Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CAJAZEIRAS – PARAÍBA
JANEIRO / 2021
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
1 – PRELIMINARES
3
cargas de serviço (pelo controle das deformações e das aberturas das fissuras),
como também, porque ela permite a utilização eficiente de materiais (aço e concreto)
de alta resistência.
2 – APLICAÇÕES DA PROTENSÃO
4
moldada é protendida à anterior e assim sucessivamente, podendo-se vencer
grandes vãos, principalmente em lugares de difícil colocação de escoramentos.
5
O primeiro registro de peças de concreto armado data de 1861, quando o
jardineiro parisiense Monier, fabricou vasos de flores com argamassa de cimento,
utilizando como reforço malhas de fios de aço. Em 1867 Monier recebe a primeira
patente para construção de vasos de flores de concreto com armaduras de aço.
6
constituída por fios de aço, sendo esta, provavelmente, a primeira proposta para a
construção de peças de concreto pré-fabricadas.
Em 1906, M. Koenen, também em Berlim, realizou ensaio em armadura de
peça de concreto sob tensão.
Já em 1907, Koenen e o seu conterrâneo Lundt tentaram realizar uma
verificação experimental baseados nas idéias de Dohrung.
A estes estudos e ensaios seguiram-se vários outros e novas patentes foram
obtidas, no entanto, não obtiveram êxito, porque a protensão era em grande parte
PERDIDA, após algum tempo de sua aplicação. Ou seja, as primeiras peças
protendidas por estes pesquisadores e estudiosos inicialmente funcionavam bem,
mas, após algum tempo apresentavam FISSURAS E ÀS VEZES ATÉ CHEGAVAM À
RUPTURA. Isto ocorria porque nos primórdios da protensão usava-se como
armadura aço de pequena resistência, ao qual não era possível se aplicar grandes
esforços e, desconheciam-se totalmente alguns fenômenos que ocorrem no concreto
e no aço, com o passar do tempo, após serem protendidos. Estes fenômenos
causavam redução na protensão aplicada e, às vezes, após alguns meses, a
protensão era praticamente anulada, surgindo o aparecimento de fissuras e às vezes
até havendo a ruptura da peça.
Em 1919, K. Wettstein fabricou pranchas de concreto de pequena espessura
com cordas de piano altamente tensionadas. Embora sem ter conhecimento prévio
dos fenômenos que aconteciam no concreto e no aço, Wettstein foi o primeiro a
empregar aço de alta resistência submetido a elevadas tensões, em peças de
concreto.
Os conceitos fundamentais necessários ao êxito obtido pela aplicação da
protensão em peças de concreto foram estabelecidos a partir dos estudos e
pesquisas realizados pelo engenheiro francês EUGÈNE FREYSSINET. Ele foi um
dos primeiros a verificar que para o sucesso da protensão deveria ser usado aço de
alta resistência.
Em 1924, Freyssinet já havia usado a protensão para reduzir o alongamento
de tirantes utilizados em galpões de grandes vãos. Já em 1928 ele é o primeiro
engenheiro projetista a reconhecer a importância da protensão da armadura em
7
peças de concreto, tendo introduzido o uso de aço de alta resistência para realizar as
protensões e, também, verificou que só seria possível assegurar um efeito duradouro
da protensão através da aplicação de elevadas tensões no aço. Ainda em 1928
Freyssinet patenteou um sistema de protensão com tensões no aço superiores a 400
MPa. No entanto, talvez o maior mérito de Freyssinet, tenha sido o fato de ele ter
estudado as causas das diminuições (perdas) das tensões das peças protendidas
com o passar do tempo, através de suas pesquisas sobre a RETRAÇÃO E A
FLUÊNCIA DO CONCRETO, tendo chegado à conclusão que, praticamente,
tornaram possíveis a aplicação da protensão no concreto estrutural. Freyssinet
também desenvolveu um sistema de protensão usando fios de alta resistência
ancorados na própria peça por meia cunhas, tratava-se de um sistema de protensão
prático que ainda está em uso.
Ao tempo em que Freyssinet desenvolvia seus estudos e pesquisas na
França, surgiram, rapidamente, várias invenções e contribuições ao desenvolvimento
da protensão, principalmente através de engenheiros alemães.
Em 1938 foi construída a primeira ponte em concreto protendido, em Aue,
Alemanha.
Entre 1940 e 1942, Gustave Magnel, da Bélgica, desenvolveu um processo de
protensão com o qual executou a primeira ponte em viga contínua, em concreto
protendido (sobre o rio Maas, em Sclayn). Também é creditado a Magnel o mérito de
ter escrito o primeiro livro sobre concreto protendido, em 1948.
Em 1941 é construída por Freyssinet a sua primeira ponte em concreto
protendido, na qual ele usou o seu sistema de protensão através de cabos de alta
resistência ancorados na própria peça por meio de cunhas, sobre o rio Marne em
Luzancy, França.
Em 1948 é construída a primeira ponte em concreto protendido no Brasil, é a
ponte do Galeão, em vigas premoldadas. A ponte do Galeão é um dos acessos à Ilha
do Governador, tendo passado por reformas em 1994 (houve recuperação da
estrutura e substituição dos aparelhos de apoio), e está em plenas condições de uso.
8
Após a II Guerra Mundial o desenvolvimento do concreto protendido tomou
grande impulso através da sua aplicação em várias pontes e grandes estruturas. A
competição entre engenheiros e firmas construtoras fez com que surgissem vários
processos de protensão. Novos tipos de aços para protensão também favoreceram o
desenvolvimento de vários processos de protensão.
Em 1950, U. Finsterwalter executou a primeira ponte em balanços sucessivos
com a aplicação da protensão, processo de construção que rapidamente se espalhou
por todo o mundo, tendo se tornado um dos mais práticos para se vencer grandes
vãos em regiões de difíceis condições para a execução de escoramentos.
Em 1950, Guien realizou em Paris a primeira conferência sobre concreto
protendido.
Após 1956, o desenvolvimento da protensão caracterizou-se pelo aumento da
capacidade das unidades de protensão até 1500 kN e também pela racionalização
dos métodos de execução.
No Brasil as obras em concreto protendido são bastante usadas,
principalmente em pontes e grandes estruturas, sendo a Ponte Rio-Niterói a de maior
porte. Dentre os estudiosos brasileiros da protensão, podemos destacar Aderson
Moreira da Rocha e Walter Pfeil.
9
Atualmente o concreto protendido vem sendo bastante utilizado em edifícios
residenciais com lajes planas e nervuradas através do uso de cordoalhas
engraxadas e plastificadas, sistema que revolucionou o uso da protensão tendo sido
utilizado no Brasil a partir do ano de 1997. Esse tipo de protensão é tida como
prática, rápida e econômica.
4 – O CONCRETO PROTENDIDO
4.1 – Comentários
10
Para combatermos os esforços de tração em peças de concreto podemos usar
o aço de construção, que é um material relativamente mais caro, o que nos leva a,
nos projetos de estruturas de concreto, procurar diminuir o consumo de aço, visando
tornar o cálculo estrutural mais econômico. As peças de concreto que têm
armaduras colocadas com a finalidade de combater os esforços de tração são
chamadas de peças de concreto armado convencional ou simplesmente concreto
armado. Nestas peças os esforços de compressão podem ser absorvidos pelo
próprio concreto (tendo em vista sua razoável resistência à compressão).
O emprego do concreto armado em estruturas com grandes vãos ou
submetidas a esforços elevados tem algumas limitações devido ao aumento dos
seus pesos próprios, certas condições impostas pelas normas e também pelas
características dos materiais. Dentre as limitações impostas ao concreto armado,
destacamos as seguintes:
11
concreto armado, não reduziria suficientemente as dimensões das seções
transversais dos elementos estruturais, tendo em vista as limitações impostas pela
tensão de cisalhamento.
Diante destas limitações, sentiu-se a necessidade de se criar um processo
que permitisse o uso, no concreto, de aços de alta resistência sem os inconvenientes
citados, o que foi obtido através da aplicação de uma compressão prévia (chamada
de protensão) ao concreto, ao qual se deu o nome de concreto protendido. Com o
emprego da protensão no concreto foi possível se executar estruturas mais leves,
usando-se concreto de grande resistência à compressão e aço de alta resistência à
tração.
12
Figura 1
Figura 2
Figura 3
13
Como a resistência à tração do concreto é pequena, a força F que provoca a
ruptura da viga também é relativamente pequena. A ruptura da viga se dá
bruscamente, o que torna o concreto simples um material praticamente inviável no
projeto de peças submetidas à esforços de tração.
Figura 4
14
todo este esforço e, o concreto armado torna-se ineficiente, havendo, portanto a
necessidade de combatermos aquela tensão de tração elevada através de outros
meios. Daí surgiu a idéia de se aplicar uma força de compressão prévia à viga, ou
seja, uma protensão (pré-tensão) e a peça passa a ser em concreto protendido.
Figura 5
Figura 6
15
compressão impostas pela força de protensão (N). Verificamos que o valor da força F
que causará a ruptura da viga será muito maior que o do item anterior. Portanto,
usando-se o artifício de aplicarmos uma pré-tensão na viga conseguimos melhorar
sua capacidade de resistência, aumentando-se bastante o valor da carga que ela
pode resistir quando comparado com a mesma viga em concreto armado.
Agora, já temos melhores condições de entender a definição de protensão
dada no item 1: “protensão é o artifício de se introduzir, numa peça, um estado prévio
de tensões contrário ao que vai ocorrer devido aos carregamentos que serão
aplicados, de modo a melhorar sua resistência ou seu comportamento”.
Com o uso da protensão é possível se usar elementos de seções transversais
menores, mais leves, e com maiores vãos, aumentando-se desta forma o campo de
aplicação do concreto estrutural.
Não é somente devido ao melhoramento do comportamento das peças de
concreto estrutural sob carga de serviço, pelo controle das fissuras e das
deformações, que o concreto protendido é atrativo, ele permite também a utilização
eficiente de materiais (aço e concreto) de altas resistências e o emprego de peças
mais esbeltas e/ou de maiores vãos.
16
Verifica-se que, para um valor de W relativamente baixo, a tensão de tração
na fibra inferior da seção de concreto iguala-se à tensão de tração do concreto, fctd,inf,
e se formará uma fissura causando, consequentemente, a ruptura da viga.
17
ponto de aplicação da força de protensão é no terço inferior da altura da seção,
conforme a Figura 9.
Neste caso, se aplicarmos uma força P com o mesmo valor do caso anterior,
mas com uma excentricidade e = h/6 em relação ao centróide da seção de concreto,
teremos uma tensão de compressão na seção que variará de zero, na fibra superior,
ao valor máximo na fibra inferior:
Sendo:
fp – a tensão na fibra inferior da seção do concreto;
Ac – área da seção transversal de concreto, do elemento estrutural;
e – excentricidade, distância do ponto de aplicação da força de protensão ao
centróide da seção;
c1 – a distância do centróide da seção de concreto à fibra inferior;
Ic - o momento de inércia centroidal da seção transversal de concreto.
Para uma seção retangular, temos:
h h bh3
e= , c1 = e Ic = ,
6 2 12
P P P
logo: f p = + =2 ,
Ac Ac Ac
P
como: f c = , temos : f p = 2 fc
Ac
Ou seja, a tensão na fibra inferior é igual ao dobro do valor da tensão
produzida pela protensão axial (caso anterior). Desta forma, a carga transversal que
18
a viga pode suportar deverá ser duas vezes superior à do caso anterior, ou seja, 2Q,
e ainda NÃO CAUSARÁ TENSÃO DE TRAÇÃO NA SEÇÃO. Neste caso, a
distribuição final das tensões resultantes da superposição das tensões devido a
carga (2Q) e a força de protensão (P) aplicada com uma excentricidade e = h/6, é
idêntica a do caso anterior (conforme as Figuras 8 e 9). Como aplicamos a mesma
força de protensão (P) nos dois casos e, a carga aplicada à viga neste caso é o
dobro daquela do caso anterior, verificamos que a protensão excêntrica leva grande
vantagem sobre a protensão axial, embora nem sempre seja a melhor.
As formas como as forças de protensão podem ser aplicadas aos elementos
de concreto serão vistas posteriormente. Por enquanto, é suficiente saber que um
método bastante usado de protensão usa armaduras de aço de alta resistência
(cabos) embutidos na viga de concreto através de dutos (bainhas). O cabo é
tracionado e ancorado nas extremidades no concreto, de modo que a força de
protensão (P) pode ser aplicada, desta forma podemos melhorar a eficiência da
protensão dos casos das Figuras 8 e 9, usando uma excentricidade variável da força
de protensão em relação ao centróide da seção de concreto ao longo do cabo,
conforme a Figura 10.
19
dada no cabo uma excentricidade que varie linearmente de zero nos apoios à um
máximo no meio do vão, conforme é visto na Figura 10. As tensões no meio do vão
são as mesmas do caso anterior, quando atua a carga 2Q e quando atua a
protensão. Como nos apoios atua somente a força de protensão com excentricidade
nula, obtém-se uma tensão de compressão uniforme fc.
É óbvio que, para cada combinação de carga, há um melhor “perfil” do cabo
que produz um diagrama de momento devido a protensão que corresponde àquele
da carga aplicada. É importante observar que se o momento devido à protensão
pudesse ser exatamente igual e oposto ao momento devido as cargas aplicadas ao
longo do vão da viga, teríamos como resultado da superposição dos dois efeitos,
uma viga sujeita somente a tensões de compressão em todo o seu comprimento.
Portanto, a força de protensão aplicada através do cabo pode ser MAIS OU
MENOS EFICIENTE, dependendo de sua excentricidade em relação ao centróide da
seção de concreto, daí, não é recomendável fazer-se a protensão axial, sendo
preferível que o cabo apresente excentricidade variável em relação ao centróide da
seção de concreto no caso de vigas. Já para os casos de tirantes é preferível que
essa seja realmente axial.
Exercício – Anexo ao capítulo 1.
20
6.1 - Vantagens dos elementos de concreto protendido em relação aos
elementos de concreto armado:
21
• promove a redução do esforço cortante, diminuindo o uso de estribos.
6.2 - Desvantagens dos elementos de concreto protendido em relação aos
elementos de concreto armado:
22
ANEXO AO CAPÍTULO 1
23
24
25