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De
maneira sistemática ou não estamos frequentemente fazendo juízo de valor sobre comportamentos,
coisas, pessoas e situações diversas inerentes ao contexto organizacional. No âmbito educacional, a
avaliação consiste em uma atividade sistemática e multidimensional que perpassa os processos de
ensino, de aprendizagem e de gestão. “Avaliação institucional interna na Educação Profissional
Técnica de Nível Médio – instrumento de melhoria do ensino” é decorrente de inquietações e
questionamentos vivenciadas em nosso fazer pedagógico. Atuando como membro da equipe da
Coordenadoria de Apoio Pedagógico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Maranhão (IFMA) os diálogos com os pais, alunos, técnicos administrativos e docentes arrefeceram
a defesa de discursos que oportunizem o debate crítico e responsável em torno do processo de
ensino da instituição.
Quando nos reportamos a Educação Profissional e Tecnológica, entendemos que esta modalidade de
ensino configura, conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional
Técnica de Nível Médio (BRASIL, 2012), uma proposta formativa que integra as dimensões do
trabalho, da ciência e da 15 tecnologia, tendo como princípio educativo o trabalho1 e a formação
integral dos sujeitos. Pensar o ensino dessa maneira, é criar oportunidades formativas que
assegurem à classe trabalhadora uma formação integral, a elevação da escolaridade, a inserção
digna no mundo do trabalho e o exercício pleno da cidadania. Uma das condições indispensáveis
para efetivação desta proposta formativa é que cada instituição de ensino, no âmbito da Educação
Profissional e Tecnológica, expresse em seu projeto pedagógico o compromisso com uma educação
que considere todas as dimensões da vida no processo educativo, ou seja, uma formação
omnilateral2
A transição do século XX para o século XXI coincidiu com uma mudança paradigmática de grandes
proporções. A fragilização dos modelos explicativos, a derrocada do socialismo e a revolução nos
costumes criaram crises identitárias em todos os níveis. A despeito disso, uma nova perspectiva para
a vida humana é o objeto que nos move neste início de século e de milênio. O aspecto simbólico
dessa passagem reitera questões que continuam urgentes, que mobilizaram o desejo e a energia de
trabalho das gerações que nos antecederam. Entre essas questões encontra-se a educação, que foi
particularmente atingida pela crise e pelas políticas neoliberais, perdendo suas referências. Como
política social capaz de emancipar, sua força deve ser renovada por meio de projetos criativos e
desafiadores.
a) Expansão da Educação Profissional Desde 2003, início do governo Lula, o governo federal tem
implementado, na área educacional, políticas que se contrapõem às concepções neoliberais e abrem
oportunidades para milhões de jovens eadultos da classe trabalhadora. Na busca de ampliação do
acesso à educação e da permanência e aprendizagem nos sistemas de ensino, diversas medidas estão
em andamento. O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
dos Profissionais da Educação (Fundeb) injetou R$ 4 bilhões na educação pública, financiando da
educação infantil ao ensino médio. No ensino superior, o Programa Universidade para Todos
(ProUni), maior programa de bolsas da história do país, e ainda em expansão, vem alterando na
universidade brasileira não somente a composição de classe como também a étnica. A Universidade
Aberta do Brasil (UAB), programa de cursos superiores a distância, criou mais 60 mil vagas
públicas. Além disso, a implantação de mais de uma dezena de novos campi universitários e quatro
novas universidades amplia em milhares as vagas públicas nas universidades brasileiras.
b) O Novo Mundo Possível Ainda sofremos as consequências de quase duas décadas de políticas
privatistas. E mais, a escola*, como instituição da sociedade, é pressionada pelos valores de sua
época. A profunda degradação das relações humanas perpassa todos os tecidos sociais, ocupando
lugar de destaque na comunicação de massa e interferindo, também, nas relações do universo
educacional. Não podemos nos submeter a essa política na exata medida em que um projeto
democrático é construído coletivamente. Recusamo-nos a formar consumidores no lugar de
cidadãos, a submeter a educação à lógica do capital, colocando o currículo como instrumento do
simples treinamento de habilidades e técnicas a serviço da reprodução capitalista
c) Abertura à Comunidade
A escola, seja do nível que for, é parte da comunidade e, na maioria dos casos, o único espaço
público de integração, organização e lazer disponível. Dessa forma, deve estar, permanentemente,
aberta à população e firmar-se como um efetivo polo cultural. Para isso, tornase indispensável um
trabalho integrado entre Conselhos e Direções. Nosso objetivo central, nesse aspecto, deve ser a
disponibilização de todos os espaços escolares/acadêmicos para a comunidade. Isso
1. Introdução
O presente artigo visa destacar as inter-relações existentes entre educação profissional e
desenvolvimento econômico, a partir do pressuposto de que a aquisição de novas habilidades
pela população apresenta um alto grau de correlação com o crescimento econômico. O termo
educação profissional abordado neste artigo refere-se à educação formal recebida em escolas
técnicas que enfocam o mundo do trabalho. Procura-se entender primeiramente como, em
termos teóricos, a educação pode contribuir para o desenvolvimento. Para construir a relação
entre educação profissional e desenvolvimento utiliza-se a Teoria do Capital Humano em seu
sentido mais amplo, abrangendo assim teorias que atribuem às qualidades individuais como
determinantes de melhores cargos e acréscimos de renda. Tais qualidades individuais são
adquiridas quando determinado indivíduo recebe capacitação para desempenhar suas
atividades, de forma que a educação profissional manifesta-se como um elo entre o
empregador e o candidato à vaga. O estudo recorre a autores como Theodore W. Schultz,
formulador da teoria do capital humano e outros que desenvolveram trabalhos que ressaltaram
a importância da educação profissional para o desenvolvimento como: Branco (1979), Sen
(2000), Langoni (2005), entre outros. Diante de tais teorias, conclui-se que ao compreender o
processo de desenvolvimento econômico a educação profissional se apresenta como um
aspecto relevante.
Metodologia
Trata-se de um estudo composto por levantamento bibliográfico e observações das relações
que o trabalho se propôs a estabelecer. O estudo em questão é de natureza comparativa, que
se insere nos domínios da pesquisa qualitativa.
A evolução do capitalismo é marcada por mudanças que possibilitaram melhorias nos
métodos de produção e na organização das empresas. Essas melhorias são caracterizadas por
avanços tecnológicos que se traduziram em ganhos de produtividade, de forma que pequenas
firmas abrem espaço para grandes organizações inovadoras que investem no conhecimento
demandado por um mercado altamente competitivo, habitado por consumidores que exigem
produtos diferenciados, e por empresas que se especializam e se modernizam constantemente.
Nesse contexto, o investimento em recursos humanos torna-se peça chave para criar ou
viabilizar a implantação de novos produtos ou métodos de produção, sendo as escolas,
universidades e centros de pesquisa, protagonistas no processo de inovação.
A teoria do capital humano foi formalizada por Theodore W. Schultz, Professor e pesquisador
da Universidade de Chicago. Em sua Teoria, Schultz relaciona ganhos de produtividade com
investimentos em capital humano, de forma que os rendimentos pessoais crescem à medida
que aumenta o grau de instrução de determinado indivíduo. Sua pesquisa demonstra como
países destruídos pela Segunda Guerra Mundial, como o Japão, conseguiram se reerguer e
experimentar um rápido crescimento econômico. As conclusões dos seus estudos refletem a
importância do capital humano como um fator essencial ao desenvolvimento de um país.
Schultz (1973, p.63) apresenta o conceito de Capital Humano, argumentando que
“É humano porquanto se acha configurado no homem, e é capital porque é uma fonte de
satisfações futuras, ou de futuros rendimentos ou ambas as coisas”. Para que possa apresentar
algum retorno é necessário realizar investimentos no próprio indivíduo, visto que não possível
dissociar a pessoa do capital humano que possui.
Para Reis (2012) as teorias que atribuem às qualidades individuais como determinantes de
melhores cargos e acréscimos de renda, são consideradas como Teorias do Capital Humano.
Segundo a Autora:
Outros pensadores como Gregory Mankiw, David Romer e David Weil desenvolveram
modelos que contemplavam a variável capital humano na compreensão dos diferenciais de
crescimento econômico de diversos países – isto é “reconhecer que mão de obra de diferentes
economias tem diferentes níveis de instrução e qualificação.” (Jones, 2000, p. 44). As
contribuições dos modelos mostram que muitos países são ricos por que grande parte da
população despende um tempo maior acumulando habilidades. Essa nova reformulação constrói
análises que relacionam cada ano adicional de escolaridade com carreiras mais promissoras e
consequente obtenção de melhores salários, conforme Quadro 1.
Conforme Stewart (1998) as empresas se diferenciam baseadas no que sabem fazer melhor
que seus concorrentes, consequentemente o valor do profissional está em sua capacidade de
inovar e se diferenciar. O conhecimento é tido como um bem de grande valor para qualquer
organização, visto que seus recursos não se restringem apenas a estrutura da empresa,
maquinário ou a mão de obra, e sim o desenvolvimento de novos métodos e processos. Para
melhor compreensão do assunto conhecimento pode ser definido como:
Em seu trabalho constata-se que os setores econômicos crescem de maneira desigual, de
forma que as chamadas indústrias tradicionais (têxtil, alimentos, couros, madeira, calçados,
vestuários, etc.) tendem a diminuir sua participação no produto da economia, enquanto
subsetores que absorvem mais intensamente inovações técnicas crescem mais rapidamente.
Diante da constatação é de se esperar que com o tempo a tendência seja que a demanda por
mão de obra qualificada venha a se expandir, enquanto o inverso ocorra com a mão de obra
não qualificada.
Outro aspecto que Branco (1979) apresenta é o fato que as indústrias mais tradicionais são
mais intensivas no uso de capital físico e consequentemente possuem um número grande de
funcionários, entretanto, quando se analisa o nível educacional as indústrias mais dinâmicas são
mais intensivas em capital humano, visto que demandam um profissional com maior nível de
conhecimento.
Para o autor a existência de inelasticidade da oferta de mão de obra qualificada no curto
prazo, definida por anos de educação formal e de experiência, é que explicam os diferenciais de
salário em períodos de crescimento econômico. Ou seja, em um cenário de expansão do setor
produtivo aliado a rigidez na oferta de indivíduos mais qualificados, resulta em ganhos
proporcionalmente mais elevados. Para validar sua teoria, Branco (1979) dividiu o mercado de
trabalho urbano em três setores:
• Setor 1: Compreendido por subsetores dinâmicos, mais concentrados e que trabalham
com tecnologia razoavelmente sofisticada.
• Setor 2: Constituído por setores que utilizam tecnologia moderna mas são menos
concentrados.
Quando se analisa os anos de estudo, os integrantes do setor 1 possuem, em média, cerca
de sete anos de educação formal, enquanto os do setor 3 tinham apenas quatro anos.
Consequentemente quando se analisa o comportamento dos salários reais verifica-se uma
expansão mais elevada no setor 1.
Quadro 2. Características dos setores: salário real mensal (em R$), Brasil, 1969 a 1973.
Quanto ao crescimento do emprego foi menos intenso no setor 1, o que mais uma vez valida
a tese que “entre as variáveis explicativas do modelo a escolaridade é, em todos os três
setores, a mais importante, tendo em vista as magnitudes de seu coeficiente estimado e do
valor da sua contribuição marginal” (BRANCO, 1979, p.89)
As críticas à teoria do capital humano baseiam-se nos problemas de avaliação da educação
como propulsor do desenvolvimento, visto que a “educação” de um indivíduo é formada por
demais elementos sociais e culturais, como capacidades inatas, estrutura familiar, etnia, entre
outros elementos. Para eles a teoria do capital humano contempla apenas aspectos econômicos
em sua abordagem. Já para os marxistas o aumento da produtividade se dá não pelo aumento
da escolaridade e sim pela estrutura tecnológica disponível e pela organização do processo de
produção.
A relação entre educação e desenvolvimento está sempre presente nos discursos oficiais,
bem como na teoria econômica. É comum ao governo que elege o desenvolvimento como
meta, elaborar políticas públicas voltadas para educação, já que variáveis importantes ao bom
andamento da economia como o nível salarial, desemprego e avanço tecnológico, estão
intimamente relacionadas ao nível de capacitação da população.
Desenvolvimento é um termo amplo, pode-se descrevê-lo como uma situação em que o país
vivencia um crescimento econômico, geralmente associado ao aumento do Produto Nacional
Bruto per capita, acompanhado pela melhoria do padrão de vida da população e por alterações
fundamentais na estrutura de sua economia.
O investimento em educação é um traço marcante das nações desenvolvidas, visto que
oportunidades sociais são elementares para o desenvolvimento. Um caso bem sucedido dessas
ações é o Japão, segundo Sen (2000) ainda na era Meiji no século XIX, o país já apresentava
índices superiores aos da Europa com relação à educação básica. Nessa época o Japão ainda
não havia passado pelo processo de industrialização que já havia sido iniciado na Europa. Com
grandes investimentos em educação, o desenvolvimento do Japão foi, em sua maior parte,
subsidiado pelo capital humano. O mesmo que ocorreu em outros países próximos a ele, o
chamado milagre do Leste Asiático. O relatado vai contra a ideia de que só os países ricos
possuem capital suficiente para manterem alto padrão de desenvolvimento humano, já que
muitos países do leste asiático realizaram esses investimentos antes de conhecerem a
prosperidade econômica.
Outro exemplo é a China, dentre os principais fatores que explicam seu crescimento
gigantesco destaca-se a presença de grandes investimentos em educação, além da abertura
econômica e uma indústria forte voltada para o mercado. O caso da China é semelhante a do
Japão, a população chinesa era em grande parte alfabetizada antes de experimentar a
aceleração econômica, ou seja, havia um preparo social quando em 1972 voltaram-se para o
mercado. O mesmo se percebeu em países como Coréia do Sul e Taiwan.
Em contraposição a situação desses países, Sen (2000) apresenta casos como o da Índia e
do Brasil. A Índia não possuía o preparo social necessário para aproveitar todos os benefícios
da economia voltada para o mercado. O mesmo ocorre com o Brasil, “onde a criação de
oportunidades sociais tem sido mais lenta, agindo assim como uma barreira para o
desenvolvimento econômico” (SEN, 2000, p. 61). Apesar de apresentar um aumento expressivo
do PNB per capita quase comparável a outros países de crescimento elevado, o Brasil “tem uma
longa história de grave desigualdade social, desemprego e descaso com o serviço público de
saúde” (SEN, 2000, p. 62).
A necessidade de políticas públicas que priorizam a qualificação profissional é evidente diante
da “premissa de que mais educação pode proporcionar melhores oportunidades de emprego,
rendimento e ascendência na carreira” (REIS, 2012, p.18). Destaca-se, ainda, que os postos de
trabalho são cada vez mais caracterizados por procedimentos tecnológicos e baseados em
informação, demandando colaboradores altamente qualificados.
Um país é competitivo quando sua população possui um alto nível de capacitação. Como
afirma Evangelista (2009, p.19) “a educação e a qualificação profissional são fatores
fundamentais para o desenvolvimento das nações pobres e a manutenção da hegemonia
econômica e política dos países industrializados”. Kliksberg (2001, p. 31) ressalta que “a taxa de
retorno em educação é uma das mais altas possíveis para uma sociedade”.
O cenário mundial corrobora para o exposto acima, conforme o GRÁF. 1 a média de anos de
estudo por nível educacional (15 anos de estudo ou mais) é crescente, tanto para os países em
desenvolvimento quanto para os desenvolvidos.
Gráfico 1. Média de Anos de Estudo, por Nível Educacional (15 anos de idade ou mais)
É importante lembrar que os retornos do investimento em educação vão além de melhores
salários ou elevação da empregabilidade. Uma boa formação possibilita a expansão das
liberdades, fazendo com o indivíduo assuma uma posição de agente e não de paciente.
Segundo Sen (2000), há uma clara distinção entre “paciente” e “agente”, na qual paciente é
visto de forma mais passiva aos acontecimentos ao seu redor, enquanto o agente interfere ou
tem a liberdade de interferir de forma crítica nos acontecimentos. Para a visão do
desenvolvimento como liberdade é necessário promover a condição de agente, de forma que:
Dentro do mesmo pensamento Alfred Marshall demonstra que os indivíduos que receberam
educação abandonam o caráter alienador, de forma que passam a dar mais valor ao lazer do
que acréscimos de renda. Nesse sentido, percebemos como a educação é decisiva na formação
de cidadãos capazes de promover mudanças, além de ser um importante meio para se
combater à exclusão social.
Considerações finais
O presente trabalho buscou apontar alguns aspectos relativos à relação existente entre a
educação profissional e o desenvolvimento. Tal relação foi validada por meio de teóricos que
apresentaram evidências observadas e comprovadas da teoria do capital humano. Ao longo do
estudo ressaltou-se a importância da educação profissional para atender às mudanças no
mercado de trabalho advindas da adoção de novos processos gerados por inovações
tecnológicas.
Os modelos apresentados anteriormente ajudam a compreender por que alguns países são
mais ricos que os outros, em todos eles, apesar de suas particularidades, o desenvolvimento ou
assimilação de novas tecnologias se manifestaram como uma variável importante do
crescimento econômico. O que nos conduz a conclusão de que um país que objetiva crescer
necessita incentivar novas ideias, capacitar a mão de obra disponível e investir em pesquisa e
desenvolvimento (P&D). Resguardadas as peculiaridades dos modelos citados, é possível
admitir que população produtora, de conhecimento e/ou que utiliza ou maximiza aqueles já
existentes é fator positivo para o desenvolvimento. Assim, é possível concluir que a qualificação
através da educação é uma importante ferramenta para o desenvolvimento social e econômico.
Referências
• BARROS, Ricardo Paes de; MENDONÇA, Rosane Silva Pinto de. Os determinantes da
desigualdade no Brasil. Rio de Janeiro: Texto para Discussão n° 377 – IPEA, 1995.