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Módulo: Concreto II

CONCRETO II – PARTE I
Pós Graduação em Estruturas e Plataforma BIM

Prof. Harlley D. Gomes


2020
Concreto II

1
CONCRETO II– PARTE I
Pós Graduação UCL
Prof. Harlley D. Gomes
Sumário 2020
- Tipos usuais de lajes dos edifícios.
- Vãos teóricos.
- Vinculação.
- Espessuras mínimas.
Pós Graduação em Estruturas e Plataforma BIM

- Levantamento das cargas atuantes sobre a estrutura.


- Momento Fletor.
- Reações de Apoio.
- Cálculo de Flechas em lajes.
- Área mínima.
- Prescrições da NBR-6118.
Concreto II

- Detalhamento das armaduras de flexão. 2


1 – Tipos usuais de lajes dos edifícios
1 – Tipos usuais de lajes dos edifícios

Laje pré-moldada
2 – Vãos teóricos
- Vão teórico ou vão de cálculo: é a distância entre os centros dos apoios. Nas lajes
em balanço, o comprimento teórico é o comprimento da extremidade livre até o
centro do apoio. Entretanto de acordo com a NBR 6118, não é necessário adotar
valores maiores que:
- Em lajes isoladas: o vão livre acrescido de 60% da espessura da laje;
- Em lajes contínuas: o vão livre acrescido de 60% da espessura da laje no painel
considerado.
- Em geral, para facilidade do cálculo, é usual considerar os vãos teóricos até os
eixos dos apoios.
2.1 – Classificação quanto à armação
2.1 – Classificação quanto à armação
Nas lajes armadas em duas direções, as duas armaduras são calculadas para resistir
os momentos fletores nessas direções.
As denominadas lajes armadas em uma direção, na realidade, também têm
armaduras nas duas direções. A armadura principal, na direção do menor vão, é
calculada para resistir o momento fletor nessa direção, obtido ignorando-se a
existência da outra direção. Portanto, a laje é calculada como se fosse um conjunto
de vigas-faixa na direção do menor vão.
Na direção do maior vão, coloca-se armadura de distribuição, com seção transversal
mínima dada pela NBR 6118 (2014).
3 – Vinculação

- A borda livre caracteriza-se pela ausência de apoio, apresentando, portanto,


deslocamentos verticais. Nos outros dois tipos de vinculação, não há
deslocamentos verticais. Nas bordas engastadas, também as rotações são
impedidas. Este é o caso, por exemplo, de lajes que apresentam continuidade,
sendo o engastamento promovido pela laje adjacente.
3 – Vinculação
- Uma diferença significativa entre as espessuras de duas lajes adjacentes pode
limitar a consideração de borda engastada somente para a laje com menor
espessura, admitindo-se simplesmente apoiada a laje com maior espessura.
- As tabelas para dimensionamento das lajes, em geral, consideram as bordas livres,
apoiadas ou engastadas, com o mesmo tipo de vínculo ao longo de toda a
extensão dessas bordas. Na prática, outras situações podem acontecer, devendo-
se utilizar um critério, específico para cada caso, para o cálculo dos momentos
fletores e das reações de apoio.
3 – Vinculação
- Pode ocorrer, por exemplo, uma borda com uma parte engastada e a outra
apoiada, como mostrado na Figura abaixo. Um critério aproximado, possível para
este caso, é indicado.

𝒍𝒚 Considera-se a borda
𝒍𝒚𝟏 ≤
𝟑 totalmente apoiada.
Calculam-se os esforços para
as duas situações: borda
totalmente apoiada e borda
𝒍𝒚 2. 𝒍𝒚
≤ 𝒍𝒚𝟏 ≤ totalmente engastada e
𝟑 𝟑
adotam-se os maiores
valores no
dimensionamento
2. 𝒍𝒚 Considera-se a borda
𝒍𝒚𝟏 >
𝟑 totalmente engastada
3 – Vinculação
- Uma diferença significativa entre os momentos negativos de duas lajes adjacentes
poderia levar à consideração de borda engastada para uma das lajes e
simplesmente apoiada para a outra, em vez de engastada para ambas. Tais
considerações são indicadas na Figura abaixo.

m‘1> m‘2

Se m‘1/ m‘2 ≤ 2 Se m‘1/ m‘2 > 2


3.1 – Vinculação - Critérios para adoção das condições de
engastamento das lajes (resumo):
- As lajes sem continuidade, diretamente apoiadas sobre as vigas ou alvenaria são
supostas simplesmente apoiadas sobre os apoios;
- As lajes rebaixadas devem ser consideradas simplesmente apoiadas nos quatro
lados;
- Balanços são supostos obrigatoriamente engastados;
3.1 – Vinculação - Critérios para adoção das condições de
engastamento das lajes (resumo):
- Quando há continuidade de uma laje sobre um apoio, a menor laje (vão) será
sempre considerada engastada;
- Uma laje pode estar engastada em outra mesmo não havendo continuidade em
toda extensão do apoio comum, desde que pelo menos em 2/3 do apoio haja
continuidade.
4 – Espessuras mínimas
- A NBR 6118 (2014) especifica que nas lajes maciças devem ser respeitadas as
seguintes espessuras mínimas:
- 7 cm para lajes de cobertura não em balanço;
- 8 cm para lajes de piso não em balanço;
- 10 cm para lajes em balanço;
- 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30 kN;
- 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior a 30 kN;
- 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes cogumelos, fora do capitel.
5 – Levantamento das cargas atuantes sobre a estrutura
- Peso próprio: 𝑃𝑝𝑟 = 𝛾. ℎ[k 𝑁Τ𝑚²]
g = 25 kN/m³ (concreto armado)
h = espessura da laje
5 – Levantamento das cargas atuantes sobre a estrutura
- Revestimento: Considerando que se trata de uma laje intermediária (piso e teto ao
mesmo tempo) pode-se supor dentro de nossa realidade de construção:
1,5 cm para reboco do teto
2,5 cm de contra-piso (média no nivelamento da laje)
4,0 cm
Peso específico da argamassa de cimento e areia de acordo com a NBR 6120 - g = 19
kN/m³
Argamassa: 19 x 0,04 = 0,76 kN/m²
Mármore: 28,5 x 0,025 = 0,71 kN/m²
Total: 0,76 + 0,71 = 1,47 kN/m²
5 – Levantamento das cargas atuantes sobre a estrutura
- E QUANDO NÃO TEMOS AS INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS PARA DETERMINAR ESSES
VALORES?

Valores a serem
adotados
5 – Levantamento das cargas atuantes sobre a estrutura

Peso da alvenaria: “De modo geral” distribui-se o peso total da alvenaria,


uniformemente sobre a laje:
𝛾𝑎𝑙𝑣 . ℎ. 𝑙
Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑙𝑎𝑗𝑒 = 𝑙𝑥 𝑙𝑦
galv = de acordo com a NBR 6120
𝑒 = espessura da parede
𝑙 = comprimento da parede
ℎ = altura da parede
5 – Levantamento das cargas atuantes sobre a estrutura

Enchimento:
𝑃𝑒𝑛𝑐ℎ = 𝛾𝑒𝑛𝑐ℎ . ℎ
5 – Levantamento das cargas atuantes sobre a estrutura
Sobrecarga: Ou Carga Acidental - é toda aquela que pode atuar sobre a estrutura de
edificações em função do seu uso (pessoas, materiais diversos, veículos, etc.):
Seus valores mínimos são fixados pela norma NBR 6120 - Cargas para o Cálculo de
Estruturas de Edificações.
5 – Levantamento das cargas atuantes sobre a estrutura
5 – Levantamento das cargas atuantes sobre a estrutura

Notas:
a Redução de cargas variáveis não permitida.
r Para forros inacessíveis e sem possibilidade de estoque de materiais, não é
necessário considerar cargas variáveis devido ao uso.
5.1 – Pré-dimensionamento
Método 1:
A espessura das lajes pode ser obtida com a expressão:
Ø
ℎ =𝑑+ +𝑐
2

d → altura útil da laje;


Ø → diâmetro das barras;
c → cobrimento nominal da
armadura;
5.1 – Pré-dimensionamento
Altura útil da laje:
Para lajes com bordas apoiadas ou engastadas, a altura útil pode ser estimada por
meio da seguinte expressão:
𝑑𝑒𝑠𝑡 = 2,5 − 0,1𝑛 𝑙/100
n → número de bordas engastadas
𝑙𝑥
𝑙≤ቊ 𝑙x → menor vão
0,7𝑙𝑦
𝑙y → maior vão

Para lajes com bordas livres, como as lajes em balanço, deve ser utilizado outro
processo.
5.1 – Pré-dimensionamento
Altura útil da laje:
Para lajes em balanço, pode ser usado o critério da NBR 6118 (1978):
𝑙𝑥
𝑑=
2 3
Os coeficientes 2 e 3 dependem da vinculação e do tipo de aço, respectivamente.
Podem ser encontrados nas tabelas de PINHEIRO (1993), apresentadas a seguir.
Tabelas de Pinheiro (1993)
5.1 – Pré-dimensionamento
Exemplo 1: Laje retangular simplesmente apoiada em todo o contorno (conforme
figura) com carga uniformemente distribuída, Classe de agressividade ambiental
Moderada.
De acordo com a expressão:
𝑑𝑒𝑠𝑡 = 2,5 − 0,1𝑛 𝑙/100
n = número de bordas engastadas = 0
𝑙x → menor vão = 3m
𝑙y → maior vão = 4m
𝑙𝑥 = 3𝑚
𝑙≤൜ ; 𝑙 = 2,8𝑚
0,7𝑙𝑦 = 0,7𝑥4 = 2,8𝑚
𝑑𝑒𝑠𝑡 = 2,5 − 0,1x0 2,8/100 = 0,07m = 7cm
5.1 – Pré-dimensionamento
5.1 – Pré-dimensionamento
Continuação do Exemplo 1:
𝑑𝑒𝑠𝑡 = 2,5 − 0,1x0 2,8/100 = 0,07m = 7cm
De acordo com a tabela 7.2 da NBR 6118:2014, temos cobrimento igual a 2,5cm.
Adotando-se para pré-dimensionamento Ø𝑙 = 10mm = 1cm.
A espessura das lajes pode ser obtida com a expressão:
Ø 1
ℎ = 𝑑 + + 𝑐 = 7 + + 2,5 = 10cm
2 2
5.1 – Pré-dimensionamento
Exemplo 2: Laje retangular em balanço (conforme figura) com carga uniformemente
distribuída, Classe de agressividade ambiental Moderada.
De acordo com a expressão:
𝑙 1,5m
𝑑=
2 3
𝑙 → menor vão = 1,5m 5m

𝑙𝑎 1,5
λ= = = 0,30
𝑙𝑏 5,0
De acordo com a tabela 2.1b temos 2 =0,50
5.1 – Pré-dimensionamento
Continuação do exemplo 2:

Segundo a tabela 2.1a temos para lajes maciças, considerando-se 1,15 σsd = 500MPa
(CA-50), obtém-se Ψ3 = 25. Logo:
150
𝑑= = 8𝑐𝑚
0,75𝑥25
De acordo com a tabela 7.2 da NBR 6118:2014, temos cobrimento igual a 2,5cm.
Adotando-se para pré-dimensionamento Ø𝑙 = 10mm = 1cm.
5.1 – Pré-dimensionamento
Continuação do exemplo 2:
A espessura das lajes pode ser obtida com a expressão:
Ø 1
ℎ = 𝑑 + + 𝑐 = 8 + + 2,5 = 11cm
2 2
5.1 – Pré-dimensionamento
Método 2:
Critério do regulamento português para o pré-dimensionamento da espessura das
lajes antes da verificação de flechas:
onde, h = espessura da laje;
𝑙𝛼 η = coeficiente que depende do aço utilizado
ℎ≥
30η CA - 50 → η = 0,8
CA - 60 → η = 0,6

a = um coeficiente cujos valores são dados no quadro a seguir para os casos mais
frequentes.
𝑙 = menor vão teórico, sendo este, a distância medida entre os centros dos apoios.
5.1 – Pré-dimensionamento
TIPOS DE LAJE VALORES DE α
Simplesmente apoiada armada numa só direção 1,0
Duplamente engastada, armada numa só 0,6
direção
Apoiada num bordo, engastada no outro, 0,8
armada numa só
direção
Em balanço, armada numa direção 1,2
Simplesmente apoiada, armada em cruz 0,7
Apoiada em um bordo, engastada em outro, 0,6
armada em cruz
duplamente engastada, armada em cruz 0,5
5.1 – Pré-dimensionamento
Exemplo 3: Laje retangular simplesmente apoiada em todo o contorno (conforme
figura) com carga uniformemente distribuída.
De acordo com a expressão:
𝑙𝛼
ℎ≥
30η
𝑙 = menor vão teórico = 3,0m
𝑙𝑥 3,0
λ= = = 0,75
𝑙𝑦 4,0
5.1 – Pré-dimensionamento
𝑙𝑥 3,0
Continuação do Exemplo 3: λ = = = 0,75 𝑙𝑎𝑗𝑒 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑎 𝑒𝑚 𝑐𝑟𝑢𝑧
𝑙𝑦 4,0

TIPOS DE LAJE VALORES DE α


Simplesmente apoiada, armada em cruz 0,7

a = 0,7
η = coeficiente que depende do aço utilizado = CA - 50 → η = 0,8
𝑙𝛼 3,0𝑥0,7
ℎ≥ = = 0,088𝑚 = 8,8𝑐𝑚 ≅ 9𝑐𝑚
30η 30𝑥0,8
5.1 – Pré-dimensionamento
Exemplo 4: Laje retangular em balanço (conforme figura) com carga uniformemente
distribuída.
De acordo com a expressão:
𝑙𝛼 1,5m
ℎ≥
30η
5m

𝑙 = menor vão teórico = 3m


𝑙𝑥 1,5
λ= = = 0,30
𝑙𝑦 5,0
5.1 – Pré-dimensionamento
𝑙𝑥 1,5
Continuação do Exemplo: λ = = = 0,30
𝑙𝑦 5,0

TIPOS DE LAJE VALORES DE α


Em balanço, armada numa direção 1,2

a = 1,2
η = coeficiente que depende do aço utilizado = CA - 50 → η = 0,8
𝑙𝛼 1,5𝑥1,2
ℎ≥ = = 0,075𝑚 = 7,5𝑐𝑚 ≅ 8𝑐𝑚
30η 30𝑥0,8
Porém de acordo com a NBR 6118:2014 a espessura mínima para lajes em balanço é
igual a 10 cm.
6 – Momento Fletor
As lajes são solicitadas essencialmente por momentos fletores e forças cortantes. O
cálculo das lajes pode ser feito por dois métodos: o elástico e o plástico.
Cálculo elástico:
O cálculo dos esforços solicitantes pode ser feito pela teoria clássica de placas
delgadas (Teoria de Kirchhoff), supondo material homogêneo, isótropo, elástico e
linear.
6 – Momento Fletor
Cálculo elástico:
A partir das equações de equilíbrio, das leis constitutivas do material (Lei de Hooke) e
das relações entre deslocamentos e deformações, fazendo-se as operações
matemáticas necessárias, obtém-se a equação fundamental que rege o problema de
placas − equação de Lagrange:
6 – Momento Fletor
Cálculo elástico:
w → função que representa os deslocamentos
verticais;
p → carga total uniformemente distribuída;
D → rigidez da placa à flexão;
E → módulo de elasticidade;
h → espessura da placa;
ν → coeficiente de Poisson.
6 – Momento Fletor
Cálculo por meio de tabelas:
Esses processos numéricos também podem ser utilizados na confecção de tabelas,
como as de Czerny e as de Bares, obtidas por diferenças finitas.

Os coeficientes tabelados 𝜇𝑥 , 𝜇𝑥′ , 𝜇𝑦 , 𝜇𝑦′ são adimensionais, sendo os momentos


fletores por unidade de largura dados pelas expressões:
𝑝𝑙𝑥2 𝑝𝑙𝑥
2 𝑝𝑙𝑥
2 𝑝𝑙𝑥
2
𝑚𝑥 = 𝜇𝑥 ; 𝑚𝑥′ = 𝜇𝑥′ ; 𝑚𝑦 = 𝜇𝑦 ; 𝑚𝑦′ = 𝜇𝑦′
100 100 100 100
𝑚𝑥 , 𝑚𝑥′ → momentos fletores na direção do vão 𝑙𝑥
𝑚𝑦 , 𝑚𝑦′ → momentos fletores na direção do vão 𝑙𝑦
6.1 – Compatibilização de momentos fletores
Em um pavimento, em geral, as lajes adjacentes diferem nas condições de apoio, nos
vãos teóricos ou nos carregamentos, resultando, no apoio comum, dois valores
diferentes para o momento negativo. Esta situação está ilustrada na Figura. Daí a
necessidade de promover a compatibilização desses momentos.
6.1 – Compatibilização de momentos fletores
Na compatibilização dos momentos negativos, o critério usual consiste em adotar o
maior valor entre a média dos dois momentos e 80% do maior. Esse critério
apresenta razoável aproximação quando os dois momentos são da mesma ordem de
grandeza.
6.1 – Compatibilização de momentos fletores
Em decorrência da compatibilização dos momentos negativos, os momentos
positivos na mesma direção devem ser analisados. Se essa correção tende a diminuir
o valor do momento positivo, como ocorre nas lajes L1 e L4 da Figura, ignora-se a
redução (a favor da segurança).
6.1 – Compatibilização de momentos fletores
Caso contrário, se houver acréscimo no valor do momento positivo, a correção
deverá ser feita, somando-se ao valor deste momento fletor a média das variações
ocorridas nos momentos fletores negativos sobre os respectivos apoios, como no
caso da laje L2 da Figura.
6.1 – Compatibilização de momentos fletores
Pode acontecer da compatibilização acarretar diminuição do momento positivo, de
um lado, e acréscimo, do outro. Neste caso, ignora-se a diminuição e considera-se
somente o acréscimo, como no caso da laje L3 da Figura.
6.1 – Compatibilização de momentos fletores
Se um dos momentos negativos for muito menor do que o outro, por exemplo m’12<
0,5m’21, um critério melhor consiste em considerar L1 engastada e armar o apoio para
o momento m’12 , admitindo, no cálculo da L2, que ela esteja simplesmente apoiada
nessa borda.
6.1 – Compatibilização de momentos fletores
Resumindo:
Determinação dos valores dos momentos negativos:

′ ′
0,8𝑚21 0,8𝑚23
′∗ ′ ′ ′∗ ′ ′
𝑚12 ≥ ൞ 𝑚12 + 𝑚21 ; 𝑚23 ≥ ൞ 𝑚23 + 𝑚32 ;…
2 2
Determinação do valor dos momento positivo quando há aumento nos dois lados:
′ ′∗ ′ ′∗
𝑚 21 − 𝑚12 𝑚 23 − 𝑚 23
𝑚2∗ = +
2 2
Determinação do valor dos momento positivo quando há aumento em apenas um
lado:
′ ′∗
𝑚 34 + 𝑚 34
𝑚3∗ = 𝑚3 +
2
7 – Reações de Apoio
As ações atuantes nas lajes são transferidas para as vigas de apoio, o procedimento
de cálculo proposto pela NBR 6118 (2014) baseia-se no comportamento em regime
plástico, a partir da posição aproximada das linhas de plastificação, também
denominadas charneiras plásticas. Este procedimento é conhecido como processo
das áreas.
7.1 – Processo das áreas
Conforme a NBR 6118 (2014), permite-se calcular as reações de apoio de lajes
retangulares sob carregamento uniformemente distribuído considerando-se, para
cada apoio, carga correspondente aos triângulos ou trapézios obtidos, traçando-se, a
partir dos vértices, na planta da laje, retas inclinadas de:
- 45° entre dois apoios do mesmo tipo;
- 60° a partir do apoio engastado, se o outro for simplesmente apoiado;
- 90° a partir do apoio vinculado (apoiado ou engastado), quando a borda vizinha
for livre.
7.1 – Processo das áreas

Com base na figura, as reações de apoio por unidade de largura serão dadas por:
7.1 – Processo das áreas

Onde:
p → carga total uniformemente distribuída;
𝑙𝑥 , 𝑙𝑦 → menor e maior vão teórico da laje, respectivamente;
𝑣𝑥 , 𝑣𝑦 , 𝑣𝑥′ , 𝑣𝑦′ → reações de apoio;
𝐴𝑥 , 𝐴′𝑥 , etc. → áreas correspondentes aos apoios considerados;
‘ → sinal referente às bordas engastadas.
Convém destacar que as reações de apoio 𝑣𝑥 ou 𝑣𝑥′ distribuem-se em uma borda de
comprimento 𝑙𝑦 , e vice-versa.
7.2 – Cálculo por meio de tabelas
O cálculo das reações pode ser feito mediante o uso de tabelas, como as encontradas
em PINHEIRO (1993). Tais tabelas fornecem coeficientes adimensionais ν𝑥 , ν𝑦 , ν′𝑥 , ν′𝑦 ,
𝑙𝑦
a partir das condições de apoio e da relação λ = , com os quais se calculam as
𝑙𝑥
reações, dadas por:
𝑝𝑙𝑥 ′ ′
𝑝𝑙𝑥 𝑝𝑙𝑥 ′ ′
𝑝𝑙𝑥
𝑣𝑥 = ν𝑥 ; 𝑣𝑥 = ν𝑥 ; 𝑣𝑦 = ν𝑦 ; 𝑣𝑦 = ν𝑦
10 10 10 10
8 – Exemplo
Premissas de cálculo:
Concreto C25, aços CA-50 (𝜙 ≥ 6,3 mm) e CA-60 (𝜙 = 5 mm) e cobrimento c = 2 cm
(tabela 6.1 da NBR 6118:2014, ambientes internos secos, e Tabela 7.2, classe de
agressividade ambiental I).
8 – Exemplo
8 – Exemplo
Roteiro para cálculo:
- Determinação dos vínculos;
- Pré-dimensionamento das alturas das lajes;
- Cálculo da laje L4 (laje em balanço);
- Cálculo dos momentos fletores;
- Dimensionamento das armaduras;
- Verificação das flechas;
- Verificação ao cisalhamento;
- Armaduras de canto.
8 – Cálculo da laje L4 (laje em balanço)
O cálculo da laje L4 foi feito conforme o esquema indicado na figura:

Para esta laje, as cargas uniformemente distribuídas são:


g = gpp + gpiso+rev = 2,50 + 1,00 = 3,50 kN/m²
p = g + q = 3,50 + 3,00 = 6,50 kN/m²
Onde:
g = carga permanente;
q = carga acidental.
8 – Cálculo da laje L4 (laje em balanço)

Na extremidade, será considerada uma mureta de tijolo cerâmico com 1,10 m de


altura, e uma carga variável de 2,0 kN/m (de acordo com a NBR 6120):
Espessura do bloco = 9cm e espessura do reboco = 2 cm por face.
g1 = galv x halv = 1,6 x 1,10 = 1,76 kN/m
q1 = 2,00 kN/m
p1 = g1 + q1 = 1,76 + 2,00 = 3,76 kN/m
8 – Cálculo da laje L4 (laje em balanço)

Para esses carregamentos, a reação de apoio e o momento fletor sobre o apoio


resultam, respectivamente:
𝑅 = 𝑝𝑙 + 𝑝1 = 6,50𝑥1,10 + 3,76 = 10,91𝑘𝑁/𝑚
𝑝𝑙2 6,50𝑥1,102
𝑀= + 𝑝1 𝑙 = + 3,76x1,10 = 8,07 𝑘𝑁𝑚/𝑚
2 2
8 – Cálculo da laje L4 (laje em balanço)
Esses esforços correspondem a uma faixa de largura igual a um metro.
8 – Cálculo da laje L4 (laje em balanço)
De acordo com a NBR 6118:2014, para lajes em balanço com espessura h < 19 cm,
deve se considerar o coeficiente adicional:
gn = 1,95 – 0,05h ≥ 1, onde h ≥ 10 é a espessura da laje em cm.
gn = 1,95 − 0,05x10 = 1,45
𝑅 = 𝛾𝑛 𝛾𝑓 𝑝𝑙 + 𝑝1 = 1,45𝑥1,40𝑥10,91 = 22,15𝑘𝑁/𝑚
𝑝𝑙2
𝑀 = 𝛾𝑛 𝛾𝑓 + 𝑝1 𝑙 = 1,45𝑥1,4𝑥8,07 = 16,38 𝑘𝑁𝑚/𝑚
2
Calcula-se a armação da laje como uma viga de concreto de h = 10 cm e b = 100 cm
submetida aos esforços acima.
Depois verificar-se a laje com relação ao cisalhamento.
9 – Cálculo de Flechas em lajes
Para edifícios residenciais e escritórios, deve-se limitar a flecha provocada pela
totalidade das cargas. Isto se deve ao fato de que a carga acidental é pequena em
relação à carga permanente. Além disto, a fluência do concreto só é introduzida no
cálculo da flecha quando são consideradas as cargas permanentes.
Flechas admissíveis:
a) 𝑙Τ250 ⇒ 𝑙𝑎𝑗𝑒𝑠 𝑎𝑝𝑜𝑖𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑜𝑢 𝑒𝑛𝑔𝑎𝑠𝑡𝑎𝑑𝑎 𝑛ã𝑜 𝑒𝑚 𝑏𝑎𝑙𝑎𝑛ç𝑜
b) 𝑙Τ125 ⇒ 𝑙𝑎𝑗𝑒𝑠 𝑒𝑚 𝑏𝑎𝑙𝑎𝑛ç𝑜
Para lajes a) l é o menor vão da laje e para b) l é o comprimento teórico.
9 – Cálculo de Flechas em lajes
As flechas devem ser calculadas para a combinação quase permanente do
carregamento dado por:
𝑛

𝑝0 = 𝑔𝑘 + ෍ ψ2𝑖 𝑞𝑘𝑖
𝑖=1

onde:
gk = soma das cargas permanentes características;
ψ2𝑖 = coeficiente de combinação
qk = cargas variáveis
Para edifícios residenciais, temos
𝑝0 = 𝑔𝑘 + 0,3𝑞
6 – Cálculo de Flechas em lajes
9 – Cálculo de Flechas em lajes
A flecha final, W∞, incluindo a fluência do concreto, pode ser obtida através da
relação:
𝑊∞ = (1 + 𝜑)𝑊0
Onde:
𝜑 = coeficiente de fluência;
W0 = flecha incial calculada para a carga p0 (ver tabela).
9 – Cálculo de Flechas em lajes
Considera-se a rigidez a flexão da laje dada por:
𝐸𝑐𝑠 ℎ3
𝐷=
12(1 − ν2 )
onde:
ν = 0,2 (coeficiente de Poisson do concreto);
Ecs = módulo secante do concreto
9 – Cálculo de Flechas em lajes
Módulo de elasticidade tangente inicial

Eci = a E .5600 f ck , para fck de 20 MPa a 50 MPa;


1/ 3
 f ck 
Eci = 21,5 x10 xa E  + 1,25  , para fck de 55 MPa a 90 MPa;
3

 10 
Eci e fck dados em MPa.
9 – Cálculo de Flechas em lajes
Módulo de elasticidade secante
Equações para determinação do Ecs:
Ec = ai .Eci Sendo:
f ck
a i = 0,8 + 0,2  1,0 αE é igual a 1,2 para basalto e diabásio;
80
αE é igual a 1,0 para granito e gnaisse;
αE é igual a 0,9 para calcário;’
αE é igual a 0,7 para arenito;
Eci e fck dados em MPa.
10 – Área mínima
A área mínima de lajes é dada por:
𝐴𝑠,𝑚í𝑛 = 𝜌𝑚í𝑛 100ℎ, [cm²/m]
onde rmín (%) é a taxa mínima fornecida pela tabela abaixo.
11 – Prescrições da NBR-6118
- Diâmetro máximo das barras da armadura = 1/8 da espessura da laje;
- Para lajes armadas em uma só direção, a armadura de distribuição por metro de
laje deve ter:
11 – Prescrições da NBR-6118
Espaçamento máximo das barras

Para as armaduras negativas, pode-se adotar um espaçamento de até 25 cm, para


facilitar as operações de concretagem.
12 – Detalhamento das armaduras de flexão

Armaduras positivas com barras corridas


12 – Detalhamento das armaduras de flexão

Armaduras positivas com barras alternadas


12 – Detalhamento das armaduras de flexão

Armaduras negativas Armaduras negativas


com barras corridas com barras alternadas
12 – Detalhamento das armaduras de flexão

Armadura de canto
12 – Detalhamento das armaduras de flexão

2h≥lb

Armadura de bordo livre


12 – Detalhamento das armaduras de flexão
Em geral, a verificação das aberturas das lajes pode ser dispensada, quando suas
dimensões são inferiores a um décimo do menor vão de cálculo.
Nesses casos, basta dispor as barras das armaduras, que teoricamente cairiam na
abertura, como armadura adicional concentrada nos lados da abertura.
Além disso, os bordos da abertura devem ser protegidos da forma indicada
anteriormente.
12 – Detalhamento das armaduras de flexão
Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 6118. Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
ARAÚJO, José Milton de. Curso de Concreto Armado. Rio Grande: Dunas, 2015.
PINHEIRO, Libânio M. Fundamentos do Concreto e Projeto de Edifícios. São Carlos:
USP, 2007.
MONTOYA, P. J; MESEGUER, A. G.; CABRÉ, F. M. Hormigón Armado. Barcelona:
Editorial Gustavo Gili, 2000.
LEONHARDT, F.; MÖNNIG, E. Construções de Concreto - Volume I: Princípios Básicos
do Dimensionamento de Estrutura de Concreto Armado. Rio de Janeiro: Editora
Interciência, 2008.

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