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Módulo: Tópicos Especiais I

Tópicos Especiais I –
Dimensionamento de Radier
Pós Graduação em Estruturas e Plataforma BIM

Prof. Harlley D. Gomes


2020
Concreto II

1
Tópicos Especiais I
Pós Graduação UCL
Prof. Harlley D. Gomes
Sumário 2020
- Definição.
- Classificação.
- Exemplo.
Pós Graduação em Estruturas e Plataforma BIM
Concreto II

2
1 – Definição
De acordo com a NBR 6122:2019, Radier é um elemento de fundação superficial que
abrange parte ou todos os pilares de uma estrutura, distribuindo os carregamentos.
Em termos práticos, pode-se definir Radier como sendo uma laje (de concreto
armado ou protendido) apoiada no solo, na qual os pilares de uma edificação se
apoiam, dessa forma, as cargas provenientes destes pilares são transmitidas para o
solo através desta placa, que chamamos de Radier.
1 – Definição
Quando devemos utilizar o Radier?
Segundo Velloso e Lopes (2004) devemos
optar pela fundação em radier quando:
- As áreas das sapatas se aproximam umas
das outras ou mesmo se interpenetram;

Sobreposição de fundações
Proximidade de fundações
1 – Definição
- Se desejar uniformizar os recalques;

Uma orientação prática: quando a área total das sapatas for maior que a metade da
área da construção, deve- se adotar o Radier.
De acordo com Bell (1985), o radier é uma solução econômica para terrenos onde o
solo tem fraco suporte, ou os recalques diferenciais devem ser baixos. Ainda salienta
que o centro de gravidade dos pilares a ele aplicado deve ser coincidente com o
centro de gravidade da placa de radier. Isto quer dizer que, se o carregamento dos
pilares for variável ou estes estiverem dispostos assimetricamente, o radier não será
simétrico conforme o arranjo destes pilares.
2 – Classificação dos radiers
Quanto à forma ou sistema estrutural, os radies são projetados segundo quatro tipos
principais:
- Liso;
- Com pedestais ou cogumelos;
- Nervurados;
- Caixão.
2 – Definição
pedestal

Liso Com pedestais ou cogumelos

Nervurados Caixão
2 – Classificação
Radiers lisos: – tem a vantagem de ter grande
facilidade de execução. Este tipo de radier tem
sido muito utilizado nas edificações do
Programa de Arrendamento Residencial – PAR.
Essas edificações geralmente possuem 4
(quatro) pavimentos.
2 – Classificação
Radiers com pedestais ou cogumelos: aumenta
a espessura sob os pilares e melhora a
resistência a flexão e ao esforço cortante. Os
pedestais podem ser superiores ou inferiores,
tendo este último a vantagem de ser feita na
escavação e deixar a superfície do piso plana.
2 – Classificação
Radiers nervurados: executa-se com nervuras
secundárias e nervuras principais, colocadas
sob os pilares, podendo ser superiores ou
inferiores. No caso de nervuras inferiores
executa-se sobre a escavação, o que não
acontece no caso das nervuras superiores,
sendo necessária a colocação de agregado para
deixar a superfície do piso plana.
2 – Classificação
Radiers em caixão: utiliza-se com a finalidade
de ter uma grande rigidez e pode ser
executado com vários pisos.
3 – Exemplo
Considere a distribuição de pilares com as cargas e seções indicadas na figura a
seguir.
3 – Exemplo
 
Carga total sobre o Radier:

A área total " S" do Radier deve ser :

O centro de gravidade do Radier deve coincidir com o centro de cargas.


3 – Exemplo
 
DETERMINAÇÃO DO CENTRO DE GRAVIDADE DAS CARGAS:
Obs.: não há necessidade de colocar o peso próprio, pois é uma carga
uniformemente distribuída.
3 – Exemplo
 
Para que o centro de gravidade do radier coincida com o das cargas, obtendo-se uma
distribuição de pressões uniforme no terreno ele teria como dimensões mínimas:
Valor insuficiente para sadm.
3 – Exemplo
 
Por exemplo, adotando-se para dimensões do radier:
4,50x3,68 = 16,56m²
3 – Exemplo
A reação no terreno para efeito de cálculo à flexão vai ser:
17,93/1,1 = 16,3 tf/m²
Analisando o radier numa só dimensão tem-se uma viga:
3 – Exemplo
A reação no terreno para efeito de cálculo à flexão vai ser:
17,93/1,1 = 16,3 tf/m²
Analisando o radier na outra direção tem-se outra viga:

16,3X4,5 = 73,35 tf/m


3 – Exemplo
CÁLCULO DA VIGA A:
3 – Exemplo
CÁLCULO DA VIGA A:
60x0,7 = 42tf 28+24 = 52tf
80-42 = 38tf 52-100 = -48tf
60x03 =18tf 60x0,8 = 48tf
-38+18 = 20tf -48+48 = 0
-20 -50 = -70tf
2,30x60 = 138tf
-70+138 = 68tf
68-40 = 28tf
60x0,4 = 24tf
3 – Exemplo
CÁLCULO DA VIGA A:
 

30x0,85²-80x0,15 = 9,67 tf.m

30x2,15²-80x1,45-50x1,15 = -34,83 tf.m


30x3,3²-80x2,6-50x2,3 = 3,7tf.m
30x0,8² = 19,2 tf.m
30x1²-100x0,2 = 10,0 tf.m
3 – Exemplo
CÁLCULO DA VIGA B:
Diagrama de Esf. cortante
96,38

33

-53,62
-87
Vmax = 96,38tf
16,3X4,5 = 73,35 tf/m
3 – Exemplo
CÁLCULO DA VIGA B:
Diagrama de Esf. cortante 73,35x0,45 = 33tf
96,38

33 33-120 = -87tf
-87+2,50x73,35 = 96,38tf
96,38-150 = -53,62tf
-53,62
-87
Vmax = 96,38tf
-53,62+73,35x0,73 = 0
3 – Exemplo
CÁLCULO DA VIGA B:
 

44

7,43
19,5

Mmaxsup = 44 tfm
Mmaxinf = 19,5 tfm
3 – Exemplo
 
A espessura do radier não deve ser inferior à altura necessária da sapata para evitar o
puncionamento por parte dos pilares (a menos que se fizesse o radier com sapatas
sobre ele).
Deve-se verificar então:
- Se h (altura) da sapata absorve os esforços de puncionamento (ou radier).

; quando h≥60 cm [em kgf/cm²]


Quando r=0,1% 
; quando h≤15 cm [em kgf/cm²]
3 – Exemplo
 
Obs.: para vigas

Supondo que a laje tenha h ≥ 60 cm e fck = 25MPa, tem se :

Viga A: Vmáx = 70tf; Vd = 98tf

Viga B: Vmáx = 96,38tf; Vd = 135tf


3 – Exemplo
 
Obs: Checando a flexão (comprovando que nestes casos ela não é um fator
dimensionante):
Mdlim = λbxlim(d-0,5λxlim)σcd
 
;

 
αc = 0,85, se fck ≤ 50 MPa;

λ = 0,8 , se fck ≤ 50 MPa;


3 – Exemplo
Grupo I (fck ≤ 50 MPa)
μlim 0,2952
Grupo II (fck ≥ 50 MPa)
Classe C55 C60 C70 C80 C90
μlim 0,2376 0,2345 0,2280 0,2216 0,2150
 
Logo temos:

Como fck = 25MPa;


3 – Exemplo
 
Viga A: M = 35tf = 35.000kgfm = 350kNm
;
3 – Exemplo
 
Viga B: M = 44tf = 44.000kgfm = 440kNm
;

Ambos menores que os exigidos pelo cortante!


3 – Exemplo
tc pela NBR 6118 é extremamente conservativo
 

Segundo o ACI :

Viga A: Vmáx = 70tf; Vd = 98tf

Viga B: Vmáx = 96,38tf; Vd = 135tf

hadotado = 50cm
3 – Exemplo
Cálculo das armaduras:
3 – Exemplo
Cálculo das armaduras:
3 – Exemplo
Cálculo das armaduras:
3 – Exemplo
Cálculo das armaduras:
3 – Exemplo
 
Cálculo das armaduras:
VIGA A:

σcd = αfcd = 0,85x1,785 = 1,52 kN/cm²


3 – Exemplo
 
Cálculo das armaduras:
VIGA A:

Distribuindo essa área de aço no comprimento ortogonal a viga A, temos:


As = 24,62cm²/4,50m = 5,47 cm²/m (f10c/14 ou f12,5c/22)
3 – Exemplo
 
Cálculo das armaduras:
VIGA A:
Armadura mínima:
(f10c/10 ou f12,5c/16)

Como As,mín >As adotar As,mín como armadura na direção da viga A.


3 – Exemplo
 
Cálculo das armaduras:
VIGA B:

σcd = αfcd = 0,85x1,785 = 1,52 kN/cm²


3 – Exemplo
 
Cálculo das armaduras:
VIGA B:

Distribuindo essa área de aço no comprimento ortogonal a viga B, temos:


As = 30,68cm²/3,68m = 8,33 cm²/m (f10c/9 ou f12,5c/14)

Como As,mín = 7,5cm²/m >As adotar As,mín como armadura na direção da viga A.

Armar como malha positiva e negativa em ambas as direções.


Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 6122. Projeto e
execução de fundações. Rio de Janeiro, 2019.
BELL, Brian . Fundações em Concreto Armado. Tradução por Alexandre Verski. 4. Ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1985. 268 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 6118. Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
ARAÚJO, José Milton de. Curso de Concreto Armado. Rio Grande: Dunas, 2015.
MONTOYA, P. J; MESEGUER, A. G.; CABRÉ, F. M. Hormigón Armado. Barcelona:
Editorial Gustavo Gili, 2000.
LEONHARDT, F.; MÖNNIG, E. Construções de Concreto - Volume I: Princípios Básicos
do Dimensionamento de Estrutura de Concreto Armado. Rio de Janeiro: Editora
Interciência, 2008.

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