Na medida em que esses critérios
Nestes modelos, além de um núcleo onde existem as equações mate- foram sendo incorporados nos modelos, percebeu-se a possibilidade
máticas que representam os fenômenos, ou seja, existe um modelo de de “treinar” os modelos, ou seja, os critérios vão sendo acrescentados
simulação, há um mecanismo de busca automático da melhor solução, nas equações dos modelos sempre que os resultados demonstrem uma
sem a necessidade de simulações exaustivas pelo decisor. Esses mo- melhor solução. De forma simplificada, criou-se uma metodologia para
delos, de acordo com o professor, foram evoluindo e se sofisticando que os modelos adquirissem mais inteligência, o que se denomina por
nos últimos 30 anos. Os primeiros tentavam utilizar apenas equações inteligência artificial. Com a possibilidade de cruzamentos de muitas
lineares para representar os fenômenos, pois desta forma, os mecanis- informações disponíveis em várias bases de dados na rede mundial e em
mos de busca eram relativamente simples e possíveis de serem proces- redes próprias e grandes capacidades de processamento, permitiu-se
sados pelos computadores dessa época. Aos poucos, com a evolução que os modelos “percebam” possibilidades de melhoria nas soluções,
da capacidade dos computadores, tanto em termos de memória, como assim como fazemos com a inteligência humana. Existem muitas pos-
de velocidade de processamento, outros mecanismos, chamados de sibilidades de aplicação na área de saneamento, algumas já em fase
algoritmos foram sendo utilizados. Assim, as equações não precisavam de implantação, como atendimento automatizado ao público, medi-
mais serem linearizadas, as funções de otimização passaram a permitir dores de vazão inteligentes entre outros. Na modelagem, há aplicações
múltiplos objetivos. em previsões de consumo, que acopladas a modelos de simulação e
otimização permitem a redução dos custos de energia do processo de
Algoritmos abastecimento de água.
Nos últimos 20 anos, diversos algoritmos (métodos de solução) pro- O assunto é muito vasto e não se esgota nestas pequenas observa-
curaram se inspirar em processos da natureza, como os algoritmos ções. O importante é salientar a essência dos modelos matemáticos,
genéticos, algoritmos de colônia de formigas, entre outros. Esses al- que é criar a possibilidade de se experimentar soluções em um ambiente
goritmos possibilitam a solução de problemas de otimização que antes virtual para depois implantar aquela que se mostra mais adequada. Na
não tinham uma solução viável, mesmo com a grande capacidade de sua ausência, muitas tentativas e erros seriam feitas em situações reais,
processamento dos computadores. Um exemplo de aplicação desses com sérios prejuízos nas tentativas sem sucesso.

Janeiro a Março de 2020 23


PONTO DE
VISTA

Startups no
saneamento:
inovar para
universalizar

A
Por ntes de mais de nada, o quê é uma star- O Inovabra Habitat, o centro de startups do Banco Bra-
Luis Felipe tup? Existem diversas definições, desde desco, que conta com empresa de mais de 20 setores de
Macruz as mais “antigas”, da década de 1990, atuação coexistindo e convivendo em um mesmo ambien-
fruto da bolha da internet quando pro- te, é um verdadeiro celeiro de inovações. Ou seja, quando
vavelmente o termo se popularizou, que significava vemos grandes players movimentando para uma direção,
empresa em estágio inicial de sua existência, até as temos a validação de uma tendência.
mais modernas e aceitas: além de ser uma empresa Por enquanto, o saneamento ainda não tem seu CT de
jovem, possui um elevado grau de escalabilidade, empreendedorismo, o INSAN ou coisa assim. Porém, ve-
crescimento exponencial, repetibilidade e alto grau de mos alguns movimentos em direção à aproximação com
incerteza quanto ao seu futuro. startups. Um fato muito relevante e amplamente noticiado

Luis Felipe Macruz Vamos imaginar a Uber, mundialmente conhecida. pela mídia foi o Pitch Sabesp, no qual a Sabesp postou
é graduado em Engenharia de Quando da ideia inicial, a empresa estava entrando num alguns de seus desafios para que empreendedores trouxes-
Produção pela Universidade
Mackenzie e possui MBA mercado altamente estruturado, dominado por diversos sem soluções (para saber mais, acesse: http://www.sabesp.
em Gestão Empresarial pela
FGV. Já atuou na área de players (cooperativas, rádio táxi, grupos etc), com uma com.br/pitchsabesp/#hp . O interessante é que diferente-
planejamento e execução de
projetos de engenharia para ideia que era pedir um motorista, que não era taxista, mente de empresas do setor privado, a modelagem do pi-
saneamento e melhorias onde quer que você estivesse, pelo celular. Há alguns anos, tch teve que atender a toda a normativa jurídica a qual está
operacionais. Atualmente, atua
como gestor de Planejamento, se alguém mencionasse esta ideia, todo mundo duvidaria, sujeita uma empresa estatal. O resultado foi surpreendente
Controladoria, Finanças
e Qualidade na Sabesp e certo? Está aí o elevado risco. Escalabilidade e exponencia- e centenas de empresas se inscreveram.
também como coordenador
voluntário de Inovação na lidade: é possível repetir a Ideia praticamente para qual- Outro momento bastante relevante para o setor foi em
AESabesp.
quer cidade do mundo e utilizando o mesmo aplicativo e 2018, com a criação do Iguá Lab, o programa de inova-
recursos, portanto, a taxa de crescimento é muitas vezes ção da Iguá Saneamento que conecta o ecossistema de
de 3 a até mesmo 4 dígitos por ano. Para finalizar, a Uber startups com os desafios do setor para transformá-lo (mais
abriu seu capital na bolsa de tecnologia americana com informações neste link: https://igualab.com.br/).
um valor de mercado de U$ 82 bilhões de dólares, uma Em 2019 tivemos também pela primeira vez na Fenasan
empresa fundada em 2009. o Espaço Startups, uma área onde startups puderam trocar
experiências, conhecer melhor as necessidades do setor e
Mas o que tem o saneamento oferecer seus serviços e soluções. Foram mais de 600 vi-
com isso? Tudo! sitantes nos três dias de evento e esperamos uma edição
Há alguns anos, grandes empresas perceberam o poder ainda maior em 2020.
das startups e que seria um grande benefício se aliarem Estes são apenas alguns exemplos que podemos citar
a elas. Podemos citar como exemplo dois gigantes do se- de como as startups estão atuando junto ao setor para
tor financeiro do Brasil. Criado em 2015 pelo Itaú e outro trazer soluções inovadoras. Juntamente com as grandes
parceiro, o Cubo é o mais importante centro tecnológico companhias, poderão potencializar os resultados e con-
de empreendedorismo da América Latina. De lá pra cá se tribuir para um Brasil onde todos os brasileiros tenham
originaram diversas soluções utilizadas pelo próprio banco acesso ao saneamento.
e até mesmo em outras empresas do Brasil. Com inovação rumo à universalização!

24 Saneas
ESPECIAL
MULHERES

Mulheres no saneamento
Engenheiras, biólogas, gestoras, coordenadoras, assessoras, professoras, mestres e doutoras, entre outras. As conquistas
das mulheres que atuam no setor de saneamento são evidentes no mercado de trabalho. Nesta edição, a revista Saneas
homenageia todas as profissionais que ajudam a desenvolver o setor. Leia a seguir depoimentos de algumas delas:

Por Jéssica Marques

Monica Ferreira
do Amaral Porto
Assessora da Presidência
na Sabesp
m março comemoramos o dia internacional da mulher. Embora
o tema seja complexo, é um momento de reflexão sobre o papel da
mulher na atualidade e uma boa oportunidade para pensarmos sobre a
Viviana sociedade a que pertencemos. tuo no setor desde 1978. O tema Água sempre des-
pertou o meu interesse desde a época de estudante
Borges O mundo vem mudando cada vez mais rápido. Ao fazermos uma retrospectiva sobre
Gerente da alguns fatos históricos do papel da mulher na sociedade, percebemos um grande avanço. na Escola Politécnica da USP. Fiz Mestrado na área de
Divisão de Por outro lado, vimos as estatísticas levantarem a desigualdade de gênero e crescer a taxa de Hidrologia, que me levou a iniciar a vida profissional
Planejamento,
feminicídio recente no nosso país, e refletimos sobre as transformações sociais as quais viven- como estagiária nessa área. Durante o programa de
Gestão e De- Doutorado, me interessei pela área de Qualidade
senvolvimento ciamos. Será que estamos tão envolvidos numa condição desigual que não a percebemos? Será
Operacional que perdemos a sensibilidade sobre a desigualdade de gênero? Ou será que estamos isolados da Água.
da Produção convivendo apenas com pessoas que não pensam sobre o tema? Será que a sociedade avançou A partir de então toda minha atuação profissional,
- MAGG - UN
rapidamente na igualdade de gêneros no século passado e agora, no século 21, caminha a passos seja na área acadêmica ou fora dela, sempre foi
de Produção
de Água - MA lentos? Será que corremos o risco de, no futuro, perder os avanços obtidos nas últimas décadas? nos temas de Gestão de Recursos Hídricos e Ges-
da Sabesp e Como o setor de saneamento pode ajudar a sociedade numa convivência mais coerente entre tão da Qualidade da Água, em particular na área
presidente da homens, mulheres e a natureza, respeitando suas individualidades, para buscarmos um mundo de Qualidade da Água em corpos d’água, e pela
AESabesp
melhor para todos? interface do tema, acabei tendo um relaciona-
Vivemos uma modernização tecnológica que tende a favorecer uma posição de igualdade de gê- mento direto com o setor de saneamento.
neros. Assistimos no final do século 20 e início do século 21 a mulher se firmando no mercado Sempre trabalhei em ambientes com poucas
de trabalho, notadamente evoluindo numa crescente escolarização e acesso à informação. A mulheres. Entretanto, nunca me preocupei com
AESabesp tem na inovação e na modernização tecnológica uma força na busca pela univer- isso. União, respeito, amizade, bom humor, de-
salização do saneamento. Talvez por isso o ambiente da AESabesp favoreça a participação vem fazer parte do nosso dia a dia com todos
das mulheres. os colegas de trabalho, independentemente de
No setor de saneamento podemos dizer que a AESabesp está na vanguarda no que diz gênero.
respeito às mulheres, com a eleição de três mulheres presidentes da entidade e de Desta forma, tive diversos marcos na minha carreira
diversas diretoras, conselheiras, coordenadoras e especialistas em diferentes fóruns, como, por exemplo, a pós-graduação, a decisão pela
comissões e grupo de trabalho, com voz, ao longo dos seus 33 anos de existência. carreira acadêmica, e a participação intensa em redes
A AESabesp em sua missão traz o desenvolvimento sustentável do saneamento. profissionais, como no período em que fui presidente da
Quando se fala em sustentabilidade está se considerando o equilíbrio entre o Associação Brasileira de Recursos Hídricos, e finalmente
econômico, o social e o ambiental. A ONU, em 2015, apresentou uma opor- aceitar o desafio de ir para o governo durante a crise hí-
tunidade de reunir os países e a população global para decidir sobre novos drica. Todos esses passos dependeram de dedicação plena
caminhos de forma a melhorar a vida das pessoas em todos os lugares. As ao trabalho.
discussões e ações tomadas pelos países resultaram no estabelecimento de Também destacaria o concurso para Professor Titular e o re-
17 objetivos para transformar o mundo, os chamados Objetivos de De- cebimento do prêmio Engenheiro do Ano em 2016, outorga-
senvolvimento Sustentável - ODS, numa ambiciosa agenda para 2030. As do pelo Instituto de Engenharia de São Paulo.
discussões se baseavam na mesma sustentabilidade que a AESabesp tra- Acima de tudo, penso que a realização mais importante foi a
balha: com foco nas dimensões econômica, social e ambiental. Enquanto oportunidade de contribuir, de perto, para a gestão da crise hí-
o ODS 6 trata de água potável e saneamento, o ODS 5 preconiza alcançar drica em São Paulo, graças ao convite do Dr. Benedito Braga
a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas, com para, com ele, participar do Governo do Estado de São Paulo,
leituras, indicadores e metas regionalizados para o Brasil. A AESabesp se na Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos.
aproxima dos ODS para um mundo justo, equitativo, tolerante, aberto
Agora, depois de 41 anos de profissão, meu sonho é apenas
e socialmente inclusivo em que sejam atendidas as necessidades das
o de conseguir convencer a todos os estudantes e jovens
pessoas mais vulneráveis. E, embora o caminho para todas estas
engenheiros, independente de gênero, que a carreira é
discussões seja longo e, por vezes, pareça que divagamos, em
gratificante e a dedicação ao estudo e ao traba-
outros momentos as ações e fatos parecem convergir para
lho valem muito a pena.
um mesmo objetivo: um mundo melhor para todos.
Janeiro a Março de 2020 25
ESPECIAL
MULHERES

Eliana
Kazue
I. Kitahara
Engenheira do Departamento
de Controladoria e Planejamento
Integrado de Sistemas Regionais - RCC
e ex-presidente da AESabesp

ui a segun-
da mulher na Sabesp
a trabalhar em área operacional. Substituí uma
mulher da primeira turma da Tecnologia Sanitária UNICAMP,
que saiu para se casar. Assim como ela, nos identificamos muito com as
atividades de campo e lidar com funcionários, todos masculinos.
Com relação a outras mulheres que estão atuando na Sabesp, vejo que é crescente a aprovação e reconhecimento do trabalho feminino. Fico
muito orgulhosa pelo fato, pois acho que mulher tem talento de malabarista, quando tem a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo (lar, filhos,
trabalho) e na maioria das vezes a mulher é mais prática, objetiva e intuitiva.
Felizmente, em quase 43 anos de prestação de serviço, somente uma vez, na época em que iniciei minha carreira na área operacional, um funcionário quis me des-
respeitar. De imediato, coloquei minha posição de descontentamento e comuniquei sua chefia direta. Nunca mais tive caso similar.
No início da carreira profissional atuei por muitos anos na Diretoria Metropolitana, onde assumi a responsabilidade sobre a operação e conservação das unidades opera-
cionais dos sistemas de produção de água do Rio Grande, Guarapiranga, Alto e Baixo Cotia. Na época não havia sistema de telemetria e todas as manobras em sistemas
complexos operacionais eram realizadas por telefone.
Implantei o primeiro posto de Recebimento de Efluentes Não Domésticos na Sabesp, localizado na ETE Jesus Neto, período no qual visitava muitas indús-
trias e comércios da região Central da RMSP a fim de apresentar as atividades do Setor e buscar o controle de efluentes não domésticos
lançados no sistema de esgotamento sanitário da Sabesp e o aumento do faturamento da empresa.
Na implementação das obras e início de operação das ETEs Parque Novo Mundo, São Miguel e revitalização da ETE
Suzano, localizados na RMSP, assumi a gerência de Departamento AEL. Foi um período de muitas conquistas,
melhorias e inovações nos projetos propostos para as novas ETEs, entre elas, implantação de auditórios,
Karla abertura das ETEs para visitação de alunos de escolas e sociedade no geral, promovendo a educação
Bertocco ambiental como ferramenta de conscientização social sobre a importância do Tratamento
Ex-presidente da Sabesp de Esgotos na melhoria da qualidade de vida e meio ambiente. Tive vários momentos
marcantes em minha vida profissional e foco a minha gestão na presidência da AE-
u comecei no setor SABESP que foi bem conturbada, pois foi na época de crise hídrica. Sem apoio
de saneamento em 2004. financeiro para realização da FENASAN e Encontro Técnico, conseguimos
Naquela ocasião havia tido uma troca da manter os maiores eventos de Saneamento no Brasil (América Latina).
presidência da Sabesp e a pessoa com quem eu Para o futuro, pelo fato de ter trabalhado com população de
estava trabalhando na época, secretário de estado, virou baixa renda e conhecer a realidade de falta de estrutura
presidente da empresa. Ele me chamou para ser chefe de gabi- de saneamento, gostaria de contribuir mais para
nete, uma posição mais administrativa. sanar/ amenizar as deficiências existentes,
Eu aceitei e em 2004 fui para a Sabesp. Foi um ano muito importante para o principalmente na área de esgoto.
saneamento, pois foi quando começou uma discussão aprofundada sobre o marco legal
do setor. Eu era formada em Administração Pública e Direito, portanto, além das funções adminis-
trativas eu comecei a me envolver com questões regulatórias.
Então, saí da parte administrativa e fui para Planejamento Estratégico, Orçamento e era responsável pela discussão da regulação.
A maior dificuldade na época não foi nem por ser mulher, mas por eu ser muito nova.
Eu tinha 26 anos e isso chamava muito a atenção. As pessoas alcançavam as posições de superintendência mais velhas. Eu lidava com a
maioria do público masculino, tinham bem poucas mulheres em posição de comando e todos eram muito mais velhos que eu.
A questão de união entre as mulheres é algo recente. Antes você era bem recebida e pronto. Quando fui presidente, vi mulhe-
res ocupando posições mais relevantes e como elas apoiavam o fato de ter uma mulher na presidência. Teve uma evolução e
não é exclusiva do setor do saneamento.
Além disso, o fato de a presidente da Sabesp ser mulher deixa as demais mulheres mais confortáveis para discutir questões
de diversidade, assédio moral e sexual, que até então eram assuntos muito menos debatidos.
Na época também foi quando a discussão sobre mulheres em posição de liderança ganhou ênfase. Isso fica evidente no
Conselho de Administração. Notei que eram todos homens, mais velhos e que esse ainda é o perfil mais comum em
conselhos de empresas de saneamento. Ao longo de minha experiência na Sabesp eu me especializei em saneamento.
É muito importante que quem conhece o setor se dedique a ele. Temos a discussão do marco legal e a expectativa de
retomada do setor.
Não se pode mais depender de recurso público. De alguma forma é preciso atuar para aumentar o volume de investi-
mentos no setor, que é aquém do necessário e mal distribuído. A gente está para experimentar um momento de grandes
mudanças e quero usar essa experiência de gestão e conhecimento de estrutura de regulação do setor de saneamento
para contribuir com esse período.
Acredito que atualmente existem dois focos: o aumento do investimento no novo cenário de crescimento da participação priva-
da no setor e a necessidade de trazer para o saneamento inovações relevantes como as que vem impactando a nossa vida privada.

26 Saneas
Samanta Salvador
Tavares de Souza
Superintendente Comercial e de
Relacionamento com Cliente
udo começou em 1996 quando passei em um concurso da
Sabesp. Na época eu não tinha conhecimento da dimensão
do que era o saneamento. Quando visitei o Sistema Cantareira me u entrei na Sabesp em 1997 como estagiária.
apaixonei pela Sabesp e pelo Saneamento. Há um mês que eu estava como estagiária na
Desde então, lembro apenas de uma situação em que sofri discriminação por empresa abriu um concurso. Eu já estava gos-
ser mulher e foi no início da carreira, quando assumi a coordenação de atividades tando, entrei no concurso, fui bem colocada,
operacionais. Hoje não vivencio este tipo de situação. no mesmo ano fui chamada e em outubro de
Sandra 1997 comecei minha carreira como funcio-
Acredito que a maior dificuldade que enfrentei ao longo da carreira, que na verdade nem
Garcia nária da empresa.
chamaria de dificuldade, foi ganhar o meu espaço, conquistar a confiança e respeito profis-
Lopes
sional.Trabalhei muito e me envolvi nas iniciativas referente a assuntos de Gestão, qualidade, No início eu era muito jovem, na época eu
Gerente de
Departamento desenho de processos. Uma forma que entendi ser adequada para ampliar minha visão sistê- tinha 20 anos. Sempre tive uma cabeça de
de Demandas mica e a minha rede de relacionamento. inovação, de sair do quadrado e naque-
de TI le momento a empresa ainda era muito
Durante a minha vida profissional tive a oportunidade de trabalhar com mulheres que são
verdadeiras líderes que me inspiraram e me fizeram acreditar que era possível conquistar conservadora, mas sempre fui persisten-
novos desafios. te.

Atuei em várias áreas da empresa e em vários projetos estratégicos. Isso possibilitou um grande Mostrar soluções e apresentar resultados
aprendizado. Além disso realizei vários cursos para desenvolvimento profissional e pessoal. sempre propondo alguma solução vincu-
lada a resultado facilitou, porque eu me
Também participei de regularizações de abastecimento de água de áreas
comprometia a fazer a entrega e esse
carentes. Neste momento você entende a diferença que o nosso
resultado se materializava, com isso fui
trabalho faz na vida das pessoas, sou muito grata por ter a
conquistando a confiança da minha lide-
oportunidade de ter vivido isso.
rança, o que foi abrindo portas para mim.
Na empresa também tive a oportunidade de participar de
Apesar de ser um mercado que tem uma
vários projetos com equipes formadas por grandes profis-
predominância masculina, eu não me senti
sionais. Dentre eles, gostaria de destacar a participação
discriminada em situações machistas nun-
na implantação da metodologia de Gestão Por Valor
ca. Sempre fui muito respeitada profissional-
Agregado (GVA) na empresa. Na época, estava tra-
mente. Não posso reclamar de discriminação,
balhando na Unidade que foi escolhida para ser o
porque sempre tive o meu espaço na empresa
piloto neste trabalho que serviu de referência para
e meus líderes, homens ou mulheres, sempre me
as outras unidades da empresa.
respeitaram.
Há pouco tempo assumi uma nova área, Gestão
Eu entrei na área financeira e trabalhei lá durante
de Demandas de TI. Como sou uma profissional
sete anos. Em determinado momento, mudou o supe-
com experiência no negócio, na “ponta”, estou
rintendente da unidade de negócios em que eu traba-
aprendendo muito sobre este mundo maravilhoso
lhava, ele foi para uma outra unidade, me convidou para
da Tecnologia da Informação. Enfrento toda esta
ir junto para assumir a área de controladoria daquela supe-
mudança com flexibilidade, resiliência, empatia, adap-
rintendência.
tabilidade e muita motivação.
Depois de sete anos de financeiro, recebi um convite para ir para a
Hoje meu sonho profissional é ter sucesso neste novo
área comercial, que eu não tinha noção do que se tratava. Entrei na
desafio que assumi na área de TI e poder cada vez mais
área em 2006 e nunca mais saí dela.
contribuir para o sucesso da empresa. Pretendo alcançá-
-lo com dedicação, estudo, trabalho em equipe Fiquei em Americanópolis por cerca de dois anos, fui convidada a ser
e estando sempre aberta para o novo gerente de grandes consumidores da região Sul de São Paulo, depois pas-
e com foco no resultado. sei a ser responsável por toda a área comercial da região Sul e depois de
alguns anos fui convidada a assumir a Região Metropolitana de São Paulo
como gerente do departamento de gestão das relações com os clientes.
Trabalhar na operação com o cliente me fascinou. Me encontrei pro-
fissionalmente a partir do momento em que eu fui para a área co-
mercial e sou apaixonada pelo que eu faço. Acordo diariamente
com muita vontade de trabalhar porque para mim o trabalho
é um prazer.
O momento mais marcante da minha carreira foi
o período da crise hídrica. Eu fiquei grávida, vivi
aquela pressão doida e em janeiro de 2015 con-
cedi umas 40 entrevistas para as principais
mídias. Com todas as mudanças hormonais
da gravidez, vivi naquele mundo de crise
com tudo ao mesmo tempo. Naquele
período me descobri muito como
mulher e profissional. Foi o grande
momento da minha vida.

Janeiro a Março de 2020 27


ESPECIAL
MULHERES

Nercy Donini Bonato


Gerente do Departamento de Planejamento e Relações
Comerciais da Unidade de Negócio Sul na Diretoria AESabesp homenageia
Metropolitana e ex-presidente da AESabesp
as profissionais da
associação e do saneamento
ngressei na Sabesp em 1979 como estagiária. Foi impor- nas redes sociais
tante para mim entrar em uma empresa tão grande. Eu era
moça e queria trabalhar em obras, mas consegui trabalhar
Para celebrar o Mês da Mulher, a Associação dos
na área de projetos porque obras não era lugar de mulher.
Engenheiros da Sabesp - AESabesp está promovendo
Sempre teve figuras femininas na Sabesp que me ins-
piraram, como a engenheira Ana Lúcia Brasil e Cecília
a Campanha Mulher AESabesp em homenagem às
Takarrashi. profissionais da entidade e do Setor de Saneamento.
Antigamente, mulher não entrava em túnel, tinha um
Para participar, basta enviar uma foto (pode ser uma
grande preconceito com mulheres. Era um sonho traba-
lhar no projeto Sanegran, que hoje seria o Projeto Tietê. selfie) para campanhas@aesabesp.org.br, com nome
Eu passei para a área de projetos e acompanhava as
completo, empresa e área de atuação ou instituição onde
obras, de certa forma. Mas me encantei por outras estuda.
áreas e hoje gosto mais de planejamento do que É um convite às profissionais para que mostrem seu orgulho
de obras. Trabalho há 20 anos nisso e proporciona de participar da AESabesp e do setor, que se dedica ao
uma versão transversal da empresa. Agora estou saneamento, ao meio ambiente e ajuda a construir
muito empolgada com o projeto Novo Pinheiros, um mundo mais sustentável.
que é um grande projeto.
Fora essa frustração inicial minha, nunca tive mais As imagens estão sendo publicadas nas redes sociais da
problema na minha carreira, muito pelo contrário. Associação.
Tive chefes e líderes que me respeitaram e impulsio-
naram. A Sabesp dá muitas oportunidades e respeita
Mais informações em nosso site www.aesabesp.org.br
a mulher como profissional.
Tive oportunidade de trabalhar em diversas diretorias.
PARTICIPE! MANDE SUA FOTO E MOSTRE SEU
Comecei pela diretoria técnica de construção, passei por
planejamento e hoje estou na Diretoria Metropolitana,
ORGULHO DE SER #MULHERAESABESP.
que acho que é a diretoria que de uma forma geral tem
mais mobilidade, penetração, acesso direto, contato com o
cliente.
Assim, acabei trabalhando com relacionamento com cliente
Comissão promove os
em tantos anos de engenharia. Tenho um grande orgulho de Objetivos de Desenvolvimento
trabalhar na Sabesp, sempre fui respeitada pelos meus colegas
engenheiros. Me dedico muito a transferir minha experiência e Sustentável
incentivar outras pessoas a fazer uma carreira brilhante.
Ser presidente da AESABESP foi especial, um trabalho impor- O mês de março também marca, na AESabesp, a criação
tante, era uma época de muita luta e determinação para que a de uma Comissão formada por mulheres que se dedicará
associação crescesse e prosperasse como ela é hoje, uma asso- à promoção dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento
ciação forte no setor, respeitada e conhecida no Brasil e fora. Sustentável estabelecidos pela ONU e para tornar a
Conheci muitas pessoas e o networking me ajudou muito AESabesp signatária das Nações Unidas.
na carreira. Acredito no trabalho em equipe, coope-
rativismo. A presidência, de 1993 a 1995, foi um A Comissão, composta inicialmente pelas associadas
marco na minha vida, eu acho que contribuí que frequentam as reuniões e já atuam em atividades da
e recebi bastante.
AESabesp, mas aberta à participação de todos, realizará
diversas iniciativas, como eventos e estudos, para as
associadas e associados AESabesp e também ações
voltadas à conscientização da sociedade.

Mais informações em nosso site www.aesabesp.org.br

28 Saneas
ARTIGO
TÉCNICO

Edson Sene da Costa


Eficiência Energética: distribuição do Sistema
Ciro Cesar
Falcucci Lemos
São Lourenço aproveitamento energético por
Alessandro
Muniz Paixão
obras de setorização e instalação de Bomba
Aurélio Fiorindo Filho
Funcionando como Turbina (BFT)
Tarcísio Luis Nagatani

Paulo César
Lemes Rocha
Resumo sos e Apoio, por exemplo: Água, Esgoto, Qualidade,
Silvio Tadashi
Yamagutti
Nos sistemas de abastecimento de água há poten- Serviços e etc. Os Fóruns acompanham as análises crí-
ciais hidro energéticos que permitem a geração de ticas da MO bem como os planos de ações e também
Antonio Alexandre
Magnanini energia elétrica e a otimização dos setores de abaste- propõem projetos.
Ivan Carlos Storer cimento, por meio do emprego de soluções inovado- No Fórum água de abril/2015 concluiu-se que era

Geraldo Juncione ras, como o emprego de bombas funcionando como preciso investir na melhoria da eficiência energética e
turbinas (BFT). geração de energia onde fosse possível.
Sandra Stringhini
Esta inovação implantada na Unidade de Negó- Este Fórum é coordenado pela área de Engenharia
Bruno Pereira Toniolo
cio Oeste- MO, da Sabesp, em 2017, no Reserva- da MO e está alinhado com os Objetivos Estratégicos
tório Tamboré, que garantiu a geração de energia da MO (ver figura 1), além de ser prática do Sistema
de 90 kwh. Projeto este desenvolvido em parceria de Trabalho da MO para promover o envolvimento e a
com o Banco de Desenvolvimento Alemão o KfW interação dos empregados de diversas áreas visando ao
que promove também investimentos no Brasil para alto desempenho e à inovação.
expansão de energias renováveis e a empresa KSB O Fórum Água visualizou que é possível economizar
(fornecedora de bombas), e a Universidade de Bun- dinheiro aumentando a eficiência energética e também
deswehr em Munique. aproveitar a energia residual hoje desperdiçadas no sis-
A implantação deste piloto permitiu a definição da tema de abastecimento de água.
concepção de novas instalações, este trabalho tem Neste Projeto será possível gerar energia elétrica me-
por objetivo apresentar a implantação do BFT e os po- diante aproveitamento da energia residual da água que
tenciais projetos similares na unidade MO. entra nos reservatórios da MO, entre os processos Adu-
A eficiência energética também foi estudada por se- ção e Reservação.
torização que consiste em desativar as instalações que O sistema de abastecimento é composto de diver-
consomem energia elétrica (bombas) mediante as- sas adutoras entregando água em diversos reservató-
sentamento de tubulações, permitindo a interligação rios, sendo que cada adutora atende vários reservató-
destas regiões, a um setor próximo, que tenha uma rios, porém o sistema é dimensionado para abastecer
piezométrica suficiente para promover o abastecimen- o mais alto deles, e então, em todos menos um, o
to por gravidade. mais alto, sobra energia que é dissipada em forma de
calor, devido ao estrangulamento da válvula de entra-
PALAVRAS-CHAVE: Abastecimento de Água, Eficiên- da dos reservatórios.
cia Energética e Bomba Funcionando como Turbina. Quando uma adutora abastece vários reservatórios,
para não ter desperdício de energia (porque o bom-
Introdução beamento é dimensionado para o mais alto), seria
OPORTUNIDADE possível, somente se todas as válvulas de entradas tra-
Desde 2014, a Unidade de Negócio Oeste - MO tem balhassem totalmente abertas, porém seria impossível
como entrada de novos projetos o Fórum de Proces- de se operar porque toda a água do sistema iria para

Janeiro a Março de 2020 29


PONTO DE
ARTIGO
VISTA
TÉCNICO

os reservatórios mais baixos, por isso é que se tem uma válvula de Sabesp”, 9 “Gerar impacto socioambiental positivo” e 10 “Gerar
controle na entrada de cada reservatório. lucro” (ver figura 1).
A solução então é instalar bombas funcionando como turbina (BFT) Este desafio de aproveitamento da energia residual nas entradas
na entrada de todos os reservatórios, assim em vez de graduar a vál- dos reservatórios é compartilhado pelas outras Unidades de Negó-
vula de controle (dissipando energia) será instalado um BFT na entra- cios da distribuição e também por todo o setor de saneamento no
da de cada reservatório gerando energia que hoje é desperdiçada. Brasil e no mundo.
O Projeto proposto contribui para a redução da conta de energia Os participantes do Fórum de Água constataram que era pos-
elétrica, porque esta energia gerada será medida e entregue à Con- sível aumentar a eficiência energética oriunda da entrada de
cessionária de energia e vendida, assim o valor será descontado água nos reservatórios e utilizando a prática do processo decisó-
nas outras plantas da MO, dessa maneira, executando-se todas as rio em grupo por meio do Brainstorming, analisaram as possibi-
obras propostas neste trabalho, será possível “zerar” as contas de lidades de atuação.
energia elétrica da Unidade de Negócio Oeste - MO. Para aprofundar os estudos, os trabalhos foram divididos em 2
A notoriedade deste Projeto é evidenciada pelo alinhamento grupos de trabalhos (GT), sendo um de hidráulica e outro de elétri-
com seis dos Objetivos Estratégicos como a seguir: 2 “Implantar ca, somando são catorze funcionários da MO e mais cinco funcio-
novas tecnologias”, 4 “Aperfeiçoar processos”, 6 “Manter e con- nários de outras superintendências parceiras. A coordenação dos
quistar mercados e novos negócios”, 7 “Fortalecer a imagem da trabalhos ficou com a MOE.
Sustentabilidade

8 9 10
Garantir a Gerar impacto Gerar
disponibilidade socioambiental Lucro
hídrica positivo
Sociedade
Cliente e

5 6 7
Manter e conquistar Fortalecer a
Satisfazer o mercado e novos imagem da
cliente negócios Sabesp
Processos

3 4
Assegurar a Aperfeiçoar
qualidade dos
serviços processos
einovação
Pessoas

1 2
Promover Implantar novas
desenvolvimento tecnologias
profissional e pessoal

Figura 1: Mapa Estratégico (fonte: Intranet Sabesp, Abril/19).

30 Saneas
Os estudos foram amplamente discutidos por todos e por fim água entra no reservatório, perde toda a energia e depois sai por
chegou-se a um plano de ação, baseados na missão, visão e valores gravidade para a zona baixa e outra parte é bombeada para a
e diretrizes estratégicas. zona alta. A proposta aqui é em vez de bombear para a zona alta,
assentar tubulações de um outro reservatório por gravidade, so-
Objetivo lução não apontada nas literaturas porque as análises eram feitas
O abastecimento é condição primordial ao atendimento da pontualmente apenas por setor como se fosse um mundo isolado.
vida, da saúde e do funcionamento das cidades. A implan- Já uma Bomba Funcionando como Turbina (BFT) é aplicada nas en-
tação destas obras regularizará o fornecimento de água da tradas dos reservatórios setoriais, aproveitando o residual de energia
região e proporcionará também, o atendimento aos centros existente, visto que quando a água entra num reservatório ela perde
industriais e comerciais, melhorando as condições socioeco- toda a sua energia residual, assim a BFT retirará e transformará esta
nômica das localidades, e reduzindo o consumo de energia energia antes dela se dissipar. Também as BFT’s são aplicadas numa
elétrica mediante o aproveitamento do potencial energético adutora quando é necessário reduzir a pressão na adutora, hoje são
do Sistema São Lourenço. instalados as chamadas Estruturas de Controle (EC), porém a energia
O principal aproveitamento energético que se pode ter é des- não é aproveitada, o ideal seria uma BFT para gerar energia.
ligar as elevatórias de distribuição de água para as Zonas Altas
e abastecer esta região mediante assentamento de tubos de um Benefícios esperados
setor próximo que tenha uma piezométrica suficiente para que Estas obras de adução, reservação e distribuição de água de nove
se possa desligar as bombas das zonas altas e assim efetivamen- setores de abastecimento e instalação de BFT que maximizarão
te reduzir o custo com a energia elétrica. Nos setores clássicos a o aproveitamento do Sistema Produtor São Lourenço, proporcio-

Tabela 1: Elevatórias desativadas por Setorização

Elevatória a Ser Desativa Qual Setor ou Sub-adutora Potência a Desativar (kw) Situação
passará a abastecer a região

Jandira ZA Sub-adutora Jandira Mirante 350 Concluída


via São Lourenço
1- Itapevi-Centro ZA Novo Setor Itapevi-Santa Cecília 220 Em andamento
2-Barueri-Tupã ZA Novo Setor Barueri Vale do Sol 175 Em projeto
3-Barueri Tamboré ZA Novo Setor Genesis 1275 Em andamento
4-Nove Boosters em Itapevi Novo Setor Itapevi-Santa Cecília 420 Em andamento

5-EEA Carapicuíba Vila Dirce Sub Adutora Carapicuíba via São 510 Em projeto
Lourenço
6-Booster Fazendinha Novo Setor Genesis 540 Em andamento
7-Booster Imperial, Sergipe e Poços Novo Setor Genesis 420 Em andamento
Total 3.910

Tabela 2: Implantação de Bombas Funcionando como Turbina (BFT)


Modalidade do
Local a ser implantada aproveitamento energético Potência a Recuperar (kw) Situação

Barueri-Tamboré Entrada de reservatório 90 Concluído

8-EC-1 Controle de pressão na adutora - 450 A licitar


Interligação com Baixo Cotia

9-EC-2 Controle de pressão na adutora - 1030 A licitar


Interligação com Cantareira
10-Barueri-Vale do Sol Entrada de reservatório 70 A licitar

11-EC-3 Controle de pressão na adutora 640 A licitar


Carapicuíba-Centro

12-Genesis Controle de pressão na adutora 120 A licitar


Genesis
Total 2.400

Janeiro a Março de 2020 31


PONTO DE
ARTIGO
VISTA
TÉCNICO

nando eficiência na gestão do serviço de abastecimento, com re- nologia ainda está em desenvolvimento, não se tem um domínio
gularidade adequada, redução de energia, redução de perdas e completo da aplicação.
capacidade de expansão futura. Dentre os reservatórios da MO escolhemos o Reservatório Ba-
Haverá a regularização do abastecimento de água em nove se- rueri-Tamboré porque tem grande vazão e uma pressão de entrada
tores de abastecimento nos municípios de Itapevi, Jandira, Barueri, considerável, sendo assim um excelente potencial de aproveitamento.
Carapicuíba e Santana de Parnaíba que são abastecidos pelo Sis- Após consenso com os parceiros alemães da escolha do reserva-
tema Produtor São Lourenço, beneficiando 1.100.000 (um milhão tório, o GT de hidráulica, em agosto/2016, executou a modelagem
e cem mil) habitantes e possibilitará também a desativação de 21 matemática da operação e o resultado foi que é possível instalar um
estações de bombeamento. BFT com vazão 400 litros por segundo e com um aproveitado de
carga de 30 metros de coluna de água (mca), escolhida a bomba que
A ideia melhor se adequa a este ponto de trabalho o ganho foi de 90 kw.
A fonte inspiradora é o estudo minucioso do Ciclo do Saneamento Foi definido uma regra operacional para o funcionamento da
ver figura 2, onde se percebe os pontos em que existem energia resi- válvula de controle e da turbina com uma tabela de como será a
dual, são eles: na entrada das estações de tratamento de água (ETA), operação durante as 24 horas do dia com os resultados hora a hora.
na entrada dos reservatórios setoriais e na rede de distribuição. De posse resultados hidráulicos que mensuram os ganhos, em no-
vembro/2016, o GT de elétrica fez um benchmarking na Eletropaulo
Cidade Ciclo do Saneamento que apresentou os casos em que compram energia de geradores lo-
cais e se mostraram muito interessados em comprar a energia, bem
como nos orientou em vários aspectos do projeto para uma melhor
Grades Rio aceitação da energia que será gerada. Que foram atendidos e o pro-
Rede de distribuição Esgostos
Decantador
jeto de interligação foi concluído e entregue em setembro/2017.
Represa
Reservatório
Hoje o processo adução reservação está totalmente separado do
Captação
processo Distribuição, conforme a figura 3.
Floculação A água para entrar no reservatório passa por uma válvula de con-
Decantação
Filtração trole que dissipa a energia excedente.

Figura 2: Ciclo do Saneamento (fonte: site PNQS, Abril/17).

Para o projeto piloto da Bomba Funcionando como Turbina (BFT), o


grupo desenvolveu uma parceria com a Universität der Bundeswehr
em Munique, escola fundada em 1973. Também faz parte da par- Adução Válvula de controle
(Dissipa energia)
ceria um fabricante de bombas a KSB. Desta maneira o trabalho Reservação

é inédito na Sabesp, poderemos compartilhar o conhecimento dos


Figura 3: Processos de Adução/Reservação atual (sem BFT) - (fonte
parceiros que estão mais tempo estudando esta nova tecnologia. autoral, Abril/17).
A aplicação de BFT’s na distribuição é possível quando há pres-
sões e vazões compatíveis para geração de energia, ou seja, onde Junto com a implantação do BFT foi executado um by-pass de
há energia sendo dissipada, como por exemplo, nas entradas dos maneira que a água passará pela BFT primeiro e depois entrará no
reservatórios, e nas válvulas reguladoras de pressão (VRP’s), opta- reservatório por baixo ao mesmo tempo que vai para a distribuição,
mos por implantar o piloto de entrada dos reservatórios; porque o que maximizará o ganho e haverá uma integração adução/reser-
esta modalidade está num avançado estágio de tecnologia e efici- vação/distribuição, ver figura 4.
ência, futuramente serão implantados pilotos substituindo as atuais
válvulas reguladoras de pressão por BFT’s, porém neste caso a tec-

32 Saneas
Adução

Distribuição

Reservação
BTF (gera energia) Região a ser abastecidada pelo reservatório apoiado

Figura 4: Gestão integrada adução/reservação/distribuição, otimizada e Região a ser abastecidada pelo reservatório elevado
unificada pelo BFT - (fonte autoral, Abril/17). Região Intermediária

Figura 6: Exemplo de setorização Zonas alta e baixa e área de VRP


(fonte: Sabesp-MP-2016).
Para isso foram instalados controladores lógicos programáveis e Reservatório Figura 7: Setor
Elevado clássico com
conversores de frequência no BFT (ver figura 5) que também será Reservatório
Zona Baixa
Superficial
interligado a um medidor de vazão que transmitirá a vazão que será e Zona Alta
Zona Alta (fonte: Sabesp-
corrigida para mais ou para menos, conforme previsto na modela- MP-2016).
gem matemática.
Simplesmente hoje recuperamos uma energia que era desperdi- Zona Baixa
çada e no projeto piloto o ganho foi de 90 kw (ver figura 5), então o
indicador será Valor Medido dividido pelo Valor Previsto o resultado
deverá ser maior ou igual a 80%. Figura 8: Evolução
do setor clássico
Conforme descrito anteriormente este projeto piloto aproveitou a Reservatório eliminando a torre
Superficial
energia residual que temos em 90% de nossos reservatórios e que Booster com
e adotando inversor
inversão de Zona Alta de frequência (fonte:
hoje são dissipadas na válvula de controle dos reservatórios setoriais. frequência Sabesp-MP-2016).

Eficiência energética por setorização Zona Baixa


Já no processo de Setorização ( ver figura 6) o piloto ocorreu na
EEAT de Jandira-Centro que bombeava para o Reservatório Jandi-
Q out

Q in

1) Isolation valve 2) Electromagnetic


pressure side insertion meter
3) Flange
connection DN300
ANSI standard

4) Flange
connection DN350
Po ANSI standard
Omegwerhouse 5) Isolation valve
a
90kw 300-300 suction side
no A
Poweminal
r

A) Flow
measurement

B) Butterfly valve
(existing)
Figura 5: BFT completa com by-pass, medidor de vazão, gerador e CLP- (fonte: KSB - Bombas).

Janeiro a Março de 2020 33


PONTO DE
ARTIGO
VISTA
TÉCNICO

ra-Mirante que foi interligado ao Sistema Produtor São Lourenço Tabela 3: Custos estimados obras por Setorização
(SPSL) mediante execução de Sub-Adutora em diâmetro de 800 Obra de Qual Setor ou Zona de Custo Estimado
Setorização Pressão que passará a (R$ x 1000)
mm, e consequentemente eliminando a elevatória visto que com abastecer a região
a construção pelo Sistema Produtor São Lourenço (SPSL) da Sub-adutora Jandira Reservatório
Mirante via Jandira-Mirante Concluído
Sub-adutora Jandira Mirante com extensão de 821 metros e São Lourenço

diâmetro de 800 mm (32”). Novo Setor Barueri Tupã Zona Alta e 9.000,00
Vale do Sol Derivação Tupã
Nos setores clássicos (ver figuras 7 e 8) a água entra no reserva-
Novo Setor Itapevi- Itapevi ZA e Setor
tório, perde toda a energia e depois sai por gravidade para a zona Santa Cecília Sapiantã e área de nove 17.000,00
boosters existente
baixa e outra parte é bombeada para a zona e alta. A proposta
Novo Setor Genesis Barueri-Tamboré 63.000,00
aqui é em vez de bombear para a zona alta, assentar tubulações de Zona Alta

um outro reservatório por gravidade, solução não apontada inicial- Sub Adutora
Carapicuíba via Carapicuiba Vila Dirce 21.000,00
mente porque as análises eram feitas pontualmente e não com um São Lourenço
Total 110.000,00
enfoque para o sistema produtor como um todo.
A economia de energia prevista com as obras é de 2.815.200
Resultados obtidos kw/mês que gera uma economia de R$ 13 milhões por ano.
Implantada a BFT Barueri-Tamboré em Abril/2018 houve a eco-
nomia de R$ 25.000,00 por mês na conta da energia elétrica, Pay-back para as ações de Setorização é de 8,2 anos.
confirmando que podemos prosseguir com as outra cinco BFT’s
estudadas (ver Tabela 4).

Tabela 4: Custos estimados de Bombas Funcionando como Turbina (BFT)


Modalidade do Custo Estimado
BFT a implantar aproveitamento (R$ x 1000)
energético
Barueri-Tamboré Entrada de reservatório Concluído
Controle de pressão na
EC-1 adutora - Interligação com 5.500,00
Baixo Cotia
Controle de pressão na
EC-2 adutora - Interligação com 11.000,00
Cantareira
Barueri-Vale do Sol Entrada de reservatório 1.000,00

EC-3 Controle de pressão na 8.000,00


adutora Carapicuíba-Centro Figura 9: Vista da BFT Tamboré (entrada de reservatório
Controle de pressão na (fonte: Sabesp-2018).
Genesis adutora Genesis 3.000,00

Total 29.000,00

A geração de energia prevista com as obras é de 1.725.000


kw/mês que gera uma arrecadação de R$ 8 milhões por ano.
Pay-back para as ações de BFT’s é de 3,7 anos.
Implantada a Sub-adutora Jandira-Mirante pelo Sistema Produtor
São Lourenço (SPSL) e houve a economia de R$ 50.000,00 por mês
na conta da energia elétrica, com o desligamento da EEAT Mirante
Zona Alta, confirmando o sucesso da operação e encaminhando as
Figura 10: Vista da BFT Tamboré (vista para o logradouro)
outras quatro obras de setorização (ver tabela 3). (fonte: Sabesp-2018).

34 Saneas
8
Abastecimento de água
Garantir a Automação
disponibilidade Eficiência energética
Hídrica Redução de perdas

Figura 11: BFT passa a ser operada pelo Centro de Figura 12: Telas do sistema de controle do funcionamento da BFT
Controle Operacional CCO) (fonte: Sabesp-2019) (fonte: Sabesp-2019)

BFT é automatizada, passando a ser forma de “ilha”, uso interno, nem que fosse apenas para iluminar
operada remotamente o pátio do centro de reservação.
Desde o dia 31/07/19, a BFT, localizada no reservatório Tambo- Este trabalho muda o enfoque quando avaliamos não apenas
ré passou a ser operada pelo Centro de Controle Operacional um ponto do setor de abastecimento, mas sim o sistema produtor
- CCO, localizado na sede da Companhia na Costa Carvalho no como um todo, esse nível maior de abrangência faz com que você
bairro de Pinheiros, dessa maneira então melhorando a operação pense na real necessidade de ter uma estação de bombeamento,
da BFT sem influenciar na operação da água, conforme Figura seria possível desativá-la mediante uma obra de setorização? Assim
11 e 12. buscamos a desativação definitiva de quantos estações elevatórias
Para a automação da BFT foram necessários os esforços de vá- forem possíveis pelo processo de setorização. A entrada em opera-
rios profissionais de diversas áreas da Sabesp como: Unidades de ção do Novo Sistema Produtor São Lourenço, com certeza, impul-
Negócio (MO), e de Produção de Água da Metropolitana (MA), da sionou este avanço.
Superintendência de Manutenção Estratégica (MM) e da fabricante Tão importante quanto foi a busca por novas tecnologias, bus-
KSB; também contribuíram para o desenvolvimento do projeto de cando parcerias com empresas do setor privado e nas universida-
automação, profissionais da Siemens (fabricante de equipamentos des, inclusive fora do país, culminando com a instalação do BFT ou
elétricos), da ENEL (concessionária de energia elétrica) e outros pres- mini hidrelétrica como vem sendo nomeada pela mídia.
tadores de servicos. Buscar soluções sustentáveis e inovar fazem parte do pensamen-
to da Sabesp. Esse sentimento é um grande aliado em nossa missão
Conclusões/recomendações de universalizar o saneamento e contribuir na melhoria da qualida-
Um primeiro passo na eficiência energética foi a adoção de inverso- de de vida da população.
res de frequência. Isso pode ser percebido quando verificamos sua
vasta aplicação em nosso parque de elevatórias. GLOSSÁRIO
Porém esses estudos podem ter sido feitos de maneira pontual, CLP - Controlador Lógico Programável
uma vez que se tinha uma estação de bombeamento se buscava o BFT - Bomba Funcionando como Turbina
melhor ponto de operação. Já a energia que se dissipava nas en-
tradas dos reservatórios sequer era comentada, talvez por não se ERRATA: republicamos este artigo para corrigir os nomes dos autores que estavam
ter uma legislação que regulasse a interação com a concessionária errados na edição 70.

de energia elétrica, embora este aproveitamento pudesse ser em Potência, diferentemente do que foi grafado (kWh), escreve-se kW.

Janeiro a Março de 2020 35


PONTO DE
ARTIGO
VISTA
TÉCNICO

Giovana Bevilacqua
Modelo de operação otimizada para
Frota(1)
Engenheira Civil
formada pela USP, atua
produção de água a partir de um
na Fundação Centro
Tecnológico de Hidráulica. Sistema de Suporte à Decisão
João Félix de Luca
Lino(2)
Resumo para seus Sistemas Produtores e respectivos reservató-
Engenheiro Civil,
Sanitarista e Ambiental Este trabalho tem por objetivo mostrar a importância rios, que pode ter como objetivo uma certa vazão de
com especialização em de modelos de otimização da alocação de água para produção de água para distribuição ou uma meta de
Recursos Hídricos pelo
IFCE/ANA e mestrado em atender às demandas da população frente a cenários armazenamento considerando os volumes de cada re-
Hidráulica e Hidrologia
pela UFSC. Atua no de precipitações, vazões, disponibilidade e consumo servatório e em cada Sistema Produtor.
Departamento de Recursos
Hídricos Metropolitanos da variáveis no tempo. São apresentadas algumas simu- Neste trabalho, serão apresentadas algumas simu-
Sabesp. Tem experiência
lações realizadas no Modelo de Análise da Operação lações e os resultados obtidos com o uso do referido
em monitoramento e
modelagem hidrológica, Ótima, parte componente do MIGRH integrado ao Sis- modelo. Para o desenvolvimento das simulações será
projetos de esgotamento
sanitário e de tema de Suporte à Decisão - SSD, da Companhia de criado um sistema fictício, denominado Sistema Equi-
abastecimento de água,
modelagem hidráulica Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), valente, com regras e limites estabelecidos apenas para
e análise de transientes
hidráulicos.
assim como análises críticas dos resultados obtidos. Os fins de desenvolvimento deste trabalho.
dados aqui apresentados são meramente ilustrativos. A seguir são apresentadas algumas características do
Cristiano de Pádua Sistema Equivalente e na Figura 1 é possível observar
Milagres Oliveira(3)
PALAVRAS-CHAVE: Modelo de Otimização, Sistema um esquema geral do mesmo.
Engenheiro Civil com
mestrado em Recursos de Suporte à Decisão, Produção de Água. ■■ O sistema conta com 1 reservatório, denominado RES;
Hídricos pela USP,
atualmente é gerente e ■■ Volume total inicial de 113 hm3, 100% de volume
responsável técnico da 4
Elementos Engenharia. Introdução operacional armazenado;
O avanço da urbanização e a formação de grandes ■■ Existência de uma Estação de Tratamento de Água
Rafael Miranda(4)
conglomerados urbanos traz como consequência um (ETA) com uma demanda pré-determinada para a
Engenheiro Eletricista aumento significativo das demandas de água para con- produção de água;
formado pela FESP,
especialização em sumo e, uma vez que a distribuição da água na superfí- ■■ Possibilidade de entrada de água no reservatório a
Tecnologia da Informação
pela FIAP, em Gestão cie do planeta não se dá de maneira regular, a cada dia partir da transferência do Ponto 1 (P1) para o RES; e
Pública Municipal pela
UNIRIO e MBA em Gestão se torna mais importante desenvolver maneiras eficien- ■■ Possibilidade de saída de água do reservatório a par-
Empresarial na FIA. tes de gerir a oferta de água (Collischonn e Dornelles, tir da transferência do RES para Ponto 2 (P2).
Atua no Departamento
de Recursos Hídricos 2013; Tucci, 2016).
Metropolitanos da Sabesp.
Um dos métodos mais adotados para possibilitar a
Carlos Toshio Wada(5)
oferta regular de água são os reservatórios de arma-
Engenheiro Civil com
zenamento, utilizados para fazer frente aos períodos
pós-graduação em Meio
Ambiente e Sociedade em que a vazão do corpo d’água não é suficiente para
pela Escola de Sociologia
e Política de São Paulo, atender às demandas de consumo, e seu uso vem cres-
atua no Departamento
de Recursos Hídricos cendo com o passar dos anos. Porém, o armazenamen-
Metropolitanos da Sabesp.
to por si só não é suficiente, havendo a necessidade
Endereço(1): Av. Pedroso de
Morais, 1619 - Pinheiros - também de utilizar os recursos hídricos de maneira
São Paulo - SP eficiente, de forma a minimizar os riscos de escassez
CEP: 05419-001 - Brasil
Tel: +55(11) 3091-5549 (Collischonn e Dornelles, 2013; Tucci, 2016). Figura 1: Croqui do Sistema Equivalente.
e-mail:
giovanafrota@gmail.com Face ao exposto, a SABESP possui um sistema de su-
giovana.frota@fcth.br
porte à decisão, SSD, no qual um dos principais com-
ponentes é o Modelo de Análise da Operação Ótima

36 Saneas
Modelo Resultados
O Modelo de Análise da Operação Ótima traduz as necessidades O Índice de Autonomia de Abastecimento (IAA) representa o nú-
e as especificidades de cada Sistema Produtor, respeitando regras mero de meses que o reservatório é capaz de operar acima de um
de outorga, limites das estruturas e restrições existentes, e também limite mínimo a partir de um volume pré-estabelecido, com base no
possibilita a definição de dados de entrada de acordo com as ne- cenário e nas restrições da simulação, considerando o horizonte em
cessidades do usuário. A simulação é realizada para um período de análise, neste caso, 24 meses a partir de março de 2019. A tabela a
24 meses (a partir do mês anterior), considerando os dados atuais seguir apresenta o IAA para os três cenários simulados consideran-
dos sistemas, os cenários e as restrições estabelecidas pelo usuário. do um volume mínimo armazenado de 20%.
Para o desenvolvimento das simulações, serão considerados três Tabela 3: Índice de Autonomia de Abastecimento
cenários de vazões naturais afluentes: 1) a projeção esperada, que (vazão meta de 10,0 m3/s).

considera no cálculo o percentual da vazão natural observada nos Cenário Índice de autonomia de abastecimento - IAA

últimos 12 meses em relação à média histórica; 2) a média histórica; Projeção Esperada 8 meses

e 3) a mínima histórica. A simulação foi realizada para no mês de Média Histórica >= 24 meses
Mínima Histórica 5 meses
março de 2019, com os dados iniciais referentes ao mês anterior
(fevereiro/2019).
Para os três cenários simulados, a probabilidade de ocorrência, A Figura 2 e a Figura 3 mostram os resultados das simulações
tendo como referência os dados históricos, está apresentada na para os três cenários adotados considerando a produção meta na
Tabela 1. ETA de 10,0 m³/s.
Na Figura 2 e na Figura 3, pode-se observar a variação nos vo-
Tabela 1: Probabilidade de ocorrência dos cenários analisados.
lumes operacionais armazenados para o sistema equivalente. É
Cenário Probabilidade de ocorrência
possível notar que o cenário Média Histórica é o que possibilita o
Projeção Esperada 0,9 %
maior armazenamento (volume médio previsto para os 24 meses
Média Histórica 34,8 %
= 67,2 hm3 ou 59,9%) e o cenário Mínima Histórica, por outro
Mínima Histórica 0,4 %
lado, representa os menores valores de armazenamento mensal
A priorização definida para os cálculos no modelo foi o atendi- (volume médio previsto para os 24 meses = 18,7 hm3 ou 16,7%). Já
mento das vazões de produção de água, com o objetivo de ofertar o cenário Projeção Esperada apresentou volume médio previsto de
uma vazão pré-determinada na ETA. O modelo definirá, com base 28,1 hm3 ou 25,0%. Também é possível notar, nas mesmas figuras,
nas condições iniciais, nos cenários e nas definições pré-estabele- que, nos cenários Mínima Histórica e Projeção Esperada, os volumes
cidos, a alocação de água que otimizará o armazenamento com o se esgotam antes do prazo final das simulações (24 meses).
objetivo de tentar atender a produção definida como meta, consi- A Figura 4 apresenta a Produção do Sistema Equivalente por ce-
derando o volume útil armazenado inicial (em fevereiro/2019) de nário de análise, apresentando os valores-meta, a produção e as
100% no Sistema Equivalente. falhas ocorridas no período, que se traduzem pela incapacidade do
Para a simulação inicial foram utilizados as restrições e os limites sistema em atender a meta de demanda estabelecida.
descritos nas tabelas a seguir. Em relação à meta definida de produção, no cenário Média His-
tórica não é possível observar falhas na produção ao longo dos 24
Tabela 2: Limites de Vazão. meses de simulação, ou seja, em todos os meses foi possível aten-
Estrutura Metas de transferência [m3/s]
der à produção meta com a vazão natural afluente definida. Já para
RES para P2 1,5 o cenário Mínima Histórica é possível identificar falhas de produção
P1 para RES 4,0
- que se traduzem na produção insuficiente de água para atendi-
mento da demanda - em 18 dos 24 meses simulados, sendo que a
A meta de produção estabelecida foi de 10,0 m³/s na ETA. maior falha foi de 8,0 m³/s (em agosto/2020). Finalmente, no cená-
Na sequência, serão analisados os resultados obtidos nos três ce- rio Projeção Esperada, é possível identificar falhas em 9 dos 24 me-
nários de simulação realizados, considerando o volume operacional ses simulados, sendo a maior falha de 3,9 m³/s (em agosto/2020).
mensal do sistema equivalente e a produção de água na ETA.
PONTO DE
ARTIGO
VISTA
TÉCNICO

Figura 2: Volumes Operacionais Relativos resultantes para o Sistema Equivalente.

Figura 3: Volumes Operacionais Absolutos resultantes para o Sistema Equivalente.

Figura 4: Produção do Sistema Equivalente por cenário.

38 Saneas
A importância das simulações em modelos de otimização confor- utilizados nas simulações anteriores (Projeção Esperada, Média His-
me apresentado neste trabalho se traduz na tomada de decisão no tórica e Mínima Histórica).
dia a dia dos gestores de grandes sistemas de produção de água. Na Figura 5 e na Figura 6, pode-se observar a variação nos vo-
Face às variações climáticas, de consumo e do uso e ocupação das lumes operacionais armazenados para o sistema equivalente, de
bacias, ocorrem mudanças significativas nas demandas e na capaci- acordo com os cenários de simulação. Da mesma forma, como
dade de produção de água dos sistemas e tais modelos permitem observado na simulação anterior, nota-se que o cenário Média His-
estimar situações futuras com base em cenários pré-definidos pelo tórica é o que possibilita o maior armazenamento (volume médio
usuário. Os resultados simulados permitem que o gestor tenha maior previsto para os 24 meses = 108,0 hm3 ou 96,2%), e o cenário
embasamento na busca pelo equilíbrio na relação produção x con- Mínima Histórica, por outro lado, representa os menores valores de
sumo, de maneira a reduzir o risco de escassez hídrica nos sistemas. armazenamento mensal (volume médio previsto para os 24 meses
Em um cenário crítico, com vazões naturais afluentes reduzidas, = 34,9 hm3 ou 31,1%). Já o cenário Projeção Esperada apresentou
por exemplo, o gestor poderia tomar a decisão de reduzir a produção volume médio previsto de 103,9 hm3 ou 92,6%.
ou alterar as vazões de transferências entre reservatórios de maneira Comparando as duas simulações, incluindo cada um dos seis
a permitir um número maior de meses de autonomia do sistema. cenários (3 cenários de cada simulação), percebe- se que a dimi-
A seguir são apresentados os resultados de uma nova simulação nuição na meta de vazões produzidas na ETA (de 10,0 m³/s para
considerando agora uma meta de produção de água na ETA com 6,0 m³/s), melhora a condição de armazenamento para todos os
uma vazão de 6,0 m³/s, e os mesmos cenários de vazão natural cenários simulados.

Figura 5: Volumes Operacionais Relativos resultantes para o Sistema Equivalente.

Figura 6: Volumes Operacionais Absolutos resultantes para o Sistema Equivalente.

Janeiro a Março de 2020 39


PONTO DE
ARTIGO
VISTA
TÉCNICO

Por outro lado, mesmo com a redução na meta de produção, para o cenário Projeção Esperada, quando na primeira simulação
para o cenário Mínima Histórica ainda é possível identificar falhas foi possível identificar falhas em 9 dos 24 meses simulados (sendo
de produção - que se traduzem por produção de água insuficiente a maior falha de 3,9 m³/s), na atual simulação, com menor meta
para atendimento da demanda - em 6 dos 24 meses simulados, de produção, não foram observadas falhas na produção ao longo
conforme Figura 7. Nesta simulação, a maior falha foi de 4,0 m³/s de período analisado. Para o cenário Média Histórica, assim como
(agosto/2020), mesmo que os resultados sejam melhores do que ocorrido no cenário Projeção Esperada, não foi possível observar
aqueles obtidos na primeira simulação, quando a meta de produ- falhas na produção ao longo dos 24 meses de simulação, ou seja,
ção era maior (10,0 m3/s) e ocorriam maiores falhas na produção, em todos os meses foi possível atender à produção meta com a
com valores que chegaram a 8,0 m /s e em 18 dos 24 meses. Já
3
vazão afluente definida.

Figura 7: Produção do Sistema Equivalente por cenário.

A tabela a seguir apresenta o IAA com a nova meta de produção simplificada, a título de exemplo, apenas nas tabelas comparativas.
(6,0 m³/s) para os três cenários simulados, considerando um volume Tal simulação desconsiderou a transferência do RES para P2 (saída de
mínimo armazenado de 20%. água do reservatório) e utilizou os demais parâmetros e regras simila-
Tabela 4: Índice de Autonomia de Abastecimento res aos da primeira simulação (produção meta na ETA de 10,0 m³/s).
(vazão meta de 6,0 m3/s).
Tabela 5: Resumo das Simulações Realizadas.
Cenário Índice de autonomia de abastecimento - IAA
Parâmetros adotados Simulação Simulação Simulação
Projeção Esperada >= 24 meses 1 2 3
Média Histórica >= 24 meses Meta produção ETA [m3/s] 10,0 6,0 10,0
Mínima Histórica 10 meses Transferência P1 para RES [m3/s] 4,0 4,0 4,0
Transferência RES para P2 [m /s]
3
1,5 1,5 0,0

Por outro lado, ao invés de reduzir o valor meta de produção na


Tabela 6: Tabela Comparativa 1.
ETA, poderíamos fechar a transferência de RES para P1 (saída de IAA - Índice de Autonomia de Abastecimento [meses]
água do reservatório), de maneira a tentar reduzir o número de
Simulação Mínima Projeção Média
falhas obtidas na primeira simulação. Histórica Esperada Histórica

A seguir são apresentadas algumas tabelas comparativas dos re- Simulação 1 5 8 >= 24

sultados nas duas simulações apresentadas e de uma terceira simu- Simulação 2 10 >= 24 >= 24
Simulação 3 6 16 >= 24
lação realizada. Esta terceira simulação será apresentada de maneira

40 Saneas
Tabela 7: Tabela Comparativa 2.
são capazes de fornecer dados consistentes, o que se torna
Volume Operacional Relativo/Absoluto Médio
ainda mais complicado quando analisamos horizontes mais
Mínima Projeção
Simulação Média Histórica longos.
Histórica Esperada
Simulação 1 16,7% / 18,7hm3 25,0% / 28,1hm3 59,9% / 67,2hm3 Em face do exposto, conclui-se que, com o uso de mo-
Simulação 2 31,1% / 34,9hm 3
92,6% / 103,9hm 3
96,2% / 108hm 3
delos hidrológicos de otimização, torna-se mais simples e
Simulação 3 19,0% / 21,3hm3 41,3% / 46,6hm3 87,5% / 98,2hm3 dinâmica a tarefa de simular cenários e estimar riscos, va-
riando as condições de contorno e os valores das variáveis
Tabela 8: Tabela Comparativa 3.
envolvidas. Decisões que antes eram tomadas principal-
Número de Falhas de Produção - Maior Falha obtida
mente com base na sensibilidade e experiência dos gesto-
Projeção
Simulação Mínima Histórica Média Histórica res, hoje contam também com o suporte técnico de mode-
Esperada
Simulação 1 18 falhas - 8,0 m3/s 9 falhas - 3,9 m3/s - los de suporte à decisão, que fornecem subsídios teóricos
Simulação 2 6 falhas - 4,0 m /s
3
- - e um grande potencial de análise de diferentes cenários,
Simulação 3 17 falhas - 8,0 m3/s 3 falhas - 2,0 m3/s - auxiliando na busca pelas melhores decisões.

Como pode ser observado nas tabelas acima, os melhores resultados


foram obtidos na simulação 2, em que o valor meta a ser produzido na
ETA foi de 6,0 m³/s, porém, em uma situação real, nem sempre o gestor
tem a opção de reduzir a produção, pois tal iniciativa afeta diretamente
a população atendida e pode causar diversos transtornos operacionais
na distribuição de água. Desta maneira, a alteração nas transferências
realizadas ou mesmo uma conjugação das duas iniciativas podem ser
alternativas mais interessantes do ponto de vista social, além de se tra-
tar de situações nas quais já ocorrem melhorias na produção de água
do sistema.

Conclusões e recomendações
Percebe-se, a partir dos resultados deste trabalho, a importância do uso Soluções completas em

CÂMBIO
de modelos de otimização da alocação de água para auxiliar o gestor
na tomada de decisão. Nas simulações apresentadas, o gestor poderia
optar por reduzir a produção na ETA de maneira a possibilitar um maior
índice de autonomia do abastecimento, postergando um cenário de es-
cassez hídrica, ou decidir manter a produção alta, mas reduzir o valor
que está sendo transferido para o P2 (saída de água do reservatório),
que, no caso analisado não é tão eficiente quanto a redução da pro-
Conheça nossos produtos e serviços:

dução na ETA, mas já resulta em alguma melhora nos resultados. Uma


Mais de 20 moedas Cartões de viagem
terceira alternativa ao gestor é não fazer alteração nenhuma, aceitando
estrangeiras recarregáveis
o risco da escassez hídrica num horizonte mais curto.
O modelo de otimização utilizado realiza as simulações com base em Serviço de Serviço de
Seguro Viagem Delivery
diversos cenários determinados a partir de eventos passados. Uma me-
lhoria que poderia ser implementada futuramente, de maneira a trazer Transferências internacionais
resultados mais consistentes com período em análise, é a incorporação bancárias e expressas

de cenários baseados em previsões climáticas no modelo de simulação.


Porém, uma vez que a qualidade dos resultados obtidos depende da
qualidade dos dados de entrada, é preciso buscar modelos de previ- 0300 014 14 14 (11) 9 9112-5715
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Janeiro a Março de 2020 41
PONTO DE
ARTIGO
VISTA
TÉCNICO

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Geógrafo (2013), mestre em Resumo vido à água presente no pavimento que diminui sua
Geografia Física (2017) pela
USP. Geógrafo da Engemap A redução de perdas é um dos grandes objetivos nas capacidade de resistir esforços do tráfego. E por fim há
Geoinformação. Tel.: +55 (11)
5181- 4986 e-mail: operações de saneamento no Brasil. Dentre os tipos perda de faturamento, que nas empresas brasileiras de
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de Sá Júnior
Biólogo (1985), mestre em equipamentos utilizados em sua detecção são de prin- um vazamento é pelo método acústico, que consiste na
Ecologia Aquática (1995) pela
cípio acústico e consistem na capacidade humana de capacidade humana em escutar certos níveis de ruídos
UFMG e mestre em Ciências
de Informações Geográficas interpretar diversos tipos de ruídos. Com o objetivo de e interpretá-los. O vazamento na tubulação é identifi-
(2013) pela University of
Minnesota. Diretor Técnico aprimorar ainda mais as técnicas de detecção de vaza- cado por diversos sons diferentes, como por exemplo,
e de Produtos da Engemap
Geoinformação. mentos e validação de novas tecnologias para a realidade o do fluxo de água que passa na abertura existente na
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Antônio Boalor empregados nas pesquisas de vazamentos: o geofone precisão e taxa de acerto dependem do tempo dedi-
Leite Ramos
e correlacionador de ruídos. Após o teste em setor de cado à auscultação e revisita a um local já pesquisado,
Engenheiro Civil (2013).
Técnico em Serviços de abastecimento de São Paulo foi possível constatar que tornando-as inversamente proporcionais à relação de
Saneamento da SABESP -
Companhia de Saneamento o equipamento é adaptável às condições operacionais, tempo por extensão pesquisada.
Básico do Estado de São apontou problemas na rede de distribuição de forma Portanto, o presente trabalho objetiva apresentar uma
Paulo. Tel.: +55 (11) 3838-
6363 e-mail: acurada, não teve falsos positivos e se mostrou com a solução alternativa para detecção de vazamentos, base-
abramos@sabesp.com.br
melhor relação de custo por extensão monitorada. ada no princípio de monitoramento proativo e automati-
Andrea Regina Venancio
da Silva PALAVRAS-CHAVE: redução de perdas, gestão de zado. Buscou-se obter as taxas de acerto, aplicabilidade
Engenheira Civil (2003). ativos, pesquisa de vazamento, geotecnologias, apren- da tecnologia importada à realidade operacional local,
MBA em Gestão Estratégica
e Econômica de Projetos dizado de máquina. custo em relação ao aluguel ou compra do equipamento
pela FGV (2009) e MBA em
gestão empresarial pela FIA e hora trabalhada do operador e o tempo de execução.
(2017). Gerente de Divisão
de Controle de Perdas da
Introdução e justificativa O método consiste na utilização de um correlacionador
Unidade de Negócios Oeste Detectar vazamentos ocultos é um dos controles ativos georreferenciado automático, que recebe a leitura dos
da SABESP - Companhia de
Saneamento Básico do Estado para combater as perdas reais no sistema de abaste- ruídos executada por sensores acústicos, interpreta au-
de São Paulo. Tel: +55 (11)
3838-6300 e-mail: cimento de água. Com equipamentos específicos de tomaticamente através de algoritmos e apresenta os
andreasilva@sabesp.com.br.
detecção, a localização de vazamentos invisíveis a olho resultados através de plataforma online. Sua aplicação
Fátima J. Gonçalves nu é otimizada. Assim, é possível a manutenção da rede em grandes extensões da rede de distribuição mostra-se
Mestra em Administração de sem maiores trabalhos para encontrar pontos críticos, promissora para melhor gerenciamento ativo das redes,
Empresas pela Universidade
Metodista de São Bernardo diferente do controle passivo, que faz a manutenção identificação precisa e confiavel de vazamentos, e maior
do Campo, Diretora de Novos
Negócios da Trimble Brasil somente quando o vazamento se torna visível. eficiência na emissão de ordens de reparo.
Soluções Ltda. Tel: +55 19 9
9949 5490 Além do desperdício, vazamentos de água repre-
email:
fatima_goncalves@trimble.
sentam outros tipos de prejuízos à saúde pública. Por Objetivo
com exemplo, em caso de despressurização de uma rede Analisar a aplicabilidade, vantagens e desvantagens de
para manutenção, agentes nocivos podem entrar na nova tecnologia de detecção e monitoramento de vaza-
tubulação. Em decorrência deles também podem se mentos em rede de distribuição de água em comparação
abrir fissuras, buracos e crateras em vias públicas, de- aos métodos tradicionais de pesquisa por vazamento.

42 Saneas
Detecção de vazamentos: Sua utilização depende de contato com ponto de acesso à rede
materiais e métodos (que pode ser uma válvula ou cavalete) e seu alcance dependerá do
GEOFONE material da rede (máximo de 500 metros). Seu uso está limitado a
Até meados do século XX, o controle de perdas era feito de forma trechos totalmente retilíneos e, dado o tempo de preparo do equi-
que o vazamento só era reparado após se tornar visível, aflorando pamento para coleta de cada amostra, deve ser já direcionado a
na superfície ou por denúncia dos usuários. A década de 1940 foi local com forte suspeita de vazamento.
o início das pesquisas de vazamentos com utilização do geofone
mecânico e, até hoje, o geofone é o instrumento de pesquisa de CORRELACIONADOR GEORREFERENCIADO AUTOMÁTICO
vazamentos ocultos mais utilizado no Brasil. Essencialmente são dois equipamentos que compõem uma mes-
O geofone é composto por sensor, amplificador, fones de ouvido ma solução: o correlacionador georreferenciado automático, que
e filtros de ruído. O sensor é passado sobre a superfície de onde a é fixo, e o Detector Móvel. O equipamento fixo funciona com o
tubulação se encontra enterrada e, onde for captado o maior ruído, auxílio de dois tipos de sensores, sendo que não é necessário ir com
é o ponto abaixo do qual se encontra o vazamento não visível. Sua um computador em campo, instalando somente o equipamento e
utilização está limitada às superfícies pavimentadas, pois são elas este enviará suas leituras via nuvem em horários programaveis. Isso
que criam o efeito de caixa acústica do qual depende o funciona- é possível devido a um chip que transmite sinal pela rede móvel,
mento do instrumento. inserido dentro do equipamento, e capacidade de transmissão via
rádio. Os sensores utilizados são o acelerômetro, em caso de redes
Figura 1: Princípio
de uso do unicamente metálicas, e sensor hidrofone para redes com qualquer
geofone. outro tipo de material, grande diâmetro ou redes mistas.
Fonte: adaptado • Sensor hidrofone: possui rosca fêmea e deve ser conectado em
de <http://www.
um ponto da tubulação que permita seu contato com a água.
oguztesisat.com/
hizmetler/su-kacagi- • Acelerômetro: através de atração magnética, basta encostar em
tespiti>
um ponto da tubulação metálica, não necessitando seu contato
com a água.

Uma vez que o método não é indicado para varredura de gran-


des extensões de redes, os operadores são direcionados a setores
onde já existe forte suspeita de vazamentos, criada pela observação
de outros índices, como a vazão mínima noturna.

CORRELACIONADOR DE RUÍDOS
Com auxílio de dois sensores, esse equipamento faz uma correlação
entre os pontos, através da diferença de tempo que o ruído leva
para atingir cada um. Os resultados são coletados por computador
(denominado “Unidade Principal”), onde apresenta o ponto exato
do vazamento. Figura 3: Princípio de utilização dos sensores hidrofone e acelerômetro.

Figura 2: Princípio de uso


do correlacionador de Os dados das leituras são então correlacionados entre os pares de
ruídos.
sensores instalados na rede, interpretados por algoritmo e apresen-
Fonte: Adaptado de <https:// tados de forma georreferenciada em plataforma online. Nesta plata-
sanesoluti.com.br/produto/
correlacionador-de-ruido-correlux/> forma de gestão, são visíveis as redes monitoradas, os equipamentos
instalados, suas leituras (incluíndo arquivos de audio das gravações)
e localização de vazamentos automaticamente detectados.
O Detector Móvel, auxiliar desse equipamento fixo, funciona si-

Janeiro a Março de 2020 43


PONTO DE
ARTIGO
VISTA
TÉCNICO

milarmente ao geofone, porém a diferença está no fato de que tanto, foi definido como ideal sua instalação em cavaletes, utili-
não exige acuidade auditiva apurada do operador. Isso é possível zando-se excluvisamente sensores hidrofones. Isto, pois, na região
através de aplicativo de celular, que permite que as informações de do teste, a maior parte dos ramais de ligação são de tubos de Po-
ruídos sejam lidas, interpretadas e apresentadas no visor do Smar- lietileno de Alta Densidade (PEAD) e o cadastro técnico apontava
tphone. Todas as amostras são gravadas e mantidas no sistema, para a composição mista da rede na área. A escolha por instalação
que comparará o ruído interpretado entre elas. Quando utilizados exclusiva em cavaletes também foi favorecida pela possibilidade de
dois detectores móveis, passa a ser possível empregá-los na forma uso das caixas UMA (padrão da companhia de saneamento local)
de correlacionador, com o aplicativo realizando a interpretação pa- para abrigo e proteção do equipamento.
reada dos ruídos captados pelos sensores. Os resultados das amos-
tras levantadas pelo aplicativo são apresentados instantaneamente
em formato de mapa e gráficos.

Figura 5: Uma unidade


do correlacionador
georreferenciado automático
abrigado em caixa UMA.

Após a instalação do dispositivo fixo em campo (procedimento


que leva em média 15 minutos), é feita a programação para os ho-
rários de leitura, preferencialmente na madrugada, onde há o míni-
Figura 4: Detector móvel, funcionando com auxílio de Smartphone, mo consumo de água. Após rápido procedimento de instalação de
em local com vazamento confirmado.
cada unidade fixa no sistema online via aplicativo, estes passaram a
transmitir suas leituras através da rede móvel. Estas foram armaze-
Adaptações da tecnologia às nadas, correlacionadas e interpretadas automaticamente em servi-
características da rede local dor. Como o sistema emprega o princípio de machine learning, seu
Antes da instalação, é necessária a integração da plataforma do algorítimo diferencia valores de ruído intermitentes e constantes e,
equipamento com informações da base de dados cadastrais da a partir das amostras, pondera os resultados em conformidade à
companhia de saneamento, onde se tem todos os dados como situação normal de operação da rede de distribuição na área moni-
extensões, diâmetros e posições georreferenciadas das tubulações torada, conforme a figura 6.
e peças acessórias. A disponibilidade dessas informações é impor- Os resultados apresentados pelo sistema de monitoramento, ali-
tante, principalmente, na etapa de planejamento da disposição dos mentado pelas leituras dos dispositivos fixos, orientaram pesquisas
equipamentos e seleção dos pontos de instalação para obter confi- em campo utilizando o Detector Móvel, geofone operado por espe-
guração com a maior cobertura possível. cialistas e correlacionador de ruído.
Após a integração, é feita a instalação do correlacionador ge-
orreferenciado automático nos pontos de acesso à tubulação, de Resultados e discussões
forma a ficarem em pontos a uma distância máxima recomendada Na primeira área monitorada, com um único dia de monitoramento
de 250 metros, para assim executarem correlação por pares. O pla- e três amostras noturnas, o sistema emitiu um alerta de vazamen-
nejamento da distribuição de pontos de instalação deve seguir o to. O ruído detectado foi destacado como intenso e constante em
ideal de criar o máximo de pares possível. todas as correlações realizadas entre os dois sensores que cobriam
Originalmente, o equipamento foi concebido para instalação em este ponto. Ao longo dos dias seguintes, com a persistência do ru-
hidrantes ou válvulas. No entanto, foi constatado que estes seriam ído, o sistema elevou a classificação do vazamento para “rápido
limitadores de seu uso no local de interesse, dada a baixa presença desenvolvimento”, indicando que havia sido detectado aumento
de hidrantes derivados da rede e pelas dimensões dos acessos às na frequencia e intensidade do ruído. As leituras indicavam que o
válvulas, pequenos demais para abrigarem os equipamentos. Por- vazamento estava localizado a 26 metros do primeiro sensor.

44 Saneas
Com base na localização apresentada pelo sistema de monitora- ponto onde se encontrou a obstrução. Após completa a manuten-
mento, foram deslocadas equipes de pesquisa ao local para ave- ção na área, o alerta de vazamento no sistema foi fechado. As lei-
riguação. Foram utilizados o Detector Móvel e geofone, operado turas subsequentes à conclusão da manutenção deixaram de apre-
por especialistas. Ambos identificaram dois pontos com alta inten- sentar qualquer ruído anômalo, conforme a figura 7.
sidade de ruído típico de vazamento, um primeiro a 30 metros do Na segunda área monitorada, após uma semana de monitora-
primeiro sensor (de maior intensidade) e um segundo a 34 metros. mento, o sistema não apresentou nenhum alerta. Foram analisados
O correlacionador de ruído tradicional não conseguiu realizar a todos os gráficos resultantes das correlações na área e indicados 4
correlação neste trecho e trouxe resultado inconclusivo. Isso é cre- pontos onde havia possibilidade de vazamentos, baseado em indí-
ditado a uma obstrução existente no segmento de rede entre as cios presentes nas leituras acumuladas.
válvulas que foram utilizadas para acoplagem dos sensores do cor- Uma equipe composta por membros da empresa representante
relacionador. Esta obstrução, provocada por acúmulo de ferrugem, da tecnologia e da companhia de saneamento local foi desloca-
foi constatada no ato de reparo da rede. Outro resultado importan- da ao local para averiguação, com geofone e Detector Móvel. Não
te foi a constatação de que a rede onde estava o vazamento ainda foi possível confirmar vazamento em nenhum dos pontos, apenas
encontrava-se em carga, sendo que a informação, que possuiam o manter a suspeita em um dos locais apontados no sistema.
cadastro técnico e o pólo de manobra, era de que tal segmento já Foram realizadas alterações nos horários de coleta e horários de
encontrava-se desativado. controle da demanda (pressão na área monitorada), mas estes não
A manutenção foi feita com a seção e capeamento da rede no resultaram em alterações significativas nos resultados das correla-

Figura 6: Disposição dos equipamentos


instalados e áreas monitoradas ao longo
dos testes.

Figura 7: Gráficos de leituras apontando


vazamento detectado e leituras dos
mesmos pares após reparo.

Janeiro a Março de 2020 45


PONTO DE
ARTIGO
VISTA
TÉCNICO

ções. Foi então encaminhada equipe de outra empresa contratada


VANTAGENS DESVANTAGENS
para pesquisa de vazamento, para que realizassem pesquisa notur-
na, sem indicação dos locais com suspeita nos trechos monitorados. • Posição
georreferenciada dos
Esta equipe identificou vazamentos no bairro, mas nenhum deles alertas de vazamentos;
• Melhor relação de • Necessária presença
em qualquer trecho recoberto pelos pares de correlação dos sen- custo por extensão de rede móvel.
sores. Foi novamente encaminhado especialista em geofonamento Correlacionador monitorada; • Instalação limitada
Georreferenciado • Sem necessidade a locais com espaço
da companhia local, que constatou não haver vazamentos em qual- Automático de um operador em suficiente para o
horário noturno; equipamento;
quer trecho da extensão monitorada. Logo, isso permite concluir • Maior coleta de
que o sistema teve o resultado correto, ao não abrir alerta nenhum, amostras;
• Amplo banco de
apesar da expectativa de presença de vazamentos no local escolhi- dados de ruídos.
do para o teste.
Quanto às questões de custo benefício: por depender de um • Necessidade de
computador (Unidade
operador experiente, que saiba interpretar os ruídos com a utili- Principal) em campo;
• Necessidade de
zação do geofone, o método de geofonamento exige no mínimo
direcionamento direto
• Imediata instalação e
um Técnico em Saneamento, com salário médio de R$ 2.473,91 a local com suspeita de
coleta de amostras.
Correlacionador vazamento;
mensais (2019), para uma jornada de 43 horas semanais, o que • Bom alcance quando
de Ruídos • Coleta de poucas
utilizado em trechos
amostras;
apresenta um custo aproximado de R$ 11,25/hora/operador. Tendo retilíneos.
• Necessidade de
em vista que o ideal dessa pesquisa é ser realizada preferencial- operador experiente
para posterior
mente no período entre 3:00 e 4:00h, incidiria ainda o adicional confirmação dos
alertas de vazamentos.
noturno. O método proposto nesse trabalho, necessitou somente
de um técnico de saneamento para a instalação do correlacionador
• Baixa eficiência, não
georreferenciado automático (fixo), que durou aproximadamente indicado para pesquisa
• Localização pontual do em grandes extensões;
15 minutos, e sua confirmação em campo, com a utilização do de- Geofone • Necessidade de
vazamento. operador experiente
tector móvel foi possível ser feita por um operador sem experiência, • Possibilidade de falsos
positivos.
que no caso foi um estagiário de engenharia civil. O valor médio de
bolsa-auxílio pago a um estagiário das diversas áreas da engenharia Tabela 1 - Comparação entre os métodos de detecção de vazamentos
é de R$ 1.022,30, e considerando a carga horária de 30 horas se-
manais, o custo final é de R$ 6,82/hora/operador. Deve-se conside- ruídos somente para o controle passivo, pois necessita de mais agili-
rar ainda a eficiência quanto à distância coberta por cada método: dade. Nada impede, porém, o uso do método para o controle passi-
uma equipe de pesquisa de vazamentos (de duas a três pessoas) vo, tendo em vista que o detector móvel pode apresentar resultados
utilizando geofone, em média no setor teste, cobre 9 quilômetros de forma imediata assim como o geofone, ainda sem depender de
em 6 horas úteis de trabalho, chegando assim em uma distância de um operador experiente.
1.500 metros por hora com uma amostra por trecho. Essas mesmas Pode-se concluir que o sistema se mostrou confiável tanto para
6 horas de trabalho seriam suficientes para dois operadores ins- os casos em que abriu alerta e, de fato havia anomalia operacional
talarem 48 correlacionadores georreferenciados automáticos, que na rede, quanto para o caso em que não abriu nenhum alerta de
fariam a varredura de 12.000 metros de redes ao menos 3 vezes ao vazamento, mesmo para área onde estes eram “esperados”, mas
dia, pelo tempo que for necessário. que de fato não existiam. Assim, a tecnologia foi provada como uma
A comparação entre os dois métodos é apresentada ao lado, na solução útil ao melhor direcionamento e aproveitamento de equipes
tabela 1. tanto de pesquisa quanto de manutenção em campo otimizando
as pesquisas de vazamentos não aparentes e reparos. Dessa forma,
Conclusão seu uso de forma extensiva na rede de distribuição em um setor de
É possível afirmar que o método proposto é ideal para o controle abastecimento passa a ser interessante justamente por representar
ativo, de forma que a detecção de vazamentos seja feita preventi- não apenas aumento da eficiência na identificação de fontes de per-
vamente, deixando a utilização do geofone e correlacionador de das, como também ganhos de eficiência em diferentes processos.

46 Saneas
MUSEU
ÁGUA

Museu Água:
AESabesp premia os
melhores projetos
arquitetônicos
Premiados (com um valor total de 80 mil reais)
foram anunciados pela AESabesp em cerimônia
realizada em 17 de fevereiro, no MAM/SP

N
o dia 17 de fevereiro, a AESabesp deu mais um pas- do setor. Estiveram presentes Roberval Tavares de Souza, Presidente
so rumo à criação do Museu Água de São Paulo. Na nacional da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambien-
ocasião, a entidade premiou os projetos arquitetônicos tal - ABES; Márcio Gonçalves de Oliveira, Presidente da ABES-SP; Luis
vencedores do concurso que elegeu as melhores ideias Augusto Moretti, diretor Financeiro do Conselho Regional de Enge-
para a construção do mais novo empreendimento cultural da capital. nharia e Agronomia de São Paulo (CREA-SP), representante o seu
A cerimônia aconteceu no auditório Lina Bo Bardi do MAM- Museu de Presidente, Vinicius Marchese Marinelli; Uladyr Naime, Presidente da
Arte Moderna de São Paulo. ASEC - Associação dos Engenheiros da CETESB, e Francisca Adalgisa
Na oportunidade, os presentes assistiram a um talk show sobre a da Silva, Presidente da Associação dos Profissionais Universitários da
importância da iniciativa, com Viviana Borges, Vitor Aly, secretário de Sabesp - APU.
Infraestrutura Urbana e Obras, representando o prefeito de São Paulo, Além de oferecer lazer e cultura, o museu também visa ser um
Bruno Covas; e Paulo Massato, diretor Metropolitano da Sabesp. espaço de experiências para o conhecimento das diversas formas da
O evento contou com a participação de profissionais e autoridades água e seus usos.

Veja a classificação
dos Premiados:

1º SIAA
Lugar
40 mil reais Arquitetos

2º Dal Pian
Lugar
20 mil reais
Arquitetos


Lugar Yuri Vital
10 mil reais

4º Mariana
Lugar
5 mil reais
Alves


Lugar Alex Brinno
5 mil reais

Para conhecer cada um dos projetos vencedores, acesse: https://www.aesabesp.org.br/museu-agua/

Janeiro a Março de 2020 47


31º ENCONTRO
PONTO DE
AESABESP/
VISTA
FENASAN

sistemas de tratamento de água, adução e abastecimento e


sistemas de coleta, tratamento de esgotos, disposição final de
resíduos e demais ações do saneamento ambiental.

Vem aí o Olavo Alberto Prates Sachs, diretor cultural da AESabesp e


do Encontro Técnico, reitera que serão “12 mesas redondas

31º Encontro com temas da atualidade, com palestrantes nacionais e in-


ternacionais, tratando de assuntos de âmbito não só de São

Técnico Paulo - Sabesp, mas também nacional. Entre eles, qualidade


de água, marco regulatório, resíduos sólidos, drenagem nas

AESabesp / grandes cidades, sociedade 5.0 e gestão do patrimônio em


empresas de saneamento entre outros”.

Fenasan 2020! São estimados mais de 2.000 congressistas, cerca de 20 mil


visitantes e mais de 250 empresas expositoras: as mais reno-
madas expoentes fabricantes, distribuidoras e prestadoras de
serviços do mercado. Veja a lista das empresas confirmadas

31º Congresso Nacional para a Fenasan 2020: www.fenasan.com.br/expositores.


de Saneamento e “Estou muito ansioso pela abertura da 31ª Fenasan. As ex-
Meio Ambiente
pectativas são as melhores possíveis quanto ao número de
expositores, qualidade dos estandes e apresentações de mui-

31ª Feira Nacional tas inovações. Este ano, sob o tema “Saneamento ambiental:
de Saneamento e inclusão social para a cidadania”, teremos verdadeiramente
Meio Ambiente
a oportunidade de nos consolidarmos enquanto OSCIP e nos
identificarmos ainda mais com nossos parceiros, que possuem
em suas empresas valores que vão ao encontro da inclusão e
da cidadania”, frisa Luciomar Werneck, diretor da Feira.
“Na última Fenasan tivemos alguns expositores que se com-
prometeram com nossa Diretoria Socioambiental e Cultural

M
para receber jovens profissionais e estudantes em visita e es-
arque em sua agenda: o 31º Encontro Técnico tágios como forma de inclusão desses jovens no mercado de
da Associação dos Engenheiros da Sabesp - trabalho. Alguns desses expositores foram além, priorizando
Congresso Nacional de Saneamento e Meio aqueles de baixa renda. A universalização do saneamento pas-
Ambiente e a Fenasan 2020 - Feira Nacional sa pela inclusão, ou melhor, pelo acolhimento de pessoas que
de Saneamento e Meio Ambiente serão realizados de 15 a 17 estão à margem da sociedade e distantes dos grandes centros
de setembro, no Pavilhão Branco do Expo Center Norte, em São e dos sistemas de saneamento que temos operando pelo Brasil
Paulo, capital. Com realização da Associação dos Engenheiros afora. A inovação tecnológica nesse momento é fundamental
da Sabesp - AESabesp, esta edição do maior evento de sanea- para a conquista desses resultados e acredito que na 31ª Fena-
mento e meio ambiente da América Latina terá como tema cen- san poderemos ver muitas inovações tecnológicas a serviço da
tral: “Saneamento ambiental: inclusão social para a cidadania”. universalização, da inclusão e cidadania”, completa Werneck.
“A expectativa é de trazermos para a discussão nas mesas Desde 2010 o evento vem adquirindo projeção internacio-
redondas temas recentes que têm chamado a atenção da po- nal e contou com a adesão e o apoio cada vez mais signifi-
pulação”, destaca Viviana Borges, Presidente da AESabesp e cativo de diversas entidades e empresas de todo o mundo. A
da Comissão Organizadora. participação e a visitação de outros países, como Alemanha,
Alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Argentina, Chile, China, Estados Unidos, Holanda, Índia, Isra-
ONU, o evento tem como objetivo divulgar o desenvolvimen- el, Itália, México e Portugal, tem sido uma constante, com o
to tecnológico do saneamento e de produtos empregados em aumento de demanda a cada edição.

48 Saneas
miação eletrizante e merecido
tanto para os competido-
res como para as equi-
pes de profissionais da
Sabesp envolvidos na
organização. Devido a

250 20mil 2mil


expositores visitantes na congressistas
este sucesso, teremos
algumas surpresas para
Fenasan 2020/2021, dentre elas, uma
etapa prévia na Unidade de Negócio
Oeste da Sabesp, que servirá tanto para treinamento dos
TRABALHOS TÉCNICOS E competidores como para o desenvolvimento de novas pro-
PRÊMIO JOVEM PROFISSIONAL vas do campeonato. Aguardem!”, adianta Tarcísio Nagata-
O prazo para inscrever traba- ni, diretor social da AESabesp.
lhos técnicos encerra-se em
19 de maio. Esta é uma CURSOS
grande oportunidade Walter Orsati, coordenador de
para exposição e visi- cursos da AESabesp, diz
bilidade dos trabalhos que para esta edição do
de alunos, professores evento estão previstos
e profissionais do setor. cursos como Regula-
Não há necessidade de ção, com profissionais
ineditismo nos trabalhos, poden- da Arsesp, Perdas e Lei
do ser encaminhadas monografias do curso do autor ou arti- das Estatais (realizado na
gos já inscritos e apresentados em outros eventos, desde que edição de 30 anos, além do
formatados segundo as regras de submissão, disponíveis no curso sobre Barragens e Sewer-
link www.fenasan.com.br/chamada-trabalhos. GEMS - sistema de controle de rede de esgoto). “São cur-
O Prêmio Jovem Profissional AESabesp também tem ins- sos demandados pela grande maioria do pessoal a nível
crições abertas no mesmo período. A iniciativa busca profissio- nacional”, frisa.
nais com idade até 30 anos que, por meio de apresentação
de trabalhos técnicos no Encontro Técnico, contribuam com
as necessidades do mercado de trabalho e, desta forma, pos-
sa colaborar com a formação de jovens profissionais, ofere-
cendo oportunidades de divulgarem seus trabalhos no setor.
Esta troca de informações alavancará discussões no âmbi-
to de políticas públicas e desenvolvimento tecnológico, além
da possibilidade de ter nos trabalhos apresentados a aplica-
31º Encontro Técnico AESabesp - Fenasan 2020
ção de produtos e/ou serviços empregados nas soluções de
O maior evento técnico-mercadológico em saneamento
problemas nas diferentes situações do saneamento e meio
ambiental da América Latina
ambiente no Brasil e no exterior.
Realização: AESabesp - Associação dos Engenheiros da
Sabesp
CAMPEONATO DE OPERADORES Data: 15 a 17 de setembro de 2020
“O Campeonato de Operadores tem sido um grande su- Local: Expo Center Norte / Pavilhão Branco
cesso na Fenasan. Em 2019, o campeonato contou com Rua José Bernardo Pinto, 333 - São Paulo - SP
a grande receptividade do público e um evento de pre- Mais informações: www.fenasan.com.br

Janeiro a Março de 2020 49


PONTO DE
VIVÊNCIAS
VISTA

Voluntariado que aquece o coração

D
Por edicar tempo de vida para fazer al- Currículo cheio de solidariedade
Jéssica guém feliz é o que move o dia a dia da O currículo de Erika esbanja solidariedade. A assistente social
Marques sabespiana Erika Santanna, coordena- e socióloga já foi conselheira no município de Políticas para
dora geral da Campanha do Agasalho. Pessoas em Situação de Rua e participou do processo de aber-
Erika Santanna
Membro do A assistente social e socióloga fez da missão de ajudar tura dos dois maiores albergues da América Latina: Boracéia
Conselho Brasileiro
o próximo o grande objetivo de sua vida. e São Francisco, na capital paulista, com atendimento para
de Voluntariado
Empresarial. “É um trabalho muito íntimo. Quem atua na área 300 pessoas cada.
Membro do Conselho
da Plataforma Nacional de desenvolvimento social entende verdadeiramente Experiências internacionais também são destaque no histó-
Pátria Voluntária.
Coordenadora do Curso o sentimento do retorno que é fazer o bem. Isso vai rico profissional de Erika. “Atuei pela ONU na África, coorde-
de MBA em Gestão
em Voluntariado para desde o engajamento dos voluntários até o sorriso de nando, junto ao Itamaraty e a Vale do Rio Doce, a construção
Responsabilidade quem recebe o bem das ações”, detalhou Erika. da maior Ferrovia do continente. Atualmente cruza 23 muni-
Social na FACSP
(www.facsp.com.br). Em 2019, a voluntária esteve à frente da Campa- cípios e foi um trabalho social intenso para alinhar governo,
Coordenadora do GT
de Voluntariado da nha do Agasalho na Sabesp. Na ocasião, por meio da sociedade e instituições não governamentais, pois eram vá-
Virada Feminina.
Coordenadora companhia, foram arrecadadas 2,5 milhões de peças rios dialetos, além da língua do país. A atuação foi em Mo-
do Programa de de roupas, que foram doadas para instituições assisten- çambique, local com muitas carências sociais, porém muito
Voluntariado Corporativo
da Sabesp - CH. ciais, além de 40 mil cobertores hospitalares entregues alegre. Foi algo incrível e marcante em minha vida”, lembrou.
para as Santas Casas do Estado de São Paulo. Em 2018, Erika também teve a oportunidade de coordenar
Para 2020, a expectativa de Erika está na nova edi- em São Paulo a realização de um seminário sobre a Agenda
ção da Campanha do Agasalho e em uma ação espe- ODS 5 (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável), que tem
cial sobre o Projeto Rio Pinheiros. Na primeira, a du- como meta alcançar a igualdade de gênero e empoderar to-
ração é de aproximadamente seis meses, enquanto a das as mulheres e meninas.
segunda ação traz uma agenda anual. Outra atividade marcante de sua vida foi quando esteve à
Além destas grandes campanhas, Erika também vai frente do Turma do Bem, uma campanha de arrecadação de ali-
acompanhar a agenda do setor de voluntariado da Sa- mentos para o Sertão Nordestino. Na ocasião, foram enviadas
besp e o grupo de ações com mulheres da companhia, toneladas de comida para a população do Nordeste.
o que ocorre o ano todo. “Tudo se transforma quando a gente pensa grande e arre-
“Trabalho voluntário é a minha vida, família, ami- gaça as mangas de verdade. Para quem pretende ser voluntá-
gos e corporativamente atuo com voluntariado. Fui rio também, eu diria: dedique parte do seu tempo ao que faz
convidada por uma universidade e em breve lança- sua alma realmente feliz. Muita gente diz que não tem tempo
remos o primeiro curso de MBA em voluntariado do para ser voluntário. Mas quem já atuou em uma ação sabe o
país”, conta. quanto é gratificante”, afirma.

50 Saneas
Momentos de
Tecnologia AESabesp
Apresente sua empresa aos associados da AESabesp

Os Momentos de Tecnologia são palestras técnicas


realizadas nas unidades da Sabesp, contratadas e
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