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A ZONA EURO COMO

IMPRUDENTE SALTO EM FRENTE


Viriato Soromenho-Marques
FLUL, 5 de Novembro de 2015
Filosofia Política 1, 2015 - 2016

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Índice

• 1. 1990: O VOLUNTARISMO SUBSTITUI A


PRUDÊNCIA.
• 2. A TRÁGICA “ORIGINALIDADE” DA ZONA
EURO.
• 3. RESULTADOS E CONSEQUÊNCIAS...AINDA
EM CURSO.

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1

1990: O VOLUNTARISMO SUBSTITUI A


PRUDÊNCIA

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Uma ideia francesa...
A queda do Muro de Berlim, com o
enfraquecimento da URSS, transformou a
reunificação alemã num acontecimento que só
poderia ser evitado com uma enorme crispação
estratégica entre os aliados ocidentais. Com a
aceitação da reconstrução de um só Estado alemão
por parte de Moscovo e Washington, Paris ficou
sem capacidade para travar a pretensão de Kohl de
se transformar no chanceler da reunificação. Como
diz, e bem, José Medeiros Ferreira, desde a sua
génese que o euro foi sempre apenas uma moeda
franco-alemã”.
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Duas visões...
Quando Mitterrand propõe a Kohl o euro como
contrapartida estratégica para a reunificação
germânica, mantinha-se o conflito entre uma visão
da moeda como instrumento de integração
económica, defendido pelos franceses e italianos, e
a visão mais “económica” dos alemães, para quem
a moeda deveria ser o reflexo de uma ordem
económica materialmente robusta. Só uma
economia sólida, poderia abrigar-se junto de um
banco central independente como o Bundesbank,
totalmente dedicado ao combate da inflação.

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Duas culturas...
A cultura francesa pressupunha uma união monetária
aberta, em que a convergência nominal representada por
uma moeda comum seria o factor catalisador de uma
futura convergência real. Numa interpretação totalmente
oposta, a visão alemã, implicava a anterioridade de uma
convergência real fáctica, como condição para uma
convergência nominal, traduzida numa forte disciplina na
gestão das contas públicas. O que para os franceses era
um resultado, a convergência real, era para os alemães
uma condição prévia para uma união monetária que
funcionasse.
A LER: BENTO, Vítor, Euro Forte. Euro Fraco. Duas Culturas, Uma Moeda: Um Convívio (Im)
Possível?, Lisboa, Bnomics, 2013, 174 pp.

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...Coincidência dos opostos?
O insólito resultado foi a aceitação da proposta francesa,
mas sob as condições impostas pela Alemanha. A UEM foi
prometida como sendo aberta a quase todos os países,
mas sob uma dura disciplina efectiva (que seria
desdobrada em 1997 nos Regulamentos do Pacto de
Estabilidade e Crescimento, e acentuada já depois da
crise com o Tratado Orçamental (2013). Mitterrand
julgava que o euro iria amarrar a Alemanha à Europa
Ocidental, agora que ela se abria para uma Europa de
leste em fragmentação e vulnerável ao investimento
alemão, mas na verdade o que estava a acontecer é que a
zona euro seria construída como se fora uma zona marco
fortemente amplificada.

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O Euro e a reacção negativa na
Alemanha
A reacção da inteligência económica alemã e da
população em geral foi dolorosa. A perda do marco
foi sentida como um factor traumático de
insegurança nacional, que os milhões gastos em
propaganda nunca dissiparam completamente.
Mesmo em 1998, um manifesto de 160 professores
de Economia de diversas Universidades alemãs
exigia, em vão, o adiamento da entrada em vigor da
união monetária. Para a população alemã a nova
moeda significou uma imposição exterior.

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Na Alemanha antecipou-se os erros do
“grande salto em frente” da UEM
• “Karl Otto Pöhl (presidente do Bundesbank entre
1980 e 1991), ousou dizer ao chanceler Kohl, que
fazer a UEM sem união política seria uma
“loucura”. Antes dele, Karl Blessing, o segundo
presidente do Bundesbank (entre 1958 e 1969),
sublinhara, com clareza, que uma união
monetária exigiria políticas comuns no comércio,
na fiscalidade, no orçamento, na economia, sem
esquecer as políticas salariais e sociais, o que
tornaria um avanço para a UEM numa fantasia
perigosa, fora do quadro de uma união política.”
VS-M Visão, 27 03 2014.

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O Aviso dos 62, 11 Junho 1992
“Os Estados-Membros europeus mais débeis
enfrentarão uma pressão competitiva crescente sob
o regime de uma moeda comum, e, como resultado
disso, eles sofrerão um aumento do desemprego
(wachsende Arbeitlosigkeit erfahren werden), em
virtude de uma menor produtividade e
competitividade. Isto tornará necessários maiores
transferências (Transferzahlungen) em nome de
uma «compensação financeira» (Finanzausgleichs).
Como até agora não existe qualquer acordo relativo
à estrutura (...)

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“Um Perigo para a Europa”
(...) de uma união política (die Struktur einer
politischen Union), isso significa que estamos
desprovidos de um sistema com suficiente
legitimidade democrática para regular esse
processo.”, Erstes Manifest gegen den Vertrag
von Maastricht (her. Renate Ohr und Wolf
Schäfer), Frankfurter Allgemeine Zeitung, 11.
Juni 1992

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Zweites Manifest

• Der Euro kommt zu früh


• “O Euro chega demasiado cedo”
> Manifesto de 160 Economistas, saído
no Frankfurter Allgemeine Zeitung, 9
de Fevereiro 1998

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Um síndroma francês?
Há uma dimensão paradoxal, na mentalidade
francesa, que já ocorrera em 1952, quando Paris,
por temer o rearmamento alemão, exigido pelos
EUA, avançara com a temerária proposta de uma
Comunidade Europeia de Defesa, que incluía Forças
Armadas Europeias integradas! Mas tão radical
manifestação do ditado “se não podes com eles,
junta-te a eles” seria rejeitada, também pela
própria Assembleia Nacional gaulesa, em Agosto de
1954. Desta vez é preciso compreender o racional
por detrás, não da união das armas, mas da fusão
das moedas.
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A TRÁGICA “ORIGINALIDADE” DA ZONA EURO

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A Reserva Federal: Um banco Central a
sério
A FED é um banco central de duplo objectivo: visa
perseguir o “pleno emprego” (maximum employment) e a
“estabilidade dos preços” (stable prices). Importa também
referir que a FED, com os seus 100 anos de história,
integra também na sua missão tarefas que o BCE só agora
começa a perceber que são indispensáveis, como é o caso
da “supervisão e regulação das instituições bancárias”
(supervising and regulating banking institutions). Mais
ainda, o FED não confunde a estabilidade dos preços com
o mero combate à inflação, percebendo que os preços não
valem nada se a sua estabilidade se mantiver,
precariamente, numa situação de “risco sistémico que
possa surgir nos mercados financeiros” (systemic risk that
may arise in financial markets).

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The Twelve Federal Reserve Districts

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Três tarefas
Em súmula, um verdadeiro banco central deve
ser capaz de cumprir três funções: a) ser
“emprestador de última instância” para a banca
comercial; b) intervir como regulador nos
mercados de dívida pública de modo a
transmitir por esse canal os efeitos da política
monetária e, em situações extremas, c) comprar
directamente no mercado primário as
obrigações do tesouro emitidas pelos Estados
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BCE: uma perna só...
Analisando o Tratado de Funcionamento da
União Europeia (TFUE) verificamos a intensidade
dessa hostilidade ao Estado, e a miopia
ideológica da UEM, condensada nas reduzidas
funções do BCE. Assim, quanto à missão do BCE,
o artigo 127.º identifica um único objectivo
principal: “a manutenção da estabilidade dos
preços”. A questão do emprego ou da
estabilidade financeira sistémica estão ausentes.
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Estados na mão dos mercados
O Eurosistema (o conjunto formado pelo BCE e bancos
centrais nacionais) não pode emprestar aos Estados,
nem comprar dívida pública no mercado primário. Essa
interdição, que se compreenderia de modo prudencial,
mas não na formulação absoluta e dogmática do artigo
123.º do TFUE, força os países a ficarem totalmente
dependentes das taxas de juro praticadas nos
mercados secundários, onde os animal spirits da
especulação e do medo ou da esperança dos
investidores, forçam, muitas vezes, a pagar juros
exorbitantes, ou mesmo incomportáveis, como
aqueles que levaram Portugal a pedir o resgate
financeiro. www.viriatosoromenho-marques.com 19
Cada Estado por si próprio...
O corolário desta visão hostil conduz ao artigo
125.º, que impede a União Europeia de se
responsabilizar pelas dívidas de Estados particulares
(no bailout clause). Reza assim o artigo: “(…) a
União não é responsável pelos compromissos dos
governos centrais, das autoridades regionais ou
locais, ou de outras autoridades públicas, dos
outros organismos do sector público ou das
empresas públicas de qualquer Estado-Membro,
nem assumirá esses compromissos.”

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A realidade da crise...
Esta impossibilidade de resgatar os Estados está
na raiz do atraso da resposta atabalhoada à crise
grega. O empréstimo que foi retirado do
orçamento da UE para o apoio de emergência à
Grécia teria de ser conseguido através de uma
interpretação criativa do artigo 122.º, cujo n.º 2
previa “ajuda financeira” da União em caso de
“calamidades naturais ou ocorrências
excecionais” que um Estado “não possa
controlar.
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...mostrou as imperfeições das regras
da Zona Euro
Por outro lado, a criação de um fundo de resgate
permanente, como o Mecanismo Europeu de
Estabilidade (que implicaria a produção um
novo Tratado Intergovernamental), necessitou
de uma revisão simplificada do TFUE, que
acrescentou um n.º 3 ao artigo 136.º onde se
prevê que os Estados-Membros cuja moeda seja
o euro podem criar um “mecanismo de
estabilidade”
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Zona Euro ou Zona Marco alargada?
• 1. As raízes do ordoliberalismo alemão.
• 2. Guerra e hiperinflação: 1923.
• 3. O duro parto do novo marco, em 1948:
Reichsmark (RM) pelo Deutsches Mark
(DM).
• 4. O Bundesbank e a sua cultura
independente foram impostos à
RFA...pelos EUA.
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Observações de Vítor Bento
• O rigor monetário e a contenção do Banco central
foram impostas à Alemanha pelas autoridades
americanas e inglesas, para evitar os excessos de
1923 e do tempo de Hitler (109). Não é genuíno. É
importado!
• A segunda ruína alemã ocorreu em 20 de Junho de
1948 com a troca do RM pelos DM: os 60 primeiros
eram trocados de 1:1. A seguir era 10:1. Desta forma
as dívidas foram diminuídas em 90%! (111).
Correspondeu ao efeito instantâneo de uma inflação
que o III Reich havia esmagado durante 12 anos (111).

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União de Estados ou...cartel?
Sem federalismo fiscal e orçamental, os Estados estavam
condenados a vigiarem-se mutuamente, tentando evitar
uma situação de “risco moral” (moral hazard). A
desconfiança era alimentada pelo estranho conceito de
países que partilham a mesma moeda, sem qualquer
esquema de protecção contra riscos assimétricos, e,
ainda por cima, com uma situação de profunda
divergência económica e fiscal, que alimentam guerras
dentro da zona euro para a atracção de capitais externos
(tal é o caso dos baixos impostos para as empresas na
Irlanda), levando mesmo a bizarrias, como aquela que se
verifica quando sabemos que as grandes empresas da
bolsa de Lisboa pagam os seus impostos na Holanda.

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Hostilidade contra o Estado
Por isso, as regras do Pacto de Estabilidade e
Crescimento incidem sobre o comportamento
“virtuoso” dos Estados: a inflação não deveria
ultrapassar 3%; o défice orçamental deveria ficar abaixo
dos 3% do PIB; a dívida pública não deveria ultrapassar
os 60% do PIB. O PEC não coloca qualquer exigência de
desempenho a outro nível. Por exemplo não exige que
os países tenham um determinado rendimento médio
per capita, ou que a taxa de desemprego não seja
superior a um determinado limite, ou que o índice de
Gini (que mede a desigualdade na distribuição de
riqueza) não ultrapasse certos limites.
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A discriminação positiva dos bancos...
É interessante notar que o PEC não identifique
um limite para a “dívida externa”, que é um dos
factores mais negativos na actual crise, Portugal
que o diga, ou para a dívida privada. As
entidades bancárias, cuja gula pelo lucro foi um
dos factores da precipitação de várias das bolhas
desta crise, do imobiliário ao crédito, foram
deixadas num sossego perigoso para a paz
pública.
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2008-: Uma crise bancária causou a crise soberana

Countries/Areas 2007 2008 2009 2010 Increase


variation
(p.p.)

Germany 65,2% 66,8% 74,5% 82,5% 17,3

Portugal 68,4% 71,7% 83,7% 94% 25,6


Ireland 24,9% 44,2% 64,4% 91,2% 66,3

Greece 107,4% 112,9% 126,7% 148,3 40,9


%
Eurozone (17) 66,4% 70,2% 80,0% 85,4% 19

European Union 58,9% 62,2% 74,5% 80,0% 21,1


(27)

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Os erros caros do supervisor…
“Sem moeda própria [i.e. com a entrada de Portugal na
ZE] não voltaremos a ter problemas de balança de
pagamento iguais aos do passado. Não existe um
problema monetário macroeconómico e não há que
tomar medidas restritivas por causa da balança de
pagamentos. Ninguém analisa a dimensão macro da
balança externa do Mississipi ou de qualquer outra
região de uma grande união monetária.” Vítor
Contâncio, 23 02 2000

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Um banqueiro sonhador...
Considerar irrelevante a balança externa era o
mesmo que fechar os olhos à enxurrada de
dívida das empresas e das famílias
(fundamentalmente contraída no exterior) que
ultrapassaria os 200% do PIB até à sua saída do
cargo em 2009. Na banca a situação não era
melhor, com um rácio médio de transformação de
depósitos em crédito de 161,5%, havendo
instituições com rácios superiores a 200%. Ao lado
da dívida privada e da situação de extrema
alavancagem do sistema financeiro, a dívida pública
de 83% do PIB em 2009 era quase negligenciável.
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Como funciona a máquina de destruição maciça
europeia?
• 1. Uma crise bancária: bancos com crédito malparado (a
torrente de crédito barato depois de 2002); com
imparidades (no imobiliário, e noutros activos); com
fragilidades decorrentes da sua dimensão (os activos do
sector bancário europeu representavam 300% do PIB da
UE em 2007, contra 100% nos EUA) e da sua
interdependência face a outros bancos e face aos Estados
nacionais (o ING holandês tem activos superiores ao PIB
holandês). 4,5 biliões de euros (>10x todos os resgates),
já gastos na banca pelos Estados.

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…Dívida soberana
• 2. Dívida soberana (em especial a dívida
externa): traduz–se na exposição de alguns
Estados a taxas de juro especulativas
(enquanto outros beneficiam do efeito da
“sala de pânico”). A situação agravou-se pela
ausência de mecanismos da UEM e do BCE
para combater a fragmentação do sistema
financeiro (que afecta bancos e empresas).

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...e ignorância ou desprezo pela
história
Aliás, é hoje notório que o laissez-faire no sector
bancário, deixando que bancos com capacidade de
actuação em toda a zona euro, se limitassem a ter
uma autorização bancária nacional, revela não só
cegueira ideológica, mas uma confrangedora
ignorância histórica sobre o papel de bancos
desregulados como principal correia de transmissão
de crises sistémicas. Ninguém na Europa se
preocupou em verificar o que poderíamos ter
aprendido com a lição dos EUA, aquando da sua
terrível crise bancária de 1933-34.

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Retirar a “emissão monetária” ao
Estado...
• Nem o Milton Friedman foi tão longe:
“(..) I am bound to stress (…) led to the firm
conviction that a free economic system will
never again work satisfactorily (…) unless the
monopoly of the issue of money is taken from
government (..) unless (..) the control of
government over the supply of money is
removed.” (Hayek, 148).
O BCE obriga os Estados a ficarem dependentes dos
mercados financeiros, como se estes tivessem
capacidade de emitir um juízo moral...

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O BCE é talvez a instituição mais
próxima da utopia neoliberal de Hayek
HAYEK, F. A., Law, Legislation and Liberty. A
New Statement of the Liberal Principles of
Justice and Political Economy, Vol. 3, The
Political Order of a Free People, London and
New York, Routledge [1979], 2003, 244.

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A UEM: empresa arriscada e imperfeita

• “Países que estão mais preocupados com o


desemprego do que com a inflação podem,
contudo, criticar o BCE por não perseguir uma
política de expansão mais agressiva...” Martin Feldstein,
“EMU and International”, Foreign Affairs, November/December 1997, vol. 76, nr.
6.

• Construímos um sistema monetário de “destruição


mútua assegurada”, se não forem tomadas as
medidas terapêuticas necessárias.

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Os que viram antes de todos os outros…

Críticas de todos os quadrantes: Karl


Blessing; Karl-Otto Pöhl; Martin Feldstein,
Paul Krugman, Milton Friedman, Joseph
Stiglitz; em França, Jean-Jacques Rosa,
entre outros. Em Portugal, João Ferreira do
Amaral, Vasco D’Orey...

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RESULTADOS E CONSEQUÊNCIAS...AINDA EM
CURSO

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Ainda muito longe da terapia sistémica
• Um “federalismo” monetário sem federalismo
político e orçamental, legitimado popular e
constitucionalmente, é uma empresa
condenada ao suicídio. É aqui, nas
deficiências de software político e
constitucional, que se encontra, para a escola
sistémica, tanto a raiz da crise europeia como
a chave federal para a sua solução.

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Uma máquina de “risco moral”
invertido
A manter-se a actual política de austeridade, a
UEM aumentará a divergência entre as
economias e as sociedades dos países da Zona
Euro.
Com a fragmentação financeira, o serviço da
dívida, e a estagnação assistimos a uma
transferência de riqueza da periferia para o
centro, fazendo da ZE uma união de
transferência de pobres para ricos.

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Cavar as assimetrias na Zona Euro
“Uma vez que em regime de câmbios flutuantes, o
ajustamento taxas de câmbio envolve uma certa simetria de
efeitos – excedentários valorizam, deficitários desvalorizam –,
é sobretudo em regime de câmbios fixos que a assimetria é
mais pronunciada e as suas consequências são mais
nefastas, tornando os processos de ajustamento
intrinsecamente recessivos e deflacionários. O exemplo mais
paradigmático foi dado pelo funcionamento do padrão ouro
(restaurado) que vigorou entre 1925 e 1931, ligando as
moedas das principais economias mundiais, e a cuja
assimetria de funcionamento muitos analistas atribuem a
responsabilidade pelo desnecessário aprofundamento da
Grande Depressão dos anos 30. E que acabou por levar à
implosão do próprio regime cambial.” Vítor Bento, 08 02 2015

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A Zona Euro agrava a desigualdade
O resultado desta assimetria é claramente visível
na distribuição do desemprego, com os
Deficitários, representando menos de 20% da
economia e um quarto da população activa, a
concentrarem actualmente quase metade do
desemprego de toda a área do euro. Enquanto
os Excedentários, pesando mais de 40% na
economia e na população activa total, têm
apenas 20% do desemprego de toda a área (em
2008 tinham 34,4%). Vítor Bento, 08 02 2015
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As tímidas respostas do BCE...
 Em Maio de 2009, o BCE entrou no domínio das
operações não convencionais para ajudar a salvar
a banca europeia, em particular a alemã e a
francesa (Covered Bond Purchase Programme).
 Já em Maio de 2010, bastante tarde em relação
às necessidades reais, o BCE decide lançar o SMP
(Securities Markets Programme), que se
destinava a aliviar a pressão sobre os países que
se encontravam em posição precária, debaixo de
ataques especulativos nos mercados da dívida.
Mas com um limite previamente anunciado...

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As políticas monetárias não chegam...
Os governos têm-se encostado a um BCE que
tem trabalhado para lá da ortodoxia:
• Long-Term Refinancing Operations (2011);
• Outright Monetary Transactions (2012);
• Targeted Long-Term Refinancing Operations
(2014);
• Quantitative Easing (2015).

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Perguntas
• 1. Porque foi a decisão franco-alemã de
avançar para o euro um acto de voluntarismo?
• 2. Explique as diferenças entre as missões do
FED e o BCE.
• 3. Em que medida atrasaram (e ainda
atrasam) os artigos 123, 125 e 127 do TFUE
uma adequada resposta à crise europeia?

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Perguntas
• 4. Por que razão (ou razões) o aumento da
clivagem entre países excedentários e
deficitários na Zona Euro, confirma a sua
natureza de área monetária imperfeita?
• 5. Que medidas poderiam salvar a Zona Euro,
aumentando a convergência entre países e
regiões?

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