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CAPÍTULO 4 – PERDAS DE PROTENSÃO

1.0 - INTRODUÇÃO

A partir do momento em que se aplica uma força ao cabo de protensão começam a


surgir perdas de protensão, durante a ancoragem dos cabos também surgem perdas e ao
longo da vida da peça protendida ocorrem outras perdas de protensão. De um modo geral,
chamamos de PERDAS DE PROTENSÃO, todas as REDUÇÕES DE TENSÕES verificadas
nos esforços aplicados nas armaduras de protensão.

2.0 – CLASSIFICAÇÃO DAS PERDAS DE PROTENSÃO

Nos projetos de elementos protendidos devem ser consideradas as perdas da força


de protensão em relação ao valor inicial aplicado pelo aparelho tensor, ou seja, a força
máxima (Pi) aplicada à armadura de protensão pelo equipamento de tração. Estas
perdas podem ser divididas em: iniciais; imediatas; progressivas.

2.1 – Perdas iniciais

As perdas iniciais ocorrem ANTES DA TRANSFERÊNCIA DA PROTENSÃO AO


CONCRETO, em peças pré-tracionadas, e, segundo o item 9.6.3.2 da NBR 6118 (2014), são
decorrentes de:
• atrito nos pontos de desvio da armadura poligonal, cuja avaliação deve ser feita
experimentalmente, em função do aparelho de desvio empregado;
• escorregamento dos fios na ancoragem, cuja determinação deve ser experimental ou
devem ser adotados os valores indicados pelo fabricante dos dispositivos de
ancoragem;
• relaxação inicial da armadura, em função do tempo decorrido entre o alongamento da
armadura e a liberação do dispositivo de tração;
• retração inicial do concreto, considerando o tempo decorrido entre a concretagem do
elemento estrutural e a liberação do dispositivo de tração.
Quando o concreto for curado termicamente, na avaliação das perdas iniciais devem
ser considerados os efeitos provocados pela temperatura.

2.2 – Perdas imediatas

As perdas imediatas são aquelas que ocorrem durante a transferência da protensão


ao concreto, nos casos da PRÉ-tração e da PÓS-tração.

2.2.1 – Caso da pré-tração

Segundo o item 9.6.3.3.1 da NBR 6118 (2014), a variação da força de protensão em


elementos estruturais com pré-tração, por ocasião da aplicação da protensão, e em razão do
seu encurtamento, deve ser calculada em regime elástico, considerando-se a deformação da
seção homogeneizada. O módulo de elasticidade do concreto a considerar é correspondente
à data de protensão, corrigido, se houver cura térmica.

2.2.2 – Perdas imediatas na pós-tração

Nos sistemas usuais de protensão, no caso de pós-tração, as perdas imediatas são


devido ao encurtamento imediato do concreto, ao atrito entre as armaduras e as bainhas ou
o concreto, ao deslizamento da armadura junto à ancoragem e à acomodação dos
dispositivos de ancoragem.

Perdas devido ao encurtamento imediato do concreto: são as perdas de protensão que a


armadura ativa sofre devido à deformação imediata do concreto logo após a liberação do
dispositivo de tração.
Perdas por atrito: são as perdas que surgem devido ao atrito entre as armaduras ativas e
as bainhas ou o concreto, durante a operação de protensão.
Perdas por deslizamento da armadura na ancoragem e acomodação da ancoragem: a
força de protensão sofre uma queda imediata devido ao deslizamento da armadura junto à
ancoragem e à acomodação dos dispositivos de ancoragem.

2
2.3 – Perdas progressivas

As perdas progressivas são aquelas que ocorrem ao longo do tempo, ou seja,


ocorrem durante a vida útil da peça protendida. Podem ser classificadas em: perdas por
retração e fluência do concreto e perdas por relaxação e fluência do aço.

• Perdas por retração e fluência do concreto: são perdas causadas pela retração e
fluência do concreto, ao longo do tempo.
• Perdas por relaxação e fluência do aço: são perdas que ocorrem devido à relaxação
e fluência dos aços de alta resistência ao longo do tempo, após serem alongados e
ancorados nas extremidades.

Observações:
• os cálculos destas perdas serão vistos nos itens seguintes;
• as perdas de protensão que ocorrem em um cabo são função do comprimento do
cabo e do tempo: consideremos uma viga com um cabo protendido, Figura 1:

Figura 1
Onde:
Pi = força máxima aplicada à armadura ativa pelo equipamento de tração.
Esta força Pi sofre diminuições iniciais devido às perdas por atrito no macaco e entre o
cabo e a bainha (esta varia com o comprimento do cabo), perdas por deslizamento da
armadura junto a ancoragem e acomodação dos dispositivos de ancoragem e perdas por
encurtamento imediato do concreto.
A força Pi também vai sofrer reduções com o tempo, devido à retração e fluência do
concreto e à relaxação e fluência do aço.
Portanto, a força em um tempo t e numa seção de abscissa x, P t(x), será:

3
Pt ( x) = P0 ( x) − Pt ( x) = Pi − Po ( x) − Pt ( x)

Sendo:
P0(x) – a força no tempo 0, numa seção de abscissa x;
P0 ( x) - a perda de protensão no tempo 0, numa seção de abscissa x;

Pt (x) - a perda de protensão no tempo t, numa seção de abscissa x.

A NBR 7197/89, ítem 8.5, apresenta figuras que nos mostram como ocorrem as
perdas de protensão em peças pré-tracionadas e pós-tracionadas, desde o instante do
alongamento da armadura ativa até um tempo muito grande, considerado infinito. Por
acharmos estas figuras interessantes e bastante esclarecedoras, resolvemos publicá-las
neste trabalho, nas figuras 2 e 3.
Na Figura 2 estão indicadas as perdas de protensão em função do tempo, para uma
peça pré-tracionada, cabo reto, numa seção de abscissa x.
Na Figura 3 estão indicadas as a perdas de protensão em função do tempo, para uma
peça pós-tracionada, numa seção de abscissa x.

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Figura 2 – Peça pré-tracionada

5
Figura 3 – Peça pós-tracionada

3.0 – CÁLCULO DAS PERDAS DE PROTENSÃO POR ATRITO

3.1 – Preliminares
O atrito entre o cabo de protensão e os elementos adjacentes (macacos, ancoragens,
bainhas, etc) causa perdas de tensão no macaco, nas ancoragens e ao longo do

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comprimento do cabo. Estas perdas devem ser consideradas no dimensionamento e
verificação da estabilidade da peça. Se os cabos trabalhassem retos e sem nenhuma
ondulação ao longo da peça, e não tocassem nas bainhas durante o seu alongamento (no
caso de armadura pós-tracionada), teoricamente não existiriam perdas por atrito ao longo do
comprimento do cabo, no entanto, isto não ocorre na prática. Verifica-se que as perdas por
atrito ocorrem mais acentuadamente nos trechos curvos dos cabos e, mesmo nos trechos
retos também há perdas por atrito devido às ONDULAÇÕES inevitáveis dos cabos de
protensão.

3.2 - Perdas por atrito em armaduras ativas pré-tracionadas

Nas peças com armaduras ativas pré-tracionadas, as perdas por atrito ocorrem nos
macacos, nas ancoragens provisórias e nos pontos de mudança de direção das armaduras
(cabos poligonais). As perdas por atrito nos macacos e nas ancoragens provisórias podem
ser medidas por calibração, sendo seus efeitos compensados através do aumento da
pressão manométrica dos macacos. Já as perdas por atrito nas armaduras poligonais podem
ser bastante reduzidas por meio de artifícios mecânicos. Desta forma, podemos concluir que
as perdas por atrito em peças pré-tracionadas podem ser controladas nas próprias usinas,
NÃO SENDO NECESSÁRIO CONSIDERÁ-LAS NA ANÁLISE DAS PEÇAS.

3.3 - Perdas por atrito em armaduras ativas pós-tracionadas

Em peças com armaduras ativas pós-tracionadas as perdas por atrito ocorrem, como
já sabemos, nos macacos, nas ancoragens e ao longo do comprimento do cabo, nos pontos
de contato com a bainha.

3.3.1 - Perdas por atrito nos macacos e nas ancoragens

As perdas imediatas por atrito que se verificam nos macacos e nas ancoragens variam
bastante, dependendo do processo de protensão. Para os processos de protensão usuais,
como o Freyssinet, as perdas por atrito existentes nas ancoragens de cabos constituídos por

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fios ou cordoalhas e no interior dos macacos, são consideradas da ordem de 5% do esforço
a ser aplicado no cabo. A pressão manométrica aplicada no macaco de protensão pode ser
calculada pela fórmula:

Pi
P = 1,05
Acil
sendo:
P = pressão manométrica necessária no macaco de protensão;
Pi = esforço a ser aplicado no cabo;
Acil = área do cilindro do macaco de protensão.

3.3.2 - Perdas por atrito ao longo do cabo

3.3.2.1 - Preliminares

Conforme já vimos, devido ao atrito entre os cabos e as bainhas surgem perdas de


protensão que variam ao longo dos cabos, estas perdas ocorrem devido às curvaturas e às
ondulações inevitáveis dos cabos.
Em peças com ancoragens ativas nas duas extremidades, as perdas se desenvolvem
continuamente, ao longo do cabo, a partir das extremidades, ocorrendo o máximo de perdas,
caso a peça seja simétrica, na seção média do cabo. Em peças com ancoragens passivas
em uma das extremidades, o máximo de perdas por atrito ocorre na ancoragem passiva. Em
qualquer caso, a variação do esforço de protensão ao longo da peça pode ser apreciada
através de traçado gráfico conforme a Figura 4 (viga com ancoragem ativa nas duas
extremidades) e a Figura 5 (viga com ancoragem ativa em uma extremidade e passiva na
outra).
Portanto, verificamos que as perdas por atrito ao longo dos cabos podem ocorrer em:
• trechos curvos (devido às curvaturas dos cabos);
• trechos retos e curvos (devido às ondulações indesejáveis e parasitas ao longo dos
comprimentos dos cabos).

8
Figura 4

Figura 5

3.3.2.2 - Perda por atrito devido à curvatura do cabo

Consideremos um trecho curvo de um cabo de comprimento AB. Na extremidade A


(seção de abscissa 0) está aplicada a força Pi, calcularemos a perda por atrito no ponto B do
cabo (seção de abscissa x).

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Seja a Figura 6:

Figura 6
A perda de protensão por atrito no ponto B, devido à curvatura do cabo, é dada por:

P( x) = Pi − Pi e −  = Pi (1 − e −  )

sendo:
P(x) = perda por atrito da força de protensão no cabo, na seção de abscissa x;
x = é a abscissa do ponto onde se calcula a perda de protensão, medida a partir da
ancoragem, em metros;
Pi = força máxima aplicada à extremidade da armadura ativa pelo equipamento de tração;
 - coeficiente de atrito aparente entre o cabo e a bainha, em 1/radianos;
 - soma dos ângulos de desvio entre a ancoragem e a seção de abscissa x, em radianos.

Segundo a NBR 6118 (2014), item 9.6.3.3.2.2, o coeficiente de atrito aparente entre o
cabo e a bainha, na falta de dados experimentais, pode ser estimado como se segue:

 = 0,50 entre o cabo e concreto (sem bainha);


 = 0,30 entre barras ou fios com mossas ou saliências e bainha metálica;
 = 0,20 entre fios lisos ou cordoalhas e bainha metálica;
 = 0,10 entre fios lisos ou cordoalhas e bainha metálica lubrificada;
μ = 0,05 entre cordoalhas e bainha de polipropileno lubrificada.

3.3.2.3 - Perda por atrito devido às ondulações inevitáveis do cabo

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Verifica-se que além da perda por atrito devido à curvatura do cabo, existe uma outra
que ocorre devido às curvaturas não intencionais do mesmo. Estas curvaturas são
inevitáveis e ocorrem tanto nos trechos em curva como nos trechos retos dos cabos. O
cálculo das perdas devido às curvaturas não intencionais do cabo é feito supondo-se que
todas as curvaturas parasitas sejam quantificadas em curvaturas por unidade de
comprimento do cabo, tanto em trechos retos como nos trechos curvos.
Sendo  o ângulo de curvatura por metro de cabo ao longo da peça, o ângulo total de
curvatura devido às ondulações inevitáveis, para um comprimento de abcissa x do cabo é:
x, sendo  dado em radiano/metro.
O efeito das perdas devido às ondulações inevitáveis do cabo pode ser considerado
juntamente com as perdas devido às curvaturas do cabo.

3.3.2.4 - Perda total por atrito ao longo do cabo

O efeito conjunto das perdas por atrito devido às curvaturas e às ondulações


inevitáveis do cabo, pode ser considerado como sendo as perdas que ocorrem devido ao
ângulo de curvatura total:
 =   + x
Logo, temos:

P( x ) = Pi − Pi e − = Pi 1 − e − (  +  x ) 

P( x ) = Pi 1 − e −( + kx )

sendo:
k =  - coeficiente de perda por metro provocada por curvaturas não intencionais do cabo,
1/metro.
Segundo a NBR 6118 (2014), item 9.6.3.3.2.2, na falta de dados experimentais, pode
ser adotado o valor:
k = 0,01 - coeficiente de perda por metro provocada por curvaturas não intencionais ao
cabo, em 1/metro. O que equivale a tomarmos:  = 0,01 rad/m.
Verifica-se que, para cabos retilíneos e parabólicos as perdas por atrito variam de
forma, aproximadamente, linear. Então, é necessário calcularmos apenas as perdas por

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atrito em “pontos limites” de cada trecho retilíneo e parabólico do cabo. Para cada trecho do
cabo, o valor médio da perda por atrito é igual à média aritmética dos valores nas suas
extremidades (ver. Figura 7)

Figura 7
Neste caso temos: PB = Pi e-(+kx)

4.0 - ALONGAMENTO DO CABO

Na prática, tem-se interesse em conhecer o alongamento previsto para o cabo,


durante a fase de protensão, a fim de se ter um controle mais efetivo da força de protensão a
ser aplicada. O alongamento de um trecho de comprimento L i do cabo pode ser calculado
pela fórmula.
Pmed.i Li
Li =
A p  Ep

sendo:
Li = alongamento do trecho i do cabo;
Pmed.i = esforço médio a que está submetido o trecho i do cabo;
Ap = área da seção transversal do cabo;
Ep = módulo de deformação longitudinal da armadura ativa do cabo.

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O alongamento total do cabo de protensão é igual à soma dos alongamentos dos
vários trechos que constituem o cabo:
Pmed .i Li
L = 
A p E p

5.0 - EXEMPLOS

5.1 - 1O Exemplo:

Calcular a perda de protensão por atrito no trecho AB e o alongamento do cabo de


cordoalha com 8 CP - 175 RN 12,7 no interior de uma bainha metálica sem lubrificação,
submetido a uma força de 1200 kN, em ambas as extremidades, conforme a Figura 8.

Figura 8
Temos: Pi = 1200 kN; a = 1,20m;  = 0,20 (cordoalha e bainha metálica); k = 0,01 = 0,01 x
0,20 = 0,002 1/m.

- Cálculo de :

Considerando-se a curvatura do cabo parabólica (parábola do 2o grau), o ângulo 


pode ser calculado pela fórmula aproximada seguinte:
2a 4a
 =
l/2 l
4 x1,20
= = 0,16rad →  = 9,17 o
30
• Cálculo da perda de protensão por atrito no trecho AB:

temos:

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P( x) = Pi 1 − e −(  + kx) 
com:
 = + 0 = 0,16 rad
x = l1 = 15,0 m
 + k . x = 0,20 x 0,16 + 0,002 x 15,0 = 0,062
vem:

P(15) = 12001 − e−0,062  = 72,5kN

A força de protensão no ponto B é:


PB = 1200 - 72,5 = 1127,5 kN
• Cálculo do alongamento do cabo:

temos:
Pmed .i Li
Li =
A p E p

PA+ PB 1200 + 1127,5


Pmedi = = = 1163,75kN
2 2
Temos cabo de 8 CP - 175 RN 12,7: AP1 = 94,2 mm2, logo:
Ap = 8 x 94,2 = 753,6 mm2 = 7,536cm2

Para cordoalhas, temos: Ep = 200.000 MPa = 20.000 kN/cm2

Logo:
1163,75 15,0
L AB = = 0,1158m
7,536  20000

Portanto, contabilizando as duas ancoragens o alongamento total do cabo será:

L AC = 2  L AB = 2  0,1158 = 0,231m = 231mm

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5.2 - 2o Exemplo:

Calcular as forças de protensão nos pontos B e C do cabo de cordoalha com 12 CP -


175 RB 12,7, submetido a uma força de 1500kN aplicada em ambas as extremidades,
conforme a Figura 9. Adotar  = 0,20 1/rad e k = 0,002 1/m. Também traçar o diagrama das
forças de protensão e calcular o alongamento do cabo.

Figura 9
Temos: Pi = 1500 kN;  = 0,20 1/rad; k = 0,002 rad/m e a = 1,10 m.

- Cálculo de :
2 2  110
,
 a = = 0,244rad →  = 14o
l1 9
- Cálculo da perda de protensão por atrito

a) Trecho AB, no ponto B:

 = 0,244 + 0 = 0,244
LAB = l1 = 9,0 m
 + k.L AB = 0,2  0,244 + 0,002  9,0 = 0,067

PB = Pi e−(  + kl AB ) = 1500  e− 0,067 = 1402,2kN


PAB = 1500 − 1402,2 = 97,8kN

b) Trecho AC, no ponto C:

15
 = 0,244 + 0 = 0,244

L AC = L AB + 10 = 9,0 + 10 = 19,0m

 + kLA C = 0,2  0,244 + 0,002  19,0 = 0,087

PC = 1500  e −0, 087 = 1374,3kN

PAC = 1500 − 1374,3 = 125,7 kN

c) Diagrama das forças de protensão (ver a Figura 10):

Figura 10

d) Alongamento do cabo:
Temos:

AP = 12 x 94,2 = 1130,4mm2 = 11,304 cm2


Ep = 200.000 MPa = 20.000 kN/cm2
Pmed .i Li
Li =
Ap  E p

- Trecho AB:

16
1500 + 1402,2
Pmed AB = = 1451,1kN
2

1451,1 9,0
L AB = = 0,0578m = 57,8mm
11,304  20000
- Trecho BC:
1402,2 + 1374,3
Pmed BC = = 1388,25kN
2

1388,25  10
LBC = = 0,0614m = 61,4mm
11,304  20000
- Trecho AC:

L AC = L AB + LBC = 57,8 + 61,4 = 119,2mm

- Alongamento total do cabo:


Temos:
LCE = L AC

L AE = 2L AC = 2  119,2 = 238,4mm

6.0 - PERDAS NAS ANCORAGENS

6.1 - Preliminares

Conforme vimos anteriormente, as perdas nas ancoragens ocorrem quando o esforço


de protensão é transferido do macaco para a ancoragem. Elas causam perdas de
alongamento dos cabos, que tendem a deslizar, provocando um atrito em sentido contrário
àquele que se verifica quando os cabos são alongados. ESTE EFEITO PODE NÃO SE
PROPAGAR AO LONGO DE TODO O COMPRIMENTO DO CABO, sendo maior na

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ancoragem e vai sendo reduzido devido ao atrito entre o cabo e a bainha, no caso de peças
pós-tracionadas.
Nos processos com armaduras pré-tracionadas, praticamente, não há perdas nas
ancoragens, tendo em vista que a ancoragem se faz por aderência entre o cabo e o
concreto.
Segundo a NBR 6118 (2014), item 9.6.3.3.2.3, as perdas por deslizamento da
armadura na ancoragem e acomodação da ancoragem devem ser determinadas
experimentalmente ou adotados os valores indicados pelos fabricantes dos dispositivos de
ancoragem.
Nos processos com armaduras pós-tracionadas a perda nas ancoragens depende do
sistema de protensão usado. No sistema Freyssinet, por exemplo, quando as cunhas
penetram nos furos da plana e absorvem as cargas, causam uma perda de alongamento do
cabo que depende das características da cunha e do cabo, esta é chamada de perda por
encunhamento. A acomodação da ancoragem Freyssinet para cordoalha de  12,7 mm
provoca uma penetração média das cordoalhas de 3 mm, no caso de tensão individual das
cordoalhas. Neste caso, chamando-se de  a perda de alongamento do cabo (por
encunhamento), temos:

cabos de  12,7 mm :  = 3 mm.

A participação da deformação do concreto nestas perdas também tem influência,


porém menor e de difícil avaliação.

6.2 - Perdas de protensão em cabos parabólico-retilíneo-parabólico simétricos

Em cabos parabólico-retilíneo-parabólico simétricos, protendidos nas duas


extremidades, podemos estudar o efeito conjunto das perdas por atrito ao longo do cabo e
das perdas nas ancoragens, da forma a seguir.
Seja a Figura 11, onde temos uma viga com um cabo com dois trechos parabólicos e
um retilíneo, protendido nas duas extremidades.

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Figura 11

A curva ABCDE representa os esforços ao longo do cabo (diagrama das forças de


protensão após as perdas por atrito), sendo os esforços em B e C calculados por:

PB = Pi e − (  + kb )

PC = Pi e − (  + k l / 2 )

Ao ser feita a ancoragem do cabo, ocorrerá o deslizamento do mesmo, havendo uma


perda por encunhamento, e o esforço na ancoragem cai para P anc,. sendo a diferença entre o
esforço inicial e este (Pi - Panc.) absorvida por atrito numa certa extensão do cabo, de
abscissa x. Dependendo do trecho onde se encontre o ponto de abscissa x, podemos ter os
três casos seguintes.

- Caso 1: a perda por encunhamento é absorvida no primeiro trecho parabólico


(x  b).
Neste caso temos:

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Ap E p
x b
  
 + k  Pi
 b 
  
−2 x +k 
Panc. = PA' = Pi e  b 

- Caso 2: a perda por ancoragem é absorvida no trecho BC, ou seja, o comprimento


afetado pela perda por encunhamento atinge o trecho retilíneo, não
ultrapassando o meio do vão ( b < x   /2).
Neste caso temos:
Ap  E p  
− b
Pi
x (b < x   /2)
− (   + kb )
ke

Panc. = PA = Pi e −2( + kx )
''

- Caso 3: O comprimento afetado pela perda na ancoragem ultrapassa o meio do vão (x >
 /2). Neste caso temos:
2 Ap  E p  
PC '  (Pi − PC ) b
+ PB −  PC
/2 

Panc. = PA''' = PC / e −(  + k / 2 )

- Exemplo

Calcular as forças de protensão em um cabo de cordoalha de 10 CP - 175 RB 12,7,


para penetração da cunha de  = 3 mm. Tomar:  = 0,20 1/rad, k = 0,002 1/m. Ver a Figura
12.

20
Figura 12

a) Cálculo dos esforços no cabo durante a protensão. Temos:


2a 2 1,5
 = ⎯→  = 14,34 o
= 0,25rad ⎯
1 12

- No ponto B do trecho AB:


 = 0,25 + 0 = 0,25
 + kLAB = 0,2  0,25 + 0,002 12,0 = 0,074
PB = 1600  e − 0, 074 = 1485,2kN

- No ponto C do trecho AC:


  = 0,25 + 0 = 0,25
LAC = 12,0 + 10 = 22,0 m
   + kLAC = 0,2 x0,25 + 0,002 x22,0 =0,094
PC = 1 600.e-0,094 = 1 456,7 kN
b) Cálculo das perdas nas ancoragens para a penetração  = 3mm. Temos:
A p = 10  94,2 = 942mm 2 = 9,42cm 2

 = 0,25rad

 = 3mm = 0,003m
- Cálculo do comprimento afetado pela perda por encunhamento: x
Ap  Ep   9,42  20.000  0,003
x = = 7,57 m
    0,20  0,25 
 + k Pi  + 0,002 1600
 b   12 

21
Logo: x < 12m, portanto, x encontra-se no trecho AB. Temos.
  
−2 x b + k 
 
Panc. = PA / = Pi e  

 0 , 200 , 25 
− 27 , 57 + 0 , 002
Panc. = 1600  e  12 

Panc. = 1.457,3kN
Na Figura 13 apresentamos os esforços de protensão após as perdas por atrito e por
ancoragem, ao longo do cabo.

Figura 13
5.3 - Perdas de protensão em cabo parabólico simétrico, protendido nas duas
extremidades

Na realidade trata-se de um caso particular do visto no item anterior, sem o trecho


retilíneo (b =  /2), Figura 14.

Figura 14

22
Dependendo da posição onde se encontra o ponto de abscissa x, podemos ter os dois
casos seguintes.

- Caso 1: O efeito da perda na ancoragem (por encunhamento) não ultrapassa o meio do


vão (x   /2). Temos a mesma solução do caso 1 do item anterior, ou seja:

Ap  E p   
x 
   2
 + k  Pi
 b 
  
− 2 x +k 
Panc. = PA / = Pi e  b 

- Caso 2: O comprimento afetado pela perda na ancoragem ultrapassa o meio do vão (x >
 /2). Temos:

4 Ap  E p   1
PB / = Pi −  − (   + k / 2 )
 1+ e
Para valores pequenos de x e k  /2, podemos tomar:
2 A p xE p x
PB '  Pi −

Panc. = PB / e−( + k / 2 )

Exemplo:

Calcular a perda de ancoragem no cabo da Fig. 15, para um encunhamento de 3 mm.


Tomar: Cabo de 8 CP - 175 RN 12,7;  = 0,20 1/rad; k = 0,002 1/m

Figura 15

23
a) Cálculo dos esforços de protensão no ponto B, temos:
2  1,20
 = 0,16rad
15
A p = 8  94,2 = 753,6mm2 = 7,536cm2

 + kx = 0,20  0,16 + 0,002 15,0 = 0,062

PB = 1200  e−0,062 = 1127,5kN


b) Cálculo das perdas nas ancoragens para o encunhamento de  = 3 mm.
Inicialmente verificamos se x se encontra no trecho AB (x   /2), temos:

Ap  Ep   7,536  20000  0,003


x = = 9,55 m
    0,20  0,16 
 + k Pi  + 0,002 1200
 b   15 
Logo: x = 9,55 m < 15,0 m. Temos:
    0, 20 x 0,16 
−2 x +k  − 2 x 9,55 + 0, 002
Panc = Pi e  b 
= 1200.e  15 

Panc. = 1108,9kN

7.0 - PERDAS POR ENCURTAMENTO IMEDIATO DO CONCRETO

Devido à ação da força de protensão sobre o concreto, este sofre uma deformação
imediata, havendo, portanto, uma perda de protensão. Esta perda de protensão pode ter
diversos valores, dependendo do caso de as armaduras sejam pré-tracionadas ou pós-
tracionadas.

7.1 - Peças com armaduras pré-tracionadas

Em peças com armaduras pré-tracionadas, como já sabemos, os fios são alongados


antes da concretagem. Após o endurecimento do concreto, quando os fios são soltos, os
esforços se transferem ao concreto por aderência entre este e os fios, havendo um
encurtamento imediato do concreto e, conseqüentemente, uma perda de protensão. A

24
variação da força de protensão deve ser calculada em regime elástico, considerando-se a
deformação da seção homogeneizada (seção transversal). Seja a Figura 16.

Figura 16
Temos:
2  cg  p
 p = c = = =
 Ec Ep

sendo:
c,g = tensão de compressão no concreto ao nível di baricentro da armadura
Δσp = variação da tensão de protensão, devido à carga permanente mobilizada pela
protensão ou simultaneamente aplicada com a protensão.

A queda de tensão na armadura ativa é:


c Ep
 p =   E p = E p  =   c =  p   c , pog
Ec Ec
sendo:
Ep
p =
Ec

O valor de p, normalmente, varia entre 6 e 10, sendo a relação entre os módulos de
elasticidade do aço de protensão e do concreto.
O módulo de elasticidade do concreto a considerar (Ec) é o correspondente à data
de protensão, Eci,(corrigido se houver cura térmica).
A redução da força de protensão é:
P =  p  A p

sendo:

25
Ap = área da seção transversal da armadura de ativa.

7.2 - Peças com armaduras pós-tracionadas

Nas peças com armaduras pós-tracionadas, o alongamento de um determinado cabo


causa uma deformação devido ao encurtamento imediato no concreto, portanto, quando este
cabo é ancorado o concreto já sofreu sua deformação imediata e não haverá queda de
tensão neste cabo.
Em sistemas que realizam a protensão de cabos concentrados (por exemplo, o
sistema Leonhardt) não há perda de tensão devido ao encurtamento imediato do concreto.
Em sistemas de protensão de cabos independentes (por exemplo, o sistema
Freyssinet), um determinado cabo só sofrerá queda de tensão devido à deformação imediata
do concreto, proveniente dos cabos CUJA PROTENSÃO É POSTERIOR à dele.
Quando a peça tem “n” cabos protendidos sucessivamente, o primeiro sofre a
influência do encurtamento imediato devido os (n-1) cabos restantes, o segundo dos (n-2)
cabos restantes e assim por diante, de forma que o último cabo tem perda por deformação
imediata do concreto nula. Podemos considerar que os cabos sofrem uma perda média de
protensão devido ao encurtamento imediato do concreto, correspondente a (n-1)/2 cabos,
dada por
 p ( cp +  cg ).(n − 1)
 p =
2n
sendo:
cp – tensão inicial no concreto ao nível do baricentro da armadura ativa, devido à protensão
simultânea de “n” cabos;
 cg - tensão inicial no concreto ao nível do baricentro da armadura de protensão, devido à
carga permanente mobilizada pela protensão ou simultaneamente aplicada com a protensão.

8.0 - PERDAS DEVIDO À FLUÊNCIA DO CONCRETO

8.1 - Preliminares

26
Conforme já vimos, sob a ação de um carregamento externo permanente, o concreto
sofre o efeito da fluência, deformando-se (encurtamento) lentamente ao longo do tempo, o
que causa redução da força de protensão aplicada ao cabo.

8.2 – Fluência do concreto

8.2.1 – Generalidades

Segundo o item A.2.2.1 do Anexo da NBR 6118 (2014), a deformação por fluência do
concreto (εcc) compõe-se de duas partes: rápida e lenta. A deformação por fluência rápida
(εcca) é irreversível e ocorre nas primeiras 24 horas após a aplicação da carga que a originou.
A deformação por fluência lenta é composta por duas parcelas: uma deformação lenta
irreversível (εccf) e uma deformação lenta reversível (εccd).
A deformação devido à fluência do concreto é dada por:

sendo:
cc - deformação por fluência do concreto;
cca - deformação por fluência rápida irreversível;
ccf - deformação por fluência lenta irreversível;
ccd - deformação por fluência lenta reversível;
φa – é o coeficiente de deformação rápida;
φf – é o coeficiente de deformação lenta irreversível;
φd – é o coeficiente de deformação lenta reversível.

8.2.2 – Hipóteses
Segundo o item A.2.2.2 do Anexo A da NBR 6118 (2014), no cálculo do efeito da
fluência do concreto submetido às tensões de serviço, admitem-se as hipóteses seguintes:

27
• a deformação por fluência do concreto,  cc , varia linearmente com a tensão aplicada;

• para acréscimos de tensão aplicados em instantes distintos, os respectivos efeitos de


fluência se superpõem;
• a deformação rápida produz deformações constantes ao longo do tempo; os valores
do coeficiente  a são função da relação entre a resistência do concreto no momento

da aplicação da carga e a sua resistência final;


• o coeficiente de deformação lenta reversível  d depende apenas da duração do

carregamento; o seu valor final e o seu desenvolvimento ao longo do tempo são


independentes da idade do concreto no momento da aplicação da carga;
• o coeficiente de deformação lenta irreversível  f depende de:

- umidade relativa do ambiente (U);


- consistência do concreto no lançamento;
- espessura fictícia da peça hfic;
- idade fictícia do concreto no instante (t0) da aplicação da carga;
- idade fictícia do concreto no instante considerado (t).
• para o mesmo concreto, as curvas de deformação lenta irreversível em função do
tempo, correspondentes às diferentes idades do concreto no momento do
carregamento, são obtidas, umas em relação às outras, por deslocamento paralelo ao
eixo das deformações, conforme a Figura 16a.

8.2.3 – Cálculo da deformação do concreto devido à fluência

28
A deformação devido à fluência do concreto num instante t, sob a atuação de uma
tensão c aplicada no instante to é dada por (segundo o item A.2.2.3 da NBR 6118 (2014)):
 cc (t , t o ) =  cca +  ccf +  ccd
onde:
 cc
 cc = ;
E c 28

Fazendo-se:
cca =  a.c ; ccf =  f.c e ccd =  d.c
Temos:
cc(t,t0) = cca + ccf + ccd = c (  a +  f +  d) = c  (t, t0)
Logo, o coeficiente de fluência no período de tempo (t, t0) será:
c
 cc (t , t o ) =  c  (t − t 0 ) =   (t , t o )
E c 28
com:
 (t , t 0 ) =  a +  f +  d - Coeficiente de fluência, visto anteriormente.
O coeficiente de fluência, cujo cálculo é válido para o concreto submetido à uma
tensão de tração ou de compressão, é dado por:

 (t , to ) =  a +  f  f (t ) −  f (to )+ d  d (t)


sendo:
t - idade fictícia do concreto no instante considerado, em dias;
to - idade fictícia do concreto ao ser feito o carregamento único, em dias;
 a - coeficiente de fluência rápida, para concreto de classes C20 e C45 é dado por:

 f (t ) 
a = 0,81 − c o 
 fc ( t  ) 
onde:
f c (t 0 )
- função de crescimento da resistência do concreto com a sua idade;
f c (t )

29
 f =  1c . 2c - valor final do coeficiente de deformação lenta irreversível para concretos de
classe C20 a C45;
 1c - coeficiente que depende da umidade relativa do ambiente U%, e da consistência do
concreto, dado na Tabela 1 (Tabela A.1 do Anexo A da NBR 6118 (2014));
 2c - coeficiente que depende da espessura fictícia da peça, hfic, sendo:
42 + h fic
 2c = , com hfic em centímetros;
20 + h fic

f(t) ou f(to) - coeficiente relativo à deformação lenta irreversível, função da idade do


concreto, dado na Figura 19 (Figura A.2 do Anexo A da NBR 6118 (2014));
d - valor final do coeficiente de deformação lenta reversível que é considerado igual a 0,4;
d(t) - coeficiente relativo à deformação lenta reversível, função do tempo (t - to) decorrido
após o carregamento.

30
Tabela 1 - Valores numéricos usuais para a determinação da fluência e da retração (Tabela A.1 do Anexo
A da NBR 6118 (2014))

31
Figura 18

Figura 19 – Variação de βf(t).

8.2.4 – Cálculo da perda de tensão na armadura devido à fluência do concreto

O cálculo da perda de tensão na armadura ativa devido à fluência do concreto é feito


em função do coeficiente de fluência, calculado para o período (t, t0), temos:
c EP
 p ,c = E P . cc (t , t 0 ) = E P .  (t , t 0 ) = . c  (t , t 0 )
E c 28 E c 28

32
 p,c =  p . c . (t , t 0 )

9.0 - DEFINIÇÕES DE IDADE FICTÍCIA E ESPESSURA FICTÍCIA

9.1 – Idade fictícia do concreto

Quando o endurecimento do concreto se faz à temperatura ambiente de 20oC, a idade


a considerar é a idade fictícia (t):
t =  . tef
Nos demais casos, quando não houver cura térmica, a idade a considerar é a idade
fictícia dada por:
Ti + 10
t =  t ef ,i
i 30
onde:
t – Idade fictícia, em dias;
 - Coeficiente que depende da velocidade de endurecimento do cimento. Na falta de dados
experimentais podem ser usados os valores da Tabela 2 (Tabela A.2 do Anexo A da NBR
6118 (2014)), da Figura 20;
Ti – temperatura média diária do ambiente, em graus Celsius;
t ef ,i - Período, em dias, durante o qual a temperatura média do ambiente, Ti pode ser

admitida constante.

Tabela 2 - Valores da fluência e da retração em função da velocidade de endurecimento de cimento.


Cimento Portland (CP) 
Fluência Retração
De endurecimento lento (CP III e CP IV, todas as classes de resistência) 1
De endurecimento normal (CP I e CP II, todas as classes de resistência) 2 1
De endurecimento rápido (CP V-ARI) 3
Figura 20 – Tabela A.2 do Anexo A da NBR 6118 (2014)
Onde:
CP I e CP I-S – Cimento Portland comum;
CP II-E , CP II-F e CP II-Z – Cimento Portland composto;

33
CP III – Cimento Portland de alto forno;
CP IV – Cimento Portland pozolânico;
CP V-ARI – Cimento Portland de alta resistência inicial;
RS - Cimento Portland resistente a sulfatos (propriedade específica de alguns tipos de
cimento citados.

9.2 – Espessura fictícia da peça

A espessura fictícia da peça é definida pelo seguinte valor:


2 Ac
hfic = 
u ar
onde:
 - Coeficiente que depende da umidade relativa do ambiente, U%, dado na Tabela 1 da
Figura 18 (Tabela A.1 do Anexo A da NBR 6118 (2014)), sendo:
 = 1 + exp. (-7,8 + 0,1 U)
AC – área da seção transversal da peça;
Uar – parte do perímetro externo da seção transversal da peça em contato com o ar.

10.0 – PERDAS DEVIDO À RETRAÇÃO DO CONCRETO


10.1 – Preliminares
Logo após a pega do concreto, começam a ocorrer deformações devido à sua
retração, sem que atue nenhum carregamento externo sobre a peça. Estas deformações
(encurtamentos) causam perdas de protensão, que serão estudadas a seguir.
10.2 – Hipóteses básicas
O valor da retração do concreto depende da:
a) umidade do ambiente;
b) consistência do concreto no lançamento;
c) espessura fictícia da peça.
10.3 - Valor da Retração do Concreto

34
A deformação devido à retração do concreto, entre os instantes to e t é dada por
(Segundo o Anexo A da NBR 6118 (2014), item A.2.3.2):

 
 cs ( t , t o ) =  cs s ( t ) − s ( t o )

onde:
cs = 1s . 2s - valor final da retração;
1s - coeficiente que depende da umidade relativa do ambiente e da consistência do
concreto, dado na Tabela 1 da Figura 18 (Tabela A.1 do Anexo A da NBR 61118 (2014));
2s - coeficiente que depende da espessura fictícia da peça, dado por:
33 + 2h fic
 2s =
20,8 + 3h fic

, sendo hfic a espessura fictícia, em centímetros;


s(t) ou s(to) - coeficiente relativo à retração, no instante t ou to, dado na Figura 21 (Figura
A.3 do Anexo A da NBR 6118 (2014));
t - idade fictícia do concreto no instante considerado, em dias;
to - idade fictícia do concreto no instante em que o efeito da retração na peça começa a ser
considerado, em dias.

Figura 21 – Variação de  s (t ) (Figura A.3 do Anexo A da NBR 6118 (2014)

35
10.4 – Cálculo da perda de tensão devido à retração

O cálculo da perda de tensão devido à retração do concreto é feito em função da


deformação por retração, temos:

 p , s = E p . cs (t , t o )

11.0 – DEFORMAÇÃO TOTAL DO CONCRETO

De acordo com o item A.2.5 do Anexo A da NBR 6118 (2014), quando há variação da
tensão ao longo do intervalo, induzida por ações externas ou agentes de diferentes
propriedades reológicas (incluindo-se armadura, concretos de diferentes idades, etc.), a
deformação total no concreto pode ser calculada pela expressão:
 1  (t , t 0 )   1  (t , t 0 ) 
 c (t ) =  c (t 0 )  +  +  cs (t , t 0 ) +  c (t , t 0 )  + 
 E c (t 0 ) E c 28   E c (t 0 ) E C 28 

onde:
 c (t ) - deformação total no concreto;
 c (t , t 0 ) - variação total de tensão no concreto, no intervalo (t,t0).

12.0 - VALORES PARTICULARES

12.1 – Valores particulares da fluência e da retração

36
Segundo o item 8.2.11 da NBR 6118 (2014), em casos onde não é necessária grande
precisão, os valores finais do coeficiente de fluência,  (t,t0) e da deformação especifica de

retração,  cs (t  ,t0) do concreto, submetido a tensões menores que 0,5 fc quando do primeiro

carregamento, podem ser obtidos por interpolação linear, a partir da Tabela 3 (Tabela 8.2 da
NBR 6118 (2014)) da Figura 22.

Tabela 3 - Valores característicos superiores da deformação específica de retração  cs (t  , t 0 ) e do

coeficiente de fluência  (t  , t 0 )

Figura 22 – Tabela 8.1 da NBR 6118 (2014).

A tabela 3 fornece o valor do coeficiente de fluência  (t,t0) e da deformação específica

de retração  cs (t  ,t0) em função da umidade do ambiente e da espessura fictícia 2Ac/u, onde

Ac é a área da seção transversal e u é o perímetro da seção em contato com a atmosfera. Os


valores desta tabela são relativos a temperaturas do concreto entre 10 °C e 20 °C, podendo-
se, entretanto, admiti-los como válidos para temperaturas entre 0 °C e 40 °C. Esses valores
são válidos para concretos plásticos e de cimento Portland comum. Deformações específicas
devidas à fluência e à retração mais precisas podem ser calculadas conforme o anexo A da
NBR 6118.

37
13.0 - PERDAS DEVIDO À RELAXAÇÃO DO AÇO

13.1 - Preliminares

A relaxação do aço consiste na diminuição da tensão sob deformação constante,


depende do valor da tensão a que está submetido o mesmo. Os valores da relaxação do aço
são fixados nas especificações correspondentes. Segundo o item 8.4.8 da NBR 6118 (2014)
a relaxação de fios e cordoalhas após 1000 horas à temperatura constante de 20oC (Ψ1000), e
tensões variando de quatro valores básicos da tensão inicial: 0,50, 0,60, 0,70 e 0,80 de fptk,
obtida em ensaios descritos na NBR 7484, não deve ultrapassar os valores dados na NBR
7482 e NBR 7483, respectivamente.
Para efeito de projeto podem ser adotados os valores de Ψ1000 da Figura 23 (Tabela
8.4 da NBR 6118 (2014), item 8.4.8).

Figura 23
13.2 - Cálculo da Relaxação do Aço

A intensidade da relaxação do aço, segundo o item 9.6.3.4.5 da NBR 6118 (2014)


deve ser determinada por:
 p, r ( t, t o )
 ( t, t o ) =
 pi

 p ,r =  pi (t , t0 )

onde:
 (t,to) - relaxação do aço no período (t,t0);

38
pr(t,to) - perda de tensão por relaxação pura, desde o instante t o do estiramento da
armadura até o instante t considerado;
pi - tensão na armadura ativa imediatamente após a aplicação da protensão.

Os valores médios da relaxação, medidos após 1000 h, à temperatura constante de


20° C, para perdas de tensão referidas a valores básicos de tensão inicial de 50 % a 80 % da
resistência característica fptk (Ψ1000), são definidos na tabela 8.4
Os valores da relaxação para tempos diferentes de 1000 horas, à 20oC, podem ser
determinados pela expressão seguinte, onde o tempo deve ser expresso em dias:
0 ,15
 t − to 
 (t , t o ) =  1000 
 41,67 
Sendo que 1000 é dado na Tabela 4 (Tabela 8.4 da NBR 6118 (2014)) da Figura 23.
Para tensões inferiores a 0,5 fptk admite-se que não haja perda de tensão por
relaxação do aço.
Para tensões intermediárias entre os valores fixados na Tabela 4, permite-se a
interpolação linear.
Pode-se considerar que para o tempo infinito o valor de (t,to) é dado por:  (t, t o )

 2,5 1000

14.0 - PERDAS DEVIDO À FLUÊNCIA DO AÇO


14.1 - Preliminares

Na realidade não fazemos um cálculo direto das perdas por fluência do aço, como os
que foram feitos das outras perdas progressivas vistas anteriormente. A NBR 6118 (2014),
item 9.6.3.4.2, no cálculo das perdas progressivas, quando se leva em conta a interação dos
efeitos dessas perdas, considera um coeficiente de fluência do aço como sendo uma
função do coeficiente de relaxação do aço e calcula a perda por relaxação do aço (também
levando em conta sua fluência) em função deste coeficiente.

14.2 - Cálculo das perdas devido à relaxação e fluência do aço

39
Segundo o item 9.6.3.4.2 da NBR 6118 (2014), o coeficiente de fluência do aço é dado
por:
 (t , t o ) = −n1 − (t , t o )
onde:
( t , t o ) − coeficiente de fluência do aço, no intervalo de tempo (t,to);

 (t,to) - coeficiente de relaxação do aço no instante t para protensão e carga permanente


mobilizada no instante t0.
Desta forma, quando se leva em conta a interação dos efeitos das perdas
progressivas, a perda de tensão devido à relaxação e fluência do aço é dada por:

 p,r =  p o  (t, t o )

onde:
 p , r - perda de tensão devido à relaxação e fluência do aço;

 po - tensão na armadura ativa, devido à protensão e à carga permanente

mobilizada no instante to.

15.0 – Deformações na armadura

Segundo o item A.3 do Anexo A da NBR 6118 (2014), quando não há impedimento à
livre deformação da armadura, e a ela é aplicada, no tempo t0, uma tensão constante no
intervalo t - t0, sua deformação total, no tempo t, é dada por:

 s (t 0 )  s (t 0 )
 s (t ) = +  (t , t 0 )
Es Es
onde:
 s (t 0 ) / E s - deformação imediata, por ocasião do carregamento;
 s (t 0 ) / E s  (t, t 0 ) - deformação por fluência, ocorrida no intervalo de tempo (t,t0) e

considerada sempre que  s (t 0 ) > 0,5 fptk.

40
16.0 - CÁLCULO DAS PERDAS PROGRESSIVAS. PROCESSO SIMPLIFICADO PARA O
CASO DE FASES ÚNICAS DE OPERAÇÃO

16.1 - Preliminares

As perdas progressivas de protensão foram tratadas, até agora, como se cada uma
ocorresse isoladamente, sem que a ação de uma tivesse efeito sobre as demais. Na prática,
no entanto, isto não ocorre e os seus efeitos se superpõem, havendo uma interação dos
efeitos destas perdas progressivas de protensão.
De acordo com o item 9.6.3.4 da NBR 6118 (2014), os valores parciais e totais das
perdas progressivas de protensão (devido à retração e fluência do concreto e à relaxação e
fluência do aço de protensão) devem ser determinados levando-se em consideração a
interação dessas causas , desde que admita-se que existe aderência entre a armadura e o
concreto e que o elemento estrutural permaneça no estádio I.

16.2 – Processo simplificado para o caso de fases únicas de operação

O cálculo das perdas progressivas quando se consideram fases únicas de


concretagem, de carregamento e de protensão, segundo o item 9.6.3.4.2 da NBR 6118
(20104), é aplicado quando são satisfeitas as seguintes condições:

a) a concretagem do elemento estrutural, bem como a protensão são executadas,


cada uma delas, em fases suficientemente próximas para que se desprezem os efeitos
recíprocos de uma fase sobre a outra;
b) os cabos possuem entre si afastamentos suficientemente pequenos em relação à
altura da seção do elemento estrutural, de modo que seus efeitos possam ser supostos
equivalentes ao de um único cabo, com seção transversal de área igual à soma das áreas
das seções dos cabos componentes, situado na posição da resultante dos esforços neles
atuantes (cabo resultante).

41
Neste caso, admite-se que no tempo t as perdas e deformações progressivas do
concreto e do aço de protensão, na posição do cabo resultante, com as tensões ?c,pog
positivas para compressão e as tensões no aço ?po positivas para tração, sejam dadas por:

 cs (t ,.t 0 ) E p −  p  c , p 0 g  (t , t o ) −  p 0  (t , t o )
 p (t , t o ) =
 p +  p p  c

 p0  p (t , t 0 )
 pt =  (t , t 0 ) + p
Ep Ep

 c, p0 g  c (t , t 0 )
 ct =  (t , t 0 ) +  c +  cs
E ci 28 E ci 28 (t , t 0 )
onde:
 (t , t 0 ) = − ln1 − (t , t 0 )
 c = 1 + 0,5  (t,to)

 p = 1 + ( t , t o )

Ep
p =
E ci 28
Ac
 = 1 + ep2 
Ic
Ap
p =
Ac
onde:
p(t,to) - variação da tensão, na armadura de protensão entre os tempos to e t;
 c (t , t 0 ) - variação da tensão do concreto adjacente ao cabo resultante entre

t0 e t;
 pt - deformações progressivas da armadura no tempo t;

 ct - deformações progressivas do concreto no tempo t;

 c , p 0 g - tensão no concreto adjacente ao cabo resultante, provocada pela

42
protensão e pela carga permanente mobilizada no instante t0, sendo
positiva para compressão;
c,p0g - perda de tensão no concreto adjacente ao cabo resultante , provocada
pela protensão e pela carga permanente mobilizada no instante t0 ,
sendo positiva para tração;
 p0 – tensão na armadura ativa devido à protensão e à carga permanente
mobilizada no instante t0 ;
 (t , t 0 ) - coeficiente de fluência do concreto no instante t, para protensão e
carga permanente aplicados no instante t0;
 (t , t 0 ) - coeficiente de fluência da armadura ativa;
 cs (t , t 0 ) - é a retração no instante t, descontada a retração ocorrida até o
instante t0;
(t , t 0 ) - coeficiente de relaxação do aço no instante t para protensão e carga

permanente mobilizada no instante t0;


ep - excentricidade do cabo resultante em relação ao baricentro da seção
de concreto;
 p - taxa geométrica da armadura de protensão;
AP – área da seção transversal do cabo resultante;

Ac - área da seção transversal do concreto;


Ic - momento de inércia da seção do concreto.

17.0 - EXEMPLOS
17.1 - 1o EXEMPLO

Seja uma viga de ponte rolante de concreto protendido, figura 24, pré-fabricada,
armaduras pós-tracionadas com aderência posterior, Sistema Freyssinet, ao ar livre, figuras
abaixo. Calcular as perdas progressivas de protensão.
DADOS:

43
Concreto: fCK = 35 MPa Data de protensão: 16 dias
abatimento: 7cm p = 7,0 (na data da protensão)
Cimento: CP II p = 6,7 (aos 28 dias)
Armadura ativa: CP -190 RB 12,7 po = 110.750 N/cm2
Ap = 17,766 cm2 c,p0g = 396,3 N/cm2
Temperatura média: 24oC Excentricidade do cabo resultante: e p =
Umidade do ar: 70% 0,587 m

Figura 24
17.1.1 - Cálculo da idade fictícia do concreto
Ti + 10
Temos: t =   t ef ,i
i 30
Da Tabela 2 da Figura 20, para CP II, obtemos:
para retração:  = 1,0 ;
para a fluência:  = 2,0
Como:
Ti = 24 oC;
tef,i = 16 dias (data da protensão),
as idades fictícias do concreto na data da protensão da armadura são:
24 + 10
para a retração: t 0 = 1x x16  t 0 = 18,13 dias;
30
24 + 10
para a fluência: t o = 2  16 = 36,27  t o = 36,27 dias.
30
17.1.2 - Cálculo da espessura fictícia da peça
2A c
Temos: hfic =  
u ar
Para peças ao ar livre, em geral, da Tabela 1 da Figura 18, obtemos:
 = 1,5
Cálculo de Ac e uar:
Ac = 0,15 x 0,75 + 0,30 x 1,45 = 0,548 m2
Considerando-se que todo o perímetro externo da seção transversal da viga está em
contato com o ar, temos:
uar = 75 +2 x 15 + 2 x 145 + (75-30) + 30 = 470 cm = 4,70m
Portanto, a espessura fictícia da peça é:
2  0,548
hfic = 1,5  = 0,35m hfic = 35cm
4,70
17.1.3 - Cálculo da perda por fluência do concreto

A perda de tensão devido à fluência do concreto é calculada por:


p,c = p . c .  (t,to)
Temos:
 (t , t 0 ) =  a +  f +  d
sendo:
 f (t ) 
 a = 0,81 − c o 
 f c ( t oo ) 

Com: to = 36,27 dias (idade fictícia), temos:


fc ( t o )
 0,71
fc ( t oo )

Logo:  a = 0,8 (1-0,71) = 0,232   a = 0,232

Sendo:  f =  f [f (t) - f (to)]

45
 f =  1c .  2c

 1c = 4,45 - 0,035 U

42 + h fic
 2c =
20 + h fic

Com: U = 70% e hfic = 0,35m = 35 cm.

temos:  1c = 4,45 - 0,035 x 70 = 2,0

42 + 35
 2c = = 1,4
20 + 35

Logo:  f = 2,0 x 1,4 = 2,8


Da Figura 19, temos:
com: to = 36,27 dias e hfic = 0,35 m → f(to)  0,37
t =  e hfic = 0,35 → f (t)  0,97

Logo:  f = 2,8 (0,97 - 0,37) = 1,68   f = 1,68

Sendo: d = d d
Com: d = 0,4
t − t o + 20
 d (t ) =
t − t o + 70

Considerando-se t = , o valor de  d (t) tende a 1,0, temos: d(t) = 1,0

Logo:  d = 0,4 x 1,0 = 0,4   d = 0,4

Como:  (t,to) =  a +  f +  d

Temos:  (t,to) = 0,232 + 1,68 + 0,4 = 2,312 

 (t,to) = 2,312 (coeficiente de fluência do concreto).

Cálculo da perda de tensão devido à fluência do concreto, temos:

46
 p,c =  p . c, p 0 g  (t  , t 0 ) = 6,7 x396,3x2,312 

 p , c = 6.138,8 N / cm 2

17.1.4 - Cálculo da perda por retração do concreto


A perda de tensão devido à retração do concreto é calculada por:
 p,s = E p .  cs ( t  , t o )

Com:


 cs ( t  , t o ) =  cs s ( t  ) − s ( t o )
cs = 1s . 2s

Para abatimento de 7cm e peça ao ar livre, da Tabela 1 da Figura 18, obtemos:

104 x 1s = - 3,2  1S = - 3,2 x 10- 4


Como:
33 + 2h fic 33 + 2  35
 2s = = = 0,819
20,8 + 3h fic 20,8 + 3  35

Portanto:  cs = −3,2 10 −4  0,819 = −2,62110 −4

Cálculo de :  s( t oo )e s( t o ):

da Figura 21, temos:


para to = 18,13 dias e hfic = 0,35: s (to)  0,09
para t = e hfic = 0,35: s (t) = 1,0
Logo: cs (t,to) = - 2,621 x 10-4 (1,0 - 0,09)
cs (t,to) = - 2,385 x 10-4 (coeficiente de retração do concreto).
Cálculo da perda de tensão devido à retração do concreto:
 p, s = E p   cs (t  , t o ) = −200.000  2,385 10 −4 = − 47,7 MPa 

 p, s = − 4770 N / cm 2

17.1.5 - Cálculo da perda devido à relaxação e à fluência do aço

47
A perda de tensão devido à relaxação e fluência do aço é calculada por:
 p,r ( t  , t o ) =  po  ( t  , t o )

Sendo:
 (t  , t o ) = − ln 1 − (t  , t o )

 t − t0
0 ,15

 (t  , t o ) =  1000 

 41,67 
Como: po = 110.750 N/cm2 = 110,75 kN/cm2, comparemos esta tensão com o limite
de escoamento característico do aço (fptk), temos:

 po 110,75
= = 0,583  po = 0,583f ptk
f ptk 190,0

Da Tabela 4 da Figura 23, para po = 0,583 fptk e cordoalhas de relaxação baixa (RB),
por interpolação, obtemos:
1000 = 1,08% = 0,0108
Sendo: to = 36,27 dias = 36,27 x 24 = 870,48 horas e, se considerarmos t = 50.000h
(corresponde a aproximadamente 5,71 anos), temos:
0,15
 50.000 − 870,48 
 (t  , t o ) = 0,0108  = 0,0312 - coeficiente de relaxação do aço.
 41,67 

Logo:  (t  , t o ) = −n(1 − 0,037) = 0,0377 

 (t  , t o ) = 0,0377 - coeficiente de fluência do aço.


Cálculo da perda de tensão devido à relaxação e a fluência do aço:
 p ,r (t , to ) =  po   (t , to ) = 110,75  0,0317 = 3,51kN / cm 2
 p ,r = 3510 N / cm 2

17.1.6 - Cálculo das perdas progressivas levando em conta a interação dos efeitos

O cálculo das perdas progressivas de tensão levando-se em conta a interação dos


efeitos, de acordo com o ítem 9.6.3.4 da NBR 6118 (2014), é dado por:

48
 cs (t , t 0 ) E p −  p  c, p 0 g  (t , t 0 ) −  p 0  (t , t 0 )
 p (t , t 0 ) =
 p +  p p  c
 p ,c −  p , s −  p , r
ou ;  p (t  , t ) =
X p +  p p X c

Sendo:
 p = 1 +  (t,to) = 1 + 0,0312= 1,0312
Ep
p = = 6,7 (aos 28 dias)
E c 28

Ac
 = 1 + e 2p 
Ic
Temos: ep = 0,587; Ac = 0,548m2 e Ic = 0,1335m4.
Logo:
0,548
 = 1 + 0,5872  = 2,414
0,1335
Ap 17,766
p = = = 0,00324
Ac 0,548 10 4

 c = 1 + 0,5  (t,to) = 1 + 0,5 x 2,312 = 2,156


 p + p p  c = 1,0312 + 6,7 x 2,414 x 0,00324 x 2,156 = 1,144
Logo, a perda de tensão levando em conta a interação dos efeitos é:
− 4770 − 6138,84 − 3510
 p (t  , t o ) = = −12.603,85 N/cm2 
1,145

p (t,to) = -12.603,85 N/cm2

49

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