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1.0 - INTRODUÇÃO
2
2.3 – Perdas progressivas
• Perdas por retração e fluência do concreto: são perdas causadas pela retração e
fluência do concreto, ao longo do tempo.
• Perdas por relaxação e fluência do aço: são perdas que ocorrem devido à relaxação
e fluência dos aços de alta resistência ao longo do tempo, após serem alongados e
ancorados nas extremidades.
Observações:
• os cálculos destas perdas serão vistos nos itens seguintes;
• as perdas de protensão que ocorrem em um cabo são função do comprimento do
cabo e do tempo: consideremos uma viga com um cabo protendido, Figura 1:
Figura 1
Onde:
Pi = força máxima aplicada à armadura ativa pelo equipamento de tração.
Esta força Pi sofre diminuições iniciais devido às perdas por atrito no macaco e entre o
cabo e a bainha (esta varia com o comprimento do cabo), perdas por deslizamento da
armadura junto a ancoragem e acomodação dos dispositivos de ancoragem e perdas por
encurtamento imediato do concreto.
A força Pi também vai sofrer reduções com o tempo, devido à retração e fluência do
concreto e à relaxação e fluência do aço.
Portanto, a força em um tempo t e numa seção de abscissa x, P t(x), será:
3
Pt ( x) = P0 ( x) − Pt ( x) = Pi − Po ( x) − Pt ( x)
Sendo:
P0(x) – a força no tempo 0, numa seção de abscissa x;
P0 ( x) - a perda de protensão no tempo 0, numa seção de abscissa x;
A NBR 7197/89, ítem 8.5, apresenta figuras que nos mostram como ocorrem as
perdas de protensão em peças pré-tracionadas e pós-tracionadas, desde o instante do
alongamento da armadura ativa até um tempo muito grande, considerado infinito. Por
acharmos estas figuras interessantes e bastante esclarecedoras, resolvemos publicá-las
neste trabalho, nas figuras 2 e 3.
Na Figura 2 estão indicadas as perdas de protensão em função do tempo, para uma
peça pré-tracionada, cabo reto, numa seção de abscissa x.
Na Figura 3 estão indicadas as a perdas de protensão em função do tempo, para uma
peça pós-tracionada, numa seção de abscissa x.
4
Figura 2 – Peça pré-tracionada
5
Figura 3 – Peça pós-tracionada
3.1 – Preliminares
O atrito entre o cabo de protensão e os elementos adjacentes (macacos, ancoragens,
bainhas, etc) causa perdas de tensão no macaco, nas ancoragens e ao longo do
6
comprimento do cabo. Estas perdas devem ser consideradas no dimensionamento e
verificação da estabilidade da peça. Se os cabos trabalhassem retos e sem nenhuma
ondulação ao longo da peça, e não tocassem nas bainhas durante o seu alongamento (no
caso de armadura pós-tracionada), teoricamente não existiriam perdas por atrito ao longo do
comprimento do cabo, no entanto, isto não ocorre na prática. Verifica-se que as perdas por
atrito ocorrem mais acentuadamente nos trechos curvos dos cabos e, mesmo nos trechos
retos também há perdas por atrito devido às ONDULAÇÕES inevitáveis dos cabos de
protensão.
Nas peças com armaduras ativas pré-tracionadas, as perdas por atrito ocorrem nos
macacos, nas ancoragens provisórias e nos pontos de mudança de direção das armaduras
(cabos poligonais). As perdas por atrito nos macacos e nas ancoragens provisórias podem
ser medidas por calibração, sendo seus efeitos compensados através do aumento da
pressão manométrica dos macacos. Já as perdas por atrito nas armaduras poligonais podem
ser bastante reduzidas por meio de artifícios mecânicos. Desta forma, podemos concluir que
as perdas por atrito em peças pré-tracionadas podem ser controladas nas próprias usinas,
NÃO SENDO NECESSÁRIO CONSIDERÁ-LAS NA ANÁLISE DAS PEÇAS.
Em peças com armaduras ativas pós-tracionadas as perdas por atrito ocorrem, como
já sabemos, nos macacos, nas ancoragens e ao longo do comprimento do cabo, nos pontos
de contato com a bainha.
As perdas imediatas por atrito que se verificam nos macacos e nas ancoragens variam
bastante, dependendo do processo de protensão. Para os processos de protensão usuais,
como o Freyssinet, as perdas por atrito existentes nas ancoragens de cabos constituídos por
7
fios ou cordoalhas e no interior dos macacos, são consideradas da ordem de 5% do esforço
a ser aplicado no cabo. A pressão manométrica aplicada no macaco de protensão pode ser
calculada pela fórmula:
Pi
P = 1,05
Acil
sendo:
P = pressão manométrica necessária no macaco de protensão;
Pi = esforço a ser aplicado no cabo;
Acil = área do cilindro do macaco de protensão.
3.3.2.1 - Preliminares
8
Figura 4
Figura 5
9
Seja a Figura 6:
Figura 6
A perda de protensão por atrito no ponto B, devido à curvatura do cabo, é dada por:
sendo:
P(x) = perda por atrito da força de protensão no cabo, na seção de abscissa x;
x = é a abscissa do ponto onde se calcula a perda de protensão, medida a partir da
ancoragem, em metros;
Pi = força máxima aplicada à extremidade da armadura ativa pelo equipamento de tração;
- coeficiente de atrito aparente entre o cabo e a bainha, em 1/radianos;
- soma dos ângulos de desvio entre a ancoragem e a seção de abscissa x, em radianos.
Segundo a NBR 6118 (2014), item 9.6.3.3.2.2, o coeficiente de atrito aparente entre o
cabo e a bainha, na falta de dados experimentais, pode ser estimado como se segue:
10
Verifica-se que além da perda por atrito devido à curvatura do cabo, existe uma outra
que ocorre devido às curvaturas não intencionais do mesmo. Estas curvaturas são
inevitáveis e ocorrem tanto nos trechos em curva como nos trechos retos dos cabos. O
cálculo das perdas devido às curvaturas não intencionais do cabo é feito supondo-se que
todas as curvaturas parasitas sejam quantificadas em curvaturas por unidade de
comprimento do cabo, tanto em trechos retos como nos trechos curvos.
Sendo o ângulo de curvatura por metro de cabo ao longo da peça, o ângulo total de
curvatura devido às ondulações inevitáveis, para um comprimento de abcissa x do cabo é:
x, sendo dado em radiano/metro.
O efeito das perdas devido às ondulações inevitáveis do cabo pode ser considerado
juntamente com as perdas devido às curvaturas do cabo.
11
atrito em “pontos limites” de cada trecho retilíneo e parabólico do cabo. Para cada trecho do
cabo, o valor médio da perda por atrito é igual à média aritmética dos valores nas suas
extremidades (ver. Figura 7)
Figura 7
Neste caso temos: PB = Pi e-(+kx)
sendo:
Li = alongamento do trecho i do cabo;
Pmed.i = esforço médio a que está submetido o trecho i do cabo;
Ap = área da seção transversal do cabo;
Ep = módulo de deformação longitudinal da armadura ativa do cabo.
12
O alongamento total do cabo de protensão é igual à soma dos alongamentos dos
vários trechos que constituem o cabo:
Pmed .i Li
L =
A p E p
5.0 - EXEMPLOS
5.1 - 1O Exemplo:
Figura 8
Temos: Pi = 1200 kN; a = 1,20m; = 0,20 (cordoalha e bainha metálica); k = 0,01 = 0,01 x
0,20 = 0,002 1/m.
- Cálculo de :
temos:
13
P( x) = Pi 1 − e −( + kx)
com:
= + 0 = 0,16 rad
x = l1 = 15,0 m
+ k . x = 0,20 x 0,16 + 0,002 x 15,0 = 0,062
vem:
temos:
Pmed .i Li
Li =
A p E p
Logo:
1163,75 15,0
L AB = = 0,1158m
7,536 20000
14
5.2 - 2o Exemplo:
Figura 9
Temos: Pi = 1500 kN; = 0,20 1/rad; k = 0,002 rad/m e a = 1,10 m.
- Cálculo de :
2 2 110
,
a = = 0,244rad → = 14o
l1 9
- Cálculo da perda de protensão por atrito
= 0,244 + 0 = 0,244
LAB = l1 = 9,0 m
+ k.L AB = 0,2 0,244 + 0,002 9,0 = 0,067
15
= 0,244 + 0 = 0,244
L AC = L AB + 10 = 9,0 + 10 = 19,0m
Figura 10
d) Alongamento do cabo:
Temos:
- Trecho AB:
16
1500 + 1402,2
Pmed AB = = 1451,1kN
2
1451,1 9,0
L AB = = 0,0578m = 57,8mm
11,304 20000
- Trecho BC:
1402,2 + 1374,3
Pmed BC = = 1388,25kN
2
1388,25 10
LBC = = 0,0614m = 61,4mm
11,304 20000
- Trecho AC:
6.1 - Preliminares
17
ancoragem e vai sendo reduzido devido ao atrito entre o cabo e a bainha, no caso de peças
pós-tracionadas.
Nos processos com armaduras pré-tracionadas, praticamente, não há perdas nas
ancoragens, tendo em vista que a ancoragem se faz por aderência entre o cabo e o
concreto.
Segundo a NBR 6118 (2014), item 9.6.3.3.2.3, as perdas por deslizamento da
armadura na ancoragem e acomodação da ancoragem devem ser determinadas
experimentalmente ou adotados os valores indicados pelos fabricantes dos dispositivos de
ancoragem.
Nos processos com armaduras pós-tracionadas a perda nas ancoragens depende do
sistema de protensão usado. No sistema Freyssinet, por exemplo, quando as cunhas
penetram nos furos da plana e absorvem as cargas, causam uma perda de alongamento do
cabo que depende das características da cunha e do cabo, esta é chamada de perda por
encunhamento. A acomodação da ancoragem Freyssinet para cordoalha de 12,7 mm
provoca uma penetração média das cordoalhas de 3 mm, no caso de tensão individual das
cordoalhas. Neste caso, chamando-se de a perda de alongamento do cabo (por
encunhamento), temos:
18
Figura 11
PB = Pi e − ( + kb )
PC = Pi e − ( + k l / 2 )
19
Ap E p
x b
+ k Pi
b
−2 x +k
Panc. = PA' = Pi e b
Panc. = PA = Pi e −2( + kx )
''
- Caso 3: O comprimento afetado pela perda na ancoragem ultrapassa o meio do vão (x >
/2). Neste caso temos:
2 Ap E p
PC ' (Pi − PC ) b
+ PB − PC
/2
Panc. = PA''' = PC / e −( + k / 2 )
- Exemplo
20
Figura 12
= 0,25rad
= 3mm = 0,003m
- Cálculo do comprimento afetado pela perda por encunhamento: x
Ap Ep 9,42 20.000 0,003
x = = 7,57 m
0,20 0,25
+ k Pi + 0,002 1600
b 12
21
Logo: x < 12m, portanto, x encontra-se no trecho AB. Temos.
−2 x b + k
Panc. = PA / = Pi e
0 , 200 , 25
− 27 , 57 + 0 , 002
Panc. = 1600 e 12
Panc. = 1.457,3kN
Na Figura 13 apresentamos os esforços de protensão após as perdas por atrito e por
ancoragem, ao longo do cabo.
Figura 13
5.3 - Perdas de protensão em cabo parabólico simétrico, protendido nas duas
extremidades
Figura 14
22
Dependendo da posição onde se encontra o ponto de abscissa x, podemos ter os dois
casos seguintes.
Ap E p
x
2
+ k Pi
b
− 2 x +k
Panc. = PA / = Pi e b
- Caso 2: O comprimento afetado pela perda na ancoragem ultrapassa o meio do vão (x >
/2). Temos:
4 Ap E p 1
PB / = Pi − − ( + k / 2 )
1+ e
Para valores pequenos de x e k /2, podemos tomar:
2 A p xE p x
PB ' Pi −
Panc. = PB / e−( + k / 2 )
Exemplo:
Figura 15
23
a) Cálculo dos esforços de protensão no ponto B, temos:
2 1,20
= 0,16rad
15
A p = 8 94,2 = 753,6mm2 = 7,536cm2
Panc. = 1108,9kN
Devido à ação da força de protensão sobre o concreto, este sofre uma deformação
imediata, havendo, portanto, uma perda de protensão. Esta perda de protensão pode ter
diversos valores, dependendo do caso de as armaduras sejam pré-tracionadas ou pós-
tracionadas.
24
variação da força de protensão deve ser calculada em regime elástico, considerando-se a
deformação da seção homogeneizada (seção transversal). Seja a Figura 16.
Figura 16
Temos:
2 cg p
p = c = = =
Ec Ep
sendo:
c,g = tensão de compressão no concreto ao nível di baricentro da armadura
Δσp = variação da tensão de protensão, devido à carga permanente mobilizada pela
protensão ou simultaneamente aplicada com a protensão.
O valor de p, normalmente, varia entre 6 e 10, sendo a relação entre os módulos de
elasticidade do aço de protensão e do concreto.
O módulo de elasticidade do concreto a considerar (Ec) é o correspondente à data
de protensão, Eci,(corrigido se houver cura térmica).
A redução da força de protensão é:
P = p A p
sendo:
25
Ap = área da seção transversal da armadura de ativa.
8.1 - Preliminares
26
Conforme já vimos, sob a ação de um carregamento externo permanente, o concreto
sofre o efeito da fluência, deformando-se (encurtamento) lentamente ao longo do tempo, o
que causa redução da força de protensão aplicada ao cabo.
8.2.1 – Generalidades
Segundo o item A.2.2.1 do Anexo da NBR 6118 (2014), a deformação por fluência do
concreto (εcc) compõe-se de duas partes: rápida e lenta. A deformação por fluência rápida
(εcca) é irreversível e ocorre nas primeiras 24 horas após a aplicação da carga que a originou.
A deformação por fluência lenta é composta por duas parcelas: uma deformação lenta
irreversível (εccf) e uma deformação lenta reversível (εccd).
A deformação devido à fluência do concreto é dada por:
sendo:
cc - deformação por fluência do concreto;
cca - deformação por fluência rápida irreversível;
ccf - deformação por fluência lenta irreversível;
ccd - deformação por fluência lenta reversível;
φa – é o coeficiente de deformação rápida;
φf – é o coeficiente de deformação lenta irreversível;
φd – é o coeficiente de deformação lenta reversível.
8.2.2 – Hipóteses
Segundo o item A.2.2.2 do Anexo A da NBR 6118 (2014), no cálculo do efeito da
fluência do concreto submetido às tensões de serviço, admitem-se as hipóteses seguintes:
27
• a deformação por fluência do concreto, cc , varia linearmente com a tensão aplicada;
28
A deformação devido à fluência do concreto num instante t, sob a atuação de uma
tensão c aplicada no instante to é dada por (segundo o item A.2.2.3 da NBR 6118 (2014)):
cc (t , t o ) = cca + ccf + ccd
onde:
cc
cc = ;
E c 28
Fazendo-se:
cca = a.c ; ccf = f.c e ccd = d.c
Temos:
cc(t,t0) = cca + ccf + ccd = c ( a + f + d) = c (t, t0)
Logo, o coeficiente de fluência no período de tempo (t, t0) será:
c
cc (t , t o ) = c (t − t 0 ) = (t , t o )
E c 28
com:
(t , t 0 ) = a + f + d - Coeficiente de fluência, visto anteriormente.
O coeficiente de fluência, cujo cálculo é válido para o concreto submetido à uma
tensão de tração ou de compressão, é dado por:
f (t )
a = 0,81 − c o
fc ( t )
onde:
f c (t 0 )
- função de crescimento da resistência do concreto com a sua idade;
f c (t )
29
f = 1c . 2c - valor final do coeficiente de deformação lenta irreversível para concretos de
classe C20 a C45;
1c - coeficiente que depende da umidade relativa do ambiente U%, e da consistência do
concreto, dado na Tabela 1 (Tabela A.1 do Anexo A da NBR 6118 (2014));
2c - coeficiente que depende da espessura fictícia da peça, hfic, sendo:
42 + h fic
2c = , com hfic em centímetros;
20 + h fic
30
Tabela 1 - Valores numéricos usuais para a determinação da fluência e da retração (Tabela A.1 do Anexo
A da NBR 6118 (2014))
31
Figura 18
32
p,c = p . c . (t , t 0 )
admitida constante.
33
CP III – Cimento Portland de alto forno;
CP IV – Cimento Portland pozolânico;
CP V-ARI – Cimento Portland de alta resistência inicial;
RS - Cimento Portland resistente a sulfatos (propriedade específica de alguns tipos de
cimento citados.
34
A deformação devido à retração do concreto, entre os instantes to e t é dada por
(Segundo o Anexo A da NBR 6118 (2014), item A.2.3.2):
cs ( t , t o ) = cs s ( t ) − s ( t o )
onde:
cs = 1s . 2s - valor final da retração;
1s - coeficiente que depende da umidade relativa do ambiente e da consistência do
concreto, dado na Tabela 1 da Figura 18 (Tabela A.1 do Anexo A da NBR 61118 (2014));
2s - coeficiente que depende da espessura fictícia da peça, dado por:
33 + 2h fic
2s =
20,8 + 3h fic
35
10.4 – Cálculo da perda de tensão devido à retração
p , s = E p . cs (t , t o )
De acordo com o item A.2.5 do Anexo A da NBR 6118 (2014), quando há variação da
tensão ao longo do intervalo, induzida por ações externas ou agentes de diferentes
propriedades reológicas (incluindo-se armadura, concretos de diferentes idades, etc.), a
deformação total no concreto pode ser calculada pela expressão:
1 (t , t 0 ) 1 (t , t 0 )
c (t ) = c (t 0 ) + + cs (t , t 0 ) + c (t , t 0 ) +
E c (t 0 ) E c 28 E c (t 0 ) E C 28
onde:
c (t ) - deformação total no concreto;
c (t , t 0 ) - variação total de tensão no concreto, no intervalo (t,t0).
36
Segundo o item 8.2.11 da NBR 6118 (2014), em casos onde não é necessária grande
precisão, os valores finais do coeficiente de fluência, (t,t0) e da deformação especifica de
retração, cs (t ,t0) do concreto, submetido a tensões menores que 0,5 fc quando do primeiro
carregamento, podem ser obtidos por interpolação linear, a partir da Tabela 3 (Tabela 8.2 da
NBR 6118 (2014)) da Figura 22.
coeficiente de fluência (t , t 0 )
37
13.0 - PERDAS DEVIDO À RELAXAÇÃO DO AÇO
13.1 - Preliminares
Figura 23
13.2 - Cálculo da Relaxação do Aço
p ,r = pi (t , t0 )
onde:
(t,to) - relaxação do aço no período (t,t0);
38
pr(t,to) - perda de tensão por relaxação pura, desde o instante t o do estiramento da
armadura até o instante t considerado;
pi - tensão na armadura ativa imediatamente após a aplicação da protensão.
2,5 1000
Na realidade não fazemos um cálculo direto das perdas por fluência do aço, como os
que foram feitos das outras perdas progressivas vistas anteriormente. A NBR 6118 (2014),
item 9.6.3.4.2, no cálculo das perdas progressivas, quando se leva em conta a interação dos
efeitos dessas perdas, considera um coeficiente de fluência do aço como sendo uma
função do coeficiente de relaxação do aço e calcula a perda por relaxação do aço (também
levando em conta sua fluência) em função deste coeficiente.
39
Segundo o item 9.6.3.4.2 da NBR 6118 (2014), o coeficiente de fluência do aço é dado
por:
(t , t o ) = −n1 − (t , t o )
onde:
( t , t o ) − coeficiente de fluência do aço, no intervalo de tempo (t,to);
p,r = p o (t, t o )
onde:
p , r - perda de tensão devido à relaxação e fluência do aço;
Segundo o item A.3 do Anexo A da NBR 6118 (2014), quando não há impedimento à
livre deformação da armadura, e a ela é aplicada, no tempo t0, uma tensão constante no
intervalo t - t0, sua deformação total, no tempo t, é dada por:
s (t 0 ) s (t 0 )
s (t ) = + (t , t 0 )
Es Es
onde:
s (t 0 ) / E s - deformação imediata, por ocasião do carregamento;
s (t 0 ) / E s (t, t 0 ) - deformação por fluência, ocorrida no intervalo de tempo (t,t0) e
40
16.0 - CÁLCULO DAS PERDAS PROGRESSIVAS. PROCESSO SIMPLIFICADO PARA O
CASO DE FASES ÚNICAS DE OPERAÇÃO
16.1 - Preliminares
As perdas progressivas de protensão foram tratadas, até agora, como se cada uma
ocorresse isoladamente, sem que a ação de uma tivesse efeito sobre as demais. Na prática,
no entanto, isto não ocorre e os seus efeitos se superpõem, havendo uma interação dos
efeitos destas perdas progressivas de protensão.
De acordo com o item 9.6.3.4 da NBR 6118 (2014), os valores parciais e totais das
perdas progressivas de protensão (devido à retração e fluência do concreto e à relaxação e
fluência do aço de protensão) devem ser determinados levando-se em consideração a
interação dessas causas , desde que admita-se que existe aderência entre a armadura e o
concreto e que o elemento estrutural permaneça no estádio I.
41
Neste caso, admite-se que no tempo t as perdas e deformações progressivas do
concreto e do aço de protensão, na posição do cabo resultante, com as tensões ?c,pog
positivas para compressão e as tensões no aço ?po positivas para tração, sejam dadas por:
cs (t ,.t 0 ) E p − p c , p 0 g (t , t o ) − p 0 (t , t o )
p (t , t o ) =
p + p p c
p0 p (t , t 0 )
pt = (t , t 0 ) + p
Ep Ep
c, p0 g c (t , t 0 )
ct = (t , t 0 ) + c + cs
E ci 28 E ci 28 (t , t 0 )
onde:
(t , t 0 ) = − ln1 − (t , t 0 )
c = 1 + 0,5 (t,to)
p = 1 + ( t , t o )
Ep
p =
E ci 28
Ac
= 1 + ep2
Ic
Ap
p =
Ac
onde:
p(t,to) - variação da tensão, na armadura de protensão entre os tempos to e t;
c (t , t 0 ) - variação da tensão do concreto adjacente ao cabo resultante entre
t0 e t;
pt - deformações progressivas da armadura no tempo t;
42
protensão e pela carga permanente mobilizada no instante t0, sendo
positiva para compressão;
c,p0g - perda de tensão no concreto adjacente ao cabo resultante , provocada
pela protensão e pela carga permanente mobilizada no instante t0 ,
sendo positiva para tração;
p0 – tensão na armadura ativa devido à protensão e à carga permanente
mobilizada no instante t0 ;
(t , t 0 ) - coeficiente de fluência do concreto no instante t, para protensão e
carga permanente aplicados no instante t0;
(t , t 0 ) - coeficiente de fluência da armadura ativa;
cs (t , t 0 ) - é a retração no instante t, descontada a retração ocorrida até o
instante t0;
(t , t 0 ) - coeficiente de relaxação do aço no instante t para protensão e carga
17.0 - EXEMPLOS
17.1 - 1o EXEMPLO
Seja uma viga de ponte rolante de concreto protendido, figura 24, pré-fabricada,
armaduras pós-tracionadas com aderência posterior, Sistema Freyssinet, ao ar livre, figuras
abaixo. Calcular as perdas progressivas de protensão.
DADOS:
43
Concreto: fCK = 35 MPa Data de protensão: 16 dias
abatimento: 7cm p = 7,0 (na data da protensão)
Cimento: CP II p = 6,7 (aos 28 dias)
Armadura ativa: CP -190 RB 12,7 po = 110.750 N/cm2
Ap = 17,766 cm2 c,p0g = 396,3 N/cm2
Temperatura média: 24oC Excentricidade do cabo resultante: e p =
Umidade do ar: 70% 0,587 m
Figura 24
17.1.1 - Cálculo da idade fictícia do concreto
Ti + 10
Temos: t = t ef ,i
i 30
Da Tabela 2 da Figura 20, para CP II, obtemos:
para retração: = 1,0 ;
para a fluência: = 2,0
Como:
Ti = 24 oC;
tef,i = 16 dias (data da protensão),
as idades fictícias do concreto na data da protensão da armadura são:
24 + 10
para a retração: t 0 = 1x x16 t 0 = 18,13 dias;
30
24 + 10
para a fluência: t o = 2 16 = 36,27 t o = 36,27 dias.
30
17.1.2 - Cálculo da espessura fictícia da peça
2A c
Temos: hfic =
u ar
Para peças ao ar livre, em geral, da Tabela 1 da Figura 18, obtemos:
= 1,5
Cálculo de Ac e uar:
Ac = 0,15 x 0,75 + 0,30 x 1,45 = 0,548 m2
Considerando-se que todo o perímetro externo da seção transversal da viga está em
contato com o ar, temos:
uar = 75 +2 x 15 + 2 x 145 + (75-30) + 30 = 470 cm = 4,70m
Portanto, a espessura fictícia da peça é:
2 0,548
hfic = 1,5 = 0,35m hfic = 35cm
4,70
17.1.3 - Cálculo da perda por fluência do concreto
45
f = 1c . 2c
1c = 4,45 - 0,035 U
42 + h fic
2c =
20 + h fic
42 + 35
2c = = 1,4
20 + 35
Sendo: d = d d
Com: d = 0,4
t − t o + 20
d (t ) =
t − t o + 70
Como: (t,to) = a + f + d
46
p,c = p . c, p 0 g (t , t 0 ) = 6,7 x396,3x2,312
p , c = 6.138,8 N / cm 2
Com:
cs ( t , t o ) = cs s ( t ) − s ( t o )
cs = 1s . 2s
Cálculo de : s( t oo )e s( t o ):
p, s = − 4770 N / cm 2
47
A perda de tensão devido à relaxação e fluência do aço é calculada por:
p,r ( t , t o ) = po ( t , t o )
Sendo:
(t , t o ) = − ln 1 − (t , t o )
t − t0
0 ,15
(t , t o ) = 1000
41,67
Como: po = 110.750 N/cm2 = 110,75 kN/cm2, comparemos esta tensão com o limite
de escoamento característico do aço (fptk), temos:
po 110,75
= = 0,583 po = 0,583f ptk
f ptk 190,0
Da Tabela 4 da Figura 23, para po = 0,583 fptk e cordoalhas de relaxação baixa (RB),
por interpolação, obtemos:
1000 = 1,08% = 0,0108
Sendo: to = 36,27 dias = 36,27 x 24 = 870,48 horas e, se considerarmos t = 50.000h
(corresponde a aproximadamente 5,71 anos), temos:
0,15
50.000 − 870,48
(t , t o ) = 0,0108 = 0,0312 - coeficiente de relaxação do aço.
41,67
17.1.6 - Cálculo das perdas progressivas levando em conta a interação dos efeitos
48
cs (t , t 0 ) E p − p c, p 0 g (t , t 0 ) − p 0 (t , t 0 )
p (t , t 0 ) =
p + p p c
p ,c − p , s − p , r
ou ; p (t , t ) =
X p + p p X c
Sendo:
p = 1 + (t,to) = 1 + 0,0312= 1,0312
Ep
p = = 6,7 (aos 28 dias)
E c 28
Ac
= 1 + e 2p
Ic
Temos: ep = 0,587; Ac = 0,548m2 e Ic = 0,1335m4.
Logo:
0,548
= 1 + 0,5872 = 2,414
0,1335
Ap 17,766
p = = = 0,00324
Ac 0,548 10 4
49