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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

ATIVIDADE PARA PESQUISA

DISCIPLINA DE GEOTÉCNICA

PROFº BRUNO DANTAS

POLYANA GROSSI PONTES

VITÓRIA

2019
DATAÇÃO PARA AMOSTRAS DE ‘’GRANITO PEIXOTO’’

O biotita granodiorito é uma rocha de coloração cinza clara, textura porfirítica de granulação
média (Figs. 5A e 5C) cuja assembleia mineralógica principal é representada por quartzo,
plagioclásio, feldspato alcalino e biotita, e localizadamente hornblenda. Os fenocristais de
plagioclásio (1,5 cm) predominam sobre fenocristais de feldspato alcalino (2,0 cm). Enclaves de
mesma composição e granulação fina são feições comuns nesses granitos e variam de
centimétricos a métricos. Microscopicamente, observa-se textura hipidiomórfica porfirítica a
inequigranular onde os minerais estão assim representados: quartzo (40%); plagioclásio (39%);
feldspato alcalino (13%); biotita (5%); opacos e; hornblenda (3%). Nos termos porfiríticos, os
fenocristais de plagioclásio e feldspato alcalino perfazem cerca de 60% da rocha, sendo a matriz
(40%) constituída por quartzo anédrico ou agregados policristalinos e biotita. O quartzo formou-
se em duas etapas: o primeiro de hábito anédrico (até 1,5 mm) e com extinção ondulante e outro
tardio, intersticial, formando agregados policristalinos.
Figura 5. Granodiorito Peixoto: (A e B) granodiorito com textura porfirítica, evidenciada por
fenocristais de feldspato alcalino e plagioclásio, com inclusões poiquilíticas de hornblenda; (C)
textura porfirítica; (D) fenocristais de plagioclásio com zoneamento oscilatório, quartzo
anédrico e intersticial; (E) enclave microcristalina de mesma composição; (F) minerais
secundários: epidoto, clorita e muscovita. Fotomicrografias com os polarizadores cruzados.

Resultados:

A região de Peixoto de Azevedo é constituída por um embasamento contendo supostos restos de


material arqueano, que afloram no bloco Gavião (Barros 2007), cortado por granitoides de
idades similares aos granitos da Suíte Intrusiva Creporizão de idade 1968 Ma (Santos et  al.
2004) descrita na Provincia Aurífera Tapajós. Cortando os granitos da Suíte Intrusiva
Creporizão ocorre biotita monzogranito de 1869 ±10 Ma da Suíte Intrusiva Matupá, o qual
apresenta nos domínios do garimpo Serrinha depósitos de ouro do tipo pórfiro (Moura 1998).
Cortando o Granito Matupá ocorre o Granito Peixoto, de composição granodioritica e idade
1781 ± 10 Ma, contemporânea ao Grupo Colíder. A principal contribuição deste trabalho reside
na definição do Granito Peixoto como um corpo de dimensões inferiores à anteriormente
proposta por Barros (2007), composição granodioritica com idade de cristalização U-Pb de 1781
± 10 Ma similar àquelas

DATAÇÃO PARA AMOSTRAS DE GNAISSE RIO FORTUNA

O Gnaisse Rio Fortuna aflora como lajedos e blocos principalmente na porção SW da área de
estudo constituindo pequenas porções descontínuas de ocorrência restrita. Apresenta contato
com o Granito Tarumã através de Zona de Cisalhamento reversa, Matos et al. (2005) descreve a
observação de enclaves do embasamento no Granito Tarumã, sugerindo a sua correspondência
às encaixantes dessa unidade e a leste ocorre o corpo granítico discretamente foliado
denominado de Granito Lajes, Matos & Ruiz (1991), que através de relações intrusivas
mapeadas que coloca este Granito como sendo mais jovem que o Granito Tarumã, encontrada.
O estudo petrográfico, incluindo microscopia, permitiu caracterizar, mineralogicamente, as
rochas do Rio Fortuna como biotita gnaisse com titanita, classificadas de acordo com diagrama
QAP de Streckeisen (1976) como granodioritos e monzogranitos. Apresenta cor cinza-
esbranquiçado, textura inequigranular média a fina e bandamento gnáissico formado por faixas
claras compostas por quartzo, feldspato alcalino e plagioclásio e bandas cinza-claras
constituídas, essencialmente, por biotita e titanita. Suas rochas são ortoderivadas e evidenciam
efeitos de polideformação marcada pela presença de bandamentos expressivos, dobramentos e
transposição de dobras, foliações, intrusões de veios de quartzo que se encontram,
freqüentemente, paralelizados ao dobramento (Figura 15A e 15B).

Figura 15- Gnaisse Rio


Fortuna: (A) Fotografia tira
em planta do afloramento
em lajedo, com evidente
bandamento gnáissico com
distinções de minerais
máficos e felsicos e (B)
Amostra de mão onde é
possível uma visibilidade
mais proeminente desse bandamento.
Figura 16- Fotomicrografias do Gnaisse Rio Fortuna: (A) intercrescimento mirmequítico; (B) detalhe de
antipertita onde a fase hóspede corresponde à microclina; (C) quartzo recristalizado; (D) biotita com
inclusões de rutilo caracterizando textura sagenítica; (E) cristal prismático primário de titanita associado à
biotita e (F) detalhe de allanita metamíctica com coroa de epidoto.

Os dados analíticos obtidos em zircões pelo método U-Pb (laser ablation) forneceram uma idade
concórdia no intercepto superior de 1711±13 Ma, interpretada como a idade de cristalização do
Gnaisse Rio Fortuna. O mesmo corpo foi datado na Bolívia por Santos et al. (2008), as idades
obtidas 1772-1734 Ma (intercepto superior) e 1336±3 Ma ( intercepto inferior) são interpretadas
neste trabalho como equivalentes à cristalização do protólito ígneo e rejuvenescimento isotópico
durante a Orogenia San Ignácio, respectivamente.
DATAÇÃO PARA AMOSTRAS DE BASALTO DA FORMAÇÃO
APOTERI

A Formação Apoteri ou Suíte Básica Apoteri (MELO et al., 1978), ou como definido pela
CPRM (1999), Complexo Vulcânico Apoteri corresponde a corpos de diabásio na Apoteri
corresponde a corpos de diabásio na falhas de direção predominantemente NE-SW. Derrames
vulcânicos também ocorrem associados e interpretados como pertinentes à evolução da Bacia
Tacutu, correspondendo a um magmatismo básico instalado no Mesozóico, o qual é um período
marcado por uma expressiva tectônica distensional do Escudo das Guianas. A CPRM (1999)
descreve que no interior do Hemigraben Tacutu, basaltos e diferenciados andesíticos constituem
a associação mais comum de derrames na unidade Apoteri. Conforme Eiras e Kinoshita (1988),
o magmatismo Apoteri marca a fase pré-Rifte do Tacutu. O Rifte do Tacutu está correlacionado
com o estágio de abertura da porção meridional do Atlântico Norte. Seis seqüências foram
estabelecidas, sendo a primeira referente à fase inicial de rifteamento representada pela
Formação Apoteri, constituída predominantemente por basaltos e andesito basaltos. Um
conjunto de dados geocronológicos pelo método K-Ar indica um intervalo de ocorrência entre
178 e 114 Ma. A datação de uma amostra de um derrame de basalto andesítico pelo método Ar-
Ar, forneceu uma idade de 135 Ma, enquanto para dique máfico de cerca de 200 Ma
(MENEZES LEAL et al., 2000). As demais seqüências são todas sedimentares, sendo
determinadas especialmente por poços exploratórios da PETROBRAS, destacando-se a
Formação Manari assentada discordantemente sobre os basaltos da Formação Apoteri composta
por siltitos, folhelhos e, localmente, dolomitos. Posteriormente temos a Formação Pirara
composta de evaporitos; a Formação Tacutu com siltitos avermelhados, calcíferos e argilosos; e
a Formação Tucano representada por sedimentos arenosos e raros siltitos. Por fim depositaram-
se sedimentos pleistocênicos a holocênicos compostos por arenitos, lateritos, argilitos e níveis
conglomeráticos da Formação Boa Vista.

ESTIMATIVA PARA DATAÇÃO DE UMA ROCHA SEDIMENTAR

A Formação Barreiras no nordeste do estado do Pará é recoberta discordantemente por uma


variedade de estratos oxidados, de coloração vermelha clara a amarela pálida, cujas idades são
apresentadas, pela primeira vez, no presente trabalho. Utilizando-se métodos de datação por
luminescência opticamente estimulada (LOE), seguindo-se os protocolos MAR (Multiple
Aliquot Regeneration) e SAR (Single Aliquot Regeneration) e, quando possível, 14C, pode-se
constatar que a formação desses estratos ocorreu no final do Pleistoceno tardio ao Holoceno,
tendo-se registrado idades LOE/MAR entre 430.000 (±60.000) e 3.400 (±400) anos AP. A
comparação dos resultados LOE/MAR e LOE/SAR mostrou boa equivalência dos valores nas
idades mais jovens, e diferenças significativas para as idades relativamente mais antigas. O fato
dos estratos com idades mais antigas mostrarem evidências de deposição sob condições
subaquosas levou a concluir que as diferenças obtidas indicam, muito possivelmente, que os
grãos analisados não foram zerados com respeito à radiação solar no momento da deposição,
refletindo a radiação adquirida em sítios deposicionais anteriores a sua última deposição.
Considerando-se as idades obtidas, e integrando-se informações oriundas de publicações
anteriores, conclui-se que os Sedimentos Pós-Barreiras registram a margem de um amplo
paleovale, cujo registro principal ocorre a oeste da área de estudo, onde estratos correlatos são
melhor desenvolvidos

DEFINIÇÃO DE PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS PARA DATAÇÃO


RELATIVA

SUPERPOSIÇÃO: Este princípio reitera que numa sucessão de estratos não deformados,
qualquer deles é mais recente do que aquele que lhe serve de base e mais antigo do que aquele
que o cobre. Este princípio também é aplicado a camadas resultantes da consolidação de lavas e
deposição de cinzas vulcânicas.Porém, este princípio não se aplica a todos os casos, como por
exemplo, os terraços fluviais, as séries sedimentares deformadas e invertidas, as intrusões
magmáticas quando interestratificadas com camadas sedimentares. Exemplo: uma rocha do
período pleistoceno acima de uma do arqueano.

HORIZONTALIDADE ORIGINAL: O princípio da horizontalidade original defende


que os sedimentos são sempre depositados em camadas horizontais. O fenómeno geológico que
altera a horizontalidade é sempre posterior à sedimentação. Se as rochas sedimentares
apresentam camadas inclinadas, é porque estas foram deslocadas da sua posição inicial por
movimentos da crosta depois da sedimentação.

Exemplo: Uma seção estratigráfica do Ordoviciano, no Tennessee central,


EUA. Os sedimentos que compõem estas rochas foram formados em um
oceano e depositados em camadas horizontais.
CONTINUIDADE LATERAL: Camadas sedimentares são contínuas, estendendo-se
até as margens da bacia de deposição, ou afinando-se lateralmente (Fig. 5).

RELAÇÕES TRANSVERAIS: O Princípio das Relações de Corte, introduzido


por James Hutton, afirma que uma rocha ígnea intrusiva ou falha que corte uma sequência de
rochas, é mais jovem que as rochas por ela cortadas. Esse princípio permite a datação relativa de
eventos em rochas metamórficas, rochas ígneas e rochas sedimentares, sendo fundamental para
o trabalho em terrenos orogênicos jovens e antigos. Este princípio é válido para qualquer tipo de
rocha cortada por umas das estruturas acima relacionadas. Exemplo de uma intersecção :
SUCESSAO FOSSILÍFERA : O Princípio da Identidade Paleontológica que diz que
estratos com o mesmo conteúdo fossilífero têm a mesma idade. Esta regra também é associada a
outro conceito que é o do “bom fóssil de idade” que pertence a uma espécie de animal com
pouca longevidade no tempo geológico, uma grande distribuição global, ocorrência frequente e
facilmente identificável. Embora tenha algumas dificuldades na aplicação pois só é possível a
sua utilização na presença de fósseis e, por vezes isso é difícil devido a factores externos que
possam condicionar a presença desses seres vivos na zona como por exemplo a temperatura.

Exemplo da aplicação do Princípio Identidade Paleontológica

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 ALMEIDA , Débora. GEOLOGIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DA SUÍTE


INTRUSIVA SERRA DO BAÚ – ÊNFASE NO GNAISSE RIO FORTUNA -
TERRENO PARAGUÁ, SW DO CRATON AMAZÔNICO – BRASIL. 2011.
Dissertação (Mestrado em Administração) - Faculdade de Ciências Econômicas,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011. Disponível em:
http://www.ufmt.br/fageo/arquivos/a10292fc51c694d48e2677844ecda801.pdf.
Acesso em: 29 mar. 2019.
 RODRIGUES, Fernanda. Geoquímica e geocronologia U-Pb (SHRIMP) de granitos
da região de Peixoto de Azevedo: Província Aurífera Alta Floresta, Mato
Grosso. Geochemistry and Geochronology U-Pb Shrimp of Granites from
Peixoto de Azevedo: Alta Floresta Gold Province, [S. l.], setembro 2014.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/bjgeo/v44n3/2317-4889-bjgeo-44-03-
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 MAGALHÃES , Viter. O CONTEXTO GEOLÓGICO NO MUNICÍPIO DE BOA VISTA,
RORAIMA, BRASILi. The geological context of the Boa Vista city, Roraima,
Brazil El contexto geológico de Boa Vista, Roraima, Brasil, Boa Vista,
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https://revista.ufrr.br/actageo/article/viewFile/729/708. Acesso em: 29 mar.
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 PRINCÍPIO da horizontalidade original. [S. l.], 2014. Disponível em:
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Acesso em: 29 mar. 2019.

 FIGUEIREDO, João. Datação Relativa. [S. l.], 2015. Disponível em:


http://knoow.net/ciencterravida/biologia/datacao-relativa/. Acesso em:
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 ESTRATIGRAFIA. Campus do Paricarana - Universidade Federal de Roraima,


2015. Disponível em: http://ufrr.br/lapa/index.php?
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 AS ROCHAS e a Vida. [S. l.], 2013. Disponível em:
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estratigrafia/. Acesso em: 29 mar. 2019.
 PRINCÍPIOS Fundamentais da Estratigrafia. [S. l.], 2013. Disponível em:
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