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Não se pode servir a Deus e a Mamon – Capítulo XVI

Salvação dos ricos

Um homem foi até Cristo e fez-lhe uma pergunta bastante interessante – Mestre, que bem devo
fazer para adquirir a vida eterna?”, Jesus então repetiu os mandamentos: “Não matarás; Não
cometerás adultério; Não furtarás; Não darás testemunho falso; Honre seu pai e sua mãe e ame teu
próximo como a ti mesmo.” O homem respondeu-lhe que guarda todos esses mandamentos desde
que chegou a mocidade, e perguntou o que lhe faltava, Jesus disse: “Se queres ser perfeito, vai,
vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. Após
isso, Jesus disse aos seus discípulos: “Digo-vos em verdade que bem difícil é que um rico entre no
Reino dos Céus. Ainda uma vez vos digo: É mais fácil que um camelo passe pelo buraco de uma
agulha, do que entrar um rico no Reino dos Céus.”

Comentário: Jesus com isso não criminalizou a riqueza ou o homem rico, e sim o Materialismo.
Se houvesse de constituir a riqueza como obstáculo à salvação dos que a possuem, Deus,
que a concede, teria posto nas mãos de alguns um instrumento de perdição sem qualquer meio de
salvação, tal ideia é contrária a lógica e por si está errada.
Podemos constatar que, a riqueza constitui uma prova muito arriscada, mais perigosa do que a
miséria. A riqueza pode deixar cego aquele que à possuí, se utilizada de modo errado é um real
instrumento do orgulho, egoísmo e dos prazeres materiais. Com isso, se origina-se o materialismo, a
paixão pelos bens terrenos, que após do desencarne, torna uma corrente interligando o espirito com
a matéria. Aquele que muitas vezes passa da miséria à riqueza, esquece sua primeira condição,
esquece os que o ajudaram, os que partilhavam, e faz-se insensível, egoísta e apegado a matéria.
Podemos ilustrar esse pensamento com uma simples passagem: "Não acumulem para vocês
tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e onde os ladrões arrombam e
furtam. Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não
destroem e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí
também estará o seu coração. Ou seja, não acumulem riquezas materiais, dedique sua vida a
conquistas espirituais, pois ela, somente ela, lhe servirá após o desencarne.

Quando Jesus disse ao homem: “Desfaze-te de todos os teus bens e segue-me”, não pretendeu
estabelecer um princípio absoluto que cada um deve desfazer de todos os bens que possui e que a
salvação cobra esse preço, mas apenas mostra que o apego aos bens terenos é um obstáculo à
salvação. Também nos deixa claro, o rapaz se julgava quite porque seguia os mandamentos e, no
entanto, se recusava à ideia de abandonar o apego a matéria. O Homem poderia seguir 100% dos
mandamentos, mas se não tivesse a verdadeira caridade não serviria de nada, o que nos confirma:
“Fora da Caridade não há salvação.”

Preservar-se da avareza
Um homem procurou Jesus e disse: “Mestre, dize a meu irmão que divida comigo a herança que nos
tocou.” – Jesus lhe disse: ”Tende o cuidado de preservar-vos de toda avareza, porquanto, seja qual
for a abundância em que o homem se encontre, sua vida não depende dos bens que ele possua.” – O
homem disse a seguinte parábola: “Havia um homem rico cujas terras tinham produzido
extraordinariamente e que se entretinha a pensar consigo mesmo, assim: ‘Que hei de fazer, pois já
não tenho lugar onde possa encerrar tudo o que vou colher? Aqui está’, disse ‘o que farei: Demolirei
os meus celeiros e construirei outros maiores, onde porei toda a minha colheita e todos os meus
bens. E direi a minha alma: Minha alma, tens reserva muitos bens para longos anos; repousa, come,
bebe, goza.’ – Mas Deus, ao mesmo tempo, disse ao homem: ‘Que insensato és! Esta noite mesmo
tomar-te-ão a alma; para que servirá o que acumulastes?” É o que acontece, àquele que acumula
tesouros para si próprio não é rico diante de Deus.

Comentário: O que adianta guardar mundos e fundos para velhice e não praticar a caridade? Nessa
parábola é um exemplo simples disso, o verdadeiro tesouro que o homem pode guardar é o
espiritual. Aquele que tem a possibilidade de ajudar e não ajuda é culpado por omissão. Mais rico é
um miserável caridoso do que um rico esnobe.

Jesus em casa de Zaqueu

Jesus em um Jericó, passava pela cidade e ali havia um homem chamado Zaqueu, cobrador de
impostos do Império Romano e muito rico, o qual, desejoso de ver Jesus e não conseguia devido à
multidão, por ser ele de uma estatura muito baixa. Zaqueu correu à frente e subiu em cima de uma
árvore. Chegando lá, Jesus dirigiu-se para o alto o olhar e, vendo-o, disse-lhe: “Zaqueu, dá-te pressa
em descer, porquanto preciso de que me hospedes hoje em tua casa”. Os populares ficaram
espantados e disseram: “Ele foi hospedar-se em casa de um homem de má vida”. Chegando lá,
encantado com a humildade e sabedoria de Jesus, Zaqueu toma uma decisão: “Senhor, dou a metade
dos meus bens aos pobres e, se causei a alguém, seja no que for, indenizo-o pagando quatro vezes
mais.” – Ao que Jesus respondeu: “Esta casa recebeu hoje a salvação...”

Comentário: Zaqueu era um cobrador de impostos do Império Romano, como aparenta um homem
muito rico. A população não gostava dele, julgando-o como “homem de má vida.”. Encantado com
a presença de Jesus, com sua humildade e sua sabedoria, Zaqueu entendeu que o apego aos bens
terrenos é um obstáculo e decidiu-se a partir daquele momento utilizar sua riqueza para o progresso
dos seus irmãos em sociedade. Podemos aprender nessa passagem além da lição da caridade e do
desprendimento, essa passagem nos mostra a importância de dividir. Dividir não apenas bens
materiais, mas tudo o que pudermos compartilhar com o semelhante no dia a dia: nossas alegrias,
nossas expectativas, enfim, tudo o que se constitui em atributos de caridade moral. Outra lição é a
do bom aproveitamento da riqueza, que, junto com a miséria, são ambas provas muito arriscadas. E
como Zaqueu poderia dar bom aproveitamento da sua riqueza? Simples, utilizando-se para produzir
bem. A riqueza (em sua boa utilização) é um meio direto de progresso moral e intelectual, e o
meio primordial de execução. Sem ela não poderíamos concluir grandes trabalhos para a
evolução intelectual e moral da humanidade, pois não haveria um estimulante para a
conclusão da obra. Podemos citar um exemplo: Porque todos os cientistas do mundo estão
procurando à cura do Coronavírus? Pode-se pensar que é para encontrar a cura e sim, não está
totalmente errado, mas muitos estão procurando para conseguir dinheiro, com esse exemplo
podemos entender que a riqueza, se bem direcionada é um direcionamento para o progresso.
Podemos nos perguntar se não é injusto trabalhar somente por dinheiro? A resposta é com outra
pergunta: Porque há desigualdades? Não somos todos iguais monetariamente pois não somos
igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir essa riqueza e nem sóbrios e previdentes
para conservar. Se a riqueza fosse repartida com igualdade, a cada uma daria uma parcela mínima e
insuficiente; que, supondo efetuada essa repartição, o equilíbrio em pouco tempo estaria desfeito,
pela diversidade de aptidões e talentos; supondo-a que seja possível e durável a repartição, tendo
todos um único objetivo de viver, o resultado seria o aniquilamento de todos os grandes trabalhos
que concorrem para o progresso e para o bem-estar da humanidade. A riqueza é uma prova de
caridade e abnegação, a pobreza é, para os que sofrem, a prova de paciência e da resignação.

Parábola do Mau Rico

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