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Capítulo 2

1.0 - CLASSIFICAÇÕES
1.1 - Preliminares

Existem várias formas de classificarmos uma peça de concreto protendido: quanto


ao método de protensão, quanto a aderência, quanto ao nível de protensão, quanto ao
sistema de protensão, etc. Uma peça de concreto protendido pode atender a várias destas
classificações, dependendo de suas características e finalidades. Na verdade, estas
classificações nos dão uma idéia dos tipos, dos métodos e dos sistemas de protensão
usados, sendo que, os carregamentos e as hipóteses de cálculo a serem adotados no
cálculo estrutural das peças de concreto protendido dependerão do sistema estrutural e
das normas em vigor.

1.2 - Métodos de Protensão

Conforme já vimos, a protensão do concreto é feita por meio de armaduras de aços


de alta resistência que são tracionadas e ancorados na própria peça.
A ancoragem da armadura pode ser feita de duas formas:
• por aderência
• de extremidade.
A ancoragem por aderência é obtida através da aderência desenvolvida entre a
armadura e o concreto.
A ancoragem de extremidade é obtida da seguinte forma: a força de protensão é
conduzida até as extremidades da armadura (pelo seu tracionamento) onde é ancorada no
concreto por meio de dispositivos especiais.
Vários métodos podem ser usados para que se alcance o estado de protensão
desejado em uma peça de concreto, no entanto, todas as peças de concreto protendido
podem ser classificadas em dois grandes métodos:
• concreto com armaduras pré-tracionadas
• concreto com armaduras pós-tracionadas
Esta é uma das classificações mais importantes do concreto protendido.

1.2.1 – Método de protensão com armaduras pré-tracionadas

O concreto protendido com armaduras pré-tracionadas é aquele em que o


tracionamento da armadura de protensão é feito antes do lançamento do concreto,
utilizando-se apoios independentes da peça, sendo que, após o endurecimento do
concreto, a ligação da armadura de protensão com os referidos apoios é desfeita e a
protensão se realiza através da aderência entre a armadura e o concreto. Este método é
muito usado na fabricação de peças pré-moldadas, principalmente nas peças produzidas
em série em usinas.

O método de execução do concreto protendido com armaduras pré-tracionadas


realiza-se da seguinte forma: inicialmente a armadura é tracionada entre dois encontros
situados em uma instalação denominada “leito de protensão”, ficando provisoriamente
ancorada nestes encontros (ver a Figura 2.1) em seguida o concreto é colocado nas
formas e é feito o adensamento; após o endurecimento do concreto soltam-se as
ancoragens dos encontros e, a tendência da armadura encurtar é, em parte, impedida pela
aderência entre ela e o concreto, aplicando um esforço de compressão à peça, realizando-
se a protensão da mesma. Para que haja uma melhor transmissão do esforço da
armadura para o concreto é preferível que esta armadura seja de DIÂMETRO REDUZIDO,
afim de melhorar as condições de aderência.
Em peças de concreto protendido com armaduras pré-tracionadas, na maioria dos
casos, a armadura é retilínea, sendo preferível que tenha certa excentricidade em relação
à linha neutra; pode-se também usar armadura com traçado poligonal, neste caso, a

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mudança de direção da armadura é feita por meio de pinos que ficam perdidos na massa
de concreto.
O pré-tracionamento da armadura é um método econômico de protensão, não só
pela padronização que o dimensionamento permite, como também porque podemos
protender várias peças simultaneamente (pista de protensão), além disso, ainda temos
economia por não haver necessidade de se usar ancoragens nas extremidades das
armaduras em cada peça.

Figura 2.1
Devido a inexistência da proteção da bainha existe um grande risco de corrosão da
armadura.

1.2.2 - Método de protensão com armaduras pós-tracionadas

O concreto protendido com armaduras pós-tracionadas é obtido da seguinte forma:


as armaduras de protensão (chamadas de cabos) são colocadas em dutos (também
chamados de bainhas) deixados na peça antes de sua concretagem, em seguida
concreta-se a peça (ficando as armaduras de protensão livres dentro dos dutos); após o
concreto atingir a resistência prevista em projeto, faz-se o estiramento da armadura de
protensão, devendo estas se distenderem livremente dentro dos dutos, sendo perturbadas
apenas pelas forças de atrito. O tracionamento das armaduras de protensão é realizado

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utilizando-se para apoios partes das próprias peças. Após se atingir o alongamento da
armadura previsto no cálculo, suspendemos a operação de tracionamento e ancoramos a
armadura de protensão.
A transmissão dos esforços de compressão à peça é realizada através de
ancoragens especiais que impedem a armadura de voltar a ter o seu comprimento original,
comprimindo a peça, ver a Figura 2.2.

Figura 2.2
O método de execução do concreto protendido com armaduras pós-tracionadas é o
mais versátil, pois os comprimentos das armaduras, as suas configurações e os locais das
ancoragens são determinados através dos cálculos a critério do projetista. É o tipo de
protensão mais usado em peças concretadas “in loco”, no entanto, também é bastante
aplicada em peças pré-moldadas, principalmente naquelas com grandes vãos ou
submetidas a grandes carregamentos.
As armaduras de protensão pós-tracionadas podem ser de dois tipos: internas e
externas à peça.
As armaduras de protensão internas às peças são colocadas no interior da peça,
protegidas pelas bainhas que impedem o seu contato com o concreto, ver a Figura 2.3.

Figura 2.3

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As armaduras de protensão internas à peça podem ter qualquer traçado em suas
trajetórias, no entanto, na prática, usam-se principalmente armaduras parabólicas (ver a
Figura 2.4) ou armadura parabólica-retilínea - parabólica (ver a Figura 2.5).

As peças de concreto protendido com armaduras pós-tracionadas internas também


podem ser classificadas quanto à ligação entre as armaduras protendidas e o concreto,
em aderentes e não aderentes. São aderentes quando a aderência entre as armaduras
de protensão e as bainhas é feita por meio de uma nata de cimento injetada sob pressão
na bainha, até preencher todos os vazios existentes de modo a realizar a ligação íntima
entre o cabo e a bainha.
São não aderentes quando, praticamente não há aderência entre a armadura
protendida e o concreto, através da utilização de cordoalhas engraxadas. Esse sistema
não exige o uso de bainhas metálicas.

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As armaduras de protensão externas à peça ficam no exterior da mesma, podendo
ser aparentes (ver a Figura 6.a) ou protegidas por meio de revestimentos de concreto, que
além da proteção aos cabos ainda estabelecem a aderência entre estes e o concreto (ver
a Figura 2.6.b).
Os cabos não aderentes podem ser usados em alguns casos onde o cálculo de
resistência à ruptura da peça não seja necessário, como por exemplo em reservatórios.
Uma das vantagens do uso dos cabos não aderentes é que eles podem ser reprotendidos
ou mesmo substituídos. Uma desvantagem do uso de cabos não aderentes é que eles não
são econômicos, pois no cálculo da resistência à ruptura não podemos utilizar a
capacidade total dos cabos.

Os cabos externos não aderentes são muito utilizados em reforços de obras.

1.3 - Níveis de Protensão

Já vimos que a protensão comprime o concreto antes da aplicação das cargas de


serviço. Após a aplicação destas as seções transversais da peça ficarem totalmente
comprimidas ou não, dependendo do valor da força de protensão aplicada à armadura, ou
seja, dos níveis de protensão.
Os níveis de protensão estão relacionados com os níveis de intensidade da força de
protensão que, por sua vez, são função da proporção de armadura ativa utilizada em

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relação à passiva. As peças de concreto protendido podem ser classificadas em três
níveis:
• Nível 1: protensão parcial;
• Nível 2: protensão limitada;
• Nível 3: protensão completa.

Tendo em vista que no concreto protendido inicialmente só se adotava protensão


completa, iniciaremos o estudo dos níveis de protensão a partir do nível 3.

1.3.1 – Nível 3: protensão completa

O nível 3: protensão completa caracteriza-se por não haver tensões de tração no


concreto, para combinações desfavoráveis das cargas em serviço. Segundo a NBR 6118n
(2014), Tabela 13.4, na protensão completa devem ser atendidas as duas combinações
seguintes:
• para as combinações freqüentes de ações, previstas no projeto, é respeitado o
estado limite de descompressão (estado no qual em um ou mais pontos da seção
transversal a tensão normal é nula, não havendo tração no restante da seção);
• para as combinações raras de ações, quando previstas no projeto, é respeitado o
estado limite de formação de fissuras (estado em que se inicia a formação das
fissuras, tensão de tração máxima é inferior à resistência à tração de concreto).

Portanto, para o nível 3 – protensão completa, temos a combinação das tensões


devido às cargas e a protensão mostrada na Figura 2.7.

Figura 2.7

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1.3.2 – Nível 2: Protensão limitada

No nível 2: protensão limitada permite-se a existência de tensão de tração no


concreto, no entanto esta tensão é limitada a certos valores admissíveis, de modo que a
peça não fique fissurada sob as cargas em serviço. Segundo a NBR 6118 (2014), na
protensão limitada devem se atendidas as combinações de ações em serviço seguintes:
• para as combinações quase permanentes de ações, previstas no projeto, é
respeitado o estado limite de descompressão;
• para as combinações freqüentes de ações, previstas no projeto, é respeitado o
estado limite de formação de fissuras.
Logo, para o nível 2 – o protensão limitada, temos a combinação das tensões
devido às cargas e a protensão da Figura 2.8.

Figura 2.8

1.3.3 – Nível 3: Protensão parcial

O nível 3: protensão parcial ocorre quando se permitem valores mais elevados da


tensão de tração no concreto, provocando fissuras na peça, no entanto as aberturas das
fissuras são controladas, não devendo ultrapassar os limites adotados pelas normas. De
acordo com a NBR 6118 (2014), na protensão parcial deve ser atendida a combinação de
ações em serviço seguinte:

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• para as combinações freqüentes de ações, previstas no projeto, é respeitado o
estado limite de aberturas de fissuras (estado em que as fissuras se apresentam
com aberturas características de valores especificados), com wk  0,2mm.

Verificou-se que, as armaduras protendidas, após a realização da aderência,


passam a colaborar na resistência das peças de forma semelhante às das armaduras
usadas no concreto armado convencional.
Desta forma, chegou-se à conclusão que o concreto armado convencional e o
concreto protendido são tipos similares de sistemas estruturais, diferenciados apenas pela
compressão causada pela força de protensão aplicada ao primeiro. Assim sendo,
dependendo do valor da força de protensão aplicada à peça, podemos obter situações que
variam desde o concreto totalmente comprimido até o concreto armado convencional.
Atualmente, classificamos o concreto estrutural nas cinco modalidades seguintes,
sendo as três primeiras correspondentes ao concreto protendido:
• concreto protendido com protensão completa;
• concreto protendido com protensão limitada;
• concreto protendido com protensão parcial;
• concreto armado;
• concreto simples estrutural.

Portanto as estruturas de concreto protendido são classificadas em três níveis de


protensão, de acordo com o seu comportamento sob carga de serviço. Conforme vimos,
os níveis de protensão relacionam-se com os estados limites de serviço. Segundo a NBR
6118 (2014), item 10.4, a segurança das estruturas de concreto pode exigir a verificação
de alguns estados limites de serviço dados na Seção 3 desta norma, que são os
seguintes:
• estado limite de formação de fissuras (ELS-F): estado em que se inicia a
formação de fissuras no concreto. Este estado é atingido quando a tensão de
tração máxima na seção transversal for igual a fct,f (sendo fct,f a resistência à tração
na flexão, do concreto, NBR 6118 (2014), item 8.2.5).

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• estado limite de abertura de fissuras (ELS-W): estado em que as fissuras se
apresentam com aberturas iguais aos máximos especificados no item 13.4 da NBR
6118 (2014).
• estado limite de deformações excessivas (ELS-DEF): estado em que as
deformações atingem os limites estabelecidos para utilização normal da construção,
dados no item 13.3 da NBR 6118 (2014).
• estado limite de descompressão (ELS-D): estado no qual em um ou mais pontos
da seção transversal a tensão normal é nula, não havendo tração no restante da
seção;
• estado limite de descompressão parcial (ELS-DP): estado no qual garante-se a
compressão na seção transversal, na região onde existem armaduras ativas
(protendidas).
• estado limite de compressão excessiva (ELS-CE): estado em que as tensões de
compressão atingem o limite convencional estabelecido no item 17.2.4.3.2a da NBR
6118 (2014).

1.3.4 - Escolha do nível de protensão

A escolha do nível de protensão deve ser feita em função do tipo de construção e


da agressividade do meio ambiente. Inicialmente, até meados da década de 60, só se
permitia a protensão completa em obras de concreto protendido, a partir daí passou-se a
empregar, também, a protensão limitada e a protensão parcial, no entanto, existem certos
tipos de estruturas onde só é admitido o emprego da protensão completa, como, por
exemplo, as pontes ferroviárias, as pontes rolantes industriais, os tirantes, os reservatórios
de paredes circulares, etc. Concreto protendido sem aderência só pode ser empregado
em casos especiais e sempre com protensão completa.
Segundo a NBR 6118 (2014), item 6.4, nos projetos das estruturas correntes, a
agressividade ambiental deve ser considerada de acordo com o apresentado na Tabela 1
(Tabela 6.1 da NBR 6118 (2014)), e pode ser avaliada, de forma simplificada, segundo as
condições de exposição da estrutura ou suas partes.

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A escolha do nível de protensão pode ser feita de acordo com a Tabela 2 (Tabela
13.4 de NBR 6118 (2014)):

Tabela 1 – Classes de Agressividade Ambiental


Classe de agressividade Classificação geral do Risco de deterioração
Agressividade
ambiental tipo ambiental da estrutura
Rural
I Fraca Insignificante
Submersa
II Moderada Urbana Pequeno
Marinha
III Forte Grande
Industrial
Industrial
IV Muito forte Elevado
Respingos de maré

Tabela 2 – Escolha do nível de protensão em função da classe de agressividade ambiental (CAA) e


exigências relacionadas à fissuração
Classe de agressividade
Tipo de concreto Exigências relativas Combinação de ações em
ambiental (CAA) e tipo de
estrutural à fissuração serviço a utilizar
protensão
Concreto simples CAA I a CAA IV Não há -
CAA I ELS-W wk  0,4mm

Concreto armado CAA II e CAA III ELS-W wk  0,3mm Combinação frequente

CAA IV ELS-W wk  0,2mm

Concreto protendido Pré-tração com CAA I ou Pós-


ELS-W w  0,2mm Combinação frequente
nível 1 (protensão parcial) tração com CAA I e II
Verificar as duas condições abaixo
Concreto protendido Pré-tração com CAA II ou Pós-
ELS-F Combinação frequente
nível 2 (protensão limitada) tração com CAA III e IV
ELS-D Combinação quase permanente
Concreto protendido Verificar as duas condições abaixo
Pré-tração com
nível 3 (protensão ELS-F Combinação rara
CAA III e IV
completa) ELS-D Combinação frequente

1.4 - Concreto armado


O concreto armado convencional, já bastante conhecido simplesmente como
concreto armado, é dimensionado no Estado Limite Último admitindo-se a seção fissurada

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e desprezando-se a resistência do concreto à tração. Os esforços de tração são
combatidos por meio de armaduras que não são submetidas a forças de tração
previamente aplicadas (armaduras passivas), a seção trabalha fissurada, sendo que
devemos limitar as aberturas das fissuras para garantir a proteção da armadura contra a
corrosão.
No concreto armado, segundo a Tabela 2, deve ser atendida a seguinte
combinação de ações:

• para as combinações freqüentes de ações, previstas no projeto, deve ser


respeitado o estado limite de abertura de fissuras.

Podemos considerar a protensão parcial como sendo um estágio de transição entre


o concreto protendido sem apresentar fissuras e o concreto armado convencional
fissurado.

2.0 - MATERIAIS E EQUIPAMENTOS USADOS NA PROTENSÃO

Para a realização da protensão em peças de concreto protendido são necessários o


emprego de materiais e equipamentos próprios para este fim. Estes materiais e
equipamentos dependem do nível e do sistema de protensão adotados.

2.1 - Materiais e Equipamentos para Peças Pré-Tracionadas

Em peças de concreto protendido com armaduras pré-tracionadas os materiais


usados, além daqueles já bastante conhecidos e empregados no concreto armado, são
apenas as armaduras ativas (armaduras de protensão), constituídas de aços de alta
resistência e dos dispositivos de fixação e mudança de direção destas armaduras (no caso
de armaduras poligonais).
Para se efetuar a protensão das armaduras são usados macacos hidráulicos ou
talhas.
A protensão das armaduras pode ser feita de duas formas: tracionando-se cada
armadura isoladamente, por meio de macacos de pequena capacidade; ou tracionando-se

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todas as armaduras de uma só vez, neste caso usamos uma ancoragem móvel onde são
fixadas todas as armaduras e deslocamos esta ancoragem por meio de um conjunto de
macacos.

2.2 - Materiais e Equipamentos para Peças Pós-Tracionadas – método tradicional

Nas peças de concreto protendido com armaduras ativas pós-tracionadas, para que
possamos realizar o estiramento destas armaduras, elas são colocadas no concreto
dentro de dutos denominados de BAINHAS e após serem esticadas são ANCORADAS
nas peças; em seguida pode-se injetar NATA DE CIMENTO na bainha para que se
estabeleça aderência entre as armaduras ativas e o concreto.
Portanto, os materiais usados nas peças de concreto protendido com armaduras
pós-tracionadas, são, além daqueles usados no concreto armado:
• bainhas;
• armaduras ativas;
• ancoragens;
• luvas;
• nata de injeção;
• purgadores

Para realizar a protensão e a injeção da nata de cimento necessitamos dos


seguintes equipamentos:

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• macacos de protensão;
• bombas injetoras.

2.2.1 - Bainhas

As bainhas são dutos metálicos que têm por finalidade proteger a armadura e
permitir o seu estiramento. As bainhas metálicas são feitas com chapas finas de aço, são
flexíveis (de modo que possamos fazer as curvas dos cabos previstas nos projetos). As
superfícies externas das bainhas devem ser corrugadas, o que permite aumentar a sua
resistência e a sua aderência ao concreto e as suas superfícies internas podem ser lisas
ou corrugadas (ver a Figura 2.9).

Figura 2.9

As bainhas que têm a superfície interna lisa apresentam a vantagem da redução do


atrito entre ela e a armadura ativa durante a fase de protensão.

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As bainhas podem ser feitas em chapas comuns ou serem galvanizadas. As
bainhas galvanizadas são mais caras. As bainhas lisas galvanizadas, apesar de serem
mais caras, apresentam vantagens sobre as corrugadas e não galvanizadas.
As bainhas são fabricadas em peças retas com o comprimento variando de 6m a
12m e podem ser emendadas por meio de luvas constituídas de bainhas de diâmetros
maiores.
As bainhas devem apresentar as seguintes características:
• resistência e estanqueidade suficientes para impedir a entrada da nata de cimento
no seu interior;
• durante a fase de protensão devem permitir os alongamentos das armaduras, com
reduzido atrito;
• área suficiente para permitir boa acomodação das armaduras ativas e a realização
da injeção da nata. As normas americanas recomendam os seguintes valores: para
fios ou cordoalhas a área interna da bainha é no mínimo igual a 2,5 vezes a área do
cabo; e para barras o diâmetro interno da bainha é igual ao diâmetro da barra mais
pelo menos 10mm.

2.2.2 - Armaduras Ativas (Armaduras para Protensão)

As armaduras ativas são destinadas à produção de força de protensão, isto é, nas


quais se aplicam pré-alongamentos.
Para realizarmos a protensão devemos usar aços de alta resistência, os quais são
classificados nas seguintes categorias:
• fios trefilados (isolados);
• cordoalhas;
• barras.
As características destes aços serão vistas posteriormente, quando estudarmos
detalhadamente os materiais usados no concreto protendido, por ora, veremos apenas as
suas definições.

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2.2.2.1 - Fios Trefilados (Isolados)

Os fios trefilados são de aço de alta resistência, cujos diâmetros variam de 4mm a
8mm, podendo ter superfície lisa (ver a Figura 10.a) ou entalhada (ver a Figura 2.10.b),
encruados a frio e fornecidos em rolos.

2.2.2.2 - Cordoalhas

As cordoalhas são constituídas pelo agrupamento de fios trefilados de mesmo


diâmetro nominal encordoados juntos, em forma helicoidal, com passo uniforme. Podem
ser constituídas por 3 ou 7 fios. No caso de cordoalhas de 7 fios, temos 6 fios de mesmo
diâmetro nominal encordoados em forma de hélice em torno de um fio central de diâmetro
um pouco superior aos dos outros seis (ver a Figura 2.11). As cordoalhas são fornecidas
em rolos ou carretéis (bobinas).

Figura 2.11

2.2.2.3 - Barras de Aço

As barras de aço são peças lineares (varões) de aço de alta resistência, com
diâmetros superiores a 12 mm, e comprimento em torno de 12m (ver a Figura 2.12). São

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barras utilizadas individualmente, sendo a armadura ativa formada por uma só barra
dentro da bainha.

Figura 2.12

2.2.2.4 – Observações e Definições

Nas peças de concreto protendido temos dois tipos de armaduras: armaduras ativas
e armaduras passivas.
A armadura ativa, conforme já vimos, é aquela na qual é aplicada a força de
protensão. Pode ser constituída por barras, por fios isolados, por cordoalhas (cordões)
formadas por fios enrolados ou por feixes compostos por fios ou cordoalhas paralelos. Nos
projetos de estruturas de concreto protendido, a unidade da armadura ativa é
genericamente denominada de cabo.
Os cabos podem, portanto, ser constituídos por fios, cordoalhas ou barras de aço
de alta resistência.
Os cabos de fios ou cordoalhas são constituídos por conjuntos de fios ou
cordoalhas paralelos dispostos ou não em torno de uma espiral de aço denominada mola
central, cujo interior apresenta espaço livre que permite a passagem da nata de injeção.
São designados pelo número de fios ou de cordoalhas e pelo diâmetro do fio ou da
cordoalha.
Os cabos de fios foram os primeiros usados na protensão de peças de concreto.
Geralmente são constituídos de 12 fios de 5mm, 7mm ou 8mm (ver a Figura 2.13).

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Figura 2.13

Os cabos de cordoalhas são constituídos por cordoalhas colocadas lado a lado no


interior das bainhas (ver a Figura 2.14) designadas pelo número de cordoalhas
acompanhadas do diâmetro nominal da cordoalha e do tipo de relaxação do aço
(conforme veremos posteriormente).
Os cabos de barras, conforme já foi visto, são constituídos de uma única barra
dentro da bainha. Como as barras têm comprimentos limitados (em torno dos 12m), são
usadas em peças de pequenos vãos ou quando são executados por meio de balanços
(avanços) sucessivos.
Podemos classificar os cabos quanto à sua constituição em CABOS
CONCENTRADOS E CABOS ISOLADOS.

Figura 2.14

Nas peças protendidas com cabos concentrados a protensão se realiza por meio de
um só cabo, o qual é constituído de toda a armadura ativa necessária para realizar o
esforço de protensão previsto nos cálculos.

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Nas peças protendidas com cabos isolados a protensão é feita através de cabos
constituídos por fios ou cordoalhas, colocando-se a quantidade de cabos necessária para
se atingir o esforço de protensão desejado.
A armadura passiva, nas peças de concreto protendido, é toda armadura existente
e que não é utilizada para produzir forças de protensão. Normalmente a armadura passiva
é constituída de aços de baixa resistência (CA-50 ou CA-60), comumente chamado de aço
doce. Nas peças de concreto protendido, a armadura passiva é, também, chamada de
armadura suplementar.

2.2.3 - Ancoragens

Nas peças protendidas com armaduras pré-tracionadas a protensão se processa


por meio da aderência entre a armadura e o concreto, portanto, a ancoragem da armadura
se faz pela aderência entre ela e o concreto, não sendo necessário o uso de qualquer
elemento extra que permita a ancoragem do cabo.
Nas peças protendidas com armaduras ativas pós-tracionadas os cabos são
tracionados por meio de macacos que se apoiam na própria peça, sendo posteriormente
ancorados. Estas ancoragens podem ser de dois tipos:
• ancoragens concentradas;
• ancoragens isoladas.
As ancoragens concentradas são usadas em peças protendidas onde todo o
esforço de protensão é aplicado em um único cabo, havendo, portanto uma única
ancoragem, que, geralmente, é constituída por um grande bloco de concreto armado que
pode ser feito na própria obra (Ver a Figura 2.15).
As ancoragens isoladas são usadas nas peças protendidas através de cabos
independentes ou isolados, são ancoragens de capacidade conhecida e em número
necessário para ancorar todos os cabos existentes nas peças. São ancoragens
padronizadas, fabricadas em indústrias, cujos padrões variam de acordo com o sistema de
protensão adotado.
Atualmente, os sistemas de protensão mais usados, adotam cabos isolados com
ancoragens independentes, procurando-se aumentar a capacidade de cada cabo de modo

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a reduzir ao máximo o número de cabos por peças, reduzindo-se, consequentemente, o
número de ancoragens, o que acarreta uma certa economia.

Figura 2.15

Os cabos isolados são ancorados nas duas extremidades, podendo a força de


protensão ser ou não aplicada nestas duas extremidades ou em apenas uma delas.
Nestes cabos podemos ter dois tipos de ancoragens: ativas e passivas (ou mortas).

2.2.3.1 - Ancoragens ativas

As ancoragens ativas são aquelas que permitem o tracionamento dos cabos, ou


seja, nelas podem atuar os dispositivos e maquinários próprios para tracionar e fixar a
armadura ativa, podemos classificá-las nos seguintes tipos:
• ancoragens por meio de cunhas;
• ancoragens por meio de rosca e porcas;
• ancoragens por meio de cabeçotes apoiados em calços de aço ou de argamassa
injetada.
Ancoragens por meio de cunhas: as ancoragens ativas realizadas por meio de
cunhas são obtidas da seguinte forma: o macaco que executa o tracionamento do cabo
tem dispositivos especiais que acionam uma cunha contra uma peça fixa por onde passa a

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armadura ativa ancorando-a. Ao se soltar o macaco a armadura tende a voltar ao seu
comprimento inicial, sendo impedida pela cunha, no entanto, a cunha penetra um pouco
na parte fixa, causando uma diminuição no alongamento da armadura, ocasionando uma
perda de protensão chamada de perda POR ENCUNHAMENTO.
As ancoragens por meio de cunhas podem ser realizadas de duas formas, tendo
em vista a posição da cunha em relação aos elementos constituintes dos cabos:
• cunha central, colocada entre os fios;
• cunhas periféricas, com ancoragem individual.
Estes tipos de cunhas dependem do sistema de protensão usado, havendo
variação de sistema para sistema, conforme suas características. Vejamos os tipos de
cunhas usadas no Sistema Freyssinet:

- sistema com cunha central colocada entre os fios: a ancoragem é constituída


de uma parte fixa chamada “cone fêmea” que apresenta uma cavidade central tronco-
conica onde o cabo é ancorado, e de um órgão de cravação cônico chamado “cone
macho”, tendo em sua superfície tronco-cônica ranhuras para alojar os fios ou cordoalhas
(Ver a Figura 2.16). Este tipo de cunha, praticamente não é mais usado nas obras de
concreto protendido. Estas cunhas podem ser de concreto de alta resistência reforçada
com armadura (Ver a Figura 16.a) ou totalmente de aço (Ver a Figura 2.16.b).

Figura 2.16

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- Sistema com cunhas periféricas: a ancoragem é feita por meio de cunhas
periféricas à armadura ATIVA. Atualmente tem sido muito usada ancoragem formada por
placas metálicas nas quais cada cordoalha é ancorada isoladamente por meio de cunhas
metálicas padronizadas (Ver a Figura 2.17).

Figura 2.17

- Ancoragem por meio de roscas e porcas: as ancoragens ativas realizadas por


meio de roscas e porcas são obtidas da seguinte forma: as extremidades dos fios ou
cordoalhas são previamente ligadas (por meio de dispositivos mecânicos) a parafusos ou
outras peças com rosca, após o estiramento do cabo, a ancoragem é feita apertando-se a
porca contra a placa metálica (Ver a Figura 2.18)

Figura 2.18

Nos sistemas de protensão em que são usados cabos constituídos de barras de


aço de alta resistência, normalmente a ancoragem é feita por meio de rosca e porca,
sendo a rosca feita na própria barra.

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- Ancoragens por meio de cabeçotes apoiados em calços: as ancoragens ativas
realizadas por meio de cabeçotes apoiados em calços de aço ou de argamassa
injetada são usadas em alguns sistemas de protensão e podem ser realizadas da
seguinte forma: os fios de aço são presos a cabeçotes com roscas internas onde se aplica
um parafuso que é ligado ao macaco. Faz-se o estiramento do cabo e ancora-se
provisoriamente o parafuso com uma porca numa placa de ancoragem provisória. A
armadura esticada pode ser mantida nesta posição por meio de calços de aço, ou através
de argamassa injetada, até que esta adquira resistência (cerca de três dias), quando então
se afrouxa o parafuso e a ancoragem definitiva da armadura é obtida pelo apoio do
cabeçote na argamassa.

2.2.3.2 - Ancoragens mortas ou passivas

Em certas situações da obra ou quando existem construções vizinhas que não


permitem o estiramento do cabo pelas duas extremidades, ou também por conveniências
técnicas ou econômicas, pode-se protender o cabo apenas por uma extremidade, ficando
a outra fixa na massa de concreto por meio de uma ancoragem denominada de morta ou
passiva.
As ancoragens mortas ou passivas podem ser obtidas de várias formas: por atrito e
aderência das extremidades dos fios; por meio de laços ou alças (Ver a Figura 2.21); por
meio de botões e por meio de dispositivos mecânicos especiais.

Figura 21

23
Para os casos de protensão com cordoalhas engraxadas temos a ancoragem
mono, onde é possível ancorar apenas uma cordoalha em cada ancoragem.

2.2.4 - Luvas

A ligação da bainha com a ancoragem ativa (cone fêmea) deve ser feita por meio
de uma luva (também chamada de trombeta). A finalidade da luva é de assegurar a
estanqueidade da junta de ligação bainha - ancoragem, alinhamento do cabo segundo o
eixo da ancoragem e solidez das amarrações. As luvas podem ser metálicas ou de
plástico e suas ligações com as bainhas são feitas por meio de fita adesiva, completando
a estanqueidade do conjunto. (Ver a Figura 25).

2.2.5 - Nata de injeção

Após serem efetuadas as operações de protensão dos cabos e as suas respectivas


ancoragens, a aderência dos cabos, em peças pós-tracionadas com aderência posterior, é
obtida através da injeção de uma nata de cimento, preenchendo-se todos os vazios

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existentes entre a armadura ativa e a parte interna da bainha. As finalidades da injeção da
nata são:
• proteger a armadura ativa contra a corrosão;
• estabelecer a aderência de modo permanente entre a armadura ativa e o concreto
estrutural, através da bainha.

As natas de injeção são constituídas de cimento e água (para cabos de protensão com
grandes vazios, permite-se o uso de argamassa com a inclusão de no máximo 20% de
areia do peso do cimento).
A injeção é aplicada por meio de bombas injetoras.

2.2.6 – Purgadores

Nos cabos curvos principalmente nos pontos mais altos, devem ser colocados
“purgadores”, cuja finalidade é permitir a saída de ar ou água que porventura existam na
bainha evitando-se, assim, a formação de bolhas de ar ou de água durante a injeção da
nata de cimento (Ver a Figura 26). No Sistema Freyssinet, em cabos longos, deve ser
previsto um purgador, no mínimo a cada 40m.

Figura 26

25
2.3 - Equipamentos usados na Protensão

Os equipamentos usados na protensão dependem dos métodos e sistemas de


protensão adotados.

2.3.1 - Equipamentos para peças pré-tracionadas

Em peças de concreto protendido com armaduras pré-tracionadas são usados


equipamentos relativamente simples, tendo em vista que a ancoragem da armadura é feita
por meio da sua aderência com o concreto. O estiramento das armaduras é feito através
de macacos hidráulicos ou talhas, podendo ser feito estirando-se uma cordoalha ou fio
de cada vez ou deslocando-se um encontro móvel onde estão ancoradas todas as
cordoalhas ou fios, que são esticados de uma só vez.

2.3.2 - Equipamentos para peças pós-tracionadas

Conforme já vimos, nas peças de concreto protendido com armaduras pós-


tracionadas, as armaduras são, geralmente, colocadas dentro das bainhas e após serem
estiradas são ancoradas na peça; em seguida injeta-se a nata de cimento na bainha para
que se estabeleça a aderência entre as armaduras protendidas e o concreto. Para

26
efetuarmos estas operações, na grande maioria dos casos, usamos macacos hidráulicos
e bombas injetoras.

2.3.2.1 - Macacos Hidráulicos

Existe uma grande variedade de macacos hidráulicos usados para efetuar a


protensão das armaduras usadas no concreto protendido. Cada Sistema de Protensão
tem os seus tipos de macacos específicos, no entanto, as diferenças entre os diversos
tipos de macacos hidráulicos existentes não são grandes, havendo muitas características
comuns entre eles. Os macacos são acionados por meio de bombas elétricas.
Dentre os diversos tipos de macacos usados para efetuar a protensão das
armaduras, podemos citar os seguintes:
• macacos para cabos com cunha central de ancoragem;
• macacos para cabos com cunhas individuais de ancoragem;
• macacos para cabos de cordoalhas com ancoragem de rosca e porca;
• macacos para cabos concentrados.

- Macacos para cabos com cunha central de ancoragem

Os macacos para cabos com cunha central de ancoragem são usados nos
Sistemas de Protensão com ancoragem por cunha central, são macacos de duplo efeito,
que permitem tracionar o cabo em uma ou em várias etapas e cravar a cunha central;
estes macacos possuem um circuito de tensão e um outro de cravação. A ancoragem das
cordoalhas ou fios que constituem um cabo é feita de uma só vez. Na Figura 27
apresentamos o esquema de um macaco Freyssinet para cabo com cunha central, e na
Figura 28 uma foto de um macaco Freyssinet para cabo de 12 8mm, modelo S-7.

27
Fig. 2.27

1 - cabo de fios ou cordoalhas; 6 - base do macaco;


2 - cone fêmea; 7 - cilindro de protensão;
3 - cunha central de ancoragem (cone macho), 8 - cilindro de cravação da cunha de ancoragem
4 - cunhas de fixarão dos fios ou cordoalhas no
macaco;
5 - placa de apoio do macaco;

Figura 28

28
- Macacos para cabos de cordoalhas com ancoragens individuais

Atualmente estão sendo bastante usados macacos para cabos de cordoalhas


com ancoragens individuais, estes macacos são de grande capacidade e além de
efetuarem o tracionamento dos cabos de protensão ainda realizam as ancoragens das
cordoalhas individualmente.
Na Figura 29 vemos um dos tipos destes macacos usados no sistema Freyssinet e
na Figura 30 temos uma ancoragem com cordoalhas ancoradas individualmente.

Figura 29

Figura 30

29
- Macacos para cabos ancorados por meio de rosca e porca

Os macacos para cabos ancorados por meio de rosca e porca são usados em
Sistemas de Protensão cujas ancoragens são feitas por meio de roscas e porcas. São
furados de modo que permitem ao cabo atravessar os mesmos e são usados, por
exemplo, no Sistema Roebing, americano.

- Macacos para cabos concentrados

Os macacos para cabos concentrados têm grande capacidade de carga e são


aplicados nos Sistemas de Protensão de Cabos Concentrados, como por exemplo, o
Sistema Leonhardt.

2.3.2.2 - Bombas Injetoras

Após serem efetuadas as protensões dos cabos e as respectivas ancoragens, a


operação da protensão de peças pós-tracionadas com aderência posterior é concluida
através da injeção da nata de cimento. Esta injeção da nata de cimento é realizada por
meio de bombas injetoras que podem ser manuais (Ver a Figura 31) ou elétricas (Ver a
Figura 32).

30
Figura 31

Figura 32
3.0 - SISTEMAS DE PROTENSÃO

3.1 - Preliminares

Conforme vimos, no início deste capítulo, temos dois métodos clássicos de


efetuarmos a protensão de uma peça:
• Método de protensão com armaduras pré-tracionadas;
• Método de protensão com armaduras pós-tracionadas.
O primeiro método é realizado de forma bastante simples onde não são usados
equipamentos e peças especiais, não há restrição quanto ao seu uso, podendo ser
executado livremente por engenheiros e construtores.

31
Já quando se trata da protensão de peças com armaduras pós-tracionadas aquela
liberdade não existe e os calculistas são obrigados a adotar sistemas de protensão
patenteados, que não são de domínio público, ficando subordinados às condições
impostas pelos detentores da patente do sistema a ser usado.

3.2 - Classificação dos Sistemas de Protensão

Existem vários Sistemas de Protensão de peças com armaduras pós-tracionadas,


os quais diferem entre si, principalmente, nos tipos de ancoragens usadas e na forma de
se efetuar a protensão dos cabos. Faremos uma classificação dos sistemas de protensão
considerando-se a forma de protensão dos cabos e os tipos de ancoragens, temos:
• Sistemas de cabos concentrados
• Sistemas de cabos independentes

3.2.1 - Sistemas de Cabos Concentrados

São sistemas de protensão onde todos os cabos são tracionados e ancorados de


uma só vez, usamos uma única ancoragem para todos os cabos conforme descrevemos
no ítem 2.2.3 deste capítulo (ver a Figura 15), que pode constar de um bloco fixo em uma
extremidade e um móvel na outra (para cabos longos usam-se blocos móveis nas duas
extremidades).
O Sistema Bauer-Leonhardt é um dos mais difundidos no mundo dentre os que
adotam estes tipos de protensão e ancoragens. No Brasil, o professor Walter Pfiel
desenvolveu um Sistema de Protensão de cabos concentrados externos, semelhante ao
Sistema Bauer-Leonardt, o qual foi aplicado em algumas pontes com sucesso.

3.2.2 - Sistemas de Cabos Independentes

Nestes Sistemas de Protensão os cabos são tracionados e ancorados


isoladamente, são usadas as ancoragens descritas no item 2.2.3.1 deste capítulo. Quanto
ao tipo de ancoragem, estes sistemas podem ser classificados em:

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• Sistemas de protensão com cabos independentes ancorados com cunhas entre os
fios;
• Sistemas de protensão com cabos independentes ancorados com cunhas
periféricas;
• Sistemas de protensão com cabos independentes ancorados por meio de rosca e
porca;
• Sistemas de Protensão com cabos independentes com ancoragens de cabeçotes
apoiados na argamassa injetada.

3.2.2.1 - Sistemas de Protensão com cabos independentes ancorados com


cunhas entre os fios

São sistemas de protensão onde os cabos são tracionados isoladamente e a


ancoragem das cordoalhas ou dos fios é feita de uma só vez, usando-se cunhas
colocadas entre os fios (ver a Figura 16). Existem vários sistemas de protensão que
adotam este tipo de ancoragem, entre eles podemos destacar os seguintes: Sistema
Freyssinet, Sistema Rudolf, Sistema Morandi, etc.

3.2.2.2 - Sistemas de Protensão com cabos independentes ancorados com cunhas


periféricas

São sistemas bastante parecidos com os vistos no ítem anterior, a única diferença
reside no fato de que a ancoragem é feita por meio de cunhas periféricas à armadura de
protensão, sendo cada cordoalha (ou fio) ancorada isoladamente por meio de cunhas
metálicas (ver a Figura 17). Também existem vários sistemas de protensão que adotam
este tipo de ancoragens, dentre os quais destacamos: Sistema Freyssinet, Sistema
Losinger (VSL), Sistema Rudolf, Sistema Dywidag, etc.

3.2.2.3 - Sistemas de Protensão com cabos independentes ancorados por meio de


rosca e porca.

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São Sistemas de Protensão onde as ancoragens dos cabos são feitas por meio de
roscas e porcas.
Os cabos podem ser constituídos de fios ou cordoalhas com dispositivos especiais
em suas extremidades (ver o ítem 2.2.3.1 e a Figura 18), ou por meio de barras com
extremidades rosqueadas (ver o ítem 2.2.3 e a Figura 19).
Dentre os vários sistemas de protensão que adotam este tipo de ancoragem,
destacamos: Sistema Macalloy (inglês) e o Sistema Dywidag (Alemão).

3.2.2.4 - Sistemas de Protensão com cabos independentes ancorados por meio de


cabeçotes apoiados na argamassa

São sistemas de protensão que adotam a ancoragem do cabo por meio de


cabeçotes apoiados na argamassa injetada, conforme vimos no ítem 2.2.3.1 (ver a figura
20). Como exemplos podemos citar o Sistema BBRV e o Sistema Leoba (idealizado pelos
engenheiros F. Leonhardt e W. Bauer).

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