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CONCRETO II – PARTE I
Pós Graduação em Estruturas e Plataforma BIM
1
CONCRETO II– PARTE I
Pós Graduação UCL
Prof. Harlley D. Gomes
Sumário 2020
- Tipos usuais de lajes dos edifícios.
- Vãos teóricos.
- Vinculação.
- Espessuras mínimas.
Pós Graduação em Estruturas e Plataforma BIM
Laje pré-moldada
2 – Vãos teóricos
- Vão teórico ou vão de cálculo: é a distância entre os centros dos apoios. Nas lajes
em balanço, o comprimento teórico é o comprimento da extremidade livre até o
centro do apoio. Entretanto de acordo com a NBR 6118, não é necessário adotar
valores maiores que:
- Em lajes isoladas: o vão livre acrescido de 60% da espessura da laje;
- Em lajes contínuas: o vão livre acrescido de 60% da espessura da laje no painel
considerado.
- Em geral, para facilidade do cálculo, é usual considerar os vãos teóricos até os
eixos dos apoios.
2.1 – Classificação quanto à armação
2.1 – Classificação quanto à armação
Nas lajes armadas em duas direções, as duas armaduras são calculadas para resistir
os momentos fletores nessas direções.
As denominadas lajes armadas em uma direção, na realidade, também têm
armaduras nas duas direções. A armadura principal, na direção do menor vão, é
calculada para resistir o momento fletor nessa direção, obtido ignorando-se a
existência da outra direção. Portanto, a laje é calculada como se fosse um conjunto
de vigas-faixa na direção do menor vão.
Na direção do maior vão, coloca-se armadura de distribuição, com seção transversal
mínima dada pela NBR 6118 (2014).
3 – Vinculação
𝒍𝒚 Considera-se a borda
𝒍𝒚𝟏 ≤
𝟑 totalmente apoiada.
Calculam-se os esforços para
as duas situações: borda
totalmente apoiada e borda
𝒍𝒚 2. 𝒍𝒚
≤ 𝒍𝒚𝟏 ≤ totalmente engastada e
𝟑 𝟑
adotam-se os maiores
valores no
dimensionamento
2. 𝒍𝒚 Considera-se a borda
𝒍𝒚𝟏 >
𝟑 totalmente engastada
3 – Vinculação
- Uma diferença significativa entre os momentos negativos de duas lajes adjacentes
poderia levar à consideração de borda engastada para uma das lajes e
simplesmente apoiada para a outra, em vez de engastada para ambas. Tais
considerações são indicadas na Figura abaixo.
m‘1> m‘2
Valores a serem
adotados
5 – Levantamento das cargas atuantes sobre a estrutura
Enchimento:
𝑃𝑒𝑛𝑐ℎ = 𝛾𝑒𝑛𝑐ℎ . ℎ
5 – Levantamento das cargas atuantes sobre a estrutura
Sobrecarga: Ou Carga Acidental - é toda aquela que pode atuar sobre a estrutura de
edificações em função do seu uso (pessoas, materiais diversos, veículos, etc.):
Seus valores mínimos são fixados pela norma NBR 6120 - Cargas para o Cálculo de
Estruturas de Edificações.
5 – Levantamento das cargas atuantes sobre a estrutura
5 – Levantamento das cargas atuantes sobre a estrutura
Notas:
a Redução de cargas variáveis não permitida.
r Para forros inacessíveis e sem possibilidade de estoque de materiais, não é
necessário considerar cargas variáveis devido ao uso.
5.1 – Pré-dimensionamento
Método 1:
A espessura das lajes pode ser obtida com a expressão:
Ø
ℎ =𝑑+ +𝑐
2
Para lajes com bordas livres, como as lajes em balanço, deve ser utilizado outro
processo.
5.1 – Pré-dimensionamento
Altura útil da laje:
Para lajes em balanço, pode ser usado o critério da NBR 6118 (1978):
𝑙𝑥
𝑑=
2 3
Os coeficientes 2 e 3 dependem da vinculação e do tipo de aço, respectivamente.
Podem ser encontrados nas tabelas de PINHEIRO (1993), apresentadas a seguir.
Tabelas de Pinheiro (1993)
5.1 – Pré-dimensionamento
Exemplo 1: Laje retangular simplesmente apoiada em todo o contorno (conforme
figura) com carga uniformemente distribuída, Classe de agressividade ambiental
Moderada.
De acordo com a expressão:
𝑑𝑒𝑠𝑡 = 2,5 − 0,1𝑛 𝑙/100
n = número de bordas engastadas = 0
𝑙x → menor vão = 3m
𝑙y → maior vão = 4m
𝑙𝑥 = 3𝑚
𝑙≤൜ ; 𝑙 = 2,8𝑚
0,7𝑙𝑦 = 0,7𝑥4 = 2,8𝑚
𝑑𝑒𝑠𝑡 = 2,5 − 0,1x0 2,8/100 = 0,07m = 7cm
5.1 – Pré-dimensionamento
5.1 – Pré-dimensionamento
Continuação do Exemplo 1:
𝑑𝑒𝑠𝑡 = 2,5 − 0,1x0 2,8/100 = 0,07m = 7cm
De acordo com a tabela 7.2 da NBR 6118:2014, temos cobrimento igual a 2,5cm.
Adotando-se para pré-dimensionamento Ø𝑙 = 10mm = 1cm.
A espessura das lajes pode ser obtida com a expressão:
Ø 1
ℎ = 𝑑 + + 𝑐 = 7 + + 2,5 = 10cm
2 2
5.1 – Pré-dimensionamento
Exemplo 2: Laje retangular em balanço (conforme figura) com carga uniformemente
distribuída, Classe de agressividade ambiental Moderada.
De acordo com a expressão:
𝑙 1,5m
𝑑=
2 3
𝑙 → menor vão = 1,5m 5m
𝑙𝑎 1,5
λ= = = 0,30
𝑙𝑏 5,0
De acordo com a tabela 2.1b temos 2 =0,50
5.1 – Pré-dimensionamento
Continuação do exemplo 2:
Segundo a tabela 2.1a temos para lajes maciças, considerando-se 1,15 σsd = 500MPa
(CA-50), obtém-se Ψ3 = 25. Logo:
150
𝑑= = 8𝑐𝑚
0,75𝑥25
De acordo com a tabela 7.2 da NBR 6118:2014, temos cobrimento igual a 2,5cm.
Adotando-se para pré-dimensionamento Ø𝑙 = 10mm = 1cm.
5.1 – Pré-dimensionamento
Continuação do exemplo 2:
A espessura das lajes pode ser obtida com a expressão:
Ø 1
ℎ = 𝑑 + + 𝑐 = 8 + + 2,5 = 11cm
2 2
5.1 – Pré-dimensionamento
Método 2:
Critério do regulamento português para o pré-dimensionamento da espessura das
lajes antes da verificação de flechas:
onde, h = espessura da laje;
𝑙𝛼 η = coeficiente que depende do aço utilizado
ℎ≥
30η CA - 50 → η = 0,8
CA - 60 → η = 0,6
a = um coeficiente cujos valores são dados no quadro a seguir para os casos mais
frequentes.
𝑙 = menor vão teórico, sendo este, a distância medida entre os centros dos apoios.
5.1 – Pré-dimensionamento
TIPOS DE LAJE VALORES DE α
Simplesmente apoiada armada numa só direção 1,0
Duplamente engastada, armada numa só 0,6
direção
Apoiada num bordo, engastada no outro, 0,8
armada numa só
direção
Em balanço, armada numa direção 1,2
Simplesmente apoiada, armada em cruz 0,7
Apoiada em um bordo, engastada em outro, 0,6
armada em cruz
duplamente engastada, armada em cruz 0,5
5.1 – Pré-dimensionamento
Exemplo 3: Laje retangular simplesmente apoiada em todo o contorno (conforme
figura) com carga uniformemente distribuída.
De acordo com a expressão:
𝑙𝛼
ℎ≥
30η
𝑙 = menor vão teórico = 3,0m
𝑙𝑥 3,0
λ= = = 0,75
𝑙𝑦 4,0
5.1 – Pré-dimensionamento
𝑙𝑥 3,0
Continuação do Exemplo 3: λ = = = 0,75 𝑙𝑎𝑗𝑒 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑎 𝑒𝑚 𝑐𝑟𝑢𝑧
𝑙𝑦 4,0
a = 0,7
η = coeficiente que depende do aço utilizado = CA - 50 → η = 0,8
𝑙𝛼 3,0𝑥0,7
ℎ≥ = = 0,088𝑚 = 8,8𝑐𝑚 ≅ 9𝑐𝑚
30η 30𝑥0,8
5.1 – Pré-dimensionamento
Exemplo 4: Laje retangular em balanço (conforme figura) com carga uniformemente
distribuída.
De acordo com a expressão:
𝑙𝛼 1,5m
ℎ≥
30η
5m
a = 1,2
η = coeficiente que depende do aço utilizado = CA - 50 → η = 0,8
𝑙𝛼 1,5𝑥1,2
ℎ≥ = = 0,075𝑚 = 7,5𝑐𝑚 ≅ 8𝑐𝑚
30η 30𝑥0,8
Porém de acordo com a NBR 6118:2014 a espessura mínima para lajes em balanço é
igual a 10 cm.
6 – Momento Fletor
As lajes são solicitadas essencialmente por momentos fletores e forças cortantes. O
cálculo das lajes pode ser feito por dois métodos: o elástico e o plástico.
Cálculo elástico:
O cálculo dos esforços solicitantes pode ser feito pela teoria clássica de placas
delgadas (Teoria de Kirchhoff), supondo material homogêneo, isótropo, elástico e
linear.
6 – Momento Fletor
Cálculo elástico:
A partir das equações de equilíbrio, das leis constitutivas do material (Lei de Hooke) e
das relações entre deslocamentos e deformações, fazendo-se as operações
matemáticas necessárias, obtém-se a equação fundamental que rege o problema de
placas − equação de Lagrange:
6 – Momento Fletor
Cálculo elástico:
w → função que representa os deslocamentos
verticais;
p → carga total uniformemente distribuída;
D → rigidez da placa à flexão;
E → módulo de elasticidade;
h → espessura da placa;
ν → coeficiente de Poisson.
6 – Momento Fletor
Cálculo por meio de tabelas:
Esses processos numéricos também podem ser utilizados na confecção de tabelas,
como as de Czerny e as de Bares, obtidas por diferenças finitas.
′ ′
0,8𝑚21 0,8𝑚23
′∗ ′ ′ ′∗ ′ ′
𝑚12 ≥ ൞ 𝑚12 + 𝑚21 ; 𝑚23 ≥ ൞ 𝑚23 + 𝑚32 ;…
2 2
Determinação do valor dos momento positivo quando há aumento nos dois lados:
′ ′∗ ′ ′∗
𝑚 21 − 𝑚12 𝑚 23 − 𝑚 23
𝑚2∗ = +
2 2
Determinação do valor dos momento positivo quando há aumento em apenas um
lado:
′ ′∗
𝑚 34 + 𝑚 34
𝑚3∗ = 𝑚3 +
2
7 – Reações de Apoio
As ações atuantes nas lajes são transferidas para as vigas de apoio, o procedimento
de cálculo proposto pela NBR 6118 (2014) baseia-se no comportamento em regime
plástico, a partir da posição aproximada das linhas de plastificação, também
denominadas charneiras plásticas. Este procedimento é conhecido como processo
das áreas.
7.1 – Processo das áreas
Conforme a NBR 6118 (2014), permite-se calcular as reações de apoio de lajes
retangulares sob carregamento uniformemente distribuído considerando-se, para
cada apoio, carga correspondente aos triângulos ou trapézios obtidos, traçando-se, a
partir dos vértices, na planta da laje, retas inclinadas de:
- 45° entre dois apoios do mesmo tipo;
- 60° a partir do apoio engastado, se o outro for simplesmente apoiado;
- 90° a partir do apoio vinculado (apoiado ou engastado), quando a borda vizinha
for livre.
7.1 – Processo das áreas
Com base na figura, as reações de apoio por unidade de largura serão dadas por:
7.1 – Processo das áreas
Onde:
p → carga total uniformemente distribuída;
𝑙𝑥 , 𝑙𝑦 → menor e maior vão teórico da laje, respectivamente;
𝑣𝑥 , 𝑣𝑦 , 𝑣𝑥′ , 𝑣𝑦′ → reações de apoio;
𝐴𝑥 , 𝐴′𝑥 , etc. → áreas correspondentes aos apoios considerados;
‘ → sinal referente às bordas engastadas.
Convém destacar que as reações de apoio 𝑣𝑥 ou 𝑣𝑥′ distribuem-se em uma borda de
comprimento 𝑙𝑦 , e vice-versa.
7.2 – Cálculo por meio de tabelas
O cálculo das reações pode ser feito mediante o uso de tabelas, como as encontradas
em PINHEIRO (1993). Tais tabelas fornecem coeficientes adimensionais ν𝑥 , ν𝑦 , ν′𝑥 , ν′𝑦 ,
𝑙𝑦
a partir das condições de apoio e da relação λ = , com os quais se calculam as
𝑙𝑥
reações, dadas por:
𝑝𝑙𝑥 ′ ′
𝑝𝑙𝑥 𝑝𝑙𝑥 ′ ′
𝑝𝑙𝑥
𝑣𝑥 = ν𝑥 ; 𝑣𝑥 = ν𝑥 ; 𝑣𝑦 = ν𝑦 ; 𝑣𝑦 = ν𝑦
10 10 10 10
8 – Exemplo
Premissas de cálculo:
Concreto C25, aços CA-50 (𝜙 ≥ 6,3 mm) e CA-60 (𝜙 = 5 mm) e cobrimento c = 2 cm
(tabela 6.1 da NBR 6118:2014, ambientes internos secos, e Tabela 7.2, classe de
agressividade ambiental I).
8 – Exemplo
8 – Exemplo
Roteiro para cálculo:
- Determinação dos vínculos;
- Pré-dimensionamento das alturas das lajes;
- Cálculo da laje L4 (laje em balanço);
- Cálculo dos momentos fletores;
- Dimensionamento das armaduras;
- Verificação das flechas;
- Verificação ao cisalhamento;
- Armaduras de canto.
8 – Cálculo da laje L4 (laje em balanço)
O cálculo da laje L4 foi feito conforme o esquema indicado na figura:
𝑝0 = 𝑔𝑘 + ψ2𝑖 𝑞𝑘𝑖
𝑖=1
onde:
gk = soma das cargas permanentes características;
ψ2𝑖 = coeficiente de combinação
qk = cargas variáveis
Para edifícios residenciais, temos
𝑝0 = 𝑔𝑘 + 0,3𝑞
6 – Cálculo de Flechas em lajes
9 – Cálculo de Flechas em lajes
A flecha final, W∞, incluindo a fluência do concreto, pode ser obtida através da
relação:
𝑊∞ = (1 + 𝜑)𝑊0
Onde:
𝜑 = coeficiente de fluência;
W0 = flecha incial calculada para a carga p0 (ver tabela).
9 – Cálculo de Flechas em lajes
Considera-se a rigidez a flexão da laje dada por:
𝐸𝑐𝑠 ℎ3
𝐷=
12(1 − ν2 )
onde:
ν = 0,2 (coeficiente de Poisson do concreto);
Ecs = módulo secante do concreto
9 – Cálculo de Flechas em lajes
Módulo de elasticidade tangente inicial
10
Eci e fck dados em MPa.
9 – Cálculo de Flechas em lajes
Módulo de elasticidade secante
Equações para determinação do Ecs:
Ec = ai .Eci Sendo:
f ck
a i = 0,8 + 0,2 1,0 αE é igual a 1,2 para basalto e diabásio;
80
αE é igual a 1,0 para granito e gnaisse;
αE é igual a 0,9 para calcário;’
αE é igual a 0,7 para arenito;
Eci e fck dados em MPa.
10 – Área mínima
A área mínima de lajes é dada por:
𝐴𝑠,𝑚í𝑛 = 𝜌𝑚í𝑛 100ℎ, [cm²/m]
onde rmín (%) é a taxa mínima fornecida pela tabela abaixo.
11 – Prescrições da NBR-6118
- Diâmetro máximo das barras da armadura = 1/8 da espessura da laje;
- Para lajes armadas em uma só direção, a armadura de distribuição por metro de
laje deve ter:
11 – Prescrições da NBR-6118
Espaçamento máximo das barras
Armadura de canto
12 – Detalhamento das armaduras de flexão
2h≥lb